Revista Sindipi Nº 13

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Revista Sindipi Nº 13 - Referente aos meses Janeiro e Fevereiro de 2006.

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Índice

EDITORIAL 4

ENTREVISTA: Evaldo Kowalsky 6

DENÚNCIA:Senador Mozarildo Cavalcanti 10

MEIO AMBIENTE: Instrução Normativa Nº 5 12

EMPRESA QUE FAZ: FEMEPE 14

REFORMA SINDICAL: Futuro incerto 16

HOMENAGEM: Antônio Carlos Momm 22

DIÁLOGO: Armadores discutem futuro 24

PESQUISA: Substâncias nocivas no salmão 26

O TEMPO: Ciclone extratropical 28

SAPERJ: Terminal pesqueiro não sai do papel 30

ATUALIZE-SE: Recadastramento de sindicatos 32

A ARTE DE Marcello Sokal 34

REIVINDICAÇÃO: Indústrias se unem 36

ARTE E CULTURA: A poesia de Alencar Cabral 37

CONSUMO: Altos juros prejudicam vendas 38

SAÚDE: Ômega-3 no atum 40

CULINÁRIA: Charuto (sardinha) 42Capa: Pedro Japiassu / Foto: Marcello Sokal

REVISTA SINDIPI A REVISTA SINDIPI é uma publicação do SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DA PESCA DE ITAJAÍ E REGIÃO

Diretoria do SINDIPI: Antônio Carlos Momm (presidente), Dario Vitali (vice-presidente), João Manoel da Silva (tesoureiro) – Departamento Jurídico: Marcus Vinícius Mendes Mugnaini (OAB/SC 15.939) – Departamento Comercial: João Manoel da Silva – Sede: Rua Pedro Ferreira, 102, Centro, Itajaí, Santa Catarina – CEP: 88301-030 – [email protected] – Fone: (47) 348-1083 – Envie suas cartas para: [email protected] Coordenação editorial: Antônio Carlos Momm. Produção: GRUPO ALPHA SUL COMUNICAÇÃO: Jornalista responsável: Daniela Maia (SC.01259-JP); Projeto gráfico e diagramação: Gerson Reis; Coordenação gráfica: Peu Japiassu; Reportagens: Rogério Pinheiro; Fotos: João Souza e Marcello Sokal; Revisão: Neusa Japiassu; Impressão: Gráfica Coan – Tubarão, SC – www.coan.com.br – Tiragem desta edição: 5.000 exemplares – Circulação: setor pesqueiro nacional

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Editorial F

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A partir desta edição

temos muitas novidades.

A REVISTA SINDIPI

passou por uma

reformulação e retoma sua

periodicidade.

Uma nova equipe traz

dinamismo, novas idéias e

reforça o nosso objetivo de

ser “A Tribuna dos associados do SINDIPI, dos

armadores, empresários da pesca e todas as pessoas

ligadas ao setor pesqueiro, integrando-se ao

cotidiano político e cultural”.

Confira as novidades com a editora.

Antônio Carlos Momm, presidente

* * *

Estamos com muita garra e com a certeza de

que vocês vão compartilhar as mudanças: um novo

perfil, seguindo nova linha editorial e reformulação

gráfica. A Revista agora é elaborada por

profissionais do Grupo Alpha Sul Comunicação:

jornalistas, repórteres, publicitários e artistas

gráficos, empenhados nesse novo desafio.

Para esta edição, confira as matérias: a Reforma

Sindical, que traz assuntos que envolvem diretamente

os empresários e empregados. Na sessão Entrevista,

conversamos com um dos ícones da pesca industrial, o

empresário Evaldo Kowalsky. Uma reportagem com o

diretor do Cepsul, Luís Fernando Rodrigues, que fala

da polêmica Instrução Normativa nº 5 do MMA.

Matérias que apontam a falta de incentivo para as

Indústrias. A divulgação de uma pesquisa que constata

as ações benéficas do atum para as mulheres grávidas.

A sessão A arte de, com o fotógrafo Marcello Sokal. Na

sessão Empresa que faz, uma matéria sobre o

lançamento do produto Alu-lata da Femepe, além da

sessão Culinária, artigos, reivindicações do setor

pesqueiro e muito mais. Escreva para a sessão Cartas,

um novo canal de comunicação, onde estaremos

recebendo sugestões ou críticas, no endereço:

[email protected].

Boa leitura e até a próxima.

Daniela Maia, editora

4 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 4: Revista Sindipi Nº 13

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 5

Page 5: Revista Sindipi Nº 13

Entrevista: EVALDO KOWALSKY

Daniela Maia

Uma herança que não tem preço e marca a história do pescado em Santa Catarina. “Uma empresa familiar”, expressão dita com orgulho pelo sócio-gerente EVALDO KOWALSKY, que administra a empresa, juntamente com seu irmão, o subgerente, José Francisco Kowalsky.

A dedicação ao trabalho, o espírito empreendedor, a humildade e a sabedoria, são características dos irmãos Kowalsky, herdadas do pai, o fundador da empresa, David Kowalsky, pescador-armador que se tornou um empresário reconhecido e respeitado no ramo da pesca.

Considerados arrojados, a empresa familiar adquiriu em 1988, a embarcação Vô David, o primeiro barco no Brasil para pesca

A empresa Comércio e Indústria de Pescados Kowalsky Ltda, fundada em 1960, completa 45 anos. São décadas de aprendizado, lições passadas de pai para filho

Empreendedor da pesca

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6 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 6: Revista Sindipi Nº 13

portando ovos de tainha) e Japão. SINDIPI – Qual é o carro-chefe da

empresa?

Kowalsky – É o atum skipjack ske-

ap. 60% da produção é exportada. A empresa também trabalha há dois anos com o peixe-sapo, “a nossa la-gosta brasileira”. Esse peixe é vendi-do fresco e congelado, sem cabeça e sem víscera e 95% é exportado para os EUA, Itália e Espanha. A nossa embarcação Monk Fish, que

captura o peixe-sapo, é um barco-fá-brica (captura, processa, embala, congela; o produto sai acabado). A novidade é que nesta captura também estamos trazendo o caranguejo, que vem como fauna acompanhante.

Temos a embarcação Long Line/ Es-pinhel, denominada Kopesca I, uma recente aquisição da empresa. Este já é o sexto barco da modalidade de pesca Espinhel. Um barco que levou cinco anos para ser construído e custa em média um milhão e meio de reais. Esta embar-cação, com 28 metros e capacidade para 40 toneladas de pescados con-gelados a bordo, está exportando pei-xe fresco para os Estados Unidos. A

primeira viagem foi realizada no dia 24 de julho deste ano. A Kopesca I tem autonomia para trinta dias no mar e pesca cação, meca, atum e outros peixes de grande porte, que pe-sam em média 100 a 200 kg.

SINDIPI – Para incrementar

esse mercado, o senhor

acredita que falta uma política

industrial brasileira?

Kowalsky – O governo esque-ceu dos exportadores. Estamos

à espera do incentivo da equipara-ção do óleo diesel que ainda não foi repassado. Temos um crédito peran-te o governo. Nós recebemos uma parcela desta subvenção só em 2005 e ainda temos uma parcela de 2004

oceânica. Um barco de 38 metros com capacidade para 200 toneladas que continua pescando no mar.

Em entrevista à equipe da REVISTA SINDIPI, Evaldo Kowalsky, se mostrou um empresário transparente e dividiu conosco opiniões sobre o setor e a experiência profissional.

SINDIPI – Qual o potencial da

Kowalsky?

Kowalsky – Atualmente a so-ciedade conta com uma frota pesqueira com treze embarca-ções e 10 caminhões. A empre-sa tem unidades frigoríficas de transporte rodoviário voltadas para o escoamento da produ-ção, e um potencial frigorífico de sete mil toneladas de capa-cidade de manipulação e indus-trialização, inclusive fábrica de gelo, com uma produção de 50 to-neladas/dia. A empresa captura cer-ca de oito mil toneladas de pescado ao ano. Nós exportamos para o Mer-cosul, Estados Unidos, Europa, Mer-cado Asiático, Coréia, Tailândia (ex-

“O governo esqueceu dos exportadores.

Estamos à espera do incentivo da

equiparação do óleo diesel que ainda não

foi repassado.”

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 7

Page 7: Revista Sindipi Nº 13

para receber. Quando o governo en-trou tínhamos o óleo diesel de 280 dólares por tonelada. Hoje custa mais de 600 dólares a tonelada de óleo. E, na pesca, o óleo diesel representa mais de 50% da atividade. O óleo diesel é a alavanca da pescaria.

SINDIPI – Para reverter este

quadro, qual política que o

Brasil deveria implantar?

Kowalsky – Eu acompanhei o Ministro José Fritsch, da Se-cretaria Especial de Aqüicultu-ra e Pesca da Presidência da República, na Espanha, e vi-mos como eles fazem para re-novar a frota pesqueira. E esse é o projeto do governo brasi-leiro, o Profrota, que seria a re-novação da frota. Isso já faz dois anos e meio e ainda não saiu nenhum barco por esse Profrota. Ainda não está de-cidido o custo desse dinheiro. Eles estão querendo mais do que o pró-prio barco como garantia.

SINDIPI – Muita burocracia?

Kowalsky – É muita burocracia, muito difícil. Fritsch viu que o di-

nheiro na Europa custa 3,5% ao ano, 40% é a fundo perdido do go-verno. Hoje a Espanha tem a mai-or frota pesqueira do mundo. Já su-perou o Japão. Tem barcos de duas,

três mil toneladas que capturam o atum. E hoje nós estamos aí, ainda pescando nas nossas canoas.

SINDIPI – O Brasil comporta uma

alta produção pesqueira?

Kowalsky – Não temos uma estru-tura em terra. Nós temos que moder-

nizar nosso sistema de congelamen-to, investir mais, faltam câmaras fri-goríficas. E o dinheiro que temos para isso é financiamento a juros altíssi-mos. O que se faz no país é cobrar o

juro daquele que produz e co-brar imposto. Ainda temos que reduzir preço, competir. E além de competir com as empresas nacionais ainda temos de com-petir agora com as empresas ar-gentinas e uruguaias que estão entrando com o pescado aqui mais barato que o nosso, moti-vados pelo câmbio.

SINDIPI – Acredita que com as

ações da Secretaria da Pesca

(Seap), ainda há perspectiva

de melhora para o setor?

Kowalsky – Essa foi a nossa esperança quando o governo Lula implantou a secretaria da Pesca. Pelo menos nós íamos

ter alguém para olhar por nós. Só que simplesmente ficamos com o endereço da secretaria da Pesca. Só temos um endereço em Brasília. Só que esta secretaria de Pesca não tem participação no orçamento do governo, não tem verba. Se ela (Seap) se transformasse em um Mi-

Entrevista: EVALDO KOWALSKY

“Temos que modernizar nosso sistema de

congelamento, investir mais, faltam câmaras

frigoríficas. E o dinheiro que temos

para isso é financiamento a juros altíssimos. O que se faz no país é cobrar o juro daquele que produz

e cobrar imposto.”

8 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 20058 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 8: Revista Sindipi Nº 13

nistério da pesca com mais capaci- juros e impostos, tem certos entraves viva, eu acho que nós temos que pre-dade junto ao governo, que fizesse de alguns ambientalistas. Como em servar a área ecológica. As pesqui-parte de um orçamento para inves- torno da reserva ecológica do Arvo- sas devem ser direcionadas a todos, timentos, seria bem melhor. redo, foi um ato político no final do porque se ninguém pescar ali, nós va-Sabemos que temos um potencial governo Sarney. Não foi consultado mos ter mais peixe fora dali. Quan-de oito mil e quinhentos qui- do o peixe passar para a sua lômetros de costa. Só que nós fase adulta, ele vai sair da área não sabemos o que temos. “Essa foi a nossa ecológica. A área ecológica é Não temos pesquisa e faltam realmente uma área de repro-incentivos. esperança quando o dução. Se fosse preservado por

governo Lula implantou a todos, seria bom pra todos. SINDIPI – A Kowalsky captura

Secretaria da Pesca.tanto o atum, quanto a SINDIPI – A empresa investe

sardinha. Como o senhor Pelo menos nós íamos ter em ações sociais?

analisa esta situação? alguém para olhar por Kowalsky – Nós fomos a pri-Kowalsky – Se nós administra- meira empresa a trazer o lixo mos bem a pesca da sardinha nós. Só que simplesmente de bordo para terra. Temos nós vamos pescar atum e sardi- ficamos com o endereço da também um convênio com nha a vida toda e não vai faltar projeto Tamar, da tartaruga. sardinha. Se nós tivermos dois secretaria da Pesca.” defesos e preservar os dois, nós SINDIPI – Para os pequenos

vamos ter um estoque de sardi- empresários que almejam

nha no mar que vai ter condições de o setor produtivo e é direcionado so- crescer no ramo da pesca, há

nos fornecer a isca para os atuneiros mente aos barcos atuneiros pratica- algum segredo?

e pescar para o comércio industrial. mente. Porque ali tem pesca de mer- Kowalsky – O segredo é não ter se-É só questão de administrar o poten- gulho, a pesca artesanal de arrasto, gredo. Hoje é mais negócio ser pe-cial que temos no mar. que é a mais predatória. Além das queno do que ser grande. Os peque-

reservas ecológicas, existem as secre- nos hoje que trabalham junto com a SINDIPI – Qual a sua avaliação tarias de meio ambiente de alguns família, tem condições de crescer. sobre a proibição da pesca em municípios que querem ser superio- Desde que trabalhe com seriedade, algumas áreas? res à Lei Federal. Se nós temos uma que é o principal, e sempre preser-Kowalsky – Além do pagamento de licença de pesca para pescar com isca vando a qualidade do produto.

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 9AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 9

Page 9: Revista Sindipi Nº 13

Mozarildo Calvacanti no Senado

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ULGAÇÃO

Denúncia

“Amazônia é uma espécie de zoológico”

O senador Mozarildo Cavalcanti

(PTB) de Roraima, mais conhecido

como “O Senador da Amazônia”,

alerta sobre interesses políticos e o

descaso com a Amazônia

Na avaliação do “Esses países que falam tanto

Senador, a cada dia que passa, por em proteger a Amazônia não

um detalhe ou por outro, protegeram suas florestas, seu

brasileiros, que têm o dever de meio ambiente. Apenas foram em

defender a Amazônia, estão busca do desenvolvimento e,

colaborando para que a área fique hoje, mandam no mundo,

disponível para ser ocupada fazendo exatamente o contrário

futuramente ou, como diz Pascal do que querem nos impor”, diz.

Lamy, ex-dirigente da União O Senador cita uma frase do

Européia, “para ser administrada Programa de Governo do

por um consórcio de países ricos, Presidente Luis Inácio Lula da

porque nós, brasileiros, não Silva: “Todo mundo sabe o que

sabemos cuidar dela”. não se pode fazer na Amazônia,

10 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 10: Revista Sindipi Nº 13

mas o que é que se pode fazer minerais de terceira geração, na reserva, consorciados com os

naquela região?” estratégicos. Portanto, os países índios, e exploravam os

Na opinião do parlamentar, que dominam o mundo não têm diamantes, que eram divididos

qualquer coisa que se pretende interesse que o Brasil explore a entre os índios e os garimpeiros.

fazer no desenvolvimento da região. Os países ricos não E todo esse diamante era vendido

Amazônia esbarra nas questões querem que o Brasil seja rico”, para quem? Para contrabandistas

ambiental, ecológica e indígena. argumenta. que levavam para fora do Brasil,

“Será que não há uma que não recebia sequer um tostão

inteligência brasileira capaz de de imposto”, conta. “Os países queformular um plano efetivo de Segundo Cavalcanti, há

ocupação para o dominam o mundo projetos aprovados no Senado

desenvolvimento da Amazônia não têm interesse que estão na Câmara dos

de maneira racional”, indaga o Deputados há décadas e que não

Senador. E completa: “Essa que o Brasil explore são aprovados naquela Casa, não

imposição e esse radicalismo a região” são regulamentados. “Por quê?

ecológico chegaram a tal ponto, Porque os países ricos não deixam.

que todas as cédulas de real Nós, brasileiros, precisamos de

estampam bichos; não há um No seu discurso, o Senador mais dinheiro, e apenas com as

vulto histórico. Portanto, entra citou a Reserva Roosevelt. “Nessa riquezas minerais da Amazônia

governo e sai governo, e a reserva indígena – segundo ele – pagaríamos a dívida externa e

Amazônia é vista apenas como existe uma mina de diamantes faríamos programas sociais mais

uma espécie de zoológico que que, de acordo com especialistas, avançados”, alerta. “Estou entre

tem de ser preservado”, desabafa. pode ser a maior e a de melhor aqueles que defendem um

Outro ponto levantado pelo qualidade do mundo.” Cavalcanti desenvolvimento inteligente,

Senador é em relação às áreas disse que durante vários anos, o racional, mas não posso aplaudir

indígenas. “Mais de 50% da área diamante daquela região foi essa política de engessamento e

do meu Estado são ocupadas por explorado e contrabandeado, e de retrocesso em relação à minha

reservas indígenas, que, nada se fez. O Senador conta que região”, conclui.

coincidentemente, detêm as houve o massacre de 29

reservas minerais existentes. E garimpeiros que estavam dentro As afirmações do senador Mozarildo

não há apenas ouro e diamante, da reserva, autorizados pelos Cavalcanti foram pronunciadas no há nióbio, titânio, urânio, índios. “Os garimpeiros entravam Senado, em Brasília.

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 11

Page 11: Revista Sindipi Nº 13

Meio ambiente

Setor pesqueiro aindasem respostas

Diretor do Cepsul afirma que a Instrução Normativa

Nº 5 do Ministério do Meio Ambiente está valendo edecisão de Fritsch não é reconhecida

Rogério Pinheiro

Quando foi lançada no

dia 21 de maio de 2004, a

Instrução Normativa Nº 5 (IN5), do

Ministério do Meio Ambiente

(MMA), teve efeito “bomba” no

setor pesqueiro nacional. O

documento assinado pela ministra

Marina Silva proibia a captura de

384 espécies de animais marinhos,

em todo o litoral brasileiro. A

reação do setor foi rápida. Em julho

do mesmo ano, pescadores,

industriais e armadores saíram às

ruas para protestar contra a medida

que pode paralisar cerca de 99%

da produção pesqueira.

Após as manifestações, o

ministro José Fritsch, da Secretaria

de Aqüicultura e Pesca (Seap),

suspendeu a medida que não foi

reconhecida. O diretor do Centro

de Pesquisa e Gestão de Recursos

Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul

(Cepsul), em Itajaí, SC, Luís

Fernando Rodrigues, explicou que,

apesar do anúncio feito por

Fritsch, a lei continua valendo

e por conseqüência de

pressões políticas o Ibama

virou o vilão da história. “Nós

não somos contra a atividade

produtiva, ao contrário, nós temos

os mesmos interesses que a

atividade produtiva tem, de

recuperar os estoques, o que é bom

para todo mundo, é bom para o

meio ambiente, é bom para quem

vive daquilo”, defende Rodrigues.

Nessa ciranda foi criado um

grupo de trabalho formado

pelo MMA, Ibama, Seap e

Organizações Não

Governamentais (Ong's) para

tentar solucionar esse impasse.

O setor produtivo pesqueiro foi

deixado de lado nas discussões.

Hoje, quem vive da pesca está

sem respostas. Afinal, se a suspensão

anunciada pelo Ministro não está

valendo, qual é a explicação para o

setor, e principalmente, quem

responde pelas normas publicadas na

Instrução?

O SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DA

12 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 12: Revista Sindipi Nº 13

PESCA DE ITAJAÍ E REGIÃO (SINDIPI),

aguarda uma resposta da ministra do

Meio Ambiente, Marina Silva, desde

julho de 2003, quando protocolou e

encaminhou um documento,

contendo diversas indagações, entre

elas, quais critérios utilizados para

determinar as espécies ameaçadas.

Esse documento contou com a

participação de sindicatos,

empregadores e trabalhadores do

setor pesqueiro dos estados do Pará,

Pernambuco, Espírito Santo, Rio de

Janeiro e São Paulo.

Como se passaram mais de doze

meses e o Sindicato não obteve

resposta, a reportagem da REVISTA

SINDIPI entrou em contato com o

MMA e encaminhou os mesmos

questionamentos sobre a IN5.

Segundo a assessoria de imprensa

do MMA, a Ministra não irá

responder as perguntas. Como

justificativa, a assessoria alegou que

a competência técnica para

responder cabe ao Ibama.

Através do Cepsul, o Ibama

informou que não teve nenhuma

participação na elaboração da lista de

espécies ameaçadas. “O órgão

governamental, que é subordinado

ao Ministério do Meio Ambiente,

apenas tomou conhecimento da IN5,

depois que a lista ficou pronta”, disse

o diretor do Cepsul. “Aqui nós temos

pessoas especialistas em tubarão, na

época, essas pessoas não foram

consultadas” exemplifica. O diretor

lembra ainda que, assim que o Ibama

ficou ciente da proposta, conseguiu a

tempo modificar a lei, criando dois

anexos: um que proíbe a pesca, e

outro que segue ordenamento

pesqueiro. “Nós ficamos durante um

ano argumentando essas questões,

que não era possível simplesmente

proibir as espécies, porque isso

tornaria inviável, inclusive ficaria uma

situação complicada para a

fiscalização”, destaca.

Mas a ciranda continua...

O Ibama jogou a

responsabilidade para a ONG

Biodiversitas, de Minas Gerais, que

teria sido contratada pelo MMA

para realizar um estudo sobre a

Conservação da Diversidade

Biológica.

Além da Biodiversitas, o MMA

também teria contado com apoio

da Sociedade Brasileira de

Zoologia e da Conservation

International. Na área do peixe, o

projeto vencedor foi do Instituto Ibá

de Desenvolvimento Ambiental e

Social, Iideas, da Universidade

Federal da Bahia, que coordenou a

criação da listagem de animais

marinhos, junto com outras

universidades e institutos de

pesquisas.

Na avaliação do diretor do

Cepsul, do jeito que está a IN5, não

há a menor chance de ser posta em

prática. “A grande questão é

regulamentar de outra forma a

pesca de arrasto. Nós não somos

contra a IN5, a lei até tem valor

como instrumento de proteção dos

recursos pesqueiros, só que tem

que ser reformulada de uma forma

que possa ser aplicada. Não

adianta ter uma lista de espécies

ameaçadas e você não pode aplicar

a lei. A pesca é legal e a caça não”,

opina Luís Fernando Rodrigues.

Segundo o Diretor, “a lei está

em vigor e a fiscalização está

sendo feita. Se eu vir alguém

pescando alguma espécie da

lista, minha obrigação é

autuar, o Ibama tem que

cumprir a lei, mudem a lei que

nós faremos diferente”, conclui. Nesta ciranda, o setor

pesqueiro, uma das grandes alavancas da economia nacional, é o mais prejudicado e ainda aguarda respostas.

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 13

Page 13: Revista Sindipi Nº 13

Empresa que faz

A nova embalagem do atum

Pescador, batizada de Alu-lata,

deve promover uma revolução na

Complexo industrial com área total de

30.000 m2

Vale mais do que pesaVale mais do que pesa

indústria nacional de alimentos, um produto mais leve e

100% reciclável

Após três anos de pesquisa em embalagem de alumínio do latas de refrigerantes e cervejas no e desenvolvimento junto à Novelis, Brasil. As duas empresas dividiram início dos anos 90, o alumínio maior produtora mundial de um investimento de cerca de R$ 2 deverá substituir gradativamente o alumínio, a Indústria de Pescados de milhões para desenvolver a nova aço na produção de embalagens de Navegantes (Femepe), SC, lança no embalagem – batizada de “Alu-lata”. diversos segmentos alimentícios. mercado, o primeiro alimento sólido Assim como ocorreu com as A Alu-lata chega ao mercado

14 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 14: Revista Sindipi Nº 13

confeccionava os flanders – será capaz de produzir 2 milhões de embalagens de alumínio por mês, trabalhando em turnos de 8 horas diárias.

As latas de atum A Femepe alcançou um faturamento de

terão tampas com o R$ 88 milhões em 2004, no comércio de atuns e sardinhas em conserva.

em setembro, com lançamento do atum ao natural em pedaços, da marca Pescador e também nas versões de atum sólido e ralado, com 170 gramas e um novo rótulo prateado, que inclui receitas culinárias. Os três produtos marcam um significativo avanço tecnológico no mercado de embalagens de alimentos no Brasil – o segmento de “pet-food” deve ser o próximo a aderir à Alu-lata.

As principais vantagens em relação às tradicionais latas de aço (flanders) é que o alumínio não oxida, nem enferruja, não altera o sabor do pescado ao longo do tempo, preservando suas propriedades naturais, podendo ser colocado diretamente na geladeira ou no forno.

O maior desafio no desenvolvimento da Alu-lata foi a criação de uma lâmina de alumínio com boa resistência. O alumínio é, em média, três vezes mais leve que o aço, além de ser um produto reciclável que ajuda a preservar o meio-ambiente.

A Femepe Metalgráfica – empresa que já

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prático sistema “abre-fácil”, que dispensa abridor. Elas possuem uma “dobra de segurança” que deixa as pontas arredondadas e protege o consumidor de possíveis cortes.

O investimento de R$ 5 milhões em maquinário importado irá garantir que, dentro de um ano,

100% da produção da Femepe seja armazenada em latas de alumínio, estendo-se, assim, para todas as linhas de 32 produtos da empresa, que detém as marcas, Pescador, Alcyon e Navegantes.

A empresa está se capacitando para alcançar uma produção

mensal de 30 milhões de embalagens em três tamanhos. Com isto, a Femepe abre a possibilidade de comercializar embalagens para outros segmentos do mercado nacional e internacional, já que utilizará apenas 30% de sua capacidade de fabricação para suprir suas linhas de produtos.

A Empresa emprega 1200 funcionários diretos e gera mais 6.000 empregos indiretos

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 15

Page 15: Revista Sindipi Nº 13

Reforma Sindical

O futuro da reforma sindical

ainda gerapolêmica

16 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 16: Revista Sindipi Nº 13

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A extinção da

unicidade sindical é

um dos temas mais

controversos da

reforma.

O assessor jurídico

do SINDIPI, Marcus

Mugnaini, relata

que este ponto da

reforma, além de

confuso e de

constitucionalidade

duvidosa, contraria

o princípio da

liberdade sindical

Na mesma situação das reformas política, tributária e trabalhista, a reforma sindical ainda espera para ser votada no Congresso Nacional. Com a crise política, que o país enfrenta, o futuro da reforma é incerto. O próprio presidente da Câmara dos

Deputados, Severino Cavalcanti, em nota a imprensa, descarta a possibilidade da reforma sindical ser votada este ano. Segundo Severino, as reformas política e tributária deverão ser votadas antes, pois são prioridades. O ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Ministro do Trabalho Luiz Marinho, em discurso de posse em julho, se comprometeu a retomar o debate da proposta da reforma sindical ainda este ano no Congresso Nacional. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho, mesmo com os recentes acontecimentos políticos no país, a proposta do Ministro é continuar dialogando com os deputados para que a Reforma Sindical entre o mais rápido em votação.

Entre os pontos mais polêmicos estão o fim do imposto sindical, a unicidade e o fortalecimento das centrais sindicais.

A nova lei prevê o livre direito de filiação, desligamento, permanência e participação nas entidades sindicais. Também assegura o direito de as entidades sindicais elegerem seus representantes, organizar sua

administração, formular seu programa de ação, filiar-se a entidades internacionais e elaborar seus estatutos segundo princípios democráticos, que assegurem a ampla participação dos representados. Além disso, coíbe qualquer tipo de ingerência política, financeira ou administrativa, que dificulte a atividade sindical autônoma de trabalhadores e de empregadores. Ela ainda protege contra despedida arbitrária e transferência unilateral de dirigentes de centrais sindicais, confederações, federações e sindicatos.

UNICIDADE SINDICAL, UM

DOS PONTOS MAIS POLÊMICOS

DA REFORMA

A unicidade sindical (permissão para que haja apenas um sindicato por categoria em uma determinada região) é dos pontos mais controversos da reforma. Prova disso são as inúmeras manifestações, tanto de sindicatos patronais, quanto de trabalhadores. Segundo o presidente do SINDICATODAS INDÚSTRIAS DA PESCA DE ITAJAÍ EREGIÃO (SINDIPI), Antônio Carlos

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 17

Page 17: Revista Sindipi Nº 13

Reforma Sindical

Momm, esse ponto da Reforma

Sindical é um meio do governo

enfraquecer e trazer desordem à

sociedade organizada. Para o

presidente, é injustificável afirmar

que para ter representatividade é

preciso criar novos sindicatos.

“Como sindicalista, posso afirmar

que a extinção da unicidade

acarretaria em prejuízo a todos os

setores envolvidos, é o mesmo que

dividir forças da sociedade civil

organizada, indo ao desencontro

da nossa filosofia sindical, da união

de classe”, alerta.

Na prática, o atual projeto

extingue a unicidade sindical, já

que permite a coexistência de

vários sindicatos na mesma base

territorial. Na redação atual, os

sindicatos, para se constituírem,

devem apresentar um percentual de

sindicalização mínimo de 20% ou

se filiarem a uma Central (que

passa a ser reconhecida como

entidade sindical), Confederação

ou Federação que possua o nível

de sindicalização mínimo de 22%

dos trabalhadores da base.

O projeto possibilita a

manutenção da exclusividade da

representação sindical pelos

sindicatos existentes até a data de

promulgação da Emenda

Constitucional, desde que

demonstrem terem o nível de

sindicalização exigido por lei. Não

demonstrado o nível de

sindicalização mínimo, o sindicato

perde a exclusividade de

representação, criando-se a

pluralidade sindical naquela base

sindical. O Ministério

do Trabalho, a

pretexto de induzir

uma agregação por

ramo de produção,

passa a ter poderes

inéditos para, ouvido

um Conselho

Consultivo, formado

por representantes

sindicais, extinguir,

fundir ou dividir

bases de

representação

sindical. Segundo o assessor jurídico

do SINDIPI, Marcus Vinícius Mendes

Mugnaini, na negociação coletiva,

existindo vários sindicatos de

trabalhadores na mesma base

territorial, qualquer sindicato pode

celebrar acordo, em nome de

associados ou não associados. Na

prática, isso significa que será o

empregador quem poderá escolher

com que sindicato de trabalhadores

pretende celebrar o convênio

coletivo, aplicável a todos os

trabalhadores da base. “O projeto,

como se vê, além de confuso e de

constitucionalidade duvidosa (já que

permite uma intervenção excessiva

do Estado, contrariando o princípio

da liberdade sindical), importa em

claro debilitamento doDIVULGAÇÃO

poder dos sindicatos”,

alerta.

De acordo com o

coordenador da FNT

André de Oliveira Bucar,

a unicidade é uma

forma criada para que

um sindicato se perpetue

na sua área de atuação.

“Essa foi a maneira

encontrada para

possibilitar um consenso

que abrisse caminho

para dinamizar o movimento sindical

e ampliar a sua representatividade. A

diferença é que a unicidade sindical é

obrigatória, aplica-se a todo o sistema

confederativo, não exige

comprovação de representatividade e

tem caráter vitalício”, explica. O

coordenador disse ainda, que a

exclusividade de representação será

opcional e vai valer apenas para o

Marcus Vinícius Mendes

Mugnaini

18 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 18: Revista Sindipi Nº 13

sindicato com registro no Ministério

do Trabalho e até a promulgação da

nova lei, que estará sujeita a

confirmação e poderá ser perdida, se

houver contestação de

representatividade, e o Sindicato

questionado não conseguir

comprová-la junto à Comissão

Nacional de Direito e Relações do

Trabalho (CNDRT).

Para o Assessor Jurídico do

SINDIPI, a unidade sindical é um

valor imprescindível, e que qualquer

reformulação da estrutura sindical

deveria ter em conta que a unidade

organizativa, mais que uma

possibilidade, é uma meta a ser

buscada pelo conjunto do

movimento sindical. “Esperar-se-ia

que, mesmo os mais intransigentes

defensores do modelo pluralista,

reconhecessem o valor da união dos

trabalhadores em suas reivindicações.

Portanto, do ponto de vista dos

trabalhadores, certamente não

interessam propostas (sejam

unitaristas ou pluralistas) que

importassem em insuperável cisão da

unidade sindical, nem que

inviabilizassem a unificação pela

base”, destaca.

O Presidente do SINDIPI reforça

que os sindicatos que se encontram

imobilizados, tem pela frente o

caminho democrático, as eleições, no

qual novos diretores assumem. “Não

é com a quebra da unicidade que se

resolve, pelo contrário, poderia

perpetuar a desorganização e o

enfraquecimento das lutas de classe”,

ressalta Antônio Momm.

O FIM DO IMPOSTO SINDICAL

O Imposto Sindical e as

contribuições confederativas e

assistenciais serão extintas com a

reforma sindical. Segundo a nova lei,

a contribuição sindical obrigatória, o

chamado imposto sindical, será

abolido gradualmente, com regras e

prazos diferenciados para as

entidades sindicais de trabalhadores e

de empregadores. O período da

extinção vai ser de cinco anos. Nos

dois primeiros anos, o imposto

sindical continuará a ser recolhido

integralmente, conforme as tabelas de

arrecadação. A partir daí, haverá a

redução gradual para 75% no

terceiro ano, 55% no quarto ano e

35% no quinto.

Com o fim dos impostos, a

sustentação financeira dos sindicatos

virá da contribuição associativa e na

contribuição de negociação coletiva,

além de eventuais frutos de

rendimentos de seu patrimônio,

doações, multas e outras rendas. O

presidente do SINDIPI, Antônio Carlos

Momm, destaca que este é um dos

pontos importantes a favor do fim do

Imposto Sindical. Segundo o

sindicalista, para o sindicato

sobreviver é preciso encontrar

alternativas, ter prestação de serviço.

“Acredito que assim, só vão

permanecer os sindicatos sérios, que

trabalham e representam a categoria

com dignidade”, ressalta.

Essa contribuição vai substituir o

imposto sindical, as contribuições

confederativa e assistencial. Ela

poderá ser cobrada tanto pelas

entidades sindicais de trabalhadores

como de empregadores.

No caso dos sindicatos patronais,

o valor da contribuição não poderá

ultrapassar 0,8% do valor do capital

social da empresa. A contribuição

será paga por todas as empresas ou

unidades econômicas

independentemente do porte e do

número de trabalhadores. Estão

isentas apenas aquelas que não

tiveram empregados no ano anterior

à definição da contribuição,

conforme a Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS).

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 19

Page 19: Revista Sindipi Nº 13

Reforma Sindical

Conheça mais sobre aReforma SindicalA Reforma Sindical atual

surgiu através de uma

negociação entre governo,

confederações empresariais e

centrais sindicais. A Reforma

começou a ser discutida, através

do Fórum Nacional do Trabalho

(FNT), criado em agosto de

2003. Representantes dos

trabalhadores do Governo

Federal e Empregadores se

reuniram e em 2004,

estabeleceu-se as novas bases

das relações sindicais. Dessas

discussões surgiram uma

Proposta de Emenda

Constitucional (PEC), e de um

anteprojeto de Lei, em que

prevê a redefinição das normas

de organização sindical,

representação dos trabalhadores

no local de trabalho, negociação

coletiva, solução de conflitos do

trabalho, direito de greve e

substituição processual.

Para elaboração das novas

regras da reforma sindical, além

das entidades sindicais, de

trabalhadores e de

empregadores, foram ouvidos

também juristas, especialistas

em relações do trabalho e

membros de várias entidades da

área trabalhista, como da

Associação Nacional dos

Magistrados do Trabalho

(ANMT), Associação Nacional

dos Procuradores do Trabalho

(ANPT) e a Comissão Nacional

de Direito e Relações do

Trabalho (CNDRT). Durante

as atividades de elaboração

da reforma, a FNT recebeu

diversas propostas de

pessoas e instituições, que

foram encaminhadas aos

membros da Comissão de

Sistematização. No entanto,

alguns pontos ainda não

foram resolvidos pela Frente

Nacional do Trabalho. A

transferência do papel, hoje

desempenhado pelas Comissões

de Conciliação Prévia, para a

representação dos trabalhadores

no local de trabalho, e o

estabelecimento de honorários

advocatícios, são alguns deles.

PONTOS DE VISTA

“Pelos dados levantados pelo Ministério do Trabalho, o Imposto Sindical arrecadado em 2002 no setor urbano, foi da ordem de R$ 600 milhões. O Imposto Sindical hoje representa só 18%, em média, da receita dos sindicatos representativos. Ele é mais significativo para as

Osvaldo Bargas

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20 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 20: Revista Sindipi Nº 13

confederações, onde chega a representar 80% da receita. Daí porque são justamente as confederações e, em menor grau, as federações, as entidades que mais resistem à sua extinção”.

OSVALDO BARGAS, Secretário de Relações

do Trabalho do Ministério do Trabalho

“Não é segredo que existem centenas de sindicatos de fachada, de trabalhadores e patronais, cujos dirigentes se apoderam do Imposto Sindical e das contribuições de forma vergonhosa, imoral e antiética, para usar o dinheiro em benefício próprio, sem prestar contas ou qualquer serviço aos trabalhadores e empregadores que representam. Com essa nova realidade, os sindicatos que não negociarem não terão arrecadação. Esses “sindicatos de carimbo” vão acabar. Sobrarão os sindicatos fortes e representativos. “É claro que ele pode ser melhorado, mas é preciso estar atento para a mão

nem sempre distraída daqueles que, de olho no passado, não querem nenhuma mudança, só querem preservar seus privilégios”.

PAULO PEREIRA DA SILVA, Presidente da Força Sindical

“Conforme decidido na 11ª plenária nacional, a CUT reafirma a necessidade de democratizar a estrutura sindical, de forma a contar com entidades realmente representativas, que fortaleçam a luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho. Diante disso,

estatutos; organização sindical por setores e ramos de atividade; fim do Imposto Sindical (contribuição compulsória) e das taxas confederativa e assistencial e instituição da Contribuição Negocial; direito de Organização por Local de Trabalho (OLT); Contrato Coletivo Nacional por Ramo; Direito de Negociação e Greve no Setor Público nas três esferas e Ultratividade dos Contratos”.

JOÃO ANTONIO FELÍCIO, Presidente da Central Única

dos Trabalhadores (CUT)

João Antonio Felício

DIV

ULGAÇÃO

reiteramos o nosso compromisso com uma plataforma democrática que inclui: o reconhecimento das Centrais Sindicais com liberdade na estrutura vertical; manutenção da estrutura atual nos sindicatos de base, condicionado a critérios de representatividade e democratização dos

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 21

Page 21: Revista Sindipi Nº 13

22 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Diretoria homenageia

Antônio Carlos Momm Vídeo com depoimentos e placa de bronze foram algumas das

surpresas na Noite de Integração em homenagem ao Presidente do SINDIPI

Transparente, persistente, íntegro, honesto, empreendedor são qualidades ditas pela

trajetória do presidente do SINDIPI, Antônio Carlos Momm. Os depoimentos foram gra

realizada no último dia 6 de agosto, no Iate Clube Cabeçudas. O sindicalista também

evento a Diretoria do Sindicato, representantes da Intersindical Patronal Sul-Sudeste e

Presidente do SINDIPI com o armador Joaquim Felipe Anacleto e o coordenador da Câmara Setorial da Sardinha, Wilson Cabral

Dario Luiz Vitalli, Antônio Carlos Momm, João Manoel e Liria Santos

Diretoria: Hilson Siqueira, Luciano Cabral, José Kowalsky, Antônio Carlos Momm, Dario Vitali, João Manoel, José Neves, Idalício Alves, Francisco Gervásio e Joaquim Anacleto

O empresário da Pesca, José Neves Santana, Antônio Carlos Momm e o secretário Municipal da Sepesca, Manoel Xavier de Maria

Homenagem

Page 22: Revista Sindipi Nº 13

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 23

mm as

Diretoria efetiva do Sindicato: Dario Luiz Vitali, Antônio Carlos Momm e João Manoel da Silva

ela Diretoria, funcionários e amigos que acompanham a

gravados em vídeo e exibidos na Noite de Integração,

bém recebeu uma placa em homenagem. Participaram do

te e entidades locais.

Liria Santos, secretária executiva do Sindicato, Antônio Carlos Momm, Cristina da Maia, auxiliar administrativa e Daniela Maia, assessora de imprensa

FOTOS JOÃO SOUZA

Alcântaro Corrêa, presidente da Fiesc, Ida Áurea Costa, presidente do Sindifloripa e Antônio Carlos Momm

Antônio Carlos Momm entre os presidentes

do Sitrapesca, Jairo da Veiga e do Sitipi,

Jotaci Leite

O presidente do Saperj, Alexandre Espogeiro, Antônio Momm e o vice-presidente do Saperj, Thomé Cristelo Espogeiro

O presidente do Sindicato com os filhos Denise e Rodrigo e a esposa Margareth

Diretores do Sindicato em companhia das esposas: Hilson Manoel Siqueira e Lucimar Rodrigues Siqueira, Dario Vitali e Lucimara Ferreira, Antônio Carlos Momm e Margareth Momm, Natalicia da Costa e João Manoel da Silva

Page 23: Revista Sindipi Nº 13

FOTO JOÃO SOUZA

Diálogo

SINDIPI reúne armadores para discutir o futuro da sardinha Defeso monitorado e contratação de pesquisadores são alguns dos pontos defendidos pelo setor

O titular da Intersindical Patronal Sudeste/Sul da Pesca na área da sardinha, Konstantinos Me-intanis, e o suplente, Wilson Cabral, também coordenador da Câmara Setorial da Sardinha, SINDICATO DAS

INDÚSTRIAS DA PESCA DE ITAJAÍ E REGIÃO

(SINDIPI), reuniram armadores de San-ta Catarina no dia 27 de julho, na sede do SINDIPI, Itajaí.

Temas como o monitoramento de cardumes, estoques, a forma como serão realizados os defesos, e outros pontos de interesse da categoria, fo-

ram alvo de debates durante três ho-ras entre os armadores. Para o presi-dente da Câmara Setorial da Sardinha, Wilson Cabral, a hora de discutir é ago-ra. “Se nós não fizermos alguma coi-sa agora, teremos problemas futuros. É hora de parar, refletir e aproveitar a oportunidade”, alerta.

De acordo com o presidente in-terino do SINDIPI, Dario Luiz Vitali, a reunião em conjunto com os arma-dores é uma forma de fazer com que os órgãos competentes se sensibili-zem e dêem o respaldo de que o se-

tor necessita. “Não podemos passar a responsabilidade ao setor público sobre os assuntos relacionados à pes-ca. É necessário que a categoria par-ticipe dessas decisões, dando aber-tura para que o setor opine, e, em conjunto com as decisões, direcionar o futuro da sardinha na região sul e sudeste”, ressalta.

Entre os pontos discutidos na reu-nião, um dos mais ressaltados pela categoria é o defeso monitorado. A proposta é para quem manipula o pescado interno, observar a quanti-

24 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 24: Revista Sindipi Nº 13

dade de peixe que está em ponto de maturação de ova ou não. “Devemos começar a fazer isso com observador em terra e não empiricamente”, re-lata Meintanis. A proposta do setor é sugerir que um observador do Co-mitê de Gestão do Uso Sustentável de Sardinha Verdadeira (CGSS) faça essa análise e o setor privado forne-ça os técnicos. De acordo com o re-presentante da Intersindical, há uma porcentagem de sardinha ovada o ano todo, logo há também a desova. “A pesca do peixe arenque na Escan-dinávia ocorre uma vez ao ano. O lance dá na hora exata da desova. Se lá consegue determinar a hora certa da desova, por que aqui não poderia?”, argumenta.

Além dos órgãos competentes que tradicionalmente trabalham na área da pesquisa, a categoria também sugeriu que o setor tenha seus pró-prios técnicos ou cientistas. “É uma forma de acompanhar as pesquisas já realizadas, traduzir as informações aos armadores e, até, apresentar fa-tos novos. Poderíamos chamar de um observador de bordo”, disse.

A indicada é Patrícia Sfair Sunier, mestranda em oceanografia biológica, com estudo e trabalhos divulgados so-bre a sardinha na Universidade Fede-

ral de Santa Catarina, UFSC. Outra sugestão apresentada na

reunião, é a de que o Instituto Brasi-leiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), verifique se a permissão de pesca é compatível com a pesca praticada, eliminando ainda, todas as licenças de sardinha ino-perantes. O sindicalista alerta que al-guns barcos não têm licenciamento cor-reto. “É importante renovar a licença, a idéia é ter o apoio da Marinha, já que ela já faz o despacho de barcos a cada 45 dias. Além da licença, a Marinha pode comunicar qualquer irregulari-dade aos órgãos competentes, auxi-liando também no dimensionamen-to da frota”, justifica.

No encontro também foi destacado a importância da frota de traineiras em parti-cipar ativamente do levanta-mento do estoque, através dos mapas de bordo. De acordo com a legislação, os mapas de bordo deverão ser entregues ao Ibama ou Seap, caso contrário, a em-barcação poderá ter a licen-ça suspensa temporariamen-te ou cancelada. Segundo o representante da CGSS, o estoque correto é de extre-

ma necessidade, já que o defeso tam-bém é baseado nesses números.

Todas as preposições discutidas serão apresentadas na próxima reunião do Comitê de Gestão do Uso Susten-tável de Sardinha Verdadeira (CGSS), marcada para o dia 21 de outubro, onde também será constituído um co-mitê de avaliação para analisar as pro-postas. “Até lá, continuaremos reunin-do o setor pesqueiro para fortalecer a nossa luta”, disse o presidente interino do SINDIPI, Dario Vitali. Segundo Vitali, a expectativa é que a colocação da ca-tegoria seja aceita e resulte em fatos po-sitivos. “Cabe a nós, consenso, respon-sabilidade e consciência”, conclui.

Embarcação do armador Wilson Cabral,

coordenador da Câmara Setorial da Sardinha

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AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 25

Page 25: Revista Sindipi Nº 13

DIVULGAÇÃO

Pesquisa

Pesquisadores alertam sobre

substâncias nocivasno

Nos Estados Unidos, ambientalistas salmãoentraram na Justiça exigindo altas indenizações, pois os consumidores não foram informados sobre a coloração do pescado

O salmão, um peixe que seduz pela sua coloração, que teve seu consumo crescente no início dos anos 1980 no Brasil é, sem dúvida, motivo de muita polêmica e debate na comunidade científica. A estimativa é que 90% do salmão consumido no Brasil são importados do Chile e o restante de países como a Noruega, Alemanha e Dinamarca. Em toneladas, a

importação brasileira passou de 8,5 mil em 2003, para 12 mil em 2004. Um crescimento bom para os produtores, mas que pode afetar diretamente o consumidor. O ponto mais crítico nas discussões científicas é a forma de criação. No Chile, o salmão é criado em cativeiro, bem diferente ao que está na natureza.

De acordo com cientistas, os

peixes criados em cativeiro são

apenas engordados e fertilizados

artificialmente. A disponibilidade de

alimento, que existe nos tanques de

criação, também é totalmente

diferente do mundo real.

A tonalidade deste peixe é

curiosa. Segundo estudiosos, a cor

do peixe salmão só existe no pescado

em alto mar. Ele é colorido por causa

de sua dieta à base de camarão e

26 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 26: Revista Sindipi Nº 13

krill. Para ficar com o mesmo tom

do salmão tradicional, recebe uma

ração com aditivos sintéticos,

derivados de petróleo. Segundo

informações do Instituto Brasileiro

de Defesa do Consumidor (Idec),

há notícias de que o aditivo possa

ser também um corante natural, o

urucum. Nos Estados Unidos,

ambientalistas entraram na Justiça

exigindo altas indenizações, pois os

consumidores não foram

informados sobre a coloração.

De acordo com pesquisas

divulgadas da UE, União Européia,

o pigmento canthaxanthin é

utilizado nas criações de salmão

para que seu tom rosado seja mais

alaranjado, que é próprio do

salmão natural. As avaliações

científicas demonstraram que um

alto consumo deste corante produz

uma acumulação de pigmentos na

retina, afetando a visão. Por isso, a

UE diminuiu em dois terços a

quantidade máxima permitida

desse corante nas rações oferecidas

às criações de salmão, a partir do

dia 1º de dezembro de 2003.

Segundo os criadores, o pigmento é

utilizado porque os consumidores

esperam chegar a essa cor. O

pesquisador chileno Oscar

Fernandez, da empresa Ingenieria

Pesquera Ltda., de Puerto Varas,

Chile, disse que na ração existem

corantes, todos naturais. O mais

usado é o astaxanthin, encontrado

em microalgas e responsável

também pela coloração

avermelhada do camarão. O Food

and Drug Administration (FDA)

norte-americano – equivalente à

Vigilância Sanitária no Brasil –,

classifica o corante como “Isento de

Certificação”, por ser um corante

orgânico e não-sintético, que causa

pouca ou nenhuma ameaça à

saúde humana.

Além das denúncias e incertezas

do uso de corantes, cientistas

americanos e canadenses

divulgaram na edição da Revista

Science, que o índice de

contaminantes cancerígenos seria

maior no salmão criado em

cativeiro do que no salmão

selvagem. A pesquisa coordenada

pela Universidade de Nova York,

em Albany, ainda relata que a alta

concentração de substâncias

cancerígenas implica que os

consumidores devem reduzir

significativamente a alimentação

com esse pescado.

Na maioria dos casos, consumir

mais de 200 gramas, numa média

mensal desse pescado, apresenta

riscos cancerígenos inaceitáveis, diz

o comunicado da universidade

americana. Já o salmão selvagem

pode ser consumido oito vezes

mais, segundo o estudo. A pesquisa

é resultado de uma investigação, na

qual, sete cientistas especializados

em toxicologia, biologia e

estatísticas, analisaram filés de 700

salmões de viveiros e salmões

selvagens procedentes de oito das

maiores regiões produtoras.

Os autores da pesquisa

recomendam aos consumidores

que diminuam o consumo e exijam

indicações claras nas etiquetas dos

alimentos, que permitam distinguir

entre o salmão de criação e o

selvagem. A informação do país de

origem do produto também é

crucial. Segundo o Idec, isto é

exigido no Código de Defesa do

Consumidor, mas nem sempre é

cumprido por conta de falta de

fiscalização.

Fontes: Adital; CNN Brasil; Consumidor

S.A.; Correio Web; Fapesp; Folha de São

Paulo; France Presse; Idec; Jornal do

Brasil; Journal Science ; Seap;

Terramérica; WWI-Worldwatch Institute

e do EPI-Earth Policy Institute

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 27

Page 27: Revista Sindipi Nº 13

O tempo

Ciclone extratropicalCiclone extratropicaldeixa rastro de destruição em SCRogério Pinheiro

Meteoroligista afirma

que não está descartada a

possibilidade de Santa

Catarina ser atingida por

ventos fortes, mais vezes,

ainda este ano

Mais uma vez o litoral

catarinense foi alvo de ventos

fortes, que causaram muita

destruição. Na tarde do último dia

9 de agosto, terça-feira, um ciclone

extratropical se formou perto da

costa e deixou muitas pessoas em

pânico. Com ventos de até 139

quilômetros por hora, em alto mar,

o ciclone ocasionou ondas de até

sete metros, que atingiram todo o

litoral. Ele foi responsável pelo

naufrágio de embarcações de

pequeno porte, desde a capital,

Florianópolis, até a cidade de Barra

Velha, no norte do Estado. No

continente, dezenas de casas foram

destelhadas, árvores caíram,

algumas barreiras desmoronaram.

Por causa do ciclone extratropical,

os aeroportos internacionais de

Navegantes e Florianópolis ficaram

fechados para pousos e decolagens

durante 20 horas. Apesar do susto

e do prejuízo material, o ciclone

não fez vítimas.

Segundo o capitão Carlos

Alberto de Araújo Gomes, da

28 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 28: Revista Sindipi Nº 13

Defesa Civil de Santa Catarina,

todo o litoral já estava em alerta

devido a presença de um ciclone

extratropical bem antes dele

aparecer. “O alerta foi dado com

48 horas de antecedência, com

exceção da tripulação da

embarcação de Florianópolis, que

se perdeu, mas logo foi resgatada

por outra embarcação. Não houve

acidentes graves, somente prejuízos

materiais”, concluiu o capitão.

Segundo o pesquisador da

Empresa de Pesquisa Agropecuária

e Extensão Rural (Epagri) de Santa

Catarina, João Guzenski, a

maricultura teve um prejuízo de 2

milhões e trezentos mil reais, em

produção e equipamentos.

De acordo com o levantamento,

cerca de cem pescadores tiveram

perdas com embarcações e

apetrechos de pesca. “A Secretaria de

Agricultura irá avaliar alternativas

para minimizar os prejuízos”.

Há pouco mais de um ano, três

fenômenos naturais atípicos foram

registrados no Brasil. No mês de

março de 2004, o Furacão Catarina,

o primeiro no Atlântico Sul, tirou a

vida de 14 pessoas (onze delas

pescadores) e centenas de feridos.

De acordo com o meteorologista

do Centro de Informações de

Recursos Ambientais e de

Hidrometeorologia (Ciram) de

Santa Catarina, Clovis Correia, a

única ligação que há com o

Furacão Catarina é que este se

desprendeu de um ciclone e virou

um furacão. “Os ciclones são

fenômenos naturais muito comuns

no litoral da Região Sul,

principalmente no inverno. O que

houve foi a intensificação de uma

área de baixa pressão, que se

formou no litoral, com outra, que

estava no Uruguai”, explica.

Correia disse também que não

está descartada a possibilidade do

Estado ser atingido por ventos

fortes mais vezes, ainda este ano.

“Até a primavera, esses ciclones

extratropicais irão ser formar no

litoral do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, e podem ser

responsáveis por ventos fortes com

a mesma intensidade, ou até

superiores, principalmente em alto

mar. Os ciclones atingem o litoral

da Região Sul até no verão, embora

com menor intensidade”,

argumenta. O meteorologista

recomenda que todos os

pescadores devem ter o hábito de

saber como está o tempo na sua

cidade e as condições do mar. “O

pescador tem que obedecer todos

os alertas meteorológicos.

Para se ter uma idéia, no

episódio Catarina, havia barcos que

estavam no mar, próximos ao olho

do furacão. A sua segurança depende

disso. Nosso objetivo é fazer o alerta,

e o pescador, respeitá-lo”, enfatiza.

SANTA CATARINA NA ROTA

DOS FURACÕES

No mês de julho, a revista

Sociedade Real de Meteorologia,

da Inglaterra, publicou um estudo

científico, no qual informava que o

Brasil – mais precisamente o litoral

de Santa Catarina – está entre as

novas rotas dos furacões no

Planeta. Os cientistas alegam que a

água no Atlântico Sul está três

graus mais quente e nessas

condições os furações aparecem

com mais freqüência.

As pesquisas apenas

comprovaram os dados dos

institutos de meteorologia da

Inglaterra e Japão, que monitoram

a temperatura da água do Atlântico

Sul, desde 2003. Esse aquecimento

é uma das explicações do Furacão

Catarina, em março de 2004.

DIV

ULGAÇÃO

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 29

Page 29: Revista Sindipi Nº 13

SAPERJ

Terminal de pesca do RJainda não saiu do papel

Sem um local para

descarregar a produção pesqueira

do Estado, o Rio de Janeiro ainda

espera que o projeto do Terminal

Pesqueiro saia definitivamente do

papel. O recurso para a construção

da obra foi anunciado pela

Secretaria Especial da Aqüicultura e

Pesca (Seap), em 2003. Até agora,

A descarga da produção pesqueirafluminense é realizada na cidade de Cabo Frio,sob condições precárias

há apenas um terreno adquirido pela Seap, com dez mil metros quadrados, no bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente a descarga da produção pesqueira fluminense é realizada na cidade de Cabo Frio, sob condições precárias. De acordo com o presidente do Sindicato da Pesca do

Rio de Janeiro (Saperj), Alexandre Espogeiro, até agora a Seap não deu nenhuma resposta com relação ao Terminal. “A Secretaria não nos comunicou quando vai iniciar as obras e muito menos deu uma satisfação do dinheiro que foi destinado à conclusão do Terminal”, desabafa.

30 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Page 30: Revista Sindipi Nº 13

AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 31

Page 31: Revista Sindipi Nº 13

Atualize-se

Ministério do Trabalho inicia o

recadastramento de sindicatosA medida é uma forma de prevenir

contra sindicatos de "fachada"

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio das Federações e Centrais Sindicais está cadastrando todas as entidades sindicais do país. A proposta do Ministério é formar um banco de dados confiável sobre as relações de trabalho. “Acredito que com esta atitude, as autoridades poderão fiscalizar com mais precisão quem está atuante e, principalmente, verificar aquelas entidades que servem apenas de ‘figura decorativa’”, opina o presidente do SINDIPI, Antônio Carlos Momm.

Para atualização é só acessar o site www.mte.gov.br. Segundo o último cálculo feito pelo MTE, no Brasil há em torno de 23 mil entidades sindicais, deste número, dez mil não têm a carta sindical. Na

mesma velocidade de crescimento dos sindicatos está a lista de espera no MTE para aprovação das novas entidades sindicais. São duas as explicações para a escalada do número de sindicatos no País. A primeira está ligada à facilidade de se abrir uma entidade sindical.

O processo de concessão de um registro sindical tem início com um simples anúncio de jornal.

Em seguida, dirigentes (fictícios ou não) redigem o estatuto da forma que quiserem e encaminham o pedido ao Governo. A segunda explicação é financeira.

A arrecadação do Imposto Sindical este ano deve alcançar quase R$ 700 milhões. Para os sindicatos sérios, a reforma sindical é vista como um antídoto contra esse tipo de oportunismo.

32 REVISTA SINDIPI AGOSTO/SETEMBRO 2005

Na lista do Ministério têm à espera de cadastro, sindicatos da cerveja, sinuca...

A lista de espera no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é extensa e

não pára de crescer. Pedidos pitorescos não faltam. Há quem solicite

autorização para fundar o Sindicato Nacional da Cerveja. O Sindicato das Famílias de Belo Horizonte também espera sinal verde para atuar. O Sindicato

dos Jogadores de Sinuca fecha a relação de pedidos inusitados. (fonte: MTE).

Curiosidade

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AGOSTO/SETEMBRO 2005 REVISTA SINDIPI 33

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A arte de MARCELLO SOKAL

Marcello Sokal mostra uma visão diferenciada através da câmera Com sensibilidade e

um olhar diferenciado, Marcello Sokal mostra o seu talento em fotos que são verdadeiras obras de arte.

Natureza, viagem, pessoas são temas que mais se identificam com o olhar sempre atento deste carioca com alma de catarinense.

Seu amor pela fotografia começou cedo, aos 15 anos, com um presente de seu pai, que o incentivou na atividade. Desde então, a máquina tornou-se uma fonte de inspiração e a fotografia acompanha a vida do profissional a cada momento.

Com um estilo muito focado na luminosidade, Marcello “brinca” com a luz e a sombra. Antes do clic, a sensibilidade do fotógrafo já faz a diferença em segundos.

“Eu me envolvo completamente em todo trabalho. Tento fazer uma foto com uma visão diferenciada, de diversos ângulos, com luminosidade e volume”, conta.

Marcello passou por diversas experiências profissionais. Com foto-jornalismo nos jornais O Globo

e O Dia, ambos do Rio de Janeiro. “Trabalhar com foto-jornalismo é importante porque educa o profissional a fazer um registro mais rápido”, destaca.

Em Itajaí (SC), Marcello faz trabalhos para diversas agências de publicidade. Realizou duas exposições na Casa de Cultura Dide Brandão, em Itajaí. As fotos mostram cenas do dia-a-dia, que parecem rotineiras, mas no olhar sensível de Marcello, apresentam

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um significado especial. Até uma corda, que de primeira vista pode parecer um objeto inexpressivo, recebe vida nas mãos e no olhar do fotógrafo. “São momentos singelos que podem nos mostrar uma nova visão de um objeto conhecido. É uma visão pura que remete ao princípio criativo, nas raízes do registro fotográfico”, revela.

Morando há três anos em Itajaí, onde escolheu para viver com a esposa Amélia Saito, Marcello fotografou diversos pontos da cidade e fatos rotineiros.

Ele lembra que, certa vez, estava na janela do apartamento e viu passar na rua um ciclista carregando um sofá. “Nunca tinha visto nada parecido. Com uma mão o homem conduzia a bicicleta e com a outra, equilibrava o sofá na cabeça. Não pensei duas vezes, corri para registrar aquele momento”, narra.

São histórias até engraçadas, mas que mostram que a câmera fotográfica é mais do que uma ferramenta de trabalho: é uma companheira fiel, dedicada e pronta para ser acionada.

Para conhecer mais o trabalho do fotógrafo é só acessar

o site: www.marcellosokal.com.br.

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Reivindicação

Representantes das indústrias de pescase unem em defesa do setor

Na reunião realizada no último dia dois de agosto, em Cabo Frio, Rio de Janeiro, representantes das indústrias da pesca se encontraram para debater os assuntos mais emergenciais do setor. Profrota, Instrução Normativa Nº 5, defeso da sardinha, arrendamento de barcos estrangeiros, o repasse de verba federal do programa de equalização do óleo diesel e investimentos no setor foram os principais temas discutidos.

Participaram do encontro os cinco sindicatos que representam a

intersindical patronal Sudeste/Sul da Pesca: Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Saperj), Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo (Sapesp), Sindicato das Indústrias de Pesca de Florianópolis (Sindifloripa), Sindicato das Indústrias de Pescados do Estado do Rio de Janeiro (Siperj) e o SINDICATO DAS

INDÚSTRIAS DE PESCA DE ITAJAÍ EREGIÃO (SINDIPI).

Segundo o presidente interino do SINDIPI, Dario Luiz Vitali, o Programa de

Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional (Profrota) é fundamental, mas falta linha de crédito. “É preciso investir nas embarcações para fomentar o setor pesqueiro nacional e não penalizá-lo”, ressalta.

Vitali completa que o trabalho em conjunto com os representantes dos sindicatos das indústriais, certamente define uma melhor política para o setor.

A implantação de unidades de processamento é outra bandeira defendida pelo setor.

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Arte e Cultura

Em meio a Lua...

Onde, que lua?

Aquela da noite passada...

Como ela é linda!

Brilha em encantos.

No dia em que Ele lhe fez,

Lá Ele estava:

Em meio à praia,

Olhando a luz do luar em

meio ao mar.

Rabiscou-lhe tão

perfeitamente,

Que resolveu deixar com essa

perfeição!

Em que melhorar?...

Se seus olhos da pérola negra

mais perfeita tirei?

Se para sua forma no balanço

do mar me inspirei?

Se seus lábios como as

esculturas das rochas

moldei?

E sua voz, do mais doce

quebrar das marolas do

mar fiquei a escutar?

Como poderia deixar eu de

expressar minha

Na luz do

amanhecer

admiração...

Paixão,

Dor

E Amor...

Ao ver em você tanto

esplendor?

Seu brilho me fascina,

Sua voz me comove!

Como poderei viver

Ao saber que você existe,

E não podendo

Ver-lhe,

Tocar...

Sentir o seu amor!

Amor vindo da perfeição Deus

Que lhe formou...

Para que acima de tudo,

Ao contemplar-lhe...

Eu fosse feliz!

Alencar Cabral

Biólogo

Foto Marcello Sokal

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Consumo

Juros altos e falta de

investimentos afetam

consumo de peixe no

Brasil Rico em nutrientes, de

fácil digestão e muito saboroso.

Mesmo reunindo todas essas

características, o peixe continua

sendo um alimento muito pesado

no orçamento dos brasileiros. Com

exceção da Semana Santa, onde o

consumo aumenta, em geral, o

pescado permanece muito longe

das mesas das famílias. Agora, o

por quê deste baixo consumo?

Na avaliação do presidente

interino do SINDICATO DAS INDÚSTRIAS

DA PESCA DE ITAJAÍ E REGIÃO (SINDIPI),

Dario Luiz Vitali, um dos problemas é

a falta de investimento no setor

pesqueiro que, conseqüentemente,

interfere no custo do pescado. “Não é

o peixe que é caro, é o frango que

Empréstimos a juros baixos para incrementar a produção pesqueira poderiam reverter as estatísticas, tanto em relação ao preço do pescado, quanto no aumento da produção

está barato”, alerta. Vitali explica que

antes os produtores de frango

precisavam aguardar vários meses

para o abate do animal e hoje, com

investimentos no setor a juros baixos,

o sistema de criação passou a ser em

alta escala, e o abate ocorre em

apenas 45 dias.

O empresário Evaldo Kowalsky,

da empresa Com. e Ind. de

Pescados Kowalsky Ltda., cita os

impostos como vilão. “No final,

50% é imposto, que começa a ser

pago desde o combustível, até

alguns equipamentos importados

que são taxados.”

Para o secretário Manoel Xavier

de Maria, da Secretaria Municipal

de Aqüicultura e Pesca (Sepesca), a

mão-de-obra custa caro no Brasil.

“Se tem que pagar um real para o

seu empregado, tem que tirar o

imposto do empregado, que custa

aos governos de todas as formas:

PIS, Cofins, Fundo de Garantia,

INSS”, cita. Ou seja, desde a

captura até a venda final para o

consumidor, há custos que são

agregados ao peixe.

Quando o peixe chega ao

entreposto e vai para o mercado,

do outro lado da rua, já sofre um

aumento em torno de 40%. Outro

dado alarmante, que faz com que o

preço do pescado seja tão elevado,

é a queda na safra. Nos últimos 30

anos, a produção pesqueira

nacional teve uma queda de 50%.

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Um bom exemplo disso é a sardinha. No auge da produção pesqueira na década de 1970, a safra chegou a 200 mil toneladas por ano, hoje quando atinge 60 mil, o setor pesqueiro comemora. Grande parte da frota pesqueira tem mais de 20 anos de uso e está totalmente sucateada.

Investimentos no setor, como empréstimos a juros baixos para incrementar a produção pesqueira poderia reverter as estatísticas, tanto em relação ao preço do pescado, quanto no aumento da produção.

No mundo são produzidas cerca de 90 milhões de toneladas de pescados ao ano. Mesmo tendo uma costa com mais de oito mil quilômetros (com limite territorial de 200 milhas), o Brasil responde por apenas 0,8% da pesca mundial. O País ocupa a 25ª posição no ranking das nações produtoras de pescado.

O FAO, Fundo para Alimentação das Organizações das Nações Unidas, aponta como ideal para uma alimentação saudável, 13 kg per capita anuais por pessoa. No Brasil, a média é de sete quilos por pessoa.

Iniciativas aumentam o

consumo de peixe em ItajaíA Secretaria Municipal de

Aqüicultura e Pesca (Sepesca), de Itajaí, através da parceria de seis centros de abastecimentos espalhados pelo município, lançou o programa “Peixe nos Bairros”, com proposta de oferecer uma política de incentivo ao consumo de peixe. Todo o pescado é comprado direto dos pescadores, e no valor final ficam somente as despesas de transporte e lucro dos comerciantes dos centros de abastecimentos.

Segundo o diretor de coordenação e infra-estrutura da Sepesca, Luís da Silva, desde que foi criado o programa, o consumo de peixe na cidade teve aumento de mais de 30%. “O ‘Peixe nos Bairros’ foi possível, porque terminou com os atravessadores. Antes eles compravam estoques de peixes, congelavam, estocavam e vendiam no fim da safra com preços exorbitantes para donos de restaurantes.

Hoje a população compra o peixe de safra com preço acessível e com a mesma qualidade”, explica.

Para expandir o Programa, a Sepesca pretende levar o pescado, também a preço de custo, nas localidades afastadas da cidade. Outra iniciativa para aumentar o consumo de pescado, em Itajaí, é a implantação do peixe na merenda escolar. Através de orientação técnica do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), os peixes serão adicionados ao cardápio.

O diretor disse que o carro-chefe da Sepesca é a inclusão do peixe na alimentação dos alunos das escolas municipais de Itajaí. “Incluir o peixe na merenda escolar é garantir os futuros consumidores. Comendo o peixe na escola, os alunos podem passar o hábito para os pais”, finaliza Luís da Silva.

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científica aprova oconsumo de peixe

Saúde

Pesquisa

realizada com

12 mil mulheres

revela que o

atum ajuda na

formação do

bebê

ComunidadeComunidade

FO

TO

MA

RC

EL

LO

SO

KA

L

científica aprova oconsumo de peixeSegundo pesquisa da foi publicado numa revista científica calculados os índices de ácidos

Universidade de Bristol, da no Reino Unido, em janeiro de gordurosos conhecidos como Inglaterra, ingerir peixe nos últimos 2005. Os cientistas pediram às ômega-3, que haviam sido meses de gestação diminui a mulheres que anotassem a ingeridos. Em média, as mulheres probabilidade de ter um bebê quantidade de peixe que haviam comiam o equivalente a um terço pequeno. O estudo realizado com consumido em 32 semanas de de uma lata pequena de atum por aproximadamente 12 mil mulheres gravidez. Em seguida, foram dia, o equivalente a 0,15 gramas de

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ácidos ômega-3. Um crescimento fetal ruim aconteceu em 10% das gestações, mas em mulheres que não consomem peixe. Também é possível que os ácidos ômega-3 contribuam para o estímulo do crescimento, ao tornar o sangue menos viscoso e aumentar sua circulação pela placenta, aumentando dessa forma a quantidade de nutrientes que o feto recebe de sua mãe.

O peixe também é um excelente alimento para as crianças e adolescentes. Para os idosos, diminui o risco de desenvolvimento do mal de Alzhemeir, demência e cansaço mental.

Pode ser introduzido na alimentação da criança, em torno de 6 meses de idade, exceto se houver historia familiar de alergia a peixe. Neste caso, sua introdução pode esperar mais um pouco e, quando realizada, deve ser ofertado um tipo de peixe de cada vez. A introdução de peixe na alimentação da criança é importante, para garantir o suprimento de ferro de boa disponibilidade e proteger-lhe do risco de anemia.

Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de

Harvard, nos Estados Unidos, em 2003, o consumo de peixes oleosos como o atum, a sardinha e o pescado, pelo menos duas vezes por semana, pode ajudar a reduzir riscos de ataques no coração. Os pesquisadores examinaram 2.033 homens com doenças cardíacas, divididos em três grupos e aconselhados a comer mais gordura, peixe ou fibras. Eles encontraram provas que indicam que os óleos ômega-3 e n3, encontrados nesses peixes, podem impedir arritmias cardíacas.

No Brasil, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), comprovou os efeitos antiinflamatórios do ômega-3, em atletas. De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos, o consumo diário de peixes que contêm ômega-3 pode livrar atletas das freqüentes lesões musculares.

De acordo com a coordenadora do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Márcia Reis Felipe, o peixe é um alimento leve, de fácil digestão e rico em gorduras não saturadas.“Ele tem grande valor nutricional e deveria fazer parte das

nossas refeições o ano inteiro. As proteínas de alto valor, como ferro, fósforo e inúmeros minerais, são encontradas em abundância no pescado. Alguns tipos são ricos em vitamina A, outros contêm ácidos graxos ômega-3, o que contribui para a diminuição das doenças do coração, quando ingeridos três vezes por semana”, explica a nutricionista. Ela reforça que peixes como o atum e linguado contêm, em 85 gramas, uma variação de 100 a 160 calorias, 17 a 23 gramas de proteínas e um baixo teor de gordura. “Os teores são tão baixos que variam de 0,8 a 1,3 gramas”, diz Márcia. A nutricionista reforça ainda que os peixes também são ricos em vitamina B12 e contém níveis médios de ácidos graxos e ômega-3. “Os nutrientes encontrados na carne de peixe também propiciam melhor controle imunológico nas reações inflamatórias”.

A nutricionista lembra que os peixes devem ser consumidos assados ou grelhados, evitando frituras. “É sempre recomendável trocar a carne vermelha por peixe, já que é menos gordurosa e a gordura que contém é muito mais saudável”, orienta.

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Culinária

CHARUTO (sardinha)

Como fazer:

Em uma panela de pressão, coloque os produtos na seguinte ordem: 1. Metade das rodelas de cebola; 2. Metade das rodelas de tomate; 3. Todas as sardinhas, arrumadas em camadas; 4. Outra metade das rodelas de cebola; 5. Outra metade dos tomates; 6. Dilua o sal no vinagre e regue por cima de tudo; 7. Regue com o óleo; 8. Por cima de tudo, coloque o maço de cheiro

verde inteiro. FOTO MARCELLO SOKAL

Feche a panela e deixe no fogo alto por 15 Ingredientes: minutos, abaixe o fogo e deixe por mais ou

2 kg de sardinha – limpas e sem cabeça 3 cebolas grandes – cortadas em rodelas 4 dentes de alho grandes – picados 5 tomates maduros – sem pele, cortados em

menos 1 hora e meia. O delicioso aroma deve dizer quando estará pronto. Só abra a panela depois que estiver completamente fria.

rodelas Depois de frio, retire o resultado delicioso, com 1 xícara de óleo cuidado, usando uma espátula, e coloque em ½ xícara de vinagre de vinho camadas em um pirex. Bom apetite! 1 colher rasa, das de sopa, de sal 6 pimentas do reino, em grãos Receita de Maria Augusta, Balneário Camboriú

½ ramo de salsa e cebolinha – inteiro e amarrado Foto de Marcello Sokal

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