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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009

26 com todas as letrasCoNhEçA oS vERboS do mARIo

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoSó oS INúTEIS Não PoSSUEm AdvERSáRIoS

As lutas significam trabalho

14 capakARdEC E A CodIFICAção

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

21 esclarecimentoUm RISCo NA mEdIUNIdAdE

Cuidados para não cair na leviandade

5 reflexãoA gRANdE EdUCAdoRA

A dor vem para lapidar nossa alma

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto Gráfico Fernanda berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

8 mensaGemA oUTRA FACE

Recebamos as tribulações com serenidade

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

assinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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CAdASTRE-SE No mSNE AdICIoNE o NoSSo ENdEREço:

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22 estudovIAgEm ENTRE oS UNIvERSoS E oS mUNdoS

- AS hUmANIdAdES dESCoNhECIdAS

18 históriaoS AbUSoS do PodER RELIgIoSo

Os princípios cristãos esquecidos

10 ensinamentoQUALIdAdE doS médIUNS

Moral e afinidades

sumário

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA

Bem-aventuranças

fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. Págs. 191 –192. FEB. 2005.

editorial

O problema das bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão líquida, nos bastidores do conhecimento.

Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de benções educativas e redentoras.

Surge, então, o imperativo de saber aceitá-los.Esse ou aquele homem serão bem-aventurados por haver edificado

o bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e divina esperança.

Mas... e a adesão sincera às sagradas obrigações do título?O Mestre, na supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se

às bem-aventuranças eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos no plano terrestre, se visita-dos pela dor, preferem a lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e, quase sempre, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na des-mesurada ambição.

Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu.

Emmanuel

“Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem,vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.”

– Jesus. (Lucas, 6:22).

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009chico

Só os Inúteis não possuemAdversáriospor Suely Caldas Schubert

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 277 - 278. Feb. 1998.

22-4- 1950

“(...) Ismael deu-me notícias da As-sembléia última e estou muito satisfeito com os resultados. Jesus nos ajudará para que tenhamos o teu espírito de iniciativa e resolução, à frente da Obra do Evangelho, no Brasil, por muitos e muitos anos.

O clima de luta em que vens atra-vessando a tarefa administrativa prova a tua ficha de serviço à Causa e à Casa. Os nossos Benfeitores Espirituais costumam afirmar que só as inúteis não possuem adversários e que a paz procurada pela maioria das criaturas é simplesmente a paz fantasiosa do cemitério.

Deixemos o caso entregue às forças que o inspiraram. Sempre roguei aos nos-sos confrades da organização evitarem o empreendimento a que se atiraram. Assim, meu caro Wantuil, continuemos trabalhando com a tranqüilidade pos-sível. O tempo é o maior selecionador do Cristo.

(...) Quero comunicar (...) conforme permissão (...) Emmanuel, cedi à nossa confrade D. Esmeralda Bittencourt, digna companheira de ideal e grande

amiga do nosso Ismael Gomes Braga, a permissão para reunir num opúsculo as pequenas mensagens, constantes de vários cartões impressos, que ela tem recebido pessoalmente quando de nossa concentração aqui, e já muitíssimo di-vulgadas, (...) será vendido a benefício de um Abrigo de órfãos na Tijuca.”

A questão dos adversários é abordada por Allan Kardec em várias oportunidades. Em “Viagem Espírita em 1862”, ele diz:

“No estado atual das coisas aqui na Terra, qual é o homem que não tem inimigos? Para não tê-los fora preciso não habitar aqui, pois esta é uma conseqüên-cia da inferioridade relativa de nosso globo e de sua destinação como mundo de expiação. Bastaria, para não nos en-quadrarmos na situação, praticar o bem? Não! O Cristo aí está para prová-lo. Se, pois, o Cristo, a bondade por excelência, serviu de alvo a tudo quanto a maldade pôde imaginar, como nos espantarmos com o fato de o mesmo suceder àqueles que valem cem vezes menos?

O homem que pratica o bem — isto dito em tese geral — deve, pois, preparar-

se para se ferir na ingratidão, para ter contra ele aqueles que, não o pratican-do, são ciumentos da estima concedida aos que o praticam. Os primeiros, não se sentindo dotados de força para se elevarem, procuram rebaixar os outros ao seu nível, obstinam-se em anular, pela maledicência ou a calúnia, aqueles que os ofuscam.”

A paz do cemitério é a versão comum daqueles que julgam ser a morte o derradeiro e eterno sono. Chico usa essa imagem para ex-pressar a ilusão e o engano dos que vivem num dolce farniente, na espe-rança de assim conseguir uma paz que só a luta e o trabalho edificante consolidam.

O livro organizado por D. Esme-ralda Bittencourt mencionado no final da carta, foi lançado naquele mesmo ano e intitula-se “Nosso Livro”.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA reflexão

...a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa

ChAmA-SE doR. Revela-se na desventura do

amante, na desolação da orfanda-de, na angústia da miséria, no al-quebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilha-ção do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafal-sos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.

Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão eleva-da e santa.

Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orva-lho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.

O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacera-ções sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que

precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe de-calcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!

A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou

para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das

brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfei-ção que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!

Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfei-çoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.

E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomi-na-se Evolução!

A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante,

A grande Educadorapor Yvonne A. Pereira / Léon denis

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009

Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana!

reflexão

e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológi-co, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!

Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!

E prosseguindo, vence!... Então, já não é o bruto de an-

tanho... O diamante tornou-se jóia

preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritua-lidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!

A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurrei-ção! Porque, se este aclara os hori-zontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes

dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da expe-riência, educando o caráter, digni-ficando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.

A Dor é o Sol da Alma... A criatura que ainda não sofreu

convenientemente carrega em si como que a aridez que desola

os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifesta-ções do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela ins-piração da Dor!

O orgulho e o egoísmo, can-cerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a re-dimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipi-tosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar de-pois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o de-sinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes da-quelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!

Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá puri-ficado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA reflexão

Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero!

jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispen-sável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comisera-ção é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E é ainda ela mes-ma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!

Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisio-neiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiên-

cia. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:

- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele pró-prio o confirmou, falando a seus discípulos.

Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericor-dioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!

As ilusões passageiras da Terra,

os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sen-timento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!

Seu concurso é, portanto, in-dispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante,

nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!

Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infor-túnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões feli-zes do Invisível, onde o comemora-ram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também co-nheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!

Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespe-ro! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereis por prêmio!

Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração huma-no!

E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!

LÉON DENIS(Mensagem recebida pela médium

Yvone A. Pereira)Revista Reformador – Fevereiro 1978

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009mensaGem

Quando estiver tocado pela presunção, demonstre a grandeza da simplicidade

A outra Facepor J. Raul Teixeira

Na movimentação co-tidiana, em meio aos diversificados apren-

dizados, torna-se importante e ne-cessária uma análise cuidadosa dos ensinos de Jesus, no que diz respei-to ao ato de dar a outra face.

A questão comportaria uma série de considerações, nas quais destacaríamos, indubitavelmente, a grandeza de apresentar o ou-tro lado da própria intimidade, quando o mundo provocar-nos a exaltação do homem-velho que, por certo, manifestar-se-á, com pro-babilidade de causar infelicidade e desdita.

Para aqueles que nos feriram num dos lados de nossa persona-lidade, mostramos o outro, o do perdão sem limite, sem demora.

Quando você esteja espicaçado pelo orgulho, apresente a face da humildade.

Quando estiver tocado pela presunção, demonstre a grandeza da simplicidade.

Quando chegar-lhe a atroada da violência, convidando-lhe ao amotinamento, será tempo de

mostrar a tranqüilidade que lhe vibra no íntimo.

Quando assomar o desespero em redor dos seus caminhos, faça brilhar o equilíbrio por expressão de radiosa harmonia.

Quando defrontar-se com o vício de qualquer natureza, deixe às claras a face da virtude e da ma-dureza interior que já lhe alcançam os dias.

Quando você for induzido às faixas da tristeza e do desencanto, deixe cantar as notas da alegria e do otimismo, que tudo renovam.

Quando lhe advenham amar-gura e solidão, exprima a voz da esperança e do entendimento, por dádiva espiritual melodiosa.

Quando você se deparar com avalanches de sombras, impondo-lhe descaminhos, deixe passar por sua tecitura espiritual a claridade das luzes que lhe norteiam a vida.

Quando você sofrer a agrestia da injustiça ou da ingratidão, apresente a fibra da dignidade e da eqüidade, como valores já conquistados em sua alma.

Quando for atingido pelo esbor-doamento da descrença nos valores do bem, responda com a flama da fé em Deus, que vibra em sua vida.

Quando você for visitado pelo desânimo, enalteça a grandiosidade do estímulo superior e fraternal, que o trabalho consegue nutrir.

Quando o mundo ferir a sua atividade comum, com o deboche por suas lutas em prol da própria saúde moral, responda perseveran-do na boa conduta, demandando os campos de júbilo d’alma, júbilo esse que só se ampliam com a fidelidade ao dever.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

Quando você sentir-se aturdido pelas forças caóticas da obsidente interferência do mal passageiro, atue com firmeza na dimensão do amor que, em Cristo, torna a sua caminhada mais útil e, con-seqüentemente, mais feliz pelas experiências da Terra.

A outra face converte-se num símbolo glorioso para a vida do cristão autêntico. A frente de quaisquer dissonâncias que lhe cheguem, perturbadoras, jamais olvidar a sinfonia de amor e luz que poderemos plasmar, sob as bênçãos de Deus.

Se alguém agredir-lhe numa face, fazendo com que seja você atingido de fora para dentro, deixe brilhar a sua face íntima de con-fiança e entrega do Senhor, sem desanimar, sem revidar em tempo algum.

Avance, assim, na estrada espí-rita, empolgado com as lições do Divino Mestre Jesus, sem permitir que adversários, encarnados ou desencarnados, tenham condições de lhe arrebatar da alma a palma lu-minosa que o trabalho do bem lhe concede por bênção de paz, pelo fato de você ter sempre coragem de mostrar o quanto o Cristo tem sido verdade em seu viver.

fonte:

ROCHA, Alexandre. Dr. March em Dois

Planos. Págs. 129 - 130. Gráfica Folha Cari-

oca. 2004.

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009

Qualidade dos médiunspor Allan kardec

ensinamento

Os bons Espíritos, querendo dar um ensinamento útil a todo mundo, se servem do instrumento que têm sob a mão

A faculdade medianímica prende-se ao organismo; ela é independente das

qualidades morais do médium, e é encontrada nos mais indignos como nos mais dignos. Não ocorre o mesmo com a preferência dada ao médium pelos bons Espíritos.

Os bons Espíritos se comunicam mais ou menos voluntariamente por tal ou tal médium, segundo sua simpatia por seu próprio Espírito. O que constitui a qualidade de um médium não é a facilidade com a qual obtém as comunicações, mas sua aptidão de não receber senão as boas e não ser joguete de Espíritos levianos e enganadores.

Os médiuns que deixam muito a desejar, do ponto de vista moral, recebem algumas vezes muito boas comunicações, que não podem provir senão de bons Espíritos e das quais é errado se espantar; freqüen-temente, é no interesse do médium e para lhe dar sábios avisos. Se não as aproveita, ele não é senão mais culpado, porque escreve sua própria condenação. Deus, cuja bondade é infinita, não pode recusar assistên-cia àqueles que dela têm mais neces-sidade. O virtuoso missionário que vai moralizar os criminosos, não faz outra coisa que aquilo que fazem os bons Espíritos com os médiuns imperfeitos.

Por outro lado, os bons Espíri-tos, querendo dar um ensinamento útil a todo mundo, se servem do instrumento que têm sob a mão; mas o deixam quando encontram um que lhes é mais simpático e que aproveita suas lições. Retirando-se os bons Espíritos, os Espíritos infe-riores, pouco preocupados com as qualidades morais que os incomo-dam, têm então, o campo livre.

Disso resulta que os médiuns

imperfeitos moralmente, e que não se emendam, cedo ou tarde, são a presa dos maus Espíritos que, freqüentemente, os conduzem à ruína e às maiores infelicidades, mesmo neste mundo. Quanto à sua faculdade, bela que era e que teria ficado, se perverte primeiro

pelo abandono dos bons Espíritos e acaba por se perder.

Os médiuns mais merecedores não estão ao abrigo das manifes-tações dos Espíritos enganadores; primeiro, porque não há ninguém bastante perfeito para não ter um lado fraco pelo qual possa dar aces-so aos maus Espíritos; em segundo lugar, os bons Espíritos o permitem algumas vezes para exercitar o julga-mento, aprender a discernir a ver-dade do erro e desconfiar, a fim de que não se aceite nada cegamente, sem controle. Mas a mentira não procede jamais de um bom Espí-rito, e todo nome respeitável que assina um erro, é necessariamente apócrifo.

Isso pode ainda ser uma prova para a paciência e a perseverança de todo espírita, médium ou não; aquele que se desencorajasse com algumas decepções, provaria aos bons Espíritos que não poderiam contar com ele.

Não é mais espantoso ver maus Espíritos obsediarem pessoas respei-táveis, do que não é surpreendente ver pessoas más se obstinarem sobre a Terra contra os homens de bem.

É notável que, depois da pu-blicação de O Livro dos Médiuns, os médiuns obsediados são muito menos numerosos, porque, estan-do prevenidos, eles se mantêm em

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA ensinamento

fonte:

KARDEC, Allan. O que é Espiritismo – Itens

79 a 88.

guarda e espreitam os menores sinais que podem trair a presença de um Espírito enganador. A maioria daqueles que são obsediados, ou não estudaram previamente ou não aproveitaram os conselhos.

O que constitui o médium, propriamente dito, é a faculdade; a esse respeito ele pode ser mais ou menos formado, mais ou menos desenvolvido. O que constitui o médium seguro, aquele que se pode verdadeiramente qualificar de bom médium é a aplicação da faculdade, a aptidão de servir de intérprete aos bons Espíritos. Toda a faculdade à parte, o poder do médium para atrair os bons Espíritos e repelir os maus, está em razão da sua superio-ridade moral; essa superioridade é proporcional à soma das qualidades que faz o homem de bem; com ela ele se concilia na simpatia dos bons e exerce ascendência sobre os maus.

Pela mesma razão, a soma das imperfeições morais do médium o aproximam da natureza dos maus Espíritos, lhe tira a influência ne-cessária para os distanciar; àqueles, em lugar de ser ele quem se impõe são aqueles que se impõem a ele. uma vez isto se aplica não só aos médiuns, mas a todas as pessoas, que não há nenhuma que não re-ceba a influência dos Espíritos (Ver nºs 74 e 75).

Para se imporem ao médium, os maus Espíritos sabem explorar ha-bilmente todos os defeitos morais; aquele que lhes dá maior acesso é o orgulho, sentimento que domina no maior número de médiuns obse-diados, sobretudo naqueles que são fascinados. É o orgulho que os leva a acreditarem na sua infalibilidade,

e a repelir os avisos. Esse sentimen-to, infelizmente, é excitado pelos elogios do qual são objeto; quando eles têm uma faculdade um pouco transcendental, são procurados, adulados e, acabando por crer em sua importância, consideram-se indispensáveis, sendo isso o que os perde.

Enquanto o médium imperfeito se orgulha dos nomes ilustres, o mais freqüentemente apócrifos, que levam as comunicações que ele recebe, e se considera intérpre-te privilegiado das forças celestes, o bom médium não se crê jamais

bastante digno de tal favor, tendo sempre uma salutar desconfiança da qualidade daquilo que recebe, não se confiando ao seu próprio julgamento; não sendo senão um instrumento passivo, ele compreen-de que, se é bom, não pode disso fazer um mérito pessoal, não mais do que pode ser responsável se é mau, e que seria ridículo acreditar na identidade absoluta dos Espíri-tos que se manifestam por ele; deixa a questão ser julgada por terceiros desinteressados, sem que seu amor-próprio tenha mais a sofrer com um julgamento desfavorável do

que o ator que não é passível da censura infligida à peça da qual é intérprete. Seu caráter distintivo é a simplicidade e a modéstia; é feliz com a faculdade que possui, não para dela se envaidecer, mas porque lhe oferece um meio de ser útil, o que faz voluntariamente quando lhe surge a ocasião, sem jamais melindrar-se se não é colocado em primeiro plano.

Os médiuns são os intermediá-rios e os intérpretes dos Espíritos; cabe, pois, ao evocador, e mesmo ao simples observador, poder apreciar o mérito do instrumento.

A faculdade medianímica é um dom de Deus, como todas as outras faculdades, que se pode empregar para o bem, como para o mal, e da qual se pode abusar. Ela tem por objeto nos colocar em comunica-ção direta com as almas daqueles que viveram, a fim de receber seus ensinamentos e nos iniciar na vida futura. Como a vista nos põe em comunicação com o mundo visível, a mediunidade nos coloca em comunicação com o mundo invisível. Aquele que dela se serve com um fim útil, para seu próprio adiantamento e o dos seus seme-lhantes, cumpre uma verdadeira missão, da qual terá a recompensa. Aquele que dela abusa e a emprega em coisas fúteis ou no objetivo do interesse material, a desvia do seu fim providencial, suportando disso, cedo ou tarde, as conseqüências, como aquele que faz um mau uso de uma faculdade qualquer.

A faculdade medianímica é um dom de Deus, como todas as outras faculdades

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

81. Quando é admissível fazerem-se passes fora do centro espírita, isto é, fazerem-se passes a domicílio? Quais as conseqüências dessa prática para o médium?

divaldo - Somente se devem aplicar passes a domicílio, quando o paciente, de maneira nenhuma, pode ir ao local reservado para o mister, que são o hospital espírita, ou a escola espírita, ou o próprio Centro Espírita.

As conseqüências de um médium andar daqui para ali aplicando passes são muito graves, porque ele não pode pretender estar armado de defesas para se acautelar das influências que o aguardam em lugares onde a palavra superior não é ventilada, onde as regras de moral não são preservadas, e onde o bom comportamento não é mantido. deve-mos, sim, atender a uma solicitação, vez que outra. mas, se um paciente tem um problema orgânico muito grave, chama o médico e este faz o exame

local, encaminhando-o ao hospital para os exames complementares, tais como as radiografias, os ele-trocardiogramas, eletroencefalogramas, e outros, o paciente vai, e por quê? Porque acredita no médico. Se, porém, não vai ao Centro Espírita é porque não acredita, por desprezo ou preconceito. Crê mais na falsa pudicícia do que na necessidade legítima.

82. a água fluidificada tem valor terapêu-tico?

divaldo - A magnetização da água é uma provi-dência tão antiga quanto a própria cultura humana. A chamada hidroterapia era conhecida dos povos mais esclarecidos. Sendo considerada uma subs-tância simples, acredita-se que a água facilmente recebe energias magnéticas, fluídicas, e pode operar, no metabolismo desajustado, o seu reequilíbrio. Então, a água fluidificada ou magnetizada tem valor terapêutico.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

83. Quando é necessária ou desaconselhável, durante o passe, a manifestação psicofôni-ca?

raul - Reconhecendo que o passe é a contribuição vibratória que nós poderemos doar em nome da cari-dade, desconhecemos a necessidade de comunicações psicofônicas durante o seu transcurso.

Encontramos em Allan kardec, no livro A gênese, a informação de que nós poderemos estar submetidos a três tipos ou condições energéticas ou de ações fluídicas.

Existe fluidificação eminentemente magnética, que são as energias do próprio sensitivo, nesse caso, tido como magnetizador. Ele se desgasta porque doa do seu próprio plasma, e a partir dessa doação sente se cansado, esgotado. Um outro nível é o das energias espirituais materiais ou psicofísicas, quando se dá a conjugação dos recursos do mundo espiritual com os elementos do médium; o indivíduo se coloca na posição de um vaso de cujos recursos os benfeitores se utilizam. Eis quando caracterizamos o médium aplicador de passes ou passista: aquele em quem, se-gundo a Instrução do Espírito André Luiz, as energias circulam em torno da cabeça, como que assimilando os valores da sua mentalização escoarem através das mãos, para beneficiar o assistido.

vemos que quanto mais o trabalhador se aprimora, se aperfeiçoa quanto mais se integra e se entrega ao ministério dos passes, sem cansaço, vai melhorando a si mesmo, pois, ao aplicar as energias socorristas, será primeiramente beneficiado com os fluidos dos Servidores do Além, que dele se utilizam.

kardec ainda aponta o terceiro nível de energia que

é o espiritual por excelência. Neste caso, não haverá nenhuma necessidade de um instrumento físico. os espíritos projetam diretamente as energias sobre os necessitados.

Assim, vemos que mesmo no segundo nível, em que encontramos o médium aplicador de passes, sobre o qual agem as entidades para atender a terceiros, não há nenhuma necessidade de incorporação desses es-píritos. os benfeitores, comumente, não incorporam para aplicar passes, o que não impede que, uma vez incorporados, os benfeitores apliquem passes. São situações diferentes. Uma é o indivíduo receber espí-ritos para aplicar passes, o que muitas vezes esconde a sua insegurança, o seu atavismo não-espírita, os seus hábitos deseducados. Ele não crê que os espíritos dele possam se utilizar sem a necessidade da incorporação. Então, muitas vezes, por um processo de indução psi-cológica, o espírito projeta os seus fluidos e o médium age como se o estivesse incorporado. Não se dá conta de que não se trata de uma incorporação, mas de um envolvimento vibratório, que lhe faz arrepiar. Com isso, vamos perceber que, embora haja a atuação dos benfeitores Espirituais no trabalho dos passes, não há nenhuma necessidade de que incorporemos espíritos para aplicá-los.

há companheiros que ainda não foram educados para o trabalho do passe e apresentam uma atuação mais característica de distúrbio do que de ascendência mediúnica: os cacoetes psicológicos, a respiração ofe-gante, o retorcimento dos lábios, os gestos bruscos, estalidos de dedos, etc.; quando nada disso tem a ver, evidentemente, com a realidade dos fluidos, da sua natureza do seu contato com os espíritos que se faz em nível mental.

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009

kardec e a Codificação

capa

por Therezinha oliveira

Em 1854, Paris era a capital cultural do mun-do e nos seus salões tornaram-se moda as tables tournantes (girantes ou dançantes).

PRImEIRAS ExPERIêNCIAS

Um amigo informou sobre esse tipo de fenômeno ao Prof. Hyppolite Léon Denizard Rivail.

Discípulo do grande pedagogo Pestalozzi, o Prof. Rivail era também educador, autor de várias obras didáticas, membro de diversas academias culturais, e estava na plena madureza dos seus 50 anos.

Respondeu ao amigo que o fenômeno das mesas girantes podia ter explicação natural, simples ação do fluido magnético.

Observação: À época, Mesmer com sua teoria sobre magne-

tismo estavam em destaque e o Prof. Rivail também estudara os fenômenos magnéticos.

Argumentaram-lhe, posteriormente, que a mesa respondia a perguntas.

— Isto, agora, é outra questão (respondeu o Prof. Rivail). Só o acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula.

mAIo dE 1855

Numa terça-feira deste mês e ano, em casa da Sra. Plainemaison, Rivail presenciou, pela primeira vez, o fenômeno das mesas “que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar a qualquer dúvida”.

Assistiu, também, a ensaios imperfeitos de escri-ta mediúnica numa ardósia (lousa), com o auxílio de uma cestinha.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

O Espiritismo surgiu, portanto, da manifestação dos espíritos, de suas revelações

Entrevi, naquelas aparentes fu-tilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, alguma coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei que tomei a mim estudar a fundo.

Conheceu a família Baudin, em cuja casa, através da mediunidade das jovens Caroline e Julie, e pelos fenômenos com auxílio da cesta es-crevente, teve ensejo de observar:

Comunicações contínuas e respos-tas a perguntas formuladas, algumas vezes até a perguntas mentais, que acusavam, de modo evidente, a inter-venção de uma inteligência estranha.

Observou e deduziu: uma causa inteligente.

Ninguém imaginou os espíritos como meio de explicar o fenôme-no; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra (espírito).

Disseram ser as almas dos que já viveram na Terra.

Verificou, também, que os espí-ritos comunicantes não são todos iguais em conhecimento nem em moralidade. Mesmo assim, suas informações serão sempre valiosas como as de viajantes que nos fazem seus relatos e nos permitem conhe-cer o estado de um país.

Freqüentou, também, reuniões em que a médium era a Srta. Japhet e pôde fazer novas e mais comple-tas observações.

SURgE o ESPIRITISmo

À medida que o Prof. Rivail co-letava os ensinos e os organizava de forma didática, foi se evidenciando que constituiam toda uma doutri-na! Um conjunto de princípios,

harmoniosamente entrosados, revelando as leis divinas (naturais e imutáveis) que regem o Universo e a vida dos seres.

Era a doutrina dos espíritos; eles é que a haviam ditado, o Prof. Ri-vail não a criou nem a fundou, foi, apenas, o seu Codificador (quem coletou e organizou os ensinos, as leis e os princípios revelados).

Para distingui-la das demais doutrinas espiritualistas, Rivail a denominou Espiritismo e, aos seus

adeptos, chamou de espíritas ou espiritistas.

Para apresentar e divulgar essa doutrina, publicou livros. A fim de que não estabelecessem conotação com as suas obras como pedagogo (agora, as idéias, os ensinos, não eram seus, mas dos espíritos) publicou-as sob um pseudônimo: Allan Kardec, nome que tivera em urna encarnação anterior, entre os celtas (conforme lhe havia sido revelado).

o ESPIRITISmo SURgIU, PoRTANTo, dA mANIFESTAção doS ESPÍRIToS, dE SUAS REvELAçõES

Como, aliás, têm surgido todas as religiões. É, na origem, uma revelação divina (por ser de inicia-tiva dos espíritos do Senhor); mas é humana na sua elaboração (pelo

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009capa

trabalho de Kardec e de todos os estudiosos e pesquisadores) com base nas informações prestadas pelos espíritos.(A Gênese, Cap. 1, itens 12 e 13) .

SEU ASPECTo TRÍPLICE E CARáTER PRogRESSIvo

O Espiritismo é uma doutrina filosófica, de bases científicas e conseqüências morais (ou religio-sas).

Pode ser apreciada ou estudada por três aspectos diferentes:

— o das manifestações; — o dos princípios e da filosofia

que delas decorrem; — e o da aplicação desses prin-

cípios.

CIêNCIA

Quando estuda as manifesta-ções dos espíritos (os fatos).

Tem um objeto: os seres espi-rituais (sua existência, natureza, origem e destinação e suas relações com o mundo corporal).

Estuda-os com método próprio, específico e adequado ao objeto que investiga: a experimentação, por meio da mediunidade.

Observa, analisa, compara e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege. Depois, deduz-lhe as conseqüências e busca as aplicações úteis. A teoria vem, então, explicar e resumir os fatos.

Em seus estudos, o Espiritismo apresenta conotações com a Me-tapsíquica de Charles Richet (no

passado) e, modernamente, com a Parapsicologia, a Psicobiofísica e a Psicotrônica, que também se interessam pelos fenômenos trans-cendentes do ser humano.

Pesquisando a verdade no cam-po espiritual, o Espiritismo faz prever que, um dia, a Ciência e a Fé estarão em aliança, porque a Ciência encontrará, nas realidades

espirituais, os fundamentos invisí-veis mas reais da Fé; e a Fé deixará de lado crendices e superstições para se fixar apenas no que for realidade espiritual.

O Espiritismo tem um caráter progressivo e acompanha o progres-so científico.

Caminhando de par com o pro-

gresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto.

Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. Kardec (em A Gêne-se, Cap. 1. “Os Milagres e as Predi-ções’ 1:55 e em Obras Póstumas, “Constituição do Espiritismo’ II, Dos Cismas).

...o Espiritismo faz prever que, um dia, a Ciência e a Fé estarão em aliança

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Espiritismo - A Dou-

trina e o Movimento. Págs.21 – 28. Editora Allan

Kardec. 2003

Mas não se detém onde a ciência

materialista pára, prossegue além, nas realidades transcendentes.

FILoSoFIA

Quando enfoca os princípios e a filosofia que decorrem dos fatos.

Com base nas novas desco-bertas reveladas e pesquisadas, faz a interpretação da natureza e dos fenômenos, reformulando a concepção do mundo e de toda a realidade.

Trata dos princípios e dos fins, respondendo às perguntas: Quem somos? De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde iremos, depois? E nos dá, assim, uma nova filosofia de vida.

Tem aceitação oficial como filo-sofia, no Brasil e no exterior, tanto que consta, por exemplo:

— do Dicionário Filosófico do Ins-tituto de França;

— do Panorama da Filosofia de São Paulo (edição conjunta do Instituto Brasileiro de Filosofia e da Universida-de de São Paulo, sob a coordenação do Prof. Luiz Washington Vitta).

moRAL oU RELIgIão

Quando faz a aplicação desses princípios.

Como conseqüência das con-clusões da sobrevivência humana após a morte (baseadas nas provas), o Espiritismo projeta a realidade conhecida para o plano das rela-ções homem e divindade.

Assume, então, aspecto moral; ou religioso, porque, para Kardec, moral e religião se eqüivalem. A Ciência e a Religião são as duas ala-vancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral (O Evan-gelho segundo o Espiritismo, Cap. 1, item 8).

Se a Religião revela as leis do mundo moral, o Espiritismo,

apontando conseqüências mo-rais, mostra seu terceiro aspecto: o religioso, ao orientar como agir perante as leis divinas, agora mais bem conhecidas.

PoR QUE Não FoI APRESENTAdo Logo Como RELIgIão?

Por duas razões (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. II):

1) Afim de evitar rejeição e até perseguição prematura. Aguardando maturidade da inteligência huma-na os bons espíritos, previdentes, sabiamente cautelosos, estabelece-ram primeiramente os fundamen-tos filosóficos e científicos.

Assume, então, aspecto moral; ou religioso, porque, para Kardec, moral e religião se eqüivalem

2) Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes e, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto, desperta exclusivamente uma idéia de for-ma, que o Espiritismo não tem, princípios absolutos em matéria de fé (dogmas), casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, cerimô-nias, privilégios e a mistificação e os abusos.

Kardec (Discurso em Nov./l868 — RE dez./1868):

De fato, a definição de culto, em francês e espanhol, por exem-plo, inclui cerimônias, rituais, exterioridades.

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, (continua Kardec) o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princí-pios absolutos em matéria de fé; hierar-quias, cerimônias e privilégios; não o separaria das idéias de mistificação e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.

Seria colocar “remendo novo em pano velho”... E Kardec queria evitar essa confusão.

bIbLIogRAFIA: KARDEC, Allan. Obras Póstumas. “A

Minha Primeira Iniciação ao Espiritismo”,

“Introdução”, itens IV e VI; e O Livro dos

Espíritos, “Conclusão”, item VII.

PIRES, J. Herculano. “O Infinito e o

Finito”, Curso Dinâmico de Espititismo.

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009história

os Abusos do Poder Religioso

por Emmanuel / Chico xavier

FASES dA IgREJA CATóLICA

Apesar dos numerosos desvios da Igreja romana, que esquecera os princípios cristãos tão logo que chamada aos gabinetes da política do mundo, nunca o Catolicismo foi de todo abandonado pelas potên-cias do bem, no mundo espiritual. Advertências inúmeras lhe foram enviadas em todos os tempos da sua vida histórica, pela misericórdia do Cristo, condoído da impiedade de quantos, sob o seu nome, mancha-vam o altar dos templos.

Enquanto esteve subordinada aos imperadores de Constantino-pla, a instituição católica trabalhou para libertar-se de semelhante tutela, procurando a mais ampla independência espiritual, somente conseguida depois do papa Estêvão II, em 756, com a organização do chamado Patrimônio de São Pedro. A esse tempo, os vários soberanos da época dispunham da Igreja de acordo com os seus caprichos pessoais, conferindo dignidades eclesiásticas às consciências mais apodrecidas. A sede do Catolicismo se transformara em vasto mercado de títulos nobiliárquicos de toda

a espécie. Até depois do século X, semelhante situação de descalabro moral marchava para a frente, num crescendo espantoso. Os Apóstolos do Divino Mestre, nas claridades do Infinito, deploram semelhantes espetáculos de indigência espiri-tual e promovem a reencarnação de numerosos auxiliares da tarefa remissora, nas hostes da regra de São Bento. Estes missionários da verdade e do bem operam a res-tauração do mosteiro de Cluny, de onde sairiam pensamentos novos e energias regeneradoras.

gREgóRIo vII

Foi nesse movimento de restau-ração que Hildebrando, conhecido como Gregório VII, ouvindo as inspirações que lhe desciam ao coração, do plano invisível, prepa-rou-se para a missão que o esperava no Vaticano. Sua figura é das mais importantes do século XI, pela fé e pela sinceridade que lhe caracteri-zaram as atitudes. Eleito papa, após a desencarnação de Alexandre II, reconheceu que as primeiras pro-vidências que lhe competiam eram as do combate ao simonismo no

seio da instituição católica e as do restabelecimento da autoridade da Igreja, que ele desejou sinceramente reconduzir ao seio do Cristianismo, embora as lutas sustentadas contra Henrique IV façam parecer o con-trário. Convocando um concílio em Roma, no ano de 1074, procurou reprimir a enormidade de tantos abusos referentes ao mercado dos sacramentos e às honras eclesiásti-cas. Filipe I e Henrique IV prome-tem amparo e auxílio às decisões do pontífice, no sentido de regenerar a organização da Igreja. Henrique IV, porém, prestigiado pelos bispos culpados de simonia, fugiu ao cum-primento da promessa e, depois de exortado por Gregório VII, tenta depô-Io, reunindo em Worms um sínodo de sacerdotes transviados. O papa excomunga o príncipe rebelado, ocorrendo então os céle-bres acontecimentos de Canossa. A luta ainda não havia terminado, quando Gregório VII se desprende do mundo em 1085, deixando, porém, o caminho preparado para a Concordata de Worms, que se realizaria em 1122 com Henrique V, com a independência da Igreja e a regeneração aproximada de sua disciplina.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA história

AS AdvERTêNCIAS dE JESUS

Instalada nas suas imensas ri-quezas e dispondo de todo o poder e autoridade, a Igreja poucas vezes compreendeu a tarefa de amor, que competia à sua missão educativa.

Habituada a mandar sem res-trições, muitas vezes recebeu as advertências de Jesus à conta de heresias condenáveis, que era preciso combater e profligar.

As exortações do Alto não se fa-ziam sentir tão-somente no seio das ordens religiosas, onde penitentes humildes proporcionavam aos seus orgulhosos superiores eclesiásticos as mais santas lições da piedade cristã. Também na sociedade civil as sementes de luz deixavam entrever os mais esperançosos rebentos de com-preensão e de sabedoria, acerca do Evangelho e dos exemplos do Cristo. Neste caso está Pedro de Vaux, que, embora sendo um homem de negó-cios, em Lião, desligou-se de todos os laços que o prendiam às riquezas humanas, despojando-se de todos os bens em favor dos pobres e ne-cessitados, comovido com a leitura da exemplificação de Jesus no seu Evangelho de amor e redenção. Esse homem extraordinário, a quem fora cometida a missão de instrumento da vontade do Senhor, mandou traduzir os livros sagrados para leitura pública e, junto de outros companheiros que passaram à História com o nome de valdenses, iniciou amplo movimento de pregações evangélicas, à maneira dos tempos apostólicos. Os “Pobres de Lião” foram excomungados, primeiramente pelo arcebispo da cidade e mais tarde, em 1185, pelo pontífice do Vaticano. A Igreja não

poderia tolerar outra doutrina que não a sua, feita de orgulho e mal disfarçada ambição. Qualquer lem-brança verdadeira e sincera, do seu divino Fundador, era tomada como heresia abominável e suscetível das mais severas punições. A verdade, porém, é que, se os valdenses foram caluniados pelas forças católicas, suas pregações e apelos nunca mais desapareceram do mundo desde o sé-culo Xl, porque, com vários nomes, as suas organizações subsistiram na Europa até à Reforma, não obstante os guantes de ferro da Inquisição.

FRANCISCo dE ASSIS

Os apelos do Alto continuaram a solicitar a atenção da Igreja romana em todas as direções. As chamadas “heresias” brotavam por toda parte onde houvesse consciências livres e corações sinceros, mas as autorida-des do Catolicismo nunca se mostra-ram dispostas a receber semelhantes exortações.

Havia terminado, em 1229, a guerra contra os hereges, cujos em-bates atravessaram o espaço de vinte anos, quando alguns chefes da Igreja consideraram a oportunidade da

fundação do tribunal da penitência, cujos projetos de há muito preocupa-vam o pensamento do Vaticano.

Mascarar-se-ia o cometimento com o pretexto da necessidade de unificação religiosa, mas a realidade é que a instituição desejava dilatar o seu vasto domínio sobre as cons-ciências.

Todavia, se a Inquisição preo-cupou longamente as autoridades da Igreja, antes da sua fundação, o negro projeto preocupava igual-mente o Espaço, onde se aprestaram providências e medidas de renovação educativa. Por isso, um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis. Seu grande e luminoso espírito resplandeceu próximo de Roma, nas regiões da Umbria desolada. Sua atividade reformista verificou-se sem os atritos próprios da palavra, porque o seu sacerdócio foi o exem-plo na pobreza e na mais absoluta humildade. A Igreja, todavia, não entendeu que a lição lhe dizia res-

...um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009história

Longo período de sombras invadiu os departamentos da atividade humana

peito e, ainda uma vez, não aceitou as dádivas de Jesus.

oS FRANCISCANoS

O esforço poderoso do missioná-rio, todavia, se não conseguiu mudar a corrente de ambições dos papas romanos, deixou traços fulgurantes da sua passagem pelo planeta.

Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas criaturas, que se entre-garam ao santo mister de regenerar almas para Jesus.

A ordem dos Franciscanos che-gou a congregar mais de duzentos mil missionários e seguidores do grande inspirado. Eles repeliam qualquer auxílio pecuniário, para aceitar tão-somente os alimentos mais pobres e mais grosseiros, e o característico que mais os destacava das outras comunidades religiosas era o seu alheamento dos mosteiros. Em vez de repousarem à sombra dos claustros, na tranqüilidade e na meditação, esses espíritos abnegados

reconheciam que a melhor oração, para Deus, é a do trabalho constru-tivo, no aperfeiçoamento do mundo e dos corações.

A INQUISIção

Muito pouco valeram as lições do bem, diante do mal triunfante, porque em 1231 o Tribunal da Inquisição estava consolidado com Gregório IX. Esse instituto, ironica-mente, nesse tempo não condenava os supostos culpados diretamente à morte - pena benéfica e consoladora

fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da

Luz. Págs. 155 – 161. Feb. 2001.

em face dos martírios infligidos aos que lhe caíssem nos calabouços -, mas podia aplicar todos os suplícios imagináveis.

A repressão das “heresias” foi o pretexto de sua consolidação na Europa, tornando-se o flagelo e a desdita do mundo inteiro.

Longo período de sombras inva-diu os departamentos da atividade humana. A penumbra dos templos era teatro de cenas amargas e sa-crílegas. Crimes tenebrosos foram perpetrados ao pé dos altares, em nome dAquele que é amor, perdão e misericórdia. A instituição sinistra da Igreja ia cobrir a estrada evolutiva do homem com um sudário de trevas espessas.

A obRA do PAPAdo

Há quem tente justificar esses longos séculos de sombra pelos há-bitos e concepções daquele tempo. Mas, a verdade é que o progresso das criaturas poderia dispensar esse mecanismo de crimes monstruo-sos. Por isso, nos débitos Romanos pesam essas responsabilidades tão tremendas quão dolorosas.

A Inquisição foi obra direta do papado, e cada personalidade, como cada instituição, tem o seu processo de contas na Justiça Divina. Eis por que não podemos justificar a exis-tência desse tribunal espantoso, cuja ação criminosa e perversa entravou a evolução da Humanidade por mais de seis longos séculos.

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

Não há outra maneira para evitar equívocos, senão estudando-a

Mediunidade é algo sério. Precisa ser tra-tada com respeito,

conduzida com conhecimento. E isto só é possível quando se conhece suas bases, sua finalidade. Se for conduzida sem conhecimento, com leviandade, sujeita-se a absurdos e contradições.

Não há outra maneira para evi-tar equívocos, senão estudando-a. E isto em fonte segura, O Livro dos Médiuns.

Se você pensar bem, algumas distorções enquadram-se na igno-rância do que ela realmente seja, ou de como usá-la. Outros desvios devem-se, todavia, à má-fé e até a uma certa ingenuidade. Vejamos alguns exemplos:

a) Acreditar-se cegamente no que dizem os espíritos. Aqui é preciso lembrar-se que os espíritos não sa-bem tudo (portanto estão sujeitos a erros) e que também o médium tem grande influência na transmissão da mensagem. Ele pode filtrar o conte-údo, alterar, omitir ou acrescentar informações. Aqui entra o caráter moral do médium.

b) Tornar-se dependente de médiuns e espíritos. A mediunida-de existe para orientar, mas cada um terá que construir sua própria orientação de vida, de acordo com

os conhecimentos que vai adquirin-do. Toda dependência é prejudicial e gera verdadeiras neuroses.

c) Achar que tudo é mediunida-de. Todos vivemos uma vida intensa e achar que tudo é influência de espíritos é cair no ridículo. É preci-so considerar que mesmo entre os encarnados há uma real influência recíproca.

Entre estes e outros aspectos que podem ser considerados, já que o assunto é amplo, há um risco que merece “olhos bem abertos”: o risco da ingenuidade. Para evitá-lo, chame-se o bom senso. Vamos citar único exemplo:

Pessoa comparece ao Centro Espírita em busca de comunicação de parente desencarnado. Fornece

nome, data do nascimento e mor-te, bem como a causa da morte. Apressados os médiuns recebem uma suposta manifestação do en-volvido, citando frases chavões e consolando os parentes. Em segui-da, a mensagem é desmascarada, pois os consulentes que foram ao Centro quiseram desmoralizar a mediunidade e usaram nome de pessoa encarnada...

Já pensou? Como ficamos? A Doutrina Espírita ensina com

letras garrafais que uma manifesta-ção espiritual não é algo tão simples como se pretende. E será mesmo que só ao citar nome de pessoa falecida já é condição para que o espírito se manifeste...? E as condi-ções do espírito? E se realmente foi uma ironia de pessoas brincalhonas. Cuidado, minha gente. Mediuni-dade é coisa séria. Como evitar isso? Abrindo os olhos e usando o bom senso, sem pressa. Pesar tudo sob a luz da razão e da coerência. Só isso já vai evitar um monte de decepções.

Um Risco na mediunidadepor orson Peter Carrara

fonte:

Artigo originalmente publicado no site do au-

tor: http://www.orsonpcarrara.k6.com.br/

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009estudo

viagem entre os Universos e osmundos - as humanidades desconhecidaspor Camille Flammarion

Vi então a Terra que tom-bava nas profundezas da imensidade; as cúpulas

do observatório, Paris iluminada, desciam rapidamente; não obstante sentir-me imóvel, tive a impressão análoga às que se experimenta em balão, quando, elevando-se nos ares, se vê a Terra descer. Subi, subi durante muito tempo, arrebatado em mágica ascensão para o Zênite inacessível. Urânia estava junto de mim, um pouco mais elevada, fitan-do-me com doçura e mostrando-me os reinos terrestres. O dia voltara. Reconheci a França, o Reno, a Alemanha, a Áustria, a Itália, o Mediterrâneo, a Espanha, o oceano Atlântico, a Mancha, a Inglaterra. Mas toda essa liliputiana geografia diminuía rapidamente. Em breve o globo terráqueo estava reduzido às aparentes dimensões do plenilúnio, depois às de uma luazinha cheia.

– Eis aí – disse-me ela –, o famoso globo terrestre sobre o qual se agi-tam tantas paixões, e que encerra em seu círculo estreito o pensamento de tantos milhões de seres cuja vista não se estende ao Além. Vê quanto a sua aparente grandeza diminui à proporção que o nosso horizonte se dilata. Já não distinguimos mais a Europa da Ásia. Eis ali o Canadá, a América do Norte. Quanto é mi-núsculo tudo aquilo!

Passando vizinho à Lua, eu havia notado as paisagens montanhosas do nosso satélite, os cimos radiante de luz, os profundos vales cheios de sombras, e teria desejado deter-me para estudar de mais perto essa morada vizinha; mas, sem mesmo dignar-se lançar para ela um simples olhar, Urânia me arrastava em rápi-do vôo para as regiões siderais.

Subimos sempre. A Terra, di-minuindo de mais em mais, à proporção que nos distanciamos, chegou a ficar reduzida ao aspecto de simples estrela, brilhando com a luz solar no seio da imensidade vazia e negra. Tínhamo-nos voltado para o Sol, que resplendia no Espaço sem iluminá-lo, e víamos, ao mesmo tempo em que a ele, as estrelas e os planetas, que a sua luz não apagava, por isso que não ilumina o éter

invisível. A deusa angélica mostrou-me Mercúrio, na vizinhança do Sol; Vênus, que brilhava do lado oposto; a Terra, igual a Vênus, comparada em aspecto e em brilho; Marte, cujos mediterrâneos e canais reconheci; Júpiter, com as suas quatro luas enormes; Saturno, Urano...

– Todos esses mundos – disse-me ela – são sustentados no vácuo pela atração do Sol, em torno do qual giram com velocidade. É um todo harmonioso, gravitando em redor do centro. A Terra não é mais do que uma ilha flutuante, uma aldeia dessa grande pátria solar, e esse im-pério solar não é, ele próprio, mais do que uma província no seio da imensidade sideral.

Subíamos sempre. O Sol e seu sis-tema distanciavam-se rapidamente; a Terra não era mais que um ponto;

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... a Via-Láctea estava submersa sob o nosso vôo, qual catarata de sóis em fusão

Júpiter mesmo, esse mundo tão colossal, mostrou-se diminuído, e assim Marte e Vênus, a um pontinho minúsculo, apenas superior ao da Terra. Passamos à vista de Saturno, cingido dos seus anéis gigantescos, e cujo só testemunho bastaria para provar a imensa e inimaginável variedade que reina no Universo; Saturno, verdadeiro sistema por si, com os seus anéis formados de corpúsculos conduzidos em uma rotação vertiginosa, e com os seus oito satélites acompanhando-o qual um celeste cortejo!

À medida que subíamos, o nosso Sol ia diminuindo de grandeza. Bem depressa desceu a categoria de estre-la, depois perdeu toda a majestade, toda a hegemonia sobre a população sideral, e não foi mais do que uma estrela, apenas mais brilhante do que as outras.

Eu contemplava toda aquela imensidade estrelada, no meio da qual nos elevávamos sempre, e pro-curava reconhecer as constelações; estas, porém, começavam a mudar sensivelmente de formas, por motivo da diferença de perspectiva causada pela minha viagem; a Via-Láctea estava submersa sob o nosso vôo, qual catarata de sóis em fusão, tombando ao fundo do Infinito; as estrelas das quais nos aproximáva-mos emanavam rutilâncias fantás-ticas, derramando uma espécie de rios de luzes, irradiações de ouro e prata, cegando-nos de fulgurantes claridades. Acreditei ver o nosso Sol, transformado insensivelmente em uma estrelinha, reunir-se à cons-telação do Centauro, enquanto uma nova luz, pálida, azulada, bastante estranha, chegava da região para a qual Urânia me conduzia. Essa cla-ridade nada tinha de terrestre e não

me recordava nenhum dos efeitos que eu havia admirado nas paisagens da Terra, nem entre os tons tão cambiantes dos crepúsculos depois da tempestade, nem nas brumas indecisas da manhã, nem durante as horas calmas e silenciosas do clarão da Lua no espelho do mar. Este úl-timo efeito era talvez aquele de que esse aspecto mais se aproximava, mas a estranha luz era, e cada vez se tornava mais verdadeiramente azul, não de um reflexo de azul celeste ou de um contraste análogo ao que produz a luz elétrica comparada à do gás, mas azulada igual a se o próprio Sol fosse azul!

Qual não foi a minha estupefa-ção, quando me apercebi de que nos aproximávamos, com efeito, de um sol absolutamente azul, igual a um disco brilhante que houvesse sido recortado nos nossos mais belos céus terrestres, destacando-se luminosamente em um fundo todo negro, todo constelado de estrelas! Esse sol safira era o centro de um sistema de planetas iluminados pela sua luz. Íamos passar pertinho de um desses planetas. O sol azul crescia a olhos vistos; mas, novidade tão sin-gular quanto a primeira, a luz com que ele iluminava o dito planeta se complicava de um certo lado com uma coloração verde. Olhei de novo

para o céu e avistei um segundo sol e esse de um belo verde-esmeralda! Não acreditava em meus olhos.

– Estamos atravessando – disse Urânia – o sistema solar de Gama de Andrômeda, do qual ainda não vês mais do que uma parte, pois ele se compõe, na realidade, não desses dois sóis, mas de três, um azul, um verde, e um amarelo-laranja. O sol azul, que é o menor, gira em torno do sol verde, e este gravita com seu companheiro em redor do grande sol alaranjado que vais avistar dentro em pouco.

Com efeito, vi logo aparecer um terceiro sol, colorido dessa ardente irradiação, cujo contraste com seus dois companheiros produzia a mais estranha das claridades. Conhecia bem tão curioso sistema sideral, por tê-lo mais de uma vez observado com o telescópio; mas, não suspeitava sequer o seu verdadeiro esplendor. Que fornalhas, que deslumbramen-tos. Que vivacidade de cores nessa estranha fonte de luz azul, nessa iluminação verde do segundo sol, e nessa irradiação de ouro fulvo do terceiro!

Mas, havíamo-nos aproximado, conforme disse, de um dos mun-dos pertencentes ao sistema do sol safira. Tudo era azul: paisagens, águas, plantas, rochedos, levemente esverdeados do lado que recebia luz do segundo sol, e apenas tocadas dos raios do sol alaranjado que se erguia no horizonte longínquo. À medida que penetrávamos na atmosfera desse mundo, uma suave música, deliciosa, erguia-se nos ares à semelhança de um perfume, de um sonho. Jamais eu ouvira coisa igual. A doce melodia, profunda, distante, parecia vir de um conjunto de harpas e violinos sustentado por

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009estudo

Viam-se, nos cimos das montanha,plantas que não eram nem árvores, nem flores

um acompanhamento de órgão. Era um canto delicado, que ine-briava desde o primeiro momento; que não carecia de análise para ser compreendido e enchia a alma de volúpia. Parecia-me que teria ficado uma eternidade a ouvi-lo; não ousei dirigir a palavra ao meu guia, tanto receava perder-lhe uma nota. Urânia apercebeu-se. Estendeu a mão para um lago e com o dedo indicou um grupo de seres alados que pairavam por cima das águas azuis.

Não tinham a forma humana terrestre. Eram criaturas evidente-mente organizadas para viver no ar. Pareciam tecidas de luz. De longe, tomei-as, a princípio, por libélulas: tinham-lhes a forma esbelta e ele-gante, as vastas asas, a vivacidade, a ligeireza. Mas, examinando-as de mais perto, notei seu porte, que não era inferior ao nosso, e reconheci, pela expressão dos olhares, que não eram animais.

As suas cabeças pareciam-se igualmente com as das libélulas, e, à semelhança dessas criaturas aéreas, não tinham pernas. A música deli-ciosa que eu ouvia não era senão o ruído de seu vôo.

Eram numerosíssimas, vários milhares talvez. Viam-se, nos cimos das montanha, plantas que não eram nem árvores, nem flores. Erguiam débeis hastes a enormes alturas, e esses talos ramificados sustentavam, parecendo braços estendidos, amplas taças em forma de tulipas. Essas plantas eram animadas, pelo menos no grau das nossas sensitivas, e mais ainda; e, igual ao desmódio (planta que tem forma de borboleta) de fo-lhas móveis, manifestavam por movi-mentos as suas impressões interiores. Esses pequenos bosques formavam verdadeiras cidades vegetais. Os ha-

bitantes daquele mundo não tinham outras moradas além de tais plantas, e era no meio dessas perfumadas sensitivas que repousavam, quando não flutuavam nos ares.

– Este mundo parece fantástico – disse Urânia – e a ti próprio per-guntas que idéias podem ter tais seres, que costumes, que história, que espécie de artes, de literatura e de ciências. Longo seria responder a todas as perguntas que poderias fazer. Fica sabendo unicamente que seus olhos são superiores aos me-lhores telescópios; que seu sistema

nervoso vibra à passagem de um co-meta e descobre eletricamente fatos que na Terra jamais se conhecerão. Os órgãos que estás vendo abaixo das asas lhes servem de mãos, mais hábeis que as vossas. Por imprensa têm eles a fotografia direta dos acon-tecimentos e a fixação fônica das próprias palavras. Não se ocupam, de resto, senão de pesquisas científicas, isto é, do estudo da Natureza. As três paixões que absorvem a maior parte da vida terrestre, o ávido desejo da riqueza, a ambição política e o amor lhes são desconhecidas, porque de nada carecem para viver, nem há divisões internacionais, nem outro governo além de um conselho de

administração, e porque são andró-ginos (ambisséxuos).

– Andróginos! repliquei. E ousei acrescentar: Será melhor?

– Coisa diversa. São grandes perturbações a menos em uma Hu-manidade. É preciso – continuou ela – desprender-se inteiramente das sensações e das idéias terrenas, para estar em situação de compreender a diversidade infinita manifestada pe-las diferentes formas da Criação. De igual modo que sobre o vosso planeta as espécies têm mudado de idade em idade, desde os seres tão esquisitos das primeiras épocas geológicas até o aparecimento da Humanidade; de igual maneira que ainda agora a população animal e vegetal da Terra é composta das mais diversas formas, desde o homem ao coral, desde a ave ao peixe, desde o elefante à borboleta; assim também, e em uma extensão incomparavelmente mais vasta, entre as inumeráveis terras do Céu, as forças da Natureza têm dado origem a uma infinita diversidade de seres e de coisas. A forma das criatu-ras é, em cada mundo, o resultado dos elementos especiais a cada globo, substância, calor, luz, eletricidade, densidade, peso. As formas, os ór-gãos, o número dos sentidos – vós outros tendes apenas cinco, e assim mesmo bastante pobres – dependem das condições vitais de cada esfera. A vida é terrestre na Terra, marciana em Marte, saturniana em Saturno, netuniana em Netuno, em resumo, apropriada a cada mansão, ou, para dizer mais rigorosamente ainda, produzida e desenvolvida por esse mundo em particular, conforme o seu estado orgânico, e segundo uma lei primordial a que obedece a Natu-reza inteira: a lei do progresso.

Enquanto ela me falava, tinha

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Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

fonte:

FLAMMARION, Camille. Urânia. Págs. 14

- 19. Feb. 1987.

eu acompanhado com o olhar o vôo dos seres aéreos para a cidade florida e vira com espanto as plantas a se moverem, erguendo-se ou abai-xando-se para recebê-los; o sol verde descera abaixo do horizonte e o sol alaranjado levantara-se no céu; a pai-sagem estava adornada de coloração esférica, sobre a qual pairava uma lua enorme, metade alaranjada, metade verde. Então, a imensa melodia que musicava a atmosfera parou e, em meio de profundo silêncio, ouvi um cântico, erguendo-se em voz tão pura que nenhuma voz humana lhe pudera ser comparada.

– Maravilhoso sistema – exclamei eu –, de tal mundo iluminado por semelhantes clarões! São estrelas duplas, tríplices, múltiplas, vistas de perto?

– São esplêndidos sóis – respon-deu-me a deusa –, graciosamente associados nos laços de mútua atração. Vós outros as vedes, da Terra, embaladas duas a duas no seio dos céus, sempre belas, sempre luminosas, puras sempre. Suspensas no Infinito, apóiam-se uma na outra sem jamais se tocarem, tal qual se a sua união, mais moral que mate-rial, fosse regida por um princípio

invisível, e, seguindo harmoniosas curvas, gravitam em cadência em torno uma da outra, celestes casais desabrochados na primavera da Criação, nas campinas consteladas da imensidade. Enquanto os sóis simples qual o vosso brilham solitá-rios, fixos, tranqüilos, nos desertos do Espaço, os sóis duplos e múltiplos parecem animar, com os seus movi-mentos, a sua coloração e vida, as silenciosas regiões do eterno vácuo. Esses relógios siderais marcam para vós outros os séculos e as eras dos outros universos. Mas – acrescentou –, continuemos a nossa viagem. Estamos apenas a alguns trilhões de léguas da Terra.

– Alguns trilhões?– Sim. Se pudéssemos ouvir

daqui os ruídos do vosso planeta, os seus vulcões, a sua artilharia, os seus trovões, os alaridos das grandes turbas nos dias de revolta, ou os cânticos piedosos das igrejas que se elevam para o Céu, a distância é tal que, admitindo pudessem esses ruídos transpô-la com a velocidade do som no ar, eles não empregariam menos de cento cinqüenta mil sécu-los para chegar até aqui. Ouviríamos hoje unicamente o que se passara na

Terra há quinze milhões de anos.“Entretanto, achamo-nos ainda,

em relação à imensidade do Univer-so, mui próximo da tua Pátria. Con-tinuas a reconhecer o teu Sol, lá em baixo, pequenina estrela. Não saímos do universo a que ele pertence com o seu sistema de planetas.

“Esse universo se compõe de mui-tos milhares de sóis, separados uns dos outros por trilhões de léguas.

“É tão considerável a sua exten-são, que um relâmpago, com a velo-cidade de trezentos mil quilômetros por segundo, empregaria quinze milênios em transpô-la.

“E por toda parte sóis, para qual-quer lado que volvamos o olhar; por toda a parte fontes de luz, de calor e de vida, fontes de inexaurível varie-dade, sóis de todos os esplendores, de todas as grandezas, de todas as idades, sustentados no eterno vácuo, no éter luminífero, pela atração mú-tua de todos e pelo movimento de cada um. Cada estrela, sol enorme, gira sobre si mesma, qual esfera de fogo, e voga rumo a um fim. Vosso Sol caminha e vos leva para a conste-lação de Hércules; este, cujo sistema acabamos de atravessar, caminha para o sul das Plêiades; Sirius se precipita para a Pomba; Pólux se dirige para a Via-láctea; todos esses milhões, todos esses bilhões de sóis correm através da imensidão com velocidades que atingem duzentos, trezentos e quatrocentos mil metros por segundo! É o movimento que sustenta o equilíbrio do Universo, que lhe constitui a organização, a energia e a vida.”

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FidelidadESPÍRITA | Setembro 2009

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

32. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

Conheça os verbos do mARIo

Ansiar — Anseio, anseias, anseiam, anseie, anseiem, ansiava, ansiaram, ansiasse, ansiando, ansiado.

Incendiar — Incendeio, incendeias, incen-deiam, incendeie, incendeiem, incendiava, incen-diaram, incendiasse, incendiando, incendiado.

Remediar (atenção) — Remedeio (e não “remedio”), remedeia (e não “remedia”), reme-deiam, remedeie, remedeiem (e não “remediem”), remediava, remediaram, remediasse, remediando, remediado.

mediar é o QUE CoNFUNdE mAISO erro mais comum ocorre com mediar e

intermediar. Um jornal carioca, por exemplo, publicou o seguinte título: Banco “intermedia” venda de carro. O certo seria: Banco intermedeia venda de carro.

Assim: medeio, medeias, medeiam, medeie, medeiem, mediava, mediaram, inediasse, median-do, mediado; intermedeio, intermedeias, interme-deiam, intermedeie, intermedeiem, intermediava, intermediaram, intermediasse, intermediando, intermediado.

Em Portugal, alguns dicionários e outros livros de referência conjugam negociar como negoceio, negoceiam, negoceie, negoceiem, etc. No Brasil, porém, considere o verbo regular e diga e escreva negocio, negociam, negocie, negociem, etc.

Quem nunca teve nenhuma dúvida sobre a conjugação do verbo odiar sabe que alguns dos seus tempos são odeio, odeia, odeiam, odeie, odeiem, por exemplo. Ou odiou, odiava, odiaram, odiará, odiariam, odiasse, etc.

Você pode perguntar por que, em alguns casos, existe um ei, como em odeio, e, em outros, ape-nas um i, como em odiou. É importante lembrar: quando a sílaba tônica é a que inclui o d, aparece o grupo de vogais ei. Quando a sílaba tônica é a seguinte, porém, o verbo deve ser conjugado de maneira regular (odiava, odiaria, odiassem, odiando, odiado, etc.).

Vale a pena você saber lidar corretamente com o verbo odiar porque ele é um dos cinco únicos da língua portuguesa terminados em iar que, pelo menos no Brasil, não seguem a conjugação normal. Os demais são mediar (e seu derivado intermediar), ansiar, remediar e incendiar.

Existe uma regra prática que ajuda a lembrar quais são eles: as iniciais desses verbos formam o nome MARIO (Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar e Odiar). Veja algumas formas deles:

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

“Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar,dele se envergonhará o Filho do homem. “ - Jesus.

(Lucas, 9:26.)

Não se Envergonhar

Muitos aprendizes existem satisfeitos consigo mesmos tão-somente em razão de algumas afirmativas quixotescas. Congre-gam-se em grandes discussões, atrabiliários e irascíveis, tentando convencer gregos e troianos, rela-tivamente à fé religiosa e, quando interpelados sobre a fúria em que se comprazem, na imposição dos pontos de vista que lhes são próprios, costumam redargüir que é imprescindível não nos envergonharmos do Mestre, nem de seus ensinamentos perante a multidão.

Todavia, por vezes, a preo-cupação de preservar o Cris-tianismo não passa de posição meramente verbal.

Tais defensores do Cristo an-dam esquecidos de que, antes de tudo, é indispensável não esque-cer-lhe os princípios sublimes, diante das tarefas de cada dia.

A vida de um homem é a sua própria confissão pública.

A conduta de cada crente é a sua verdadeira profissão de fé.

Muito infantis o trovão da voz e a mímica verbalista, filhos da vaidade individual, junto de ouvintes incompreensivos e complacentes, com pleno es-quecimento dos necessários testemunhos com o Mestre, na oficina de trabalho comum e no lar purificador.

Torna-se indispensável não se envergonhar o aprendiz de Jesus, não em perlengas calorosas, das quais cada contendor regressa mais exasperado, mas sim peran-te as situações, aparentemente insignificantes ou eminentemen-te expressivas, em que se pede ao crente o exemplo de amor, renúncia e sacrifício pessoal que o Senhor demonstrou em sua trajetória sublime.

Setembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

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