Revista Leal Moreira - Edição 31

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44 especial revistalealmoreira.com.br Budista, hippie, midas da tecnologia. O gênio de Steve Jobs será lembrado pelas realizações, jeito excêntrico e olhar visionário. 45 Catarina Barbosa Dudu Maroja Admirável novo mundo Determinação, inteligência e uma revolução na forma como nos relacionamos com a tecnologia. Veja pessoas que usam o legado de Steve Jobs como exemplo de vida. “C ontinue sedento, continue ingênuo”. Essas foram as palavras com que Steve Jobs encerrou o seu discurso, dia 12 de junho de 2005, para formandos da Uni- versidade de Stanford, nos Estados Unidos. Nes- se dia, Jobs contou um pouco da sua história e deixou aos ouvintes um discurso inspirador e uma semente capaz de gerar mudanças. As histórias falam basicamente de três coisas: acreditar em si, buscar fazer o que se ama e ter noção de que o nosso tempo é curto. Tão curto que Steve Jobs morreu jovem, aos 56 anos, dia 5 de outubro des- te ano. Suas realizações incluem: computadores pessoais, uma nova maneira de adquirir arquivos digitais na internet, de ler livros, revistas e de se comunicar pelo telefone. A experiência não se encerra no contato com iPods, iPhones e iPads, entre outras revoluções da tecnologia. Este é o ponto de partida para a mu- dança, o início do experimento. Fanboys – sim, a Apple tem fãs obcecados – afirmam em uníssono: compre um iPhone, um Mac, um iPod e não se preocupe com mais nada: fotos, vídeos, chama- das, apps, está tudo ali, mostrando a melhor inte- gração software/ hardware do mercado, embora haja quem discorde. Apesar das críticas, porém, não se pode negar a influência da Apple para a forma como você se relaciona hoje com a tecno- logia. Esse visionário nasceu no dia 24 de fevereiro de 1955 e foi entregue por seus pais biológicos para adoção. Aos 5, foi adotado por Clara e Paul Jobs, uma contadora e um salva-vidas, que o criaram em Mountain View, na Califórnia. Cresceu na re- gião denominada Vale do Silício, formada por empresas que atuam com o intuito de gerar ino- vações científicas e tecnológicas. Era o ponto de partida da mudança. O economista e intelectual Karl Marx teorizava sobre o homem ser produto do meio em que vive, fruto das suas relações sociais: a história de Steve Jobs com o Vale do Sílicio com- prova essa teoria. Conversão Caminho trilhado, escolhas feitas, era hora de ingressar na faculdade. Em 1972, Jobs entrou na Universidade Reed College onde cursou apenas seis meses – ainda não era a escolha certa, não sabia realmente se era aquilo que queria e per- cebeu que estava gastando a economia de uma vida inteira dos seus pais. Abandonou a faculdade. Continuou frequentando, por 18 meses, algumas aulas, como por exemplo, caligrafia, conhecimen- to que acabaria sendo usado no futuro para a ela- boração das fontes do Macintosh (computador pessoal da Apple). Estava tecendo pontos. Depois de uma viagem em 1974 para a Índia, na companhia de Daniel Kottke, um amigo, voltou budista convertido. Essa espiritualidade serviu de base para que, dois anos depois, ele fundasse a Apple junto com Steve Wozniak, também seu ami- go. Era o momento de mostrar que, apesar de não »»»

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Matéria sobre o legado de Steve Jobs publicada na Revista Leal Moreira.

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especial

revistalealmoreira.com.br

Budista, hippie, midas da tecnologia. O gênio de Steve Jobs será lembrado pelas realizações, jeito excêntrico e olhar visionário.

45

Catarina Barbosa Dudu Maroja

Admirável

novomundoDeterminação, inteligência e uma revolução na forma como nos relacionamos com atecnologia. Veja pessoas que usam o legado de Steve Jobs como exemplo de vida.

“Continue sedento, continue ingênuo”.

Essas foram as palavras com que

Steve Jobs encerrou o seu discurso,

dia 12 de junho de 2005, para formandos da Uni-

versidade de Stanford, nos Estados Unidos. Nes-

se dia, Jobs contou um pouco da sua história e

deixou aos ouvintes um discurso inspirador e uma

semente capaz de gerar mudanças. As histórias

falam basicamente de três coisas: acreditar em

si, buscar fazer o que se ama e ter noção de que

o nosso tempo é curto. Tão curto que Steve Jobs

morreu jovem, aos 56 anos, dia 5 de outubro des-

te ano. Suas realizações incluem: computadores

pessoais, uma nova maneira de adquirir arquivos

digitais na internet, de ler livros, revistas e de se

comunicar pelo telefone.

A experiência não se encerra no contato com

iPods, iPhones e iPads, entre outras revoluções da

tecnologia. Este é o ponto de partida para a mu-

dança, o início do experimento. Fanboys – sim, a

Apple tem fãs obcecados – afirmam em uníssono:

compre um iPhone, um Mac, um iPod e não se

preocupe com mais nada: fotos, vídeos, chama-

das, apps, está tudo ali, mostrando a melhor inte-

gração software/ hardware do mercado, embora

haja quem discorde. Apesar das críticas, porém,

não se pode negar a influência da Apple para a

forma como você se relaciona hoje com a tecno-

logia.

Esse visionário nasceu no dia 24 de fevereiro de

1955 e foi entregue por seus pais biológicos para

adoção. Aos 5, foi adotado por Clara e Paul Jobs,

uma contadora e um salva-vidas, que o criaram

em Mountain View, na Califórnia. Cresceu na re-

gião denominada Vale do Silício, formada por

empresas que atuam com o intuito de gerar ino-

vações científicas e tecnológicas. Era o ponto de

partida da mudança. O economista e intelectual

Karl Marx teorizava sobre o homem ser produto do

meio em que vive, fruto das suas relações sociais:

a história de Steve Jobs com o Vale do Sílicio com-

prova essa teoria.

ConversãoCaminho trilhado, escolhas feitas, era hora de

ingressar na faculdade. Em 1972, Jobs entrou na

Universidade Reed College onde cursou apenas

seis meses – ainda não era a escolha certa, não

sabia realmente se era aquilo que queria e per-

cebeu que estava gastando a economia de uma

vida inteira dos seus pais. Abandonou a faculdade.

Continuou frequentando, por 18 meses, algumas

aulas, como por exemplo, caligrafia, conhecimen-

to que acabaria sendo usado no futuro para a ela-

boração das fontes do Macintosh (computador

pessoal da Apple). Estava tecendo pontos.

Depois de uma viagem em 1974 para a Índia,

na companhia de Daniel Kottke, um amigo, voltou

budista convertido. Essa espiritualidade serviu de

base para que, dois anos depois, ele fundasse a

Apple junto com Steve Wozniak, também seu ami-

go. Era o momento de mostrar que, apesar de não »»»

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ter curso superior, tinha feito as escolhas certas:

lançou o primeiro computador da empresa, o Ap-

ple I, basicamente uma placa com cerca de 30

chips, que para funcionar precisava de um gabi-

nete, fonte de energia, teclado e monitor. Alguns

afirmam que o computador é criação de Wozniak

e Jobs teve apenas a ideia de vendê-lo. O fato é:

o Apple I foi o primeiro computador vendido pela

maçã, a um preço bastante curioso: US$ 666,66.

Obstinado, sedento pela perfeição, um ano após

o lançamento do Apple I, lançou o Apple II, que

foi um sucesso, mesmo com seu preço: US$ 10

mil. O computador surpreendia, porque ao ligar já

era possível começar a programar ou a carregar

programas. A Apple foi ganhando espaço e Jobs

aprendendo a lidar com o cargo de liderança. Lan-

çou o primeiro computador pessoal da empresa

em homenagem a sua filha mais velha, Lisa. Por

ter algumas complicações e preço elevado, o Lisa

é considerado um dos fracassos de Jobs.

ConcorrênciaCom uma campanha baseada no livro “1984”,

de George Orwell, que descreve uma sociedade

opressora em todos os níveis, inclusive intelectual

e emocional, a Apple lançou, em 1984, o Macin-

tosh. O comercial provocava as pessoas a conhe-

cer o novo, a pensar diferente, a libertar-se dos

padrões mercadológicos, e como Jobs era polê-

mico, também era uma forma de cutucar a IBM,

que nesse caso seria o “grande irmão”, ou seja, o

grande manipulador.

Apesar de a campanha ter sido um sucesso, era

raro encontrar usuários de Mac em solo paraen-

se. Por volta de 1988, o médico Carlos Barretto,

49 anos, soube da existência do Macintosh por

meio do namorado de uma amiga. “Estávamos

em plenos anos 1980, e o cara era visto como um

estranho. Arrisco-me a dizer que ele era o único

em Belém que usava Mac. Sem contar que ele era

vítima de muita gozação, porque na época havia

poucos softwares populares compatíveis, jogos

principalmente”, afirma, recordando a suprema-

cia dos PCs (sigla para computador pessoal em

inglês) na época.

Apesar do domínio dos PCs, a Apple se diferen-

ciava por ter consumidores fiéis. Em pleno auge

do Macintosh, Jobs foi afastado da Apple. Então,

quando Carlos Barretto ouviu falar da maçã, Jobs

não era o CEO da empresa. Apesar de continuar

recebendo salário, o empresário não ficou parado.

Nesse entretempo criou a NeXT Computers e a Pi-

xar, responsável por alguns dos filmes de anima-

ção mais bem-sucedidos da indústria do cinema,

como “Toy Story”, “Monstros S. A.” e “Os incríveis”.

Ao retornar para a Apple, em 1988, Jobs lançou

o iMac, produto que simbolizou sua volta à empre-

sa. Notória por lançar tendência, a Apple manteve

a tradição. Ao lançar os iMacs coloridos, tudo o

que você pode imaginar na época era transpa-

1976 1977 19871980 1983

Foi desenhado e construído o Apple I,

primeiro computador da marca. Steve

Wozniak foi o responsável pelo desen-

volvimento da ideia. Steve Jobs se des-

fez de seu carro para financiar e comer-

cializar a criação.

Logo da Apple é desenhado por Rob

Janoff. No mesmo ano, é lançado o

Apple II, um dos primeiros microcom-

putadores fabricados em larga escala.

Também foi o primeiro sucesso da

empresa.

Nesse ano, chegou ao mercado o Apple

III, para atender uma demanda corpora-

tiva. Foi criado para ser o sucessor da

série Apple II, mas foi considerado um

grande fracasso.

É desenvolvido o Apple Lisa, primeiro

computador com uma interface gráfi-

ca, que permitia que os usuários inte-

ragissem com a máquina por meio de

imagens É considerado por muitos o

precursor do Macintosh, cujo projeto

contou com o desenvolvimento de Jobs.

Chega ao mercado, por mais de 5

mil dólares, o Macintosh II, primei-

ro computador da série de mesmo

nome e que, pela primeira vez, ti-

nha suporte para monitor colorido.

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rente, entre os mais diversos aparelhos, como

telefones, cafeteiras e liquidificadores. Jobs já era

conhecido pelo bom design, acabamento e por

entregar ao consumidor algo pronto para usar.

Música no bolsoOutra de suas grandes invenções foi o iPod. Na

apresentação do produto, Steve Jobs disse: “Fi-

nalmente você poderá carregar mil músicas no

seu bolso”. Em uma época em que os downloa-

ds ilegais reinavam e a indústria fonográfica temia

um colapso – em função de sites como o Napster,

que forneciam álbuns inteiros de graça –, a Ap-

ple lançou o iTunes. As vendas do iPod foram um

sucesso e as gerações, aperfeiçoadas, tanto que

o primeiro produto comprado pelo médico Carlos

Barretto foi um iPod Nano da terceira geração. “Eu

o usava conectado a um PC. Era fã dos PCs nesta

época. Montava-os em casa, comprando item a

item e integrando-os manualmente”, recorda, sem

saudade, a época em que os computadores pes-

soais ainda reinavam em sua casa.

Após seis meses, ao escolher o seu terceiro

computador portátil Carlos Barretto foi estimulado

por um amigo entusiasta do Linux a comprar um

MacBook Branco, de plástico, e se rendeu de vez

aos encantos dos produtos da maçã. “Apesar de

ter enfrentado algumas dificuldades iniciais – que

hoje denomino ironicamente de “síndrome pós-

-Windows” – encantei-me não só com o belo de-

sign, mas também pela descoberta de que pode-

ria fazer tudo o que fazia com o PC, sem precisar

instalar um antivírus”, brinca, dizendo que a inicia-

lização da máquina (conhecida como boot) tam-

bém foi um grande atrativo. Hoje, toda a família de

Barretto usa Mac.

Não há como negar: os aparelhos da Apple en-

volvem o consumidor de maneira particular, desde

a abertura da embalagem até o primeiro contato

com o produto, e esse envolvimento era meticu-

losamente pensado por Steve Jobs e sua equi-

pe. Além disso, antes de apresentar um Iphone

ou Ipod, Jobs o testava por meses. O resultado

é uma experiência completa. “Sem dúvida Steve

Jobs era um gênio, desses que aparecem rara-

mente. Ele não inventou o MP3 Player, mas com

o iPod, transformou a indústria do entretenimento

para sempre. Além disso, com os Macs, deu aos

usuários finais a possibilidade de usar um compu-

tador, da forma como ele deveria ter sido desde o

início. Simples, fácil de usar e seguro”, defende o

médico paraense.

Se você acha que a opinião é exagerada, pense

rapidamente: quais são as configurações do seu

computador, do seu telefone celular ou do MP3

Player? Antes da contribuição de Steve Jobs, a

tecnologia tinha um único público: os nerds. Ele fez

tudo sozinho? Claro que não. Bill Gates, por exem-

plo, é responsável pela popularização dos PCs,

mas, apesar do que se afirma, os produtos da Ap-

1990 1997 1998

Macintosh Classic é lançado e,

pela primeira vez entre os produtos

da linha, é vendido por menos de

mil dólares.

Lançamento do PowerBook G3, o

primeiro notebook da Apple com o

processador PowerPC G3, que foi

produzido pela empresa até o ano

de 2000.

Após passar por uma crise finan-

ceira, a Apple lança o primeiro

iMac, um computador que unia

monitor e torre num só objeto,

com design inovador, cores vivas e

atrativos suficientes para atrair um

público mais jovem.

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ple são simples, intuitivos e justamente pela simpli-

cidade podem ser usados por todos os públicos.

De fã a vendedorO empresário Raul Parizotto, 45 anos, mais co-

nhecido como “Sr. iPhone”, está na classe de fan-boys, tanto que seu primeiro produto da Apple foi

um iPod da primeira geração de 5GB, uma relação

de amor ao primeiro contato. Dessa experiência,

apenas uma é sua tristeza: não ter guardado o

aparelho que hoje é uma relíquia. Depois do pri-

meiro contato, ele comprou outro iPod, dessa vez

da segunda geração, de 20GB. Devido a essa ad-

miração e interesse – e em função da maioria das

pessoas estar acostumada a usar produtos de ou-

tras marcas –, Parizotto acabou se tornando um

especialista em produtos da Apple.

“Sempre procurei participar de fóruns pela inter-

net, lia tudo o que achava, cheguei a ir várias ve-

zes a São Paulo para encontros com participantes

de fóruns e fiz até alguns cursos. Então, sempre

que alguém tinha um problema, me procurava e

eu ajudava”. Foi assim que o que era apenas um

hobby, uma admiração, se transformou em pro-

fissão. Parizotto é do tipo que não larga o iPhone,

por isso, quem não sabia o seu nome acabou

apelidando-o de Sr. iPhone. Hoje, o empresário

também trabalha com iPads e todos os acessó-

rios relacionados a iPhone/ iPad/ iPod, já que todos

usam a plataforma do iOS, o sistema operacional

móvel da Apple.

Para dar conta dos exigentes usuários da maçã,

ele procura manter-se sempre bem informado.

“Leio em média 15 blogs por dia que falam de pro-

dutos da Apple, pois gosto de estar à frente. Por

sinal, já tenho em mãos um iPhone 4S, que ainda

nem foi lançado no Brasil. E claro que fui conferir

o que mudou com relação ao antigo”, afirma, di-

zendo que, além disso, continua ativo nos fóruns,

buscando informações sobre novos aplicativos e

gasta, em média, US$ 100 por semana compran-

do e testando apps.

Vida em aplicativosUma das coisas mais divertidas para quem tem

um produto da Apple é poder entrar na Apple Sto-

re e se acabar comprando aplicativos, conhecidos

como apps. Existem aqueles, porém, que gostam

de burlar as regras do sistema e fazem o jailbreak,

um desbloqueio, que dá liberdade ao usuário de

2001 2003 2006 2007 2010

É lançado o PowerBook G4 Titanium,

Também chega ao mercado o Mac OS

X – sistema operacional desenvolvido,

fabricado e vendido pela Apple para os

computadores Macintosh – e o iPod, o

hoje famoso player de áudio, fotos e ví-

deos. Equipado com o também recente

reprodutor de música iTunes e com

capacidades diferentes de armazena-

mento, o aparelho mudou a forma do

mundo de consumir os diferentes tipos

de mídias.

É lançada a iTunes Music Store, um

serviço de música e vídeos online da

Apple, no qual os usuários podem

comprar seu conteúdo. No mesmo

ano de lançamento, foram vendidas

nada menos que 25 milhões de mú-

sicas.

Chega ao mercado o MacBook Pro,

substituto definitivo dos iBooks e

PowerBooks, que saíram de linha.

Equipado com os processadores Intel

Core 2 Duo, o MacBook Pro superou

seus antecessores em velocidade e

consumo de energia.

Ano de lançamento do primeiro iPhone,

um telefone celular com tela sensível a

múltiplos toques, câmera digital, acesso

à internet e funções de mídia players en-

contradas no já existente iPod. Também

foi o ano de lançamento do primeiro

iPod Touch, que tinha tela sensível ao

toque, Wi-fi e acessos à iTunes Store e à

App Store, a loja de aplicativos da Apple.

Chega ao mercado o iPad, um tablet

com funções parecidas com as do

iPhone, porém com uma tela um pouco

maior do que a do celular, alcançando

9,7 polegadas. No mesmo ano foi apre-

sentado com a versão Wi-Fi, no primeiro

semestre, e na versão com 3G semes-

tre seguinte.Também chega ao mercado

o iPhone 4 que, entre muitas inovações,

apresenta uma câmera frontal, ideal

para video-conferências.

Leia mais

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instalar aplicativos não oficiais e usar o aparelho na

operadora de telefonia e no país que quiser.

O estudante de ciência da computação Hitoshi

Seki Yanaguibashi, 21 anos, já se aventura no

desenvolvimento de aplicativos e é a favor do jail-

break como forma de explorar o aparelho e apro-

fundar conhecimentos. “Antes era até considera-

do ilegal fazer o desbloqueio, mas fiquei sabendo

que o governo dos Estados Unidos legalizou essa

prática. O único ponto negativo é que como o jail-

break tem acesso a qualquer recurso do disposi-

tivo, alguns programas podem danificar ou afetar

de alguma forma o funcionamento do aparelho”,

afirma.

Dilemas à parte, Yanaguibashi fez seu primeiro

app desbloqueado por uma necessidade: apre-

sentar um trabalho de curso. O guia de banco de

dados Oracle foi ideia do seu orientador, Diógenes

Carneiro, e construído em parceria com o amigo

José de Sousa Ribeiro Filho. “Nesse momento,

passei de usuário da Apple para desenvolvedor.

Desde então, tenho me dedicado à criação destes

aplicativos”, alegra-se.

O estudante cita entre as dificuldades encontra-

das para um desenvolvedor primeiramente com-

prar um Mac, isso porque os programas usados

para criar aplicativos só funcionam no Mac OS.

Em novembro de 2010 – quando começou a de-

senvolver o aplicativo –, o estudante já tinha um,

então, a dificuldade passou a ser aprender o iOS

Software Development Kit (iOS SDK), uma espécie

de conjunto de tecnologias de desenvolvimento

necessárias para se criar aplicativos. O trabalho

valeu a pena, quando o seu app foi aprovado pela

Apple. “Fiquei muito feliz, pois o app foi aprovado

de primeira para ser publicado e vendido na App

Store, o que para mim era quase impossível de se

conseguir, já que eu era um iniciante”, diz.

Hoje, o estudante já desenvolveu quatro aplica-

tivos tanto para iOS, quanto para Android, o siste-

ma operacional móvel do Google. “A minha maior

motivação em criar para ambas as empresas é

porque o Google Android é o maior concorrente

da Apple no mundo das apps. Então, se faço um

app para iPhone, não custa nada fazer o mesmo

para Android e deixar o produto à venda para mais

alguns milhões de usuários. O processo de ven-

das nas duas lojas é um sonho: você desenvolve

o aplicativo, manda para avaliação, o aplicativo

é publicado na App Store ou no Android Market,

você tem o mundo inteiro como cliente e pronto,

deixa lá vendendo e vai dormir”, brinca o desen-

volvedor, que já fundou uma empresa especializa-

da em desenvolver apps.

Seja desenvolvendo apps, trabalhando com

produtos da Apple ou sendo médico intensivista, o

mais importante é descobrir o que você quer fazer.

Jobs não parou de fazer o que amava e provocou

uma mudança em grande escala: uma nova forma

de consumir música, ler em aparelhos portáteis,

usar mídias locativas, fazer vídeos e fotos, inspirar

pessoas. O resultado pode vir de várias formas:

reconhecimento, dinheiro ou fanboys, mas deve,

principalmente, ser motivo de satisfação.

O empresário Raul Parizotto, o estudante Hitoshi Yanaguibashi e o médico Carlos Barretto compartilham a admiração pelo trabalho de Jobs