Revista Reformador de Maio de 2003

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Imortalidade – Juvanir Borges de Souza 5 Amor de Mãe – Adolpho Marreiro Júnior 7 Carta a minha mãe – Auta de Souza 8 Amor e comportamento – Joanna de Ângelis 10 Amor materno 11 Salvação – Richard Simonetti 12 O túmulo não interrompe a vida – Ismael Ramos das Neves 13 Rumores de guerra – Suely Caldas Schubert 14

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Revista de Espiritismo Cristão

Ano 121 / Maio, 2003 / No 2.090

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação da

Federação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

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Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli-veira São Thiago; Secretário – Iaponan Albuquerqueda Silva; Gerente – Amaury Alves da Silva; REFOR-MADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73(DCDP do Departamento de Polícia Federal do Mi-nistério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 –

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Capa: Rogério Nascimento

Tema da Capa: Amor de Mãe, com base no artigode igual título e na mensagem No apostolado fe-minino, como homenagem ao Dia das Mães.

EDITORIAL 4Herdeiros da Terra

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 9 No apostolado feminino – Agar

ENTREVISTA: HERNANI GUIMARÃES ANDRADE 17Doutrina Espírita e Ciência

ESFLORANDO O EVANGELHO 21O bem é incansável – Emmanuel

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 32 Médiuns interesseiros – Allan KardecA honestidade relativa – Georges 33

A FEB E O ESPERANTO 34Esperanto, língua universal da família humana –

Affonso Soares

SEARA ESPÍRITA 42

Imortalidade – Juvanir Borges de Souza 5Amor de Mãe – Adolpho Marreiro Júnior 7Carta a minha mãe – Auta de Souza 8Amor e comportamento – Joanna de Ângelis 10Amor materno 11Salvação – Richard Simonetti 12O túmulo não interrompe a vida – Ismael Ramos das Neves 13Rumores de guerra – Suely Caldas Schubert 14 Perante a Ciência – André Luiz 19Maria Philomena Aluotto Berutto (Desencarnação) 20Os fenômenos de quase-morte – Sérgio Thiesen 22O Ser de Luz – Raymond A. Moody Jr. 24

Amar a Deus sobre todas as coisas... – Mauro Paiva Fonseca 25No aperfeiçoamento próprio – Passos Lírio 26Espiritismo: verdade mais ampla – Marcus Vinícius Pinto 27Em busca da cura – Adésio Alves Machado 28Jornada – Adelino Fontoura 29Economia pessoal – Gebaldo José de Sousa 30Penas eternas? – Rildo G. Mouta 31Retificando... 31Ajuda, perdoa e passa – Casimiro Cunha 33O Livro Espírita: algumas considerações (Parte II) – 36

Aécio Pereira Chagas O Livro – Olavo Bilac 39II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE – II – 40

José Carlos da Silva Silveira

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Um dos momentos mais marcantes na história do Mundo foi, indubitavelmente,aquele em que Jesus proferiu o Sermão do Monte, deixando para os homens os en-sinos das Bem-aventuranças. Sintetizou, naquela oportunidade, com palavras de

acentuada poesia e realidade, as Leis Morais que emanam de Deus e que norteiam o com-portamento de todos os homens.

Passados dois mil anos, e a despeito da rejeição inicial a uma doutrina nova, caracte-rizada pela valorização da prática do amor incondicional como processo libertador de to-dos os seres humanos – gesto incompatível com os hábitos da época –, os ensinamentoscristãos vão vencendo o tempo e se consolidando junto à Humanidade.

Hoje o homem já sabe valorizar, em suas atividades sociais, o respeito a todas as pes-soas – independentemente de sua raça, cor, crença, nacionalidade ou condição social –,o respeito à Natureza, assim como o gesto de humildade, de solidariedade e de fraterni-dade, até mesmo no atendimento aos seus interesses de ordem profissional, empresariale governamental.

Nestes dias em que a Humanidade se vê bombardeada constantemente por notíciase imagens de guerra, de violência, de desrespeito ao ser humano, é justo lembrarmosdAquele que, além de nos ter ensinado que são “bem-aventurados os pacificadores, por-que serão chamados filhos de Deus”, deixou-nos um exemplo de perdão, de tolerância,de pleno amor praticado e, também, de imortalidade e de fé, mesmo sofrendo as agres-sões insensatas dos homens.

Diante da inquietação e da discórdia que pululam ao nosso redor, e sabedores da nos-sa condição de seres imortais em permanente processo de evolução moral, cabe-nos guar-dar a serenidade íntima e a confiança na Bondade Divina, contribuindo na pacificaçãodo ambiente em que vivemos, convictos de que, vencida a fase de depuração transitória,e mais amadurecidos, os homens caminharão, gradativamente, na construção de um mun-do melhor, sob a inspiração das Leis de Amor, unindo o progresso à paz e praticando acaridade no seu sentido mais elevado.

Construamos a paz promovendo o bem, e aprendamos a ser fortes na mansuetude,atentos à observação de Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra”.

EditorialHerdeiros da Terra

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Na passagem de Jesus pela Ter-ra, ao lado de seus ensinosverbais registrados pelos evan-

gelistas, alinham-se os exemplosque oferece com sua presença.

Ensino e exemplificação, eis oscomponentes do processo educacio-nal dirigido pelo Mestre Incompa-rável a toda a Humanidade.

É o Cristianismo autêntico,sem os acréscimos impostos peloshomens e as interpretações e inte-resses que interferiram na doutrinaoriginal do Cristo.

Ao lado dessa base fundamen-tal constituída pelos conhecimentose incentivos ao amor, justiça e cari-dade que se encontram na Mensa-gem do Mestre, há outros aspectosque escaparam ao entendimento demuitas gerações e que hoje se cons-tituem em lições edificantes, graçasà presença do Consolador prometi-do.

Um desses aspectos, ensina-mento sublime, sem palavras, é ode sua volta do Plano Espiritual,após os tristes episódios da crucifi-cação e morte, entendida como talpelos homens.

O retorno do Mestre e a convi-vência com os discípulos, por cercade quarenta dias, apresentando-secom o mesmo corpo marcado pelaschagas, não é por si só, a compro-

vação da imortalidade do Espírito,de tão difícil entendimento aindahoje, passados dois milênios?

No entanto, ao se apresentaraos amigos e discípulos, suas pala-vras nada têm de sensacionalismo.Sua presença se faz com naturalida-de, sem recriminações, desejando apaz para todos.

Aquela presença encerrava, en-tretanto, a comprovação da conti-nuidade da Vida, em outra dimen-são, fato natural e não sobrenaturalou milagroso, como propõem de-terminadas religiões.

Lição precisa, sem palavras,aclarava o que antes dissera Jesussobre a Vida Eterna, de tão difícilentendimento não somente para osque ouviam o Mestre, diretamente,mas ainda hoje, por bilhões de ha-bitantes deste orbe.

Comprovada a continuação daexistência além da morte do corpo,por Aquele que é o Guia e Gover-nador Espiritual de todas as Esferasda Terra e provavelmente de outrosMundos, sabia Ele da dificuldadede entendimento que têm os Espí-ritos sujeitos às reencarnações, nosdiversos estágios em que se encon-tram na Terra.

Daí sua promessa de enviar ou-tro Consolador, com a finalidade derepetir seus ensinos, aclará-los nospontos de mais difícil entendimen-to e revelar coisas novas compatíveiscom os novos tempos e o novo es-tágio evolutivo de muitos habitan-tes deste planeta.

Essa a missão do Espiritismo, oConsolador, que não só vai repetin-do os ensinamentos do Mestre, co-mo os vai libertando dos acréscimose interpretações indevidas.

Por isso o Espiritismo não po-de separar-se do Cristianismo real,verdadeiro, no qual finca suas raí-zes, repetindo todos os fundamen-tos morais, espirituais e educacio-nais dele advindos.

O Espiritismo, como doutrinasuperior por sua origem, não podedesvincular-se de sua fonte. Ela é odesdobramento atualizado da Dou-trina do Cristo. É a continuaçãodas Revelações anteriores com osaclaramentos necessários e o acrés-cimo de novos conhecimentos.

Temos a convicção e a esperan-ça de que os espíritas sinceros quediscordam do vínculo da DoutrinaEspírita com a Doutrina do Cristo,cedo ou tarde, retificarão esse posi-cionamento, não só pela força dospróprios fundamentos doutrináriosque se encontram nas obras da Co-dificação Espírita, mas também pe-lo impositivo da realidade.

O trabalho e o esforço sincerovisando ao Bem constituem por sium processo lógico de aperfeiçoa-mento individual, desde que hajasinceridade de propósitos, conjuga-da à humildade.

Jesus é o Caminho, a Verdadee a Vida, conforme suas própriaspalavras.

Nessa síntese admirável, nãopodemos esquecer nenhum de seus

ImortalidadeJuvanir Borges de Souza

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ensinos, como luz permanente abrilhar sempre, como o Verbo doprincípio.

A volta do Mestre ao plano dasformas, após os tristes episódios doGólgota, quando os homens con-sideravam-no morto, é um aclara-mento decisivo sobre a tormentosaquestão da morte.

Embora todas as grandes reli-giões preguem a imortalidade da al-ma, o homem, religioso ou não,tem enorme dificuldade em aceitara morte.

Para grande parte da Humani-dade ela é a grande preocupação, ogrande tormento, pela incerteza doque ocorre após o termo final docorpo que perde a vida.

Torna-se necessária a criação deuma nova mentalidade, com fulcrona Verdade e na Vida, com o afas-tamento do medo do futuro.

A imortalidade da alma, a con-tinuação da Vida, em outra dimen-são, tal como evidenciou o Cristo,não só com palavras, mas com a re-tomada dos contatos com seus ir-mãos menores e amigos, é uma rea-lidade demonstrada pela Boa Novahá dois milênios, e reafirmada nosdias atuais pelo Consolador.

O terror da morte, que tematormentado o ser humano em to-dos os tempos, continua torturan-do o homem atual, independente-mente de sua religiosidade oucompleta descrença.

Entretanto, a continuação daVida da Essência Espiritual, com osvalores adquiridos em sucessivas ex-periências reencarnatórias é umaevidência demonstrada por fatos,por pesquisas sérias, à disposição dequem procura esclarecer-se.

Para nos livrarmos do domínioaterrador de um fato natural, qual

o é a morte do corpo, torna-se in-dispensável o rompimento com atradição niilista dos que se guiampelo materialismo multiforme, quenem mesmo as crenças religiosasconseguem superar.

Não bastam, para tanto, os ar-tifícios intelectuais; as afirmações daCiência, que nada percebe além damatéria; os juízos das multidões e oconvencionalismo que insiste emnegar o que já está comprovado.

A Vida está presente em todo oUniverso.

Os reinos da Natureza que co-nhecemos são demonstrações deVida sob as formas vegetais, ani-mais e hominais.

Em todos os seres, o que deno-minamos morte são transformaçõesnaturais, visando à continuação e oaperfeiçoamento da essência espiri-tual.

Não nos esqueçamos de queJesus, mesmo não contemplandominúcias em Seus ensinamentos deVida, deixou-nos a comprovação daimortalidade, que o Consoladorpor Ele prometido demonstrariacom riqueza de detalhes.

O Cristo e o Consolador liber-taram-nos do jugo do medo, da dú-vida e da morte, bastando que aten-temos em seus ensinos e exemplos.

Em meio a escuridão em quese encontra a maior parcela da Hu-manidade, inclusive no tocante àimortalidade, é impossível encon-trar o caminho certo, que nos liber-ta do medo e da ignorância, sem aVerdade representada pela Mensa-gem do Cristo, revivida pela Dou-trina Espírita – o Consolador.

E essa Verdade, que nos recon-forta e esclarece, não deve ser guar-dada só para nós.

Compete-nos divulgá-la, espa-lhá-la, propagá-la, difundi-la tantoquanto possível, como ajuda aosnossos semelhantes.

Essa é uma forma de coopera-ção fraterna com nossos compa-nheiros de jornada, como meio dedifundir a iluminação de que tantonecessita o mundo em que vive-mos.

É também a solidariedade emação.

Assim como fomos beneficia-dos pelo Cristo e seus mensagei-ros, espalhemos os ensinos recebi-dos às criaturas necessitadas queestão à espera de uma oportunida-de de aprendizagem sobre a vidaimortal.

Não nos esqueçamos

de que Jesus, mesmo

não contemplando

minúcias em Seus

ensinamentos de Vida,

deixou-nos a

comprovação da

imortalidade, que o

Consolador por Ele

prometido

demonstraria com

riqueza de detalhes

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Segundo sabemos, o Dia dasMães nasceu nos EstadosUnidos, em 1908, no Estado

da Virgínia, por inspiração e inicia-tiva da senhorita Ana Jarvis. Ofi-cializou-se no Brasil em 1932.

Feliz idéia de Miss Jarvis! Justahomenagem à “Rainha do Lar”, nãoobstante os homens haverem tisna-do a pureza do evento, com suaproverbial voracidade mercantilista.

O amor de mãe é uma dasmuitas manifestações divinas queexcedem ao entendimento huma-no. Aliás, que seria da Humanidadee de sua perpetuação no Planeta, senão fora o sustentáculo desse amor?Talvez, porcentagem esmagadoradaqueles que descem à carne nãosobreviveria se Deus, em Sua In-finita Sapiência e Bondade, nãocolocasse esse “anjo guardião” paranos amparar nos primeiros anos denossa infância, frágil e indefesa!

Vale considerar que existemmuitas mães que não expressam es-sas características de anjo tutelar,mas isso é exceção da regra, consti-tuindo a minoria.

O amor maternal está no roldos grandes mistérios divinos quedesafiam explicações nascidas demalabarismos intelectuais. Aliás,nenhuma das ciências humanaspoderá explicar, satisfatoriamente,essa manifestação a que denomi-

namos Amor. Talvez seja porque osrecursos de nossa mente não ultra-passam o plano das relatividades,enquanto o amor deve ser algo quenos alcança, vindo de uma dimen-são mais alta, do absoluto, fora doarmazém de informações a quechamamos mente. É aquele algosentido e não explicado. É o sentirindependente do saber.

Quis o Senhor, em Sua Infini-ta Sabedoria e Bondade (se assimnos permitem conjeturar), que to-da a Sua criação estivesse amparadae garantida pelo desvelo maternal,em todos os segmentos da vida.Temos, pois, no amor de mãe, agarantia da sobrevivência de todasas espécies de vida animal queevoluem na Terra. Amor de mãe –Oh mistério de Deus! Quem pode-rá explicar, satisfatoriamente, porque a ave chororó morre tentando,inutilmente, apagar com o bater deasas o fogo da queimada que vai re-

duzir a cinzas seus filhotes no ni-nho? Por que a galinha investe, emluta desigual, contra o predador quevem devorar seus pintinhos? Porque animais temíveis como a pan-tera, a leoa, a loba e muitos outrostrocam seus violentos instintos car-nívoros por atitudes de extrema ter-nura para com a prole?

A diferença é que a proteção, oalimento, o agasalho e o carinhomaterno nos animais não ultrapas-sam o tempo apenas necessário aque seus filhotes aprendam a secuidar, enquanto nos humanos,o amor materno é aquela eternabênção divina, agasalhando os fi-lhos por toda a vida terrena, comseqüência na Pátria Espiritual.

A literatura espírita é pródigaem exemplos de continuidade doamor materno no Mundo Espiri-tual. Dentre muitos casos, citamosapenas um contido no livro Liber-tação, de André Luiz: (ed. FEB):Matilde é o nome da mãe sublima-da. Residindo em altas esferas espi-rituais, jamais se despreocupou dofilho, o temível sacerdote Gregório,líder de poderosas organizaçõescriminosas nos planos espirituais in-feriores. Separada desse filho amadohá alguns séculos, conseguiu, graçasà força de seu divino amor, recu-perá-lo para as hostes do Cordeiro,com orações constantes e a colabo-ração de muitos Espíritos amigos.

Neste mundo expiatório, ondeo crime, o vício e as degradaçõesproliferam infrenes, o amor mater-nal aí está para minimizar os sofri-

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Amor de MãeAdolpho Marreiro Júnior

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mentos, servindo, consolando, for-talecendo, aconselhando e, não raro,consumindo-se até o último alento,em benefício de filhos que optarampor caminhos tortuosos. Graças àscondições de atraso moral de nossomundo, o número de lares onde asmães podem desfrutar as venturasde conviver com filhos equilibra-dos, carinhosos e reconhecidos ain-da é bem menor do que o númerode lares onde imperam a indife-rença, o egoísmo, a impiedade e aingratidão para com os desvelosmaternos.

Quantas mães, justo no dia emque são homenageadas, estarão visi-tando os filhos que cumprem penasnos presídios? Quantas convivem,heroicamente, com o infortúnio decuidar de filhos deficientes peloresto de suas vidas? Quantas outras,no Dia das Mães, despedaçam seuscorações, com saudades das filhasqueridas, agora residindo em antrosde prostituição? Não se pode es-quecer também das mães viúvas,por vezes sustentáculos de famíliasnumerosas, trabalhando horas ex-cessivas até à exaustão, para que nãofalte o dinheiro do aluguel, o ali-mento, os estudos dos filhos, etc.

Não são raros os casos de mãesque, lutando sozinhas, conseguiramformação superior para filhos que,pouco tempo depois de receberemseus diplomas, perderam suas herói-cas benfeitoras, exauridas pelos es-forços constantes. A vida dessasheroínas é semelhante à da árvoregenerosa, sempre renovando a safrade frutos para servir à família.

Todos temos muitos amoresem nossas vidas: amamos o torrãoonde nascemos; amamos nossos ani-mais domésticos, nossos amigos e,de certo modo, até os nossos inimi-

gos, evitando revides e vinganças.Mas, tudo isso não passa de amoresmenores, em cujo exercício dificil-mente chegamos aos exemplos su-blimados da renúncia da própria vi-da, qual ocorre com o amor de mãe,exceção feita, repetimos, às que es-capam a esse comportamento.

Sem exagero, podemos afirmarque, abaixo do Amor de Deus e doAmor Universalista pregado e exem-plificado por Jesus, o amor de mãepode ocupar o terceiro lugar: Amorde Deus, Amor de Jesus e Amor demãe.

Dia virá em que esse amordeixará de estar confinado ao nú-cleo familiar, tornando-se práticacomum e espontânea entre todos oshomens. Nesse porvir, a Terra seráum mundo venturoso! Jesus, do al-to da cruz, profetizou esses temposfelizes, olhando para João e reco-

mendando a Maria – “Mulher! Eisaí teu filho”, isto é, veja em cadahomem um filho amado. Depois,dirigindo-se a João – “Eis aí tuamãe”, como a lhe dizer: – Veja emcada mulher uma progenitora que-rida.

As mensagens que os Espíritosnos enviam homenageando as mãesquase sempre enfocam os dramaspungentes daquelas que tiveramsuas vidas repletas de sacrifícios econsumidas pelas ingratidões dosfilhos. Tais poemas nos levam àscentenas de milhares de mães quehabitam localidades misérrimas, queproliferam nos países do chamadoTerceiro Mundo.

No Dia das Mães, para home-nagear as rainhas de todos os lares,principalmente as heroínas crucifi-cadas pela indiferença dos filhos, es-crevemos este artigo.

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Carta a minha mãeQuis visitar-te o anônimo jazigoEm que a humildade em paz se nos revela,Contemplo a cruz, antiga sentinelaErguida ao lado de um cipreste amigo.

Busco a memória e vejo-te comigo;Estamos sob o verde da aquarela,Teu sorriso na túnica singelaÉ luz brilhando neste doce abrigo.

Recordo o ouro, Mãe, que não quiseste,Subindo para os sóis do Lar CelestePara ensinar as trilhas da ascensão.

Venho falar-te, em prece enternecidaDo amor imenso que me deste à vida,Nas saudades sem fim do coração.

Auta de Souza

Fonte: CHICO XAVIER – Mandato de Amor, 4. ed., Belo Horizonte: UniãoEspírita Mineira, 1997, p. 169.

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Oapostolado das Mães é o ser-viço silencioso com o Céu,em que apenas a Sabedoria

Divina pode ajuizar com exatidão.Ser mãe é ser anjo na carne,

heroína desconhecida, oculta àmultidão, mas identificada pelasmãos de Deus.

Ele conhece o holocausto dasmães sofredoras e desoladas e sus-tenta-lhes o ânimo através de proces-sos maravilhosos de sua sabedoria in-finita, assim como alimenta a seivarecôndita das árvores benfeitoras.

Um instituto doméstico, emmuitos casos, é cadinho purificador.

Aí dentro, as opiniões fervi-lham na contenda inútil das pala-vras, sem edificações úteis; velhosódios surgem à tona das discussõese sentimentos, que deveriam per-manecer esquecidos para sempre,aparecem à superfície das situações,embora muitas vezes imanifestosnos entendimentos verbais.

O que nos interessa, porém, éa nossa redenção.

O sacrifício é a nossa abençoa-da oportunidade de iluminação.

Sabemos, no entanto, que pa-ra o carinho maternal, o combate éintraduzível.

Na batalha sem sangue nocoração.

No espinheiro ignorado.

Na dor que os olhos não visi-tam.

O devotamento feminino serásempre o manancial do conforto eda bênção.

Quando se interrompe o cursodessa fonte divina, ainda mesmotemporariamente, a vida do lar so-fre ameaças cruéis.

As experiências no sexo mascu-lino conferem à alma um sensomaior de liberdade ante os patrimô-nios da vida, e o homem sente maiordificuldade para apreciar as questõesdo sentimento como convém.

Para os que se confundem naenganosa claridade dos dias terre-nos, a existência carnal é somenterecurso a incentivar paixões e ale-grias mentirosas, todavia, para quan-tos fixem o problema da eternida-de, com a crença renovadora no al-tar do espírito, a romagem planetá-ria é divino aprendizado para aredenção. O lar terreno é a antecâ-mara do Lar Divino, quando lheaproveitamos as bênçãos do traba-lho santificante, porque, na realida-

de, se o martelo e o buril são os ele-mentos que aprimoram a pedra, ador e o serviço são as forças que nosaperfeiçoam a alma.

Trabalhar e sofrer são talvez osmaiores bens que nossa alma poderecolher nos pedregulhos da Terra.

Toda dor é renascimento, todarenúncia é elevação e toda morte éressurreição na verdade.

O Tesouro Divino não se em-pobrece e, para Deus, os filhos maisricos são aqueles que canalizaram osrecursos do serviço a bem de todos,sem cristalizarem a fortuna amoe-dada nos cofres de ferro, que, às ve-zes, cedo se convertem nos fantas-mas de angústia além do sepulcro.

Aqui, entendemos, com clare-za mais ampla, o caminho da eter-nidade.

Mais vale semear rosas entre es-pinhos para a colheita do futuro,que nos inebriarmos no presente,com as rosas efêmeras dos enganosterrestres, preparando a seara de es-pinhos na direção do porvir.

Não percamos o dia para que otempo não nos desconheça.

A dificuldade é nossa bênção.Amemos, trabalhando nas som-

bras de hoje, a fim de que possamospenetrar em companhia do Amor,na divina luz do Amanhã.

Agar

Fonte: Francisco Cândido Xavier, Mãe– Antologia Mediúnica. 2. ed. Matão(SP): Casa Editora O Clarim, 1971,p. 32-34.

PRESENÇA DE CHICO XAVIERPRESENÇA DE CHICO XAVIER

No apostolado feminino

O lar

terreno é a

antecâmara

do Lar Divino

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Otreinamento do amor na con-duta torna-se indispensávelpara que se desenvolva e al-

cance níveis elevados de emoção. O amor não surge concluído,

em condições de esparzir suas vibra-ções em clima de plenitude. É re-sultado de esforço e conquista deque paulatinamente se enriquece,conseguindo estabelecer fronteirasnas paisagens íntimas do ser hu-mano. É uma força irresistível quenecessita ser bem canalizada a fimde produzir os resultados opimos aque se propõe.

Por isso, ninguém pode esperarque surja poderoso, de inopino, ar-rebatando, ao mesmo tempo felici-tando.

Quando assim ocorre, trata-sede impulso inicial da sua manifes-tação, ainda arraigada aos desejos easpirações pessoais, que anelam pe-la permuta de interesses imediatis-tas, longe do significado real que odeve caracterizar.

É um empreendimento emo-cional-espiritual muito específico,que exige o combustível da ternurae da afabilidade, para poder com-preender e desculpar toda vez quan-do convidado a envolver as pessoascom as quais se convive.

À medida que se instala no ho-mem e na mulher, altera-lhes ocomportamento para melhor, dul-

cificando-lhes a existência mesmoquando se encontram sob os ca-martelos dos sofrimentos e das difi-culdades. Suaviza a aspereza da jor-nada e contribui em favor da alegriaque deve ser preservada, mesmoque a peso de sacrifícios.

O amor não se deixa impres-sionar pela aparência física ou pelosatributos pessoais de outrem, em-bora, de alguma forma, possamcontribuir em favor dos primeirospassos, como o fascínio, a aproxi-mação, o intercâmbio afetivo, defi-nindo-se depois pela própria quali-dade de que se reveste.

Desdobra-se na convivência ounão com as pessoas que lhe rece-bem o alento, jamais diminuindode intensidade por multiplicar-selargamente em todas direções.

Pode-se amar a um número in-contável de pessoas, com qualidadeespecial em relação a cada uma,sem que haja predominância de al-guém em detrimento das demais. Asua chama nunca se apaga, porquenão se consome, antes auto-susten-ta-se com o combustível da alegriaem que se expressa.

Nos relacionamentos agressivose imprevistos da sociedade hodierna,como de outros passados tempos,não se influencia negativamente,corrompendo-se ou diluindo os vín-culos, porque nada exige, possuindoa capacidade de compreender as di-ficuldades que sempre surgem, re-vigorando-se à medida que se doa.

...

O amor é otimista e sempreatuante, contribuindo eficazmentepara o comportamento ditoso da-quele que o cultiva.

Jamais agredindo, estimula osneurônios cerebrais à produção demoléculas propiciatórias à saúde eao bem-estar, por evitar que os mes-mos sejam bombardeados por toxi-nas procedentes do sentimento daamargura, do ressentimento, da re-volta, do ódio...

Envolvente, é suave como umamanhecer e poderoso como a for-ça ciclópica da própria vida.

Não se desnatura, quando nãorecebido conforme é do seu mere-cimento, nem se rebela, porque des-denhado. Mantém-se paciente e to-lerante, por entender que o outro,aquele a quem se dirige, encontra--se doente, destituído de sensibili-dade para recebê-lo.

A vigência do amor é o recursomais hábil para uma real mudançade conduta da sociedade, que pas-saria a viver de maneira mais con-sentânea com as conquistas daCiência e da Tecnologia, utilizando--se desse extraordinário contributoda evolução para tornar a existênciaterrestre muito mais feliz e menospreocupada.

Na raiz da crueldade e do cri-me encontramos o amor ausentenaquele que se deixa arrastar pelaloucura, que o não recebeu e nãofoi impregnado pela sua vitalidadeprazenteira. Pelo contrário, acumu-lou resíduos de ira, de maus-tratos,de indiferença e de perseguição, que

Amor e comportamento

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se encarregaram de asfixiar quais-quer possibilidades de vivência dacompaixão e da misericórdia, quesão filhas diletas do amor.

Complexos de culpa e de infe-rioridade, rebeldia sistemática, amar-gura continuada, distimia contu-maz são os frutos espúrios de umaexistência sem amor, que se desen-volveu longe da esperança e da com-preensão.

Esse coração sempre esteve fe-chado à irradiação do sol do amor,que não conseguiu penetrar-lhe aintimidade, alterando-lhe a pulsa-ção emocional.

É necessário que se abram ossentimentos à sua presença, de for-ma que qualquer lampejo produzaclaridade interior, estimulando aoaumento de luminosidade.

Exercitando-se a vivência dassuas vibrações, aumenta-se a capa-cidade de senti-lo e expressá-lo nasmais diversas situações.

Ao mesmo tempo, especialbem-estar domina o comportamen-to, proporcionando emoções eno-brecidas e aspirações elevadas queobjetivam a harmonia geral.

Quando alguém ama o mundocomeça a transformar-se. Basta queesse sentimento seja direcionado,indiscriminada ou especificamente,em favor de alguém e logo ocorreuma real mudança na psicosfera doindivíduo, que se irradia em todasas direções, modificando a estrutu-ra perturbadora e desconfiada quepor acaso exista a sua volta.

Conforme o Sol é sempre no-vo em cada amanhecer e sua lumi-nosidade enriquece de luz e calor aTerra, o amor esplende de beleza ede vitalidade em cada momento emque se expande. Se houver noitemoral, ele se torna claridade frater-nal, se permanece a suspeita, eleoferta segurança, se campeia o de-sencanto, ele faculta a confiança,

porquanto a todos aquece com ovigor da bondade e da paz.

...Dizem os escritos evangélicos

que Deus amou tanto ao mundo eà Humanidade, que ofereceu o SeuFilho, a fim de que crendo nEle to-dos encontrassem paz e felicidade.Também se pode dizer que Oamando, todos desfrutarão de equi-líbrio e ventura.

O amor é essencial para o com-portamento equilibrado e propicia-dor do progresso moral, tecnológi-co, social e espiritual da sociedade.Começando em um indivíduo, ter-mina por envolver todas criaturas.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, na noite de 25 de setembrode 2002, no Centro Espírita Cami-nho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

– Será uma virtude o amor materno, ou umsentimento instintivo, comum aos homens e aos ani-mais?

“Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe oamor a seus filhos no interesse da conservação de-les. No animal, porém, esse amor se limita às ne-cessidades materiais; cessa quando desnecessários setornam os cuidados. No homem, persiste pela vidainteira e comporta um devotamento e uma abne-gação que são virtudes. Sobrevive mesmo à mortee acompanha o filho até no além-túmulo. Bemvedes que há nele coisa diversa do que há no amordo animal.”

– Estando em a Natureza o amor materno,como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro,desde a infância destes?

“Às vezes, é uma prova que o Espírito do filhoescolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sidomau pai, ou mãe perversa, ou mau filho, noutraexistência. Em todos os casos, a mãe má não podedeixar de ser animada por um mau Espírito queprocura criar embaraços ao filho, a fim de que su-cumba na prova que buscou. Mas, essa violação dasleis da Natureza não ficará impune e o Espírito dofilho será recompensado pelos obstáculos de que ha-ja triunfado.”

Fonte: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio deJaneiro: FEB, 2001, questões 890 e 891, p. 410.

Amor materno

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Num célebre discurso pronun-ciado nas reuniões em Lyon eBordeaux, na França, entre

1860 e 1862, há afirmativas basila-res de Allan Kardec:

O Espiritismo tem por divisa:“Fora da Caridade Não há Salva-ção”, o que equivale dizer que forada caridade não pode existir verda-deiro espírita.

Solicito-vos inscrever, daquipara frente, esta divisa em vossasbandeiras, pois ela resume ao mes-mo tempo a finalidade do Espiritis-mo e o dever que ele impõe.

Obviamente, o Codificador nãose reportava ao sentido escatológicodo termo – estarmos salvos “do ou-tro lado”, fazendo por merecer ascelestes benesses.

A Doutrina Espírita é bastanteclara ao informar que ninguém, emmomento algum, está perdido.

Somos filhos de Deus, monito-rados em tempo integral nas andan-ças pelos caminhos da Vida.

Há muitos trânsfugas das leisdivinas.

Os que trazem a consciênciatorturada, em face de seus envolvi-mentos com o mal...

Os que se comprometem novício e na rebeldia...

Os indigentes espirituais, queatravessam desertos áridos de afeti-vidade e paz, por não usarem a bús-sola do Bem...

Os criminosos que cometematrocidades...

Nem por isso estão isolados naobra da Criação.

Uma só alma que se perdessee Deus teria falhado em seus obje-tivos!

Por mais longe nos levem nos-sos desatinos, ainda assim permane-ceremos nos domínios divinos, re-gidos por leis soberanas que disci-plinam nossas emoções e renovamnossas idéias, conduzindo-nos aofuturo de bênçãos.

Portanto, o termo salvação, namáxima kardequiana, deve ser en-tendido em sua dimensão existen-cial.

Jamais haverá salvação, no sen-tido de melhoria de vida para a po-pulação terrestre, livrando-nos deseus males, enquanto não construir-mos uma sociedade solidária, emque sejamos um por todos e todospor um.

Isso implica estarmos dispostosao sacrifício de nossos interessespessoais em favor do bem comum,a partir do empenho de servir, queé a caridade em ação.

***

Obviamente não estamos dian-te de uma realização imediata.

Séculos se passarão até que avocação de servir seja comum a to-

dos os homens, exercitada com na-turalidade, como o andar e o fa-lar.

Mas, se o Mundo não pode sermudado de pronto, o conhecimen-to espírita impõe que comecemospor mudar a nós mesmos, lutandocontra os impulsos egoísticos e con-tribuindo por melhorar as condi-ções de vida, onde estivermos.

O exemplo é poderoso.Favorece uma corrente “pra

frente”, de pessoas interessadas emse salvarem da inércia, do comodis-mo, da indiferença, da omissão, pa-ra não serem vitimadas por pertur-bações e desajustes.

Terapeutas que cuidam de pa-cientes às voltas com distúrbios emo-cionais e físicos indicam, hoje, comoprincipal remédio, o empenho porfazer algo em favor do próximo.

Estão chegando onde Kardeccolocou a Doutrina Espírita desdeo início.

É cogitar do Bem, não dandoespaço para o mal, afugentando os“macaquinhos do sótão”, os pensa-mentos negativos que perturbamnossa mente.

***

Sugiro, leitor amigo, se você es-tá interessado em “salvar-se”, queeleja como “base de operações” oCentro Espírita, assumindo com-promissos de freqüência e partici-pação.

O motivo dessa opção é sim-ples:

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SalvaçãoRichard Simonetti

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No estágio de evolução em quenos encontramos, é difícil seguir,sem desvios, pelos caminhos da so-lidariedade.

Facilmente negligenciamos com-promissos de uma contribuiçãomensal em favor de obras assisten-ciais, de visitação regular a en-fermos, de convivência pacíficacom os familiares, de atendimentoperseverante a famílias carentes.

É que essa maneira de ser nãoconstitui, por enquanto, uma se-gunda natureza, um comportamen-to espontâneo.

Exige empenho por contrariartendências ao acomodamento, quesempre sugerem a deserção aoscompromissos.

É o apelo insidioso de nossaprópria inferioridade:

– Esqueça os outros! Cuide desi mesmo!

Participando de um Centro Es-pírita, empenhados nos estudos, nasreuniões mediúnicas, nos serviçosassistenciais, temos renovados estí-mulos, envolvendo a própria Dou-trina e os companheiros, no senti-do de manter fidelidade aos com-promissos assumidos.

Daí a importância de nossa in-tegração nessa colméia de bênçãosque é a casa espírita.

Há muitos serviços a instituir,há muito trabalho a desenvolver.

O Centro Espírita tem um po-tencial imenso em favor de uma so-ciedade mais esclarecida e partici-pativa.

Isso, na medida em que nosdisponhamos a arregaçar as man-gas, conscientes de algo fundamen-tal:

Nossa “salvação” começa quan-do nos dispomos a salvar nossos ir-mãos do infortúnio.

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Otúmulo não interrompe a vi-da, ao contrário, amplia aoEspírito recém-liberto da ma-

téria sua visão acerca da vida.Séculos atrás, os cientistas e

pesquisadores, ao investigarem a es-trutura da matéria, acreditavam quea vida se restringia aos seres orgâni-cos, por desconhecerem que alémdas fronteiras do mundo físico exis-tia o domínio da vida em plenitudede poder, sob o comando de Deus,Nosso Pai e Autor da Criação.

À medida que os pesquisadorese cientistas foram percebendo a pre-sença de forças imponderáveis in-fluenciando os mecanismos da vidahumana e identificando que os va-lores da consciência, ainda impers-crutáveis à investigação científica,determinavam a conduta dos ho-mens, muitos estudiosos da Ciên-cia foram levados a reconhecer queseres invisíveis influenciam o pen-samento e os modos de ser da cria-tura humana. A Psiquiatria, a Psi-canálise, a Neurologia e a Psicolo-gia, principalmente, ao analisaremcertos meandros da esquizofrenia,da psiconeurose, da depressão espi-ritual, da neurastenia e de outroscasos dos processos mórbidos docomportamento humano, são leva-dos à conclusão de que forças in-tangíveis determinam mecanismoprofundo do pensamento, e neleinterferem, o que nos permite reco-

nhecer que os ensinamentos de Al-lan Kardec inseridos em O Livrodos Médiuns e em outros compên-dios da Codificação da DoutrinaEspírita, quando abordam os casosde obsessão, em todas as suas for-mas de manifestação, merecem serestudados e pesquisados profunda-mente, por todos aqueles que sepropõem a contribuir para a saúdemental das criaturas humanas.

É por isso que afirmamos que amorte não existe. Os entes queridos,que partiram, entregaram à terra ocorpo cadaverizado, mas eles, Espí-ritos eternos, continuam vivendoem outras dimensões da vida triun-fante. Além da Terra, por outro lado,a própria Ciência, em suas inves-tigações interplanetárias, encontraindícios de manifestação da vidanos orbes que povoam a incomen-surabilidade do espaço cósmico.

Tudo vive no Universo! Desdeo microcosmo, com suas minudên-cias, algumas vezes identificáveis,até a Glória das Galáxias e conste-lações que emolduram beleza indes-critível de firmamento das noitesconsteladas de luz. É a manifestaçãoinequívoca da vida.

Dessa forma, transformemos aslágrimas e a saudade pela ausênciados corações queridos, que parti-ram, na certeza de que “o túmulonão separa aqueles que se amam”, eque a fé como chama viva queaquece os nossos corações, nos pro-picie a coragem para nos reunirmostodos numa prece de gratidão aoAltíssimo por nos ter concedida abênção da vida.

O túmulo não interrompe a vidaIsmael Ramos das Neves

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“E ouvireis de guerras e de

rumores de guerras; olhai não

vos assusteis, porque é mister

que isso tudo aconteça, mas

ainda não é o fim.

Porquanto se levantará na-

ção contra nação, e reino con-

tra reino, e haverá fomes, e

pestes e terremotos, em vários

lugares.”

Jesus (Mateus, 24: 6-7).

Jesus, no sermão profético, falado princípio das dores que irãoassolar a Humanidade. Guerras e sofrimentos sempre

existiram ao longo dos milênios ter-restres. Sabemos, contudo, que oMestre fala de um momento espe-cial, de uma situação jamais vistaem nosso planeta.

E nós nos perguntamos: seráeste momento que estamos vivendoo prenúncio de dores maiores?Olhando o panorama global cons-tatamos sinais bastante significati-vos de que algo diferente está ocor-rendo com as criaturas humanas.Nos últimos tempos, grandes tragé-dias coletivas ou em âmbito menortêm chocado a opinião pública, aomesmo tempo em que acontecemcrimes hediondos que ultrapassamtudo o que nossa imaginação con-siga conceber. Sofremos impactosquase diários com essas ocorrênciasque a mídia divulga com o estarda-lhaço costumeiro e, mesmo sem

querer, tornamo-nos cientes de taisatrocidades.

As paixões humanas parecemestar exacerbadas, as drogas e víciosde todo tipo encontram as criaturasdesprevenidas e enfraquecidas, de-seducadas e baldas de valores mo-rais e espirituais, oferecendo campoaberto e fértil aos distúrbios com-portamentais e aos processos obses-sivos. Novos credos religiosos sur-gem aqui e ali, proliferando os“shows” da fé como os próprios lí-deres os denominam, sem que hajaum aprofundamento maior nospreceitos da mensagem cristã quedizem abraçar e que possibilite umarenovação moral consciente e emplenitude. Por outro lado, todos osdias temos notícias de corrupção,de desvios de verbas de milhões emilhões de reais por ditas “autori-dades” ou por espertalhões que aimpunidade alberga, desconhece oupremia. E enquanto isso, a misériaprossegue fazendo as suas milharesde vítimas diariamente.

São as “guerras” do cotidiano aexpressarem aquelas existentes nomundo íntimo de cada um.

Destas decorrem as guerras en-tre as nações.

A história da Humanidade éuma história de guerras. A paz éuma aspiração, uma esperança, umanecessidade. Mas é também umaconquista que muitos pensam con-seguir com as armas. A paz amadaé, para estes, armada. E assim fo-mos escrevendo o livro da vida, anossa, particular, e a do Planeta.

Mas o ser humano tem extra-polado em sua ambição e egoísmo.A guerra atinge requintes inimagi-náveis.

Nosso Lar, o notável livro deAndré Luiz , best-seller entre as dezmelhores obras espíritas do séculoXX, psicografado pelo nosso ines-quecível Chico Xavier, apresenta nocapítulo 24, intitulado “O impres-sionante apelo”, a repercussão daSegunda Guerra Mundial no planoespiritual.

André está em companhia deLísias quando este liga um aparelhoreceptor para ouvir as notícias vei-culadas pela emissora do PostoDois, de Moradia, “velha colônia deserviços ligada às zonas inferiores”.Vejamos alguns trechos:

“– (...) Continuamos a irradiaro apelo da colônia, em benefício dapaz na Terra. Concitamos os colabo-radores de bom ânimo a congregarenergias no serviço de preservaçãodo equilíbrio moral nas esferas doglobo. Ajudai-nos, quantos pude-rem ceder algumas horas de coope-ração nas zonas de trabalho que li-gam as forças obscuras do Umbral àmente humana. Negras falanges daignorância, depois de espalharem osfachos incendiários da guerra naÁsia, cercam as nações européias,impulsionando-as a novos crimes.(...) Nevoeiros pesados amontoam--se ao longo dos céus da Europa.Forças tenebrosas do Umbral pene-tram em todas as direções, respon-dendo ao apelo das tendências mes-quinhas do homem.”

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Rumores de guerraSuely Caldas Schubert

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Era o mês de agosto de 1939,conforme esclarece Lísias, ante asurpresa de André Luiz, que desco-nhecia a angustiosa situação mun-dial. Em seguida, outros apelos fo-ram ouvidos por ambos e a certaaltura o locutor conclama:

“A humanidade encarnada éigualmente nossa família. Unamo--nos numa só vibração. Contra oassédio das trevas, acendamos a luz;contra a guerra do mal, movimen-temos a resistência do bem. Rios desangue e lágrimas ameaçam os cam-pos das comunidades européias.”

Desligando o aparelho Lísiasprenuncia:

“– (...) Tudo inútil, porém (...),a humanidade terrestre pagará, emdias próximos, terríveis tributos desofrimento.” E esclarece, ante aemoção de André, que a Humani-dade, como personalidade coleti-va, “(...) está nas condições do ho-mem insaciável que devorouexcesso de substâncias no banque-te comum. A crise orgânica é ine-vitável. Nutriram-se várias naçõesde orgulho criminoso, vaidade eegoísmo feroz. Experimentam,agora, a necessidade de expelir osvenenos letais.”

Em 1945 explodiram as bom-bas atômicas em Hiroshima e Na-gasaki, ampliando os rios de san-gue e lágrimas que Lísias haviaprevisto. Note-se que Nosso Lar foilançado no ano de 1944.

A esse respeito, é bom ressaltarque Einstein foi acusado por algu-mas pessoas de ser o culpado pelafabricação das bombas, por ter des-coberto a relação entre massa eenergia, mas, como diz o físico Ste-phen Hawking, no livro O Univer-so numa casca de noz, “isso é co-mo culpar Newton pelas quedas de

aviões, por ter descoberto a gravi-dade. O próprio Einstein não par-ticipou do projeto Manhattan1 e fi-cou horrorizado com a queda dabomba”.

O sermão profético de Jesusprossegue:

“Nesse tempo muitos serão es-candalizados, e trair-se-ão uns aosoutros, e uns aos outros se abor-recerão.

E surgirão muitos falsos profe-tas, e enganarão a muitos.

E, por se multiplicar a iniqüi-dade, o amor de muitos esfriará.

Mas aquele que perseverar até aofim será salvo.” (Mateus, 24:10-13.)

Às vezes vemos pessoas exigin-do a pena de morte, argumentandoser a única solução para os malesdeste mundo, para os criminosos,seqüestradores, estupradores, enfim,para retirá-los definitivamente dasociedade. E de quebra vêm os fa-

voráveis ao aborto e à eutanásia –também estes, pena de morte –pleiteando que esses crimes sejamlegalizados.

São rumores de guerras. Quan-do o amor se ausenta, a dor se ins-tala, como alerta Joanna de Ângelis.

Na guerra predomina a sombracoletiva evidenciando de forma ex-plícita a ambição e o orgulho, oegoísmo e a paixão pelo domínio.

Acerca desse tema sombra en-contramos no livro Jesus e o Evan-gelho à luz da Psicologia Profunda,de Joanna de Ângelis, preciosos en-sinamentos, os quais recomenda-mos ao amigo leitor.

Ao expor o pensamento deJung a respeito do complexo dasombra existente na personalidadehumana, Anthony Stevens afirmaque o ser humano tende a negar asua existência, de modo incons-ciente, numa atitude de preserva-ção do próprio ego.

“Desse modo – esclarece – nósacabamos negando a nossa própria‘maldade’ e a projetamos nos nos-sos semelhantes, a quem acusamoscomo responsáveis pela mesma. Es-ta atitude de esperteza inconscien-te explica a prática antiga de arran-jar um ‘bode expiatório’: ela põeem destaque todos os tipos de pre-conceitos contra as pessoas que per-

tencem aos grupos que não se iden-tificam com o nosso grupo e entrana formação da desculpa para todosos massacres, ataques organizados aminorias étnicas e toda espécie deguerras. Através da projeção da som-bra, nós conseguimos transformarnossos inimigos em ‘demônios’ econvencer-nos de que eles não sãohomens e mulheres ‘iguais a nós’, esim monstros indignos de qualquerconsideração humana. Os líderes na-

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1 Projeto Manhattan – Programa americano depesquisa nuclear, que culminou com a fabrica-ção da bomba atômica.

Na guerra predomina

a sombra coletiva

evidenciando de

forma explícita

a ambição e o orgulho,

o egoísmo e a paixão

pelo domínio

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cionais podem fazer uso inescrupu-loso desta tendência, a fim de alcan-çar os seus próprios objetivos políti-cos. Os discursos de Adolf Hitler,por exemplo, recorriam com fre-qüência ao tema dos subumanos,com o qual ele se referia aos povosde origem judaica e eslava, declaran-do que havia uma só coisa a fazercom esses ‘parasitas’, a saber, exter-miná-los. Mediante o uso habilido-so da máquina da propaganda nazis-ta, ele conseguiu induzir uma parteconsiderável da população alemã aprojetar coletivamente a sua sombrasobre esses dois povos tragicamentedesafortunados. O que torna esse ti-po de propaganda tão devastador emsuas conseqüências psicológicas é ofato de que ela consegue ativar o ar-quétipo do mal, que em seguida,pode ser projetado sobre o ‘inimigo’,além da própria sombra pessoal. Es-ta dupla projeção funciona então co-mo justificativa para o extermínioque, a partir daí, é inevitável.”2

(Destaquei.)Ao analisarmos a atual situação

mundial podemos identificar a som-bra coletiva sendo ativada tanto deum lado quanto de outro entre asnações em litígio.

Jesus fala sobre a grande tribu-lação:

“Quando pois virdes que aabominação da desolação, de quefalou o profeta Daniel, está no lu-gar santo; quem lê, atenda (v.15);

Então, os que estiverem na Ju-déia, fujam para os montes (v. 16);

E quem estiver sobre o telhadonão desça a tirar alguma coisa desua casa (v. 17);

E quem estiver no campo não

volte atrás a buscar os seus vestidos(v. 18);

Porque haverá então grandeaflição, como nunca houve desde oprincípio do mundo até agora, nemtão pouco há de haver (v. 21);

Vigiai, pois, porque não sabeisa que hora há de vir o vosso Senhor(v. 42);

Sabemos que Jesus ao se referirà Judéia está falando da “região es-piritual”, isto é, do estado mental evibratório daqueles que cultivamideais nobres e edificantes e que seesforçam para vivenciar os ensina-mentos do Mestre. A mesma inter-pretação cabe para a referênciaàqueles que estiverem “sobre os te-lhados” e no “campo” de trabalhoconstrutivo. Jesus adverte que nin-guém desça ou volte, preocupadocom as coisas materiais.

Allan Kardec insere em O Li-vro dos Espíritos, na terceira parte,“Das Leis Morais – Da Lei de Des-truição”, algumas perguntas acercado tema guerras e os BenfeitoresEspirituais explicam que o que im-pele o homem à guerra é a predo-minância da natureza animal sobrea natureza espiritual e transborda-mento das paixões.

Ninguém ignora, no meio es-pírita, que estamos diante de ins-tantes decisivos para a Humanidade,que deverá passar por imprescindí-vel transformação que a qualificariapara o estágio de “regeneração”,consoante a afirmativa de Jesus deque “os brandos, os pacíficos her-dariam a Terra”. Os testemunhosvirão, melhor dizendo, já estãoacontecendo e cada vez mais porãoà prova a nossa fé, a nossa confian-ça, coragem e perseverança. Tenha-mos sempre presente e fortalecida anossa fé, pois sabemos que o Cristo

está no leme e Ele é o sublime ti-moneiro dessa imensa nave que é onosso planeta. A humanidade ter-restre integra a família universal eo Criador a tudo provê em Sua in-finita Misericórdia e Amor.

Emmanuel, em memorável pá-gina, ensina que no sermão proféti-co Jesus se refere “aos instantes do-lorosos que assinalariam a renova-ção planetária”.

Vejamos um trecho dessa men-sagem, intitulada “Para os Montes”,extraída do livro Caminho, Verdadee Vida, psicografado por FranciscoCândido Xavier (ed. FEB) e que éimpressionantemente atual:

“E a atualidade da Terra é dosmais fortes quadros nesse gênero.Em todos os recantos, estabelecem--se lutas e ruínas. Venenos mortífe-ros são inoculados pela política in-consciente nas massas populares. Abaixada está repleta de nevoeirostremendos. Os lugares santos per-manecem cheios de trevas abomi-náveis. Alguns homens caminhamao sinistro clarão de incêndios.Aduba-se o chão com sangue e lá-grimas, para a semeadura do porvir.

É chegado o instante de se reti-rarem os que permanecem na Judéiapara os ‘montes’ das idéias supe-riores. É indispensável manter-se odiscípulo do bem nas alturas espiri-tuais, sem abandonar a cooperaçãoelevada que o Senhor exemplificouna Terra; que aí consolide a sua po-sição de colaborador fiel, invencívelna paz e na esperança, convicto deque, após a passagem dos homens daperturbação, portadores de destroçose lágrimas, são os filhos do trabalhoque semeiam a alegria, de novo, e re-constroem o edifício da vida.”

É oportuno refletirmos sobreisso.

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2Stevens, Anthony. Jung: Vida e Pensamento –Trad. Attílio Brunetta – Vozes – 1993.

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P. – Qual foi sua motivação pa-ra se dedicar aos estudos, relacio-nando Doutrina Espírita e Ciência?

HGA – O método científicosempre me pareceu a melhor ma-neira de adquirirmos conhecimen-tos seguros a respeito de algumacoisa. Acreditei que poderíamos sa-ber mais e melhor acerca do Espíri-to, aplicando, em sua pesquisa, osmétodos da Ciência.

Desde a idade de 16 anos,quando me tornei espírita, fui atraí-do pela curiosidade e pelo desejo deconhecer o que seria o Espírito emsua realidade e essencialidade. Daí,sempre tentei pesquisar, da melhormaneira que me fora possível, comoseria a nossa essência espiritual.

P. – Como foram as atividadesiniciais do Instituto Brasileiro dePesquisas Psicobiofísicas (IBPP), emSão Paulo?

HGA – O IBPP foi fundadono dia 13 de dezembro de 1963.Naquela ocasião eu já havia formu-lado a minha hipótese sobre a natu-reza do Espírito e já publicara doislivros a esse respeito: A Teoria Cor-puscular do Espírito, em 1958, e No-vos Rumos à Experimentação Espi-rítica, em 1960. Quando o Institu-to foi fundado, já fazia dois anosque eu e meus três filhos estávamosconstruindo o primeiro aparelho

destinado a pesquisas de apoio àminha hipótese de trabalho. O apa-relho, Tensionador Espacial Elec-tromagnético (T.E.E.M.), foi con-cluído em 26 de outubro de 1966.Exigiu exatamente cinco anos paraser construído.

A fundação do IBPP foi, narealidade, sugerida pelos meus que-ridos companheiros de doutrina,daquela época. Não cito os seus no-mes para não estendermos em de-masia esta entrevista. Entretanto,presto minhas homenagens a todosos fundadores do Instituto, embo-ra meus nobres colegas de institui-ção não tenham tido a possibilida-de de acompanhar as pesquisas etrabalhos feitos no IBPP desdeaquela época até a presente data.Este fato é muito natural, pois osnossos ideais, ainda que coinciden-tes em suas bases doutrinárias, di-vergiram necessariamente nos obje-tivos a alcançar. Meus dignos com-panheiros eram grandes idealistasno aspecto doutrinário e religioso.E, pessoalmente, meus objetivos vi-savam apenas o conhecimento pro-fundo da natureza do Espírito.

Em vista disso, fomos, pouco apouco, ficando, meus pouquíssimosseguidores e eu, sozinhos e dedica-dos à busca que almejáramos: O es-tudo da natureza do Espírito.

P. – O IBPP se consolidou eampliou suas ações após a mudan-ça para Bauru?

HGA – A mudança para Bau-ru, propriamente, não trouxe mu-danças na nossa produção de tra-balhos. A alteração real foi sobre-tudo qualitativa e não quantitativa.Quando em São Paulo, demos maisênfase à parte da pesquisa de fenô-menos paranormais. Pudemos estu-dar um bom número de casos dereencarnação, poltergeist e outros,como casos de mediunismo, deprojeção do corpo astral e diversosfenômenos paranormais. Naquelaocasião, o IBPP participou de vá-rios Simpósios e Congressos Inter-nacionais de Parapsicologia e Psi-

ENTREVISTA: HERNANI GUIMARÃES ANDRADE

Doutrina Espírita e CiênciaHá 40 anos, o Eng. Hernani Guimarães Andrade fundava em São Paulo o Instituto Brasileiro dePesquisas Psicobiofísicas (IBPP). Em entrevista concedida a Antonio Cesar Perri de Carvalho,

o pesquisador tece comentários acerca das pesquisas sobre a natureza do Espírito.

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Dr. Hernani Guimarães Andrade

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cotrônica. Em Bauru, tivemos aoportunidade de organizar, no Cen-tro Espírita “Amor e Caridade”(CEAC), cursos regulares de Psico-biofísica*, criando classes para estu-dos das diversas disciplinas relacio-nadas com a parte científica doEspiritismo. Tivemos a oportuni-dade, também, de encontrar, noCEAC, um número razoável de es-píritas interessados nessa área doEspiritismo. Atualmente, apesar denão podermos pessoalmente minis-trar os cursos, foi possível criar umcorpo docente de ótimos monitoresque nos substituíram com van-tagem. Outro ponto relevante rela-cionado com a nossa vinda a Baurufoi a publicação de diversas obrasrelacionadas com a Psicobiofísica.Algumas delas foram aproveitadascomo roteiros de estudo, facilitan-do bastante o aproveitamento dasaulas ministradas pelos monitores.

Convém ressaltar o fato de tersido possível levarmos a efeito umaapreciável série de pesquisas de la-boratório, visando a produção e oregistro do hipotético Campo Bio-magnético (CBM). Um dos fatoresde grande importância no sucessodessa pesquisa foi o encontro da ex-celente bacteriologista, ProfessoraSônia Maria Marafiotti Gomes, doInstituto “Adolf Lutz”. Esta compe-tente profissional colaborou naspesquisas, orientando-as de manei-ra eficiente e pudemos ter um avan-ço considerável na pesquisa do refe-rido campo (CBM). Os resultadosdessa pesquisa foram apresentados

no Congresso da Associação Médi-co-Espírita do Brasil, ocorrido em29 de maio de 1997, e publicadosno livro da Associação Médico-Es-pírita do Brasil, intitulado Saúde eEspiritismo, às pp. 7/25, sob o títu-lo “Pesquisa Laboratorial do Hi-potético Campo Morfogenético”.O nome dado ao referido CampoBiomagnético (CBM) foi substituí-do por um nome equivalente,Campo Morfogenético. O signifi-cado é o mesmo, apenas são dife-rentes de acordo com a ênfase quequeira dar-se a uma de suas fun-ções. Nesse último caso, ressalta-sea sua função modeladora da formado ser vivo.

P. – Qual sua visão, sob a ópti-ca científica, da obra de AndréLuiz?

HGA – Em uma perguntaidêntica formulada durante umaentrevista dada por nós ao saudosocompanheiro Wallace Leal Rodri-gues, em 1972, registrada no livroMatéria Psi, publicado pela Edito-ra “O Clarim”, Matão (SP), demosa seguinte resposta à questão n. 3que dizia: “Se Você fosse para umailha deserta, qual livro espírita le-varia consigo? Por quê”? – Minharesposta: – “Eu levaria comigo acoleção toda da série ‘Nosso Lar’ deAndré Luiz, psicografada pelo nos-so querido Chico Xavier.”

“Por quê? – Bem, como simpa-tizante da linha científica do Espi-ritismo, considero-a a maior con-tribuição deste Século, obtida porvia mediúnica, para a solução doproblema da natureza do homem,hoje tão focalizado pela Parapsi-cologia. Fica aqui consignada, a tí-tulo de registro e endossada pormim, a seguinte previsão: as obrasde André Luiz, psicografadas por

Francisco Cândido Xavier, serão,futuramente, objeto de estudo sérioe efetivo nas maiores Universidadesdo mundo e consideradas como amais perfeita informação acerca danatureza-do-homem e da sua vidaapós a morte do corpo físico.”

P. – Qual comentário faria so-bre a expressão de André Luiz: “amatéria é luz coagulada?”

HGA – Já demos, anterior-mente na Revista da Folha Espíri-ta, n.1, de 1977, uma extensa in-formação acerca dessa expressão “amatéria é luz coagulada” constantedo livro “E a Vida Continua...”, deFrancisco Cândido Xavier, ediçãoda FEB, 1968, p. 66: “Irmã Eveli-na, quem lhe disse que não mora-mos lá, na arena terrestre, detidosigualmente num certo grau da es-cala de impressão do nosso Espíritoeterno? Qualquer aprendiz de ciên-cia elementar, no planeta, não des-conhece que a matéria densa não ésenão a energia radiante condensa-da. Em última análise, chegaremosa saber que a matéria é luz coagu-lada, substância divina, que nossugere a onipresença de Deus.” (Odestaque é nosso.)

De fato, aqueles que estudam aFísica Moderna já chegaram a estamesma conclusão, especialmente asúltimas concepções dos físicos con-tidas na “Teoria de Cordas”.

Não queremos dizer que, em1968, o nosso médium maior jáhouvesse expresso, em termos abso-lutamente ao estilo da Física atual,aquilo que se denomina “A Teoriade Cordas”. A psicografia de ChicoXavier menciona exatamente as pa-lavras “luz coagulada”, termo esteevidentemente adaptado à com-preensão popular. Entretanto, nodiálogo estabelecido entre o Espíri-

* “A Psicobiofísica é uma disciplina científicacujo objeto é o estudo dos fenômenos psí-quicos, biológicos e físicos, em todas as suasmanifestações, com ênfase nas de caráter para-normal.”

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to instrutor e a personagem deno-minada Irmã Evelina a informaçãodiz o seguinte: “Qualquer aprendizde ciência elementar, no Planeta,não desconhece que a chamadamatéria densa não é senão a ener-gia radiante condensada.” Em se-guida o instrutor acrescenta: – “Emúltima análise, chegaremos a saberque a matéria é luz coagulada,substância divina, que nos sugere aonipresença de Deus”.

A respeito desse episódio pu-blicamos uma extensa matéria, naRevista da Folha Espírita, comoinformamos no início desta res-posta.

P. – Em que estágio se encon-tram as pesquisas no mundo sobreevidências de reencarnação?

HGA – A pesquisa da reencar-nação, até agora levada a efeito nomundo, atingiu um nível de evi-dência praticamente irretorquível.Esse avanço deve-se sobretudo aosexcelentes trabalhos do Prof. Dr.Ian Stevenson, da Universidade deVirgínia, nos EE. UU. Desde 1961até a presente data, esse notável pes-quisador já registrou mais de 2.600(dois mil e seiscentos) casos suges-tivos de reencarnação, em váriospaíses do mundo. Esse acervo dedados encontra-se em parte publi-cado nas obras do Prof. Dr. IanStevenson. Dentre essas obras, des-tacam-se os mais recentes livros lan-çados, em 1996 e 1997. São eles:“Where Reincarnation and Bio-logy Intersect: A Synopsis, 203 pá-ginas; Reincarnation and Biology:A Contribution to the Etiology ofBirthmarks and Birth Defects. Vo-lume I: Birthmarks (1.200 pági-nas). Volume II: Birth Defects andOther Anomalies (1.100 páginas),Westport: Praeger. Aos interessados

em maiores detalhes, sugiro consul-ta ao cap. VIII, pp. 100-107, do li-vro de minha autoria, recentemen-te lançado com o título: Você e aReencarnação, pela Editora CEAC,de Bauru, SP, em 2002. Em nossomodesto modo de ver, essas duasobras encerram, com chave de ou-ro, quaisquer controvérsias a respei-to da realidade da reencarnação.

P. – Do ponto de vista científi-co qual princípio da Doutrina Es-pírita, no momento, apresenta maisevidências de comprovações?

HGA – De acordo com o quefoi informado, na questão anterior,o princípio da reencarnação é indu-bitavelmente o ponto mais seguro eindiscutível. Como corolário, pode-mos deduzir que a sobrevivênciaapós a morte também é um princí-pio absolutamente demonstradopor via observacional. Negar taisprincípios equivale a colocar-se namesma posição dos sábios medie-vais, diante das verdades reveladasexperimentalmente por GalileoGalilei.

Perante a CiênciaColaborar com as iniciativas que enobreçam as pesquisas e os es-

tudos da inteligência sem propósitos destrutivos.Toda ciência que objetiva o progresso humano vem do Socorro Ce-

lestial.

*

Exaltar a contribuição inestimável da medicina terrestre em suamarcha progressiva para a suprema redenção da saúde humana.

O médico, consciente ou inconscientemente, está ligado ao Divi-no Médico.

............................................................................................................

*

Quando chamado a responsabilidades no setor científico, superarlimitações e preconceitos, sem perder a simplicidade e a modéstia.

Não há sabedoria real sem humildade vivida.

*

Desaprovar os procedimentos que, embora rotulados de científi-cos, venham de encontro aos ensinamentos espíritas.

À ciência humana sobrepõe-se a Ciência divina.

“A ciência incha, mas o amor edifica.” – Paulo. (I Coríntios, 8:1.)

André Luiz

Fonte: VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita. 25. ed., Rio de Janeiro: FEB,2002, cap. 43, p. 143-144. (Transcrição parcial.)

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Acometida de infecção pulmo-nar, retornou à vida espiritualno dia 17 de fevereiro último,

em Belo Horizonte, onde residia,D. Maria Philomena Aluotto Berut-to, ou como era mais conhecida,D. Neném, que no período de1962 a 1995, presidiu com inteiradedicação a União Espírita Mineira.

Nascida a 7 de setembro de1913, em Belo Horizonte, onde te-ve sua formação educacional, cres-ceu e moça se fez, altiva, formosa,portando racionalidade e franquezacristã, valores que, aliados aos prin-cípios espíritas, garantiram-lhe as-sumir, um dia, com todo mérito, aFederativa das Alterosas.

Conheceu, ainda em PedroLeopoldo, o médium Chico Xavier,com quem manteve sempre o me-lhor relacionamento, integralmen-te revertido aos interesses da Dou-trina Espírita, que muito recolheudas abençoadas vibrações dessesdois grandes amigos, cujos vínculosdo passado emergiram com inten-sidade, reatando os mais efetivos la-ços de amizade e afetos recíprocos.

Confidências e orientações es-pirituais, assim foi a relação daque-le querido médium com D. Ne-ném, antes, durante e depois desua investidura como dirigente daUnião Espírita Mineira, a assegura-

rem, sem dúvida, firmeza e coerên-cia em suas decisões administrativas.

Viúva de Adriano Berutto, foiesposa compreensiva, dedicada eafetuosa.

Como educadora, assumiu adireção do Colégio O Precursor,por quase 25 anos, quando esteainda fazia parte do Departamen-to Educacional da UEM, contri-buindo com claridade científi-ca neste Educandário, onde combondade, ajudou a muitos jovens,proporcionando-lhes condições deestudos e segura formação.

Ressalte-se, ainda, sua valiosaatuação, junto à Congregação Espí-rita Feminina Casa de Betânia, ser-viço vinculado ao DepartamentoAssistencial daquela Federativa, porela dirigida com abnegação, desde asua fundação (14/8/1943) até de-zembro de 1961.

Companheira de idéias pro-gressistas, justa, de espírito franco eempreendedor, coerente com Jesuse Kardec, o regresso da queridaD. Neném ao Mundo dos Espíritosdeixa um vazio nos corações dequantos com ela conviveram, ondepermanece a doce lembrança de suasensibilidade e elevação espiritual.(Texto fornecido pela União Espíri-ta Mineira.)

...

A Federação Espírita Brasileirateve em D. Maria Philomena umagrande amiga, de quem sempre re-cebeu, desde os tempos do Presi-dente Wantuil, total apoio e cordialentendimento. As duas Casas, FEBe UEM, mantiveram-se unidas econtinuam unidas, graças princi-palmente à elevada compreensão deD. Neném.

Maria Philomena Aluotto Berutto(Desencarnação)

Chico Xavier e D. Neném, em 1974

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O bem é incansável“E vós, irmãos, não vos canseis de

fazer o bem.” – Paulo. (II Tessalonicenses, 3:13.)

É muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas depraticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegaçõesnão procedem de fonte pura.

Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses par-ticularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tédio vizinho da desespera-ção, quando não podem atender a propósitos egoísticos.

É indispensável muita prudência quando essa ou aquela circunstâncianos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamoshaver semeado ou nutrido.

O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amorsem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária. Relativamenteaos nossos casos pessoais, muita vez terá o Mestre sentido o espinho de nos-sa ingratidão, identificando-nos o recuo aos trabalhos da nossa própria ilu-minação; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntários e cri-minosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que nos corrige, amando,e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços para a atividade reno-vadora.

Se Ele nos tem suportado e esperado através de tantos séculos, por quenão poderemos experimentar de ânimo firme algumas pequenas decepçõesdurante alguns dias?

A observação de Paulo aos tessalonicenses, portanto, é muito justa. Senos entediarmos na prática do bem, semelhante desastre espressará em ver-dade que ainda nos não foi possível a emersão do mal de nós mesmos.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 11,

p. 33-34.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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Algumas pessoas que sobreviveram a certas crisesde saúde, incluindo paradas cardíacas, anestesiase outras situações de gravidade clínica, reportam,

quando retornam à consciência, uma experiência ex-traordinária. Estas vivências, todas espontâneas, foramdescritas já há muitos anos e o primeiro trabalho sé-rio, dedicado integralmente ao tema, é o de autoria doDr. Raymond A. Moody Jr., psiquiatra americano – olivro Vida depois da Vida (Life after Life), publicadoem 1975.

O termo “ex-periência de quase--morte” (do originalnear-death experien-ce) e a sua definiçãoforam desenvolvi-dos por este autor, apartir de seus inú-meros casos cole-tados ao longo demuitos anos e enfei-xados na citadaobra, que se tornoureferência sobre oassunto. São fenô-menos, naturalmen-te muito antigos,mas que só recentemente estão sendo devidamente es-tudados.

Neles, uma pessoa como que chega perto da mor-te clínica ou desencarnação, e a alma se desprenderelativamente do corpo, com intensidade suficiente pa-ra não sofrer mais as influências do mesmo, adquirin-do um grau de liberdade tal que ocorre uma verdadei-ra viagem anímica. O aspecto mais inusitado é a lem-brança do que sucedeu neste período e que consta dos

relatos dos pacientes ao recobrarem a consciência, de-pois de serem reanimados. Cumpre ressaltar que estesse dão espontaneamente, ou melhor, sem intenção oua vontade do protagonista.

Contudo, fenômenos análogos podem acontecer,induzidos por certas substâncias químicas administra-das propositadamente para provocá-los, como a mes-calina e o LSD, chamadas psicoativas, em pesquisas so-bre consciência holotrópica e estados alterados deconsciência, em laboratórios especializados de Psico-logia Transpessoal. Estes últimos são, por sua vez, tran-ses anímicos guardando com os primeiros alguma cor-respondência. No entanto, os de quase-morte sãoainda mais singulares e revestidos de conteúdos espe-ciais.

Estes fenômenosse incluem dentreaqueles que, na Codi-ficação Kardequiana,se intitulam como osde emancipação da al-ma, estudados peloCodificador em O Li-vro dos Espíritos, nocapítulo VIII da Parte2a. Recordando a res-posta à pergunta 422-asobre os temas letar-gia, catalepsia e mortesaparentes, temos: “(...)E esse estado especialdos órgãos vos prova

que no homem há alguma coisa mais do que o corpo,pois que, então, o corpo já não funciona e, no entan-to, o Espírito se mostra ativo.” Morte aparente seria oaspecto mais próximo das EQM (experiências dequase-morte), sendo que nestas o paciente se recordae conta tudo o que viu.

Quando os relatos das muitas pessoas que vive-ram estas experiências são comparados, percebem-seaspectos comuns, que trazem, aliás, credibilidade e

Os fenômenos de quase-morteSérgio Thiesen

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consistência às narrativas e, ao mesmo tempo, revela-ções sobre a fronteira entre a vida física e o mundo es-piritual.

Nos estágios iniciais o paciente nota o seu corpoinerte e o ambiente físico à sua volta, de uma curtadistância. Muitas vezes é o próprio centro cirúrgico,onde está sendo submetido a uma cirurgia e após so-frer uma parada cardiorrespiratória, lá está a equipemédica tentando reanimá-lo. Isto é seguido de umamudança de percepção para uma ambiência que nãoguarda nenhuma identidade com o que é do seu co-nhecimento comum e encontra o que ele chama deum “ser de luz” ou guia espiritual. São comuns a visãode túneis por onde eles transitam, a consciência de es-tarem “mortos” (e se possuem esta consciência é por-que estão vivos, já que a vida é a da alma desdobradae o cérebro físico está inativo), luzes extraordináriasque se comunicam com eles, encontros com familia-res “mortos”, observação de cenários celestiais e retros-pectos de suas vidas.

Curioso também apontar que pes-soas cegas, mesmo de nascença, e quepassaram por estas experiências enxer-gam normalmente, como nos demaiscasos, sugerindo a visão da alma, inde-pendente das vias ópticas do cérebro,que já não funcionavam antes e duran-te a experiência muito menos, pois océrebro, como vimos, não tem nenhu-ma atividade, aspecto confirmado pe-lo eletroencefalograma (exame que re-gistra as ondas cerebrais, que deixamde existir durante o tal período, como se fosse umamorte cerebral transitória).

Apesar de a alma que experimenta esta realidadeexercer algum controle sobre seus movimentos no talambiente, os elementos morais e tudo o mais que ocor-re nesta dimensão extrafísica são dependentes de umaforça externa, induzida pela vontade de um Espírito,aquele que acompanha a alma na sua inusitada expe-riência. É este quem dirige a tal vivência, sem nenhu-ma solicitação ou permissão do paciente, que nada de-cide sobre o que se passa.

As experiências de quase-morte ocorrem comuma freqüência cada vez maior por causa dos índicesde sobrevivência destas crises clínicas, que melhora-ram como resultado de técnicas mais modernas de res-

suscitação, possibilitando que os pacientes retornempara contá-las. Os relatos destas experiências e seusefeitos nos pacientes são similares no mundo inteiro,em variadas culturas e épocas.

Elas hoje são reportadas em muitas circunstânciasclínicas, como conseqüência, por exemplo, de paradascardíacas por infarto do miocárdio, choque por perdasangüínea pós-parto ou complicações durante cirur-gias, choque anafilático, choque elétrico, coma resul-tante de dano cerebral por trauma, derrame cerebral,tentativa de suicídio, afogamento ou asfixia.

Como estes fenômenos ocorrem em situaçõesmédicas, muitas vezes em dependências de clínicas ehospitais, a Medicina vem se debruçando sobre eles,procurando entender seus mecanismos, mesmo igno-rando completamente a fisiologia de todos os proces-sos que envolvem a alma como um ser distinto do cor-po e os de suas relações com este último. Este é umdos desafios do qual pode derivar não só a redescober-ta da alma, como também uma visão menos mecani-

cista e acanhada da própria “arte decurar”. Exemplo disso é o estudo re-cente, publicado numa das mais res-peitáveis revistas médicas do mundo,The Lancet, por vários autores, enca-beçados por Pim van Lommel, emdezembro de 2001, cujo titulo é:“Experiências de quase-morte em so-breviventes de parada cardíaca: umestudo prospectivo na Holanda”(Near-death experience in survivorsof cardiac arrest: a prospective study

in the Netherlands), no original.Este estudo revelou que dos 344 pacientes conse-

cutivos que sofreram de paradas cardíacas em hospi-tais holandeses naquele período e que foram reanima-dos, 18% deles apresentaram tais fenômenos, o que éum número apreciável. No entanto, em outros estu-dos a respeito, todos retrospectivos, o que significa di-zer que a análise dos relatos ocorreu vários meses ouanos depois dos fatos terem acontecido, os percentuaisforam ainda maiores, 43 a 48% em adultos e em até85% das crianças. Várias teorias, quanto à origem des-tas experiências, foram aventadas. Alguns pesquisado-res pensam que a experiência é causada por mudançasfisiológicas no cérebro, tais como morte dos neurônioscerebrais, como resultado da anóxia (falta de oxigênio)

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cerebral. É intrigante para os pesquisadores porque sea causa fosse simplesmente a falta de oxigenação cere-bral – e ela existiu em todos os casos – por que sóaquele percentual apresentou tais fenômenos?

Outras teorias sugerem uma reação psicológica àproximidade da morte, ou uma combinação das duascoisas. São estas algumas pálidas tentativas de explica-ção, pela Medicina, de fenômenos que revelam aspec-tos novos conquanto reais e desafiadores da vida depessoas comuns, Medicina esta que ainda desconhecea existência da alma como sede da vida humana, o pe-rispírito e sua fisiologia, e que ainda acredita que to-dos os fenômenos relativos à mente são necessaria-mente de origem cerebral.

Numa outra tentativa que se aproxima da visãoespiritista, os pesquisadores supõem que tais experiên-cias podem estar ligadas a uma mudança do estado deconsciência, chamada transcendência, na qual a per-cepção, a função cognitiva, a emoção e o senso deidentidade funcionam independentemente daquelaconsciência física corporal de quem está acordado. Pes-soas que tiveram uma experiência de quase-morte sãopsicologicamente saudáveis e são de qualquer idade,sexo, etnia ou crença religiosa, denotando que ne-nhum destes aspectos implica predisposição para queelas aconteçam.

Outro aspecto importante que resultou destes ca-sos, é o chamado processo de transformação por quepassam os que vivenciaram as EQM. Ao deixarem o hos-pital, e nos meses e anos seguintes, eles apresentam mo-dificações em suas vidas que incluem mudança de esca-la de valores e atitudes sobre situações, pessoas, trabalho,etc., tendendo a uma espiritualização, além de um au-mento da sensibilidade e da intuição e o desaparecimen-to do medo da morte.

Chamaram a atenção dos pesquisadores umamaior capacidade de expor seus sentimentos, melhorcompreensão nas relações humanas e aceitação das li-mitações alheias, maior amorosidade e empatia, envol-vimento com os familiares, entendimento sobre o sen-tido da vida, interesse em espiritualidade, crença navida após a morte, valorização das coisas simples e au-toconhecimento.

Dentre as interessantes considerações finais dosautores, ressaltamos a indicação deles de que não con-seguiram provar que fatores neurofisiológicos, psico-lógicos ou fisiológicos poderiam causar os tais fenô-

menos, fatores estes sempre relacionados a tudo o queocorre nos arraiais da ciência médica. Outra é que amemória e a consciência, dois dos aspectos mais fun-damentais da mente humana, poderiam não ser resi-dentes no cérebro como sempre a Ciência entendeu.EQM como que força os limites contemporâneos dasidéias médicas sobre consciência e relação mente-cére-bro, revelando-se num grande campo de pesquisasque poderá levar o conhecimento para além do aca-nhado horizonte atual, favorecendo a que se alcancea amplíssima realidade da alma – essência da vida edo ser. Por isso esperam todos aqueles que necessitamda certeza da existência da alma, pela vertente daCiência, para que ela, como diz Emmanuel, a grandeesquecida da Humanidade, se estabeleça, para os ho-mens comuns, como fulcro causal da vida e do amorde Deus.

O Ser de Luz

Oque é talvez o mais incrível elemento comumdos relatos que estudei, e é certamente o ele-mento que tem o mais profundo efeito sobre

o indivíduo, é o encontro com uma luz muito bri-lhante. Tipicamente, em sua primeira aparição aluz é tênue, mas rapidamente fica cada vez maisbrilhante, até que alcança um brilho extraterreno.Contudo, ainda que esta luz (dita branca ou ‘clara’)seja de um brilho indescritível, muitos fizeramquestão de acrescentar que de modo algum dói nosolhos ou ofusca, nem que impede de ver outrascoisas ao redor (talvez porque a esta altura não te-nham “olhos” físicos para serem ofuscados).

Apesar da manifestação inusitada da luz,ninguém expressou qualquer dúvida de que setratasse de um ser, um ser de luz. Não apenas isso,é um ser pessoal. Tem uma personalidade bem es-tabelecida. O amor e calor que emanam deste serpara as pessoas que estão morrendo estão comple-tamente além das palavras, e elas se sentem com-pletamente rodeadas por eles, completamente àvontade e aceitas na presença deste ser. Sentemuma atração magnética irresistível para esta luz.Uma atração inelutável. (...).

Raymond A. Moody Jr.

Fonte: Vida depois da Vida. 3. ed. São Paulo: EDIBOL-SO, s/d., p. 55.

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Se amar o próximo já é manda-mento que o homem normal-mente tem dificuldade para

cumprir, em decorrência do orgu-lho, do egoísmo e da vaidade queainda infestam a sociedade huma-na, apesar do contínuo e estreitocontato na vida de relação no dia-a--dia, não será difícil imaginar a di-ficuldade encontrada para com-preender e praticar o amor a Deus;esse Deus, cuja realidade a grandemaioria das criaturas ignora e con-sidera um ser abstrato, inalcançável,cuja forma, localização e origem,busca, em vão, descobrir, com osacanhados recursos da própria inte-ligência e da ciência dos homens,cujos instrumentos de pesquisa eanálise são insuficientes para con-ceituá-lO e defini-lO.

Jesus, no entanto, enfatizou oamor a Deus ao resumir toda a lei eos profetas no “Amar a Deus acimade todas as coisas, e o próximo co-mo a si mesmo”. Conhecendo tãobem os seres humanos, aos quaisveio trazer ensinamentos libertado-res, sabia que no estado de atrasoespiritual em que se encontravam (eainda se encontram), não lhes seriapossível compreender o sentidoreal deste mandamento; por isso,lançou à sua volta toda uma doutri-na, que não somente consolidava aidéia do Deus único, como, atravésde seus apóstolos, difundia concei-tos que faziam do amor o único ca-

minho capaz de trazer aos homensfelicidade e paz, a fim de que todosque dela tomem conhecimento te-nham os pensamentos convergen-tes para a idéia central: Deus.

Seria tarefa pretensiosa, quiçáimpossível, definir o amor com pre-cisão, mas, sem prejuízo da inten-ção que acalentamos, procuraremosconceituá-lo o mais completamen-te possível, para orientar as diretri-zes do raciocínio que pretendemosdesenvolver. Das muitas definiçõesconhecidas, engendradas pelas inte-ligências dos pensadores e filósofos,parece-nos a que melhor o defineser a que diz: “O amor é o desejoincondicional do bem”.

De um modo geral, os homensconsideram que amar significa pro-digalizar afeto, dedicação, carinho,lealdade, humildade, tolerância,complacência, perdão, amparo, re-signação, liberdade, respeito, gene-rosidade, alegria, e muitos outrossentimentos dessa mesma natureza,que tanto expressam capacidade derenúncia, como a iniciativa de agirno bem em favor do ser amado.

Em se referindo aos semelhan-tes à nossa volta, este modo de con-siderar o amor é perfeitamentecompreensível; porém, em se tra-tando de Deus, inteligência supre-ma do Universo e causa primeira detodas as coisas, essa consideraçãocarecerá de realidade; primeiramen-te, porque sendo Ele onipotente,

onisciente e onipresente, soberana-mente justo e bom, é completo porsi mesmo, não carecendo que suascriaturas ofereçam nenhum dossentimentos supracitados; em se-gundo lugar porque elas não teriamcomo fazê-lo diretamente!

Quando amamos alguém, pro-curamos satisfazer-lhe todos os an-seios benéficos. Ao derramar sobrenós o Seu amor, oferecendo-nos to-dos os recursos da vida, implicita-mente o Pai demonstra o desejo in-condicional do bem para toda aCriação. Fomos criados para a feli-cidade, a glória e a luz: esse o deter-minismo divino! Deus não se com-praz com a desventura e o sofri-mento de suas criaturas. Eles são,antes, resultado de nossa incúria,nossa rebeldia, revolta e indiferençapara com o próprio dever ante asleis que nos governam, as quais ob-jetivam o progresso dos seres, coma conseqüente conquista da ventu-ra e liberdade cada vez mais amplas.

Amar a Deus significa, pois,satisfazer-Lhe a vontade, cumprin-do Seus desígnios e as leis com quegoverna os destinos. Não será ne-cessário dizer Deus eu te amo paraexpressar o amor ao Pai; isto seráinconsistente e inexpressivo. Nossareverência e respeito deverá estarnos atos que praticamos. Demons-traremos o amor ao Criador obser-vando suas leis e pondo em práticaos ensinamentos por Ele enviadosaos homens, através de Jesus. Oamor a Deus não se expressa verbal-mente; mas, demonstra-se com ospensamentos, palavras e atos, sem-pre orientados na direção do bem,dirigidos às criaturas que Deuscriou à nossa volta! ISTO É AMARA DEUS!

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Amar a Deus sobre todasas coisas...

Mauro Paiva Fonseca

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Tais e tantos são os altos e

baixos de que somos passíveis etão freqüentes as facilidades de

oscilações de atitudes a que estamossujeitos, que dificilmente observa-mos, no lar e em sociedade, inva-riáveis critérios de conduta condi-zentes com o imperativo do nossoaperfeiçoamento próprio.

Parece mesmo, à primeira vis-ta, não poder ser de outra maneira,dada a diversificada variedade degraus e gêneros de caracteres comque lidamos na vida de relação,por vezes estarrecedores na gama desuas multiformes manifestações.

Seria de supor-se insolúvel oproblema, irremediável a situação,não fora a tipificação dos moldesevangélico-espíritas em que pode-mos e devemos plasmar a nossa per-sonalidade, tornando-nos “novascriaturas em Cristo”, mediante aassimilação da essência renovadorados seus ensinamentos.

Não se trata propriamente deaspirarmos à conquista da perfeiçãode um dia para outro ou até mesmonuma só existência, sempre tão cur-ta, ainda que de longo curso, para aconsecução de tão extenso progra-ma de aprimoramento espiritual,mas a de estarmos deveras atentos aessa finalidade máxima de nossatrajetória terrena.

Eis por que se faz mister impri-mir aos nossos passos uma direçãoconducente à obtenção de seme-lhante desiderato, malgrado as cir-cunstâncias adversas com que te-nhamos de nos defrontar em nossorelacionamento privado e público.

O importante é que adotemospadrões de conduta que nos levema resultados auspiciosos e compen-sadores, nesse sentido, e neles per-severemos de ânimo inquebrantá-vel.

Lembremos alguns que pode-rão vir ao encontro dessa imperiosanecessidade.

Ante o livre-arbítrio – buscarsempre o melhor caminho; o direi-to de opção é faculdade inalienávelde cada um de nós.

Ante a evolução – caminharcom os próprios pés, fazendo valera lei do maior esforço; ninguém po-derá fazer por nós o que só por nósmesmos deverá ser feito.

Ante a mediunidade – pre-parar-se pelo estudo e pelo trabalhopara bem doar-se e melhor servir;sem sintonia e afinidade com osEmissários do Senhor não teremoscondições de nos identificar plena-mente com a natureza do nosso tra-balho de medianeiros.

Ante o corpo físico – pormossua vitalidade e economia orgânicaa serviço da Causa do Mestre, pre-servando-o de desgastes em hábitose costumes malsãos.

Ante o mal, quaisquer que se-jam as modalidades de suas mani-

festações – mostrarmo-nos pruden-tes e escrupulosos, opondo tenaz esistemática resistência a seus envol-vimentos e influenciações, para nãolhe sofrermos os prejuízos e evitar-mos que outros venham a sofrê-los.

Ante os prazeres e folguedosdesprovidos de sadio conteúdo es-piritual – resguardarmo-nos ao má-ximo, neutralizando-lhes as iman-tações pela valorização dos nossosdeveres e conscientização de nossosenso de responsabilidade; os entre-tenimentos sem teor espiritualizan-te são engodos mundanos que nosembotam e embrutecem o espírito,e a suprema meta da vida é a nossaespiritualização.

Ante o trabalho – desincum-birmo-nos de nossos compromissoscom boa vontade e alegria e nãosob constrangimento, como se ti-véssemos no cumprimento do de-ver um castigo e fôssemos senten-ciados a sofrê-lo a contragosto; semtrabalho torna-se impraticável oprogresso.

Ante o semelhante – observar--lhe as provações, compreender-lheas necessidades, sentir-lhe os dra-mas de consciência e os conflitos desentimentos, encorajá-lo nas lutas,confortá-lo nas vicissitudes e con-tingências da vida, esclarecê-lo, as-sisti-lo por todos os meios e modosao nosso alcance, orientá-lo comhabilidade e tato, com sincera afe-tuosidade e infatigável dedicação; onosso próximo, quando bem com-preendido e amado, é o maior e

No aperfeiçoamento próprioPassos Lírio

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melhor investimento que fazemosno sentido da aquisição de nossa fe-licidade.

Jesus se esqueceu de si mesmoconsagrando-se a seus irmãos emDeus, a fim de que todos nos lem-brássemos dEle, como Enviado doPai, e aprendêssemos a Lhe fazer aVontade, amando-nos uns aos ou-tros como Ele nos amou.

Ante a Vida em si mesma –acatar-lhe os impositivos de lutas eadversidades, valorizá-la sempre,prezá-la ao extremo, reconhecendonos acontecimentos do cotidianofatores de promoção de nossa as-censão espiritual.

Ante o tempo – deixar que elerealize em nós, através das oportu-nidades de testemunhos, no escoardas horas e dos dias, o maravilhosofenômeno de nossa integração noregaço do Altíssimo, pela descober-ta de nós mesmos para com Ele epela revelação de Sua imagem emnós, num indestrutível entrelaça-mento divino de filho e Pai, de cria-tura e Criador, na intérmina espiraldo Infinito e da Eternidade.

Certo, isso não será tudo, masé certo ser algo que nos ajuda apensar e agir melhor, possibilitandoa obra do nosso aperfeiçoamentopróprio.

Tudo o que foge ao convencio-nal, que é inovador, que rom-pe com estruturas sedimenta-

das pelo tempo e pela opinião damaioria, principalmente no camporeligioso, sofre a dúvida quanto àsua veracidade, quanto à sua auten-ticidade. O Espiritismo, como dou-trina inovadora, não pode furtar-sea ser posto em dúvida a respeito deseus postulados básicos de preexis-tência da alma; imortalidade do ser;pluralidade das existências; plurali-dade dos mundos habitados; Deuse a comunicabilidade dos Espíritosdesencarnados com os encarnados.Desde os tempos de Jesus, em seuencontro com Pôncio Pilatos, quan-

do este o interroga para saber o queé a verdade e não lhe dá oportuni-dade de responder, bem como emeras anteriores, os seres humanosvêm procurando a resposta paraseus anseios de maior conhecimen-to a respeito da Espiritualidade, arespeito de Deus e do Universo. Averdade, sendo revelada à Humani-dade progressivamente, é como aluz que deve aumentar em magni-tude aos poucos, para não causarconfusão e prejuízo aos que a re-cebem.

A palavra verdade significa rea-lidade; exatidão; representação fielde alguma coisa existente na na-tureza. Porém, num mundo como onosso, apenas podemos falar, a par-tir de nossas imensas limitações, emverdades relativas conhecidas em de-terminada época. Os cientistas, pes-quisadores e antropólogos estudam

Espiritismo: verdade mais ampla

Marcus Vinícius Pinto

os fenômenos da Natureza e da vi-da a partir de instrumentos e meto-dologias de ordem material, utili-zando meios limitados aos cincosentidos, dentro de experiências quepodem ser repetidas em laboratório.

Quando se tem de pesquisar avida além do véu material não hácomo utilizar os mesmos recursos emétodos. Allan Kardec, o codifica-dor do Espiritismo, um incansávelbuscador da verdade, utilizou me-todologia própria, baseando-se noinstrumento revelador que é a me-diunidade, esta capacidade huma-na de transcender os limites do ma-terial e adentrar no espiritual, rea-lizando o intercâmbio entre os doisplanos da vida. Utilizou como pa-râmetro da verdade a concordânciauniversal dos ensinos dos Espíritos,através de diversos médiuns e diver-sos Espíritos, dentro do crivo da ló-gica e do bom senso.

O Espiritismo, doutrina quefoi trazida à Terra liderada pelo Es-pírito de Verdade, teve em Kardeco missionário escolhido para co-dificá-la por suas qualidades pes-soais, seu caráter diamantino e suaconduta reta. Homem de sólidosconhecimentos científicos à suaépoca, era dotado de espírito inqui-ridor, que não se contentava commeias verdades.

O Espiritismo é uma revelaçãonova de verdades eternas que estãona Natureza, num contexto maisamplo, dilatando os horizontes davida humana para além do túmulo,dentro de uma série de existências,tendo Jesus como Guia e Modeloda Humanidade. O Espiritismo é,pois, uma verdade mais ampla,apresentada no momento em quemuitos se encontram amadurecidospara assimilá-la.

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Mais do que normal o ser hu-mano procurar livrar-se dador, de algo que esteja pro-

vocando mal-estar físico, incomo-dando o funcionamento de seu or-ganismo. Portanto, muito naturalao ser humano querer saúde. Há,no entanto, necessidade de o enfer-mo atentar para certos detalhes quepodem ajudá-lo muito na obtençãodo que almeja.

Antes de mais nada deve ele ternoção, a melhor possível, sobre aexistência de um sistema imunoló-gico em atividade permanente noorganismo, sistema que deve serpreservado, o mais possível, a fimde que o tenhamos sempre em con-dições de funcionamento cem porcento, em nosso próprio benefício.Tudo quanto possamos realizar queo leve ao enfraquecimento deve,precisa ser evitado, esta a outra ime-diata atitude.

Sabemos o quanto é poderosaa força mental, força esta aindapouco utilizada pelo ser humano.Com ela atuando de forma otimis-ta, sem alimentar por seu intermédioo pessimismo, a cultura do “baixoastral”, temos amplas possibilidadesde manter o corpo saudável.

De posse destes conhecimen-tos, convictos a respeito deles, já

nos habilitamos a uma condutacorreta quando formos tomadospor uma enfermidade. Reagiremoscontra o abatimento de ânimo, aoestiolamento de nosso sistema imu-nológico, com as toxinas de ordemmental. A primeira atitude é nãoremexer na doença sem necessida-de, falando dela apenas quandonecessário. Não se lastimar, quei-xar-se da “sorte”, sentir-se comoum “coitadinho”, querer atraircompaixão para sua condição en-fermiça, etc.

Ora, já foi mostrado, exausti-vamente, pelos sábios Espíritos, quecomentar o mal é aumentá-lo. Re-mexer numa ferida é fazê-la sangrarmais, é agravar o seu estado em vezde curá-lo.

Conhecemos um caso em queuma pessoa tinha um problema mé-dico – diarréia crônica – que se ar-rastava há mais de vinte anos. Pos-suía plena consciência, após muitaconversação, de que seu problemaera muito mais emocional do queorgânico. Vivia encharcando-se dosproblemas de familiares, filhos, ne-tos, noras, além do marido, o quesói acontecer em muitas famílias on-de os pais desprevenidos relutam emdar a necessária independência aosfilhos para que absorvam suas pró-prias experiências e assim aprendama viver. O resultado é, pois, o acú-mulo de situações problemáticas emseu mundo íntimo, suas e dos pa-rentes, remexendo, lógico, de formadesequilibrada em seu emocional,

levando o seu imunológico a um es-tado de enfraquecimento perigoso.

Mostramos inicialmente esteaspecto de sua vida familiar, e de-pois lhe fizemos ver que estar sem-pre a comentar seu mal era alta-mente intoxicante, era enviar dosesmaciças de veneno moral ao imu-nológico. O pior, alertamos, era queela já estava numa dieta rigorosa, oque ainda mais enfraquecia seu or-ganismo, levando-a à prostração.Achava que toda comida ingeridalhe faria mal. Fizemo-la ver queaquilo não era verdade, tendo emvista que a sua diarréia não era cau-sada pelo alimento, e sim pelo en-fraquecimento do sistema imuno-lógico vitimado pelos pensamentosdesequilibrados. Este precisava serreforçado. De que forma? Primeirode tudo não comentasse mais comninguém o seu mal, não relatasseaquele longo histórico dos malespelos quais estava passando. Destaforma, assumiu de imediato a novapostura, mesmo contrariando opi-niões de parentes. Assim agindo,em poucos dias sua dieta diminuiu,seu astral subiu de freqüência e elase recuperou.

Na oportunidade, como refor-ço de argumentação, lemos paraela, uma trabalhadora espírita, tre-cho do livro Nosso Lar, psicogra-fia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB, encontrado no capítuloseis, e que diz respeito a um diálo-go entre André Luiz e Clarêncio.Aquele se lamentava quanto às suas

Em busca da curaAdésio Alves Machado

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enfermidades, suas sensações de an-gústias no coração, dores na zonaintestinal, julgando muito pesadade ser carregada a cruz de seus sofri-mentos. Acreditava que a dor lheaniquilava todas as forças dis-poníveis. Além das dores físicas,acrescentava as suas dores morais,que eram enormes e inexprimíveis.Sua esposa, como estaria? Seu pri-mogênito teria conseguido progre-dir? E as filhinhas, como estariamlonge dele? Oh, sua dor era muitoamarga! Que era, enfim, a vida?Um sucessivo desenrolar de misé-rias e lágrimas? Na ocasião derra-mou doridas lágrimas. Era este oquadro íntimo apresentado por An-dré Luiz, diante de Clarêncio, queo ouvia atencioso e reverente. Apósouvi-lo, com muita serenidade Cla-rêncio perguntou, sem afetação, seele desejava realmente a cura espiri-tual, tendo recebido resposta afir-mativa. E o Mentor continuou:“– Aprenda, então, a não falar ex-cessivamente de si mesmo, nem co-mente a própria dor. Lamentaçãodenota enfermidade mental e enfer-midade de curso laborioso e trata-mento difícil. É indispensável criarpensamentos novos e disciplinaros lábios. Somente conseguiremosequilíbrio, abrindo o coração ao Solda Divindade. Classificar o esforçonecessário de imposição esmagado-ra, enxergar padecimentos onde háluta dignificante, sói identificar in-desejável cegueira. Quanto mais uti-lize o verbo por dilatar consideraçõesdolorosas, no círculo da personalida-de, mais duros se tornarão os laçosque o prendem a lembranças mesqui-nhas. (...)” Disse mais Clarêncio oque muitos pais e mães, principal-mente estas, precisam aprender: “(...)Devemos ter nosso agrupamento fa-

miliar como sagrada construção, massem esquecer que nossas famílias sãoseções da Família universal, sob aDireção Divina (...).” Mais adianteacrescentou que não dispunha detempo para voltar a zonas estéreis delamentação. Aconselhou finalmen-te a André Luiz que, caso desejassepermanecer naquela casa de assis-tência, aprendesse a pensar com jus-teza, lembrasse de que na vidacarnal despendera sempre esforçoscontinuados, derramara suores à ob-tenção do que pretendia; que ali se-ria o mesmo.

Aos menos afeitos às palavrasdos Mentores e Guias, em certasocasiões, elas podem parecer duras,e que, no caso aqui exposto, Cla-rêncio se mostrou insensível, au-toritário. Engano. Eles são objetivose não têm tempo a perder com cer-

tos procedimentos e atitudes im-próprios de criaturas ainda imatu-ras psicologicamente. Não queira-mos ver nesses Espíritos Nobrescriaturas que devam ser excessiva-mente melífluas, bondosas, meigas,piegas, passando sempre as mãospelas nossas cabeças e apiedando-sede nossas lutas. Nada disso, somosnós, os humanos, que nos enclau-suramos em nossas lamentações equeremos que delas todos partici-pem, sem despender legítimos es-forços no sentido de sair das situa-ções enfermiças, mais ainda as deordem espiritual.

Aprendamos a lição dada a An-dré Luiz, para que não cheguemosno mundo espiritual com falsas im-pressões sobre o que vamos encon-trar com respeito ao que aqui enfo-camos.

JornadaFui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera...Partícula, pousei... Encarcerado, eu eraInfusório do mar em montões de sargaço.

Por séculos fui planta em movimento escasso,Sofri no inverno rude e amei na primavera;Depois, fui animal, e no instinto da feraAchei a inteligência e avancei passo a passo...

Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,A lutar e chorar para, então, compreendê-las!...

Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,Vivo de corpo em corpo a forjar o destinoQue me leve a transpor o clarão das estrelas!...

Adelino Fontoura

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo. Antologia dos Imortais.3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990, Parte I, p. 33-34.

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Economia pessoalGebaldo José de Sousa

“Aqueles que não querem ser

aconselhados, não podem ser

auxiliados.”

Benjamin Franklin

Na vida, raríssimos são os auto-didatas. E há lições indispen-sáveis à nossa vida que não se

aprendem na escola.Na ausência de professores, no

lar, na chamada educação de ber-ço; ou na escola; ou quando inexis-tem livros, aprendemos, a duraspenas, com a experiência, com avida.

Quando não as aprendemos deuma forma, a vida no-las ensina deoutra, às vezes cobrando-nos eleva-do preço.

Entre elas, uma das mais pre-ciosas é a de administrar os recursospessoais, de zelar pelo nosso nome,não assumindo compromissos quenão possamos cumprir.

Noticiava a Televisão, há algumtempo, que escolas de um Estadobrasileiro incluíram em seu currícu-lo noções rudimentares de econo-mia pessoal a seus estudantes.

Noções de custo; de poupança;de como administrar a mesada, pa-ra, economizando, adquirir depoisum bem de valor superior aos pró-prios rendimentos.

Saber agrupar despesas perma-nentes, indispensáveis, destacando--as de outras, eventuais, e que po-dem ser adiadas ou realizadas apósprogramar poupança para tal.

Nada tão esquecido e tão ne-cessário em nossos dias, nesta socie-dade de consumo desenfreado, on-de o cheque pré-datado “voa” comdesenvoltura!

Se esses rudimentos de econo-mia fossem ensinados em todas asescolas brasileiras, públicas e parti-culares, teríamos, no longo prazo,cidadãos que saberiam administrarnão só seus recursos – vivendo den-tro de seus orçamentos, sem com-prar por compulsão, por ostenta-ção, estourando os limites do ra-zoável, levando-os à inadimplência,ou seja, a deixar de pagar compro-missos assumidos espontaneamen-te –, mas qualquer empreendimen-to, público ou privado.

Economia quer dizer governoda casa.

A Ciência Econômica ensina--nos a obter o máximo com o mí-nimo dispêndio; a bem aplicar re-cursos escassos, para obter o máxi-mo de satisfação.

Os desejos são ilimitados. Osrecursos são limitados.

Compatibilizar esses extremosé o desafio maior da Economia.

Thomas Jefferson, estadistanorte-americano (1743-1826), umdos redatores da Declaração de In-dependência dos Estados Unidos, eseu terceiro Presidente, aconselha-nos, sabiamente:

“Não gaste dinheiro antes depossuí-lo.”

“Nunca compre o que não lheé necessário.”

Aquele que não sabe viver den-

tro de seus rendimentos, que nãoaprende a planejar seus gastos, apoupar parte do ganho para even-tuais despesas de caráter inadiável,mais cedo ou mais tarde mancha opróprio nome, ganhando a reputa-ção de mau pagador, seja nos regis-tros do Serviço de Proteção ao Cré-dito (SPC), seja nos cadastros dosbancos, seja na boca do povo. Lim-par o próprio nome nem sempre éfácil.

O hábito de trair a confiançaalheia gera conseqüências danosastambém ao traidor, além de prejuí-zos a terceiros.

Aprender a zelar pelo nome ecaráter é, pois, muito importantee devia merecer inclusão nos currí-culos escolares, além de integrar aeducação de berço.

Contudo, nem sempre encon-tramos pais zelosos em passar aos fi-lhos ensinos dessa natureza, nemcursos onde aprender tais liçõesque, como vemos, não se restrin-gem a aspectos econômicos, pois seestendem às questões morais.

Entre elas, destaca-se a hones-tidade, o respeito ao que é do ou-tro, de seu direito de receber nadata acertada, seja pelo seu traba-lho, seja pelo produto que nos ven-deu.

O que vale para a Economia,também pode ser aplicado ao go-verno de si próprio (autonomia),relativamente à educação das pró-prias emoções e de outros senti-mentos.

Governar a libido, para não ser

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pai ou mãe antes da hora; ou, man-ter-se fiel à pessoa amada.

Governar-se ao volante, pararespeitar as normas de trânsito.

Governar o livre-arbítrio, paramanter a liberdade.

Governar a língua, para usá-laa serviço do bem.

Governar o ouvido e não pas-sar à frente o que não convém.

Governar a boca, para não be-ber ou alimentar-se excessivamente.

Governar os olhos e aprender aver sem malícia.

Governar os sentimentos, nãose escravizando a paixões.

Governar a própria conduta enão se prender a vícios de qualquernatureza.

Governar o próprio tempo, pa-ra aproveitá-lo utilmente.

Tudo nos vem de Deus e a Eleteremos que, um dia, prestar con-tas, como nos informa Jesus:

“Presta contas de tua adminis-tração (...). (Lucas, 16:2.)

Nem todos aceitamos pacifica-mente admoestações, seja por orgu-lho, ignorância ou por ausência dehumildade, como bem nos lembraSalomão:

“O que rejeita a correção me-nospreza a sua alma, mas o que es-cuta a repreensão adquire entendi-mento.” (Provérbios, 15:32.)

Jefferson, citado acima, repro-va o orgulho:

“Evite o orgulho, porque ele oprejudicará muito mais do que a fo-me, a sede e o frio.”

Se aprendêssemos lições tãosimples, mas fundamentais à vida,seriam dispensáveis tantas CPIs pa-ra apurar desvios de verbas, e aténormas como a Lei de Responsabi-lidade Fiscal...

Mas isto já é outra história!

Com a finalidade de justificar odogma das penas eternas, aTeologia (Doutrina acerca das

coisas divinas. Doutrina da religiãocristã) diz que, não obstante o serhumano ser finito, limitado em sa-bedoria, poderio e virtudes, sua cul-pa torna-se infinita pela naturezainfinita do ofendido – Deus, oCriador. Por conseguinte, o castigodo ofensor deve ser infinito.

Dessa forma, os teólogos ditoscristãos sustentam a tese segundo aqual o elemento moral do delito es-tá na qualidade do ofendido e nãona malícia do ofensor. Opinião,cremos nós, manhosa e ardilosa.Pelo fato de transferir do agente pa-ra o paciente a gravidade do atopraticado. Não levando em contaas qualidades morais infinitas deDeus. Considerando-o menos per-feito do que os terráqueos.

A respeito, diz Rodolfo Calli-gares, na sua obra As Leis Morais(Ed. FEB), no capítulo “A respon-sabilidade do Mal”: “Como, então,admitir-se possa Deus consentir se-jamos castigados eternamente pelohaver ofendido (infantes espirituaisque somos) com nossa imensa ig-norância ou inconsciência?”

...Quanto à Doutrina Espírita, a

Terceira Revelação de Deus aos ho-mens, ela nos ensina: “A lei de

Deus é a mesma para todos; po-rem, o mal depende principalmen-te da vontade que se tenha de opraticar. O bem é sempre o bem eo mal sempre o mal, qualquer queseja a posição do homem. Diferen-ça só há quanto ao grau da respon-sabilidade.” (O Livro dos Espíritos,questão 636, ed. FEB.)

E mais:“(...) Tanto mais culpado é o

homem, quanto melhor sabe o quefaz.” (Ibidem, questão 637.)

“O mal recai sobre quem lhefoi causador. (Questão 639.)

Aquele que não pratica o mal,mas que se aproveita do mal pra-ticado por outrem, é tão culpadoquanto este?

“É como se o houvera pratica-do. Aproveitar do mal é participardele. Talvez não fosse capaz de pra-ticá-lo; mas, desde que, achando-ofeito, dele tira partido, é que oaprova; é que o teria praticado, sepudera, ou se ousara.” (Ibidem,questão 640.)

Assim sendo, todos nós sofre-mos, no presente ou no futuro, asconseqüências dos nosso próprioserros, até que alcancemos a per-feição.

As penas, portanto, não sãoeternas, nem, muito menos, infini-tas.

Penas eternas?Rildo G. Mouta

Retificando...

Em nossa edição de marçoúltimo, no artigo Há Espíritos?(p. 22-24), o nome correto doautor é Marco Túlio Laucas.

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Em nosso artigo sobre os esco-lhos dos médiuns colocamos acupidez no rol dos defeitos que

podem dar guarida aos Espíritosimperfeitos. Alguns desenvolvimen-tos sobre esse assunto não serãoinúteis. É preciso colocar na linhade frente dos médiuns interesseirosaqueles que poderiam fazer de suafaculdade uma profissão, dando oque se denomina de consultas ousessões remuneradas. Não os co-nhecemos, pelo menos na França,mas como tudo pode tornar-se ob-jeto de exploração, nada haveria desurpreendente em que um dia qui-sessem explorar os Espíritos. Restasaber como eles enfrentariam o fa-to, caso se tentasse introduzir umatal especulação. Mesmo parcialmen-te iniciado no Espiritismo com-preende-se quanto seria aviltante se-melhante especulação; entretanto,quem quer que conheça um poucoas difíceis situações enfrentadas pe-los Espíritos para se comunicaremconosco, sabe quão pouco é neces-sário para os afastar, assim como co-nhece sua repulsa por tudo quantorepresente interesse egoísta; por is-so, jamais poderá admitir que osEspíritos superiores se submetam aocapricho do primeiro que os venhaevocar, em tal ou qual hora. O sim-ples bom senso repele essa suposi-

ção. Não seria também uma profa-nação evocar o pai, a mãe, o filhoou um amigo por semelhantemeio? Sem dúvida pode-se obtercomunicações deste modo, mas sóDeus sabe de que procedência! OsEspíritos levianos, mentirosos, tra-vessos, zombadores e toda a corjade Espíritos inferiores vêm sempre;estão sempre dispostos a respondera tudo. Outro dia São Luís nos di-zia, na Sociedade: Evocai um roche-do e ele vos responderá. Aquele quedeseja comunicações sérias deve,antes de tudo, instruir-se sobre anatureza das simpatias do médiumcom os seres de além-túmulo. Ora,aquelas que são dadas mediante pa-gamento não podem inspirar senãouma confiança bem medíocre.

Médiuns interesseiros não sãounicamente os que poderiam exigiruma retribuição material; o interes-se nem sempre se traduz na espe-rança de um ganho material mas,também, nas ambições de qualquernatureza, sobre as quais pode fun-dar-se a esperança pessoal; é aindauma anomalia de que os Espíritoszombeteiros sabem muito bemaproveitar, e com uma destreza euma desfaçatez verdadeiramentenotáveis, embalando enganadorasilusões naqueles que assim se colo-cam sob sua dependência. Em resu-mo, a mediunidade é uma faculda-de dada para o bem, e os bonsEspíritos se afastam de quem querque pretenda transformá-la emtrampolim para alcançar seja o que

for que não corresponda aos desíg-nios da Providência. O egoísmo é achaga da sociedade; os bons Espíri-tos o combatem e, portanto, não éde supor-se que se sirvam dele. Issoseria tão racional que a propósitoseria inútil insistir.

Os médiuns de efeitos físicosnão estão na mesma categoria. Sen-do tais efeitos produzidos por Espí-ritos inferiores, pouco escrupulososquanto aos sentimentos morais, ummédium dessa natureza que quises-se explorar a sua faculdade poderiaencontrar quem o assistisse semmuita repugnância. Mas também aíse apresenta um outro inconve-niente. O médium de efeitos físi-cos, assim como o de comunicaçõesinteligentes, não recebeu essa facul-dade para seu bel-prazer; ela lhe foidada com a condição de usá-la ade-quadamente: se abusar, poderá serretirada ou trazer-lhe prejuízos por-que, definitivamente, os Espíritosinferiores estão às ordens dos Espí-ritos superiores. Os inferiores ado-ram mistificar, mas não gostam deser mistificados. Se de boa vontadese prestam às brincadeiras e às ques-tões curiosas, assim como os demaisnão gostam de ser explorados, pro-vando a todo instante que têm von-tade própria e agindo como e quan-do melhor lhes pareça; isso faz comque o médium de efeitos físicos es-teja ainda menos seguro da realida-de das manifestações que o mé-dium escrevente. Pretender pro-duzi-los a dia e hora marcados seria

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Médiuns interesseirosAllan Kardec

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dar provas da mais profunda ig-norância. Que fazer, então, para ga-nhar o seu dinheiro? Simular os fe-nômenos; é o que poderá acontecernão apenas aos que disso fizeremuma profissão declarada, comotambém às pessoas aparentementesimples, que se limitam a receberuma retribuição qualquer dos visi-tantes. Se o Espírito nada produz,o próprio médium supre a sua de-ficiência: a imaginação é tão fecun-da quando se trata de ganhar di-nheiro...! É uma tese que desenvol-vemos em artigo especial, visandoprevenir a fraude.

De tudo quando precede, con-cluímos que a maior garantia con-tra o charlatanismo é o mais abso-luto desinteresse, porque não hácharlatães desinteressados; se issonem sempre assegura a excelênciadas comunicações inteligentes, reti-ra dos maus Espíritos um poderosomeio de ação e fecha a boca de cer-tos detratores.

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita)– março de 1859. (Tradução de EvandroNoleto Bezerra.)

Hoje nos ocuparemos da mo-ralidade dos que não a têm,isto é, da honestidade relati-

va, que se encontra nos mais per-vertidos corações. O ladrão nãorouba o lenço de seu camarada,mesmo quando este tenha dois; onegociante não vende caro para osamigos; o traidor, apesar de tudo, éfiel a um ser qualquer. Jamais umclarão divino está completamenteausente do coração humano; assim,deve ser conservado com cuidadosinfinitos, quando não expandido.O julgamento estreito e brutal doshomens impede, por sua severi-dade, muito mais mudanças posi-tivas do que a prática de ações más.Desenvolvido, o Espiritismo deveser e será a consolação e a esperança

dos corações estigmatizados pelajustiça humana. Repleta de subli-mes ensinamentos, a religião pairamuito alto para os ignorantes. Nãoalcança, com bastante clareza, a es-pessa imaginação do iletrado, quequer ver e tocar para crer. Esclare-cida pelos médiuns, a crença flo-rescerá no coração talvez ressequi-do do próprio médium. Assim, éprincipalmente ao povo que os ver-dadeiros espíritas devem dirigir-se,como outrora os apóstolos; que es-palhem a doutrina consoladora; co-mo pioneiros, que penetrem nopântano da ignorância e do vício,para arrotear, sanear, preparar o ter-reno das almas, a fim de que elaspossam receber a bela cultura doCristo.

Georges

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –novembro de 1860. Tradução de Evan-dro Noleto Bezerra.

A honestidade relativaMédium Sra. Costel

Ajuda, perdoa e passaSe alguém te fere e apedreja,Lançando-te fel à taça,Não te detenhas na queixa,Ajuda, perdoa e passa.

Escárnio? Provocação?Disputa, sombra, arruaça?Não te canses de servir...Ajuda, perdoa e passa.

Se o ridículo te expõeÀ aleivosia da praça,Cultiva o bem com fervor,Ajuda, perdoa e passa.

Quando a aflição te visiteNa injúria que te ameaça,Trabalha e espera o futuro,Ajuda, perdoa e passa.

Ante as fogueiras que surgem,Quando o ódio sai à caça,No silêncio da oração,Ajuda, perdoa e passa.

Se a calúnia te persegue,Na lama com que te enlaça,Desculpa incessantemente,Ajuda, perdoa e passa.

O culto da caridadeÉ a nossa eterna couraça.Vencendo perturbações,Ajuda, perdoa e passa.

Aos obreiros do EvangelhoA treva nunca embaraça.Quem segue com Jesus-CristoAjuda, perdoa e passa.

Casimiro Cunha

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido.Correio Fraterno. 5. ed., Rio de Ja-neiro: FEB, 1998, cap. 10, p. 31-32.

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“Em um mundo cada vez

mais consciente a respei-to dos direitos das mino-

rias e da diversidade lingüística ecultural, o Esperanto tem conquis-tado uma renovada atenção porparte de influentes centros de de-cisão. Organizações e coalizões não--governamentais pressionam nosentido de que a questão de umalíngua internacional seja colocadana ordem-do-dia das Nações Uni-das e da União Européia. Em ju-lho de 1996, o Simpósio Nitobe deOrganizações Internacionais reu-niu em Praga, República Tcheca,um grupo de peritos independentesque, verificando a situação vigentedo Esperanto, propôs a sua inclusãoem debates atuais acerca de direi-tos lingüísticos e de uma políticasobre línguas.

O Manifesto de Praga, umamoderna redeclaração sobre os va-lores e objetivos que motivam oMovimento Esperantista, enfatizaa democracia lingüística e a conser-vação da diversidade de línguas.

Entre os falantes de Esperantoque ultimamente têm ocupadoo noticiário incluem-se Reinhard

Selten, Prêmio Nobel em 1994,Zsuzsa Polgár, campeão mundialde xadrez em 1996, e Tivadar So-ros, pai do financista George Soros.

‘Diálogos Indígenas’, programaque objetiva fortalecer o diálogoentre populações indígenas no mun-do, descarta as línguas dos anti-gos colonizadores, tomando o Es-peranto como meio de comuni-cação.”

O texto acima, elaborado pelaAssociação Universal de Esperanto(Rotterdam, Holanda), é uma in-trodução a um conjunto de infor-mações úteis sobre o Esperanto, asquais apresentamos a seguir, muitoresumidas.

Origem e objetivos:Consciente de que uma língua

é obra do uso coletivo, Zamenhof,ao lançar sua genial concepção emVarsóvia, no ano de 1887, limitou--se a um mínimo de regras gramati-cais e a uma pequena provisão deraízes vocabulares, confiando o Es-peranto à sociedade que, efetiva-mente, o tem feito progredir pelouso.

Características:O Esperanto é falado e escrito.

Se seu léxico provém das línguas daEuropa Ocidental, sua sintaxe emorfologia sofrem influência es-

lava. A quase infinita recombina-ção de seus morfemas invariáveis,em diferentes palavras, aproxima-otambém de línguas como o chinês,enquanto que a estrutura de seusvocábulos se assemelha à das lín-guas aglutinantes como o turco, oswahili e o japonês.

Desenvolvimento:As 1.000 raízes iniciais permi-

tiam a formação de cerca de 12.000palavras. Os atuais dicionários re-gistram entre 15.000 e 20.000 raí-zes, o que dá a possibilidade de seformarem muitas dezenas de milha-res de outras palavras. O controledas atuais tendências da língua estáa cargo da Academia de Esperanto.

Pelos seus valores ideológicos,a língua foi proibida e seus adeptosperseguidos, principalmente nos re-gimes de Stalin, que a tinha comolíngua de “cosmopolitas”, e de Hi-tler, que a desprezava como línguade judeus (Zamenhof era judeu).

Usuários:A parcela mais ativa agrupa-se

em torno da Universala Esperanto--Asocio, que congrega associaçõesesperantistas nacionais de 62 paísese membros individuais espalhadosem quase o dobro desse número depaíses.

As estatísticas do movimento

A FEB E O ESPERANTO

Esperanto, língua universalda família humana

Affonso Soares

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indicam que o número de pessoasno mundo com algum conhecimen-to da língua é da ordem de centenasde milhares ou, até, de milhões. Osefetivos falantes estão também nomundo inteiro, com notáveis con-centrações em países tão diferentescomo China, Japão, Brasil, Iran,Madagascar, Bulgária e Cuba.

Ensino do Esperanto:Embora seja ensinado em algu-

mas escolas, é mais comum apren-der-se o Esperanto como autodida-ta, ou por correspondência (porcarta ou correio eletrônico), ou nosclubes locais de Esperanto. O ma-terial didático é encontrado emmais de 100 línguas. Os resultadossão inquestionavelmente maioresem relação às línguas nacionais: emalgumas semanas já é possível cor-responder-se com facilidade e clare-za, e, após alguns meses de efetivoestudo e prática, pode-se viajar e es-tabelecer fluente comunicação comesperantistas de outros países. Umportal para professores de Esperan-to, http://www.esperanto.net, dáuma idéia geral sobre o ensino nosdias atuais.

Reconhecimento oficial:O valor do Esperanto, bem co-

mo as suas conquistas, tem sidoexaltados por respeitáveis organiza-ções mundiais como a ONU, aUNESCO, o UNICEF, o ConselhoEuropeu, a Organização dos Es-tados Americanos, entre outras.Muito contribuem para esse reco-nhecimento os Congressos Univer-sais de Esperanto, em que se cons-tata na prática o efeito positivo doidioma, tanto na aproximação doshomens acima de suas diferençascomo na comunicação franca e fá-

cil a que dá ensejo, sem qualquernecessidade de intérpretes e tradu-tores.

Pesquisa e bibliotecas:Muitas universidades incluem o

Esperanto em cursos de lingüística,enquanto outras o propõem comodisciplina independente (Budapeste,Hungria, e Poznan, Polônia).

Segundo a Associação de Lín-guas Modernas, nos Estados Uni-dos, a cada ano surgem mais de 300obras especializadas sobre o Es-peranto. A Biblioteca da AssociaçãoBritânica de Esperanto registra maisde 20.000 títulos, mencionando-setambém a Biblioteca do Museu In-ternacional de Esperanto, de Viena,que integra a Biblioteca Nacionalda Áustria, e a Biblioteca Hodler, daAssociação Universal de Esperanto.

Contactos profissionais e interes-ses específicos:

Multiplicam-se as organizaçõesesperantistas que agrupam os que sededicam a ramos específicos de ati-vidade, a uma profissão, a uma re-ligião, dando ensejo a rico inter-cambio, à publicação de periódicos,à realização de encontros efetiva-mente internacionais.

Literatura:O Esperanto reúne em

suas fileiras notáveis escrito-res, poetas, tradutores, en-saístas, etc., cuja produçãotem atingido tão alto nívelque, em 1993, a sua tradi-ção literária foi reconhecidapelo PEN Internacional, daíresultando a criação, duran-te o seu 60o Congresso na-quele ano, de uma filiadapara o Esperanto.

Outras expressões de cultura:Boa parte das obras representa-

tivas das literaturas nacionais e daliteratura universal está vertida emEsperanto, assim como boas obrasda literatura original do Esperantotêm sido vertidas para línguas na-cionais. Faz-se bom teatro em Espe-ranto bem como começa-se a pro-duzir em cinema, evidenciando aplena capacidade da língua para aexpressão artística, inclusive a mu-sical em seus diversos gêneros.

Mais de 100 periódicos de boaqualidade circulam no seio domundo esperantista, igualmente ex-pressando os diversos gêneros dejornalismo.

O Esperanto também vive nastransmissões radiofônicas, nos cur-sos pela televisão, e já se apresentacomo uma das línguas mais usadasna Rede de Computadores.

...Caminhamos, com efeito, pa-

ra a vida universalista da famíliaplanetária, e o Esperanto será in-questionavelmente o único veículocapaz e digno de exprimir as rela-ções, as comunicações entre osmembros dessa família e sua novafase de vida.

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Na primeira parte deste artigofoi destacada a importânciado livro, não só na cultura

em geral, mas também para o Espi-ritismo, e a difusão da Codificação,no Brasil, esteve associada à difusãoda imprensa (livros e periódicos).Foi apresentada uma definição deLiteratura ou Bibliografia Espírita:é o conjunto de obras que versamsobre a Doutrina Espírita, ou fo-ram escritas sob sua inspiração oumodelo, ou ainda, que foram in-corporadas por lhe serem concordes(note que há uma diferença da Li-teratura com a Doutrina). Para fa-cilitar a discussão e os comentários,dois critérios de classificação dasobras da Literatura Espírita foramsugeridos. O primeiro: obras me-diúnicas e não mediúnicas. O se-gundo: obras de Kardec, obrascomplementares, obras de divulga-ção ou didáticas, romances e poe-sias e periódicos. Estes grupos fo-ram exemplificados, dando-se des-taque às obras: Parnaso de Além--Túmulo, Cristo Espera por Ti e OAvesso de um Balzac Contemporâ-neo.

Nesta segunda parte iniciare-mos falando um pouco dos periódi-cos. A numeração dos parágrafos se-gue a da parte I, assim também asreferências bibliográficas.

2.5 – Periódicos: São os jornais,as revistas, os boletins etc. destinadosaos espíritas e aos não espíritas, di-vulgando a Doutrina e o Movimen-to Espírita. Merece ser destacadoaqui que o primeiro periódico espíri-ta do Brasil foi o Echo d'Além-Tú-mulo, lançado na Bahia em 1865,por Luís Olímpio Teles de Menezes.Este pioneiro parece ter sido tam-bém o fundador do primeiro grupoespírita do país. A Revista Espírita,que existe até hoje, foi fundada em1858 por Kardec e os volumes desteperíodo (1858-69) encontram-se to-talmente traduzidos para o portu-guês (EDICEL e IDE). É interessan-te que a Revista Espírita [24] fazmenção ao surgimento do Echod'Além-Túmulo. Há em nosso paísduas revistas que, em nossa opinião,consideramos das mais importantes:Reformador, editada pela FEB e fun-dada em 1883 por Augusto Elias daSilva, e Revista Internacional de Es-piritismo, editada pela Casa EditoraO Clarim e fundada em 1925 porCairbar Schutel.

No Brasil há centenas de jor-nais e boletins, alguns mais volu-

mosos, outros mais singelos, porémtodos divulgando a Doutrina e oMovimento Espírita, inclusive noexterior. Pedimos vênia ao leitor,mas não podemos deixar de citar oAlavanca, jornal da USE Intermu-nicipal de Campinas (SP), pelo fa-to de fazermos parte de sua equipeeditorial.

3 – O sistema “autor-editor- - leitor”Estamos chamando de sistema

“autor-editor-leitor” ao conjunto depessoas, instituições, equipamentosetc., inclusive o próprio livro, quetornam possível o “ato de ler”.Partindo-se do autor, temos os edi-tores, com sua equipe de consulto-res, revisores, preparadores de textoe outros, temos o pessoal gráfico,depois a distribuição, a venda e, fi-nalmente, o leitor. Vamos obvia-mente nos restringir à LiteraturaEspírita. Este sistema é certamentea principal via de divulgação daDoutrina e não podemos nos es-quecer que o principal objetivo doEspiritismo é a melhoria moral doser humano.

Estas considerações são neces-sárias para mostrar a necessidade deaperfeiçoarmos este sistema. Tarefaque cabe a nós, participantes domesmo, desde o instante em que

O Livro Espírita:algumas considerações

(Parte II)Aécio Pereira Chagas

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abrimos um livro espírita. Vamostentar ser mais claros.

A Espiritualidade Maior nostem indicado o caminho, mas so-mos nós que devemos percorrê-lo,somos nós que devemos aprender aandar. O livro espírita começa a cres-cer em nosso país a partir das déca-das de vinte e trinta, com a consoli-dação da indústria editorial emnosso país. Já dissemos que o pri-meiro livro psicografado pelo Chi-co, o Parnaso, surgiu em 1932.Desde esta época até a década desessenta, o número de autores espí-ritas é pequeno, tanto os encarnadoscomo os médiuns que se dedicam aesta tarefa. Poucas também as edi-toras. Neste período, principalmen-te através destes poucos médiunspsicógrafos, pode-se dizer, fixou-se“o padrão”, “os marcos de qualida-de”, principalmente com relaçãoàs obras mediúnicas. Por volta de1964, houve as famosas materiali-zações de Uberaba, divulgadas pelaentão popular revista O Cruzeiro,quando, além dela, o Espiritismo foifalado, visto e comentado em todosos meios de comunicação, desper-tando a curiosidade das pessoas, co-mo na época das mesas girantes.Ouvi dizer que, na ocasião, a Fede-ração Espírita Brasileira não deuconta dos pedidos de livros, tal o in-teresse despertado [25]. A partir deentão começou a crescer o interessepelo livro espírita, surgindo então,nos diversos pontos do país, autoresencarnados e desencarnados, junta-mente com médiuns psicógrafos.Atualmente há dezenas de editorasque produzem obras espíritas.

O que se deve ler então?A questão mostra a necessida-

de de aperfeiçoar o sistema “autor--editor-leitor”, para que o último

elo da cadeia, o leitor, não se percana floresta. Perder-se nesta florestapode ser trágico, pois há muito es-pinheiro com a aparência de livro.

Com um vasto mercado àfrente, ávido por obras espíritas,muitas pessoas disto se aproveitamescrevendo, editando, distribuindoe vendendo obras de qualidade du-vidosa, e o leitor, principalmente oiniciante na doutrina, pode serludibriado. Daí a necessidade de seorientar o leitor, tendo em vista seugrau de instrução e suas preferên-cias. A qualidade dos produtos ofe-recido, a que nos referimos, não éapenas literária ou gráfica, masprincipalmente doutrinária. Há in-clusive obras que, no muito podemser consideradas espiritualistas, maspassam por espíritas.

Uma contribuição importantepara o aperfeiçoamento do sistemapode ser dada pelos periódicos, quedeveriam dedicar mais espaço às re-senhas de livros, analisando, divul-gando e sinalizando ao leitor o quehá nas prateleiras. Isto tem sido fei-to, porém ainda é pouco, frente àquantidade de obras. De um lado hácríticos que são excessivamente pu-ristas. Se a obra não lhes agrada porrazões literárias, possivelmente eladeve agradar a outros, pelas mesmasrazões, sendo que o lado doutrinário

é o que mais importa. Por outro la-do há os “críticos” que acham quecriticar é faltar com a caridade paracom o autor. E a caridade para como leitor? Criticar não é necessaria-mente julgar. A função da crítica éorientar o leitor. Como exemplo es-tão as apreciações feitas por Kardece publicadas na Revista Espírita.

Já comprei livros, e gostei, pe-lo fato de ter lido uma apreciaçãodesfavorável sobre o mesmo. Co-nhecendo-se os críticos, a avaliaçãotorna-se ainda melhor.

Não se trata de condenar obras,proibir a venda etc. Chega de cen-sura, nihil obstat, imprimatur, In-dex, fogueira de livros etc. Esta épo-ca já passou. O comércio de livrosdeve ser livre (seria por acaso que li-vro e liberdade são palavras com amesma raiz?), assim também a crí-tica, para que possamos aprender ausar nosso livre-arbítrio.

No entanto, o mais importan-te de tudo é a crítica do próprioleitor. Ler e pensar, analisar a obralida.

Afinal o que um leitor podeobservar em um livro espírita? Hávárias coisas, pois os aspectos dou-trinários e literários acabam se mis-turando. Eis algumas perguntas queo leitor pode fazer a si próprio, de-pois de ler um livro espírita (é umbom exercício para bem aproveitaro que lemos):

I. Lembremos da definição deliteratura espírita: LiteraturaEspírita é o conjunto de obrasque versem sobre a DoutrinaEspírita, ou foram escritas sobsua inspiração ou modelo, ouainda, que foram incorporadaspor lhe serem concordes. Vocêacabou de ler um livro apresen-

O mais importante

de tudo é a crítica do

próprio leitor. Ler e

pensar, analisar a

obra lida

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tado espírita, agora pergunta--se: o livro pode então ser con-siderado espírita? Não importase o livro é ou não (não há por-que todo livro ser espírita). Oimportante é o exercício quefazemos, testando nossos pró-prios conhecimentos doutriná-rios. É possível que da primei-ra vez não tenhamos capa-cidade de dizer, porém certa-mente com um pouco mais deestudo acabaremos por ter me-nos incertezas.

II. No livro há pontos que dãomargens a interpretações diver-sas (ambigüidades)? Se há, ouo livro está mal escrito, ou nãocompreendemos bem, ou o au-tor tem segundas intenções etc.Como é a linguagem? Clara,objetiva, obscura, deprimente,pedante, banal...?

III. O que o livro sugere ou oque ele dá como exemplo, emtermos de comportamentomoral? Vi um livro para crian-ças, circulando como espírita,que sugeria um comportamen-to cínico, fingido, perante ospais. Há outros que sugeremum comportamento levianoperante a vida, a morte etc. Is-to é um ponto difícil de anali-sar, pois às vezes o autor quersugerir algo e o leitor, por ra-zões diversas, vê o contrário. OEspírito Léon Tolstoi comentaque seu grande sucesso AnaKarenina, escrito quando ain-da encarnado, serviu de exem-plo para muitas pessoas veremno suicídio algo romântico eheróico. Apesar de esta não sersua intenção, isto lhe custoumuitos sofrimentos, principal-mente no mundo espiritual, e

ele então voltava para nos aler-tar contra os perigos do suicí-dio [26]. Acho que o mais im-portante é o leitor pensar naquestão, não se esquecendo queo objetivo principal do Espiri-tismo é a melhoria moral doser humano.

IV. Há novidades? Aqui deve-mos considerar não apenas no-vidades de conteúdo, mas tam-bém de forma, de linguagem.Se alguém resume O Livro dosEspíritos em uma linguagembem simples, a obra já é valio-sa, apesar de não trazer conteú-do novo. Então, se o livro nãotraz novidades, qual a razão domesmo? Se traz novidades deconteúdo, procuremos analisá--las utilizando os critérios queKardec estabelece para análisedas mensagens: universalidade,concordância com o que já es-tá estabelecido, linguagem (no-vamente). Se traz novidades deforma, vamos também analisá--las.

Nem todos os livros precisamser obras-primas, satisfazer a todosos critérios de excelência, porém,como dissemos, a análise é bomexercício intelectual (não é apenaso corpo que precisa de exercício).

Certa feita li um livro que meentusiasmou. Era uma obra psico-grafada. No livro havia a descriçãode uma certa região geográfica, umailha, dando detalhes como tama-nho, área etc. Alguém, sabiamente,olhou em uma enciclopédia sobre aregião e os dados da psicografiaeram completamente diferentes doque lá constavam. Disse-me: “Senestas coisas conhecidas não háconcordância, como poderei confiarnas novidades?”

4 - O Futuro do LivroMuitas pessoas dizem hoje que

o livro, enquanto suporte físico deidéias, enquanto objeto, vai desa-parecer. É possível, mas não creioque isto ocorra brevemente. Damesma maneira que a invenção deGuttemberg não se firmou da noi-te para o dia, o livro, na formaatual, irá ainda permanecer pormuito tempo. Os avanços da eletrô-nica têm tornado cada vez mais fá-cil e barato fabricar um livro.

Mencionamos no início umamensagem de Guttemberg, veja-mos um outro trecho desta mesmamensagem:

Sem desdenhar o grande li-vro da arquitetura, que é o pas-sado e o seu ensino, agrade-çamos a Deus que sabe, nasépocas adequadas, pôr em nos-so poder uma arma tão forte,que se torna o pão do Espírito,a emancipação do corpo, o li-vre-arbítrio do homem, a idéiacomum a todos, a ciência, um

O livro, na forma

atual, irá ainda

permanecer por muito

tempo. Os avanços

da eletrônica têm

tornado cada vez mais

fácil e barato fabricar

um livro

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a, b, c, que fecunda a terra, tor-nando-nos melhores. Mas se aimprensa vos emancipou, a ele-tricidade vos fará livres e des-tronará a imprensa de Guttem-berg, para pôr em vossas mãosum poder de outro modo te-mível, e isto em breve.

A ciência espírita, salvaguar-da da humanidade, vos ajuda-rá a compreender a nova forçade que vos falo. Guttemberg, aquem Deus deu missão provi-dencial, sem dúvida fará parteda segunda, isto é da que vosguiará no estudo dos fluidos.

(Guttemberg (Espírito),médium Sr. Leymarie, [27])

Há muito que pensar sobre es-tas palavras... Lembremos, inclusi-ve, que Guttemberg inventou a im-prensa e não o livro. Os tipos mó-veis, utilizados na época em que amensagem foi ditada, estão desapa-recendo com a editoração eletrôni-ca e os novos processos de im-pressão. A eletricidade realmentetem revolucionado o livro. Ou seriasobre os meios atuais de comunica-ção eletrônica que ele estava falan-do? O fato é que “esta notável dis-sertação provocou no seio da So-ciedade [Espírita de Paris] as refle-xões seguintes de um outro espíri-to” [28] e segue uma mensagem doEspírito Robert de Luzarches. A se-guir, no dia 25, várias outras men-sagens são recebidas, em continui-dade à discussão iniciada no dia 19,e dentre elas, outra de Guttemberg,onde destacamos o trecho:

Talvez tenhais achado em mi-nhas reflexões, um pouco lon-gas sobre a imprensa, alguns

pensamentos que não aprovaiscompletamente; mas refletindosobre a dificuldade, que expe-rimentamos, ao pormos em re-lação com os médiuns e utilizaras suas faculdades, tereis a bon-dade de passar de leve sobrecertas expressões ou certas for-mas de linguagem, que nemsempre dominamos. Mais tar-de a eletricidade fará a suarevolução mediúnica, e comtudo será mudado na maneirade reproduzir o pensamento doEspírito, não mais encontrareisessas lacunas, por vezes lamen-táveis, sobretudo quando as co-municações são lidas diante deestranhos. (Destaques nossos.)[29]

5 - FinalizandoPara encerrar, vamos apresentar

[abaixo] uma poesia do Parnaso de

Além-Túmulo, que, como dissemosno início, diz mais que qualquerprosa [30].

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[24] - Revista Espírita (Jornal de EstudosPsicológicos), Allan Kardec (Ed.), trad.Júlio Abreu Filho, EDICEL, s/ data. Ju-nho de 1869, p.199.

[25] - Nedyr Mendes da Rocha, comuni-cação pessoal. O Sr. Rocha foi o fotógra-fo das referidas materializações de Ube-raba.

[26] - Yvonne Pereira; Sublimação, LéonTolstoi e Charles (espíritos), Ed. FEB,Rio de Janeiro, 1973. Apresentação,p.13.

[27] - idem ref. [24].

[28] - idem ref. [24], p. 120. Observaçãode Kardec.

[29] - idem ref. [24], p. 122.

[30] - Francisco Cândido Xavier; Parna-so de Além-Túmulo (8a ed.), Ed. FEB, Riode Janeiro, 1967, p. 378.

O LivroEi-lo! Facho de amor que, redivivo, assomaDesde a taba feroz em folhas de granito,Da Índia misteriosa e dos louros do EgitoAo fausto senhoril de Cartago e de Roma!

Vaso revelador retendo o excelso aromaDo pensamento a erguer-se esplêndido e bendito,O Livro é o coração do tempo no Infinito,Em que a idéia imortal se renova e retoma.

Companheiro fiel da virtude e da História,Guia das gerações na vida transitória,É o nume apostolar que governa o destino;

Com Hermes e Moisés, com Zoroastro e Buda,Pensa, corrige, ensina, experimenta, estuda,E brilha com Jesus no Evangelho Divino.

Olavo Bilac(Espírito)

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Tratamos, em artigo anterior*,do objetivo geral e do eixo te-mático do II Encontro Nacio-

nal de Coordenadores de ESDE.Queremos agora tecer algumas con-siderações sobre os objetivos especí-ficos desse Encontro.

O primeiro que se destacaé evidenciar as conseqüências doESDE para o indivíduo, para asCasas Espíritas e para a Sociedade.

O conteúdo de uma ciência,como o Espiritismo, para ser devi-damente assimilado, exige um estu-do sério e metódico. É o próprioKardec quem o diz: Quem desejetornar-se versado numa ciência temque a estudar metodicamente, co-meçando pelo princípio e acompa-nhando o encadeamento e o desen-volvimento das idéias.1

O conhecimento do Espiritis-mo, por sua vez, é fator decisivo derenovação moral, uma vez que des-perta no indivíduo o desejo de em-preender os melhores esforços comvistas à própria reforma íntima,

condição essencial para a conquistada felicidade. Essa vontade de se re-novar interiormente surge, comoassinala o Codificador, do novoponto de vista sob o qual passa aconsiderar a existência, em virtudedos ensinamentos da revelação es-pírita. Assim é que a (...) idéia cla-ra e precisa que se faça da vida fu-tura proporciona inabalável fé noporvir, fé que acarreta enormesconseqüências sobre a moralizaçãodos homens, porque muda comple-tamente o ponto de vista sob o qualencaram eles a vida terrena. Paraquem se coloca, pelo pensamento,na vida espiritual, que é indefini-da, a vida corpórea se torna simplespassagem, breve estada num paísingrato. As vicissitudes, as tribula-ções dessa vida não passam de inci-dentes que ele suporta com paciên-cia, por sabê-las de curta duração,devendo seguir-se-lhes um estadomais ditoso.2

Por outro lado, o indivíduoque busca mudar para melhor o seupadrão moral exerce salutar influên-cia na sociedade, onde ocupa asmais variadas funções e, em espe-cial, na Casa Espírita, onde passa aser trabalhador ativo e cônscio dassuas responsabilidades na difusão ena prática do Espiritismo.

Dessa forma, podemos alinhar

entre as conseqüências do ESDE: odesenvolvimento da fé raciocinada,a busca da reforma íntima e a for-mação de espíritas esclarecidos, quepreservarão a unidade de princípiosdo Espiritismo, divulgando-os cor-retamente pela palavra e pelo exem-plo, e contribuindo para a Unifica-ção do Movimento Espírita.

Um outro objetivo deste II En-contro é apontar problemas e pro-por soluções para o bom funciona-mento do ESDE.

Diversos são esses problemas,muitos deles provocados pelo dis-tanciamento do objetivo do ESDE,que é, como vimos no artigo supra-citado, estudar o Espiritismo de for-ma metódica, contínua e séria, comprogramação fundamentada naCodificação Espírita. É preciso quenão se perca de vista esse objetivo,evitando-se caminhar por rumosnão condizentes com o alto signifi-cado do ensino espírita. Por outrolado, existem diversas dificuldades,ligadas particularmente à falta de ca-pacitação de coordenadores e moni-tores, os quais necessitam adquirirou aperfeiçoar conhecimentos e ha-bilidades que os auxiliem na execu-ção das suas múltiplas e diversifica-das atribuições. Pode-se mesmo di-zer que, muitas vezes, reside aí, nes-sa falta de capacitação para a tarefa,

40

II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE

– II –José Carlos da Silva Silveira

* Reformador de abril de 2003, p. 34-35.

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Reformador/Maio 2003 199

a causa de um outro problema, quese levanta como um dos grandes de-safios ao trabalho: a evasão dos par-ticipantes de grupos de ESDE.

Assim, esses e outros proble-mas deverão ser analisados, paraque se possa encontrar as melhoressoluções.

Os demais objetivos específicossão os seguintes: avaliar a atual si-tuação da Campanha do ESDE;trocar experiências sobre a implan-tação, a manutenção e o acompa-nhamento da Campanha do ESDE;propor ações para a dinamização daCampanha do ESDE; comemorar os20 anos do lançamento da Campa-nha do ESDE em nível nacional.

A Campanha do Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita, co-mo se sabe, foi lançada, em 1983,em virtude do interesse demonstra-do pelos líderes espíritas no sentidode incentivar o estudo do Espiritis-

mo por meio de cursos regulares,conforme preconizou Allan Kardecno Projeto 1868.

Hoje, passados vinte anos des-se lançamento, evidencia-se o cres-cente entusiasmo, no Brasil e noExterior, pelo estudo da DoutrinaEspírita de forma sistematizada. Portoda parte, são implantados cursosde ESDE e já se evidenciam os ex-celentes resultados desse esforço co-letivo, pela formação de trabalhado-res cada vez mais bem preparadospara o desempenho das suas respon-sabilidades no Movimento Espírita.

Não obstante, todo trabalho delongo curso, como é o caso daCampanha em referência, reclama,após certo tempo, um cuidadomaior no sentido da verificação dosrumos que vai seguindo, a fim de secorrigirem eventuais desvios. Emassim sendo, procurar-se-á, tam-bém, neste Encontro, avaliar como

se vem desenvolvendo esse trabalhoem todo o Brasil, com vistas a man-tê-lo dinâmico e atual.

Ressalta, dessas breves anota-ções, a importância dos objetivosdo II Encontro Nacional de Coor-denadores de ESDE, os quais, umavez alcançados, contribuirão para amelhoria da qualidade do ensino doEspiritismo, com os inegáveis bene-fícios daí resultantes para os indiví-duos, para os Centros Espíritas epara a Sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 83. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2002. Introdução, item VIII, p. 31.

2 ________. O Evangelho segundo o Es-

piritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

119. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. II,

item 5, p. 66.

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Tocantins: Encontro Espírita EstadualA Federação Espírita do Estado do Tocantins realizouno período de 1o a 4 de março, em Palmas, o XIV En-contro Espírita Estadual, com abordagem do temacentral Espiritismo – Uma proposta de vida, desen-volvido em vários subtemas pelos expositores Edval-do Roberto de Oliveira (RJ), Ana Guimarães (RJ) eUmberto Ferreira (GO), o qual representou o Presi-dente da FEB.

No mesmo período, ocorreu o X Encontro de Mo-cidades Espíritas do Estado do Tocantins, com o es-tudo do tema A vida e sua mensagem.

Espírito Santo: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Estado do Espírito Santo jáprogramou o VI Congresso Espírita, de âmbito esta-dual, para os dias 3, 4 e 5 de outubro deste ano, como tema Vida, desafios e soluções. Os trabalhos para oevento poderão ser enviados até 30 de junho, obser-vado o regulamento, que será fornecido pela FEEES– telefone (27) 3222-7551, fax 3222-6509 e [email protected]

Itália: Centro Espírita de Aosta O Centro Italiano de Estudos Espíritas Allan Kardec(Via Brocherel, 15, Aosta, 11100, Itália), fundado em1992, membro-fundador do Conselho Espírita Inter-nacional (CEI), desenvolve inúmeras atividades na di-vulgação da Doutrina Espírita, dentre as quais: deba-tes, palestras e exposições das obras básicas da Co-dificação Kardequiana. Suas reuniões são realizadas àssextas-feiras, às 20 horas.

Paraíba: Eventos EspíritasENESP 2003 – Encontro Espírita da Paraíba: Rea-lizado pela Federação Espírita Paraibana, no períodode 1o a 4 de março, com a presença do Presidente daFederação Espírita Brasileira, Nestor João Masotti, eparticipação, como expositores, de José Raimundo deLima, Presidente da FEPB, Severino Celestino e ou-tros.

XXX MIEP – Movimento de Integração do Es-pírita Paraibano: Ocorreu em Campina Grande, nomesmo período, com abordagem do tema central –

Atualidade de Jesus e Kardec – pelos expositores Jo-sé Raimundo de Lima (PB), Roberto Lúcio Vieirade Souza (MG), Emerson Barros de Aguiar (RN),Frederico Menezes (PE) e José Francisco de Souza(PB).

Austrália: Casa Espírita FranciscanosA Franciscan’s Spiritist House (Casa Espírita Francis-canos), recém-fundada (3 a/1 Railway Pde – Kogarah– 2216 N.S.W. Sydney – Austrália – correio eletrôni-co [email protected]) oferece um amplo pro-grama de divulgação do Espiritismo aos habitantes deSydney, através do estudo das obras da CodificaçãoKardequiana. (SEI.)

Porto Seguro (BA): Jornada EspíritaPromovido pelo Centro Espírita Porto da Paz, realiza--se, nos dias 1o a 4 deste mês, a VIII Jornada Espírita dePorto Seguro, no Centro de Cultura, com o tema Feli-cidade: O Sentido da Vida, abordado através de pales-tras e seminários por Divaldo Pereira Franco, MarcelMariano, Anete Guimarães e Eduardo Guimarães.

AME-Minas Gerais: Seminário Dias GloriososA Associação Médico-Espírita de Minas Gerais reali-zou em 29 de março, no Auditório da Reitoria Cam-pus da UFMG, o Seminário Dias Gloriosos, com aparticipação especial de Divaldo Pereira Franco, e des-dobramento em quatro subtemas – Engenharia Ge-nética e Clonagem Humana, Doação de Órgãos eTransplantes, Aborto e Eutanásia e Regressão de Me-mória e Terapia de Vidas Passadas –, abordados porespecialistas nesses assuntos.

ABRAME: Encontro dos Magistrados EspíritasA Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas(ABRAME) realiza no período de 1o a 4 deste mês,em Belo Horizonte (MG), o II Encontro Nacionaldos Magistrados Espíritas, no Fórum Lafayete, como tema central Justiça e Espiritismo – O EspiritismoIluminando o Direito e a Justiça, desenvolvido emsete subtemas, através de conferências, palestras epainéis. A conferência inaugural é proferida por JoséRaul Teixeira.

SEARA ESPÍRITA

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