Revista Ilustrar 11

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desenho, pintura, ilustração

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ontinuando no empenho em mostrar todos os gêneros deilustração, nesta edição a Revista Ilustrar mostra outros aspectos da profissão,começando com o trabalho de Luiz Rosso, que se dedica à uma área poucocomentada: a produção de cenários para desenhos animados, conceptboardse matte paintings.

Na sessão Sketchbook temos o trabalho formidável de Marcelo Braga, diretorde arte que deixou as agências de publicidade para fundar a bem-sucedidaMacacolândia, e na sessão Memória relembramos a trajetória de um dosmarcos da ilustração e dos quadrinhos de guerra, Ignácio Justo.

No passo a passo temos algo novo: não o passo a passo de uma ilustração,mas de um livro inteiro, mostrando o brilhante projeto "36 Vistas do CristoRedentor", criado pelo renomado ilustrador Renato Alarcão.

Na sessão Internacional temos a presença de Alberto Ruiz-Diaz com suasmulheres prá lá de maravilhosas.

E no final da revista temos a divulgação dos finalistas e também do vencedordo primeiro concurso criado pela Revista Ilustrar, com o apoio da Wacom,onde o primeiro lugar coube a Fernando Mosca, com uma ilustração inspiradaem Alphonse Mucha.

Uma edição bem recheada, e espero que gostem.

Dia 1 de Setembro tem mais...

DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ARTE-FINAL: Ricardo Antunes [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Ricardo Antunes - [email protected]

REDAÇÃO: Ricardo Antunes - [email protected]

REVISÃO:

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Fernando Mosca - [email protected]

PUBLICIDADE: [email protected]

DIREITOS DE REPRODUÇÃO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada, postada,distribuída e divulgada livremente, desde que seja na íntegra, gratuitamente,sem qualquer alteração, edição, revisão ou cortes, juntamente com os créditosaos autores e co-autores.Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seção.

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• EDITORIAL ......................................................................... 2

• PORTFOLIO: Luiz Rosso ....................................................... 4

• INTERNACIONAL: Alberto Ruiz-Diaz .................................. 11

• SKETCHBOOK: Marcelo Braga .............................................. 18

• MEMÓRIA: Ignácio Justo ..................................................... 24

• STEP BY STEP: Renato Alarcão .......................................... 31

• ESPECIAL / CONCURSO ILUSTRAR: .......................... 38

• CURTAS ............................................................................... 42

• LINKS DE IMPORTÂNCIA ............................................ 43

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Helena Jansen - [email protected]

Angelo Shuman (Divulgação) - [email protected] Gil Tokio (Fotografia - Ignácio Justo) - [email protected]

Diferentes cenários...

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F A M Í L I A D EA R T I S T A S

LUIZ ROSSO

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eto de Nico Rosso,uma das mais emblemáticasfiguras da ilustração no Brasil,o químico de formação e ilustradorpor afinidade, Luiz Rosso, acaboupor trilhar um caminho diferentedaquele que o avô famososeguiu, se dedicando à produçãode cenários, conceptboards ematte paintings para desenhosanimados e filmes.

O resultado fez com que se tornasseuma das maiores referências nomercado brasileiro dentro da áreade cenários, trabalhando paraconhecidos anúncios de TV,videoclips e desenhos animados.

Recentemente passou a produzircenários também para filmes daWalt Disney, o que permitiu aentrada para o mercado exterior.

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Lembro-me de meu avô desenhando. Papele lápis estavam sempre à disposição em seuestúdio. E eu tentando copiá-lo (sem êxito).

Com meu desenho já em mãos, era sóaguardá-lo terminar a pintura da capa parareceber dele a paleta de cores: um semicírculode vidro grosso de aproximadamente 30 cm;um verdadeiro manual de misturas ecomposições cromáticas.

Um pouco mais adiante cheguei a fazer opreeenchimento com nanquim de páginasde quadrinhos, ou seja as famosas áreascom "X".

Isso não requeria conhecimento, nemhabilidade.

Apesar de receber um dinheirinho extrapelo trabalho, este não rendia, pois passavaa maior parte admirando o desenho,

a composição, e as soluções encontradaspara resolver a cena.

Quando ele deixava o estúdio para ir lecionar,minha missão era o preenchimento e,principalmente, não danificar nada na suaausência, para não pôr a perder o trabalhode um dia inteiro.

Pouco depois do AVC (*ver revista Ilustrarnº 1), com sua supervisão, cheguei até acolorir um trabalho iniciado por ele, comEcoline, material que nunca tinha utilizado.

Nestes momentos e mesmo noutros, nuncame passou pela cabeça a hipótese de metornar um profissional da área.

Nunca houve um direcionamento explícitoquanto à minha profissão. Estava assim livrepara escolher o que me deixasse mais feliz.

Mas juntamos todas essas lembranças nabagagem, para depois, finalmente, usá-lasna nossa vida profissional.

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luiz rosso

São paulo

[email protected]

www.rosso.com.br

Filme “O Grilo Feliz”

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Outras influências vieram dos livros quefolheava na grande biblioteca que meuavô possuía: Tin Tin, Asterix, Billiken,Domenica del Corrieri.

Lembro-me das revistas com os carimbos"cortezia do editor", de diversos gêneros,muitos com outros quadrinistas, tais como:

Shimamoto, Colonnese, Jayme Cortez, eilustradores: Manuel Vítor, Benício,Lanzellotti, Ignácio Justo.

Deixo bem claro que os nomes citadosaqui são os que vieram à minha memóriadaquela época.

Quando me profissionalizei e até os diasde hoje, passei a me inspirar em muitosoutros artistas, nomes conhecidos pelamaioria e não seria o caso de elencá-los.

Filme “Fábrica de Mágicas”

Anúncio “Toddynho”

Concept “Arctia”

D A Q U Í M I C AP A R A O D E S E N H O

A minha opção pela química veio daquelaparte "símia" e admiração pela profissão domeu pai que foi químico, e trabalhou,principalmente, na área de alimentos emempresas como a Kibon e a Maguari.

Interessante que ele percorreu o sentidoinverso e "símio" começou no desenho.

Eu já via a química em outro lugar. Nastintas e pigmentos, assuntos sempreabordados em família. Meus tios são donosde uma empresa de tintas e vernizes (equímicos também).

E se pensarmos em genética? Isso nãoé química?

A minha "viagem" para o mundo do desenhose deu com o falecimento do meu avô.Por que só nos damos conta da importânciado que temos quando as perdemos?

Como primeiro passo decidi cursar a EscolaPanamericana de Arte. E os caminhos davida vão se bifurcando e outras escolhasteriam que ser tomadas.

Em certo momento teria que decidir seassumiria o cargo (concursado) de OficialLegislativo da Assembléia Legislativa doEstado de São Paulo. Não assumi em proldo desenho.

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D E S E N H OA N I M A D O

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Bem, tinha que sobreviver do desenho e,com pasta debaixo do braço, fui à luta.Isto em 1983, mais ou menos. Nasentrevistas algo me assombrava. Ao meapresentar era inevitável a pergunta:“O que você é do Nico Rosso?”

A partir da resposta estava diante deum dilema. Comparações eram,inevitavelmente, feitas. Teria que serigual? Melhor? Se fosse menos serviria?Trabalhar com algo que não fossediretamente ligado aos trabalhos do meuavô (digo ilustrador, capista e quadrinista),seria a saída.

A sorte ajudou. A três quadras de ondemorava havia uma casa com um estilodiferente, nada que dissesse o que faziamali, mas os comentários de todos do bairroeram que produziam desenho animado;meu conhecimento de desenho animadona época era Pica-Pau, Zé Colmeia e Disney(risos).

Contatos na redondeza me fizeramconhecer a secretária da Start DesenhosAnimados (estúdio que na época produziaos comentadíssimos comerciais da Sharp)e deixei a minha pasta (ou seria portfolio?)para apreciação.

Não fui chamado para uma entrevista deimediato e cheguei a retirar a pasta edeixá-la novamente com novos desenhos

por achar que os anteriores não tinhamagradado. Insisti, e quando menosesperava fui chamado.

Entrevista marcada com Walbercy,compareci sem saber o que me aguardava.Não estava ali candidato à vaga alguma.Não estava lá através de um anúncio dejornal solicitando profissionais.

De uma coisa tinha certeza; aquelapergunta não iria me assombrar. Saudaçõesiniciais feitas, me apresentei; reparei emminha pasta ao lado da sua mesa deanimação; quebrado o gelo e ouvindoalguns comentário sobre meu trabalho,eis que no melhor estilo de um roteiro deterror (assunto que nunca me assombrou,pois minha leitura preferida eram osquadrinhos de terror) surge a pergunta:"Você é parente do Nico Rosso?"

Dito de forma diferente mas com aquelemesmo efeito.

Fui apresentado a todos do estúdio comoneto do Nico Rosso em um "tour" dedemonstração de como era a produção deum comercial.

Como minha falta de experiência era tácita,fui convidado a tentar um teste na áreade cenários (BGs). Teste iniciado e mesmosem ter terminado, outra frase me marcou:“- Vou confiar no NOME. Passe na secretariae veja quais documentos você precisaprovidenciar. Está contratado;conversaremos de salário amanhã”.Outra batalha a vencer.

Concept “Gatorade”

O S C E N Á R I O S

Não poderia deixar esta oportunidadeescapar.

A partir deste dia só respiraria desenhoanimado. Em especial, cenários.

Foram dias e noites, aliás, muitas noitessem dormir. Durante três anos nesteestúdio só fiz isso, que chamarei deespecialização.

Naquela época o mercado de animaçãoconcentrava-se em poucas mãos - mercadoeste que só se ampliaria com o adventoda computação gráfica.

Neste último período produzindo comerciaispara a televisão comecei a ser procuradopor outros estúdios.

Decidi então que ao invés de trabalhar fixoem um estúdio seria melhor produzir paratodos na forma de freelance.

Meu ingresso na Start coincide com oscomerciais da Sharp, com os personagensque muitos, na época, acreditavam serda Sharp, mas na verdade são personagemdo longa metragem "O Grilo Feliz" deautoria do Walbercy, lançado em 2001.

Isso mesmo: trabalhei nos comerciais eno longa em duas fases. A primeira,quando era fixo, e, depois, como freelance.

Outros comerciais: Cotonetes Johnson's,Bubblegummers, Faber-Castell.

Como freelance para diversos estúdioscolaborei nos seguintes comerciais:Variguinho, Lolo (Milkybar), Toddynho,Bond Boca (Cepacol), Móveis Taurus,Kinder Ovo, Fábrica de Mágicas, ColeçãoMoranguinho, Bamerindus, Nikito,Yakult,Guaraná Taí, Vicki, Rodasol, Lacta,Barateiro e outros.

Nas aberturas em animação, dosprogramas Show da Xuxa e Trapalhões.

E os videoclips "A Luz de Tieta" de CaetanoVeloso e "Cegos do Castelo" da bandaTitãs.

P R O J E T O SE N V O L V I D O S

Anúncio “Yakult”

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C A R A C T E R Í S T I C A SD E U M C E N Á R I O

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Em 1989, Haroldo G. Neto havia retornadodos EUA após estudar e trabalhar nosestúdios Disney. Convidou-me para aprodução de um “piloto”.

Antevendo a possibilidade de produziros seriados aqui no Brasil, colaborei comcenários para o seriado "DuckTales".

Aprovado, passou a produzir os episódiosdos "Ursinhos Gummi" (Gummi Bears)do qual não participei.

Trabalhando somente nos seriados"Bonkers", "Goof Troop" e "Aladdin" sendoque neste último, no episódio "MoonlightMadness", tenho nos créditos a direçãode arte.

Isto com certeza abriu as portas parao mercado internacional.

Videoclip “Tieta” Anúncio “Yakult”

No meu modo de ver, os cenários têmcaracterísticas próprias que os diferemde uma ilustração.

Baseio-me no cinema tradicional, ondeelementos de composição da cena,iluminação e clima ajudam a animaçãoa contar a história. O cenário é o palcoonde os personagens contracenarão.

Veja por exemplo as imagens que ilustrarãoesta matéria. Aqui serão apenas ilustrações.Já nos seus respectivos filmes, adquiremnova conotação.

Deixarão de ser estáticos e, na composiçãofinal, ganharão movimentos de câmera,“zoom in” e “zoom out”, “traveling”dos planos (“over lays”) e ganharãomovimentos próprios simulando umaparalaxe.

Focagem e desfocagem dando a impressãode profundidade de campo. Isso sem contaros efeitos de pós-produção que poderãoser adicionados.

Em certos momentos, o cenário nem temque ser percebido; já em outros, poderáser o protagonista da cena. Como numasinfonia, quando um instrumento solaos outros fazem a base, sempre emperfeita harmonia.

Filme “Fada Fofa”

Filme “O Grilo Feliz”

Filme “Nikitos”

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Concept “CCAA”Filme “Boticário”

Matte painting “C&A”

Viu a necessidade, atenda! A frase não éminha, é de um personagem de desenhoanimado.

Aqueles testes de cores que eu fazia antesde começar o trabalho na busca da melhorsolução, os conceptboards, tornaram-seuma necessidade de mercado.

Então por que não produzi-los? Váriasprodutoras procuram este tipo de trabalhoem vários níveis e detalhamento, seja parauma direção de arte, desenvolvimento de

ambientes para CG e 2D, apresentaçãoao cliente. Nesta onda passei a fornecero matte painting.

Lambram se “Star Wars” e “Raiders of theLost Ark”? Muitos daqueles cenários nuncaexistiram realmente, o “live action” foicomposto com pinturas em vidro alterandoassim a cena.

Atualmente, nada mais é que uma pinturadigital, convincente com a cena que iráalterar.

Utiliza-se o matte painting também emanimação 3D com o intuito de reduziros custos e tempo de renderização.

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Filme “Toddynho”

Concept “Cheetos”

P R O J E T O SF U T U R O S

Continuar trabalhando, principalmente emcinema de animação 2D e 3D, que agorajá é parte de alguma sequência protéica(AGTCTG ou será em CAGTACG?!) nosmeus genes e continuar resgatando todaa obra do meu avô que perdeu-se como acidente em seu estúdio (*ver RevistaIlustrar nº 1).

Concept “Cheetos”

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Concept “Arctia”

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ALBERTORUIZ-DIAZ

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artista, ilustrador, escultore designer gráfico Alberto Ruiz-Diaz

conseguiu um feito notável: optoupor deixar de lado uma longa e sólidacarreira na poderosa DC Comicspara mudar radicalmente de vida.

Abriu a sua própria editora parapublicar, no começo, seus própriosdesenhos.

O resultado é a Brandstudio Press,editora que publica hoje alguns dos

mais cobiçados livros de ilustraçãoe personagens do mercado, nãosó de autoria de Alberto mas devários outros artistas.

Alberto conta um pouco sobre asua trajetória, sobre a editorae sobre suas obsessões.

CONTA-SE QUE VOCÊ FOI UMA CRIANÇA MUITO CURIOSA.E EXISTE UMA HISTÓRIA QUE DIZ QUE, AOS 5 ANOS DEIDADE, VOCÊ DESENVOLVEU UMA CERTA OBSESSÃO PORFÍSICA, E AOS 7 ANOS DE IDADE PUBLICOU OS SEUSPRIMEIROS PENSAMENTOS SOBRE O TEMA.ISSO É VERDADE?

Heh, heh! Isso foi uma piada. Eu realmentenão lembro o que estava fazendo quandotinha 5 anos. É bem possível que eu estivesseapenas molhando a minha cama.

No entanto, eu desenvolvi de alguma formauma obsessão com o sexo feminino, porvolta dos 7 ou 8 anos.

Não desenhei nada nessa época, só dispendi

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Alberto ruiz-diaz

Estados unidos

[email protected]

www.brandstudio.com

uma quantidade terrível de tempoobservando e admirando mulheres.

A minha obsessão não tinha nada a ver comsexo, eu só achava que suas formas eramfascinantes e eu estava intrigado com oquanto elas eram diferentes dos homens.

Eu podia sentar na minha janela por horassó para vê-las caminhando. Estavahipnotizado com o quanto elas eramgraciosas, curvilíneas e cheias de vida nessaépoca e ainda sinto da mesma forma hoje.

As mulheres são os mais belos seres criadospor Deus!

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Correto! Mesmo ainda bem novo euvisualizava professores, sacerdotes,

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Eu trabalhei com a DC Comicspor muito tempo. Não como umartista de quadrinhos, mas simcomo um designer gráfico.

A melhor parte estava em daremvários e diferentes projetos parase trabalhar neles.

COMO ERA DE SE PREVER, AQUELAS TEORIAS SOBREFÍSICA NÃO FORAM LEVADAS A SÉRIO PELACOMUNIDADE CIENTÍFICA, MAS SEUS DESENHOSDA ÉPOCA CHAMARAM A ATENÇÃO DOSPROFESSORES, CERTO?

VOCÊ CHEGOU A TRABALHAR DURANTEMUITO TEMPO COM UMA DAS GRANDESEDITORAS DE QUADRINHOS. QUAL FOI APARTE BOA DESSE PERÍODO?

Eu nunca chamei a mim mesmode ilustrador profissional.

Não trabalhei nessa área pormuito tempo, não penso emmim como um.

Eu sempre admirei muito grandesilustradores e para ser bastantesincero, no começo da minhaconfusa adolescência eu penseiem me tornar um ilustradorfamoso, mas eu não chamo o quefaço de Ilustração, pelo menosnão no sentido tradicional.

Eu uso essa palavra comoa maioria das pessoas usampapel higiênico ou sabonete.

Eu não sou apaixonado porrótulos, mas se fosse necessáriodescrever o que eu faço, acho quea palavra mais próxima seria"cartunista".

A PARTIR DAÍ, COMO SE LANÇOU COMOPROFISSIONAL DE ILUSTRAÇÃO?

Física e arte fazem parte de umacoisa muito maior para mim.

E ISSO O FEZ DESISTIR DA FÍSICA EESTUDAR ARTES?

Ter o meu trabalho avaliadoe alterado por uma comissãode marqueteiros sem talento,disfarçados de "criativos".

E A PARTE RUIM?

policiais e outras figuras de autoridadecomo mentirosos, tiranos, predadoressexuais e hipócritas.

Eu tinha muitas razões para justificara minha maneira de pensar.

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San Diego Comi-Con éenorme e é importante paramim porque os nossos livrose nosso trabalho ficamexpostos adiferentes tiposde público.

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A COMI-CON É HOJE UMA DASMAIORES FEIRAS DE QUADRINHOSDO MUNDO, ONDE VOCÊ TEMPARTICIPADO JÁ HÁ ALGUNSANOS. O QUE ELA REPRESENTAPARA VOCÊ?

Temos que fazer umadistinção entre os quadrinhosde super-heróis das grandescorporações (Marvel e DC) edo resto.

Quadrinhos corporativos sãoconchas patéticas, eles nãofazem qualquer dinheiro porqueo público é muito limitado.

Esses quadrinhos são mantidos vivossó para alimentar os negócios comfilmes e o negócio de licenciamentode personagens (brinquedos, roupas,jogos de vídeo, etc.)

Os melhores quadrinhos estão sendoproduzidos por editoresindependentes e individuais, maspoucos deles fazem uma vidadecente no meio; a maioria doscriadores de quadrinhos estãoapenas à espera de um acordopara um filme ou um acordopara um brinquedo ou umacordo para um jogo.

A maioria dos quadrinhosamericanos hoje são umadroga.

COMO VÊ HOJE O DESENVOLVIMENTODO MERCADO DE QUADRINHOS?

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Porque eu sou louco. Não sou felizquando alguém tem controle sobreo meu sustento.

Eu não sou bom em trabalhar em umambiente de equipe, eu odeio que medigam o que fazer, vindo de pessoasque desprezo.

Toda a minha vida fui me preparandopara este momento.

EM DETERMINADO MOMENTO DA SUA CARREIRA,VOCÊ DEIXOU TODO O TRABALHO DE UMA VIDA,TRABALHANDO COM A DC, PARA RECOMEÇAR DOZERO, ABRINDO A SUA PRÓPRIA EDITORA,A BRENDSTUDIO PRESS.POR QUE TOMOU ESSA DECISÃO?

Estou mais feliz e mais saudável do quenunca e menos incisivo para explosõesviolentas.

E COMO ESSA DECISÃO MUDOU A SUA VIDA?

Eu amo todos os aspectos da Pop Art:caricatura, quadrinhos, desenho depersonagem, animação, design gráfico,design de livros e direção de arte,ilustração, design, design de brinquedose jogos, mas a minha única obsessão édesenhar, esculpir e pintar mulheres.

OS SEUS TRABALHOS SÃO MARCADOS PELOSDESENHOS DE MULHERES, SEMPRE MUITO ATRAENTES.ESSA CONTINUA SENDO A SUA OBSESSÃO?

E será até o dia em que eu morrer.

E CONTINUA SENDO AINDA HOJE?

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Escultura ensina-me a desenhar o quevocê não consegue ver. Ela me ajuda aperceber e aprofundar a formas que vejona minha cabeça.

PARA CONHECER MAIS:

http://brandstudiopress.blogspot.com

http://www.brandstudio.com

http://processjunkie.blogspot.com

http://scribblettes.blogspot.com

http://signeersessies.blogspot.com

http://gusarapos.blogspot.com

A PARTIR DOS DESENHOS VOCÊ COMEÇOU ADESENVOLVER TAMBÉM A ESCULTURA. DE QUEMANEIRA ELA O AJUDA NA PERCEPÇÃO DO SEUDESENHO?

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Estou ciente de alguns ilustradores, masdevo confessar que não conheço tantoquanto eu gostaria.

POR FIM, TEM CONHECIMENTO DA PRODUÇÃO DEILUSTRAÇÃO NO BRASIL?

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iretor de arte que deixou aagência de publicidade DPZ, onde trabalhava,para se dedicar exclusivamente à ilustração,Marcelo Braga fundou, junto com mais trêsamigos, um dos mais atuantes estúdios deilustração do Brasil, a Macacolândia.

Nascido em São Carlos (SP), desenha desdecriança, influenciado pelos quadrinhos,desenhos animados e amigos, e em 2000se formou em Desenho Industrial pela Unespde Bauru (SP).

Sua entrada na DPZ aconteceu, principalmente,por causa de uma pasta cheia de rabiscos -mais do que pelo portfólio de design, que,segundo ele, passou batido na avaliação daagência.

Foi dentro da agência que descobriu que queriaser ilustrador e não diretor de arte, e daí paraa Macacolândia foi um passo.

Marcelo abre para a Revista Ilustrar sua coleçãode sketchbooks.

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MARCELO BRAGA

são paulo

[email protected]

http://diburros.blogspot.com

“Pra mim o sketchbook se tornou essencial. É importante poderdesenhar a qualquer hora e quase em qualquer lugar.

Nunca dá pra saber quando você vai ter uma ideia legalpra um personagem - ou então um personagem

pronto aparece no meio do seu almoçoe praticamente pede pra ser desenhado.

Você também pode querer anotar alguma coisa ou desenharuma casa caindo aos pedaços que tá bem

na frente do ponto de ônibus.

Dá pra carregar pra toda partee é um jeito de ter vários

desenhos num lugar só, sem apreocupação de organizar um monte

de folhas, papéis e guardanapos quede outra maneira iriam pro lixo.

Por outro lado, muita coisa quedevia ir pro lixo, também não vai.

Fica no caderninho um retratomais honesto do trabalho,para o bem e para o mal.”

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“Só o fato de você ter um sempre porperto já te garante horas de desenhoque, sem ele, não existiriam.

Como tudo na vida, desenhar é gostar epraticar, e como pra mim o sketchbooknão tem função além dessa, posso soltaro traço, testar outras técnicas, mudarminha letra, inventar uma piada, rafearuma ideiazinha, enfim, encher as páginascom o que der vontade e depois começarum novo.

Quando comecei a usar esses cadernosnão percebia algumas coisas, masconforme fui acumulando sketchbooks,comecei a notar as mudanças pelas quaismeu desenho foi passando, como foievoluindo, quais eram as influências eas bobagens que eu pensava em cadaépoca.

É um bom registro, pq você começa arelacionar outros eventos da sua vidapor aquelas páginas, onde estava quando

desenhou aquilo, comquem estava, o que estavapensando.

Todas essas experiências acabamenriquecendo muito o trabalho, a maneirade ver o traço e de pensar o desenho.”

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A “Nos meus caderninhos os temasvariam muito; costumo passarpor fases.

Tem a fase do lápis, da caneta, dosamigos, dos rafes de HQs, do desenhode observação ou até da viagem total.

Pra mim, variar é o mais interessante - seeu vejo que estou me repetindo de algumaforma, já mudo o enfoque e tento outra coisa.

Costumo até enjoar momentaneamentedos cadernos; se isso acontece continuoem outro.

É por isso que tenho alguns começadosem estágios diferentes, mas quelentamente vão ao mesmo tempose completando.

O importante pra mim é poder, dentrodos limites dessas páginas encadernadas,cultivar a liberdade de rabiscar o que quiser.”

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Todavia, quando conheceu NicoRosso, que o apresentou à EditoraContinental, começou a ganhardinheiro pelos seus trabalhos,fazendo quadrinhos de guerra eterror, passando a conviver com

ascia em 12 de fevereirode 1932 aquele que viria a seroficial da aeronáutica TenenteBenedicto Ignácio JustoSiqueira, mas que mais tardeficou conhecido apenascomo Ignácio Justo, grandeilustrador e quadrinistadedicou boa parteda vida criando histórias

e ilustrações retratandoa vida militar e a guerra.

Publicou sua primeira históriaem quadrinhos, "Aventuras de

Paulinho" (homenagem a umprimo), em 1942, pouco antes decompletar 10 anos de idade, noSuplemento Juvenil, de Adolfo Aizen.

Desde então, manteve-se, até 1959,desenhando como simples passatempo.

N

Ignácio justo

São Paulo

www.ignaciojusto.hpg.ig.com.br

artistas que, como ele, seconsagrariam: Shimamoto, Delbó,Jayme Cortez, Getúlio Delphin,Igayara, Osvaldo Talo, Maurício,Gedeone, Izomar, Colonnese, Zallae Lyrio Aragão, entre outros.

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Seu espírito guerreiro o faria, a partirde então, tentar uma malogradacampanha pela nacionalizaçãodas histórias em quadrinhos, queresultou num cisma. Na editora,permaneceram ele, Rosso e algunsdesenhistas iniciantes.

Ingressou, em 1954, na Infantaria doCPOR (Curso de Preparação de Oficiais

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da Reserva), de São Paulo, de lásaindo como tenente. Não prosseguiuna carreira militar, porém, apaixonou-se por aviação.

E em 1956 entrou para o Aeroclubede São Paulo, tendo se aprofundadonos estudos da aviação mundial –suporte para suas histórias de guerra– e feito muitos voos pelo Brasil.

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Sempre manteve nas suas históriasem quadrinhos, a despeito de quaisquergovernos, suas mensagens dehumanismo, em todos os seus traçose tramas, desde o gênero de guerraao terror.

Isso se comprova nos trabalhospublicados em todas as editoras quedesfrutaram dos seus excelentestrabalhos, como a Taika, a PanJuvenil, a Edrel e a Abril, com fartasinformações políticas, realistas edidáticas, revolucionando a narrativadas histórias em quadrinhos.

Inclusive, desenhado histórias "semquadrinhos", isto é, sem contorno nasmontagens dos quadros, fato queaconteceria com bastante frequêncianas histórias em quadrinhos modernasdos super-heróis americanos, já naera da computação gráfica.

Quando deixou de desenhar paraa Editora Taika (que sucedeu aOutubro, sucessora da Continental),em 1971, tornou-se um dos principaiscolaboradores da MeC, de Minamie Cunha, egressos da Edrel.

Foi responsável, direta ouindiretamente, pelo lançamentode dezenas de artistas, que sealimentavam, artística eculturalmente, das suas aulas noestúdio que chamava de "barraco",como: Pedro Mauro Moreno (há anos,radicado nos Estados Unidos),Salathiel de Holanda, com quem fez"Samurais" (Combate nº 30, Taika,s.data), Natanael Fuentes, José LuizPinto, Egberto Barbosa, Lincoln Ishida,Aparecido Cocolete, Wanderley Felipe,Antônio Fernandes Filho (TonyFernandes), Agenor Silva, IngoPassolde, Alcione Arauda (publicitária)e Marcos Silva (ilustrando naEspanha), entre outros.

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Com um trabalho alicerçado nos claros-escuros, nas consistentes pinceladase nos vigorosos traços, que marcariamseu estilo inconfundível, fez centenasde histórias em quadrinhos, de todosos gêneros.

Artista culto e de grande discernimento,comanda seus traços de acordo coma necessidade da obra, como nasuavidade da excelente obra sobrehistórias do Exército, Marinha eAeronáutica brasileiros, publicadono Almanaque Disney (Editora Abril,1972 a 1973), ou como nos cartunsfeitos para ilustrar piadas de revistasda Editora Edrel, em 1970, mostrando-se eclético e desenvolto, como poucos(desenhou, também, histórias desamurais, de folclore e de ficçãocientífica).

É especialista em anatomia (humanae animal), material e assuntos bélicos,desde armamentos medievais amodernos aviões de bombardeio,qualidade destacada no livro "A Técnicado Desenho", de Jayme Cortez.

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Seu trabalho foi levado a Okaido(Japão), na década de 1980, por KaiokoOgawa, tornando-se grande destaque.

Fez as mais belas e fascinantes históriasde guerra do acervo quadrinísticonacional, narrando desde as tramasmais fantásticas às mais realistas daForça Expedicionária Brasileira, nacampanha de Monte Castelo, Itália, naSegunda Guerra Mundial.

Ignácio Justo foi grande homenageadodurante a premiação do HQMix de2006, e hoje leva uma vida tranquila,fazendo pintura em telas.

Fonte:

www.ignaciojusto.hpg.ig.com.br

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RENATOALARCÃO

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Para as ilustrações deste livro useiaquarela e lápis apenas.

O desenho é, certamente, um elementode fundamental importância nestascomposições, ficando a pintura às vezesem posição secundária. Às vezes gostomais de desenhar do que de colorir.

Produzi desenhos nos locais onde estive,esquema “on the spot”, e também produziatravés de fotos que fiz.

esta vez a Revista Ilustrar irámostrar um passo a passo diferente. Não de uma

ilustração, mas o projeto de um livro inteiro.

Renato Alarcão, um dos mais prestigiadosilustradores do Brasil, publicou recentemente

um livro intitulado “36 Vistas do CristoRedentor”, uma série de ilustrações tendo comotema central a famosa estátua no Rio de Janeiro,

que aparece sempre de forma diretaou indireta nas imagens.

O livro teve como inspiração e ponto departida a famosa série de gravuras “36

Vistas do Monte Fuji”, criadas peloartista japonês Katsushika Hokusai

por volta de 1830, mas asimagens foram transportadaspara a realidade atual do Rio.

Alarcão também fala doprocesso de criação e de pesquisa

até chegar no resultado final do livro.

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Renato alarcão

rio de janeiro

[email protected]

www.renatoalarcao.com.br

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O processo de criação destas aquarelassobre o Redentor aproximou-me doregistro plein air, e mesmo da dinâmicado fotojornalismo, quando somosdesafiados a sair a campo e registraro mundo tal qual ele se apresenta diantedos nossos olhos.

Apresento algumas ilustrações dolivro na forma de desenhos linearesem tonalidades castanhas, em buscade um contraponto com outras artesonde há a presença de cores intensase os volumes são mais trabalhados.

O convite para ilustrar um livrocom 36 vistas do Cristo Redentorchegou a mim como uma grandesurpresa.

A editora Casa 21 já havia publicadouma série com belos livrosilustrados sobre diversas cidadesbrasileiras, e, dentre o rol de artistascom quem haviam trabalhadoestavam profissionais pelos quaiseu tenho profunda admiração, comoo italiano Mattotti, o francês Jano,o argentino Nine e também colegasbrasileiros de talento excepcionalcomo Lélis, Guazelli e MarceloQuintanilha.

Fazer parte deste time foi umagrande honra e também umaresponsabilidade que pesou muitodurante os meses de trabalho queeste projeto exigiu de mim.

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A regra primordial foi buscar qualquerCristo, menos o do cartão postal.

Para isso cheguei a subir nosguindastes abandonados do cais doporto, só para chegar até a cabine esentar-me na cadeira do operador paradali ver o Cristo Redentor na paisagem.

Ao longo deste projeto muitas vezesme perguntei, “até que distância aindaé possível ver o Cristo Redentorpaisagem? Que pessoas, quepersonagens vivem sob seu olhar?Que janelas o emolduram?”

O enquadramento e os temasbuscam de alguma maneiraestabelecer um diálogo com oobservador, levá-lo a locaisdesconhecidos do Rio de Janeiro,mostrar maneiras novas deobservar lugares familiares, ouentão, simplesmente estimularalguns voos da imaginação.

O projeto “36 Vistas do CristoRedentor” parte de antecedenteshistóricos pelo mundo afora, ondeartistas diversos sentiram-seatraídos por algum elemento dapaisagem e fizeram dele o temacentral de uma série de imagens.

Atraído pela força mágica e simbólicado Monte Fuji, o artista japonêsKatsushika Hokusai (1760-1849) foi quem mais se destacou na tarefade representá-lo graficamente, tendocriado duas maravilhosas séries dexilogravuras sobre a montanha.

A primeira, “36 Vistas do Monte Fuji”,que na verdade reunia 46 imagens,foi inteiramente realizada em cores,e dela fazia parte a famosa gravura“A Grande Onda”.

A segunda, “100 vistas doMonte Fuji”, foi apresentada numacoleção de três livros ilustrados,produzida inteiramente em tonsde preto e cinza.

Desenhar o Cristo envolveu um longotempo de pesquisa, no qual foram feitasdiversas incursões na paisagem cariocaem busca de ângulos e temasinteressantes.

Nestes passeios onde tive o Redentorcomo bússola, foram produzidasperto de 2000 fotografias, diversosvídeos de curta duração, esboços eaquarelas, enfim toda uma pesquisaque resultou em um material muitorico visualmente.

Tive também a valiosa oportunidadede ir a locais e conhecer pessoasque, de outra forma, não conseguiria.

“A Grande Onda”, Katsushika Hokusai

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O tema do meu projeto de conclusão de curso foi um ensaiovisual ilustrado sobre a cidade do Rio de Janeiro.

Aos vinte e poucos anos eu me vi percorrendoruas em que jamais havia pisado antes, praçase muitos locais recônditos da cidade.

Foi lá que descobri os personagensdo meu projeto, por ondetransitavam, onde dormiam,que conversavam, como viviam.

Ao subir e descer favelas,desenhar, fotografar econversar com pessoas,estava em busca de maishistórias, já compreendendoque o texto é a própria costelade onde nasce a ilustração.

Foram visitas a barracos no topode favelas, de onde pude desfrutarde panoramas privilegiados;passeios na cabine das modernasbarcas que trafegam na Baía deGuanabara, e mesmo a belezasilenciosa do cemitério São João Batista,onde repousam brasileiros notáveiscomo Carmem Miranda, FranciscoAlves, Santos Dumont e Tom Jobim.

“36 Vistas do Cristo Redentor” é a voltacompleta de um círculo cujo traçadoiniciei por volta do ano de 1994.

Na época, eu era um jovemestudante de design gráfico, já emvia de me formar pela Escola deBelas Artes da UFRJ.

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CONCURSOCAPA ILUSTRAR

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FERNANDO MOSCA

são paulo

[email protected]

www.oldblackgallery.com

1º lugar

“Inspirar-se em Mucha, eu acredito que é umadas coisas mais fáceis - basta olhar para qualqueruma de suas obras e inspiração não falta.

Agora escolher Alphonse Mucha para ser o panode fundo desse projeto, isso sim tem umaexplicação: conversando com um amigo, meassustei com o tamanho entusiasmo com que elefalava de um desses novos virais da internet queacabara de bater na porta de seu endereçoeletrônico.

Eram as obras de um ilustrador que, segundoesse meu “brother”, conseguia um valor afetivo,um saudosismo de uma época em que nãovivenciamos... blábláblá ... mas o que mais mechamou a atenção foi que ao descobrir de quemse tratava eu vi que estava tendo um mal-entendido.

Esse amigo pensou que realmente Mucha eracontemporâneo, um ilustrador atual que buscaem sua técnica mais purista, uma volta aoselementos naturais de ilustração do passado.

Expliquei que o “ilustrador”, como ele falou,viveu entre o final de 1800 e o início do séculopassado; falei também que ele pode serconsiderado o avô das pinups - e diante da cara

de “putz, que viagem” me caiu a ficha de queele tinha uma certa razão.

Alphose Mucha é moderno pra caramba, oilustrador hoje parece ter se cansado de todasaquelas ferramentas tecnológicas, ou melhor, aaparência de ter usado determinada ferramenta,e percorre o caminho inverso atrás de mestrese dicas nas entrelinhas de seus trabalhos.

Então surgiu esse concurso - e trabalhar comMucha tinha tudo a ver com essa proposta, alémde se tratar de um grande mestre, grandessíssimomestre, tem também essa minha vontade debuscar técnicas e referências diferentes de tudoaquilo que já experimentei.

A “Calliope Le Muse”, como chamei esse desenho,é tudo isso, a ideia de ter uma musa para inspiraros desenhistas e uma homenagem ao mestreque inspira tantos com suas artes.

A revista Ilustrar para mim sempre sintetizouisso, se as musas são estímulos visuais que nosdespertam a vontade de desenhar cada vez mais,a revista além de prestar uma homenagem aquem tem mestria, também causa esse impulsode me fazer correr para a prancheta depois decada edição”.

hegou ao fim o primeiro concursopromovido pela Revista Ilustrar com o apoioda Wacom, onde o vencedor tem a suailustração publicada na capa desta edição,assim como também ganha uma novíssimatablet Wacom Intuos 4.

O vencedor deste primeiro concurso foi oilustrador e diretor de arte Fernando Mosca,com um trabalho que conseguiu reunirtodas as qualidades que uma ilustraçãodeve ter: não só um desenho produzidoe pensado dentro do tema proposto, mas

também com cuidado no projeto gráfico,prevendo a sua utilização final.

A proposta de Fernando Moscaenvolve todo o universo deAlphonse Mucha, um dos maiores

expoentes da Art Nouveau.

Mosca fala um pouco sobre comodesenvolveu o seu trabalho.

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Leandro Substance Felipe Duarte Victor Marcello Toco / DR2

Elias Silveira Rodrigo Windt Edson Lovatto Thiago Soares Ribeiro

os selecionados

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Newton Coutinho Jeucken Greg Medeiros Caio Majado

Mathias Townsend Elias Silveira Antonio Ezequiel Walter Junior

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Julia MM Carlos Rocha Eldes Fernanda Chiella

Carlos Caminha Tharcizio Olivenbaum Adriano Ambrosio Julio Brilha

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CONCURSO ILUSTRARTE

90 ANOS DA BAUHAUS

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70 ANOS SEM MUCHA

No dia 14 de julho se comemora os 70anos da morte de Alphonse Mucha,artista checo nascido em Ivancice.

Prolífico, foi pintor, escultor, designer,joalheiro e ilustrador brilhante, sendoum dos mais destacados artistas domovimento Art Nouveau, graças aoextremo bom gosto e elegância nacomposição de seus trabalhos edelicadeza nas linhas e figuras.

Como ilustrador se destacam emespecial seus trabalhos para os diversosposters dos espetáculos da atriz francesaSarah Berhnardt.

www.muchafoundation.org

www.mucha.cz

www.museumsyndicate.com/artist.php?artist=192

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14 anos, deixou marcas profundas,influenciando diversos artistas,escolas e países.

Depois de várias perseguições, a escolafundada pelo arquiteto Walter Gropiusfoi encerrada no auge do regime nazistaem 1933, por ter sido considerada umafrente comunista.

http://tinyurl.com/cdhw7a

No mês de Abril a Rede Globo deTelevisão produziu através do seuprograma “Arquivo N” um excelentedocumentário sobre a Bauhaus, e essedocumentario está agora disponívelna íntegra na internet.

Neste ano de 2009 a famosa escola dearte, arquitetura e design de vanguardaalemã completa 90 anos de fundação,e apesar de ter existido por somente

Portugal tem realizado com sucesso aimportante Bienal Internacional deIlustração para a Infância - ILUSTRARTE,e as candidaturas para a Bienal deste

ano já estão abertas. Imperdível, tantopara participar quanto para visitar:

www.ilustrarte.net/PT/ilustrarte09.htm

Page 43: Revista Ilustrar 11

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• GUIA DO ILUSTRADOR - Guia de Orientação Profissional

• ILUSTRAGRUPO - Fórum de Ilustradores do Brasil

• SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil

• ACB / HQMIX - Associação dos Cartunistas do Brasil / Troféu HQMIX

• UNIC - União Nacional dos Ilustradores Científicos

• ABIPRO - Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais

• AEILIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil

• ADG / Brasil - Associação dos Designers Gráficos / Brasil

• ABRAWEB - Associação Brasileira de Web Designers

• CCSP - Clube de Criação de São Paulo

www.guiadoilustrador.com.br

http://br.groups.yahoo.com/group/ilustragrupo

www.sib.org.br

www.hqmix.com.br

http://ilustracaocientifica.multiply.com

http://abipro.org

www.aeilij.org.br

www.adg.org.br

www.abraweb.com.br

Aqui encontrará o contato da maior parte das agências de publicidadede São Paulo, além de muita notícia sobre publicidade.www.ccsp.com.br