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INTEGRAÇÃO . ABRIL . 2006 3 4. 9. 10. 13. 14. 15. 20. 26. 32. 38. ENTREVISTA CULTURA EVENTOS RECORDANDO REDE LA SALLE TROCA DE EXPERIÊNCIAS CAPA DIÁRIO DE CLASSE ARTIGOS CANAL ABERTO Gilca Maria Lucena Kortmann “O importante não é a inclusão e sim, a educação” Projeto leva escola ao teatro 10. O primeiro dia de aula 12. Posse da nova Direção Lassalista 12. Ministro de Educação visita a Província Lassalista Vem para frente Colégio La Salle Carmo - Caxias do Sul-RS 15. Lições de Vida Inclusão: Respeito às diferenças 26. Domingo Lassalista, onde todos se encontram 26. La Salle é a melhor escola de Canoas no ENEM 2005 26. La Salle, de Manaus, dá exemplo de convívio social 27. Crianças ganham novos ambientes no La Salle Medianiera 27. Alunos constroem globo no La Salle Niterói 28. Atleta nota 10 28. Recriando o quadro de Van Gogh 28. Alunos dorenses participam de clínica de voleibol 29. Noviciado La Salle se integra ao trabalho do Colégio 29. O mundo aquático invade a escola 30. Professores por um dia no La Salle, de Canoas 30. Informática educativa cria Web Quest da Campanha da Fraternidade 31. Aula especial com os olhos vendados 31. La Salle Santo Antônio adquire computadores de última geração 31. O “Correio do Povo” em sala de aula 32. Lidar com as diferenças 33. Integração em busca da inclusão 35. A genética contemporânea e o sonho da perfeição 36. Um olhar pastoral Quem não se comunica... se trumbica CONHEÇA A REVISTA INTEGRAÇÃO: ENTREVISTA: temas interessantes e importantes no meio educacional. CULTURA: Livros, filmes, peças teatrais, eventos, sites, etc. EVENTOS: Eventos significativos na Rede La Salle, cobertos pela equipe editorial da Revista. TROCA DE EXPERIÊNCIAS: Relatos de ações e estudos que sirvam como experiência positiva. REDE LA SALLE: A cada edição, uma página de destaque para uma de nossas obras. RECORDANDO: Imagens e textos de assuntos que nos remetam ao passado da história lassalista. CAPA: Temas educacionais atuais amplamente abordados pela jornalista da Revista. ARTIGOS: Temas educacionais e atuais de livre escolha, escritos por e para quem trabalha com educação na Rede La Salle. DIÁRIO DE CLASSE: Breves comentários de acontecimentos/experiências interessantes vividos pelas instituições lassalistas. CANAL ABERTO: Mensagens recebidas, dicas e orientações para a próxima edição da Revista. REFLEXÃO: Uma frase, uma poesia, um texto, uma fábula, uma imagem... Para pensar e refletir. Pessoas envolvidas em ÍNDICE NOSSOS ÍCONES: Nome do fotógrafo responsável pela imagem. Arquivo da PLPA, significa que a fotografia não continha identificação, sendo considerada do Arquivo da Província Lassalista de Porto Alegre. Indica uma página na internet ou um e-mail. Referências bibliográficas ou mesmo indicações de leituras que digam respeito à matéria em pauta. 20 10 13 14 15 26 DIÁRIO

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ENTREVISTA

CULTURA

EVENTOS

RECORDANDO

REDE LA SALLE

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

CAPA

DIÁRIO DE CLASSE

ARTIGOS

CANAL ABERTO

Gilca Maria Lucena Kortmann“O importante não é a inclusão e sim,

a educação”

Projeto leva escola ao teatro

10. O primeiro dia de aula 12. Posse da nova Direção Lassalista

12. Ministro de Educação visita a Província Lassalista

Vem para frente

Colégio La Salle Carmo -Caxias do Sul-RS

15. Lições de Vida

Inclusão: Respeito às diferenças

26. Domingo Lassalista, onde todos se encontram

26. La Salle é a melhor escola de Canoas no ENEM 2005

26. La Salle, de Manaus, dá exemplo de convívio social

27. Crianças ganham novos ambientes no La Salle Medianiera

27. Alunos constroem globo no La Salle Niterói28. Atleta nota 1028. Recriando o quadro de Van Gogh28. Alunos dorenses participam de

clínica de voleibol 29. Noviciado La Salle se integra ao

trabalho do Colégio29. O mundo aquático invade a escola30. Professores por um dia no La Salle,

de Canoas30. Informática educativa cria Web

Quest da Campanha da Fraternidade

31. Aula especial com os olhos vendados

31. La Salle Santo Antônio adquire computadores de última geração

31. O “Correio do Povo” em sala de aula

32. Lidar com as diferenças33. Integração em busca da inclusão35. A genética contemporânea e o

sonho da perfeição36. Um olhar pastoral

Quem não se comunica...se trumbica

CONHEÇA A REVISTA INTEGRAÇÃO:

ENTREVISTA: temas interessantes e importantes no meio educacional.CULTURA: Livros, filmes, peças teatrais, eventos, sites, etc.EVENTOS: Eventos significativos na Rede La Salle, cobertos pela equipe editorial da Revista.TROCA DE EXPERIÊNCIAS: Relatos de ações e estudos que sirvam como experiência positiva.REDE LA SALLE: A cada edição, uma página de destaque para uma de nossas obras.RECORDANDO: Imagens e textos de assuntos que nos remetam ao passado da história lassalista.CAPA: Temas educacionais atuais amplamente abordados pela jornalista da Revista.ARTIGOS: Temas educacionais e atuais de livre escolha, escritos por e para quem trabalha com educação na Rede La Salle.DIÁRIO DE CLASSE: Breves comentários de acontecimentos/experiências interessantes vividos pelas instituições lassalistas.CANAL ABERTO: Mensagens recebidas, dicas e orientações para a próxima edição da Revista.REFLEXÃO: Uma frase, uma poesia, um texto, uma fábula, uma imagem... Para pensar e refletir.

Pessoas envolvidas em

ÍNDICE

NOSSOS ÍCONES:

Nome do fotógrafo responsável pela imagem.

Arquivo da PLPA, significa que a fotografia não continha identificação, sendo considerada do Arquivo da Província Lassalista de Porto Alegre.

Indica uma página na internet ou um e-mail.

Referências bibliográficas ou mesmo indicações de leituras

que digam respeito à matéria em pauta.

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Gilca Maria Lucena Kortmann, Coordenadora do Curso de Graduação e Pós-Graduação em Psicopedagogia do Centro Universitário La Salle - UNILASALLE, de Canoas-RS.

Por Cíntia Miguel KaeferJornalista

O termo Inclusão voltou às aulas! Juntamente com o retorno de alunos, pais, professores, supervisores, orientadores, diretores, ele está lá, presente, senão nos projetos, nos bancos escolares. As leis educacionais favorecem a integração de estudantes com necessidades educativas especiais ao sistema regular de ensino. Portanto, as escolas estão a cada novo dia experimentando esta realidade.

A Igreja do Brasil, através da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elegeu o tema da Campanha da Fraternidade 2006: Fraternidade e Pessoas com Deficiência. A escolha convoca a sociedade a colocar para fora uma realidade que muitos ainda querem esconder. O lema “Levanta-te, vem para o meio” é a expressão de um desejo universal de que todos possam viver livremente sem pré conceitos. Afinal, o que é ser deficiente? O que é ter deficiência? Quem de nós, não possui alguma deficiência? Ou melhor, quais os limites da normalidade e da anormalidade na sociedade em que vivemos?

Para falar do assunto e trazer toda a sua trajetória na Educação Especial para os leitores da Revista Integração, a Comissão Editorial convidou a Professora Gilca Maria Lucena Kortmann para a entrevista desta edição. Encontrei uma educadora, aos 46 anos, simples no seu jeito de ser e profunda em seus conhecimentos, que mostra, nesta conversa, a importância de um trabalho integrado entre família, escola e comunidade.

Gilca Kortmann é Professora de Educação Especial da Rede Estadual do Rio Grande do Sul, Psicopedagoga, Terapeuta de Casal e Família, Mestre em Educação pela Unisinos e Doutoranda em Educação pela mesma universidade. No Unilasalle, desde 1986, Gilca é Professora e Coordenadora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicopedagogia.

Em um de seus artigos, a Professora cita Humberto Maturana, onde o escritor afirma que o desenvolvimento individual depende da interação social. Eis um dos fatores essenciais desta entrevista. Outro fator importante refere-se ao que diz Heloiza Barboza, Mestre em Educação Especial, em um dos seus artigos disponíveis na web: Julgamentos de “deficiência”, “retardamento”, “privação cultural”, “desajustamento social ou familiar”, são todos construções culturais elaboradas por uma sociedade que privilegia uma só forma para todos os tipos de bolos.

REVISTA INTEGRAÇÃO - Qual a sua formação? Como a Sra. iniciou o trabalho com a Educação Especial?

GILCA KORTMANN - É bem engraçado. Eu comecei uma formação chamada Logopedia no Uruguai. Era uma Licenciatura curta de dois anos e meio, que não tinha validade no Brasil. Era uma espécie de Fonoaudiologia e levava o nome de Logopedia. No Uruguai, também fiz um curso de Psicopedagogia. Sempre fui muito curiosa nesta área. Filha de jornalista, o primeiro curso que eu fiz, aos 14 anos, chamava-se Audiocomunicação. Na minha santa

“O portador de necessidades

especiais sempre irá refletir o modo

pelo qual a sua família e pessoas

colaterais o concebem como pessoa.

Sua conduta denuncia os

sentimentos que estão por trás de

certas atitudes, na maioria das vezes

inconscientes, daqueles com os quais

convive mais diretamente em seu

meio de origem”.

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ENTREVISTAingenuidade, eu fui fazer um curso para trabalhar na rádio. Vou ser o que meu pai é. Eu chego lá, descubro todo um trabalho com os surdos e me apaixono. Depois eu fiz Letras, já no Brasil. Letras trabalha a lingüística, a semântica fonética, acústica. Depois, eu fiz Adicional de Educação Especial Def ic iência Mental, Adicional Deficiência Auditiva, o que hoje é o Curso de Surdez. Quando eu vim para Porto Alegre fazer um curso de Adicional de Cegueira, de 820 horas, meu pai sofreu um acidente e ficou cego. Então esse curso eu não cheguei a terminar. Fiz formação em Psicomotricidade, em Bagé, através de um convênio com a primeira turma de Doutores da UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Depois eu fiz uma formação em Psicanálise. Também fiz um curso de Superdotados na PUCRS, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que era uma pós-graduação. Por fim uma Formação em Terapia de Casal e Família. Na realidade, o que eu fiz foi começar um curso de graduação enviesado e ir rastreando toda a área da educação especial.

RI - O que significa inclusão?

GK - Segundo Kaufman, a inclusão educativa e social de crianças especiais com seus pares normais é aquela que ocorre a partir de um processo constante de planejamento d e i n t e r v e n ç õ e s e d e u m a programação individualizada e de u m a c l a r a d i v i s ã o d e responsabilidades para cada um dos membros.

Em tempos de tantas discussões para estabelecer uma sociedade igualitária, com oportunidades para todos, e a persistente presença de naturais obstáculos que dificultam ações concretas e efet ivas, urge a necessidade dos sistemas públicos de e n s i n o s e o r g a n i z a r e m e redimensionarem suas estruturas e práticas e participarem de forma efetiva do processo de inclusão. Esperamos que a tendência de uma educação igualitária para todos venha a se consolidar nas próximas décadas, dada a amplitude universal que o tema vem firmando. O exame dos dados que a análise da realidade concreta nos oferece, entretanto, não confirma essa tendência. O termo inclusão há muito tem sido foco de diferentes interpretações. Parece-nos, no entanto, que é com referência à

e d u c a ç ã o d o a l u n o l i m i t a d o intelectualmente que o termo inclusão surge com mais freqüência e envolto em variadas conotações. Na realidade, o importante não é só a inclusão e sim, a educação. A integração constitui somente a condição institucional e organizacional para uma inclusão propriamente educacional, que deveria equivaler a uma educação inclusiva e integradora.

“Integrar”, do latim integrare, significa formar, coordenar ou combinar num todo unificado (unido), e integração significa o ato ou processo de integrar. Se a referência é a inclusão do ser humano, integrar diz

respeito à individualidade e integração diz respeito ao processo de formação desta individualidade. “Quando se fala em inclusão está se fazendo referência à constituição do sujeito psíquico e aos caminhos pelos quais esse ser humano gradualmente vai aprendendo a lidar com suas necessidades e desejos nas interações estabelecidas no mundo onde se situa”. (Masini in: Mantoan,1997)

Assim, o primeiro espaço de inclusão é o ambiente familiar. A família precisa criar um espaço, não para o filho do sonho, mas para o filho real, o filho que está ali. É poder dizer: Aqui está meu filho, este é o bebê real que eu tenho, é nele que eu vou apostar, é com ele que eu vou trabalhar. Ser mãe de verdade é poder ajudar o filho a segurar a mamadeira, ajudar o filho a pensar, ajudar o filho a segurar a cabeça, ajudar o filho a poder olhar as coisas que ele não enxerga, ir mostrando para o filho, etapa a etapa, as coisas que sozinho ele não consegue enxergar.

O segundo espaço de inclusão é o que nós preparamos dentro do Unilasalle, na disciplina de Educação Especial. Procuramos trabalhar com os alunos para que eles possam mudar seu olhar em relação às crianças que estão dentro da escola. Todo professor quer o aluno pronto, bonito, inteligente e comportado, que é também o sonho do aluno perfeito. O professor da rede pública ou da rede regular tem medo de receber o feio. Os professores não querem conviver com aquele que se tem que carregar pela mão e ensinar passo a passo, como as mães ensinam os filhos a olhar o mundo, a firmar a cabeça. Os professores da rede do ensino regular, eu chamo regular o que não é escola especial, querem crianças que aprendam sozinhas, que só sejam mediadas levemente e se desenvolvam. Assim é fácil ser professor. O outro papel quem faz é o educador. O livro “Manicômio, prisões e convento” é um livro de sociologia que eu amo de paixão. É um best seller na questão de poder estar olhando as coisas do aprisionamento. Eu vejo muito algumas APAEs, as Escolas Especiais nestas situações.

RI - A Sra. trabalha com famílias de crianças que possuem d i f i c u l d a d e s d e desenvolvimento. Como é a relação das famílias neste processo?

GK - Nos momentos em que estou com as famílias, é preciso além de escutar, ressignif icar as falas, principalmente, dos pais das crianças que nascem com patologias. É necessár io poder ajudá-los a ressignificar o lugar da criança no espaço da família. Por quê? Quando nós engravidamos ou sonhamos em ter filhos, sonhamos com o perfeito, com o belo, com o “esteticamente bonito”. Quando nós temos bonecas, nós queremos a boneca mais linda. É o sonho do imaginário. O que acontece? Existem dois tipos de famílias: a família que eu acho ser da minha geração, que é a família que namorava, “flertava”, noivava. O noivado significava uma aliança de ouro na mão com muito compromisso. Só depois a gente casava. Casamento significava mente casada, para depois se casarem os corpos. E aí se pensava, se sonhava com o filho. Só que não era somente o casal que sonhava o filho. Era o casal, os avós, os tios, os amigos, que sonhavam o filho do casal, o nome desta criança, o espaço desta criança.

“Este trabalho parece manter acesos os princípios de São João

Batista de La Salle”.

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Então era toda uma rede de significados e uma simbologia que acabava de certa forma constituindo este sujeito.

O outro tipo de família chamo de “Família Ficante”. Os meninos, depois de um mês de se conhecerem, colocam uma aliança de latão na mão esquerda. Não chegam a casar as mentes e casam os corpos. E muitas vezes destes primeiros encontros nasce uma coisa chamada “filho do não-desejo”, filho que não é esperado, filho que não tem um lugar. Não que os pais não queiram, mas porque muitas vezes, eles acabam não tendo maturidade para serem pais. Se eles não têm maturidade para serem pais, é porque ainda são filhos. Quando a gente é filho, quando a gente ainda depende de uma mãe, de um pai, dificilmente consegue se abrir para poder orientar e criar o desejo de alguém dentro da nossa vida.

Vamos imaginar se em qualquer um dos tipos de famílias acima, no lugar da criança sonhada vem uma criança que não é a criança do sonho, uma criança com deformidades, uma criança que não vai trazer para o casal e para a família de origem aquilo chamado sonho do imaginário, sonho concebido, sonho do tempo de constituição...

RI - Como ocorre este trabalho com bebês que nascem com patologias?

GK - Estou desde 1974 trabalhando com bebês com patologias, bebês que nascem com cinco meses de gravidez, prematuríssimos. Está confirmado pela neurociência que bebês que nascem prematuramente, têm algum tipo de atraso em seu desenvolvimento. O bebê que fica por algum tempo dentro de uma incubadora tem todo um afastamento materno, um afastamento de uma história de vinculação inicial e isso já é traumático. Nós o ajudamos a poder se desenvolver, a se firmar, a fazer controle cefálico, fazer controle de tronco, afirmar as perninhas, afirmar os bracinhos, abrir os olhos, enxergar o mundo, poder sugar, olhar para sua mamãe e esta, para ele.

Ajudamos as famílias a enxergar o bebê real e a abrir espaço para ele nos espaços das famílias. A fala também, ela nasce da combinação destes órgãos em perfeitas condições. Ela

construtivista, estaria fora de moda. Todo mundo quis ser construtivista sem conhecer uma coisa chamada Psicogênese. Como é que iam fazer construtivismo sem conhecer a psicogênese num trabalho da escrita? Então fizeram a alfabetização de qualquer jeito, seguindo um dos hábitos do brasileiro. Todo mundo vê os respingos até hoje nas nossas universidades. A gurizada que entra no vestibular, de 16, 17, 18 anos não sabe escrever ou escrevem de forma completamente inadequada. Da mesma forma está sendo com a educação especial.

RI - Como a Sra. definiria um sistema educacional inclusivo? Dá para a gente dizer que existe a concretude da palavra inclusão?

GK - Com certeza. Um trabalho inclusivo funciona onde escola, comunidade e família trabalham como rede. Um artigo que escrevi para um trabalho no Conesul, onde eu estava representando o Unilasalle, foi exatamente sobre isso. Escola, família, comunidade: redes que se interligam. Somente no momento em que estiverem interligadas, estas instituições poderão fazer um trabalho inclusivo de verdade. É uma utopia sim, mas é um sonho possível. Nós temos provas de sonhos possíveis, nós temos gurizadas já en t rando na facu ldade , com patologias. Temos crianças que se desenvolveram, temos alunos da rede lassalista com transtornos sérios, por exemplo, que estão na 6ª série.

RI - Sabemos que muitos P r o f e s s o r e s j á e s t ã o encontrando em suas salas de a u l a s e s t u d a n t e s c o m neces s id a d es ed uca t i va s especiais. Para um professor que está lidando com estas questões recentemente, sem preparação, que cuidados e conhecimentos ele vai precisar?

GK - Eu vou dizer que o olho que tu tens que ter ou a teoria que tu tens que ter é a teoria do humano. O que é o humano? É poder olhar o outro sem pré-conceitos. Sem estigmas, sem rótulos, é poder olhar o outro como se fosse tu mesmo. Porque o outro que está na tua frente, que falta um pedaço, que falta uma parte, que falta alguma coisa, ele está assim, porque a natureza o fez assim, o mundo lhe fez assim. E se fosse

surge desta estimulação. Então, é este o trabalho que se faz. É um trabalho que muitas pessoas, apesar da época de globalização, ainda desconhecem. Mas eu vejo que de 1986 para cá, e eu me assusto muito com a rapidez do nosso mundo, está avançado esse trabalho no Estado e no Brasil, de certa forma. O Estado oferece um trabalho específico para a comunidade carente.

RI - Como iniciou esta tendência de inserir as crianças portadoras de necessidades especiais nas redes convencionais de ensino?

GK - Eu te diria que isso não começa aqui, começa na opção que o Brasil fez pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) n a C o n f e r ê n c i a M u n d i a l s o b r e Necessidades Educacionais Especiais, Acesso e Qualidade. Desse documento, ressalto breve trecho que contribuiu junto a outros nas justificativas para a busca de um trabalho inclusivo:...”Toda pessoa com deficiência tem o direito de manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua capacidade de estar certa disso. Os pais têm o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação que melhor se ajuste às necessidades, circunstâncias e aspirações de seus filhos”... Já em janeiro de 2005, vamos encontrar nos documentos da CEPAL , Comis ión Econômica para América Latina y el Caribe y Organización de Las Naciones Unidas para la Educación, la Ciência y la Cultura (UNESCO) o documento que é o resultado do trabalho conjunto assumido pela CEPAL e UNESCO , cujo objetivo é abordar os principais desafios do financiamento e gestão que atualmente se planteia aos sistemas educativos nos países da América Latina e Caribe. Entre tantos outro itens encontraremos “O compromisso dos países em ampliar o acesso à educação; garantia a uma educação de qualidade com impacto social; universalização da educação primária.

Creio que todo este movimento é importante, no entanto está entrando nas e s c o l a s c o m o a a l f a b e t i z a ç ã o construtivista... em vez de preparar os professores dentro de um modelo construtivista para depois lançar o construtivismo, não! Eles fizeram o processo inverso e houve o terror. Quem não fosse

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ENTREVISTAum filho teu? E se fosse tu próprio? Se for teu neto? Junto a isto busque supervisão, pois cada caso é único.Da parte dos pais, é bem interessante esta fala: “Eu amo o meu filho, mas eu não suporto conviver com a deficiência que ele tem”. Quer dizer, já conseguem fazer uma separação entre ser sujeito Pedrinho e a deficiência que o Pedrinho tem.

RI - É correto afirmar que a inclusão nos primeiros anos de aprendizagem ainda traz problemas?

impasse entre a angústia do aluno que não consegue aprender e o professor que não consegue ensinar. Nesses casos, o professor vira espelho refletido nas dificuldades e emoções do aluno que tem medo que as emoções guardadas venham à tona.Existe ainda a frustração de distinguir o aluno diferente do aluno sonhador, e o fato de se deparar com o aluno real leva-o ao luto pela imagem idealizada. Muitas vezes o aprendiz é sentenciado pelo seu baixo desempenho.

Não existe, na verdade, a pretensão de apontar culpados (aluno, família, ou escola), visto que isto seria uma visão

reducionista que fere os princípios sistêmicos com os quais trabalho, mas

GK - Minha avó morreu faltando uma semana para completar 100 anos, lá no Uruguai. Ela era filha de escravos, negra, e chegou a trabalhar no tempo de escravidão. Ela não tinha uma cultura escolar, mas tinha uma cultura própria, uma cultura de vida e falava sempre, já naquela época, se referindo às coisas da vida: ”não existe louco que não tenha seu lado de sanidade e não existe uma pessoa sã, que não tenha rasgos de loucura”. É uma frase que se transpõe para esse nosso mundo globalizado, de século XXI, com a pós-modernidade. Hoje nós vemos isto expresso em todos os cantos do mundo.

RI - O curso de Pós-Graduação em Ps i copedagogia es tá completando 15 anos sob sua coordenação. Como os cursos acadêmicos estão formando seus profissionais para as questões referentes à inclusão?

GK - No Unilasalle, contamos com o Complexo de Aprendizagem. Lá, nós atendemos bebês com atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor. É um trabalho desenvolvido pelos alunos da graduação e da pós-graduação em Psicopedagogia. No final do ano passado, nós tivemos agregados a este trabalho o curso de Fisioterapia, em que se está trabalhando com os alunos a parte fisioterápica dos bebês. E agora estamos tentando conquistar um espaço para estas crianças fazerem natação. Os alunos ganham a parte prática do curso dentro da própria instituição. Eles escrevem artigos, fazem pesquisas e iniciam a produção científica. Estas atividades ocorrem dentro das disciplinas. Eu costumo dizer uma palavra bem feia: é obrigatório que todo o professor ofereça a seus alunos uma parte teórica e uma parte prática com crianças, com adolescentes ou com adultos com problemas de aprendizagem. Adulto também tem problema de aprendizagem sim, ele se atrapalha. Não falo de adultos com patologias, mas adultos que são atrapalhados na vida, no dia-a-dia. Aqueles homens e mulheres chamados “ovelhas negras dentro das famílias”, que vão para o mercado de trabalho e ficam dois ou três meses em uma empresa, e quando tu achas que ele está empregado, ele já saiu de lá. É necessário olhar para este adulto, ver onde ele falhou, e ressignificar o lugar que ele ocupa na sociedade.

No Unilasalle também trabalhamos em parcerias com as CAEs, Centro de

GK - A inclusão nos primeiros anos da educação escolar não oferece dificuldades insuperáveis. É verdade que há problemas na aprendizagem da leitura-escrita e também na de conceitos-matemáticos e de algumas operações de cálculo: mais na subtração que na adição, e muito mais na divisão que nas demais operações. No entanto, durante alguns anos esta criança deve permanecer algumas horas acompanhando seus colegas, e em outras horas e para diferentes áreas, deve receber certos apoios ou ensinos específicos. Nos deparamos com mu i ta d i f i cu ldade de “ensinagem”; pode ser falada como o movimento de ensinar carregado de ansiedade, o que lembra “obrigação”, peso, medo e frustração por não entender o aluno. Um movimento pe rmeado po r f an t a s i a s de incompetência que geram muita raiva em determinadas ocasiões. Há um

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ENTREVISTAAtendimento aos Educandos e com os Postos de Saúde. Recentemente recebemos a visita da Coordenadoria dos Postos de Saúde do Município, buscando alunos do Pós-Graduação para trabalhar no Programa de Saúde da Família, atuando junto a grupos de saúde mental. Eu estou muito feliz com o curso. De certa forma, ele está atendendo ao propósito inicial do PDI, P l a n o d e D e s e n v o l v i m e n t o Institucional. Este trabalho parece manter acesos os princípios de São João Batista de La Salle.

Eu escutei muitas coisas do Ir. Edgard Hengemüle, do Ir. Henrique Justo, do Ir. Marcos Antonio Corbellini quando falavam com meus alunos em sala de aula, então fiz uma interligação do que ouvi, do que eu li da história de São João Batista de La Salle com o nosso trabalho psicopedagógico. Aí tu me perguntas: como e de que forma? João Batista de La Salle abre mão de todos os seus bens, de toda a sua riqueza para poder ajudar pessoas na aprendizagem, a educar pessoas que não tinham acesso à educação. Pessoas que tinham acesso a uma educação individualizada. Ele começa um trabalho de grupo, com a comunidade, abrindo espaços, ensinando quem não conseguia aprender. Aí eu falo do trabalho da Psicopedagogia, que é de mediar as aprendizagens, ensinar a reconstruir, a organizar este pensamento. É o que se chamava antigamente no Brasil de Reeducadores . Reeducadores reeducavam novamente, educavam outra vez. Os Reeducadores são hoje os Psicopedagogos que trabalham na escuta aos alunos e possibilitam ao outro falar, e ser reconhecido e ressignificado em suas histórias.

EDUCAÇÃO ESPECIAL: em direção à Educação Inclusiva

Claus Dieter Stobäus – Juan José Mouriño Mosquera (Orgs.)Editora PUCRS - 271 págs.

Este livro é o fruto do esforço de várias pessoas que atuam na Educação Especial. A obra caracteriza-se por tentar dimensionar um painel, no qual se evidenciam as novas possibilidades da educação no campo da chamada diversidade, na busca de oportunidades de crescimento e realização humana. Trata-se de um trabalho de qualidade e de inovação. Este livro pode ajudar a entender melhor o “ato de educar” como um risco de ruptura do convencional, do consagrado, a caminho da inclusão da nossa própria mente, sentimentos e coração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INDICADAS PELA PROFESSORA GILCA KORTMANN

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: Bases Didáticas e Organizativas

José Antonio Torres González Artmed - 280 págs.

A atenção à diversidade na chamada "escola para todos" está na pauta da educação mundial neste momento. Este livro parte do estudo da educação especial para propor o desenvolvimento de um currículo capaz de atender às necessidades, expectativas e diferenças dos alunos. A proposição central desta obra é a educação na e para a diversidade, que demanda uma nova organização educacional, uma nova formação docente e a criação de uma cultura normalizadora. Os leitores encontrarão neste texto esclarecimentos importantes sobre as possibilidades, a importância e as formas de se colocar em prática uma escola em que as diferenças são levadas em conta, favorecendo a aprendizagem integral e a cidadania.

INCLUSÃO: UM GUIA PARA EDUCADORES

Susan Stainback – William StainbackArtmed - 456 págs.

Neste livro, os educadores encontrarão sugestões para fazer com que haja uma interação produtiva em sala de aula entre os alunos.

Leia artigos de Gilca Kortmann no site da Província Lassalista

de Porto Alegre:

www.delasalle.com.br

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PROJETO LEVA ESCOLAS AO TEATRO

Há mais de 20 anos, a Cia. Teatro Novo - responsável pela maior produção de teatro para crianças no Estado do Rio Grande do Sul e, talvez, no País - criou o projeto A Escola Vai ao Teatro, visando oportunizar aos alunos dos estabelecimentos de ensino do Estado, o acesso aos seus espetáculos em condições especiais. Assim, organizadas as apresentações diretamente com a Direção das escolas, os alunos têm descontos no valor do ingresso e os professores têm acesso gratuito, recebendo proposta para atividades pedagógicas em sala de aula. Desta forma, os alunos assistem com seus professores aos espetáculos para, depois, “dissecarem” na escola os conteúdos mais interessantes da apresentação. Assim, desenvolvem o senso crítico e o prazer em assistir teatro de qualidade.

A Cia. Teatro Novo comemora em junho 38 anos de atividades e tem em seu currículo a montagem de diversos sucessos, entre outros: Branca de Neve e os Sete Anões, A Pequena Sereia, Pinóquio, Peter Pan, Cinderela e A Bela e a Fera. O Teatro Novo conquistou esta grande fidelização dos educadores, graças a uma busca constante de aperfeiçoamento em suas montagens. São sempre espetáculos com grande qualidade visual e musical, contando histórias interessantes e de importância para o desenvolvimento das crianças. Como funciona o projeto A ESCOLA VAI AO TEATRO ? A coordenação do projeto é de Ronald Radde e Ane Marie Kranen. As instituições interessadas entram em contato com a Cia. Teatro Novo, e neste contato pode ser agendada uma visita para uma pré-avaliação do espetáculo ou mesmo a solicitação de maiores informações pedagógicas sobre a obra. Após, agenda-se a data, o horário e a quantidade de educandos que serão envolvidos na visita. No desenvolvimento do projeto os professores são orientados para os trabalhos pedagógicos, na sala de aula, desenvolvidos pelo próprio professor da classe, antes da ida ao teatro. No momento culminante, os alunos assistem ao espetáculo no teatro, em sessão exclusiva para escolas, que é agendado de segundas a sextas-feiras, nos turnos da manhã (9h) e tarde (14h45min), com ingressos a preços especiais. No terceiro momento, já na escola, os professores podem desenvolver trabalhos escolares específicos sobre o espetáculo assistido.

A Cia. Teatro Novo estréia 2006 com o musical O MÁGICO DE OZ No dia 10 de março, a movimentação no Teatro Novo, às 21h, foi intensa: mais de 500 pessoas estavam em expectativa para assistir à pré-estréia de O MÁGICO DE OZ. O Musical conta a saga da menina Dorothy com seus três amigos Espantalho, Homem de Lata e Leão, e a determinação de cada um em realizar seu maior desejo. Durante essa busca, muitas aventuras e encontros com fadas, gnomos, mágicos e muito mais. O espetáculo conta com um grande elenco, profissionais qualificados e possui efeitos especiais, trilha sonora original e personagens que acabam ensinando o poder de um bom coração, muita coragem e uma boa cabeça.Segundo o diretor, Ronald Radde, O Mágico de Oz vem ensinar que tudo que precisamos podemos encontrar dentro de nós: coragem, inteligência e coração. Uma obra que emociona adultos e crianças, que envolve todos no jornada de Dorothy e seus amigos no país de Oz, especialmente nas cenas em que os personagens invadem a platéia convidando a todos: “Vamos para Oz? Para a gente ser feliz? Como a gente sempre quis?”

Mágico de Oz segue em cartaz aos sábados e domingos, sempre às 17h, no Teatro Novo, no DC Shopping, até agosto de 2006. A peça está integrando o projeto A Escola vai ao Teatro e já está agendando apresentações para escolas.

O contato pode ser feito pelo telefone (51) 3374-7626, pelo fax (51) 33743722, pelo endereço [email protected] ou ainda na página www.teatronovo.com

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O PRIMEIRO DIA DE AULA

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Certamente as férias estavam ótimas,

mas é tempo de voltar a estudar.

O dia 20 de fevereiro foi o dia da volta às

aulas da maioria das escolas lassalistas.

No Colégio La Salle Carmo, de

Caxias do Sul-RS, os alunos dos três

turnos foram recebidos pelo novo diretor

e cada um recebeu um cacho de uva,

lembrando a Festa da Uva, que

aconteceu até o dia 5 de março. Os

a lunos vo l ta ram às a t i v idades

descansados, mais responsáveis, e mais

animados.

A semana de retorno às aulas no

Colégio La Salle Santo Antônio, de

Porto Alegre-RS, foi bastante

movimentada com uma programação

especial para os alunos novos da

Instituição. Entre as atividades de

integração e reconhecimento dos

espaços físicos, os estudantes de 5ª série

ao Ensino Médio também participaram

de Aulas Inaugurais Multidisciplinares,

com a participação de vários professores.

Desta forma, já puderam reconhecer um

pouco da metodologia de trabalho do

Colégio. O dia 21, foi marcado pelo

re torno dos demais es tudantes

antonianos. A semana ainda contou com

o início da Feira do Troca-Troca, em que

os alunos puderam trocar livros didáticos

usados. Além de possibilitar uma grande

economia, a Feira tem o objetivo de

promover a conscientização dos alunos,

na medida em que passam a ter maior

cuidado com o seu material, atribuindo-

lhe maior valor. O Colégio ainda foi

destaque no jornal SBT Rio Grande, com

a reportagem de serviço focada no volta

às aulas e no uso do transporte escolar.

Com um “Bommmmmmm diaaaaaa” vibrante e carinhoso os alunos foram acolhidos pela direção e professores já

no portão de entrada da Escola Fundamental Tricentenário La Salle, de Esteio-RS. Foi um momento bem significativo de encontro entre alunos, professores e pais. Na oportunidade foi apresentada a nova Direção da escola. A programação foi diversificada para o agrado dos mais diferentes gostos: pela manhã houve a apresentação da banda Plano B, e à tarde os alunos foram recepcionados por um grupo de artistas que distribuíram balões e brincaram com as crianças e seus pais. Pularam nos brinquedos infláveis, cama elástica, e p a r t i c i p a r a m d e b r i n c a d e i r a s organizadas pelos alunos dos grupos de jovens.

Recepcionando os alunos da 5ª à 3ª série do Ensino Médio, o Colégio La Salle São João, de Porto Alegre-RS, organizou uma programação especial para este ano.Despertando a galera, ao som de muito pop rock, a Banda Brigidt Bardou, formada por alunos da 3ª Série do Ensino Médio, esteve aguardando os alunos no pátio da Escola. Houve uma acolhida surpresa feita pelos professores do Colégio. O Ensino Fundamental, que começou as atividades no dia 21, além da música por conta da Pastoral, participou de oficinas esportivas. Cama Elástica, jogos e outras brincadeiras também fizeram parte da festa de retorno da garotada.

Canta Brasil com Chimarruts na volta às aulas do Colégio La Salle, de Canoas-RS. Ong Canoense e banda de reggae fizeram parte no show realizado no Pátio Central da escola. O evento foi exclusivo para estudantes do Colégio, que agitaram a Instituição. Às 10h30, para aquecer a galera, o professor da Academia Unilasalle, Diego Vassoleri fez uma aula especial de ritmos no palco principal. A partir das 11h o grupo Canta

Brasil juntamente com a banda de reggae Chimarruts fizeram o show principal. Sucessos como Chapéu de Palha e Pitanga foram tocados para alegria dos estudantes. A apresentação da banda envolveu muita energia positiva. Os integrantes do grupo tocaram ao lado do Canta Brasil, que desenvolve atividades na área da arte e educação. A organização beneficia 350 jovens que estão divididos nos programas desenvolvidos no Projeto Canta Brasil, que existe há 6 anos. Além deste evento, o La Salle está participando da Campanha de Volta às Aulas da Trensurb arrecadando material escolar para escolas carentes do Município. As doações estão sendo recebidas pela Pastoral da Instituição.

Uma linda festa foi preparada para iniciar o ano letivo e receber os alunos, no dia 13 de fevereiro, no Colégio La Salle, de Carazinho-RS. Uma novidade foi o túnel da alegria, onde todos levaram seus colegas para se divertirem com fantasias e muita descontração. O pátio do colégio estava alegre, todo decorado com plantas, mesas coloridas, balões e muita animação.O som da S.W.A.T. sonorização (Alunos Lassalistas do 3º ano do Ensino Médio) animou a festa, com as músicas do momento. Alé disso, o Vídeo-kê para os que gostam de cantar foi um sucesso. O Ginásio acolheu os talentos lassalistas.

Após tanta animação na chegada dos alunos, agora é hora de trabalhar. Os professores e as direções estão preparados para recomeçar mais um ano letivo. As Jornadas Pedagógicas serviram para motivar e orientar os educadores, a fim de cumprirem a cada dia um pouquinho mais da nossa missão como Educador Lassalista.

Luciana SeveroAssessora de Comunicação e MarketingSede Provincial, Porto Alegre-RS.

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EVENTOSOS PAIS, NO PRIMEIRODIA DE AULA

Liriel Mezejewski, com a mãe Joana Weinert

“Viemos morar em Porto Alegre, neste ano. Matriculei a Liriel no La Salle São João por indicação do La Salle, de Caxias do Sul-RS, onde ela estudava. Espero que ela tenha aqui uma boa e completa preparação para a vida em geral. Seja pra enfrentar um vestibular, escolher uma profissão ou até mesmo conviver bem com seus colegas, principalmente porque é filha única. Também fui aluna de uma escola católica, que me ensinou a ter melhores valores. Acredito que a filosofia cristã prepara o ser humano para enfrentar melhor os problemas do dia-a-dia.”

Henrique Dahlem Hilzendeger chega à escola com seus pais

“Trouxe meu filho pra estudar no La Salle São João por indicação da Escolinha Recanto da Criança. E minha expectativa maior é quanto à integração proporcionada pela Escola. Já nos primeiros dias o Henrique se sentiu bem à vontade e empolgado em encontrar os colegas. Também o matriculei no Turno Integral, pois preciso de mais tempo para estudar. Segundo a avó de Henrique, Marli Paulsen, que já teve seu filho mais velho estudando aqui “ eu adoro esse Colégio. Na época em que meu filho estudava aqui, organizávamos eventos, festas e sempre foi muito legal”, diz a mãe Márcia Dahlem.

Entrevistas com os alunos no ColégioLa SalleSanto Antônio, de Porto Alegre-RS agitaram a volta às aulas.

A garotada do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul-RS,foi recebida pelo Diretor, no pátio da escola.

No Tricentenário La Salle, de Esteio-RS, os alunosforam recepcionados porum grupo de artistas e a banda musical Plano B.

Canta Brasil e Chimarruts agitam a volta às aulas do Colégio La Salle, de Canoas-RS. Responsabilidade Social, música e dança foram o ponto alto das apresentações.

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EVENTOS

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MINISTRO DE EDUCAÇÃOVISITA A PROVÍNCIA LASSALISTA MINISTRO DE EDUCAÇÃOVISITA A PROVÍNCIA LASSALISTA

POSSE DA NOVA DIREÇÃO LASSALISTAPOSSE DA NOVA DIREÇÃO LASSALISTA

No dia 02 de março, o Ministro de Educação em exercício do cargo, Jairo Jorge da Silva, juntamente com o Secretário de Educação e Cultura de Canoas-RS, Marcos Zandonai, e o Assessor Paulo Ritter, estiveram reunidos na Província Lassalista de Porto Alegre, com o Provincial Marcos Antonio Corbellini, para tratarem de assuntos relacionados à Educação: projetos do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, Mestrado, e a possível colaboração do MEC para as obras Missionárias Lassalistas realizadas no norte do país.

Também estiveram presentes à reunião o Reitor do UNILASALLE, Ir. Ivan José Migliorini; o Vice-Reitor e Diretor de Educação e Pastoral, Ir. Paulo Fossatti; o Diretor Administrativo da Província Lassalista de Porto Alegre, Ir. Jardelino Menegat; e o Diretor do Colégio La Salle São João, Ir. Lauro Bohnenberger.

Luciana SeveroAssessora de Comunicação e MarketingSede Provincial, Porto Alegre-RS.

No dia 05 de janeiro de 2006, tomou posse a nova Diretoria da Sociedade Porvir Científico – Província Lassalista de Porto Alegre, juntamente com os dirigentes do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, de Canoas-RS

A Solenidade de Posse realizou-se nas dependências do Centro Universitário La Salle, em Canoas-RS. Estiveram presentes cerca de 500 convidados, amigos, professores, Colaboradores, Irmãos Lassalistas e autoridades, tais como: Sr. Jairo Jorge, Ministro da Educação em Exercício; Sr. Marcos Antonio Ronchetti, Prefeito Municipal de Canoas-RS; Sr. Ricardo Hingel, Diretor Financeiro do Banrisul, representando o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Germano Rigotto, entre outros.

Tomaram posse para o quadriênio 2006-2009:Ir. Marcos Antonio Corbellini, como Provincial e Diretor Presidente da Sociedade Porvir Científico; Ir. Paulo Fossati, como Diretor de Educação e Pastoral e Diretor Primeiro Vice-presidente; Ir. Edgar Genuíno Nicodem, como Diretor de Formação e Diretor Segundo Vice-Presidente, Ir. Jardelino Manegat, como Ecônomo Provincial e Diretor Administrativo; Irmão João Angelo Lando, como Secretário Provincial.

Também tomaram posse os novos dirigentes do UNILASALLE: Ir. Ivan José Migliorini, como Reitor; Ir. Paulo Fossatti, como Vice-Reitor; Sra. Vera Lucia Ramirez, na Pró-Reitoria Acadêmica; Ir. Sergio Luiz Silveira Dias, como Pró-Reitor Administrativo; e a Sra. Izar Behs, na Pró-Reitoria Comunitária.

Em seguida os cumprimentos foram ao som da Orquestra de Teutônia, que encantou a todos os presentes na confraternização.

Ana Paula Diniz

Arquivo PLPOA

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VEM PARA FRENTEVEM PARA FRENTE

RECORDANDO

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Irmão Edgard Hengemüle

A Campanha da Fraternidade deste ano nos sensibiliza para a realidade dos portadores de necessidades especiais e nos convida

a ajudá-los a virem “para o meio”, para que possam participar mais plenamente do banquete da vida.

Essa conjuntura nos leva a pensar em La Salle como promotor da inclusão da criança e, particularmente, da criança necessitada

de seu tempo.

Por um lado, no século XVII, a criança em geral começava a merecer atenção algo maior e diferenciada que em tempos

anteriores. Mas, assim mesmo, ainda havia um longo caminho a percorrer: Em função de realidades como as deficientes

condições de higiene e do atraso da medicina, havia uma quase impotência frente às enfermidades das crianças, o que significa

que a taxa de mortalidade infantil era altíssima. Por razões como a não admissão, na sociedade, da geração de crianças fora do

casamento legítimo, não eram raros os casos de crianças expostas, para as quais São Vicente de Paulo criou asilo, cuidado por

suas Irmãs de Caridade. Sem existência de proteções legais de tipo trabalhista, as crianças estavam sujeitas a trabalho precoce e

duro.

Em termos de educação, muitas crianças pobres não freqüentavam escola ou, quando o faziam, esta não era adequada às suas

necessidades ou as crianças eram, nela, discriminadas. Sem falar que integrantes das elites ilustradas se mostravam contrários à

generalização do ensino e, sobretudo, à elevação da educação das classes populares a um nível mais elevado.

La Salle não é um teorizador que critica a realidade social do seu tempo, em seu conjunto ou na área da infância, nem questiona

as raízes que a produzem. Sua crítica dirige-se, sim, ao ambiente religioso-moral, naquilo em que este se afasta dos ideais da

vivência do Evangelho. Mas, espírito observador e eminentemente prático, ele toma consciência do abandono não apenas

religioso e moral, mas também material, intelectual e social dos filhos dos artesãos e dos pobres. E ele contribui para que muitos

deles possam não só vir mais “para o meio”, mas também mais “para frente”, para o proscênio do palco da vida, isto é, para a

inclusão em todos os aspectos possíveis desta.

E isto ele o começa, deslocando-se ele mesmo de cima para baixo e do centro para a periferia. Renunciando a seu rico

canonicato, vendendo seus bens e dando o fruto dessa venda aos pobres, em forma de alimento, ele passa do status social e da

situação econômica da nobreza e alta burguesia ao convívio com mestres e alunos praticamente todos de origem popular. Em

síntese, realizando um verdadeiro desclassamento, diríamos em

linguagem atual, ou um “desordenamento”, dentro do contexto social

de seu tempo, desclassamento ou desordenamento alarmante e

escandaloso para seus amigos, familiares e todos aqueles a quem,

com suas decisões, questiona, não pelas palavras, mas pelos fatos..

Associado com seus mestres, defende a necessidade de todas as

crianças, independente de sua origem social e econômica, receberem

educação. Para tornar-lhes possível o acesso a ela, faz da gratuidade

regra absoluta e essencial em suas escolas. E para fazer a sua

permanência na escola eficaz, oferece-lhes um ensino adequado às

suas necessidades e de qualidade para o tempo.

A quase totalidade de seus alunos são pobres materialmente. Mas a

atenção de La Salle não se limita a essa dimensão. Em seu manual de

pedagogia, o “Guia das Escolas”, ele é reiterativo na recomendação

de brindar cuidado especial aos que, além da pobreza material, são

portadores de qualquer outro tipo de pobreza: aos mais débeis física e

intelectualmente; aos que, em razão disso, sentem mais dificuldades,

são mais lentos e se atrasam; aos necessitados de um apoio

pedagógico maior.

E, com esses cuidados, ele os ajudou a crescerem como pessoas e a

melhorarem suas condições de vida; permitiu-lhes algum tipo de

mobilidade social. Ajudou a criar ao redor deles um círculo de

esperança na vida.

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REDE LA SALLE

C A R M O

O Colégio La Salle Carmo, nasceu no dia 28 de janeiro de 1908, quando seis irmãos recém-chegados da Europa, partiram de Porto Alegre em direção a Caxias do Sul. A chegada dos seis lassalistas foi apoteótica: com cumprimentos e aclamações, foguetório e abraços, em Galópolis os Irmãos tiveram o primeiro encontro com os habitantes de Caxias do Sul. De Galópolis a Caxias os Irmãos foram precedidos por centenas de cavalarianos comandados pelo Pe. Mauro Pini, de Ana Rech. A chegada à praça central foi muito alegre, repicar de sinos, foguetes, como só acontecia nas grandes festas. O canto de ação de graças “TE DEUM” foi entoado. Terminada a festa, logo os Irmãos iniciaram os preparativos para instalação da nova escola.

No dia 7 de fevereiro de 1908, iniciaram as atividades no Colégio do Carmo, com um total de 33 alunos e aumentando para 124 durante o ano.

Atualmente, sob a direção dos Irmãos Álvaro Luiz Wermann e Valter Zanatta, conta com mais de 900 alunos distribuídos em três turnos de aula nos cursos de Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, Educação Profissional em Contabilidade, Transações Imobiliárias e Segurança do Trabalho. Ao todo são mais de 100 colaboradores que desenvolvem, em equipe, um trabalho inspirado na fé e na ação social com respeito à diversidade.

O Colégio possui 22.000 m2 de área construída e oferece os mais diversos ambientes para que o processo de construção pessoal do aluno tenha também a experiência do cotidiano e juntos possam transformar a sociedade através da educação.

As relações fraternas e solidárias demonstram nossa preocupação com algumas carências do mundo moderno e fortalecem nossa caminhada de Escola em Pastoral tendo como características de atitude a vigilância, o cuidado e o zelo. Hoje somos referência positiva em educação e construímos espaços de vida e humanização.

Preparamo-nos para o centenário que será comemorado em 2008 fazendo da cidadania a ação concreta pelo cumprimento da democracia. O La Salle Carmo é diferente, possui uma identidade própria. É uma das instituições mais sólidas de ensino, de mais vasta abrangência e de influência mais marcante de Caxias do Sul. Estamos em constante formação e crescimento. Somos, sem dúvida, um Colégio histórico, porém moderno.

Ar ui o P Pq v L OA

No próximo número: Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo-RS.ww

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TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Luciana SeveroAssessora de Comunicação e MarketingSede Provincial, Porto Alegre-RS.

Os Professores Luciano Ferreira Coimbra, e Sônia Maria da Silva Fraga, da Escola Fundamental La Salle Esmeralda, contam a história de Mariana e Talita.

Estas são trocas de experiências especiais. São lições de vida, caminhos construídos com base no dia a dia de pessoas que convivem com crianças portadoras de deficiência física.

Luciano Ferreira Coimbra, professor da Escola Fundamental La Salle Esmeralda, pai da menina Mariana, relata: “Quando eu e minha esposa, Tamara, resolvemos ter um filho, não imaginávamos como seria a vida de uma família com algum portador de deficiência, seja ela física ou mental. Tínhamos muita expectativa para saber se nosso nenê seria “normal”. Não sei, foi preconceito da nossa parte, mas queríamos um nenê perfeito, com os dois braços, duas pernas, todos os dedos das mãos e dos pés, e isso nos foi concedido. Ilusão a nossa achar que isso é perfeição. Estava guardada para nós a maior provação de que a vontade de DEUS é superior, e não nos dá opção de escolha”.

No final da gestação surgiram algumas alterações no seu batimento cardíaco. Em vários exames não houve uma causa aparente. Após a cesárea, Mariana passou doze dias na UTI Neonatal, devido a uma hipertensão pulmonar, um caso raro para uma gravidez tão tranqüila.

Os médicos foram bastante realistas com o casal. As primeiras

setenta e duas horas de vida seriam fundamentais, mas

conseguiram superar tudo isso e levar a pequena Mariana para

casa, “perfeita” e “completamente intacta”.

Curtiram a vida como uma família “normal”. “Passeios,

shopping, visitas, era tudo tranqüilo até o destino nos revelar mais

uma surpresa”. Com dois meses e meio, descobriram que ela

possuía uma deficiência no fígado. Era o início de um momento

angustiante e de apreensão para Luciano e Tamara.

Diagnóstico feito, a menina foi levada para a sala de cirurgia,

para uma correção das vias biliares, e lá passou cinco horas e

meia nas mãos da equipe cirúrgica pediátrica do Hospital Santo

Antônio. A recuperação foi lenta na UTI. Uma semana após a

cirurgia, por estar com seu metabolismo bastante alterado, sofreu

duas paradas cardíacas, a primeira de quarenta e cinco minutos,

isso mesmo, foram quarenta e cinco minutos e logo após, a

segunda parada, que durou trinta minutos. Foi tempo suficiente

para acarretar lesões cerebrais severas, podendo colocá-la em

estado vegetativo, mas a única seqüela restante foi uma

deficiência circulatória no braço direito, que por um

procedimento de verificação de pressão arterial, acarretou em

um espasmo arterial, vindo a bloquear o fluxo sanguíneo de todo

o braço direito.

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TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Iniciaram uma busca para a recuperação do espasmo. Contando com a

competência dos médicos vasculares da Santa Casa de Misericórdia de Porto

Alegre, foi possível recuperar parte do fluxo sanguíneo até a região do cotovelo,

sendo necessário realizar a amputação da metade restante do braço.

Vocês devem estar pensando: “Nossa, coitadinha! Tão pequena e já passando por tudo isso!”

Luciano se pergunta: “Coitadinha por quê? Só pela deficiência física” ?Como resposta, ele relata que hoje ela está com um ano e meio, caminha sozinha, come com sua mão, tira a roupa para tomar banho e brinca na pracinha como uma criança “normal”. Até porque ela é uma criança normal. “Nós, adultos, é que encaramos as nossas dificuldades e os nossos problemas como algo sem solução, ou colocamos vários empecilhos nas nossas ações. Quando que, para uma pessoa com deficiência, dependendo do meio em que ela vive e do apoio familiar e de amigos, suas dificuldades serão iguais às de uma pessoa 'normal' e 'perfeita'”.

Mariana é uma criança que não tem nenhuma dificuldade em conviver com outras crianças. Ela se relaciona muito bem com qualquer faixa etária. Nas férias conviveu com sua prima, de três anos, e brincavam sem diferença. Tem uma amiguinha da mesma idade, onde procuramos fazer com que as duas convivam para que tenham um relacionamento com crianças fora do seu âmbito familiar. Ela também tem seus mecanismos de defesa, mesmo com crianças maiores do que ela. Não permite que tirem qualquer brinquedo da sua mão. Fica brava e quando muito contrariada, revida.

Em casa é uma criança tranqüila, onde consegue se concentrar em uma brincadeira e torná-la prazerosa por bastante tempo. Não encontra qualquer dificuldade em manusear objetos, e quando sente necessidade, busca o auxílio

...com outras crianças

...em casa

do braço direito, levando-o ao encontro do

objeto e assim conseguindo pegá-lo.

Também utiliza o braço para auxiliá-la

durante as refeições, empurrando algum

pedaço de comida que esteja caindo da sua

boca. Nos últimos dias ela tem preferido

comer com a própria mão, tendo bastante

êxito nesta tarefa. Consegue pegar a comida

do prato com a colher e levá-la até a boca,

com bastante sucesso. “Cada vez que ela

consegue fazer alguma coisa de sua própria

vontade e com seu esforço, sempre

procuramos ressaltar isso como uma coisa

muito boa para ela, elogiando a conquista

de mais uma experiência motora para ela”.

“Cada vez que ela consegue fazer

alguma coisa de sua própria vontade

e com seu es forço , sempre

procuramos ressaltar isso como uma

coisa muito boa para ela, elogiando

a conquista de mais uma experiência

motora para ela”.

iLuciano Co mbra

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TROCA DE EXPERIÊNCIAS

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...nos passeios

...no banho

Luciano e Tamara nunca se privam de fazer qualquer tipo de passeio ou viagem por causa da deficiência da Mariana. Pelo contrário, sempre estimulam os passeios para conhecer outros lugares e ter o convívio com outras pessoas. Freqüentemente os pais a levam à praça para que possa brincar com areia, um dos brinquedos preferidos dela. “Também temos o costume de levá-la ao Shopping Center, notamos que as pessoas têm um olhar de surpresa quando olham para ela. Nunca fomos discriminados por Mariana estar com a gente, ao contrário, sempre nos tratam com igualdade e procuram brincar com ela de forma igual a todas as outras crianças.

Na hora do banho, prontamente tira a camiseta, com algum

esforço, devido à pouca idade, mas não tem empecilho

nenhum por conta de sua deficiência. Segura a mamadeira

quando está no berço, antes de dormir, e também consegue se

levantar quando acorda. Se estiver caminhando e notar

qualquer objeto atrativo no chão, abaixa-se sem necessitar

colocar a mão no chão e pega o objeto em questão. Já caminha

sem dificuldades por toda parte da casa, mesmo que tenha

vários brinquedos na mão. Quando sente muita necessidade de

pegar várias coisas ao mesmo tempo, usa o recurso de segurar

objetos com a boca. Tem esta mesma reação quando pega uma

caneta hidrocor e retira a tampa com a boca, solta a caneta,

coloca a tampa de lado, pega a caneta e rabisca no papel.

Na sua primeira experiência com tinta têmpera, num primeiro

momento teve uma reação de receio por ser algo novo, mas a

seguir já brincou e sujou tudo, mostrando interesse pela

atividade.

Luciano expõe sua vida pessoal, de sua esposa e filha, para que,

se por algum motivo qualquer, cruzarem com eles no shopping

ou no supermercado, coisas que fazem com freqüência e sem

esconder a situação, não tenham aquele sentimento de pena,

comum a todos, mas sim, pensem que cada problema que é

apresentado por DEUS, é uma provação para construirmos

nosso caminho e, assim, crescermos cada vez mais,

acreditando que se para uma pessoa com deficiência não há

limites, para nós que somos “normais” é imprescindível

transpormos barreiras.

par “ Se a quem tem deficiência é

v lpossí e , não digas não u

que você conseg e”.

Luciano Coimbra, de .pai Mariana

Mariana Ferrary Coimbra, 1 ano e 5 meses, tem uma vida normal e adora ir ao shopping

com seus pais.

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Maria Nazaré e Talita. Mãe e filha ligadas pelo sentimento maternal e um forte espírito de luta, garra e, sobretudo esperança. Essa esperança foi a alavanca que moveu Nazaré em busca de um tratamento médico para ajudar sua filha. Deixou a casa onde morava, no interior do Pará, vindo para Porto Alegre com a menina e um filho de quatro anos, trazendo apenas algumas roupas, pouco dinheiro, mas muita coragem.

Sônia Maria da Silva Fraga, também professora do La Salle Esmeralda, conhece Maria Nazaré e Talita há cinco anos, desde que foram pedir vaga para estudar no La Salle Esmeralda, o que a deixou surpresa e temerosa, pois Talita é portadora de deficiência física, fato esse com o qual Sônia ainda não havia se deparado em sua trajetória de educadora. Alguns questionamentos lhe vieram imediatamente à mente, como por exemplo: Como seria lidar com uma criança que se locomove numa cadeira de rodas? Qual seria a reação dos colegas e professores de Talita? E a estrutura física, estaria preparada para atendê-la?

Acostumada com o cotidiano da Escola, Sônia considerou a vinda da menina como mais um desafio. Embora na época a inclusão educacional já estivesse sendo alvo de reflexão em todo o mundo, na realidade da Escola isso seria um fato novo. Mesmo assim, Talita passou a freqüentar a 3ª série, e a Direção da Escola começou a se preocupar com meios que viabilizassem o acolhimento e a locomoção da menina como a adequação do banheiro e a construção de rampas de acesso.

Nazaré, mesmo trabalhando como doméstica em casa de família, procurou, pediu, insistiu, foi até um jornal gaúcho e conseguiu que Talita passasse por três procedimentos cirúrgicos, melhorando assim o seu problema físico, embora não tenha conseguido abandonar a cadeira de rodas.

Segundo Sônia, em 2005, na 6ªsérie, aconteceu uma situação curiosa na história da turma de Talita. Foi na trilha ecológica que o grupo fez num momento de lazer na Manhã de Formação, no Parque La Salle. A turma rapidamente se mobilizou para carregar a cadeira com a colega mato adentro. Foi uma alegria!

“Esse fato é um contra-ponto ao que Rosita Carvalho cita em seu artigo quando afirma que ‘exclusão não é o avesso de inclusão, pois esta pode se manifestar como inclusão marginal, na medida em que a sociedade capitalista desenraiza, exclui, para incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica’”.

É interessante que os aprendizes se sintam motivados e participem das mesmas atividades propostas ao grupo, recebendo apoio e condições de executá-la. Essa atitude de insistir em levar a colega a um lugar de difícil acesso vai ao encontro do princípio geral da igualdade de direitos a oportunidades que, conforme Carvalho, é “o direito igual de cada um ingressar na escola e nela exercitar sua cidadania, aprendendo e participando”. A igualdade de oportunidade, como afirma Carvalho, integra a lista de mandamentos legais e documentos nacionais e internacionais apontados como norteadores da educação inclusiva, daí ser esta uma preocupação primeira da Escola. É preciso que a comunidade educativa atenda a todos e a cada um de modo que não seja só no discurso, mas se efetive na prática. A já citada autora, nesta questão, vale-se de um jogo de palavras que, segundo ela pode

Maria Nazaré e

Talita, ligadas pelo sentimento maternal e

um forte espírito de

luta.

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ser motivo de debate. “Mas será que devemos entender 'igualdade de oportunidades' como sinônimo de 'oportunidades iguais' (as mesmas) para todos”?

A euforia e as brincadeiras de leva e traz a jovem, o desvio dos galhos das árvores, das poças d’água e da lama no terreno, resultaram num prejuízo para Nazaré: os ferros da cadeira já desgastados e com vários pontos de solda se romperam, sem chance de recuperação. Era preciso adquirir outra. Uma rifa com a ajuda da Escola na doação de prêmios foi à solução encontrada para que Talita tivesse uma cadeira nova. Pode-se dizer que esta ajuda é o moralismo abstrato ou universalismo abstrato, ou seja, são 'apelos sentimentais', que se explicaria como tentativas de inclusão de pessoas portadoras de deficiência física.

“Discordo desta idéia, diz Sônia, e confirmo minhas certezas a partir da observação sobre a forma responsável como alguns colegas da jovem cadeirante se comprometeram na venda dos talões da rifa. Houve sim, solidariedade, e não um ato de caridade!”

Nas condições e situação do meio em que Talita vive, encontra maiores barreiras para suas necessidades de ir e vir, de aprender, de participar e até mesmo de construir um círculo de amizade. No entanto, os níveis de autonomia e de participação, tanto na família como na Escola são bem desenvolvidos.

Estimulada por todos os colegas e professores é boa aluna, dedicada e estudiosa. Em casa, consegue colaborar normalmente com a mãe realizando as tarefas domésticas.Talita tem seus sonhos e projetos de futuro. Sonha em ser veterinária. Confessa que as dificuldades que certamente terá que enfrentar serão muitas, mas cita que tem a fortaleza e a persistência da mãe como modelo. Como toda a jovem de 15 anos tem seus momentos de tristeza, de ansiedade e de carências, sentimentos comuns na vida do adolescente.

“A Escola, como um instrumento de formação humana e cristã deseja, assim como Jesus o fez para o deficiente físico da mão seca ao ordenar-lhe que ocupasse o meio da sinagoga, que Talita e os portadores de quaisquer deficiências descubram, conforme o biblista Bortolini, o próprio meio, reconheçam a dignidade de ser pessoa e descubram o eixo da própria vida, valorizando-se como centro de toda a criação”, diz Sônia.

e a a m “O qu mat um j rdi não é oa u a

bandono. O q e m ta umi e l r,

jard m é sse o ha de quem s p l i ”pa sa or e e ind ferente .

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Talita Pimentel Santos, 15 anos, quer ser veterinária e, para isso, sua fortaleza é a mãe.

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Luciana SeveroAssessora de Comunicação e Marketing,Sede Provincial, Porto Alegre-RS.

LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.

Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental lingüístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua.

Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística. Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos.

INCLUINDO COM IGUALDADE

A inclusão conceitua-se como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas consideradas diferentes da comunidade a que pertença. A inclusão ocorre num processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, juntas, equacionar problemas, discutir soluções e equiparar oportunidades para todos.

No mundo todo atualmente se fala de inclusão. Inclusão social, inclusão educacional e, crianças com deficiências incluídas na rede regular do ensino. As atitudes de muitas entidades passaram a ser substituídas, em algumas organizações de famílias atuais, pelo respeito à individualidade da pessoa com deficiência. Seu valor como pessoa humana e, portanto, a necessidade que se impõe de que, sempre que possível, essa pessoa faça realmente parte do contexto social, trabalhando ou estudando, como qualquer outro. Esse não é um caminho fácil, ao alcance das mãos. Tem-se de um lado a atitude preconceituosa de uma sociedade (de maneira geral) que não aceita pessoas com deficiências, por considerá-las até inferiores, pouco capazes, diferentes da média das outras pessoas, por problemas congênitos ou adquiridos. Essa maneira de encarar os fatos remonta séculos de abandono e desamparo de pessoas com deficiências, situação difícil de mudar de um dia para outro.

É fato de que o trabalho pró-pessoas com deficiência mental/intelectual e física realizado no Brasil, é parte de uma luta mundial de associações, Instituições e de famílias. É fundamental que tenhamos participação efetiva se quisermos modificar, de alguma forma, a situação atual.

O que percebemos na realidade é: A discriminação e a segregação sistemática de crianças com deficiências, estende-se até a sala de aula, na qual os professores não foram devidamente treinados, e recursos inadequados são colocados à disposição para o desenvolvimento da educação inclusiva para todas as crianças; Devido à ausência da educação inclusiva, dos serviços básicos e cuidados com a saúde, as pessoas com deficiências ficam impedidas de integrar a sociedade. É muito difícil conseguir emprego quando se tem falta de treinamento e é preciso enfrentar discriminação por parte do empregador. Sem ter um emprego ou formação específica as pessoas com deficiências não conseguem quebrar o ciclo da pobreza; A responsabilidade da pres-tação de cuidados cai de maneira desproporcional sobre as famílias, especialmente, sobre as mães ou irmãs, o que resulta em oportunidades ainda mais reduzidas de que membros femininos da família consigam encontrar emprego ou completar a escolaridade. Como resultado disso, a família toda pode ficar excluída da Sociedade.

O tema da Campanha da Fraternidade 2006 “Fraternidade e pessoas com deficiência”, pretende mostrar com dignidade a realidade dos deficientes, defender a igualdade entre as pessoas com deficiências,

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Segundo Gilca Kortmann, o fato de tentar conhecer melhor a pessoa com necessidades especiais em todos os tempos e culturas, tem colocado o ser humano perante uma vital e complexa tarefa: dispor-se ao contato, conscientização e integração de seus próprios conteúdos internos sombrios, rejeitados. Seu privitivismo, sua feiúra, seus limites, enfim, tem que ser assumidos como tal, o que de certa forma irá contribuir para a eliminação do movimento distorcivo de depositá-los exclusivamente em seres portadores de qualquer condição diferencial que possa ativar tal projeção.

Gilca ressalta, ainda, que é impossível generalizar sobre qual seria o método de criação ideal de uma criança especial; muitas coisas dependem da própria criança, de sua família e dos serviços que lhe são acessíveis. Para os profissionais da área, é fundamental o reconhecimento dos diferentes tempos da criança para poder responder adequadamente às solicitações da mãe e do filho, a fim de que possamos atuar como mediadores na construção desta relação.

No ambiente escolar há relutâncias por parte de familiares que não acreditam na possibilidade de seus filhos se desenvolverem socialmente, pois não conseguem reconhecê-los como pessoas capazes para tal. Na ansiedade de que esses aspectos possam ser melhorados em seus filhos, os pais depositam essa confiança nos professores, que assumem a sua educação e os tornam socializados.

A nossa Constituição Federal de 1988 respalda os que propõem avanços significativos para a educação escolar de pessoas com deficiência, quando elege como fundamentos da República, a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1ª, incisos II e III) e, como um dos seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV). Ela garante ainda o direito à igualdade (art. 5º) e trata, no artigo 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Além disso, a Constituição elege como um dos princípios para o ensino “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inciso). A Constituição, contudo, garante a educação para todos, e isso significa que é para todos mesmo e, para atingir o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania, entende-se que essa educação não pode se realizar em ambientes segregados.

As Instituições Lassalistas estão se preparando cada vez mais para integrar-se na realidade da inclusão. A Proposta Educativa Lassalista nos diz: “A Educação Lassalista atinge a dimensão física do educando, dentro de critérios éticos cristãos, sobretudo naquilo que se refere à aceitação e ao respeito profundo de sua individualidade física, de sua identidade corporal e da dos outros. Inclui o respeito à dimensão material do mundo, o diálogo sempre mais aperfeiçoado com a matéria”.

identificar os direitos e diminuir as restrições aos deficientes. O arcebispo metropolitano dom Dadeus Grings destaca a necessidade de se criar um novo clima no convívio com pessoas deficientes. “Durante a quaresma, pensamos na tarefa de amar o próximo. Não amamos o outro olhando para ele, mas olhando juntos para o mesmo objetivo. Queremos que essas pessoas não se escondam, por isso o lema 'Levanta-te, vem para o meio'” (ZH 02/03/06). Precisamos conscientizar a sociedade de que qualquer um de nós pode se tornar um deficiente físico ou que qualquer casal pode gerar um filho querido que venha a nascer com a carência de um

cuidado especial, portanto todos, da mesma forma, são entes queridos e devem ser imensamente amados. Temos que nos unir para tornarmos a vida de cada uma destas pessoas mais fácil de ser vivida. As escolas, precisam estar preparadas para que possam compartilhar com todos os cidadãos tudo o que ela oferece. A exclusão social é algo a ser combatido, começando pelas barreiras de acessibilidade nas ruas, nas construções, nos acessos quase inexistentes nos meios de transportes, também escassos, e nas oportunidades. Temos que lidar, também, com soluções que possibilitem aos deficientes competir e terem acesso aos serviços de saúde, ensino, etc...

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Luciana SeveroAssessora de Comunicação e Marketing,Sede Provincial, Porto Alegre-RS.

LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.

Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental lingüístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua.

Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística. Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos.

INCLUINDO COM IGUALDADE

A inclusão conceitua-se como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas consideradas diferentes da comunidade a que pertença. A inclusão ocorre num processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, juntas, equacionar problemas, discutir soluções e equiparar oportunidades para todos.

No mundo todo atualmente se fala de inclusão. Inclusão social, inclusão educacional e, crianças com deficiências incluídas na rede regular do ensino. As atitudes de muitas entidades passaram a ser substituídas, em algumas organizações de famílias atuais, pelo respeito à individualidade da pessoa com deficiência. Seu valor como pessoa humana e, portanto, a necessidade que se impõe de que, sempre que possível, essa pessoa faça realmente parte do contexto social, trabalhando ou estudando, como qualquer outro. Esse não é um caminho fácil, ao alcance das mãos. Tem-se de um lado a atitude preconceituosa de uma sociedade (de maneira geral) que não aceita pessoas com deficiências, por considerá-las até inferiores, pouco capazes, diferentes da média das outras pessoas, por problemas congênitos ou adquiridos. Essa maneira de encarar os fatos remonta séculos de abandono e desamparo de pessoas com deficiências, situação difícil de mudar de um dia para outro.

É fato de que o trabalho pró-pessoas com deficiência mental/intelectual e física realizado no Brasil, é parte de uma luta mundial de associações, Instituições e de famílias. É fundamental que tenhamos participação efetiva se quisermos modificar, de alguma forma, a situação atual.

O que percebemos na realidade é: A discriminação e a segregação sistemática de crianças com deficiências, estende-se até a sala de aula, na qual os professores não foram devidamente treinados, e recursos inadequados são colocados à disposição para o desenvolvimento da educação inclusiva para todas as crianças; Devido à ausência da educação inclusiva, dos serviços básicos e cuidados com a saúde, as pessoas com deficiências ficam impedidas de integrar a sociedade. É muito difícil conseguir emprego quando se tem falta de treinamento e é preciso enfrentar discriminação por parte do empregador. Sem ter um emprego ou formação específica as pessoas com deficiências não conseguem quebrar o ciclo da pobreza; A responsabilidade da pres-tação de cuidados cai de maneira desproporcional sobre as famílias, especialmente, sobre as mães ou irmãs, o que resulta em oportunidades ainda mais reduzidas de que membros femininos da família consigam encontrar emprego ou completar a escolaridade. Como resultado disso, a família toda pode ficar excluída da Sociedade.

O tema da Campanha da Fraternidade 2006 “Fraternidade e pessoas com deficiência”, pretende mostrar com dignidade a realidade dos deficientes, defender a igualdade entre as pessoas com deficiências,

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Segundo Gilca Kortmann, o fato de tentar conhecer melhor a pessoa com necessidades especiais em todos os tempos e culturas, tem colocado o ser humano perante uma vital e complexa tarefa: dispor-se ao contato, conscientização e integração de seus próprios conteúdos internos sombrios, rejeitados. Seu privitivismo, sua feiúra, seus limites, enfim, tem que ser assumidos como tal, o que de certa forma irá contribuir para a eliminação do movimento distorcivo de depositá-los exclusivamente em seres portadores de qualquer condição diferencial que possa ativar tal projeção.

Gilca ressalta, ainda, que é impossível generalizar sobre qual seria o método de criação ideal de uma criança especial; muitas coisas dependem da própria criança, de sua família e dos serviços que lhe são acessíveis. Para os profissionais da área, é fundamental o reconhecimento dos diferentes tempos da criança para poder responder adequadamente às solicitações da mãe e do filho, a fim de que possamos atuar como mediadores na construção desta relação.

No ambiente escolar há relutâncias por parte de familiares que não acreditam na possibilidade de seus filhos se desenvolverem socialmente, pois não conseguem reconhecê-los como pessoas capazes para tal. Na ansiedade de que esses aspectos possam ser melhorados em seus filhos, os pais depositam essa confiança nos professores, que assumem a sua educação e os tornam socializados.

A nossa Constituição Federal de 1988 respalda os que propõem avanços significativos para a educação escolar de pessoas com deficiência, quando elege como fundamentos da República, a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1ª, incisos II e III) e, como um dos seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV). Ela garante ainda o direito à igualdade (art. 5º) e trata, no artigo 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Além disso, a Constituição elege como um dos princípios para o ensino “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inciso). A Constituição, contudo, garante a educação para todos, e isso significa que é para todos mesmo e, para atingir o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania, entende-se que essa educação não pode se realizar em ambientes segregados.

As Instituições Lassalistas estão se preparando cada vez mais para integrar-se na realidade da inclusão. A Proposta Educativa Lassalista nos diz: “A Educação Lassalista atinge a dimensão física do educando, dentro de critérios éticos cristãos, sobretudo naquilo que se refere à aceitação e ao respeito profundo de sua individualidade física, de sua identidade corporal e da dos outros. Inclui o respeito à dimensão material do mundo, o diálogo sempre mais aperfeiçoado com a matéria”.

identificar os direitos e diminuir as restrições aos deficientes. O arcebispo metropolitano dom Dadeus Grings destaca a necessidade de se criar um novo clima no convívio com pessoas deficientes. “Durante a quaresma, pensamos na tarefa de amar o próximo. Não amamos o outro olhando para ele, mas olhando juntos para o mesmo objetivo. Queremos que essas pessoas não se escondam, por isso o lema 'Levanta-te, vem para o meio'” (ZH 02/03/06). Precisamos conscientizar a sociedade de que qualquer um de nós pode se tornar um deficiente físico ou que qualquer casal pode gerar um filho querido que venha a nascer com a carência de um

cuidado especial, portanto todos, da mesma forma, são entes queridos e devem ser imensamente amados. Temos que nos unir para tornarmos a vida de cada uma destas pessoas mais fácil de ser vivida. As escolas, precisam estar preparadas para que possam compartilhar com todos os cidadãos tudo o que ela oferece. A exclusão social é algo a ser combatido, começando pelas barreiras de acessibilidade nas ruas, nas construções, nos acessos quase inexistentes nos meios de transportes, também escassos, e nas oportunidades. Temos que lidar, também, com soluções que possibilitem aos deficientes competir e terem acesso aos serviços de saúde, ensino, etc...

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O Colégio La Salle, de Canoas-RS, possui hoje, alunos portadores de necessidades especiais (Síndrome de Asperger, Transtorno Global do Desenvolvimento, Problemas auditivos, Comprometimento motor) em diversos níveis de ensino. Os professores estão preparados para recebê-los, com acompanhamento teórico de cada caso, contato e acompanhamento sistemático do setor pedagógico com especialistas, parceria com as famílias e adequação dos conteúdos e procedimentos específicos. Rampas de acesso foram implantadas em todas as dependências do colégio, bem como elevadores. A Diretora, Nilza Irulegui Bueno, considera que o Colégio está se adequando, e que muitos aspectos devem ser criteriosamente observados para a busca da inclusão.

Nilza recebe os pais e filhos portadores de deficiência com naturalidade, procura demonstrar que no La Salle, de Canoas, o clima é de acolhida e bem-estar para todos. O objetivo é fazer com que estas crianças sintam-se bem na Instituição, e para isso, realizam trabalhos de integração com os demais colegas da turma. Realizam um trabalho que abrange todo o contexto do Colégio, assim acreditam que a inclusão aconteça.

No Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul-RS, existe um caso especial. “Dudu”, cadeirante e voluntário, é a pessoa que vê além dos olhos “normais” de todo o ser humano. Engajado na coordenação do trabalho voluntário, pode sentir-se mais livre nas dependências do Colégio. Dudu inaugurou o elevador que pode facilitar seu acesso por todo o ambiente escolar. Com ele sempre vai um colega para dividir esse prazer, de acordo com uma escala feita pela sua turma.

O Irmão Cledes Antonio Casagrande, Diretor do Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo-RS, procura receber as crianças deficientes e seus familiares da melhor maneira possível. Busca dialogar e viabilizar a estadia tranqüila e agradável no meio escolar. Acredita que a acolhida e o respeito às diferenças podem ser referenciais seguros para pautar as ações pedagógicas junto aos portadores de necessidades especiais. No Colégio estuda Camila, aluna da 4ª série, cadeirante, exemplo de esforço, inteligência e superação. Cativa os colegas com facilidade.

No La Salle Medianeira foram construídas rampas de acesso ao segundo piso do Colégio e ao centro esportivo. Estão adaptando um banheiro especialmente para o uso dos alunos deficientes.

Paloma Saussel Bustillo tem 16 anos, freqüenta a 2ª série do Ensino Médio do Colégio La Salle São João, de Porto Alegre-RS. Estuda no Colégio desde os sete anos de idade junto com seu irmão Pablo. É considerada uma aluna com necessidades especiais, por ser portadora de uma deficiência física denominada mielomeningoceli. Vive num ambiente familiar bem estruturado e bastante privilegiado, tanto que essa deficiência até se mostra muito pequena. Os pais de Paloma estão satisfeitos com o trabalho realizado no La Salle São João.

“O começo foi meio difícil. Mas com o apoio da Orientadora da época, professora Esmeralda, que recebeu a Paloma com a maior naturalidade, as coisas foram se acomodando e ficou mais fácil....

Colégio La Salle, de Canoas-RS.

Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo-RS.

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Pa o a Bu ti l c m s a mí i , on e

l m s l o o u fa l a d tem

tod o op o e r i a.o oi qu p ec s

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Gosto muito do Colégio... encontrei aqui ótimos professores, mas sou bastante crítica e por isso estou sempre cobrando mudanças...Acho que a Escola tem obrigação em fazer sempre o melhor ... Senti, na época e sinto ainda hoje, que falta na escola mais orientação psicológica para os professores. Hoje não me refiro apenas à Paloma, mas a todos os alunos que precisam de apoio.... Em geral, no nosso País, existe muito preconceito. As pessoas deveriam também participar mais de obras sociais.... se doar mais”, diz Elisabet, mãe de Paloma.

Segundo a Orientadora Educacional do Ensino Médio, Vera Hingel, “Somos treinados no próprio curso para atender também com a Orientação Psicológica e orientamos os professores, regularmente, nas reuniões pedagógicas realizadas na Escola”.

Paloma sente-se feliz e satisfeita no Colégio: “Quando estive pela primeira vez no Colégio La Salle São João, 10 anos atrás, me apaixonei pelos grandes pátios com espaços livres, e as salas de aula do primeiro piso com acesso direto ao pátio. Uma vez encantada pelo Colégio passei a ver tudo e todos com bons olhos. Estava decidida a estudar ai, começar a primeira série e vencer todos os obstáculos. Em relação aos colegas foi uma adaptação normal, e os professores diretores e funcionários foram sempre prestativos. Aliás acho que o Colégio é bom demais! Eu gostaria muito que todas as pessoas fossem recebidas nos colégios da mesma maneira que são recebidas dentro de sua própria casa, sem qualquer tipo de rejeição ou preconceito. A minha história no Colégio está na reta final. Em menos de dois anos estarei cursando una carreira na Universidade e com certeza terei saudades e boas lembranças do Colégio onde estudei todo o Ensino Fundamental e Médio”.

A Escola Fundamental Tricentenário La Salle, de Esteio-RS, já tem acesso a todas as dependências facilitado através da construção de rampas e elevadores, permitindo que pessoas portadoras de deficiências, idosos, gestantes ou até mesmo aqueles que apresentam dificuldades para locomoverem-se, possam chegar com facilidade em todos os locais da Escola.

Adriana Braga de Matos Babot, Diretora, salienta que a idéia da inclusão demonstra-se não só através da maneira com que se relacionam na escola, mas também na estrutura física do prédio, preparada para facilitar a vida dos portadores de necessidades especiais. Afirma, também, que desta forma a Escola dá mais um salto em qualidade.

Omero de Freitas Borges Júnior, Diretor do Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre-RS, trata o assunto “Inclusão” de forma muito especial. “A inclusão de Pessoas Portadoras de Deficiência ou de Necessidades Educativas Especiais é um grande desafio para as instituições educativas de nosso tempo, na medida em que a escola é chamada, uma vez mais, a fazer aquilo que a sociedade como um todo não o faz. Incluir não significa apenas oferecer vagas, construir rampas, banheiros especiais ou disponibilizar elevadores, como determina a Lei. Significa receber, sem ser paternalista; acolher, sem sentimento de superioridade em relação ao outro; oferecer a possibilidade para que a pessoa portadora de deficiência possa transformar-se em sujeito de seu próprio processo de autonomia e realização pessoal, a partir do princípio da eqüidade. Incluir Pessoas Portadoras de Deficiência ou de Necessidades Educativas Especiais significa também o acolhimento a toda a família, imprescindível nesse processo de crescimento, que envolve a todos: a própria pessoa, a família e a escola. Também significa

educar as outras famílias, para que possam viver a experiência gratificante da inclusão. No La Salle Santo Antônio, estamos todos em processo de aprendizagem quanto à inclusão. O primeiro passo, e talvez o mais importante, tem sido o reconhecimento de que nossa proposta educativa somente tem a ganhar com a presença dessas pessoas "especiais". Temos aprendido a dialogar, a estudar, a reconhecer nossos próprios limites, a colocar nossa profissão como um verdadeiro ato de serviço. Entretanto, temos também a clareza que esse não é um processo acabado, mas que exigirá de cada integrante da Comunidade Educativa coração e mente abertos para crescer. Sou pai de uma criança portadora da Síndrome de Down, aluno de nossa escola. Com ela, aprendi que incluir é, antes de tudo, amar, como sempre nos ensinou S. João Batista de La Salle”.

A denominação Síndrome de Down é resultado da descrição de Langdon Down, médico inglês que, pela primeira vez, identificou, em 1866, as características de uma criança com a síndrome. Em cada célula do indivíduo existe um total de 46 cromossomos, divididos em 23 pares. A pessoa com síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo o cromossomo extra ligado ao par 21. Para desenvolver todo seu potencial, a pessoa com síndrome de Down necessita de um trabalho de estimulação desde seu nascimento. Ela faz parte do universo da diversidade humana e tem muito a contribuir com sua forma de ser e sentir para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.

Dudu, do Colégio La Salle Carmo, está satisfeito de poder circular por todos os

ambientes do Colégio.

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Um exemplo de apoio e companheirismo se dá no Centro Universitário La Salle - UNILASALLE. A professora, doutora, Olga Solange Herval Souza, do curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional é portadora de deficiência visual, e tem como sua companhia um cão-guia que se chama Misty. É uma fêmea de labrador que está com ela há 1 ano e meio, desde que entrou no Unilasalle. Misty permanece junto à professora. Olga em todas as suas atividades. Foi treinada para este trabalho, e só descansa quando as duas estão em casa.

Ter um bicho de estimação pode e costuma fazer bem. A medicina, a psicologia e a veterinária são unânimes em endossar esse conceito. Mas nem precisaria do aval da ciência para perceber como pode ser positivo o convívio com um mascote. São exatamente as reações e sentimentos positivos despertados pelos animais nos seres humanos que os tornam cada vez mais usados como agentes terapêuticos. Doentes, idosos, crianças carentes, deficientes físicos e mentais e pessoas marginalizadas, todos têm testemunhado o enorme benefício de ter um bicho por perto.

No caso dos cães, são dotados da chamada obediência básica e, por isso, aprendem facilmente comandos novos. Dono e cão trabalham juntos, como em uma equipe. O dono não controla completamente o cão, assim como o cão deve seguir as orientações do dono, com relação aos lugares que este pretende ir. A função do cão é guiar o dono evitando obstáculos e situações perigosas. O cão é os olhos de seu dono. Cada parte da equipe deve confiar na outra para se locomover. Normalmente um cão-guia, após algum tempo de convivência com seu dono, torna-se responsável por ele. Um bom exemplo, são os cães-guia que sabem todos os destinos usuais do seu dono. Este apenas precisa lhe dizer "vamos para o escritório" ou "encontre a cafeteria" e o cão-guia seguirá a rota completa!

Os cães-guia apreciam seu trabalho imensamente e tem muita satisfação num trabalho bem feito. No seu horário de trabalho não há espaço para brincadeiras, ou qualquer outro tipo de distração. Estes cães são treinados para mesmo quando seu dono não precisa de auxílio, a ficarem quietos sem causar qualquer tipo de distúrbio, pois freqüentam lugares públicos, como por exemplo, bibliotecas ou até mesmo o local de trabalho do seu dono.

Colocar crianças jovens com necessidades especiais em escolas ou classes regulares, não é o bastante, é preciso negociar constantemente com os pais, que buscam naturalmente a melhor qualidade de ensino para seus filhos, e negociar com todos os recursos humanos da escola, pois será necessário implementar modificações na gestão, na organização, no equipamento, nos suplementos multiterapêuticos, e sobretudo, nas atitudes. Educação Especial é tarefa de equipe multidisciplinar, com estratégia para pensar em grupo, pois só dessa forma se pode explorar todas as opções potenciais de inclusão.

"Igualdade, igualdade na educação, na saúde, no respeito na religião, na amizade, alegria, amor, paz, carinho, respeitar e ser respeitado, ajudar uns aos outros, amar o próximo, não tirar a vida dos humanos, não andar armado, todos têm que ser tratados iguais, todos merecem igualdade, até quem não tem onde dormir". (Locke)

O cão-guia precisa ser treinado para saber:

Manter-se em uma rota direta, ignorando distrações tais como cheiros, outros animais e pessoas; Manter-se em um ritmo constante, à esquerda e sempre à frente de seu dono; Parar nos cruzamentos e esperar até que possa prosseguir; Movimentar-se para a esquerda e para a direita, para a frente e obedecer o comando de parar; Reconhecer e evitar obstáculos tais como, passagens estreitas e tetos baixos, etc, evitando que seu dono se machuque; Parar no pé ou no alto de escadas até que receba o comando para prosseguir; Guiar seu dono até os botões do elevador. Ficar quieto ao lado de seu dono quando este parar ou sentar em algum lugar; Ajudar seu dono a embarcar e a se movimentar dentro de ônibus, do metrô e de qualquer outro meio de transporte público; Obedecer a um número determinado de comandos verbais.

Professora Olga com Misty em atividade de trabalho no Unilasalle.

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O Braile apareceu na França em 1829.

Educar uma criança com necessidades especiais ao lado de crianças consideradas “normais” é um dos princípios brasileiros da sociedade democrática solidária.

No UNILASALLE existem 35 acadêmicos surdos matriculados, sendo 23 na graduação e 12 na extensão.

O Elo Eficiente é uma rede de sites sobre deficiências na Internet, que usa o Webring.Http://www.geocities.com/eloeficiente

Diversidade é o que acontece quando o grupo acolhe e estimula a diferença entre seus participantes. Podem ser diferenças de opinião, de raça, de religião, de cultura,de gênero, de formação, de toda ordem.

A estimulação precoce começa no dia em que carregamos nosso filho nos braços pela primeira vez e não existe nada nesses primeiros meses que o diferencie de outra criança com suas necessidades básicas: saber que o amam e cuidam dele.

Os cães-guia ajudam pessoas com deficiência visual no mundo inteiro. Na maioria dos países, é permitida a sua entrada em qualquer lugar público, dessa forma podem ajudar a seus donos em qualquer lugar onde queiram ou precisem ir.

Os benefícios da atividade física e do esporte para deficientes físicos podem ser resumidos: Promove saúde e integração social; Forma eficiente e permanente de dar continuidade ao processo de reabilitação; Promoção da integração e sociabilização; Ampliação das relações, do círculo de amizades e do

CURIOSIDADES

companheirismo; Aumento da auto-estima, auto-imagem e auto-confiança; Reintegração a uma vida social ativa.

A diversidade estimula a interação, proporciona a troca de experiências e o enriquecimento de cada indivíduo em grupo.

A chave para que os caminhos sensoriais cresçam é ESTIMULAÇÃO. A chave para fazer com que os caminhos motores cresçam é OPORTUNIDADE.

As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.

A pessoa com deficiência mental, na maioria das vezes, é carinhosa, disposta e comunicativa. Lembre-se de que a deficiência mental pode ser conseqüência de uma doença, mas não é uma doença, é uma condição de ser. Podendo, ofereça ajuda ou apoio aos pais de deficientes mentais uma vez que estes geralmente ficam isolados de qualquer vida social por não terem com quem deixar seu filho.

Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham.

Mesmo sem o apoio necessário, nas Paraolimpíadas de Sydney, em 2000, o Brasil conquistou um número recorde de 22 medalhas, sendo 6 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze, quebrando três recordes mundiais no atletismo. E no futebol para amputados, o Brasil sagrou-se tetracampeão.

Natália Ninaus Corrêa (5 anos), Matheus da Silva Maciel (8 anos), e Vitória Linhar de Quadros (5 anos), alunos da Escola Fundamental La Salle, de Sapucaia do Sul-RS.

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ARTIGOS

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LIDAR COM AS DIFERENÇAS LIDAR COM AS DIFERENÇAS Irmão Jardelino MenegatDiretor Administrativo, Sede Provincial, Porto Alegre-RS.

O tema da Campanha da Fraternidade

deste ano é “fraternidade e pessoas com

deficiência” e o lema, “levanta-te, vem

para o meio”. Esta campanha nos

impulsiona a pensar e agir com respeito

às diferenças tanto individuais como

coletivas. É um momento para promover

atitudes de verdadeira fraternidade e de

uma verdadeira cultura de solidariedade

social, coerentes com os ensinamentos

de Jesus. É também ocasião para uma

grande tomada de consciência sobre as

condições geralmente difíceis das

pessoas com deficiência e para

desencadear muitas iniciativas de efetiva

inclusão delas na sociedade.

Vivemos em uma sociedade que está

descobrindo, cada vez mais, a

importância do respeito às diferenças. Por

esta razão, tanto os indivíduos quanto os

grupos precisam aprender a lidar com a

questão, já que fazemos parte de uma

sociedade plural, e temos nosso

compromisso assumido com a educação.

Segundo a teoria de Hegel, pensador

alemão que influenciou e influencia

muitos filósofos e humanistas, o homem,

independente de cor, de nacionalidade,

de sexo... é universalmente igual como

ser humano, porém, particular e

singularmente, diferente. Para Hegel, em

cada indivíduo, estão contidos o

particular e o universal. Dito de outra

forma, a riqueza se encontra exatamente

na individualidade de cada ser humano,

e nas características que carregamos

como seres únicos.

As pessoas, por isso, têm o direito de

serem respeitadas integralmente nas suas

diferenças. A própria Declaração

Universal dos Direitos Humanos, da

ONU, de 1948, no seu artigo 2º,

assegura que todo o ser humano pode

invocar os direitos e as liberdades

proclamadas na Declaração, sem

distinção de raça, de cor, de sexo, de

língua, de religião, de opinião. No

entanto, desde a publicação da

Declaração até a presente data, ainda

são históricas as lutas do negro, da

mulher, do índio e de outros segmentos

sociais pelo respeito, pela igualdade,

pela justiça, e até pela sobrevivência.

Na mesma linha, acrescenta-se que os

inúmeros avanços da Modernidade

colocaram a pessoa como agente de sua

própria história. A Pós-modernidade, no

entanto, acabou manipulando muito dos

avanços conquistados. Com as

revo luções da t ecno log ia , da

comunicação, da informação, da quais

somos testemunhas, há contribuições

para a humanidade, sem dúvida, mas

também conflitos, exclusão, e mudanças

significativas nas relações pessoais e

sociais.

DIFERENÇAS INDIVIDUAIS

A escola, pela riqueza humana que

possui, incorpora um mundo de

diferenças, e traz como desafio as

complexidades inerentes à formação da

pessoa. Uma das formas para lidar

melhor com as diferenças é oferecer uma

educação cada vez mais igual para

todos, e ter uma escola cada vez mais

diferente e diferenciadora, que assuma

as diferenças entre alunos e professores e

vice versa. Com isso estamos apostando

que a forma de lidar com as diferenças é

através da educação e uma das formas

de se fazer educação mais integral é

através da escola.

Uma das maravilhas da criação de Deus

é justamente essa variedade que existe

entre os seres humanos. Somos todos

igualmente criados por Deus à sua

imagem e semelhança, contudo cada um

de nós possui capacidades e habilidades

inigualáveis que nos diferenciam das

outras pessoas. Esse é um processo

sempre em construção.

Ensinar e aprender a lidar com as

diferenças é a missão das instituições

formadoras de identidade da pessoa

humana, como a família, a escola, a

Igreja. Dentro das próprias organizações,

há a manifestação de valores e princípios

específicos, em que é demandada a

coerência entre o dizer e o fazer. Temos

que reconhecer que a era do

conhecimento, da tecnologia da

informação, das novas formas de ensino e

aprendizagem influenciam, hoje, o

indivíduo e a sua maneira de relacionar-

se.

DIFERENÇAS INDIVIDUAIS NOS GRUPOS

Sempre que pessoas se reúnem em função de um objetivo comum, é possível perceber que as diferenças individuais somam para o amadurecimento pessoal e grupal. Cada um de nós possui dons, que precisam ser desenvolvidos e colocados a serviço dos demais.

Contudo, o grande desafio está justamente no exercício de trabalhar os dons que possuímos, entendendo as d i f e r e n ç a s i n d i v i d u a i s c o m o oportunidade de crescimento do grupo do qual fazemos parte. Para citar um exemplo: na administração, há uma t e n d ê n c i a d e f o r m a r e q u i p e s multidisciplinares para resolução de grandes questões. Os diversos olhares criam novas perspectivas para o ambiente organizacional. E muitos “insights” nascem dali.

Dentre as competências mais valorizadas atualmente, cita-se a capacidade de se consegu i r agregar os d i ve r sos pos ic ionamentos ideológicos, a pluralidade das crenças religiosas, culturais e sociais, além das diferenças pessoais, para formar um conhecimento novo. Esse exercício torna-se desafiador para todos nós, em função dos choques de valores, de hábitos, de idéias que, inevitavelmente, são desencadeados.

O desejável é que as diferenças sejam

respeitadas através do entendimento

mútuo, do diálogo compreensivo, da

superação das próprias limitações, da

“Cabe, portanto, a nós,

educadores, estarmos atentos

a esta realidade, dando nossa

resposta através de partilha,

da convivência fraterna, da

união, da inclusão, onde quer

que estejamos atuando”.

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ARTIGOSbusca pelo aperfeiçoamento pessoal e

profissional. As pessoas (e organizações)

que entenderem isso terão mais

possibilidades de desenvolver um

trabalho com maior responsabilidade e

consistência. E, hoje, os estudiosos

defendem que o desempenho de uma

equipe ou de uma organização está

intimamente relacionado com o

desenvolvimento do seu capital humano.Nessa perspectiva, a escola e os professores possuem um papel essencial. A escola é um laboratório onde se remodelam e se refazem as vivências do dia-a-dia. Por isso, é preciso ter sensibilidade para lidar com questões relacionadas aos preconceitos, aos est igmas, às discriminações, às diferenças sociais, culturais... pois é preciso primar pelo ambiente acolhedor onde são desenvolvidas as pessoas.

PARA CONCLUIR

É imprescindível que nós, educadores, e todos aqueles que trabalham nas ins t i tu ições de ens ino se jamos responsáveis pela própria formação pessoal e profissional, participando de cursos de atualização, envolvendo-nos em temas sobre ética, valores e princípios.

Hoje, nas organizações, percebe-se a necessidade de encontrar novas formas de fortalecer as relações, visando à melhoria da qualidade, da produtividade e do clima organizacional. Há muitas pesquisas que mostram a necessidade de compor equipes que se complementem, para atingir uma meta comum. Por isso, a aquisição de competência tem sido tão valorizada.

As instituições, quando conseguem realizar um trabalho de equipe, envolvendo profissionais de distintas áreas atingem resultados diretamente percebidos na qualidade dos seus produtos, ou dos serviços que prestam. Para isto, é importante a atualização

BIBLIOGRAFIA

DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas,

Atlas, São Paulo, 2002.

MACEDO, Ivanildo Izaias. Aspectos

Comportamentais da gestão de Pessoas.

FGV, Rio de Janeiro, 2003.

Lisete de Almeida PortelaCoordenadora Pedagógica, Colégio La Salle, Canoas-RS.

programáticas presentes na escola, no mercado de trabalho, no lazer e demais setores da sociedade foram mostrando que a prática de integração, tão defendida durante tantos anos, ocorria e ainda ocorre de três formas, segundo discorre Sassaki (1997, p.34-5):

Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência que conseguiam ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais, utilizar os espaços físicos e sociais, bem como seus programas e serviços, sem nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja, da escola comum, da empresa comum, do clube comum, etc.

Pela inserção daqueles portadores de deficiência que necessitam alguma adaptação específica no espaço físico comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem, só então, estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com pessoas sem deficiência.Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos sistemas gerais. Por exemplo: escola especial junto à comunidade comum; setor separado dentro de uma empresa comum etc. Em forma de integração, mesmo com todos os méritos, não deixa de ser segregativa.

O mundo atual impõe uma sociedade global. Porém, o que vem sendo excluído da sociedade atual? A diferença, a singularidade, as exceções. O diferente com freqüência, ameaça, perturba, desordena o status quo.

No que se refere às práticas sociais, a sociedade, atravessou, em todas as culturas, diversas fases. Ela praticou a exclusão social de pessoas que, por causa das condições atípicas, não lhe pareciam pertencer à maioria da população. Po s t e r i o r m e n t e , d e s e n v o l v e u o atendimento segregado dentro de instituições específicas. Após estruturou-se a prática de integração social. Nos últimos anos adotou a filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais.

A partir da década de 60, em diferentes países, começou-se a formar um importante movimento em favor da integração educacional dos alunos com algum tipo de deficiência. Este tinha por o b j e t i v o r e i v i n d i c a r c o n d i ç õ e s educacionais satisfatórias para todas as crianças dentro da escola regular e sensibilizar professores, pais, autoridades civis e educacionais para que assumissem uma atitude positiva em todo este processo.

Em vários momentos foi intensificada a integração como um fim em si mesma, sendo que o objetivo principal é que todos os alunos fiquem juntos em uma mesma escola. Em outros momentos, a integração foi descrita como um processo que afeta somente os alunos com alguma deficiência. Estas colocações dão a idéia de que a integração é um movimento que trata de incorporar na escola regular os centros educacionais específicos, junto com todos os recursos técnicos e materiais que neles existam: ausência de barreiras arquitetônicas, sistemas de comunicação, equipes de fisioterapia... Percebe-se aqui que o objetivo principal de toda esta dinâmica não é a integração, mas sim que a educação dos alunos com necessidades especiais seja simplesmente transferida à escola normal.

A criação e implementação de soluções para barreiras atitudinais, arquitetônicas e

Tiago Schmitz

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Para Sassaki (1997) nenhuma destas formas de integração social satisfaz plenamente os direitos de todas as pessoas com deficiência, pois essa integração pouco exige da sociedade em termos de mudanças de atitudes, de estrutura, de materiais e de práticas sociais. No modelo integrativo, a sociedade, praticamente de braços cruzados, aceita receber pessoas com deficiência desde que estas sejam capazes de:

- moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados (classe especial, escola especial);contornar os obstáculos existentes no meio físico;- lidar com as atitudes discriminatórias da sociedade, resultantes de esteriótipos, preconceitos e estigmas;- desempenhar papéis sociais individuais c o m a a u t o n o m i a , m a s n ã o necessariamente com independência.

Segundo Fonseca, a integração não se consegue por leis escolares, nem por espontaneidade social. Ela deve ser pensada a nível social antes e depois da e s co l a . A i n t eg r a ção imp l i c a naturalmente uma seleção de crianças com potencial de aprendizagem normal e com maturidade sócio-emocional mínima. Não se pode "encher" uma escola com crianças deficientes de uma forma puramente circunstancial. Os arranjos devem ser compatíveis com as necessidades das crianças não-deficientes, não esquecendo a criação de currículos e métodos pedagógicos adequados, além de professores qualificados. (FONSECA, 1995, p.197-198).

Avaliar o processo de integração não significa discutir sua validade ou não, uma vez que esse processo é irreversível. Significa, sim, investigar quais os fatores que nele interferem, com o objetivo de rever ações e estratégias, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de ensino e ampliação das oportunidades de participação efetiva das pessoas com necessidades especiais da sociedade.

Cada vez mais a luta pelos Direitos Humanos se fortalece no sentido de acabar com as práticas discriminatórias e busca-se um mundo mais democrático, em que haja igualdade de direitos. Para este tipo de sociedade que tanto se almeja, a prática da integração social não é o suficiente para se alcançar os objetivos traçados em prol da defesa do valor do ser humano.

O desafio que confronta a escola que se pretende inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de, bem-sucedidamente, educar todas as crianças.

Assim sendo, inclusão significa a modificação da sociedade como pré-requ i s i to pa ra a pes soa com necessidades especiais buscar seu desenvolv imento e exercer sua cidadania. Torna-se necessário preparar a escola para incluir nela o aluno especial, e não o contrário, como vem sendo a integração.

Precisamos estar atentos em trabalhar também de forma "inclusiva" a realidade que se impõe nas escolas há muito tempo nos inúmeros alunos com problemas de aprendizagem que devem ser olhados, trabalhados e acompanhados também de forma criteriosa e especial, com preparação constante por parte de toda a escola, visto o número crescente de crianças e jovens em cada sala de aula, com problemas das mais diferentes naturezas. Traduzem desafios constantes, no que tange a adaptação e adequação, pois para alunos com problemas de aprendizagem, a vida pode ser bem dura e frustrante. Quase todos os alunos que se enquadram nessa categoria têm sentimentos de incompetência e inadequação, pois não atingem um nível acadêmico semelhante ao de seus colegas, apresentando uma performance acadêmica mais fraca e inconsistente no dia-a-dia em algumas áreas da aprendizagem.

Geralmente, as famílias, os professores não estão preparados para lidar com problemas de aprendizagem ou com o aluno atípico. A escola deve embasar-se e propor-se a desenvolver um trabalho cada vez mais qualificado, preparar seus professores para o trabalho com as d i f e renças , a s de f i c i ênc ias , a heterogeneidade.

A heterogeneidade, característica presente em qualquer grupo humano passa a ser v i s ta como fa tor imprescindível para as interações em sala de aula. Os diferentes r i tmos, compor tamen tos , e xpe r i ênc ia s , trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de conhecimento de cada criança (e do professor) imprimem ao cotidiano escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visão de mundo,

confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades individuais.

Se reconhece que a es t ru tura

organizacional do sistema educacional

ainda não pode abarcar as grandes

diferenças humanas, sabemos de relatos

de experiências mal sucedidas, onde

tanto os excluídos como aqueles que os

recebem estão em permanente conflito,

gerando impasses e frustrações que

fecham todas as portas à idéia de

inclusão.

Concretizar esta inclusão não requer

apenas identificar as necessidades,

patologias, deficiências e limitações das

crianças. Ao lado dessas características, é

preciso reconhecer as possibilidades,

potencialidades e os recursos que elas

carregam consigo. É preciso criar, recriar,

inventar recursos e estratégias que

favoreçam o desenvolvimento pessoal no

sentido da conquista da autonomia

possível e necessária à condição

humana.

BIBLIOGRAFIA

BUENO, J. G. S. Educação especial brasileira: integração e segregação do aluno diferente. São Paulo: EDUC, 1993.

COLL, C. et. al. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FONSECA, V. da. Educação Especial: programa de estimulação precoce uma introdução às idéias de Feuerstein. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

MANTOAN, M.T.E. Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. São Paulo: Editora Scipione, 1988

“ O acolher pessoas com

necessidades especiais

pressupõe um posicionamento

que avance muito além do

paternalismo humanitário e

condescendente, ou seja: uma

busca de capacitação de

recursos humanos para esta

empreitada.”

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ARTIGOS

Neusa Maria John ScheidProfessora, Colégio La Salle Medianeira, Cerro Largo-RS.

Em 1953, Francis Crick e James Watson propuseram uma estrutura para a molécula do DNA. A partir desse fato científico desenvolveu-se a biotecnologia do DNA recombinante, disponibilizando aos cientistas algumas possibilidades antes não existentes. Dentre as principais pesquisas que ocorreram durante a última década, a principal esteve centrada no Projeto Genoma Humano. Mas, o trabalho de seqüenciar o genoma foi apenas o começo. Na seqüência surgiram o projeto Diversidade do Genoma Humano, com o objetivo de estudar as variações no genoma entre diferentes populações, e o projeto Proteoma Humano. Este último está investigando as possibilidades de mapear todas as proteínas do corpo e suas interações.

Mas, quais são os benefícios para a

humanidade do projeto Genoma

Humano e de outros avanços correlatos

na tecnologia genética? Quando foi

anunciado o seqüenciamento do

Genoma Humano, em 26 de junho de

2000, bem como quando se chegou à

identificação de cerca de 30 mil genes

constituintes do genoma humano, em

fevereiro de 2001, surgiu a pergunta:

com esse conhecimento poderá ser

compreendido todo o funcionamento do

ser humano? Lewontin (2000) lembra

que, mesmo que se conhecessem todos

os genes de um organismo em

desenvolvimento e a completa seqüência

de seus ambientes, não se poderia

especificar o organismo, pois “um

organismo em todo momento de sua

vida é a conseqüência única de uma

história de desenvolvimento que resulta

da interação e da determinação de

forças internas e externas” (p. 147). As

forças externas, que normalmente

chamamos de meio, são, em parte,

conseqüência da at iv idade do

organismo, uma vez que ele produz e

consome as condições de sua própria

existência. Igualmente, as forças internas

não são autônomas, mas agem em

resposta às externas. Logo, não somos

determinados apenas pelos nossos

genes, embora sejamos influenciados

por eles, porque há inúmeros fatores que

intervêm no processo e que ainda não

são suficientemente entendidos.

Porém, na sociedade contemporânea, a

mídia, pela forma como divulga os

acontecimentos, cria a expectativa de

que todos os problemas da humanidade

estão sendo resolvidos, principalmente

os relacionados ao desejo de uma vida

mais longa e livre de doenças. Se até o

advento dessas novas biotecnologias, a

possibilidade de manipular a vida era

algo aceito apenas como dom divino,

agora esse progresso parece conferir um

poder muito grande ao homem, inclusive

para criar um ser humano perfeito. No

imaginário de muitos, no entanto, há o

receio de que, em nome da Ciência, se

viva outra vez o retorno da eugenia, uma

doutrina em voga no período que

antecedeu a II Guerra Mundial. Naquela

época, a humanidade foi traumatizada

com experimentos realizados no intuito

de produzir uma raça humana

geneticamente perfeita.

Embora se acredite que a humanidade

tenha superado a crença de produção de

uma raça perfeita, de tempos em tempos

essa forma de pensar se manifesta. Por isso, ouve-se hoje falar numa nova eugenia quando se vê a possibilidade de o casal escolher as características da criança que vai gerar com a ajuda da fertilização in vitro, da possibilidade de manipular genes e produzir um indivíduo livre dos genes defeituosos que causariam doenças e/ou limitações, entre outros desejos. Nesse contexto, surge com muita pertinência o tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para a Campanha da Fraternidade 2006, que traz à discussão a questão das pessoas portadoras de deficiência. Aprender a aceitar nossos limites é uma parte essencial de ser humano. Por isso, pessoas portadoras de deficiências, em vez de serem marginais, são essenciais para a identidade moral da sociedade: elas incorporam de uma forma aguda e, às vezes, surpreendente as limitações que todos os seres humanos têm. A diminuição da capacidade não deve ser tida como inevitavelmente trágica: uma pessoa com diminuição de capacidade pode encontrar caminhos para enfrentar os problemas com os quais se depara sem maiores dificuldades que uma pessoa fisicamente capaz, pode não sofrer maiores níveis de dor por causa de sua capacidade diminuída e pode gozar de não menos realizações na vida.

Além disso, “os portadores de def ic iênc ias dão suas própr ias contribuições à sociedade, não a despeito de suas deficiências nem por causa delas, mas entre outras razões porque, em conjunção com suas deficiências, eles caracteristicamente têm recursos de personalidade, talento e humanidade que refletem sua igual qualidade de membros da raça humana” (SONG, 2005, p. 66).

A deficiência é uma lembrança de que ninguém é perfeito, pois todos os seres humanos sofrem de diminuição de algum tipo de capacidade. Song (2005) afirma que um dever moral central é o o reconhecimento da continuidade e não das diferenças entre aqueles de diferentes capacidades.

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Diante desse contexto, as aspirações

culturais à “perfeição” deverão ser

repensadas. Precisamos de uma visão

alternativa da sociedade e do bem-estar

humano que não se deixe iludir pela

propaganda das tecnologias genéticas

que se baseiam na premissa falsa de que

está tudo contido nos nossos genes. Há

muitos problemas científicos a resolver e

i s s o n ã o d e m a n d a r á a p e n a s

conhecimento, mas, sobretudo,

sabedoria. Como adverte Lewontin

(2000), os indivíduos não são

determinados simplesmente pela

interação entre genes e desses com o

ambiente, mas, também, por eventos

aleatórios que a Ciência não é capaz de

controlar.

Camila Welter Brum,

estuda no Colégio La Salle

Medianeira, de Cerro Largo-RS,

desde a Educação Infantil.

Há 5 anos é uma aluna

dedicada e adora estar

com os colegas.

BIBLIOGRAFIA

LEWONTIN, R. C. It ain't necessarily so: the dream of the human genome and other illusions. New York: New York Review of Books, 2000.

SONG, R. Genética Humana: fabricando o futuro. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

Para a cura da paralisia espiritual, não é suficiente que Jesus nos diga simplesmente levantemos . Nós mesmos devemos querê-la... (La Salle)

A Campanha da Fraternidade ocorre no período litúrgico quaresmal, é uma proposta de evangelização intensa. Seguindo a recomendação “Convertei-vos e crede no Evangelho”, somos chamados a acolher com atenção e fé a Palavra de Deus e a transformar nossa vida, olhando o exemplo de Jesus Cristo.

A Campanha de 2006 traz ao centro de nossa atenção às pessoas com deficiência, que são freqüentemente v í t imas de p r e conce i t o e de discriminação, sobretudo num ambiente cultural que tende a marginalizar e excluir os que têm menos capacidade individual de competir com os outros e de s e a f i rma r soc ia lmen t e e economicamente. O termo faz parte do texto da Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, a ser aprovado pela Assembléia-Geral da ONU.

Quem são essas pessoas? São os cegos, surdos, mudos, os que têm algum tipo de lesão física ou cerebral, ou alguma necessidade especial. Em maior ou menor grau, os vários tipos de deficiência estão presentes ao longo da vida. Por isso, o tema Pessoas com deficiência - interessa amplamente à população.

O lema “Levanta-te, vem para o meio” (Mc 3,3) é da passagem do Evangelho de Marcos, em que Jesus cura um homem com a mão atrofiada, que estava na sinagoga. Tudo leva a pensar que aquele pobre homem era desprezado e deixado lá num canto por causa da sua condição. Era dia sagrado de sábado, no qual não se podia fazer nenhum trabalho. Jesus chamou o homem: “Levanta-te, vem para o meio!”. E o curou, na frente de todos, embora fosse Sábado.

Jesus convidou aquela pessoa a ter coragem, a não se resignar nem ter

medo de ocupar seu espaço e assumir sua dignidade. A atitude de Jesus desafia a todos os saudáveis e fortes: é preciso interessar-se pela valorização e inclusão das pessoas que têm alguma deficiência, todos devem acolhê-las e ajudá-las a viver com dignidade, apoiando-as fraternalmente.

O que é uma deficiência? Quem é deficiente? O termo deficiência vem do latim “deficientia” que significa falta, enfraquecimento, abandono. Seu emprego exige cuidado e reflexão.

A palavra deficiência não é negativa em si mesma e designa uma realidade. Alguns confundem a deficiência com o seu portador ou com o deficiente. Quando a deficiência é assimilada à pessoa, esse termo pode ser visto como uma mancha, um defeito, uma mácula, uma pecha, uma tara e até como um vício.

Em nossa Escola é importante refletir sobre essa realidade, saber distinguir e ver a pessoa na deficiência e não a pessoa como um deficiente. Porque a noção de deficiência ainda é confundida com a de incapacidade. Alguém pode ser considerado parcialmente ou totalmente incapaz de realizar uma atividade em comparação ao que se considera parâmetro normal de um ser humano. Alguém pode ser incapaz de ler e escrever porque tem apenas dois anos de idade, porque nunca estudou ou devido a uma profunda deficiência mental. O meio ambiente e o contexto cultural e sócio-econômico incapacitam. Por exemplo, se não houver rampas de acesso num edifício; se não houver código braile nos botões de um elevador, uma pessoa como deficiências visuais ou locomotoras não poderá se locomover...

A incapacidade é a perda ou a limitação das oportunidades de participar da vida em igualdade de condições com os demais. Pessoas com enfermidades ou deficiências intelectuais, mentais, visuais, auditivas ou da fala e as que têm mobilidade restrita enfrentam barreiras diferentes, cuja superação ou redução exige soluções diferenciadas. As pessoas com deficiência não constituem um grupo homogêneo, e sim uma realidade complexa e muito presente em todas as sociedades.

UM OLHAR PASTORAL UM OLHAR PASTORAL Irmão Jackson Bentes e Pe. Roberto Carlos RamboColégio La Salle, Núcleo Bandeirante-DF.

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ARTIGOSSituação da deficiência no mundo

No mundo, em virtude de deficiências mentais, físicas ou sensoriais, há mais de 500 milhões de pessoas com deficiência. Segundo as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), válidas para países do Terceiro Mundo, em tempos de paz, as pessoas com deficiência mental correspondem, aproximadamente, a 50% do total das pessoas portadoras de deficiência.

As guerras e a violência produzem cotidianamente milhares de pessoas com deficiência em todo o mundo. Estima-se que, no mínimo, 350 milhões de pessoas com deficiência vivam em zonas que não dispõem dos serviços necessários para ajudá-las a superar suas limitações. Uma grande parcela das pessoas com deficiência está exposta a barreiras físicas, culturais e sociais que constituem obstáculos à sua vida, mesmo quando dispõem de ajuda para sua reabilitação.

Na população brasileira, segundo o Censo demográfico do IBGE de 2000, havia cerca de 27 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, esse número corresponde a 14,5% da população e essa taxa é compatível com as de outros países que utilizam o mesmo parâmetro, como a Áustria (14,4%), Espanha (15%), Inglaterra (12,2%), e Noruega (13%).

Nossa realidade

Em nossa Escola temos o desafio de educar varias crianças com “deficiência”. As dificuldades para lidar com a situação são muitas, porém, temos consciência de que o compromisso é nosso. Para falar de uma parte da realidade, convidamos a aluna Natália Mayara Azevedo da Costa, portadora de deficiência física , para dar seu depoimento.

Pastoral - Você sabe que o tema da CF2006 é referente às pessoas com deficiências. Este é um tema muito especial e desafiador para qualquer Escola Católica. Primeiramente gostaria de saber qual a sua Religião? E como você se sente em nossa escola? Natália - “Sou católica. Mas agora não estou indo com freqüência a Igreja, por causa do horário, fica um pouco complicado de manhã... Na Escola me sinto bem, me sinto muito melhor do que na outra escola. As aulas são boas e os professores são ótimos”.

P - O que mais lhe encanta aqui na Escola? Como você sente a fraternidade nos professores?

N - “Gosto de tudo, mas o que mais me encanta são os professores, os amigos...Os professores tratam direitinho de mim”.

P - Você encontra muitas dificuldades no seu dia-a-dia na Escola?

N - “Não, a única coisa é na hora de ir para casa, o caminho é muito complicado por causa do trânsito, mas a mãe me auxilia sempre. E na Escola é normal”.

P - Conte um pouco da sua vida escolar.

N - “Comecei a estudar aqui na 2ª série e hoje já estou na 6ª série. Na hora do intervalo é normal, meus colegas me respeitam e sempre me ajudam. E na hora da Educação Física também é normal, conheço a professora há muito tempo, ela é muito legal comigo. Acho que só na 4ª série que ela não me deu aula, mas depois o tempo todo. Eu também praticava tênis, mas tive que parar por causa do horário e também porque a turma diminuiu e ficou sem graça praticar tênis com pouca gente e com gente que eu não conheço...”

P - Fale um pouco das suas dificuldades em sala de aula em relação às matérias.

N - “Os professores sempre me ajudam e m e u s c o l e g a s s ã o m u i t o questionadores e acabam perguntando as mesmas coisas que eu ia perguntar”.

P - Você trocaria de escola se tivesse um convite...

N - “De jeito nenhum, aqui é melhor e em outra escola eu não sei se vou ter meus amigos e eu me sinto bem aqui. Todo mundo trata todo mundo bem e procuram ajudar, se preocupam com todo mundo”.

Destarte, na entrevista com a Natália nos sentimos convidados a fazermos uma campanha de conscientização quanto ao nosso modo de olhar as pessoas com deficiência. O mesmo convite feito por Jesus persiste ainda hoje: Levanta-te vem para o meio! Isto é, esteja conosco, nós te amamos assim como tu nos ama, e queremos promover essa fraternidade em nossa Escola, não por causa das deficiências, mas por seu valor como pessoa e filha de Deus. E juntos nos realizarmos plenamente no amor.

BIBLIOGRAFIA

Campanha da Fraternidade 2006: Texto- Base/Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. CNBB - São Paulo: Editora Salesiana, 2005.

Vida Pastoral. Revista bimestral para sacerdotes e agentes de pastoral. Ano 47 nº 247. março de 2006.Ed. Paulus. Http://www.presidencia.gov.br/sedh/

ORAÇÃO DA CAMPANHA DA

FRATERNIDADE 2006

Ó Pai de misericórdia, nós vos

louvamos e agradecemos porque,

pela morte e ressurreição de vosso

Filho e pela ação do Espírito Santo,

nos reconciliais convosco

e entre nós.

Abri nossos olhos para

reconhecermos em cada ser

humano a dignidade de filhos

benditos vossos.

Convertei nosso coração para

acolhermos a todos com amor

fraterno, de maneira especial as

pessoas com deficiência.

Ajudai-nos a promover a autonomia

e a plena realização desses nossos

irmãos e irmãs, na família,

Na sociedade e na Igreja.

Ensinai-nos que o segredo da

felicidade está em fazer o bem

e em partilhar alegrias e

sofrimentos.

Tornai-nos solidários em relação às

pessoas com deficiência:

que elas ocupem o centro de nossas

atenções. Ao lado delas estaremos

mais perto de Vós e receberemos

muito mais do que oferecemos.

Ó Maria, Mãe querida,

Jesus nos confiou a Vós como

filhos e filhas.

Confortai os que se dedicam com

amor àqueles que um dia, felizes,

nos receberão na casa do Pai.

Amém!

Page 36: Revista Integração Ed 94

CANAL ABERTO

O fechamento da próxima Revista Integração será no dia 20/06/2006 Envie sua colaboração para [email protected]

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Ana Paula DinizSetor de Comunicação e Marketing, Sede Provincial, Porto Alegre-RS.

. mat d v nt g e t da a s da o r é da e o.

1 O erial e e ser e re u a é a t e tipula n odap seção Canal Ab rt

2 t er egu n or. Tex os devem t o s i te f mato:

Di o Wa) gitados n ord

o máx 0 car o p a a e iá o d as e, onde o máx er .5 ca c es a

b) N imo 5. 00 acteres (excet ar s ção D ri e Cl s imo deve s 1 00 ra ter ). Par

con s or men q v , r i t t star u e o W d: u Ar ui o P opr edades, Es a í ticas.

c I evem s e a s i i a com n ó r .

) magens d er nvi das eparadas do texto e ident f c das ome do fot g afo

N o ome do(a e el go, nom a C n d u e e mai ar o.

d) o iníci : n ) r sponsáv , car e d omu i ade Ed cativa - l p a contat

ex os er a i s e o pr d m obj i , j s i c õ c.) S ces ár o

3. Os t t devem s jorn líst co (não envi ojeto to o, co et vos u tif cativa, onclus es, et e ne s i ,

p a a of nda en er t o. V ca s a ação .º 8 3

ar pr u m to, s á solici ad eja di s na Revi t Integr N 8 , pág 8.

l t t e l p d o l er om a nal de d l à l nal i a

4. Títu os, ex os egendas o erã ser a t ados c fi ida e ajustá- os inguagem jor ist c .

e f og gen o r t d s v u As en e d

5. Envi ot rafias/ima s s b e o con eúdo do texto, não apenas a pes oa que escre e . imag s serão r cebi as

o em i e d a m f mato al e ção. n a, p nvi s

n a l mark ting@ elas lle.com.br e devem estar e or JPG, ta r solu Ou, ai d odem ser e ada as

f g f s i s r nt e u ç o M k a d o na R i nt 8

oto ra ia or ginai ao Depa tame o d Com nica ã ar eting. Vej icas de f tos ev sta I egração N.º 7,

ág.3p 7.

C s di or l r -s r car n o os x s . O i u or

6. A omis ão E t ia rese va e o di eito de publi , ou ã , te to encaminhados mater al q e não f incluído

e e er s i ad a i d Site oví i s t egr

por falta d spaço s á di ponib liz o n seção Art gos o da Pr nc a Lassali ta de Por o Al e -

w w.del al w as le.com.br

E V O E I P A A V S AN I DE MAT R AL AR RE I T

O apagar do século XX foi o ocaso de muitas formas de se lidar com o sucesso pessoal. Nele, as idéias tinham uma estruturação mais lógica e fazer sucesso era mais uma questão de encontrar e seguir uma fórmula pré-estabelecida que envolvia a formação acadêmica, a busca por um emprego e um plano de carreira para toda a vida profissional que terminaria no cargo mais alto da organização ou o mais próximo possível a ele. Foi assim no século passado.No mundo atual, os profissionais mais conectados devem procurar por outras ações que possam levá-los ao sucesso que desejam.

Comunicar o que é realizado nas Instituições de Ensino é uma exigência do mercado. Porém, é necessário tornar c o n s c i e n t e a i m p o r t â n c i a d o MARKETING PESSOAL.

Marketing Pessoal é a capacidade

ind i v idua l de a t ra i r e man te r

relacionamentos pessoais e profissionais

de forma permanente para que, através

e por meio deles, se realizem ciclos de

atendimento de necessidades mútuas,

gerando satisfação a todos. É melhorar

sua imagem, desenvolvendo importantes

habilidades de percepção, convívio

social e profissional, liderança e carisma.

Todo gestual e entonação de voz fazem

parte das ferramentas disponíveis para

mostrar aos outros o que somos

profissionalmente.

“Descobrir seu potencial, planejar sua

imagem e expor seu produto de

conhecimento e habilidades para o

mercado”. Todo empreendimento, seja

uma indústria, comércio ou serviço,

sobrevive e prospera pela virtude de suas

vendas. As pessoas também. Entretanto,

uma pessoa não é um produto ou um

serviço, é um ser com sentimentos,

desejos e sonhos.

IMAGEM

O Visual / Postura: Maneira de andar, de

sentar, de se portar diante dos colegas de

trabalho, até mesmo os comentários que

se fazem fora do ambiente de trabalho

formam a postura profissional. Marketing

Pessoal é sua imagem pessoal e

profissional, perante aos amigos, colegas

de trabalho e parentes. Quando estamos

em casa, ou em um restaurante, não

deixamos de ser publicitário, jornalista,

administrador ...

Pontualidade: Alguns “minutinhos” de atraso e você pode colocar muita coisa a perder. A perda começa pelo desgaste da imagem.

Comunicar-se corretamente: Sua imagem pode se r se r iamen te comprometida pela forma como você fala. Falar com educação apenas não é o suficiente. É importante falar de forma correta, utilizando inflexões de voz adequadas ao contexto. Falar claramente, responder de maneira objetiva o que se pergunta, com entonação clara. Uma forma concreta de marcar presença positiva com as pessoas é tratá-las de forma gentil e atenciosa.

Representar a Instituição em que trabalhamos e mostrar nossas qualidades profissionais, são papéis fundamentais de qualquer pessoa que esteja inserida no mercado de trabalho. Valorizar o que fazemos e se empenhar para fazer cada vez melhor! A atitude é primordial à realização dos nossos objetivos pessoais e profissionais.