Revista Suinicultura 97

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Editorial

Esperamos que a Senhora

Ministra atenda a esta

nossa pretensão, para que

a Suinicultura continue a

cumprir a sua missão em

Portugal.

NÃO É MIRAGEM...... É MESMO ÁGUAo que vemos à nossa frente!

Cinco anos a atravessar o deserto. Os heróis resistentes que foram assistindo ao tombar de muitos dos seus, sentem-se desgastados e cansados, mas persistentes e determinados em al-cançar a estabilidade económica que se aproxima. Sentimos a água, momentaneamente já lhe chegamos, mas muitos são os obstáculos para que a atinjamos em plenitude.

Burocracia, Bem-estar animal, Aujeszky, REAP, aumento do preço das materias-primas e de outros custos, são obstáculos que seremos capazes de ultrapassar, até porque com maior ou menor expressão, os nossos concorrentes, também os têm, já tiveram, ou terão outros.

Difícil será ultrapassar a pressão da banca. Uma que estando a sair de Portugal, nos exige em tempo apertado a liquidação dos financiamentos concedidos. Outra que nos está a obrigar a planos de amortização não compatíveis com a capacidade de gerar receitas do sector, atrofiando a tesouraria das nossas empresas. Apelamos aos responsáveis políticos, que a não ser alterado, este procedimento levará a uma redução compulsiva dos efectivos, mesmo em empresas sólidas e com resultados económicos positivos.

Lembramos que a França para além dos valores concedidos para apoio às obras de bem-estar animal, acaba de intervir perante a banca no sentido de que sejam criadas linhas de credito, de apoio à produção animal naquele País. Mas o grande obstáculo, a montanha que nos apedreja e que não sabemos como ultrapassar, aquele que tem levado ao desaparecimento de grande parte do tecido empresarial do sector, chama-se RELAÇÕES COM A GRANDE DISTRIBUIÇÃO.

Gigantes que se degladiam pela tomada do poder absoluto na distribuição, pisando e des-truindo tudo à sua volta, através da procura constante, de ter preco mais baixo que o concorrente, para ter mais e mais volume de vendas. Depois que têm uma operação negativa, e convidam os fornecedores a colaborarem, se assim o entenderem, senão...

O mercado é deles, já não há comércio tradicional. Veem os preços baixos, a dependência e as insolvências. Custa perceber como um País importador de 50% da carne que consome, a importe a preços superiores aos pagos internamente. Custa perceber este espirito anti-Nacional. A falta de percepção de que todos somos clientes e que a destruição de postos de trabalho em Portugal, nos fragilidade a todos. Para que serve a Plataforma de Acompanhamento das Relações com a Cadeia Alimentar? Pela primeira vez em Portugal, mais propriamente em Lisboa, teremos nos próximos dias 25 e 26 de Outubro o XXXIII SIMPÓSIO DA ANAPORC, com a colaboração directa da nossa FPAS, na sua elaboração. Chamamos a atenção de todos para o Programa Cien-tifico que apresenta, dado a actualidade e importância dos temas e a magnificência dos oradores.

Espanha não e mais um concorrente, é um parceiro preferencial para o escoamento de parte importante da nossa produção. Pensar o mercado como Ibérico, é fundamental para a nossa acti-vidade. Boas notícias. Continua a chover no nosso quintal.

Em Setembro os porcos foram valorizados em mais dez cêntimos por quilo que em Agosto. Já tinham visto isto? E a estes valores? Stocks em baixa, forte procura dos mercados de leste e asiáticos, diminuição da produção, também por adaptação das esplorações ao bem-estar animal, têm conduzido naturalmente a uma consolidação dos preços em alta.

Experts afirmam que no inicio do próximo Verão os preços atingirão os 2,20 por quilo.Eu acredito.Nós merecemos.

Vitor MeninoDirector da revista Suinicultura

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Sumário

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Ficha Técnica

Revista Suinicultura n.º 97

Publicação da Federação Portuguesa de Associações

de Suinicultores (FPAS)www.suinicultura.com

NIPC 501 312 072

DirectorVitor Menino

[email protected]

Sub-DirectorA. Simões Monteiro(Médico Veterinário)

[email protected]

Editor/RedacçãoFPAS - Av. António Augusto Aguiar, n.º

179, r/c esq 1050-014 LisboaTel.: 21 387 99 49; 91 756 39 01

Fax: 21 388 31 [email protected]

Grafismo e paginaçãoNOZ - Consultoria, Lda.

[email protected]

Pré-impressão e impressãoPeres-Soctip, SA.

Apartado 20 - 2135-999 Samora Correia

PeriodicidadeTrimestral

Tiragem2200 exemplares

ICS/122280Depósito Legal 48323/91

Sócio nº P-1154

EDITORIAL por Vitor Menino ..................................................................................................3

XXXIII SIMPóSIO ANAPORCPrograma .....................................................................................................................................6

FEIRA NACIONAL DO PORCO ..................................................................................8Feira Nacional do PorcoVitor Menino .....................................................................................................................................8XXI Feira Nacional do Porco - relatório final ...............................................................9

INTERPROFISSIONALMemorandum de Entendimento ......................................................................................10

Representatividade e diálogoDavid Gouveia .........................................................................................................................12Posição da FPAS ...............................................................................................................14Posição da APIC ...............................................................................................................16Posição da IACA ...............................................................................................................16Organizações Interprofissionais - instrumentos de fortalecimento do sectorAlberto Herranz .......................................................................................................................19

JORNADAS TÉCNICASConstrangimentos e Oportunidades

Sector analisa objectivos .............................................................................................24Plano de Controlo e Erradicação da Doença de Aujeszky (PCEDA)A. Pina da Fonseca ...................................................................................................................26Adaptação de explorações às regras de bem-estar animalConceição Blasques .................................................................................................................28Plataforma de acompanhamento das relações na cadeia alimentarPedro Queiroz ..........................................................................................................................30Programa de desenvolvimento rural 2014/2020Rita Moura e Susana Barradas .................................................................................................32

BEM-ESTAR ANIMALEfeito do jejum e tempo de espera em relação ao bem-estar dos porcos e à qualidade da carcaça e da carneNúria Pannela ..................................................................................................................................34

ECONOMIASituação e perspectivas do porco espanhol: O Informe ExcelporkTMJoseph A. Herce ..............................................................................................................................46Desafios da globalização no mundo ruralLuis Cacito e Maria Gertrudes Ramalho ........................................................................................52

RAÇAS AUTóCTONESACPA

Visita do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária .....58Notícias ACPA ....................................................................................................................59

ANCPAFeira da Luz - Expomor 2012 ....................................................................................60

EMPRESAS ..............................................................................................................................61

PRóXIMOS EVENTOS ....................................................................................................63III Simpósio internacional sobre gestão de resíduosFIMA Ganadera ................................................................................................................65

ACTIVIDADES FPAS (3º trimestre 2012) ..............................................................66

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XXXIII SImpósio ANAPORC

XXXIII Simpósio ANAPORCPrograma provisórioPavilhão do Conhecimento - Lisboa

Dia 25 Outubro

09:30 Entrega de Documentação10:00 Conferências Comerciais12:30 Almoço

14:00 Cerimónia de Abertura15:00 As novas regras de Bem estar Animal - Situação na UE15:30 Produção Suína antes y depois da Lei do ley de Bienestar

AnimalDaniel Babot, Universidade de Barcelona16:00 Visão Global o Mercado do PorcoGilberto Litta, DSM16:30 Situação da Europa no mercado de Matérias PrimasArnaut Petit, CopaCogeca17:00 Pausa Café17:30 Peste Suína Africana. Uma ameaça para suinicultura da EUCarlos Martins, SPCV18:00 Higienização de Alimentos.Ricardo Mesquita, Aligrupo18:30 Exportação de carne de porco para fora da EURicardo Stéfano, Grupo Campofrio19:00 Final das sessões de 25 de Outubro20:30 Jantar de Gala. Casino Estoril

Dia 26 Outubro

09:30 Clonação em porcosJonathan Fernández10:00 Diagnóstico a partir de amostras de salivaZinerman, Iowa University10:30 PFTS. Casos Clínicos em PortugalPedro Lopes11:00 Pausa Café.11:30 Alimentação em grupos grandes de leitõesAndrés Donadeu12:00 SNIPS como impulso para o melhoramento genético.Egbert Kenol12:30 Causas de anoestro em porcas reprodutorasRafael Pallas e Mariví Falceto13:00 Afecções Digestivas. Coli B-hemolítico.Manolo Toledo e Pascual Belenguer14:00 Almoço15:00 Mesa Redonda “Futuro do Porco Ibérico/Alentejano”Associações do Ibérico e do Alentejano15:30 Alimetação do Porco Ibérico/Alentejano16:00 As raças autóctones e os novos sistemas de alimentação

(castanhas)16:30 Redes Sociais e Suinicultura17:00 Sessão de encerramento

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PCEDA

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Interprofissional

Feira Nacional do PorcoSessão de abertura

Exmo. Senhor Secretario de Estado das Florestas e do Desenvolvim. Rural

Exma. Senhora Presidente da Camara Municipal do Montijo

Exma. Senhora Presidente da Ass Portu-guesa Ind Ali Comp Pará Animais

Exmo. Senhor Presidente da Associaçao Port dos Industriais de Carnes

Exmos senhores convidadosExmos. Senhores expositoresMinhas senhoras e meus senhores

Em nome da Associacao Livre de Sui-nicultores, tenho a honra de saudar todos os presentes, nesta cerimonia oficial de inaugu-ração da XXI Feira Nacional do Porco, XIX da Salsicharia e I das Actividades Agrícolas.

As minhas primeiras palavras são de agradecimento a todas as entidades que connosco incansavelmente trabalharam neste projecto, destacando o querer, a dis-ponibilidade e o empenhamento da CMM, da Escola Profissional do Montijo, da ADREPES, da FPAS , da IACA, da APIC., da DRAPLVT, da CCA de Entre o Tejo e Sado, dos Floricultores, dos horticultores, dos bovinicultores, dos vitivinicultores, e ainda a de todos os expositores que aceita-ram estar presentes provando que o sector primário, tem dinamica, esta vivo, acredita, e que é capaz.

Também um agradecimento especial à Se-nhora Ministra da Agricultura, pelo contributo financeiro concedido através do seu ministério e um agradecimento, pelo mesmo motivo a Caixa de Credito Agricola Mutuo de Entre o Tejo e o Sado.

Neste agradecimento permitam-me que destaque aqueles que pelo seu querer, empe-nhamento, espirito de sacrificio e dedicacao, tornaram possivel esta feira, refiro-me à Paula Paulino, ao Paulo Ribeiro ao Hugo Branqui-nho e ainda ao staf da Camara Municipal e da Escola Profissional do Montijo, bem como a todos os que no anonimato contribuíram para criar e tornar possivel esta realidade.

Orgulhamos-nos da obra que apresentamos.Começamos determinados, mas cons-

cientes das dificuldades que iríamos encontar, dado o contexto generalizado do País e em es-pecial do nosso sector.

Esta feira por motivos que não interessa referir, estava com um interregno de 3 anos.

Sabíamos que o Montijo havia sido pal-co de diversos certames com extraordinário sucesso nacional para o sector, havendo de-monstrado possuir um historico de conheci-mento, que seria importante continuar.

Estimular a produção agro-pecuária e a pro-dutividade agricola, promovendo-os com vista a dinamizar os mercados, fomentando o aumento das exportacoes e minimizando o impacto das importações na economia nacional, contribuin-do para a sustentabilidade destes sectores, foram os objectivos que nos moveram.

Comecamos preocupados com a sustenta-bilidade financeira da feira.

Tomamos a iniciativa de a alargar a outras actividades do Agro-negocio.

Tivemos o arrojo de baixar o custo para os expositores em 30%., relativamente ao último certame .

Com o intuito de conquistar o grande pú-blico, trouxemos a esta, espaço lúdico com tasquinhas, bares, concertos, demonstrações de folclore, jogos tradicionais ligados ao por-co, atrelagem equestre, etc....

Promovemos conferencias e debates, so-bre temas ligados a todas as actividades aqui representadas

E o que havia começado com duvidas po-demos desde já afirmar ser um êxito superior a qualquer estimativa do mais optimista de nós.

A feira ficou pequena. Temos 80 empresas e entidades directa-

mente expostas.Os últimos não couberam. Não conseguimos colocar os sépticos, não tí-

nhamos mais espaços. E estes foram mais de 30.A minha equipa esta de parabéns. Tornou esta feira pequena.Obrigado a eles, que no anonimato tanto

trabalharam.Permitam-me que destaque o aconteci-

mento histórico que acabou de decorrer, e que ficará para sempre ligado a esta XXI Feira Na-cional do Porco do Porco, XIX Feira Nacional de Salsicharia e I das Actividades Agrícolas, que foi a assinatura do protocolo de acordo

Vitor Menino *

Feira Nacional do Porco

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Feira Nacional do Porco

Vamos trabalhar para aproveitar o próxi-mo quadro comunitário de apoio 2014/2020, para nos ajudar a atingir este objectivo.

Senhora Dra. Maria Amélia Antunes, dig-nissima Presidente da Camara Municipal do Montijo obrigado por nos ter dado as condi-ções que tornaram possível este evento, um evento de esperança, que esperamos marque o relançamento das nossas actividades.

Permita-me que lhe deixe um pedido: Inclua no próximo orçamento do município as obras de melhoria das infra-estruturas necessárias ao me-lhoramento e alargamento deste recinto.

A todos, deixo desde já, um desafio: Co-meçar hoje a preparar a próxima feira, a reali-zar em Setembro de 2013.

A todos o meu muito obrigado.

* Presidente da Comissao Organizadora da XXI Feira Nacional do Porco

Presidente da FPAS

para a realização da escritura de constituição do interprofissional da carne de porco em Por-tugal, efectuado à momentos.

Aspiração legitima pela qual temos luta-do, não demora à 20 anos.

Torna-lá realidade é motivo de orgulho para as direcções da IACA, da APIC e da FPAS, e para os seus secretários gerais, que ha tanto tempo incompreensivelmente assistem incrédulos, ao adiar de algo tão fundamental, e vital para o desenvolvimento da suinicultura em Portugal

Obrigado Cristina, obrigado Carlos.Obrigado Senhor Eng. Daniel Campelo,

digníssimo Secretario de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, por apadrinhar este momento.

Tudo passa,.... apenas ficará a obra reali-zada.

Amigos SuinicultoresOs porcos hoje mantêm aqui. - Montijo

- PortugalSubiram ontem em FrançaMantiveram ontem em EspanhaManterão amanha na AlemanhaPoderão até subir nas próximas semanasE que melhor noticia poderíamos ter que essa?Levo 33 anos de Suinicultor e nunca assis-

ti a um Setembro a preços de Julho e Agosto.Consolidação generalizada de preço em

alta, com segurança de continuidade.Coragem para poder afirmar que o longo

ciclo negativo, ......passou. Entramos num ciclo positivo da actividade.Vamos voltar a acreditar.Vamos incentivar os nossos filhos a voltar à

actividade, para que recomecem a fazer aquilo que fomos sendo obrigados a deixar de fazer.

Nós temos futuro, e Portugal tem de voltar a ser AUTO-SUFICIENTE em valor, na carne de porco, na horto-fruticultura, nos vinhos, na floricultura e nas florestas.

Dão-me alguma razão lógica para que as-sim não seja?

Uma que seja!....Todos, empresários e administração, téc-

nicos e instituições financeiras, GDO, se essa for a nossa vontade, conseguiremos.

XXI Feira Nacional do Porcorelatório final

XXI Feira Nacional do Porco, XIX da Salsicharia e 1ª Actividades Agricolas

Expositores presentes: 86Respostas apresentadas: 64 74.40%Publico presente 12,000

INQUERITO DE OPINIÃO

1- Nivel geral de Satisfação:Mau Insufic. Suficiente Bom M. Bom0.6% 3.4% 23.9% 46.7% 25.4%

2- Opinião sobre a Feira:Respostas Mau Insufic. Suficiente Bom M. Bom

Apoio Serviços antes da Feira 64 1.6% 4.7% 25.0% 48.4% 20.3%Apoio Serviços durante a Feira 64 1.6% 3.1% 18.8% 51.6% 25.0%Apoio Serviços após a Feira 46 2.2% 2.2% 19.6% 52.2% 23.9%Imagem exterior 63 3.2% 31.7% 41.3% 23.8%Divulgação da Feira 61 3.3% 31.1% 45.9% 19.7%Presença de Profissionais 62 1.6% 29.0% 40.3% 29.0%Presença de Publico 60 3.3% 20.0% 45.0% 31.7%Gastronomia 59 6.8% 37.3% 37.3% 18.6%Segurança 64 1.6% 15.6% 45.3% 37.5%Estrutura 61 4.9% 24.6% 49.2% 21.3%Apreciação Global 62 11.3% 62.9% 25.8%3- Periocidade:

Respostas Anual Bi-anual60 53.30% 46.70%

4- Destinatários da Feira:Respostas Profission. Prof.+Publ59 10.10% 89.90%

5- Sugestões de melhoria mais relevantes: (sugestões de 55% das respostas)11 Falta divulgação (TV e outras). Faltou divulgação dos eventos internos da feira;10 Restauração insuficiente. Fora da area de expositores. Mais variedade e apenas porco;9 Melhoramento espaco interno, da entrada e dos sanitários, pontos para lixo interno;7 Zona de expositores deveria fechar entre as 19 e a 21H006 Tourada no Domingos no fecho da feira (entre as 20 e as 22H00)6 Ausência de Multibanco na Feira4 Reservar estacionamento para os expositores4 Vendas de produtos tradicionais ligados ao porco (Ex. de vinhais)2 Mais animação com artistas nacionais

1 Sinalização a indicar a Feira. Internet. Bovinos fora da zona de exposição. Melhorar aspe- das celas de suinos. Animação junto aos stands. Som alto.

to das celas dos suinos. Animação junto aos stands. Som alto.Montijo, 01 de Outubro de 2012

Terminada que está a nossa Feira, é tem-po de fazer o balanço à forma como decorreu.

Parece-nos ter sido um êxito, que supe-rou as nossas expectativas, quer no número de expositores, quer em público presente.

Mas, a nossa opinião, é a nossa opinião. Nada melhor que analisar a opinião dos

que financeiramente contribuíram para o êxito desta Feira. É neste contexto que que-remos efetuar o balanço, de fazer a análise

às respostas e expectativas dos expositores e do público em geral, de forma a criarmos as condições para que sejam efetuadas as modificações necessárias ao melhoramento do próximo certame.

Com a envolvência de todos, organi-zação, parceiros, autarquia e expositores, atingiremos os níveis de satisfação que pre-tendemos atingir.

Vitor Menino(Presidente da Comissão Organizadora)

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Interprofissional

Interprofissional da Fileira da Carne de Porco

Memorandum de entendimentoA Fileira da carne de porco representa um

dos principais setores da indústria agroalimen-tar nacional, contribuindo para o desenvolvi-mento sustentável da economia portuguesa e para a coesão, estabilidade e valorização do Mundo Rural, com a manutenção e criação de emprego em zonas para as quais as alternati-vas são cada vez mais reduzidas.

Nos últimos anos, este setor tem enfren-tado enormes problemas e dificuldades, de-correntes dos elevados custos dos preços das matérias-primas e, consequentemente da ali-mentação animal, sem que seja possível reper-cutir esses acréscimos de custos nos produtos finais junto do consumidor, pelas estratégias levadas a cabo pela Grande Distribuição, que tem assumido uma dimensão e crescente quo-ta de mercado nos produtos alimentares.

Urge a necessidade de aprovação de regu-lamentação, no sentido de limitar o principal constrangimento à produção nacional.

Para além destes estrangulamentos, temos sido confrontados com inúmeras adaptações de natureza ambiental, de segurança alimentar e de bem-estar animal em todas as atividades da Fi-leira, cujos custos não têm sido suficientemente compensados ou valorizados pelo mercado

Muitas explorações pecuárias, unidades de fabrico de alimentos compostos e indús-trias de carne têm vindo a encerrar e os níveis de autossuficiência em carne de porco tem vindo a reduzir-se ano após ano.

Num cenário de crise económica e finan-ceira, dificuldades de acesso ao crédito, redu-ção do poder de compra do consumidor nacio-nal, excessiva volatilidade e especulação ao nível das principais matérias-primas agrícolas, designadamente os cereais, oleaginosas e pro-teaginosas, e descapitalização da pecuária, a Fileira vive momentos dramáticos na conjun-

tura atual, sendo necessárias medidas urgentes de apoio ao Setor e a definição de políticas pú-blicas que se traduzam num investimento real e efetivo na modernização e reestruturação de uma Fileira para potenciar o desenvolvimento económico do país e a recuperação da agri-cultura e da agroindústria, contribuindo para o desígnio nacional de atingirmos a autossufi-ciência, em valor, no horizonte 2020.

Conscientes destes desafios e das respon-sabilidades que temos pela frente, as organiza-ções aqui representadas (IACA, FPAS e APIC) assumem, neste Memorandum de Entendimen-to, a criação, até final do ano, da Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco, entidade que representará a fileira portuguesa da carne de porco, integrando os sectores do porco, respetivas carnes e produtos derivados, através das suas estruturas associativas de produção dos alimentos compostos, da produção de suínos, do abate e da transformação.

Entendem-se como estruturas associati-vas representativas a IACA – Associação Por-

tuguesa dos Fabricantes de Alimentos Com-postos para Animais, a FPAS – Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores e a APIC – Associação Portuguesa dos Indus-triais de Carnes.

São atribuições do Interprofissional, incen-tivar a Produção Suinícola Nacional, a prosse-cução e apoio da promoção do porco, respetivas carnes e produtos derivados, os controlos sanitá-rios e da qualidade, da formação profissional, do conhecimento e da transparência dos mercados, da publicidade e da investigação no âmbito dos setores representados, nomeadamente no que respeita aos alimentos compostos, à produção, abate e transformação, comercialização e distri-buição do porco, suas carnes e produtos deriva-dos, no sentido de proporcionar a rentabilidade empresarial da fileira, a qualidade dos produtos e a satisfação dos consumidores. Assegurar a sustentabilidade da Fileira da carne de porco em Portugal.

Para alcançar os fins e objetivos mencio-nados, o Interprofissional poderá colaborar

Secretário de Estado e presidentes das associações signatárias do memorandum

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Interprofissional

com outras entidades, públicas ou privadas, em todas as matérias relacionadas com o seu âmbito de atuação, bem como negociar e gerir a atribuição de subsídios ou outras dotações destinadas à sua atividade.

É tempo de mudar e temos a consciência da mudança. Aceitaremos os desafios com res-

ponsabilidade, orgulho e confiança, designada-mente no quadro da nova PAC e no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio para o período 2014/2020. Mas também exigimos cumplicida-de, no bom sentido, com as autoridades nacio-nais para que, em conjunto, nos ajudem a ultra-passar os desafios e a acreditar que a Fileira da

Carne de Porco é uma boa aposta para o futuro dos nossos jovens e futuros empresários.

Montijo, 21 de setembro de 2012

Carlos Ruivo - APICVitor Menino FPAS

Cristina de Sousa - IACA

Secretário de Estado Daniel Campelo que presidiu à cerimónia

Mesa da presidência

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Representatividade e diálogoDavid Gouveia *

A abrangência dos fatores que incidem sobre a atividade pecuária, em matérias tão di-versas como o custo dos fatores de produção, a sanidade e o bem-estar animal, a segurança alimentar, a regulação dos mercados e fun-cionamento da cadeia de abastecimento ali-mentar, e os mecanismos de gestão de riscos e crises, entre outros, implica que a procura de soluções se baseie na coordenação de várias políticas públicas e na cooperação e concer-tação com os agentes privados, que exige um investimento forte em organização interna e integração quer horizontal, ao nível de Orga-nizações de Produtores, quer vertical através de Organizações Interprofissionais.

A fileira da carne de suíno assenta maio-ritariamente na produção pecuária intensiva, com um grau de industrialização elevado, mas em que não existe verdadeiramente uma inte-gração vertical da fileira.

Na atual conjuntura, caracterizada por um aumento dos custos de produção, que não é refletido no preço pago aos produtores, en-curtando as margens a montante da fileira, a formação de preços é definida pelas fases a jusante, em que a distribuição tem um papel primordial.

Nesse sentido, a integração da fileira é um aspeto essencial à sua regulação. É neces-sário reforçar o poder negocial da produção, que pode ser obtido a partir da concentração da oferta, mas também com atuação ao nível da transparência em toda a fileira, com infor-mação clara e atualizada de custos e preços, assim como da melhoria de poder negocial, que garantam uma distribuição equilibrada de valor ao longo da fileira.

Para esta última componente a organiza-ção vertical assume um papel preponderante, nomeadamente através de estruturas interpro-fissionais que trabalhem a informação setorial, e que assegurem a devida articulação entre to-dos os elos da cadeia.

O reforço da organização da produção e a regulação da fileira agroalimentar são preocupações do MAMAOT, tendo em vista a melhoria do autoaprovisionamento alimen-tar em valor, que permita reduzir o défice na balança comercial que atualmente se verifica, sendo reconhecido o importante papel que Organizações de Produtores e Organizações Interprofissionais devem desempenhar para se atingir este objetivo.

Em linha com as preocupações nacio-nais, o futuro da PAC em termos de medidas de mercado, aponta para um reforço do papel destas organizações enquanto elementos es-

senciais à melhoria da repartição de valor na cadeia alimentar, quer pelo acompanhamento do mercado quer pela definição de mecanis-mos de autorregulação setorial, permitindo mesmo a extensão de regras e a cobrança de taxas, existindo ainda posições de Organi-zações Interprofissionais de outros Estados--Membros que pretendem ver estas entidades a atuar ao nível da gestão da oferta.

O trabalho já desenvolvido pela admi-nistração para melhor regulação da cadeia alimentar, de que se deve destacar o exem-plo da PARCA como espaço de diálogo entre todas as entidades da cadeia de valor que já produziu resultados ao nível da transparência (foi publicado a 12 de setembro o 2º relatório - Carne de Suíno, divulgado nos sites do GPP e DGAE, que permite concluir que os preços da carne de suíno não acompanharam o aumento de custos de produção que se verifica desde 2005, com perda de margens para os produ-tores) e da equidade, com linhas orientadoras para a necessidade de revisão legislativa quan-to a concorrência e prazos de pagamento, deve ser acompanhado de um esforço dos próprios agentes setoriais no sentido da autorregulação, que complemente as iniciativas governamen-tais, com destaque para a definição de Códi-gos de Boas Práticas e a criação de Organiza-ções Interprofissionais.

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Interprofissional

A assinatura do protocolo que se verificou no dia 21 de setembro no âmbito da XXI Feira Nacional do Porco, no Montijo, é um importante passo para esta fileira, ao definir o compromisso de criar uma associação interprofissional, esta-belecido entre a produção (FPAS), a indústria de abate e transformação (APIC), e a indústria de alimentos compostos para animais (IACA), que configura um importante desenvolvimento no sentido da criação da OIP para o setor, e é resultado de uma necessidade de fazer face a problemas comuns e interligados, que esteve na base da criação em 2011 de uma plataforma de entendimento para os problemas do setor.

Nas Jornadas Técnicas FPAS, realizadas na referida feira, que contaram com um painel dedicado a este tema, com o título “O Inter-profissional da Fileira da carne de Porco”, foi possível concluir quanto à motivação dos pre-sidentes das três entidades envolvidas, quanto à visão estratégica sobre o setor, a necessida-

de de esforço conjunto e o compromisso de dar continuidade aos trabalhos de criação e reconhecimento formal de uma Organização Interprofissional para esta fileira.

As funções prioritárias para a interprofis-sional da carne de porco, como foi identifica-do pelos próprios intervenientes, são as neces-sidades de reequilíbrio de forças com a grande distribuição e a valorização da produção para fazer face aos custos acrescidos de produção, garantindo a melhor distribuição de valor en-tre todos os agentes desta fileira.

Foi também possível ter uma perspetiva sobre a organização espanhola OIPORC, atra-vés de uma apresentação detalhada por parte do seu presidente, que expressou a importân-cia e as funções que devem estar patentes na atividade de uma organização neste setor, sen-do de destacar ainda uma referência à necessi-dade de confiança entre todas as partes como um pilar para o sucesso destas iniciativas.

É importante o alerta, tendo em conta a experiência já adquirida em Espanha, de que uma Interprofissão não pode ser apenas estru-tura, tendo que desempenhar funções efetivas a favor da fileira como um todo, em que no final todos beneficiem.

O futuro desta fileira pode estar a começar agora a ser traçado, compete aos seus agentes dar seguimento ao compromisso firmado, e trabalhar em conjunto para o objetivo de criar esta estrutura a nível nacional.

O caminho não é fácil, e será necessário ultrapassar dificuldades, para as quais é essen-cial representatividade e diálogo construtivo, mantendo cada uma das entidades a sua iden-tidade e posições legítimas para defesa dos seus representados, sem consensos universais ou unanimidades impostas, pois do diálogo e negociação entre os elos sairá o reforço da ca-deia como um todo.

* GPP

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Interprofissional

O Interprofissional da Fileira da Carne de Porco

Posição da FPASA abrangência dos fatores que incidem

sobre a atividade pecuária, em matérias tão di-versas como o custo dos fatores de produção, a sanidade e o bem-estar animal, a segurança alimentar, a regulação dos mercados e fun-cionamento da cadeia de abastecimento ali-mentar, e os mecanismos de gestão de riscos e crises, entre outros, implica que a procura de soluções se baseie na coordenação de várias políticas públicas e na cooperação e concer-tação com os agentes privados, que exige um investimento forte em organização interna e integração quer horizontal, ao nível de Orga-nizações de Produtores, quer vertical através de Organizações Interprofissionais.

A fileira da carne de suíno assenta maio-ritariamente na produção pecuária intensiva, com um grau de industrialização elevado, mas em que não existe verdadeiramente uma inte-gração vertical da fileira.

Na atual conjuntura, caracterizada por um aumento dos custos de produção, que não é refletido no preço pago aos produtores, en-curtando as margens a montante da fileira, a formação de preços é definida pelas fases a jusante, em que a distribuição tem um papel primordial.

Nesse sentido, a integração da fileira é um aspeto essencial à sua regulação. É neces-sário reforçar o poder negocial da produção, que pode ser obtido a partir da concentração da oferta, mas também com atuação ao nível da transparência em toda a fileira, com infor-mação clara e atualizada de custos e preços, assim como da melhoria de poder negocial, que garantam uma distribuição equilibrada de valor ao longo da fileira.

Para esta última componente a organiza-ção vertical assume um papel preponderante,

nomeadamente através de estruturas interpro-fissionais que trabalhem a informação setorial, e que assegurem a devida articulação entre to-dos os elos da cadeia.

O reforço da organização da produção e a regulação da fileira agroalimentar são preocu-pações do MAMAOT, tendo em vista a me-lhoria do autoaprovisionamento alimentar em valor, que permita reduzir o défice na balança comercial que atualmente se verifica, sendo reconhecido o importante papel que Organiza-ções de Produtores e Organizações Interpro-fissionais devem desempenhar para se atingir este objetivo.

Em linha com as preocupações nacio-nais, o futuro da PAC em termos de medidas de mercado, aponta para um reforço do papel destas organizações enquanto elementos es-senciais à melhoria da repartição de valor na cadeia alimentar, quer pelo acompanhamento do mercado quer pela definição de mecanis-mos de autorregulação setorial, permitindo mesmo a extensão de regras e a cobrança de taxas, existindo ainda posições de Organi-zações Interprofissionais de outros Estados--Membros que pretendem ver estas entidades a atuar ao nível da gestão da oferta.

O trabalho já desenvolvido pela admi-nistração para melhor regulação da cadeia alimentar, de que se deve destacar o exem-plo da PARCA como espaço de diálogo entre todas as entidades da cadeia de valor que já produziu resultados ao nível da trans-parência (foi publicado a 12 de setembro o 2º relatório - Carne de Suíno, divulgado nos sites do GPP e DGAE, que permite concluir que os preços da carne de suíno não acom-panharam o aumento de custos de produção que se verifica desde 2005, com perda de margens para os produtores) e da equidade, com linhas orientadoras para a necessidade de revisão legislativa quanto a concorrência e prazos de pagamento, deve ser acompa-nhado de um esforço dos próprios agentes setoriais no sentido da autorregulação, que complemente as iniciativas governamentais,

Vitor Menino, presidente da FPAS

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15Suinicultura

Interprofissional

com destaque para a definição de Códigos de Boas Práticas e a criação de Organiza-ções Interprofissionais.

A assinatura do protocolo que se veri-ficou no dia 21 de setembro no âmbito da XXI Feira Nacional do Porco, no Montijo, é um importante passo para esta fileira, ao definir o compromisso de criar uma asso-ciação interprofissional, estabelecido entre a produção (FPAS), a indústria de abate e transformação (APIC), e a indústria de ali-mentos compostos para animais (IACA), que configura um importante desenvolvi-mento no sentido da criação da OIP para o setor, e é resultado de uma necessidade de fazer face a problemas comuns e interliga-dos, que esteve na base da criação em 2011 de uma plataforma de entendimento para os problemas do setor.

Nas Jornadas Técnicas FPAS, realiza-das na referida feira, que contaram com um painel dedicado a este tema, com o título “O Interprofissional da Fileira da carne de

Porco”, foi possível concluir quanto à mo-tivação dos presidentes das três entidades envolvidas, quanto à visão estratégica sobre o setor, a necessidade de esforço conjunto e o compromisso de dar continuidade aos tra-balhos de criação e reconhecimento formal de uma Organização Interprofissional para esta fileira.

As funções prioritárias para a interprofis-sional da carne de porco, como foi identifica-do pelos próprios intervenientes, são as neces-sidades de reequilíbrio de forças com a grande distribuição e a valorização da produção para fazer face aos custos acrescidos de produção, garantindo a melhor distribuição de valor en-tre todos os agentes desta fileira.

Foi também possível ter uma perspeti-va sobre a organização espanhola OIPORC, através de uma apresentação detalhada por parte do seu presidente, que expressou a importância e as funções que devem estar patentes na atividade de uma organização neste setor, sendo de destacar ainda uma

referência à necessidade de confiança entre todas as partes como um pilar para o suces-so destas iniciativas.

É importante o alerta, tendo em conta a experiência já adquirida em Espanha, de que uma Interprofissão não pode ser apenas estru-tura, tendo que desempenhar funções efetivas a favor da fileira como um todo, em que no final todos beneficiem.

O futuro desta fileira pode estar a começar agora a ser traçado, compete aos seus agentes dar seguimento ao compromisso firmado, e trabalhar em conjunto para o objetivo de criar esta estrutura a nível nacional.

O caminho não é fácil, e será necessário ultrapassar dificuldades, para as quais é essen-cial representatividade e diálogo construtivo, mantendo cada uma das entidades a sua iden-tidade e posições legítimas para defesa dos seus representados, sem consensos universais ou unanimidades impostas, pois do diálogo e negociação entre os elos sairá o reforço da ca-deia como um todo.

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16 Suinicultura

Interprofissional

A APIC considera que o memorando, as-sinado pelas três associações representativas da fileira da carne de porco, FPAS, IACA e APIC, é fundamental para a estratégia desta fileira.

A Organização da fileira da carne de porco, de forma a potenciar todas as solu-ções que possam maximizar os benefícios para os seus intervenientes é, assim, fun-damental.

Com uma maior e melhor integração dos objetivos comuns às diferentes as-sociações esperamos uma maior e mais rápida resolução dos problemas que afetam o setor dos quais salientamos as relações com a Moderna Distribuição, a

Nesta data foi finalmente concretizada a assinatura do Memorandum de Entendimento para constituição da Organização Interprofis-sional da Fileira da Carne de Porco.

A IACA regista com muita satisfação a celebração deste Memorandum com a FPAS e a APIC que, depois de mais de 17 anos de avanços e recuos, demonstra estarem reunidas as condições de entendimento com os outros parceiros para dar uma nova dinâmica à fileira da carne de porco.

A IACA como parceiro da Organiza-ção Interprofissional da Fileira da Carne de Porco está comprometida e conjugará com os demais parceiros esforços com o objec-tivo de, em conjunto, serem ultrapassados os estrangulamentos que actualmente esta fileira atravessa, procurando a criação de condições de sustentabilidade no presente e no futuro. A fileira da carne de porco é um sector muito importante na economia do nos-so País com particulares responsabilidades ao

te Memorandum de Entendimento, será o início de uma nova era para o sector.

Em conjunto estaremos atentos aos factores que actualmente condicionam a nossa actividade e dos quais realçamos: a excessiva volatilidade do preço das maté-rias primas, o elevado deficit de cereais e proteínas em Portugal, a necessidade de stocks estratégicos e de maior transparên-cia e regulação de mercados, a descapita-lização das nossas empresas, assim como a necessidade de implementação de medi-das que permitam um maior equilíbrio na cadeia alimentar (PARCA).

A IACA tem a certeza que a partir de hoje iniciamos uma nova fase deste longo processo e assumimos o compromisso que até ao fim do ano será celebrada a escritura da constituição da Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco.

nível da criação de emprego, do desenvolvi-mento social e da riqueza nacional.

Temos consciência que o problema de um dos elos da fileira é também o proble-ma dos outros, pelo que a assinatura des-

Eng.ª Cristina de Sousa Presidenta IACA

Dr. Carlos Ruivo Presidenta da APIC

O Interprofissional da Fileira da Carne de Porco

Posição da APIC

O Interprofissional da Fileira da Carne de Porco

Posição da IACA

importância de dinamizarmos e aumen-tarmos a importância dos setor, nomea-damente através das exportações, entre muitos outros.

Consideramos que o memorando assina-do hoje demonstra e reforça às autoridades o nosso empenho com vista ao encontro de soluções para a garantia da sustentabilida-de e do crescimento do setor, relevante para a economia do País. Esperamos, assim, vir a ter perante a Administração Central uma maior intervenção nas decisões com impac-to para a fileira da carne de porco.

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Interprofissional

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18 Suinicultura

Bem-estar Animal

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19Suinicultura

Interprofissional

As organizações interprofissionaiscomo instrumentos de fortalecimento do sectorCaso INTERPORC

IntroduçãoO grau de organização dum sector de

produção alimentar face ao território geo-gráfico de influência é uma das peças básicas para atingir um elevado nível de competitivi-dade, questão essa que por sua vez é a chave para que essa competitividade atinja regiões envolventes e de maior âmbito territorial. A existência duma adequada estrutura organi-zativa da cadeia agro-alimentar permite al-cançar um nível de actividade superior, tendo por base o somatório das acções desenvol-vidas tanto por cada uma das empresas que a integram, como pelas organizações que a compõem.

Actualmente a produção de alimentos exige um alto nível de colaboração entre todas as empresas que integram o sistema produtivo; esta exigência é mais elevada nos mercados mais desenvolvidos e com consu-midores cada vez mais exigentes cujas pre-ferências colocaram sobre a mesa a questão da segurança alimentar, cada vez mais sen-tida na europa e nos países desenvolvidos. A colaboração da indústria e do comércio com a agricultura torna-se imprescindível para conseguir um fornecimento adequado de ma-téria-prima em qualidade, quantidade e regu-laridade; o mesmo sucede nas diversas fases da cadeia. As novas exigências dos mercados finais quanto a segurança alimentar, traçabili-dade dos alimentos, normalização, gestão de qualidade e controlo de pontos críticos refor-çam essa necessidade de colaboração que ac-tualmente afecta não só os produtos conven-cionais como os de qualidade diferenciada.

Todas as empresas que fazem parte da cadeia de produção têm como objectivo co-mum a obtenção da maior eficácia possível, da melhoria da qualidade, da abertura de

novos mercados, da inovação e do desenvol-vimento tecnológico, da melhoria da infor-mação e da defesa dos seus interesses cor-porativos. Para além disso, uma boa gestão dos mercados melhora os resultados a médio prazo de todos os intervenientes. O aprofun-damento desta ideia leva a que se aplique o conceito de eficácia a toda a cadeia de produ-ção e como tal a todo o conjunto de empresas que nela estão envolvidas. Com base neste ponto de vista, não será possível a existên-cia de uma boa agricultura sem um mercado eficiente e uma indústria eficaz e vice-versa. Em termos gerais, a uma boa cadeia de pro-dução de alimentos, há que juntar serviços de crescente importância, como por exemplo a logística e a informação.

O sector alimentar é formado por um número relativamente alto de empresas, es-pecialmente na fase primária, enquanto que a indústria, fundamentalmente a da trans-formação, está mais concentrada. Os níveis de concentração nas últimas fases da cadeia de produção são bem distintos nos diversos

sectores, mas sempre superiores aos das pri-meiras fases. A necessária colaboração ao longo da cadeia de produção articula-se em dois âmbitos distintos e complementares: o das relações de coordenação vertical entre empresas a título individual bem vincadas nas teorias de organização industrial e o das organizações e diversas instâncias interpro-fissionais que se situam no âmbito da gestão colectiva de interesses e a criação de bases de referência para as relações entre empresas.

Com o início da Política Agrícola Co-mum, o desenvolvimento sócio económico e político dos países da Comunidade forçou a modificação da estrutura inicial, dando lugar ao actual panorama que é caracterizado por uma separação entre as tarefas atribuídas à administração pública e as de responsabilida-de de gestão por parte dos sectores privados, entre as quais sobressai a cadeia de produção. Nestas últimas estão os “interprofissionais”, adaptando permanentemente os seus centros de interesse ao desenvolvimento da socieda-de em que estão inseridos.

Paralelamente, foram criados mecanis-mos para que os representantes das empre-sas da cadeia agro-alimentar participem nas decisões e na execução da política de preços.

Existem várias hipóteses: • através das organizações interprofissionais

privadas quando elas existem;• na ausência delas, através de comités con-

sultivos nos organismos públicos encarre-gados desta política;

• e por fim nos casos em que os interprofis-sionais mantiveram a forma de corporação de direito público, foram eles encarregues dessa gestão.

De momento as organizações interprofis-sionais têm âmbito exclusivamente nacional, dado que em nenhum caso conseguiram dar o salto para adaptarem as suas estruturas às

Alberto Herranz

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Interprofissional

novas áreas económicas de integração. Essas estruturas não conseguiram até à data coor-denar devidamente as suas acções a nível da União Europeia, mantendo-se nos limites geográficos de cada um dos Estados mem-bros.

O que é uma ORGANIZAÇÃOINTERPROFISSIONAL AGRARIA?

A Organização Interprofissional Agro alimentar, que a partir de agora chamaremos OIA, é constituída por organizações repre-sentativas dos empresários da produção, da transformação e da comercialização de um sector ou produto incluído no sistema agro--alimentar.

No caso particular de Espanha, à data de hoje, existem devidamente reconhecidas 27 Organizações Interprofissionais Agro ali-mentares.

Como funcionam?As OIA’s exercem a sua actividade

criando acordos obrigatórios para os seus membros e dispõem para além disso de um mecanismo denominado “extensão de re-gras”, mediante o qual esses acordos podem

tornar-se universais, e assim serem obrigato-riamente respeitados e aplicados por todos os produtores e operadores do sector ou produ-to.

As estruturas interprofissionais são cons-tituídas no sentido de dar cumprimento a al-gumas ou a todas as seguintes finalidades pré estabelecidas:• Melhorar a transparência e a eficiência dos

mercados.• Melhorar a qualidade dos produtos e pro-

cessos.• Realizar ou promover a investigação e o

desenvolvimento.• Promover os produtos.• Melhorar a informação aos consumidores.• Desenvolver acções tendentes à melhoria

do meio ambiente.• Actuar no sentido de uma melhor adaptação

entre a oferta e a procura.

As matérias que podem conduzir a um acordo de extensão de regras são:• A qualidade dos produtos.• A protecção do meio ambiente.• A informação e o conhecimento dos mer-

cados.

• As acções de promoção.• A investigação, desenvolvimento e inova-

ção tecnológica.

Quem as compõeElas são constituídas por organizações

representativas do produto ou sector em questão e em cada um dos níveis da cadeia de valor desse mesmo produto.

• Representantes da produção: sindicatos agrários, associações de produtores e criado-res, cooperativas agro-alimentares, etc

• Representantes da transformação e da comercialização: Associações da indústria, matadouros, salas de desmancha, armazéns frigoríficos, cooperativas, retalhistas, …

Como se financiamAs vias de financiamento das OIA são

várias, mas poderemos destacar as seguintes:• Recolha de quotas dos associados.• Captação de verbas decorrentes da extensão

das regras.• Verbas provenientes de prestação de servi-

ços a terceiros.• Acesso a apoios ou financiamentos públi-

cos.

Alberto Herranz (Interporc), Vitor Menino (FPAS), David Gouveia (GPP), Cristina Sousa (IACA) e Carlos Ruivo (APIC)

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21Suinicultura

Bem-estar Animal

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Interprofissional

• Acordos de colaboração com empresas pú-blicas ou privadas.

Para que servemPara desenvolver acções conjuntas com

objectivos finais comuns e de interesse ge-ral para todos os intervenientes na cadeia de valor do produto. Entre essas acções desta-camos:• Melhoria da transparência e eficiência dos

mercados.• Melhoria da qualidade dos produtos e pro-

cessos.• Realização ou promoção de investigação e

desenvolvimento.• Promoção dos produtos.• Melhoria da informação aos consumidores.• Desenvolvimento de acções para a melho-

ria do meio ambiente.• Actuações que permitam uma melhor adap-

tação entre a oferta e a procura.

Que funções desenvolve o INTER-PORC?

A existência duma estrutura organizativa adequada da cadeia agro-alimentar permite alcançar no desenvolvimento das suas acti-vidades, uma eficácia superior à obtida pelo somatório de cada uma das empresas que a integram mesmo quando falamos de cada uma das fases intermédias.

Actualmente a produção de alimentos exige um alto nível de colaboração entre to-das as empresas que compõem, fase por fase,

a cadeia de valor. A organização interprofis-sional agro-alimentar é constituída pelas or-ganizações representativas dos empresários da produção, da transformação e da comer-cialização de um sector ou produto incluído nesse sistema agro-alimentar.

Os diversos interprofissionais são consti-tuídos com o intuito de cumprirem algumas ou todas as finalidades estabelecidas no arti-go 3º da Lei 38/1994, tal como já foi afirma-do anteriormente: melhorar a transparência e a eficiência dos mercados, melhorar a quali-dade dos produtos e dos processos, realizar e promover investigação e desenvolvimento, promover os próprios produtos melhorando a informação aos consumidores, desenvolver acções tendentes à melhoria do meio am-biente, etc.

1. Quais serão então as principais ac-ções que deverão ser desenvolvidas pelo Interporc em matéria de comunicação e publicidade nos próximos anos?

Neste momento estamos em processo de aprovação da proposta de Extensão da Norma aplicável ao nosso sector. Logo que tal acon-teça e que seja efectuada a sua publicação no Boletim Oficial do Estado estaremos aptos a “realizar actividades promocionais que redun-dem em benefício do sector ou produto corres-pondente”, o que neste caso particular será o sector porcino e os correspondentes produtos com origem neste animal. Será o Comité Per-manente e posteriormente a Junta Directiva que

decidirão quais as acções que se irão realizar nos próximos anos, já que o Interprofissional do porco de pelagem Branca será a partir desse momento um foro de decisão.

2. Qual será a sua relação com o co-mércio retalhista – talho/charcutaria?

INTERPORC desde sempre teve como vontade criar condições e mecanismos de colaboração com todos e com cada um dos diversos patamares da fileira e em particu-lar com o comércio retalhista que, bem o sabemos, é capaz de chegar ao consumidor informando-o e demonstrando-lhe as vir-tualidades da carne de porco. Como prova do que estou afirmando está a incorporação bem recente (18 de Abril de 2012) da CE-DECARNE, como organização representati-va da carne no INTERPORC. Por certo não restarão dúvidas quanto ao peso específico detido pelo comércio retalhista na distribui-ção, sendo um dos veículos de comunicação que queremos privilegiar até ao cliente final.

3. Quais serão os nossos objectivos a curto e médio prazo?

A curto prazo o nosso objectivo é con-seguir a “Extensão da Norma”, considerada como uma ferramenta eficaz que nos permitirá obter fundos para desenvolver um plano estra-tégico com objectivos claros e bem definidos que serão debatidos e decididos nos competen-tes órgãos de decisão do interprofissional.

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Interprofissional

A médio prazo, que poderemos definir como um período de 3 anos, desenvolver este plano estratégico, tentando conseguir atingir os objectivos marcados em matéria de publicidade e promoção, tanto a nível nacio-nal como internacional, bem como realizar estudos de investigação em temas que consi-deraremos de relevância.

4. Um desafio de futuro que nos preo-cupa especialmente.

São muitas as questões que, quanto ao fu-turo, nos preocupam, mas fundamentalmente que todos os que fazem parte do interprofis-sional se sintam satisfeitos com os resultados obtidos na sua aplicação. Isto quererá dizer que os recursos obtidos sejam investidos de forma correcta e como tal, sejam dados com bem empregue o esforço económico realiza-do. Estaremos em muitas frentes mas iremos sem dúvida tentar melhorar a imagem da car-ne de porco, comunicando de forma positiva as suas virtudes, os seus sabores e as van-tagens da sua utilização em qualquer idade.

Os Mandamentos do INTERPROFIS-SIONAL:

1. As estruturas interprofissionais são ab-solutamente necessárias e sê-lo-ão cada mais, num mercado globalizado, mais desrregula-rizado e menos protegido. Neste sentido os diversos Interprofissionais deveriam ser poten-ciadas pelas Administrações públicas.

2. A constituição de uma Organização Interprofissional Agro alimentar (OIA) deve-ria ser criada unicamente quando os opera-dores das diversas fases da cadeia de valor, através das suas organizações, elegessem um ou vários objectivos comuns de trabalho e estivessem realmente dispostos a desenvol-ve-los e a financia-los.

3. As OIA’s são pontos de encontro de todo o sector, facilitam o trabalho constituin-do lobby e permitem manter um diálogo que pode ser importante para afrontar os desafios actuais que muito preocupam o sistema pro-dutivo.

4. As OIA’s tem no entanto algumas li-mitações no que diz respeito aos temas que

podem desenvolver, em particular no que se relaciona com: • A aplicação do seu trabalho e dos seus acor-

dos em algumas Autonomias. • Desconhecimento generalizado da sua na-

tureza e funções o que origina dificuldades de colaboração com outros departamentos e Administrações no sector produtivo.

• Conflitos entre associações que o com-põem, o que dificulta o desenvolvimento normal da actividade.

5. Considera-se particularmente impor-tante a profissionalização da gestão da OIA para transmitir estabilidade e facilitar o seu desenvolvimento.

6. Dever-se-á estudar a possibilidade de regular a criação e o desenvolvimento de federações de OIA’s ou outras entidades de segundo grau.

7. A proposta para o financiamento das suas estruturas é unânime: co-financiamento, podendo no entanto ser obtido por diversas vias:• Privado, mediante quotas dos associados e/

ou dos operadores e/ou serviços, etc. • Pública, propondo-se, neste caso:

o A revisão do tipo de ajudas. o Estabelecimento de instrumentos jurí-

dicos adequados mediante a figura de “enti-dades colaboradoras da Administração”.

8. Também a proposta para o financia-mento das actividades é, novamente, unâni-me: co-financiamento • Privado, mediante extensão da norma e/ou

quotas dos associados e/ou dos operadores. • Pública, propondo-se neste caso:

o A revisão do tipo de ajudas. o A criação de instrumentos jurídi-

cos adequados mediante a figura de “entidades colaboradoras da Administração”.

• Público-privada: Mediante instrumen-tos jurídicos adequados a cada caso ten-do em conta o desenvolvimento de projec-tos concretos.

9. A composição de cada OIA deve apro-ximar-se o mais possível da estrutura real de cada sub-sector. Deve estabelecer-se, para além disso, logo após a definição da sua fi-

nalidade, quais os eus objectivos e quais as suas funções.

10. A fixação de critérios de representa-tividade exige o acordo prévio de todas as partes implicadas na fileira agro-alimentar. A Lei só deve garantir que fazem parte de cada OIA todas as organizações que atinjam deter-minado nível de representatividade, indepen-dentemente que sejam organizações secto-riais ou de carácter geral. As OIA’s baseiam as suas actuações nas funções previstas nos seus estatutos e no respeito pela Lei.

11. A extensão da norma é uma ferra-menta que pode ser muito eficaz para a con-secução dos fins das OIA’s, e que permite ga-rantir a participação de todos os operadores num objectivo comum. Não obstante estas virtudes, tem sido muito pouco utilizada em Espanha

12. Conclui-se assim a necessidade de clarificar o âmbito da aplicação da extensão de normas. Não existe unanimidade no que diz respeito a se a extensão das normas deve afectar todos os diversos patamares da filei-ra, ainda que eles estejam representados nas OIA’s, ou só devem obrigar os sectores que estejam representados nas mesmas

13. Finalmente, parece conveniente uma reflexão geral sobre o conjunto normativo das OIA’s para ultrapassar vícios jurídicos, especialmente em matéria de captação de recursos e, em geral, em tudo o que se rela-ciona com a extensão de normas para que o trabalho resulte realmente eficaz.

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24 Suinicultura

Jornadas Técnicas

Desde logo, porque mais uma vez podemos constatar o manancial de oportunidades que se abrem à Administração Pública que se exi-ge virada para o exterior e também porque, repita-se, podemos assim participar ativa-mente em mais uma demonstração de von-tade do setor suinícola em contribuir para o desenvolvimento do país.

Da síntese das intervenções retivemos que o novo PCEDA exige empenho organi-zativo acrescido, nomeadamente aos Servi-ços Veterinários portugueses e empenho de todos e cada um dos suinicultores. Os ato-res estão obrigados a perceber a importân-cia estratégica de erradicação da doença, para tal minimizando constrangimentos. Destes importa mencionar impactos nega-tivos provocados pela existência da doen-ça. Parece ser relevante reconhecer como aspeto essencial neste processo a especi-ficidade dos estatutos dos diversos atores, que se devem expressar através de compor-tamentos adequados a cada interveniente considerado individualmente. É o somató-rio de cada contributo dado a todo o tempo, que pode induzir a erradicação da doença. Foi explicitado o valor estratégico da infor-mação em todo o processo. Parece-nos que o êxito ou será de todos ou de ninguém.

Foi de seguida abordada a problemática do Bem-Estar Animal nas instalações suiní-colas sendo realçado a obrigatoriedade de em tempo (01-01-2013) dar comprimento à legislação comunitária e nacional. Após uma revisitação dos regulamentos existentes, fo-ram inventariados diversos constrangimentos dos quais se apontaram os financeiros e a in-

terligação com o REAP. Como oportunidade essencial a de saber aproveitar as mais valias do atual modelo. Julgamos no entanto impor-tante, que se inicie desde já o diagnóstico dos impactos decorrentes da aplicação da atual legislação para quando chamados à emissão de pareceres os mesmos possam assim ser tecnicamente fundamentados.

A exposição sobre o REAP iniciou-se com uma introdução descritiva do regime e inven-tariação dos constrangimentos diagnosticados pelo grupo de trabalho criado recentemente (SIMREAP) para propor simplificação do pro-cesso de licenciamento da atividade pecuária.

Após apresentação dos objetivos da Pla-taforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar foram de forma sintética debatidas três principais preocupações trans-versais a toda a fileira Agroalimentar. Foram também divulgadas algumas tarefas que a pla-taforma tem no imediato em mãos.

O Programa de Desenvolvimento Rural para o período 2014 – 2020 mereceu infor-mação circunstanciada das suas grandes linhas, tendo sido anunciadas e destacadas diversas opções. Foi enfatizado o facto de ser da maior importância o fornecimento de contributos que possam enriquecer o muito trabalho já realizado.

Seguiu-se o período de perguntas e res-postas, sendo que no cômputo final dos tra-balhos é de justiça realçar a verificação “in loco” de que, mais uma vez, o coletivo dos produtores de suínos cumpriu a sua missão, através da FPAS.

* Moderador deste painel

Constrangimentos e oportunidades

Sector analisa objectivos

Jornadas Técnicas

Carlos Fragoso de Almeida*

De 21 a 23 de Setembro deste ano de-correu no Montijo a XXI Feira Nacional do Porco, a XIX de Salsicharia e, pela primeira vez, a das Atividades Agrícolas.

A vitalidade do sector foi mais uma vez cabalmente demonstrada, tendo cabido à As-sociação Livre de Suinicultores (ALIS) a or-ganização deste evento.

Das diversas atividades do Programa, fizeram parte também as jornadas técnicas. Estas foram organizadas em parceria com a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS). Os temas versados foram de atualidade indiscutível, tornando assim possível o debate de ideias e opiniões sobre o interprofissional da fileira da carne de porco, empresas sustentáveis, potencialida-des para o desenvolvimento regional e ainda sobre constrangimentos e oportunidades para o sector suinícola. Sobre este último painel foram apresentados trabalhos discorrendo acerca do Plano de Controlo e Erradicação da Doença de Aujeszky (PCEDA), do Bem--Estar Animal nas explorações Suínas, do Regime de Exercício de Atividade Pecuá-ria (REAP), da intervenção da plataforma de acompanhamento das relações na cadeia Agroalimentar e do programa de desenvol-vimento rural para o período 2014 – 2020.

Tendo-nos cabido a moderação da ses-são sobre constrangimentos e oportunidades para o sector suinícola em representação da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) fizemo-lo com redobrado gosto.

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Jornadas Técnicas

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Jornadas Técnicas

Constrangimentos e oportunidades

Plano de Controlo e Erradicação da Doença de Aujeszky (PCEDA)

ConstrangimentosA doença de Aujeszky constitui um dos

grandes problemas sanitários que afetam o setor suinícola a nível nacional. Em 2011 em Portugal foram confirmados 223 efetivos po-sitivos à doença de Aujeszky, com importan-tes repercussões a nível do comércio intraco-munitário e com países terceiros.

Não tendo sido, ao abrigo do constante no plano anterior, controlados serologica-mente todos os efetivos, da simples leitura do número de efetivos positivos não se pode extrapolar indicadores epidemiológicos uni-versais, como a prevalência ou a incidência.

No quadro seguinte vemos a distribuição mundial da doença de Aujeszky entre 2005 e 209.

Existem na atualidade um número de Es-tados Membros livres da doença de Aujeszky e outros, como a Espanha, com resultados bastante favoráveis no controlo e erradicação da mesma, situação que Portugal tem que atingir o mais rápido possível, para garantir a continuidade do comércio de suínos vivos para Espanha, tendo em conta as relações co-merciais existentes entre os dois países.

Face ao exposto é determinante para ultrapassar esta situação que Portugal tenha implementado no mais curto espaço de tem-po, um plano que vise a erradicação da doen-ça de Aujeszky.

O facto da doença de Aujeszky não se encontrar erradicada em Portugal é, do ponto de vista económico, um constrangimento im-portante para o sector.

OportunidadesA erradicação da doença de Aujeszky tem

que acontecer para tornar mais competitivas as explorações suinícolas portuguesas. A erradi-cação será atingida, numa primeira fase, através da avaliação epidemiológica da doença de Au-jeszky em cada freguesia, efetuada nos primeiros 6 meses de implementação do plano. A avaliação epidemiológica terá por base o rastreio de avalia-ção, que será determinante para que os efetivos de estatuto sanitário desconhecido (A1) adquirirem o estatuto sanitário em saneamento (A3).

O controlo do plano baseia-se no rastreio serológico regular dos efetivos positivos (A2), na utilização da vacinação enquanto ferramenta de erradicação, no reforço dos rastreios serológicos dos suínos de substitui-ção nascidos e criados na própria exploração desde que pertencentes a efetivos classifi-cados como desconhecidos (A1), positivos (A2) ou em saneamento (A3) e no reforço do controlo da movimentação animal.

A erradicação, enquanto primeira prio-ridade deste plano, será atingida através da aquisição e manutenção do estatuto sanitário indemne (A4) dos efetivos e zonas.

A constituição de zonas indemnes com dimensão mínima de uma freguesia, que por

sua vez se agregarão em regiões indemnes é uma forma de poder compartimentar a doen-ça e solidificar a abordagem estratégica para a sua erradicação.

A erradicação da doença de Aujeszky em Portugal irá contribuir para uma maior com-petitividade do sector suinícola através da garantia da continuidade do envio de suínos vivos para o nosso maior parceiro comercial nesta área, Espanha.

ReflexõesIntervenientes no PCEDA

As atuações e interações de todos os in-tervenientes no plano de controlo e erradica-ção da doença de Aujeszky são primordiais para que se atinga o objetivo da erradicação desta doença.

Neste modelo, em rede, os vários atores interagem entre si. Por um lado temos a administração, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e

A. Pina da Fonseca*

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Jornadas Técnicas

o Instituto de Investigação Agrária e Ve-terinária (INIAV) e por outro temos os laboratórios de diagnóstico, a produção e o médico veterinário.

Quanto à DGAV, quer através dos seus serviços centrais ou regionais assume fun-ções de gestão, coordenação, execução do PCEDA, dado que tem que dirigir, coorde-nar, executar e controlar as ações decorrentes deste plano bem como pôr em prática as ne-cessárias ações de formação. Destacam-se as seguintes competências:

1 – A criação, desenvolvimento de um sistema informativo específico para a gestão técnica e administrativa do PCEDA (registos de controlos sanitários e vacinações, classifi-cações sanitárias). Este sistema irá ser imple-mentado em todo o país e permitirá nomeada-mente viabilizar e suportar todas as decisões sanitárias e também conferir uma maior eficá-cia e eficiência nas atividades de rotina admi-nistrativa e de epidemiovigilância deste plano.

2 – Nomeação dos coordenadores nacional e regional para que seja do co-nhecimento de todos os interessados (pro-dução e médicos veterinários) a equipa da DGAV responsável por levar a cabo as ações decorrentes do PCEDA.

3 – Autorizar os laboratórios de diagnóstico depois de reconhecidos pelo INIAV.

O papel do INIAV reveste-se tam-bém da maior importância enquanto La-boratório Nacional de Referência dado que coordena, supervisiona e assegura a necessária formação dos laboratórios de diagnóstico. É da sua competência reco-nhecer os laboratórios para que a DGAV os autorize a participar no plano.

Cabe aos laboratórios de diagnóstico autorizados pela DGAV realizar as provas de diagnóstico serológico da doença. De-vem também ter o método acreditado e cumprir escrupulosamente com o circuito definido pela DGAV.

O médico veterinário, enquanto res-ponsável sanitário ou médico veteriná-rio contratado é uma peça fundamental deste plano pois é corresponsável com

o suinicultor pela execução das ações de imunoprofilaxia e da avaliação epidemio-lógica decorrentes do PCEDA. Deve tam-bém efetuar as comunicações das referidas ações efetuadas dentro dos prazos estipula-dos, os cinco (5) dias úteis, permitindo que a DGAV tenha em tempo útil a informação necessária para a gestão sanitária do PCE-DA. Acresce que é também o médico vete-rinário que aconselha o suinicultor tecnica-mente sobre as medidas de biossegurança e higiosanitárias adequadas.

Por último, e do mesmo modo relevan-te, a produção que colabora na execução e controlo de todas as medidas veterinárias e cumpre com as medidas de biossegurança, aplicáveis ao plano.

Em conclusão, para atingir a erradicação é importante o empenho de toda a fileira, as-sumindo o produtor um papel determinante na mesma, assim como o envolvimento de todos os atores e da administração.

* DGAV

Contact: INDUKERN PORTUGAL, LDACentro Empresarial Sintra Estoril II – Rua Pé de Mouro – Edif. C Apartado 53 – Estr. de Albarraque, 2710-335 SINTRATelef.: 219248140 – Fax: 219248141 – [email protected]

☛ Os nutricionistas da Ajinomoto Eurolysine S.A.S. reviram e actuali-zaram recentemente as necessi-dades de aminoácidos essenciais para porcos crescimento (>25kg). As necessidades actualizadas, apresentadas na tabela seguinte, fornecem um caminho para a redução da proteina bruta da dieta sem consequências negativas na performance esperada dos suínos.

☛ A suplementação com aminoáci-dos como o L-Triptofano permite uma redução da proteína bruta da dieta e, consequentemente, do custo do alimento, permitindo assim uma performance optimi-zada ao menor custo.

☛ Adicionalmente, benefícios no ambiente são obtidos por menor excreção de azoto.

Acesso livre a toda a informação em: www.ajinomoto-eurolysine.com

PERFIL IDEAL DE AMINOÁCIDOS PARA PORCOS CRESCIMENTO E ACABAMENTO

Relação SID relativamente à Lisina (%)

Crescimento25 aos 65kg

Acabamento65 aos 110kg

Lisina 100 100

Treonina 67 68

Metionina+ Cistina 60 60

Triptofano 20 19

Valina 65 65

Isoleucina 53 53

Leucina 100 100

17,0 %Proteína

bruta

15,0 %Proteína

bruta

Reduçãodo preço

do alimento

Resultados da optimização do alimento para porcos crescimento considerando cada aminoácido essencial

Reduzir o nível de proteína brutana dieta de porcos crescimentopara melhorar o custo do alimento

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28 Suinicultura

Jornadas Técnicas

Constrangimentos e oportunidades

Adaptação de exploraçõesàs regras de bem-estar animal

Como já é do conhecimento geral, em 2001 a Comissão Europeia fez publicar as Di-retivas 2001/88/CE, de 23 de Outubro de 2001, e 2001/93/CE de 9, de Novembro de 2001, que vieram alterar a Diretiva 91/630/CE, relativa às normas mínimas de proteção dos suínos nos lo-cais de criação. Estas Diretivas foram transpos-tas para a ordem jurídica nacional através do Decreto-Lei n.º 135/2003, de 28 de Junho, alte-rado pelo Decreto-Lei 48/2006, de 1 de Março. A versão codificada de ambas as Diretivas está coligida na Diretiva 120/2008 do Conselho, de 18 de Dezembro.

Tanto as diretivas como os Decretos-lei nacionais estabeleceram os requisitos míni-mos que devem ser cumpridos nas explora-ções suinícolas, bem como um calendário de aplicação dos mesmos. Estes requisitos são de aplicação obrigatória para todas as novas explorações construídas a partir de 1 de Ju-nho 2003, para as que tenham sido alvo de restruturação ou utilizadas pela 1ª vez após aquela data. A partir de 1 de Janeiro de 2013 aplicam-se a todas as explorações.

Um dos principais objetivos desta legis-lação passou a ser a obrigatoriedade da ma-

nutenção em grupos, a partir da quarta sema-na depois da cobrição e até uma semana antes do parto, tanto de porcas gestantes como de marrãs após cobrição.

Para além daquela prioridade, foram ain-da estabelecidas outras importantes diretrizes relacionadas com as estruturas, a liberdade de movimentos, o maneio e o comportamento dos suínos, tais como a proibição do uso de amar-ras nas porcas, a especificação das dimensões dos parques dos varrascos quando estes são utilizados para reprodução natural (liberdade de movimentos) ou a utilização de pavimentos em grelhas de betão com dimensões específi-cas, o fornecimento permanente de materiais de entretenimento aos suínos, a alimentação espe-cífica das porcas e marrãs prenhes e secas, e a idade para desmame dos leitões.

Inicialmente, e de uma forma abrangente, tanto os produtores per si como as organizações

que os representam, defenderam posições con-trárias à aplicação desta legislação que, para um número considerável de representantes do se-tor era bastante controversa e perspetivava um percurso difícil, senão catastrófico, para muitos produtores a nível nacional.

Hoje em dia, com menos emotividade que em tempos idos, até porque existe uma experiência acumulada no que respeita à in-trodução das novas regras de bem-estar ani-mal nas explorações suinícolas, já ninguém tem dúvidas de que as datas impostas são para serem cumpridas e que, a partir de 1 de Janeiro de 2013 todas as explorações têm que estar integralmente adaptadas àquelas nor-mas, não se perspetivando qualquer alteração desta data, tanto por parte do Parlamento Eu-ropeu como da Comissão.

Constrangimentose Oportunidades

Decorridos que foram 10 anos de apli-cação desta legislação, é possível identificar não só alguns dos constrangimentos com que os produtores se foram deparando ao longo deste período mas também as oportunidades que as alterações concetuais, de estruturas e de maneio vieram introduzir num setor pro-dutivo cada vez mais competitivo e balizado pelos critérios de qualidade dos consumido-res, europeus e não só - As exigências com a qualidade e a origem dos produtos cárneos consumidos, nomeadamente no que respeita à segurança alimentar e à criação dos animais seguindo as regras de bem-estar animal insti-tuídas, são, como é sabido, cada vez maiores!

Poderemos identificar alguns, a saber os mais emblemáticos:

1.Constrangimentos• Crise económica vivida pelo setor desde

2004/2005 e que se veio a agravar acentuada-

Conceição Blasques

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Jornadas Técnicas

mente a partir de 2008; A subida vertiginosa dos custos de produção, em particular dos ali-mentos para animais, agravou uma situação que já era preocupante para muitos produto-res;

• Neste contexto, os constrangimentos finan-ceiros vividos assim como a crescente difi-culdade de acesso ao crédito bancário;

• As dificuldades impostas ao licenciamento de explorações no âmbito do REAP;

• Também naquele âmbito, as dificuldades e constrangimentos processuais ligados ao licenciamento ambiental;

• Na generalidade, uma certa desinformação relativamente aos conceitos de bem-estar ani-mal e sua implementação ao nível das explo-rações (estruturas) e do maneio dos animais;

• Produtores, tratadores e técnicos responsá-veis pelas explorações (incluindo os médi-cos veterinários responsáveis sanitários), com diminuta formação específica no âm-bito do bem-estar animal;

• Uma globalização económica que não res-peita as especificidades das regiões, dos respetivos povos e suas culturas;

• Um mercado global em que não são impos-tas as mesmas regras de produção a todos os intervenientes, originando custos de pro-dução diferentes;

• Etc…

2. Oportunidades• A inequívoca possibilidade de adquirir um

novo conceito de produção, o qual passa por uma nova tipologia alimentar e por uma maior eficiência produtiva;

• O abandono de um Mercado de produtos “acomodados”, através da produção e comer-cialização de novos produtos, diferenciados em função da segmentação do mercado;

• Ir ao encontro de uma cada vez maior exi-gência, por parte do consumidor europeu e nacional no que respeita ao consumo de produtos provenientes de animais criados em absoluto cumprimento das regras de maneio, higiene e saúde, e bem-estar animal, instituídas com o objetivo de se alcançar maior respeito pelos ani-mais como seres sentientes que são, uma maior sus-tentabilidade pro-dutiva e elevados valores éticos;

• Neste âmbito, chegar a mercados altamen-te exigentes, no caso de produções de alto nível de implemen-tação das regras de bem-estar animal, ou ter a possibilida-de de fazer parte de um mercado mais global em que o cumprimento das regras de bem-estar é iguale inequivoca-mente exigido;

• Produzir com eficiência competitiva um produto final de qualidade superior, garan-tindo a segurança e a qualidade da carne através de padrões que excedam os requi-sitos legais e até as próprias exigências dos novos modelos de consumo;

• Poder, assim, chegar a mercados exteriores, exigentes mas que poderão ser uma enor-me oportunidade de sobrevivência de quem perceber e tiver capacidade de se envolver nesta possibilidade de mudança.

A integração dos conceitos de Bem-estar Animal num conceito mais alargado de “qua-lidade alimentar” passa pela comunicação e por um diálogo transparente, aberto e colabo-rativo entre todos os intervenientes do setor incluindo as autoridades competentes.

Formação, informação e campanhas de esclarecimento público são essenciais e parte importante daquela estratégia.

* DGAV

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Constrangimentos e oportunidades

Plataforma de acompanhamento das relações na cadeia alimentar

A PARCA - Plataforma de Acom-panhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar, foi criada por despacho conjunto da Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território e do Ministro da Economia e do Emprego, tendo por missão promover a análise das relações entre os setores de produção, transformação e distribui-ção de produtos agrícolas, com vista ao fomento da equidade e do equilíbrio na cadeia alimentar.

Como ponto de partida para os seus trabalhos assumiu as recomendações que constam do Relatório Final da Autorida-de da Concorrência sobre Relações Co-merciais entre a Distribuição Alimentar e os seus Fornecedores, divulgado em Outubro de 2010, as recomendações da Comissão Europeia para o funcionamen-to da cadeia alimentar e para o Grupo de Alto Nível do Leite, a Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e So-cial Europeu e ao Comité das Regiões sobre os preços dos géneros alimentícios na Europa, e ainda exemplos de trabalhos

Pedro Queiroz*

similares em outros países. Para além da urgência de se trazer para o patamar da discussão institucional um tema que há muito preocupa os fornecedores da gran-de distribuição, este fórum nasce num contexto em que se abriram algumas ja-nelas de oportunidade. As várias institui-ções, quer comunitárias quer nacionais, têm vindo a identificar a existência de vários problemas associados à cadeia de abastecimento alimentar e estabeleceram já necessidade de encontrar soluções efe-tivas. A nível nacional, existe a necessi-dade de dar sequência às recomendações do já referido relatório da AdC. Salienta--se a referência ao facto de os Grandes Grupos Retalhistas (GGR) se assumirem hoje “como verdadeiros “porteiros” no acesso dos produtos da indústria trans-formadora – alimentar e especializada – ao consumidor final” e a constatação de que “o crescente poder de merca-do destes Grupos na venda a retalho e enquanto clientes da indústria de apro-visionamento tem contribuído para uma perda progressiva do poder de venda da

indústria face ao poder de compra destes Grupos…”

Por outro lado, a nível comunitário, des-tacam-se as Recomendações finais do Grupo de Alto Nível (HLG.006), a Comunicação sobre “um melhor funcionamento da ca-deia de abastecimento alimentar na europa” (COM(2009) 591), o relatório de monitori-zação do mercado de retalho (COM(2010) 355), o “Single Market Act” (COM(2011) 206/4), o relatório Bové (2009/2237(INI) e o relatório Corazza-Bildt (2010/2109(INI).

De forma sintética, pode destacar-se as três principais preocupações que são hoje transversais a toda a fileira agroalimentar:

1. Fortes desequilíbrios nas relações en-tre Fornecedores e GGR, que podem afetar a viabilidade das empresas fornecedoras e a realização de investimentos para a inovação;

2. Exigências contratuais impostas pelos GGR consideradas como injustas e suscetí-veis de limitar o crescimento e mesmo a via-bilidade de algumas empresas e fileiras até agora competitivas;

3. Questões associadas à concorrên-cia entre marcas de fabricante e marcas

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de distribuidor que estão a determinar: vantagens adicionais e desproporcionadas para a grande distribuição, ao nível da fi-delização de clientes e da fixação de pre-ços sem que se tenha em conta a reação dos concorrentes; obstáculos de acesso ao mercado com eliminação de produtos das prateleiras (2ª e 3ª marcas); distorções da

concorrência de jusante para montante que podem constituir ameaça à eficácia econó-mica.

Tornar-se assim fundamental aproveitar a dinâmica criada e pugnar para que as práti-cas comerciais dos GGR identificadas como problemáticas sejam tratadas em sede legis-lativa própria, que não em sede de legislação

de defesa e promoção da concorrência, sendo essencial colmatar a insuficiência das regras que regulam as práticas comerciais restritivas e as relações contratuais entre os GGR e os seus fornecedores. O atual quadro legal que regula as práticas individuais (DL 370/93, tal como revisto pelo DL 140/98), apesar de in-cluir já um conjunto de princípios da maior relevância, é insuficiente.

Refira-se ainda que tem sido opinião ge-neralizada que a autorregulação não se tem configurado como possível solução para o problema. A experiência tem vindo a de-monstrá-lo ao longo de mais de uma década. O reforço contínuo da forte posição negocial dos GGR só tornará ainda mais improvável que, sem imposições regulamentares, os GGR passem a assumir, em sede de autorre-gulação, posições que tenham como conse-quência práticas comerciais que lhes sejam menos favoráveis que as atuais.

* FIPA

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32 Suinicultura

Jornadas Técnicas

Constrangimentos e oportunidades

Programa de desenvolvimentorural - 2014/2020

A 30 de maio de foi apresentado, pelo MAMAOT, um documento de orientação que define a orientação base do programa de desenvolvimento rural para o período 2014 – 2020 (PDR2020) o qual apresenta elemen-tos das medidas a incluir no PDR2020, assim como as principais linhas das modalidades de gestão do programa.

O Regulamento de Desenvolvimento Rural esta ainda em discussão ao nível do Conselho Europeu.

O setor agro-florestalcontribui de uma forma positiva para o equilíbrio ecológico, através da preservação do meio ambiente, e

para a sustentabilidade económica de algu-mas regiões portuguesas, em particular do interior do país, através da criação de riqueza e emprego no território,sendo um recurso en-dógeno e produtor de bens transacionáveis, com um papel importante na economia na-cional. De facto, as atividades do setor têm um papel importante no comércio interna-cional representando, perto de 20% e 18%, respetivamente, dos valores das exportações e das importações de bens da economia na-cional, exportações que têm crescido a um ritmo superior ao das importações e mesmo das exportações da economia, o que se tradu-

Rita Moura *Susana Barradas *

A Hypor Libra é um cruzamento entre Large White e Landrace, uma verdadeira F1. Reconhecida pela sua capacidade de desmame de ninhadas grandes e uniformes, com leitões de grande qualidade, qualquer que seja o sistema de produção. A Hypor Libra também tem uma grande reputação pela sua contribuição sobre a eficiência de crescimento, a sua eficiência alimentar,e na obtenção de carcaças de excelente percentagem de carne magra. Ela nasceu para maximizar a produção de leitões ao longo da sua vida produtiva.

Para mais informação:

Hypor España G.P., S.A

J.L. Bugallal Marchesi, 7 Bajo Dcha

15008 A Coruña, Espanha

Telf.: +34 981 169 192

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Técnico Comercial:

Javier Ocaña Rincón

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Em outubro de 2011, a Comissão Eu-ropeia apresentou as propostas legislativas relativas à reforma da PAC,nomeadamente o Regulamento de Desenvolvimento Ru-ral (FEADER). Em janeiro de 2012 o MA-MAOT efetuou uma apresentação pública sobre a abordagem estratégica para o período pós 2013, onde foi lançado um questionário a entidades ligadas ao sector sobre o futuro período de programação.

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Jornadas Técnicas

ziu em melhorias do saldo da balança comer-cial agro-florestal.

Contudo, embora a capacidade exportado-ra do setor agroalimentar, uma das componen-tes do setor agro-florestal, tenha apresentado um grande dinamismo, o setor continuou a exi-bir níveis de autoaprovisionamento que reve-lam dependência do exterior. De facto, a nossa dependência externa relativamente a certos bens alimentares, nomeadamente cereais para alimentação animal, cujo grau de autoaprovi-sionamento se situa em torno dos 20%, sujeita-nos aos preços dessas matérias--primas no mercado externo.

O recente aumento do preço destes bens refletiu-se sobre a nossa agricul-tura através do aumento dos custos de produção que, fruto da fragilidade da produção agrícola na cadeia de abas-tecimento alimentar (designadamente pela fraca concentração da oferta na produção), não foram repercutidos nos preços de venda, afetando gravemente o rendimento da atividade. Esta dificul-dade encontra-se espelhada na atividade de produção de suínos para carne que depende do nível de preços das importações de ali-mentos para animais, não conseguindo re-percutir essas variações no preço de venda, traduzindo-sena diminuição das margens li-gadas à produção.

Por outro lado, oaumento da produção agrícola não foi suficiente para compensar o grande aumento do consumo de bens ali-mentares, obrigando à importação destes bens com efeito sobre o saldo da balança comercial agroalimentar, para o qual contri-buiu também a modificação doshábitos de consumo,designadamente através da intro-dução de frutos exóticos e de produtos fora de época na dieta.

Destaca-se, de igual forma, a produti-vidade do setor agro florestalque, embora tenha vindo a revelar uma dinâmica positi-vacontinua a apresentar níveis inferiores aos damédia da economia.

Na sequência das constatações eviden-ciadas, a visão estratégica para a agricultura e o desenvolvimento rural pretende orientar

para a autossuficiência, em valor, do setor agroalimentar em 2020 promovendo a sus-tentabilidade de todo o território nacional.

A visão da estratégia nacional para a agricultura e o desenvolvimento rural nacio-nal, nomeadamente na formulação do Pro-grama de Desenvolvimento Rural, terá então como princípio determinante a concentra-ção dos apoios no setor e na produção de bens transacionáveis e dirigidas a agentes diretamente envolvidos na criação de valor

a partir de atividades agrícolas e florestais. Desta forma, valoriza-se o sector como pro-dutor de bens transacionáveis, contribuindo para a melhoria, em particular, do grau de autoaprovisionamento alimentar e para a correção do desequilíbrio da balança comer-cial nacional promovendo-se em simultâneo a sustentabilidade do território.

A programação do Desenvolvimento Rural deverá assentar em três programas, Continente, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira, integrando a Rede Rural Nacional. Procurando a simplifi-cação da programação e da implementação dos apoios do FEADER, com preferência pelo tratamento homogéneo das regiões do Continente, tendo devidamente em conta as especificidades regionais via descentraliza-ção.

Destacam-se as principais opções:Prioridade à competitividade com atua-

ção em todo o território nacionalApoios ao sector da produção de bens

transacionáveis dirigidos a agentes direta-mente envolvidos na criação de valor.

Investimentos produtivos com foco na exploração/empresa.

Abordagens que promovam a organiza-ção da produção e a universalidade da ges-tão de risco.

Promoção do papel da agricultura e flo-restas na produção de bens públicos.

Complementaridade entre 1º e 2ºPilar para promoção da sustentabilidade dos territórios Rurais.

Articulação com outros fundos do Qua-dro Estratégico Comum (QEC).

Simplificação da legislação e im-plementação do programa

Clareza dos critérios de seleçãoPossibilidade de inclusão de apoio

a instrumentos financeirosPossibilidade de implementação de

medidas integradas Especificamente, o setor da produ-

ção de suínos para carne, tem encon-trado algumas dificuldades, a jusante da cadeia no que respeita ao preço de importação dos alimentos para animais,

que tem registado um comportamento muito volátil e incerto, com o consequente aumento dos custos de produção, e a montante não conseguindo refletir estes custos no preço de venda, devido à fragilidade da posição nego-cial da produção na cadeia.

As propostas apresentadas, no âmbito da preparação da programação do futuro PDR, nomeadamente, a promoção da organização estrutural, quer através da criação de estrutu-ras de cooperação horizontal, quer de coo-peração vertical, designadamente através de organizações interprofissionais, o apoio ao investimento nas explorações agrícolas, na transformação e comercialização, à inovação e promoção, aos jovens agricultores consti-tuirão janelas de oportunidade importantes para fomentar a produção agrícola de uma forma sustentável, uma das grandes priori-dades do futuro PDR.

A participação ativa e concertada de to-dos interessados será essencial para a cons-trução do próximo programa para o desen-volvimento rural.

* GPP

A Hypor Libra é um cruzamento entre Large White e Landrace, uma verdadeira F1. Reconhecida pela sua capacidade de desmame de ninhadas grandes e uniformes, com leitões de grande qualidade, qualquer que seja o sistema de produção. A Hypor Libra também tem uma grande reputação pela sua contribuição sobre a eficiência de crescimento, a sua eficiência alimentar,e na obtenção de carcaças de excelente percentagem de carne magra. Ela nasceu para maximizar a produção de leitões ao longo da sua vida produtiva.

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34 Suinicultura

Bem-estar Animal

Núria Pannella *

Efeito do jejum e tempo de espera em relaçãoao bem-estar dos porcos e à qualidade da carcaça e da carne

Neste artigo são apresentados os resulta-dos do efeito do jejum total antes do abate dos animais sobre a qualidade da carcaça e da carne de porco

1 IntroducçãoNos momentos que antecedem o abate os

animais de consumo experimentam situações de stress devido ao maneio a que são sujeitos (jejum, carga e descarga do camião, transpor-te, etc. Figura 1). Estas práticas podem afectar negativamente o bem estar dos animais e no caso concreto dos suínos, uma incorrecta ma-nipulação dos animais no período ante-abate pode originar carcaças e carnes defeituosas (D’Souza y col., 1998; Grandin, 1980; van der Wal y col., 1999; Warriss y col., 1990), que podem provocar importantes prejuizos económicos para a indústria (Gispert y col., 1996). Para minimizá-los, o sector tem vindo a aumentar os seus esforços para melhorar as

condições de tratamento dos animais imedia-tamente antes do abate ebm como das práti-cas realizadas pelos operários do matadouro durante o próprio abate. (FIG. 1).

Assim sendo, a motivação dos produto-res para melhorar o bem estar dos porcos tem não só lugar por questões meramente legais e/ou éticas, como também existem cada dia mais evidências que relacionam a melhoria do bem estar animal com repercussões mui-to positivas nas características da carcaça e na qualidade tecnológica da carne (Terlow, 2005). De facto, defeitos de qualidade da car-ne repercutem-se negativamente nos lucros económicos de todos os escalões da cadeia cárnica porcina. Percebendo as causas e o alcance destes defeitos, poder-se-ão optimi-zar as práticas no sistema de produção para minimizar os efeitos negativos ou mesmo eliminá-los. Assim, condições adequadas de jejum e de transporte dos animais desde as explorações até aos matadouros e umas boas práticas de maneio nos parques de es-pera e durante a insensibilização, podem contribuir para minimizar estes efeitos ne-gativos.

1.1 O jejumNa generalidade é aconsalhável o jejum

dos animais antes de serem transportardos para o matadouro. Essa restrição alimentar poderá variar entre as 12 e as 18 h segundo Gispert y col. (1996) ou entre 16 e 23 h se-gundo Eikelenboom y col. (1991).

Tendo em conta a opinião de Beattie y col. (2002) e Faucitano y col. (2010a) os principais motivos pelos quais é recomenda-do o jejum são:• reduzir o conteúdo do tracto intestinal para

minimizar os enjoos (Bradshaw y col., 1996)

• diminuir o risco de contaminações da car-caça por enterobactérias provocadas por eventuais ropturas do aparelho digesti-vo durante a evisceração (Berends y col., 1996)

• reduzir a mortalidade durante o transporteFoi relacionado o jejum com as altera-

ções das características das carcaças tendo em conta parâmetros relacionados com a qualidade da carne (como o pH, a capacidade de retenção de água e/ou a cor), com o bem estar animal e inclusivamente com o impacto

Figura 1. Frequência cardíaca dos porcos (n=91) durante o período ante-abate (adaptado de Álvarez y col., 2009).

Figura 2. Revisão dos trabalhos centrados no estudo do efeito do jejum antes do abate.

Nota da redação: Este artigo foi anteriormente publicado na revista Eurocarne, edição n.º 207

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ambiental e económico (Beattie y col., 2002, Eikeenboom y col., 1994, Gregory, 1998, Kephard y Mills, 2005).

Foram publicados muitos trabalhos foca-lizados no estudo do efeito do jejum sobre a qualidade da carcaça e da carne. Na Figura 2 resumem-se os tempos de jejum recomenda-dos. A maioria dos estudos recomendam um jejum entre 8 e 24 h antes do abate, havendo, no entanto, outros que aconselham o não je-jum ou até mesmo fazê-lo mmuito curto (até 2 h) por questões de bem estar animal e por fim outros concluem que um jejum entre as 4 e as 12 h permite aumentar a coloração aver-melhada da carne (parâmetro a* do sistema CIELab) e diminuir a sua dureza instrumen-tal. Outro conjunto de trabalhos recomendam um jejum entre 12 e 24 h, afirmando que du-rante este período se observa uma diminui-ção do peso das vísceras, sugerindo o limite das 18 h de jejum para evitar prejuízos eco-nómicos. Finalmente, um conjunto de traba-lhos recomendam um jejum de 24-26 h para observar uma diminuição do potencial gli-colítico e uma possível melhoria da cor e da capacidade de retenção de água na carne de porco. No entanto, segundo um estudo publi-cado no ano 2008, as prácticas mais habituais em Espanha consistem em jejuns de 12 a 18 h (Averós y col. 2008). (FIG. 2)

1.2 O tempo de esperano matadouro, antes do abate

O tempo de espera no matadouro per-mitiria aos animais a oportunidade de re-cuperarem de um transporte stressante beneficiando de um período de descanso (Grandin, 1994; Costa y col., 2002; Pérez y col., 2002; Warriss, 2003), o que permiti-ría uma recuperação do músculo e um me-lhor processo de tenderização deste. Além disso, o tempo de espera proporciona uma reserva de animais na linha de abate com-

Figura 3. Revisão dos trabalhos centrados no estudo sobre o efeito do tempo de espera no matadouro antes do abate.

pensando as difentes variações no horário de chegada e como tal, trabalhar de forma ininterrupta. Deste modo, um bom maneio no matadouro pode ter implicações posi-tivas desde o ponto de vista do bem estar animal e da qualidade da carne (Warriss, 2003).

Actualmente considera-se que os porcos não devem ser abatidos em situação de stress, ainda que se aceite que o próprio maneio re-lacionado com a recepção dos animais no matadouro seja ele próprio stressante (Figura 1), mas que pode atingir um nível de calma entre 2 e 3 horas após a chegada (Honkavaa-ra, 1988).

Também é importante ter em conta que se se conseguir manobrar e transportar os animais em condições de stress mínimo, o tempo de repouso no matadouro não trás uma melhoria na qualidade da carne. Isto leva al-guns autores a defender que, no caso de todo o processo ter sido executado sob condições de mínimo stress não haveria necessidade de os deixar em descanso como forma de re-cuperar desse stress. (Aaslyng y col., 2001; Warriss, 2003).

As recomendações de duração ideal do período de espera variam segundo os estu-dos e as condições experimentais utilisadas, e existe uma certa discrepância em relação ao período óptimo. Na Figura 3 pretende-se

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resumir os tempos de espera recomendados pela maioría deles.

A maioría dos autores recomendam pe-ríodos de espera entre 0 e 6 h argumentan-do questões relacionadas com o bem estar dos porcos (Grandin, 1998; De Smet y col. 1996). No entanto existem outros estudos que se centram mais nos efeitos sobre a qua-lidade da carne (cor, capacidade de retenção de água, prevalência de carnes pálidas, mo-les e exsudativas - PSE - ou de carnes escu-ras, rijas e secas - DFD). Por exemplo, Costa y col. (2002) observaram que, de entre todos os factores prévios ao abate estudados (gen RYR1, método de carregamento, situação dos animais e densidade dentro do camião), o tempo de espera era o que mais afectava a qualidade da carne: ao aumentar o tempo de espera (comparando entre 2 e 22 h de es-pera), diminuía a proporção de carne PSE. Alguns estudos também demontram as dife-renças entre estações do ano, provando que no inverno o período de repouso poderia ser inferior a 2 h enquanto que no verão deveria

ser alargado para as 4 h (Van de Perre y col., 2010).

É muito importante ter também em conta que um repouso excessivo pode aumentar de maneira significativa os fe-rimentos na pele, especialmente na parte posterior da carcaça (Brown y col., 1999; Faucitano, 2001) conduzindo a percas eco-nómicas importantes pela desvalorização da carcaça, em especial quando se trata de eventual produção de presunto cura-do (Costa y col., 2002). Lesões na parte frontal do animal estão relacionadas com as lutas entre eles devido às mistura de animais desconhecidos. Com a passagem das horas e no caso de espaços reduzidos, (o que é habitual com as densidades com que se trabalha no matadouro), estas lesões podem atingir a parte posterior do animal, dado que os mais fracos não lutam com os dominantes, nem tem como deles fugir, au-mentando as lesões na zona dos presuntos.

Um aspecto muito importante a ter em conta ao estudar o tempo de espera, e que

muitos estudos não refletem, é que a sua duração tem a ver com o jejum a que foram submetidos os animais. Um tempo excessivo pode contribuir para a diminução das reser-vas de glucógeno como consequência au-mentar a proporção de carnes DFD (Fernan-dez, y col., 1991; Pérez y col., 2002; Warriss y col., 1998). No entanto, nem todos os es-tudos chegam às mesmas conclusões. Por exemplo, no estudo de Costa y col., (2002) comentado anteriormente, o facto de aumen-tar até 22 h o jejum (33 h de jejum total) não aumentou a proporção de carcaças DFD em comparação com os animais com 2 h de re-pouso. (Fig3.)

Tendo em conta os resultados relaciona-dos com o tempo de jejum e com o tempo de espera encontrados na bibliografía especiali-zada, o IRTA participou num estudo no qual se pretendia comparar o efeito do jejum e o efeito do tempo de espera. Assim, o objecti-vo do trabalho foi estudar o efeito do jejum na exploração (0 e 12h) combinado com o período de espera no matadouro (0 y 12 h)

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sobre o bem estar dos porcos e a qualidade da carcaça e da carne.

2 Material e métodos2.1 Animais e períodos de jejum

Foi avaliado um total de 72 porcos (97,1 ± 6,62 kg), cruzados de Pietrain x (Landrace x Duroc) distribuídos em 4 grupos distintos segundo o tratamento ante-mortem. Os gru-pos combinavam duas situações de jejum(0 e 12 h; A0 e A12, respectivamente) e dois períodos de espera no matadouro (0 e 12 h; E0 e E12, respectivamente). Na Figura 4 pode-se observar o tratamento ante-mortem realizado para cada grupo de animais:- No grupo 1 não houve jejum (A0), carre-

garam-se os animais no camião, procedeu--se ao seu transporte até ao matadouro

experimental do IRTA (trajecto de 5 min), descarregaram-se os animais e procedeu-se de imediato ao abate (E0).

- No grupo 2 também não houve jejum (A0) mas os animais descansaram 12 h (E12) nos currais do matadouro experimental an-tes do abate.

- No grupo 3 houve jejum de 12 h na explo-ração (A12) antes de serem carregados e transportados ao matadouro experimental e ram de imediato abatidos logo que chega-ram (repouso de 0h; E0).

- No grupo 4 houve jejum de 12 h na explo-ração (A12), procedeu-se ao transporte até ao matadouro experimental e de seguida os animais tiveram um período de espera de 12 h (E12). (Fig 4)

Os animais dos 4 grupos foram trata-

Figura 4. Esquema experimental dos quatro grupos de animais.

dos em condições de stress mínimo, com um transporte muito suave de 0.5 km entre a exploração e o matadouro experimental do IRTA, evitando-se a mistura de animais de diferentes parques. Devido a particularidades próprias do matadouro experimental, que só permitía o abate de forma individual, o tem-po de jejum variou entre 2 e 4 h relativamen-te ao tempo desejado.

O consumo de ração foi controlado indi-vidualmente utilizando uma estação automá-tica de controlo de ingestão de ração (IVOG ® Hokofarm, Marknesse, Holanda) que re-gista a hora de inicio e do final da visita ao comedouro, bem como o peso inicial e final do comedouro em cada visita do animal. As-sim, foi possível saber qual o momento da última ingestão de ração e a hora do abate, e assim poder com rigor calcular o jejum real de cada um dos animais em estudo. Isto permitiu constituir 3 grupos distintos de ani-mais, segundo o tempo total de jejum (tempo que decorreu desde a última comida e o mo-mento do abate):- Jejum 0-2h: porcos sujeitos a jejum entre 0

e 2 h antes do abate (A0E0).- Jejum 12-16h: porcos sujeitos a jejum en-

tre 12 e 16 h antes do abate. Neste grupo, foram estudados em separado os porcos com jejum de 12 h na exploração e abatidos imediatamente após a chegada ao matadou-ro (A12E0), e os porcos transportados ao matadouro sem jejum e abatidos após 12 h de espera no matadouro (A0E12).

- Jejum 24-26h: porcos com jejum de 12 h na exploração e abatidos após 12 h de espera no matadouro (A12E12).

Neste artigo são apresentados os resulta-dos comparativos do jejum dos três grupos de porcos.

A experiência levada a cabo no matadou-ro experimental do IRTA-Monells, equipado com um sistema de insensibilização de CO2 Dip Lift (Butina, Alps, Copenhague, Dina-marca). Os porcos foram seleccionados al-ternadamente de cada grupo, de forma alea-tória, sendo conduzidos individualmente ao sistema de insensibilização com dióxido de carbono numa concentração de 90 % durante

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132 segundos (23 s para descida e subida e 86 s na parte inferior do poço, na máxima concentração). Os parques de espera estavam ligados às zona de insensibilização atarvés de um corredor de 412 cm de comprimento e 60 cm de largura, com paredes de aço ino-xidável de 90 cm de altura que impedía que os porcos pudessem observar o se passava do lado de fora do corredor e de se virarem.

2.2 Medidas da carcaçaequalidade da carne

Registaram-se as percas de peso vivo du-rante o jejum, o tempo de espera e o peso da carcaça (eviscerada e sem gordura pélvico--renal, rins e diafragma).

Depois da degola do animal foram ava-liadas as feridas da pele, comparando com um padrão fotográfico da Meat and Livesto-ck Commission (MLC, 1985) com 5 niveis: 1- sem feridas, 2- feridas muito leves, 3- fe-ridas leves, 4- feridas moderadas, 5- feridas severas.

As medições da qualidade da carne foram realizadas no músculo longissimus thoracis (LT), a nível da última costela, e do semimembranoso (SM), ambas do lado esquerdo da carcaça. Foi medido o pH muscular com pHmetro Knick (Kni-ck, Berlin, Alemania) usando uma son-da de penetração de xerolyt, 45 minutos post-mortem (pH45) e depois às 24 horas (pHu) post-mortem no músculo LT a nível da última costela caudal e no músculo SM. A conductividade eléctrica foi medida nos mesmos pontos do músculo LT e SM às 24 h post-mortem utilizando o equipamen-

to portátil Pork Quality Meter (PQM-I/KOMBI, Intek Klassifizierungs- technik, Aichach, Alemania) (CEu). A avaliação da cor foi efectuada no músculo LT com um colorímetro Minolta Chroma Meter CR-200 utilizando o iluminante D65 e 10º de observação standar. Os resultados de cor foram expressos seguindo o sistema CIE L* a* b* (McLaren, 1976). As percas por exsudação foram determinadas 48 horas depois de pesar novamente a mesma amos-tra de LT, seguindo o método de referência da OCDE (Honikel, 1996).

A partir dos valores de pH45, pHu, as percas por exsudação e a luminosidad (L*) foram calculadas em percentajem de lombos de diferente categoría de qualidade de carne. A Tabela 1 resume os critrios considerados e as categorías, estabelecidas a partir das revi-sões de Flores y col., 1999 y Faucitano y col., 2010b. Tabla 1

2.3 Análise estatísticaA análise estatística foi realizada com base

no Statistical Analysis System (SAS): pH, per-cas por exsudação, conductividade e cor L*, a* e b*, foram analizados mediante um modelo mixto de análise de varabilidade (PROC MI-XED) com o “jejum total” como efeito fixo e “peso carcaça” como co-variável.

As outras variáveis, tais como as carac-terísticas de PSE, RESE, PFN, RFN e DFD foram analizadas mediante um modelo gene-ralizado de análise linear da variação (PROC GENMOD).

Em todos os casos, o grau de significan-cia fixou-se em P<0,05.

Esta experiência foi aprovada pelo Co-mité de ética do IRTA.

3 Resultados e discussão3.1 Consumo

Na Figura 5 apresentamos a relação en-tre o conteúdo estomacal e o tempo real de jejum. Observa-se que ao aumentar o tempo de jejum, diminue o conteúdo do estómago. Precisamente a partir do peso do conteúdo estomacal Chevillon y col., (1994) esta-bleceram 4 categorías para identificar se os animais teriam tido um jejum correcto. Em primeiro lugar, estabrleceram-se as seguintes categorías:- Estómago vazío: porcos cujo conteúdo es-

tomacal seja inferior a 0,5 kg.- Estómago com tendência a estar vazío: por-

cos com o conteúdo estomacal entre 0,5 e 0,8 kg.

- Estomago com tendência a não estar vazío: conteúdo estomacal entre 0,8 e 1,1 kg.

- Estómago não vazío: conteúdo estomacal superior a 1,1 kg.

Por outro lado, foi aceite que os porcos sujeitos a um correcto correcto jejum eram aqueles cujo conteúdo estomacal era inferior a 0.8 kg. Na Figura 5 são mostradas as quatro categorías segundo o conteúdo estomacal: “não sujeitos a jejum”, “tendência para não se encontrarem em jejum”, “tendência para estarem jejuados” e “porcos em jejum”. Os porcos incluídos nas duas últimas categorías podem considerar-se como porcos “correc-tamente jejuados”. Neste estudo, todos os animais do grupo Jejum 24-26h cumpriram estes requisitos, enquanto que o número de

Figura 5. Relação entre o tempo de jejum total e o conteúdo do estomago.

Tabela 1. Critérios de classificação das categorías de qualidade da carne (a partir de Flores y col., 1999 y Faucitano y col., 2010b).

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Ensaio

Seleção Genómicaimplementadanos núcleos de linha A em Portugal

Durante o mês de Agosto a TOPIGS iniciou a recolha de amostras de DNA para a implementação da seleção genómi-ca nos seus núcleos de linha A em Portugal. Isto significa que a seleção de fêmeas e de machos nos núcleos genéticos de linha materna A da TOPIGS em Portugal passa a ser feita também com informação recolhida através da seleção genó-mica. Este passo segue a introdução da seleção genómica na seleção de machos finalizadores e da introdução da seleção genómica nas suas linhas maternas N e Z na Holanda no pas-sado mês de Junho. A utilização da informação da seleção genómica na seleção das linhas maternas TOPIGS permite uma maior e mais rápida evolução genética a ser alcançada em áreas como o tamanho de ninhada, peso ao nascimento, vitalidade dos leitões e capa-cidades maternais. Uma evolução mais rápida pode também ser alcançada nos parâmetros de engorda e de qualidade de carcaça das linhas maternas TOPIGS.

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animais que não o cumpriram aumentou com a diminuição do tempo de jejum (4 porcos do grupo Jejum 12-16h; 11 porcos do grupo jejum 0-2 h). (Fig. 5)

Na realidade, o peso dos estomagos com o seu conteúdo é um parâmetro que se utiliza nalguns matadouros comerciais de França e Canadá para identificar se as prácticas de jejum e espera foram realiza-das correctamente. Nos contratos de entre-ga dos animais no matadouro é especifi-cado qual deve ser o peso dos estomagos como indicador do tipo de jejum realizado (zona Uniporc-Ouest de França e do Que-bec, no Canadá; Chevillon, 1994). Não obstante, há que ter em conta que animais que beberam imediatamente antes do aba-

te podem levar a distorsões ocasionais se se trabalha com um número reduzido de animais (Dalmau, com. pers.). Além disso, os animais com o estomago cheio dificul-tam o trabalho das carcaças no matadouro (Eilert, 1997); existe ainda o risco de con-taminação das carcaças devido à eventual perfuração do tracto digestivo (Berends y col., 1996), aumentando, por outro lado os resíduos do matadouro (Eikelenboom y col., 1991). Por outro lado, animais com o estomago cheio são mais susceptiveis de enjoos durante o transporte entre a explo-ração e o matadouro, comprometendo tam-bém o seu bem estar animal (Bradshaw y col., 1996), já que o enjoo pode contribuir para o aumento da temperatura corporal do

animal e, no pior dos casos, produzir vómi-tos e morte por pneumonía por aspiração.

3.2 Características das carcaçasAs percas de peso vivo aumentaram sig-

nificativamente com o decorrer do tempo de jejum total (P<0,001). Os animais do grupo “Jejum 24-26h” perderam significativamente mais peso (3,5 %) do que os animais “Je-jum 12-16h” (2,4 %) e dos de “Jejum 0-2h” (0 %). Segundo Warriss (1993), os porcos perderam peso a uma velocidade de 0,2 %/hora durante o jejum. De acordo com estas estimativas, o grupo “Jejum 12-16h” per-deu 2,4 % do seu peso vivo, enquanto que o grupo “Jejum 24-26h” perdeu menos peso que o previsto por Warriss (1993), sendo 3,5

Tabela 2. Características da carcaça1. Tabela 4. Medidas de qualidade da carne1.

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GAMA ANTIBIÓTICA injectável suína

A Vétoquinol, especialista em anti-infecciososdedicados à saúde animal, coloca agoraà sua disposição a gama melhor adaptadaà produção suína

Antibioterapia racional: um acto de responsabilidade

DIMENSÃOANTI-INFECCIOSA

% em vez de 4,8-5,2 %. Parte destas percas são atribuidas principalmente a fezes e uri-na (Faucitano y col., 2010a), em particular quando o transporte dos animais á curto (Warriss y col., 1990).

Estas percas de peso vivo refletem--se em menor escala no peso de carcaça P=0,03; Tabela 2), e só são observadas di-ferenças entre os grupos extremos: “Jejum 0-2h” e “Jejum 24-26h”. Estes resultados seguem as linhas de outros estudos publi-cados, os quais refletem percas no peso de carcaça a partir das 24 h de jejum (Beattie y col., 2002). Tabela 2

Ao estudar o rendimento (quente) destas carcaças, este foi significativamente superior nos grupos “12-16h” e “24-26h” (P<0,001).

Tendo em conta os três parâmetros, os animais com maior rendimento de carcaça e com menos percas de peso vivo foram os do grupo de “Jejum 12-16h”.

3.3 Feridas na peleNão foram observadas diferenças sig-

nificativas entre grupos (P>0,05) com três tempos de jejum, ao comparar a incidência de feridas nem a respectiva intensidade. No entanto, e tendo em conta os trabalhos de Costa y col. (2002) e Warriss (2003), ao aumentar o tempo de jejum é expectá-vel um aumento do número de feridas na pele das carcaças. Uma das explicações para estes resultados terá a ver com o facto dos porcos terem recebido um tratamento ante-mortem de mínimo stress (transporte curto e suave, evitando mistura de animais de diferentes parques.

3.4 Efeito sobre as características da carne

Não foram observadas diferenças (P>0,05) nos parâmetros de qualidade da carne como o pH45LT, o pHu no múscu-lo LT e SM, nas percas por exsudação nem na luminosidade da carne (parâmetro L* do sistema CIE-Lab). No entanto foram obser-vadas diferênças no pH45 do músculo SM (P=0,009) e nos valores de conductibilidade eléctrica do LT e SM (P=0,008 y P=0,001, respectivamente) (Tabela 4).

Muitas vezes o jejum é visto como uma ferramenta para aumentar o pH através da di-minução das reservas de glucógeno muscu-lar (Eikelenboom e col., 1991; Warner e col., 1997; Warriss, 1982). Por outro lado, o tem-po de espera pode dar uma oportunidade para os porcos acalmarem depois de um transpor-te stressante, de modo a produzir uma me-lhoria na qualidade da carne (Warriss, 2003). De uma forma ou de outra, parece que a pro-porção do número de caracaças PSE e DFD poderia alterar-se (Costa y col., 2002; Warriss, 2003). No presente estudo, atra-vés da combinação de valores do pH, per-cas por exsudação e alteração de cor (L*) foram definidas as ca-tegorías de qualidade (Tabela 1 e Figura 6). Em primeiro lugar, cabe aqui ressaltar

que ao calcular a proporção de carcaças de cada categoría de qualidade de carne (RSE, PSE, PFN, RFN y DFD) se observou que em nenhum caso se obtiveram carcaças com características DFD, tendo pelo contrário sido encontradas carcaças exsudativas. Atra-vés desta característica é possível distinguir carcaças pálidas, moles e exsudativas (PSE) e carcaças vermelhas, moles e exsudativas (RSE). Relativamente às primeira, a percen-tagem de carcaças PSE variou entre 5,6 % e 8,3 %, sendo a categoría “Jejum 12-16h” a que obteve uma maior percentagem. As per-centagens de carcaças RSE foram maiores nos grupos “Jejum 0-2h” e “Jejum 12-16h” (27,8 e 26,4 %, respectivamente), que no caso do grupo “24-26h” (8,3 %). Os resul-tados das carcaças vermelhas, firmes e não exsudativas (RFN), consideradas carcaças “normais” teve um perfil oposto, sendo má-ximo no grupo “24-26h”, seguido pelo grupo “0-2h” e finalmente pelo grupo “12-16h”, que foi o único no qual se observaram carnes

Figura 6. Proporção de carcaças de cada categoría de quali-dade de carne, segundo o tempo total de jejum (PSE: pálida, branda e exsudativa; RSE: vermelha, mole e exsudativa; PFN: pálida, firme e não exsudativa; RFN: vermelha, firme e não exsudativa; DFD: escura, firme e seca).

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pálidas e não exsudativas (PFN). (Fig. 6)Os resultados deste estudo mostram

que o efeito isolado do jejum nos porcos não é suficiente para explicar o apareci-mento de carcaças exsudativas (PSE ou RSE) ou escuras (DFD). No presente estu-do, um jejum de 24-26h não foi suficiente para obter carcaças DFD, coincidindo as-sim com os resultados de Murray e Jones (1994). Foi precisamente este grupo de porcos que teve maior número de caraca-ças com categoría “normal” (RFN). As-sim, e segundo os resultados obtidos nas categorías de qualidade da carne, poder--se-ia concluir que o manejo mais favorá-vel desde o ponto de vista “qualidade da carne” poderia ser o “Jejum 24-26h”. Mas é muito importante recordar neste ponto o tratamento ante-mortem que receberam os animais (transporte curto, de menos de 1 km, respeitando os grupos originais nos parques da exploração, o que, diga-se, não é o habitual em condições comerciais normais). Sería necessário repetir o estu-do com um tratamento ante-mortem mais próximo das condições comerciais para extrapolar devidamente estes resultados. Nas condições ditas normais ou habituais, intervêm diversos factores de stress que contribuem para o aumento do consumo de glucógeneo muscular (a própria sujeição

dos animais aos movimentos do camião ou as lutas que se observam nos parques de es-pera nos matadouros, consomem a energia do músculo), de modo que as carcaças com características RFN poderiam fácilmente converter-se em carcaças DFD. Vários au-tores relacionaram um aumento da propor-ção de carcaças DFD com o jejum (Warriss y col., 1998), relacionando também com um aumento das lutas entre animais. Neste estudo não se observou nem um aumento da proporção de DFD nem um aumento de lutas entre animais.

4 Considerações geraise conclusões

Em primeiro lugar será importante ter em conta que o tempo de espera no matadou-ro faz parte do tempo de jejum dos animais. É certo que alguns autores recomendam je-juns de 0 horas se os animais forem sujeitos as condições de stress mínimo, mas é bom ter em conta que um estomago repleto numa via-gem de camião, aumenta o risco do animal sofrer um stress térmico, a principal causa de mortalidade no transporte. Por outro lado, em condições comerciais, os parques de es-pera facilitam a formação de grandes grupos de animais para que a linha de abate possa trabalhar em contínuo, pelo que ao tempo de jejum prévio ao transporte e ao do próprio

transporte, haverá que juntar o tempo que os animais irão passar nos parques de espera, pelo que muito raramente encontraremos nos circuitos comerciais, animais com 0-2 h de jejum. O presente estudo confirma além dis-so que não existe nenhuma vantagem com-parativa em relação aos outros dois sistemas descritos acima. Desde o ponto de vista do bem estar animal, existem alguns autores que consideram que os animais deveriam ser abatidos imediatamente após a sua chegada ao matadouro enquanto outros defendem que permitir-lhes um par de horas para se acal-marem pode facilitar o seu maeio na hora de entrarem na cadeia de abate. Por outro lado, para reduzir os problemas de carnes PSE em suínos, também são diversos os estudos que aconselham algumas horas de repouso antes do abate. Neste estudo, tanto o tratamento 12-16h como o 24-26h deram bons resulta-dos. Considerando as características da car-caça, os animais com maior rendimento de carcaça e com menos percas de peso vivo fo-ram encontrados no grupo “Jejum 12-16h”. Para além disso, este grupo mostrou um in-cremento de 0,19 pontos do pH medido aos 45 minutos no músculo SM. Por outro lado, o grupo 24-26h mostrou as percentagens mais altas de carne RFN. Não obstante, o maneio a que foram sujeitos os animais, permitiu--nos eliminar o risco de carnes DFD (como

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demonstra a ausência de lesões na pele em qualque dos 3 grupos de estudo). Na prática, será possível que os resultados observados neste estudo com jejuns de 24-26h não se ob-servem quando se misturam animais desco-nhecidos entre si num mesmo camião ou em parques de espera e em transportes em que os animais estejam sujeitos a grandes esforços, em tempo e intensidade, até atingirem algum equilibrio. Em presença de qualquer um destes casos, e de acordo com os resultados obtidos no presente estudo e a bibliografía consultada, recomenda-se um jejum total que não supere as 16 h, considerando-se um tempo de espera no matadouro no mínimo de 2 h para redu-zir a incidência de carnes PSE.

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6 AgradecimientosEste trabalho foi financiado pelo Mi-

nistério de Ciência e Tecnología INIA--RTA04-007. Os autores agradecem a Al-bert Fontquerna, Mª José Bautista, Agustí Quintana e Albert Rossell o apoio técnico e ao Departamento d’Universitats, Recerca i Societat de la Informació de la Generalitat de Catalunya i el Fons Social Europeu pelo apoio concedido a Núria Panella-Riera para financiar os seus estudos doctorais no IRTA.

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Economia

Joseph A. Herce *

Situação e perspectivas do Porco Espanhol

Relatório ExcelporkTM

1. IntroduçãoEste artigo foi elaborado a pedido da Re-

vista de Suinicultura, após uma palestra so-bre as perspectivas económicas de Espanha, como determinantes a curto prazo do futuro da indústria do porco Ibérico e o seu impacto na Península Ibérica, que o autor deu em 22 de Março no “ XI Diálogos do Porco Ibéri-co”, conferência patrocinada pelos Laborató-rios Syva em Fregenal de la Sierra (Badajoz). A responsabilidade pelo conteúdo do artigo é do autor do mesmo e não deve ser atribuí-do a qualquer das entidades ou instituições citadas nele, ao mesmo tempo que agradece a permissão dos organizadores dos Diálogos XI para a sua publicação.

ooOoo O contexto económico espanhol, de fac-

to, não convida a perspectivas promissoras para qualquer sector produtivo, a menos que este siga um ciclo diferente da generalidade da economia interna, mais por razões espe-cíficas do sector ou graças à sua abertura ao mercado internacional.

Este é o caso do porco espanhol, que segue os seus próprios ciclos de produção, ainda que afectado pela situação e tendências

do consumo interno, e que de forma crescen-te encontrou nas exportações uma situação de compensação da insuficiente procura do mercado doméstico ou interno.

A economia espanhola atravessa desde o segundo trimestre do ano passado, uma fase recessiva com base quer numa forte queda da formação bruta de capital quer no consumo corrente das Administrações Publicas, junta-mente com a diminuição do consumo priva-do. Espera-se para 2012 uma contracção do PIB em 1,7% e que em 2013 este venha a ter mais quase 2% adicionais. A taxa de desem-prego roça os 25% da população activa. As AA. PP. têm por objectivo situar o seu deficit no ano de 2012 em 6,3% do PIB, a partir dos 8,6% observados em 2011. (Fig.1)

A actual recessão faz parte de um ciclo que começou no segundo trimestre de 2008, com uma primeira recessão que em 2009 subtraiu 3,7 pontos percentuais em relação ao PIB do ano anterior e, no curso do qual se assistiu a uma queda vertiginosa do emprego e das recei-tas fiscais, o que resultou no desaparecimento do excedente orçamental verificado em 2007 e a sua transformação num deficit de 11,2%.

O sector de crédito espanhol foi resga-tado por fundos europeus, em troca de uma

reorganização radical que inclui a criação de uma empresa de gestão de activos para a se-gregação dos activos imobiliários desvalori-zados, presentes nos balanços das entidades bancárias (impropriamente chamado pelos mídia de “banco de lixo “) e da eventual liquidação de entidades consideradas inviá-veis. A dívida pública abaixo de 40% do PIB em 2007, situar-se-à em 2012 em cerca de 80%, um nível nunca visto nos últimos cem anos. O prémio de risco (diferencial dos tí-tulos a 10 anos sobre seus equivalentes ale-mães) que chegou a situar-se acima de 600 pontos, nesta altura (meados de setembro), oscila em torno dos 400 pontos, aguardando que se verifique se o Governo espanhol soli-cita ou não o resgate à Europa, e o BCE pode começar a comprar títulos da divida pública no mercado secundário.

Nestas condições macroeconómicas, como se referiu, não há dúvida de que o de-sempenho de qualquer sector produtivo de-pendente da procura interna vai ser mau do ponto de vista das suas vendas, resultados e perspectivas. No entanto, o sector suinícola espanhol teve um bom desempenho em 2011 que deverá continuar em 2012. Os preços da carne têm sido muito favoráveis e as empre-

Situação e perspectivas do porco espanhol O Informe ExcelporkTM

José A. Herce *

1. Introdução El presente artículo se ha elaborado a petición de la Revista de Suinicultura, a raíz de una conferencia sobre las perspectivas económicas de España como determinantes del futuro a corto plazo del sector porcino español y su incidencia sobre el Ibérico, que el autor pronunció el pasado 22 de marzo en los “XI Diálogos del Cerdo Ibérico” patrocinados por Laboratorios SYVA en Fregenal de la Sierra (Badajoz). La responsabilidad del contenido del artículo es exclusiva del autor del mismo y no debe atribuirse a ninguna de las entidades o instituciones citadas en el mismo, al tiempo que se agradece la autorización de los organizadores de los XI Diálogos para su publicación.

ooOoo El contexto económico español, en efecto, no invita a albergar perspectivas halagüeñas para ningún sector productivo a menos que éste siga un ciclo diferente al general de la economía doméstica bien por razones específicas del sector o gracias a su apertura internacional. Este es el caso del sector porcino español, que sigue sus propios ciclos productivos, aunque se ve afectado por la situación y tendencias del consumo doméstico, y, crecientemente, ha encontrado en las exportaciones una vía de compensación de la insuficiente demanda de los hogares españoles. La economía española se encuentra desde el II trimestre del año pasado en una fase recesiva lastrada por la fuerte caída de la formación bruta de capital y el consumo corriente de las Administraciones Públicas, además de caídas en el consumo privado. Se espera que en 2012 el PIB se contraiga un 1,7% y que en 2013 lo haga en casi un 2% adicional. La tasa de paro roza el 25% de la población activa. Las AA. PP. tienen el objetivo de situar su déficit en 2012 en el 6,3% del PIB, desde el 8,6% observado en 2011.

Evolución del PIB español (tasas de crecimiento real del PIB)

La recesión actual forma parte de un ciclo que se inició en el II trimestre de 2008 con una primera recesión que, en 2009, detrajo 3,7 puntos porcentuales al PIB del año precedente y en el curso de la cual se produjo una vertiginosa caída del empleo y la

Figura 1

Evolução do PIB espanhol (taxas de crescimento real do PIB)

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47Suinicultura

Economia

sas têm sido capazes de apresentar rentabili-dades positivas.

Este resultado não aconteceu sem que o sector tenha sofrido intensos processos de ajuste de capacidade e perda de explo-rações em anos anteriores, a que se juntam as restrições de crédito que afectam todas as empresas espanholas, ou o alto custo do seu input base, a ração, como consequência da escalada de aumento do preço dos cereais e também os custos extraordinários referentes à adaptação das explorações à exigente nor-ma europeia do bem-estar animal, que entra em vigor em 1 de janeiro de 2013. No entan-to, perante todos estes desafios, o preço da carne de porco tem tido uma evolução muito positiva, graças ao enorme desenvolvimen-to das exportações, que têm permitido uma adequação da oferta à insuficiente procura interna, ao mesmo tempo que se expandia a produção total sector.

Esta situação do sector, portanto, é muito encorajadora e baseia-se nos frutos que pou-co a pouco vão dando os esforços para abrir mercados estrangeiros e dotar o produto com níveis de qualidade uniformes que caracteri-zam as grandes marcas globais de carne (Da-

nishs PorK, New Zeland lamb, Irish Beef, etc), uma vez superadas as relutâncias que alguma parte do sector da indústria tinha em relação a uma aposta decidida em direcção ao mercado externo. No entanto, ao nível empresarial, comercial e estratégico, ficaram muitos esforços por fazer para consolidar uma posição que ainda e dia a dia, é muito sensível aos ventos cíclicos conjunturais que nem sempre sopram a favor.

Uma referência fundamental da suini-cultura espanhola é o porco ibérico, que con-centra 10% do efectivo total de suínos em Espanha. Mas, ao contrário do que acontece com o porco “branco”, este segmento não atravessa um bom momento. Na verdade, para dar todo o crédito à opinião de muitos dos seus representantes mais qualificados, o porco ibérico estaria à beira de um colapso produtivo e, o que é pior, quem sabe, sem efectivo reprodutor. Isso evoca o espectro da extinção industrial de todo um subsector e a sua redução ao nível puramente local e nacional. Esta perspectiva é simplesmente inaceitável, já que a suinicultura espanhola tem no porco Ibérico o seu maior emblema e força para uma conquista irreversível dos

mercados estrangeiros. Eu não creio que nós sejamos capazes de utilizar tão mal os nossos trunfos de produção.

Para acompanhar a situação e perspecti-vas da suinicultura espanhola, a Elanco Espa-nha, a divisão veterinária do Lilly, e Analis-tas Financeiros Internacionais, uma empresa de consultoria financeira e económica de re-ferência em Espanha, criaram ExcelporkTM, um observatório do sector, que publica cada ano um relatório com os resultados de uma sondagem da situação e perspectivas para os produtores do sector pecuário espanhol. Com base nestes resultados tem-se vindo a criar um referencial de informação que é ampla-mente seguido.

2. A situação e as perspectivas do sector suinícola espanhol

O sector suinícola espanhol é, depois do alemão e a uma curta distância, o segundo mais importante da UE, com um censo (a novembro de 2011), de 23 milhões de cabe-ças de porco branco (contra 27 milhões em 2007), dos quais 2,1 milhões são porcas re-produtoras e 2,6 milhões de cabeças de porco ibérico de todas as variedades. Representa 20% do censo da produção de suínos da Eu-ropa.

No que diz respeito ao porco branco (veja a próxima secção para uma avaliação rápida dos problemas graves do porco Ibéri-co), não sem que este tenha sofrido um ajus-te relevante e significativo de capacidade e continue enfrentando as restrições de crédito próprias da crise, a situação que o sector vi-veu em 2011 e a que encerrará no presente exercício podem qualificar-se como boas em termos de vendas, preços, rentabilidade e especialmente, as exportações. Estas últi-mas foram o motor que tornou os restantes indicadores favoráveis. Entre os factores que impediram a obtenção de ainda melhores re-sultados, encontram-se o preço elevado das matérias-primas e a ração.

Este desempenho contrasta com as ten-dências do mercado doméstico ou interno espanhol, que continuam a manifestar-se por uma estagnação ou redução do consumo de

Figura 2 - Fonte: ExcelporkTM

Fuente: ExcelporkTM

Las perspectivas del sector porcino español no parecen malas en estos momentos, y a pesar de la crisis, pero una realización de las mismas depende críticamente de fres adaptaciones fundamentales:

• Una adaptación productiva. Por una parte, se registran constantes avances en la trazabilidad, seguridad alimentaria y calidad homogénea de la producción porcina española, pero hay mala comunicación sectorial que debería mejorarse. Por otra, es necesario integrar adicionalmente la cadena productiva para limitar en la medida de lo posible la subordinación de la producción primaria a los restantes eslabones de la cadena de valor, cuando dicha producción es la sostiene dicha cadena.

• Una adaptación corporativa, en un contexto en el que la atomización de las explotaciones es notoria, con relativa ausencia de grandes grupos productivos con capacidad para innovar y exportar de manera proactiva.

• Una adaptación comercial, la asignatura pendiente del sector, en la que la diferenciación del producto es la clave, junto con la calidad certificada (aunque no basta esta última), para la conquista de los mercados. Es necesaria, además, una marca homogénea en el mercado global (equivalente a las Irish Beef, Danish Pork, New Zealand Lamb)

El mercado exterior es clave para el porcino español, una vez superado el “debate del autoconsumo” de hace unos años, cuando algunos analistas y representantes del sector pensaban que nuestros productores debían limitarse a la capacidad justa para abastecer al mercado doméstico. Pero la conquista del mercado exterior es tan

Estado económico do sector

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Economia

carne per-capita, de longa data, e do impacto da crise na cesta de compras ou consumo das famílias, consumo em restaurantes, turismo doméstico, etc, apesar do papel que desem-penha a carne de porco em substituição e pe-rante carnes mais caras. A exportação não é um fenómeno novo para o porco espanhol, mas cada vez mais importante, e está a per-mitir ao sector, vencer ou superar de alguma forma um ciclo de produção muito específico e diferenciado em relação ao ciclo económi-co geral, em que o porco espanhol se arrasta-va até há poucos anos. Por exemplo, o sector viveu os seus piores períodos entre meados de 2006 e 2008, quando a crise ainda não se deixava sentir em Espanha.

Se tivermos presentes as declarações dos criadores espanhóis e o inquérito reali-zado no ano passado pelo ExcelporkTM (ver Seção 4 abaixo), tanto a situação observada para 2011 como as perspectivas para 2012 eram manifestamente melhores do que nos últimos anos, como se mostra no gráfico se-guinte. (Fig. 2)

Calculado atendendo á média dos saldos de opinião das variáveis: vendas e resultados económicos quer observados para o ano de referência quer esperados para o ano seguin-te. Os saldos de opinião definem-se como a diferença entre a percentagem de inquiridos

que manifestam um aumento na variável e os que apontam para uma queda. Deve ter-se em conta que os inquéritos Excelpork se rea-lizam no final do ano, pelo que os resultados sobre a situação esperada poderiam incorpo-rar inércia com respeito à percepção de final de ano.

As perspectivas do sector suinícola espa-nhol e apesar da crise, não parecem más nes-te momento, mas a sua realização ou cum-primento depende criticamente de três novas adaptações fundamentais:• Uma adaptação da produção. Por um lado

são registados constantes avanços na ras-treabilidade, segurança alimentar e qua-lidade homogénea da produção de suínos espanhola, mas existe má comunicação sectorial, que deveria ser melhorada. Além disso, é necessário continuar a “integrar” a cadeia produtiva para limitar na medida do possível, a subordinação da produção pri-mária aos restantes elos da cadeia de valor, quando a dita produção é o sustentáculo da referida cadeia.

• Uma adaptação do tecido empresarial, num contexto em que a fragmentação das ex-plorações é notória, com relativa ausência de grandes grupos de produção com ca-pacidade para inovar e exportar de forma proactiva.

• Uma adaptação comercial, um assunto pen-dente do sector, onde a diferenciação do produto é a chave, juntamente com a cer-tificação da qualidade (ainda que não baste esta última), para a conquista de mercados. É necessário além disso, uma marca unifor-me no mercado global (equivalente à Irish Beef, Danish Pork , New Zealand Lamb)

O mercado externo é a chave para o por-co espanhol, depois de passar o “debate do auto consumo ou subsistência” há alguns anos atrás, quando alguns analistas e repre-sentantes do sector pensavam que os nossos produtores deviam limitar-se apenas à capa-cidade ajustada de abastecimento o mercado interno. Mas a conquista do mercado externo é tão importante quanto a protecção do mer-cado doméstico e interno. Na verdade, a pri-meira é a base para a segunda num contexto global, liberalizado e altamente competitivo.

Porem, sem base empresarial e focalização no produto não há conquista de mercado exter-no nem defesa do mercado interno que sejam possíveis. Deve ser sempre lembrado que não há mercados protegidos nem mercados ma-duros quando se constata a crescente globa-lização das trocas e da produção e qualquer visão de futuro indica que, nos próximos 20 anos se irão produzir mais bens e serviços do que nos últimos 50 anos.

Economia

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Eu disse anteriormente que a produção primária de suínos é a base de toda a cadeia de valor. Este “cluster do porco” deve fun-cionar de maneira integrada, competitiva e distribuir o valor acrescentado entre todos os elos de maneira compensada. Uma visão de “cluster” é absolutamente necessária para a criação de uma marca para o reconhecimento global.

3. O Porco Ibérico, uma oportunidade a pontode perder-se ... para sempre?

O sector do porco ibérico em Espanha apresenta as seguintes características:

• Conta com cerca de 15.000 explora-ções, das quais 80% estão localizados nas regiões de Andaluzia e Extremadura.

• O censo actual é de 2,8 milhões de ani-mais (incluindo reprodutores).

• As explorações são de pequena dimen-são, com cerca de 170 animais por explora-

ção (17 porcas; 1,4 varrascos; 90 porcos> 50 kg; 20 porcos de 20-49 kg e 43 leitões).

• As maiores explorações têm entre 100 e 300 reprodutoras, mas são raras.

• As explorações que têm entre 25 e 100 reprodutores são a média do sector.

• As explorações com menos de 25 re-produtores são geralmente extensivas e estão dotadas de pastagens próprias.

• Há cerca de 80 matadouros e 230 pro-cessadores, metade deles em Castilla y Leon e o resto na Andaluzia e Extremadura; com presença muito limitada em Castilla-La Mancha, Múrcia, Madrid, Valência e Aragão.

Como referido no início deste artigo, a situação do porco ibérico é francamente má. A norma padrão de qualidade da carne e pro-dutos curados de porco Ibérico, aprovada em 02 de novembro de 2007, pretendia estabe-lecer uma distinção clara entre as diferentes categorias de animais segundo a sua genética e forma de criação. Na verdade, se olharmos

para os resultados, o que conseguiu foi tor-nar mais complexa a gama de qualidades, com a aparição de algumas categorias, mais adulteradas, baseadas em novos métodos de recria e engorda, que acabaram por banalizar, em termos de mercado, a qualidade suprema desta linha de produção.

As qualidades contempladas pela norma são:

• Ibérico Puroo Bellotao Receboo Cebo campo o Cebo

• Ibéricoo Bellotao Receboo Cebo campo o CeboA qualidade suprema, o Ibérico puro de

bolota, o produto ibérico por excelência, a

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Economia

partir de suínos da máxima pureza genética, criados em pasto e alimentados com bolotas durante períodos de montanheira, recebe hoje uma remuneração económica compen-satória, apenas ligeiramente mais elevada do que as qualidades mais baixas da gama e, dados os custos de produção muito mais ele-vadas que os das outras gamas encontra-se em perigo de “extinção comercial”.

Naturalmente, este resultado não teria ocorrido com a virulência que apresenta na actualidade se dois factores muito importan-tes não se tivessem aliado para facilitá-lo.

Em primeiro lugar, a crise, o que fez com que o Ibérico propriamente dito emergisse como o que realmente é: um produto de luxo destinado á gama mais alta do mercado da carne. Antes da crise, o Ibérico puro atingia preços elevados e suficientemente bons per-mitindo que a manutenção das explorações fosse possível em termos de rentabilidade. A influência económica das famílias determi-nava uma procura elevada do produto e na esfera do desenvolvimento deste mercado foram proliferando as restantes qualidades que beneficiavam de preços apenas ligeira-mente mais baixos do que os do produto de qualidade suprema mas tinham custos ope-

racionais significativamente mais baixos, de modo que a sua rentabilidade era muito ele-vada. Isto levou à expansão da capacidade de produção de todas as qualidades do Ibérico, especialmente das mais baixas, mas também do Ibérico puro. Quando a crise atingiu um nível profundo em 2008/2009, a procura di-minuiu drasticamente e também os preços caíram para níveis onde apenas a produção das qualidades mais baixas era sustentável.

O outro factor que em boa medida pro-vocou a situação que sofre o Ibérico, é a falta ou o escasso discernimento sobre o produto, por parte do segmento médio – baixo da procura, neste mercado. De facto, foi um factor determinante a boa disponi-bilidade de pagar a preços premium ou de gama alta um produto de qualidade muito inferior, não suficientemente bem sinaliza-do nos diferentes escalões, por parte dos grossistas e dos novos consumidores do Ibérico, no mercado pela primeira vez nos anos prévios da crise.

Esses dois factores combinaram-se do mesmo modo que dois números inteiros maiores que 2, em vez de se somarem se multiplicassem, ou inclusive um deles fosse o expoente do outro.

importante como la defensa del mercado doméstico. De hecho, la primera es la base para la segunda en un contexto global, liberalizado y fuertemente competitivo. Pero sin base corporativa y foco de producto no hay conquista del mercado exterior ni defensa del mercado doméstico que sean posibles. Debe recordarse siempre que no hay mercados protegidos ni mercados maduros cuando se constata la creciente globalización de los intercambios y la producción y cualquier reflexión prospectiva indica que, en los próximos veinte años, se producirán más bienes y servicios que en los últimos cincuenta. Decía antes que la producción primaria de porcino es la base de toda la cadena de valor. Este “clúster del porcino” debe funcionar de manera integrada, competitiva y distribuir el valor añadido entre todos los eslabones de manera compensada. Una visión de clúster es absolutamente necesaria para la creación de una marca globalmente reconocida.

Clúster del porcino

Fuente: Afi

3. El Ibérico, una oportunidad a punto de perderse… ¿para siempre? El sector del ibérico en España presenta las siguientes características:

• Cuenta con unas 15 mil explotaciones ganaderas, el 80% de ellas situadas en las regiones de Andalucía y Extremadura.

• Su censo actual es de 2,8 millones de animales (incluidos reproductores).

• Las granjas son explotaciones de pequeño tamaño con unos 170 animales por granja (17 cerdas, 1,4 verracos, 90 cerdos >50kg, 20 cerdos de 20-49kg y 43 lechones).

• Las mayores explotaciones tienen entre 100 y 300 reproductoras, pero son escasas.

• Las explotaciones de entre 25 y 100 reproductoras son la media del sector.

Figura 3 - Fonte: AFI

Os acontecimentos foram tão rápidos an-tes da crise (uma espécie de “Ibérico rush” como o do ouro da Califórnia) que a tardia adopção, confusa redacção e deficiente ins-trumentação da norma de qualidade, não só não pode evitar este desenvolvimento, bem como o estimulou, quando já era evidente que o ciclo se movimentava no sentido ne-gativo.

A realidade é que o Ibérico tem excesso de capacidade, que a preços actuais e corren-tes é particularmente gravosa para os criado-res de Ibérico puro e que muitas explorações neste segmento de produto são inviáveis. Algumas dessas explorações nunca em con-dições normais, deveriam ter nascido, mas a verdade é que são muitas outras, bem geridas desde gerações passadas, as que por isso es-tão sofrendo as consequências das condições de mercado que não serão facilmente rever-síveis no curto ou médio prazo.

A extinção comercial a que me refiro acima, significa que o sector do Ibérico puro de bolota, que representou 10% dos animais ibéricos abatidos em 2010, está a ajustar for-temente a sua capacidade de produção com o desaparecimento de explorações surgidas ou ampliadas no “boom” precedente e também com o desaparecimento de explorações leva-das desde há décadas por gerações de cria-dores que sempre fizeram muito bem as suas tarefas. A produção do Ibérico puro na cam-panha de 2010/2011, foi de 163.000 animais, em comparação com 354.000 na temporada anterior. O número de reprodutores está di-minuindo drasticamente e se, se adoptassem critérios semelhantes aos de organizações internacionais que asseguram a protecção de espécies ameaçadas de extinção, segundo argumentam fontes do sector, o porco puro Ibérico, sofreria da mesma ameaça ante esta forte redução no número de reprodutoras.

Eu sinceramente acredito que, apesar do ajustamento industrial que está sendo inten-so, a espécie do Ibérico puro não se extingui-rá reprodutivamente quer em termos de mer-cado ou, muito menos, em termos biológicos, deixando a sua exploração reduzida a áreas puramente locais, naquelas em que se encon-

Cluster do Porco

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trava há décadas atrás. Consentir essa even-tualidade, além de uma enorme irresponsa-bilidade de todos os agentes do sector, seria deitar por água abaixo o factor decisivo da estratégia para o sector suinícola espanhol, que como um todo, deve continuar a definir essa marca internacional que generalizaria as oportunidades para todos os produtores e para uma boa parte do mundo ru-ral espanhol.

A preservação da pastagem, um ecossistema sustentável único, depende também da sobrevivência deste sector produtivo em condi-ções de viabilidade económica para os criadores.

A qualidade das distintas va-riedades de produtos ibéricos deve ser zelosamente diferenciada na instância produtiva e comercial e os consumidores devem também saber distingui-la. Os preços devem ser com-patíveis com os custos e isto consegue-se com uma adequação da oferta à procura em cada momento. As flutuações na produção e na procura são circunstanciais num mercado de características sazonais e, por que não, er-ros de planeamento por parte da oferta; mas não pode haver confusão das qualidades que banalize as mais altas ou atribua preços im-próprios para as mais baixas, quando o di-nheiro flui nas famílias.

Não é exagero falar de “bolha do Ibéri-co”, como se caracterizou em Espanha a fase

de expansão espectacular, prévia à crise tam-bém neste sector. O seu rebentamento, como sucede em todas as bolhas, dizimou muitas explorações viáveis somente naquelas condi-ções e que nunca deviam ter nascido, o que não deixa de ter consequências dramáticas para investidores credores e empregados do sector; mas também dizimou muitas explora-

ções de sólida tradição produtiva e territorial, bem conduzidas desde gerações, com amor, pundonor, e eficiência por parte dos seus proprietários que não puderam sobreviver à banalização da concorrência do produto.

4. O Relatório ExcelporkTM , um caso de informação concorrencial e de mercado

Os desenvolvimentos descritos neste artigo, bem como a importância económica do sector suinícola espanhol justificam total-mente um acompanhamento de perto e uma

ocorrência de informação sectorial que sirva os produtores e outros subsectores, cujas ac-tividades são baseadas na produção primária. Este é precisamente o espírito que guia os patrocinadores de ExcelporkTM e daqueles que realizamos o trabalho técnico do obser-vatório.

ExcelporkTM é o resultado do patrocí-nio da Elanco, a divisão veteriná-ria dos Laboratórios Lilly que tem uma forte presença produtiva e comercial em Espanha, e o apoio técnico da Financial Analysts In-ternational, uma empresa espa-nhola de assistência e consultoria financeira e económica estabele-cida em Madrid há 25 anos, por vários professores universitários. A iniciativa consiste na elabora-ção de um observatório anual do sector suinícola espanhol, que é

baseada num inquérito aos criadores mais re-presentativos do sector e o consequente trata-mento dos resultados que se apresentam num relatório anual que pode obter-se através da internet, bem como a realização de uma sé-rie de encontros ao longo de toda a geografia espanhola com os mais relevantes directores do sector para a apresentação do relatório e o debate e troca de opiniões das questões can-dentes deste importante ramo produtivo.

* Sócio da AFI e Professorda U. Complutense de Madrid

Relatório Técnico ExcelporkTM

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Desafios da globalizaçãono mundo rural

IntroduçãoO conceito de globalização foi utilizado

pela primeira vez nos anos cinquenta do sé-culo XX e rapidamente se estendeu a todas as ciências sociais, entre elas a Economia, tendo tido uma enorme difusão fora dos cír-culos académicos e passando a engrossar o vocabulário utilizado pela opinião pública.

De acordo com a OCDE (David Hender-son) a globalização traduz-se no livre movi-mento de produtos, serviços, mão de obra e capital, criando um único mercado de inputs (factores) e outputs (bens e serviços). A glo-balização assume-se como um processo mul-tidimensional: económico, político, social, cultural e ideológico (veja-se o exemplo dos movimentos denominados por ocupas e si-milares que grassam por vários continentes).

Neste artigo o que nos interessa considerar é a dimensão económica do fenómeno da glo-balização, que se traduz na expansão das trocas comerciais e que é provocada pela liberaliza-ção do comércio internacional, pelo decrésci-mo dos custos de transacção, pela segmentação do processo produtivo, pela maior variedade de produtos comercializados e pelo desenvolvi-mento do comércio de serviços.

Luís Cacito *Maria Gertrudes Ramalho **

Poder-se-á perguntar o que tem tudo isto a ver com a produção e a comercialização da carne de porco? E tem muito, porque embora pensemos que estamos a falar de um produto específico (como é, por exemplo, o caso do porco alentejano), todos nós sabemos que o caviar russo ou os tapetes de Arraiolos também são produzidos e comercializados pela China!

E hoje, também todos sabemos que as principais consequências da globalização económica se traduzem na quebra das bar-reiras à livre concorrência e na descida dos preços dos bens e serviços.

Por isso, nenhuma empresa, em qualquer parte do mundo, produzindo qualquer pro-duto, por muito específico que ele seja, pode deixar de levar em consideração a relação en-tre o preço do mercado do produto vendido e os custos de produção da sua empresa, pois é a relação entre estas duas variáveis (preço e custo) que determinam a sua manutenção ou a sua exclusão do mercado. E é sobre esta relação que nos vamos debruçar a seguir.

Os custos da empresa e a produção óptima no curto prazo

Só é possível conhecer o funcionamento e as potencialidades de uma empresa tendo um profundo conhecimento dos seus custos de produção. Nas empresas os custos traduzem o pagamento dos factores produtivos utiliza-dos pelo empresário. A quantidade dos vários factores produtivos utilizados, geram um deter-minado nível de produção, pelos que os custos de uma empresa estão sempre associados a um determinado nível de produção por ela obtido. Isto significa que os custos de produção são sempre definidos em função do nível de produ-ção que permitem obter.

Deve ainda considerar-se que a análi-se dos custos de produção de uma empresa deverá ser feita para dois períodos temporais distintos: o curto prazo (até 1 ano) e o longo prazo (mais de um ano).

No curto prazo, a empresa enfrenta dois tipos de custos: os variáveis e os fixos. Os custos variáveis representam aqueles que variam directamente com o nível de produ-ção (matérias-primas, matérias subsidiárias, salários, etc.). Os custos fixos representam os custos que não são susceptíveis de variar com o nível de produção da empresa (imobi-lizado, rendas).

A soma dos custos variáveis com os cus-tos fixos representa os custos totais da produ-ção da empresa. Mas para melhor compreen-der o funcionamento da empresa torna-se necessário conhecer os seus custos unitários ou médios, ou seja, os custos por unidade produzida (assim, deve conhecer-se qual o custo variável médio, o custo fixo médio e o custo total médio - soma dos dois anteriores - da produção de 1 kg de paio, ou de 1 leitão). Mas tão importante como conhecer os cus-tos médios ou unitários de uma determinada empresa, é conhecer o custo marginal da sua produção, o qual mede o acréscimo do custo total da empresa por produzir uma unidade adicional de produto (por exemplo, se a em-presa produzir mais 1Kg de paio quanto au-mentam os custos totais da empresa).

Se o empresário pretender produzir o seu produto de uma forma economicamente eficiente, então deverá procurar maximizar o lucro da sua empresa. Tal situação, de acordo com a teoria económica, só é passível de ser atingida quando o empresário produz uma quantidade de produto (denominada produ-ção óptima) que lhe permita igualar o custo marginal da sua produção ao preço de mer-cado do produto.

Assim, no curto prazo, podemos repre-sentar graficamente os custos de produção e o nível de produção óptimo, das empresas que actuam em mercados de concorrência, da seguinte forma: (ver Fig. 1)

Se o preço de mercado for P1, a quanti-dade óptima a ser produzida é Q1 (porque o

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PCEDA

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custo marginal da empresa iguala o preço de mercado quando se produz Q1). Dado que o preço de venda de cada unidade do produto é superior ao custo total unitário da sua produ-ção, o empresário obtém um lucro por unida-de produzida (P1-CTU) no montante indica-do na FIG. 1 como lucro unitário (designado pela teoria económica como lucro anormal).

Mas se por efeito da globalização dos mercados o preço do produto tiver tendência para descer (o que hoje se verifica na realida-de), o que acontece a esta empresa?

Suponhamos que o preço do produto desce para o nível P2. Neste caso, o preço de venda de cada unidade produzida é inferior ao seu custo total unitário, pelo que o em-presário sofrerá, por unidade vendida, um prejuízo unitário no montante do indicado na FIG. 2 (CTU-P2).

Qual a atitude que o empresário deve to-mar? Deve continuar no mercado a produzir com prejuízo ou deve fechar a empresa? (ver Fig. 2)

Vejamos: o preço de mercado do produto P2 é inferior ao custo total unitário da produção mas continua a ser superior ao seu custo variá-vel unitário, o que significa que, nesta situação, a empresa, através do preço do produto, con-segue cobrir todos os custos variáveis da pro-dução e ainda uma parte dos seus custos fixos (que são representados pela diferença entre os custos totais e os custos variáveis).

Se o empresário decidir encerrar a em-presa, no curto prazo, ela não terá custos variáveis (porque estes custos dependem do nível de produção e sendo esta nula, também os custos variáveis serão nulos), mas tem que

assumir os custos fixos (por exemplo, a renda do imóvel). Assim, a decisão correcta será a de se manter no mercado, embora produzin-do com prejuízo, pois o prejuízo será maior se não produzir, porque tem que assumir to-dos os custos fixos, e se produzir cobre parte dos custos fixos e todos os custos variáveis (pelo que o prejuízo será menor).

Mas, neste caso coloca-se a seguinte questão: a empresa aguentar-se-á muito tem-po no mercado, a produzir com prejuízo? Certamente que não.

Qual a solução? Esperar que o preço de mercado aumente? Não é provável que tal aconteça devido aos efeitos da globalização. Na realidade só temos assistido à subida de preço de produtos que são vendidos em mer-cados de concorrência imperfeita (caso do petróleo, por exemplo). Esperar que o Es-tado financie o sector através da atribuição de subsídios à produção? Não é provável, sobretudo em períodos de crise económica.

Então qual a solução? A única que po-demos encarar com credibilidade consiste na redução dos custos de produção. Se esta empresa não o conseguir fazer, mais cedo ou mais tarde tem de encerrar as suas portas. Isto é, no longo prazo este empresário não se conseguirá manter no mercado.No caso de o preço de mercado do produto descer para um nível inferior ao custo variá-vel unitário da empresa, caso de P3 na FIG. 3, mais vale à empresa encerrar de imediato as suas portas (não produzindo Q3) porque, para além de não conseguir cobrir os seus custos fixos, também não cobre totalmente os seus custos variáveis, pelo que o encer-

ramento lhe permite apenas ter que pagar os custos fixos.

Os custos da empresa e a produção óptima no longo prazo

O longo prazo não é mais do que uma sucessão de curtos prazos, o que leva a que as empresas devam obedecer a uma estratégia que lhes permita manterem-se no mercado, produzindo de uma forma economicamente eficiente, no longo prazo.

O longo prazo é um prazo de produção suficientemente longo para que todos os fac-tores de produção sejam considerados como variáveis (incluindo a própria dimensão da empresa), pelo que todos os custos de pro-dução são considerados como variáveis, ou seja, não tem sentido, no longo prazo, dis-tinguir entre custos variáveis e custos totais, uma vez que não existem custos fixos.

Sendo o preço do produto fixado pelo mercado (concorrência perfeita), o empresá-rio terá que igualar o seu custo marginal de longo prazo ao preço de mercado, para obter o máximo lucro, tendo em atenção que esse custo marginal coincide com o seu mínimo custo unitário de longo prazo. Assim, a pro-dução economicamente eficiente será dada pela quantidade Q4, assinalada na FIG. 4:

Pensar-se-á que sendo o preço de venda do produto igual ao custo total unitário de longo prazo, então o lucro do empresário é igual a zero.

Efectivamente, o empresário terá lucro, mas comparativamente com a FIG. 1, ele dei-xou de ter um lucro anormal, passando o seu investimento a ser remunerado apenas à taxa

Figura 1 Figura 2

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de lucro normal, a qual está incorporada nos seus custos totais e, portanto, também nos seus custos unitários. Esta taxa de lucro representa o custo de oportunidade do capital investido, isto é, a compensação pelo risco do investimento, pelo que a teoria económica a considera como uma parcela dos custos de produção.

Só no curto prazo se pode manter um lucro anormal, pois tal situação atrai novas empre-sas ao mercado que fazem aumentar a oferta do produto e, consequentemente, baixar o seu preço, até este se estabilizar ao nível do míni-mo custo unitário. Com efeito, em concorrên-cia considera-se como sendo livre a entrada e a saída das empresas no mercado. Ora, se o preço do produto for mais elevado (P1) e tal gerar um lucro anormal (isto é, acima da taxa normal de lucro), novas empresas entrarão para esse mer-cado, fazendo baixar o preço do produto. Caso o preço desça excessivamente (P3), algumas empresas abandonarão o mercado porque esse preço não cobre os seus custos de produção e, tal facto diminuirá a oferta fazendo aumentar o preço do produto no mercado. Estes sucessivos

ajustamentos de preço, no curto prazo, gerarão o preço de equilíbrio de longo prazo, o qual se situará em P4, onde não existem já incentivos à entrada ou à saída de empresas nesse mercado.

Por isso, no longo prazo, a produção economicamente eficiente, isto é, o nível de produção que permite à empresa obter o má-ximo lucro, é Q4, sendo o preço de equilíbrio de mercado P4 e, nesta situação o empresário é remunerado à taxa normal de lucro, sendo nulo o seu lucro anormal (porque já incorpo-rou essa taxa nos seus custos de produção).

Decorre, por isso, desta situação concor-rencial e da consequente descida dos preços de mercado, a importância cada vez maior que a redução dos custos de produção assu-me na estratégia competitiva das empresas.

ConclusãoÀ excepção dos mercados de concorrên-

cia imperfeita (monopólio, oligopólio, cartel, etc.), todos os mercados que sofrem a con-corrência, mais cedo ou mais tarde, verão os preço dos produtos descer. Convém também não nos esquecermos que a economia por-tuguesa se define hoje como uma pequena economia muito aberta ao exterior e, por isso muito exposta à concorrência.

O fenómeno da globalização tem contri-buído para que os preços dos bens e serviços em concorrência sejam cada vez menos fixados nacionalmente, e cada vez mais sejam fixados internacionalmente. A liberalização do comér-cio internacional tem provocado um decrésci-mo no preço dos produtos comercializados.

Assim, é importante que os empresários

estejam atentos à evolução dos mercados e, sobretudo, que estejam preparados para o principal desafio colocado pela globalização: a descida do preço dos produtos e serviços.

Este desafio só tem uma forma de ser en-frentado e que é através da diminuição dos custos de produção, porque, globalmente, somos forçados a concorrer com economias que têm vantagens competitivas muito supe-riores à nossa, em termos de custos de produ-ção (quer no que se refere a custos de mão de obra, quer no que se refere aos denominados custos de contexto, como seja, por exemplo, o caso da energia ou dos combustíveis).

A diminuição dos custos de produção é, para a maior parte das empresas portuguesas, a única solução para não serem obrigadas a encerrar as suas portas, mediante a descida dos preços dos produtos.

Tal solução tem que ser obtida pela racio-nalização da gestão, pela afectação eficiente dos recursos disponíveis e/ou pela maior in-corporação tecnológica nos produtos comer-cializados. Mas, para deixar uma mensagem de esperança, a qual é hoje tão necessária, devemos olhar para o fenómeno da globali-zação também como uma oportunidade.

Com efeito, a globalização tem-se reve-lado como uma oportunidade para aumentar a eficiência das empresas, para ampliar os mercados, para gerar economias de escala e para beneficiar os consumidores, aumentan-do, assim, o bem-estar social.

* Professora no Instituto Politécnico de Beja** Formador e ‘Trainer’. Consultor em Formação

e ‘Training’. Consultor em Gestão de Empresas.

BIBLIOGRAFIA

FRANK, R. e B. BERNANKE; 2003; Princípios de Economia; Lisboa: McGraw-Hill

KRUGMAN, Paul e Robin WELLS, Mi-croeconomics; second edition, 2008

KRUGMAN e OBSTFELD, Internatio-nal Economics: Theory & Policy, 9th Edition, 2008

Varian, H.; 2003; Intermediate Microeconomics; London: W.W. Norton & Company

Figura 3 Figura 4

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Notícias FPAS

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Visita do Instituto Nacionalde Investigação Agrária e Veterinária

No dia 2 de Julho, a ACPA teve a hon-ra de receber a Direção do Instituto Nacio-nal de Investigação Agrária e Veterinária (INIAVE), composta pelo Presidente e dois Vogais, acompanhados pelo Investigador Eng.º Inocêncio Seita Coelho, responsável pela equipa que colabora no projeto “ Recu-

peração do Montado de Sobro e Azinho no Concelho de Ourique”.

Esta visita teve como principais pontos de interesse dar a conhecer o referido orga-nismo e os seus trabalhos desenvolvidos, as-sim como verificar possíveis parcerias com agentes locais de forma a contribuir para o

desenvolvimento sustentado destas regiões.Como programa, a ACPA organizou uma

visita guiada a uma exploração de Porco de Raça Alentejana associada e a duas impor-tantes unidades de abate e transformação existentes na região, a Montaraz de Garvão e o Matadouro do Litoral Alentejano.

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Tem decorrido com bom ritmo intensas reuniões e muitos trabalhos de preparação do Congresso Mundial do Presunto, que decor-rerá na data apontada.

O Congresso contará com inúmeras per-sonalidades expert na área do presunto e do porco.

A Raça Alentejana está grandemente empenhada, a Câmara Municipal de Ouri-que é o parceiro de eleição e sente-se nes-ta autarquia o entusiasmo e a vontade que esse próximo evento seja uma oportunida-de para o sector com o sucesso a que estas organizações nos habituaram. O Prof. José Luís Tirapicos Nunes, grande conhecedor

da indústria de transformação de presun-to, estando desde logo ligado às origens do Presunto de Barrancos, e grande referência em Portugal, está a presidir ao Conselho Científico que tem mantido reuniões de trabalho com todas as Universidades Es-panholas.

Alentejana | Raças Autóctones||||||||||||

Nova sede ACPA

Os trabalhos que arrancaram em Ju-lho estão a decorrer a bom ritmo. A nova sede no centro de Ourique é uma obra que virá desbloquear as atividades da ACPA, permitindo uma nova reorganização pe-rante o espaço.

VII Congresso Mundial do Presunto- 28 a 31 de Maio 2013

Feira de São João– Évora

Entre os dias 22 de Junho e 1 de Julho, decorreu em Évora, a tradicional Feira de São João. Este ano, o evento contou também com a organização de uma Exposição Pe-cuária Regional, no espaço do antigo Iroma,

Produtos Qualificadosem concurso

A Montaraz foi premiada com Medalha de Ouro, durante a Feira de Santarém com Presunto e Paleta Santana da Serra IGP.

A extraordinária qualidade deste produto arrebatou os prémios, afirmando a alta quali-dade que apresentam.

organizada pela AJASUL – Associação de Jovens Agricultores do Sul. O objetivo desta exposição foi devolver um espaço eminen-temente agrícola e agropecuário a esta feira que permita divulgar, promover e mostrar uma das áreas fundamentais da economia local, para além de fazer deste espaço um ponto de encontro de negócios e união da Agricultura e Pecuária do Alentejo.

A convite da AJASUL, a ACPA não poderia deixar de estar presente. Durante o evento foram desenvolvidas atividades no âmbito da Promoção e divulgação do Porco de Raça Alentejana, assim como dos seus produtos derivados com Nome Qualificado dos quais a ACPA é entidade gestora como o “Presunto ou Paleta do Alentejo DOP”, “Presunto ou Paleta de Barrancos DOP”, “Presunto ou Paleta de Santana da Serra IGP”, “Presunto ou Paleta de Campo Maior e Elvas IGP” e “Carne de Porco Alentejano DOP”.

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Empresas||||||||||||Raças Autóctones | Alentejana

ANCPA – Associação Nacional dos Criadoresdo Porco Alentejano

Feira da Luz – Expomor 2012Especialistas reunidos em Montemor

concluem que a diferenciação e as normas de comercialização são fundamentais para a recuperação do sector do Porco Alentejano.

O sector do porco alentejano esteve em exposição durante a Expomor – Feira da Luz 2012, em Montemor-o-Novo, com várias actividades representativas de toda a fileira. O evento foi organizado pela ANCPA – As-sociação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano em parceria com a Câmara Muni-cipal de Montemor-o-Novo e a APORMOR.

As dificuldades que o sector do porco alentejano atravessa desde 2008, com a que-da significativa de margem para a produção e preocupante abandono da actividade, com consequente redução drástica do efectivo na-cional desta raça autóctone, foram o grande tema de discussão, com enfoque na busca de soluções. A discussão foi enriquecida com a presença da produção nacional – ANCPA, e produção espanhola - AECERIBER, das indústrias Barrancarnes e Senorio de Monta-nera, do Ex.mo Director Regional de Agri-cultura e Pescas, Eng.º Francisco Murteira e pela Directora Adjunta do Gabinete de Pla-neamento e Politicas, Eng.ª Cláudia Costa.

Foi unânime, entre os presentes, que o Porco Alentejano produzido de forma exten-siva proporciona produtos únicos e de grande

valor, e que só as estratégias de diferencia-ção para o mercado podem representar uma mais-valia e uma sustentabilidade sólida para a fileira. Ficou claro que a confundibilidade para o consumidor das expressões porco ibé-rico e porco preto têm sido responsáveis pela degradação dos mercados de qualidade. No país vizinho a norma de qualidade espanho-la deve ser melhorada, e em Portugal devem surgir normas de qualidade e comercializa-ção que impeçam que qualquer porco este-ja no mercado com o nome de porco preto. Esta necessidade foi reconhecida pelos in-tervenientes ao ponto de todos se compro-meterem em encontrar a forma mais eficaz e célere para o desenvolvimento das referidas normas. O Presidente da ANCPA Eng.º Luís Bulhão Martins, acrescentou ainda a necessi-dade de ajudas para o sector ao nível do pró-ximo quadro de apoios e reforçou a neces-sidade da produção encontrar medidas para a melhoria da eficiência produtiva, de forma a responder à principal ameaça à produção, que é a constante subida das matérias-primas e outros factores de produção.

Durante a feira esteve sempre aberto um espaço de degustação dos produtos do Porco Alentejano, com mais ênfase para os Presun-tos produzidos no Alentejo e para a Carne de Porco Alentejano. Foi realizado mais um

concurso Nacional dos Presuntos do Porco Alentejano, na sua IV edição, com a presença de quatro indústrias a concurso. O primeiro prémio foi atribuído à Barrancarnes S.A. – Casa do Porco Preto, ficando em segundo e terceiro as empresas Miguel e Miguel e Bo-leta Barranquenha, respetivamente.

A VI Exposição de animais e Concurso de Alfeiros enriqueceram a qualidade do evento e garantiram a constante presença dos produtores na Feira. Com 10 criadores a concurso num to-tal de 50 alfeires, a classificação foi a seguinte: 1º Classificado, Herdeiros de Manuel Joaquim Costa, 2º Classificado, Sociedade Agrícola Herdade do Pigeiro Lda. e em 3º Classificado a Sociedade Agrícola Tello Gonçalves Lda.

Como é tradição na Feira da Luz/EXPO-MOR a ANCPA atribui anualmente os pré-mios referentes à montanheira passada sendo os distinguidos para a categoria de Melhor Vara de Montanheira a Fundação Eugénio de Almeida e para a categoria de Melhor Vara de Reposição o criador José Carlos Fialho.

Esteve aberto mais um ano o restaurante do “Porco Alentejano – a melhor carne do mundo”, em parceria com a ANCPA -As-sociação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano, que permitiu ao consumidor aprender ou confirmar o sabor Único da ver-dadeira Carne do Porco Alentejano.

Melhor vara da Montanheira 2011/2012 - Fundação Eugé-nio de Almeida

António Baena, da Barrancarnes recebe medalha de ouro do IV Concurso Nacional de Presuntos

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Empresas

AIM CIALA comemora 15 anosNo passado dia 13 de Julho, a AIM CIALA

celebrou o seu 15º Aniversário na presença de todos os seus colaboradores,

fornecedores, parceiros técnicos (AIM Ibérica - Espanha e AIM Worl-dwide - Holanda), FPAS e entidades oficiais do concelho de Santiago do Cacém.

A celebração decorreu no Monte do Giestal - Casas de Campo & SPA, unidade de turismo rural recentemente inaugurada na localidade da Abela, concelho de Santiago do Cacém.

A AIM CIALA fundada em 2006, tem origem no CIALA, Centro de Inseminação do Litoral Alentejano, projeto do ASLA sa,

o qual foi inaugurado a 12 de Julho de 1997. O

CIALA ini-ciou a ati-vidade na 2ª quin-zena de Outubro de 1997 com 20 varras-c o s , p a r a

fornecimento de doses seminais aos acio-nistas do Agrupamento de Suinicultores do Li-toral Alentejano.

Atualmente, a AIM CIALA dispõe de 250 varrascos distribuídos por 2 Centros de Inse-minação Artificial, com uma capacidade de pro-dução mensal de 45 000 doses seminais.

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62 Suinicultura

Empresas

Danisco Animal Nutrition PO Box 777, Marlborough, Wiltshire, SN8 1XN, United Kingdom Tel +44 (0) 1672 517777 Fax +44 (0) 1672 517778 www.danisco.com/animalnutrition [email protected] ©Danisco (UK) Limited

DuPont Industrial Biosciences

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Sobre DuPont Industrial Biosciences e Danisco Animal Nutrition DuPont Industrial Biosciences trabalha com clientes de uma ampla gama de indústria,s para melhorar os produtos e tornar os processos mais sustentáveis. Através de uma combinação única de capacidades das áreas da agricultura, biotecnologia, química e ciência dos materiais, juntamente com o poder de 2500 pessoas talentosas de todo o mundo, a organização centra-se em proporcionar soluções com base biológica, para satisfazer as necessidades de uma população crescente, enquanto protege o meio ambiente. Danisco Animal Nutrition foi pioneira no desenvolvimento e utilização de enzimas e betaína em nutrição animal. Na actualidade, estes produtos são amplamente utilizados pelos produtores de aves e de suínos, em todo o mundo. A missão da empresa é oferecer soluções inovadoras e sustentáveis que aumentem a eficácia e a segurança da cadeia alimentar de uma forma sensível ao ambiente. Em Maio de 2011, a Dupont adquiriu a Danisco, formando assim um líder mundial em Nutrition & Health and Industrial Biosciences. A Danisco Animal Nutrition está integrada na DuPont Industrial Biosciences.

DuPont Industrial Biosciences

Novo site destinado a ajudaros produtores de suínosa terem rentabilidade

A produção de suínos lucrativa é um desafio cada vez maior, especialmente num ambiente tão volátil quanto sujeito a regulamentação. As três principais áreas a ter em atenção na tentativa de gerir a vo-latilidade dos preços das matérias-primas são: a minimização dos custos da elimina-ção de purinas, a manutenção do bom esta-do de saúde e a uniformidade dos animais. Estas áreas foram identificadas como as mais importantes para melhorar a rentabi-lidade do produtor.

Focada nestas linhas de orientação, um novo site www.pigcompass.com foi desenvolvido pela Danisco Animal Nutri-

tion e no seu lançamento público efectuado no World Park Expo, em Junho de 2012, expôs as questões decorrentes de tais de-

safios, com a finalidade de ajudar os pro-dutores.

Gwendolyn Jones, Responsável Técnico de Suínos para a Danisco Animal Nutrition disse: “a nosso objetivo é ajudar os suini-

cultores a permanecer no rumo da produção rentável e de uma forma sustentável. A ideia para o novo Website nasceu de uma decisão de concentrar os nossos esforços em ofere-cer soluções nutricionais saudáveis para os principais desafios encontrados na indústria suinícola.

A desejo de investigar melhores for-mas de superar os desafios do sector, im-pulsiona os nossos processos de inovação e melhora os serviços que podemos oferecer aos produtores de suínos. “Aceda a www.pigcompass.com para mais informações e inscreva-se para receber notícias e artigos actualizados.

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Empresas

10 a 13 de OutubroAssembleia-Geral OIPORCCancun, México

12 a 15 de OutubroTecnopecuáriaExposalão, Batalha

25 e 26 de OutubroXXXIII Simpósio Anual ANAPORCPavilhão do Conhecimento, Lisboa

12 a 15 de MarçoII Simpósio Internacional sobre gestão de resí-duos agro-pecuários e agro-industriais

São Pedro, SP, Brasil

19 a 22 de MarçoFIMA GanaderaSaragoça, Espanha

24 a 28 de AbrilXXX OvibejaBeja, Portugal

28 a 31 de MaioVII Congresso Mundial do PresuntoOurique, Portugal

31 de Julhoa 2 de AgostoIII Congresso OIPORCXV Seminário Nacional de Desenvolvimentoda SuinoculturaGramado, Brasil

Para mais informações consulte o Calendário de Eventos emwww.suinicultura.com

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Reuniões, Congressos & Seminários

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LONGA CONSERVAÇÃO | | LARGA DURACIÓN | LANGE ZEIT VERDÜNNER | LUNGA CONSERVAZIONE

LONG DURATION LONGUE CONSERVATION

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Próximos Eventos

III Simpósio Internacionalde gestãode resíduosagro-pecuáriose agro-industriais

O Brasil é um dos maiores produtores agropecuá-rios e agroindustriais do mundo e tem nessas ativi-dades um de seus pilares de desenvolvimento. Essa condição traz benefícios sociais e econômicos, mas também desafios ambientais para que esse desenvol-vimento ocorra considerando a sustentabilidade das cadeias produtivas. Portanto, os resíduos gerados de-vem ser gerenciados com base nos produtos do conhe-cimento, garantindo decisões fundamentadas e válidas a longo prazo.

A fim de contribuir para a almejada sustentabi-lidade agropecuária e agroindustrial a Sbera tem o prazer de realizar o III Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroin-dustriais – III Sigera. O III Sigera proporcionará a in-terrelação desses dois elos com a temática ambiental, contribuindo para perpetuação do país como grande produtor de alimentos.

O evento ocorrerá de 12 a 15 de março de 2013 na cidade de São Pedro-SP. Informações podem ser obtidas no endereço http://www.sbera.org.br/sigera2013/. Os Eixos Temáticos do III Sigera serão: tecnologias de tra-tamento de resíduos, uso dos resíduos como fertilizante, impactos dos resíduos nos sistemas água-solo-ar e plan-ta, produção de energia a partir de resíduos e sistemas de gestão de resíduos.

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FIMA Ganadera Saragoça

Información/InformationFeria de Zaragoza

Autovía A-2, km. 311, E-50012 ZARAGOZA (España)Tel.: (+34) 976 764 700 | Fax: (+34) 976 330 649

www.figan.es

Asociaciones Colaboradoras:

19-22 / 03 / 2013Zaragoza

Estadísticas 2011ExhibitorsExposantsAusstellerEspositori

Expositores

VisitorsVisiteursBesucherVisitatori

Visitantes

SurfaceSurfaceGrundflächeSuperficie

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833 58.946 74.900 m2

Feria Internacional para la Producción AnimalInternational Animal Production Show

Internationale Ausstellung fur Tierzucht und-haltungSalon International de l´Elevage

Salone Internazionale per la Produzione Animalewww.figan.es

SpanishEspagnolsSpanierSpagnoli

Españoles

ForeignersÉtrangersAusländerStranieri

Extranjeros

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A city with much to offer and well-connected by road, rail and air

Zaragoza is a medium-sized, modern, dynamic, welcoming city with much to offer in the fields of cultures, entertain-ment, leisure activities and shopping: with important monuments in different styles, museums, theatres, restaurants with all type of specialities, new shop-ping centres, lively night spots and a complete network of hotels of all cate-gories.

A privileged locationPositioned at the center of the most dy-namic axes of development in Spain, it has excellent air, motorway and rail con-nections, including the AVE (high speed train).

Una ciudad llena de atractivos y buenas comunicaciones

Zaragoza es una ciudad moderna de ta-maño medio, dinámica y acogedora, con una oferta de grandes atractivos para sus vistantes, tanto en el ámbito cultural como en el de diversión, ocio y compras: importantes monumentos de diferentes estilos, museos, teatros, restaurantes de todas las especialidades, novedosos nú-cleos comerciales, animadas zonas de copas y una completa red de hoteles de todas las categorías.

Una situación privilegiadaUbicada en el centro de los ejes de ma-yor desarrollo de España, cuenta con unas comunicaciones privilegiadas por via aérea, red de autopistas y ferrocarril, incluido el tren de alta velocidad AVE.

Une ville pleine d´attraits offrant de bonnes communications

Zaragoza est une ville moderne, de mo-yenne dimension, dynamique et accuei-llante avec une offre attractive pour les visiteurs dans le domaine culturel ain-si que celui de la diversion, des loisirs, des achats; importants monuments de différents styles, musées, théâtres, res-taurants de toutes les spécialités, cen-tres commerciaux nouveaux, quartiers animés où prende un verre le soir et un réseau complet d´hôtels de toutes les catégories.

Una situation privilégiéeSituée au centre des axes principaux de plus grand développement d´Espagne, elle possède des communications pri-vilégiées par voie aérienne, par réseau ferroviaire comprennant le Train Grand Vitesse AVE.

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Notícias FPAS

ACTIVIDADES FPAS – 3º Trimestre 2012Julho

02 – Reunião INIAV/ACPA – Ourique 02 – Visita à Montaraz – Garvão 02 – Visita ao Matadouro do Litoral Alentejano (MLA)10 – Reunião preparatório das Jornadas Técnicas da Feira do

Montijo11 – Reunião com empresa “Francisco Barrueco”, de Espanha

- Sede – Lisboa11 – Reunião de Direcção – Sede – Lisboa 13 – Reunião “Plataforma Peço Português, Apifarma, Lisboa13 – Comemoração dos 15 anos do AIMCIALA – Santiago do

Cacém25 – Reunião de Direcção – Sede Lisboa26 – Reunião preparatória XXXIII Simposio Anaporc - Lisboa

Agosto02 – Reunião de Direcção – Sede – Lisboa30 – Presença na Feira da Luz a convite da ANCPA - Mon-

temor-o-Novo

Setembro

05 – Reunião de Direcção - Sede, Lisboa07 – Reunião “Plataforma Peço Português, Apifarma, Lisboa13 – Reunião APIC/IACA/FPAS – Preparação cerimónia Inter-

profesional18 – Reunião Junta Directiva Oiporc – via Skype19 – Reunião de Direcção - Sede, Lisboa20/23 – Feira Nacional do Porco – Montijo 21– Assinatura do Protocolo de Entendimentoentre APIC/

IACA/FPAS21 – Jornadas Técnicas Feira do Montijo21 – Lançamento da Brochura “Bem estar animal - Montijo26 – Reunião preparatória XXXIII Simposio Anaporc - Lisboa28 – Reunião Grupo de Trabalho SIMREAP – DGADR -

Lisboa

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