Revista Ilustrar 05

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Nesta Edição: Zé Otávio, Drew Struzan, Benício, J. Carlos, Cárcamo e Rubens Ewald Filho

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desenho, pintura, ilustração

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Nesta Edição:Zé Otávio, Drew Struzan,Benício, J. Carlos, Cárcamoe Rubens Ewald Filho

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Revista Ilustrar agora mudou de data, epassa a sair sempre no dia 1... mais fácil de se lembrar.E sempre dia 1 dos meses ímpares: Janeiro, Março, Maio...etc. Não podia haver melhor maneira de começar o mês.

E neste mês temos, como de costume, somente biscoito fino,entrevistas exclusivas e convidados de primeira... e um certoclima de cinema no ar.

Na seção Portfolio temos o iniciante Zé Otávio, mostrandoque talento não tem idade, e, no Step by Step,o grande aquarelista Cárcamo.

No Sketchbook temos algo que pouca gente conhece,os esboços de um dos maiores ilustradores brasileiros,

Benício, que também produziu muitos pôsters decinema.

Na seção Internacional, o também ilustrador de pôstersde cinema Drew Struzan, um dos mais conhecidos domundo, autor dos pôsters de Indiana Jones, entre outros.Aliás, deixou para a revista um Indiana com dedicatória...

E para fechar o clima de cinema, nada melhor que um dos maisprestigiados críticos de cinema do Brasil, Rubens Ewald Filho,falando exatamente sobre pôsters, nas “15 Perguntas”.

Dia 1 de setembro tem mais...

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DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ARTE-FINAL: Ricardo Antunes [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Ricardo Antunes - [email protected]

REDAÇÃO: Ricardo Antunes - [email protected]

REVISÃO:

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Drew Struzan - [email protected]

PUBLICIDADE: [email protected]

DIREITOS DE REPRODUÇÃO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada,postada, distribuída e divulgada livremente, desde que seja na íntegra, gratuitamente,sem qualquer alteração, edição, revisão ou cortes, juntamente com os créditosaos autores e co-autores.Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seção.

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• EDITORIAL ......................................................................... 2

• PORTFOLIO: Zé Otávio ........................................................ 4

• INTERNACIONAL: Drew Struzan ....................................... 13

• SKETCHBOOK: Benício ..................................................... 24

• MEMÓRIA: J. Carlos ............................................................ 33

• STEP BY STEP: Cárcamo .................................................... 42

• 15 PERGUNTAS PARA: Rubens Ewald Filho ....................... 50

• CURTAS ............................................................................... 58

• LINKS DE IMPORTÂNCIA ............................................ 60

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Jal (J. Carlos) - [email protected] Sobral (J. Carlos) - [email protected] Dias de Alencar (J. Carlos) - [email protected] Shuman (divulgação) - [email protected]

Neno Dutra - [email protected] Machado - [email protected] Jansen - [email protected]

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a cidade de Olímpia,interior de São Paulo, o jovem ZéOtávio visitou pela primeira veza cidade grande aos 11 anos deidade. Paixão imediata.

Aos 18, muda-se para São Paulo,movido pela emoção com aspessoas, com os grafites e coma madrugada paulistana.

E a segunda paixão foram asrevistas, em especial o designde algumas delas, como a Simplese a Trip.

Daí para o curso de Design Gráficofoi um passo, onde trabalhouem várias áreas, até chegar aassistente do ilustrador e animadorCéu D’Ellia.

E a dedicação ao desenho se firmoude vez, focando seu trabalho comoilustrador para as grandes editorasdo país.

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Sou formado em Design Gráfico pelo CentroUniversitário Belas Artes de São Paulo.

Lá, fiz um ano e meio de modelo vivo como professor e artista plástico José Paulode Latorre e dois anos de metodologiabidimensional e ilustração, com o professore ilustrador Luis Bagno.

Fiz alguns cursos extras de fotografia;

o mais bacana foi o de processos artesanaisde revelação, com o biólogo e fotógrafoEugênio Frediani.

Estudei desenho por um ano com o BrückeCaribé, na Quanta Academia de Artes.

E trabalhei um ano e três meses com oCéu D’Ellia - considero esse período comouma faculdade a mais, em termosprofissionais.

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A leitura torna as palavras sobre osdesenhos mais fortes e mais precisascom o passar do tempo.

E também nutre a formação deuma idéia.

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O livro que mais me influenciou a desenhare ao mesmo tempo escrever nos desenhosfoi o “Curva de Rio Sujo” do Joca ReinersTerron.

Ele meio que faz uma trajetória de suaprópria vida, que vai de Cuiabá, passa pelointerior paulista e chega até Sampa.

Pra mim é como fechar os olhos e lembrarde todas as aventuras, traumas, alegrias,

Este livro me despertou e me pôs a cabeçano lugar. Talvez tenha desorganizado elade vez... Não sei.

O que sei é que alguns desenhos maisíntimos saíram dali. Quem sabe um diafaço uma homenagem fiel ao livro.

tristezas, sonhos... de quando era criança.Depois adolescente; depois com 18 anos,chegando em São Paulo.

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ode ser que você nuncatenha ouvido falar em Drew Struzan,mas com certeza cansou de ver ostrabalhos dele.

Qualquer pessoa que já tenha ido aocinema acabou esbarrando em umdos seus inúmeros pôsters, emqualquer lugar do planeta.

Quem é que nunca viu os pôsters dasérie Guerra nas Estrelas, IndianaJones, Hellboy, De Volta Para o Futuro,Harry Potter, Rambo e muitos outros?

Sem falar nos trabalhos parapublicidade e TV... são mais de 30anos de carreira como ilustrador,partilhados aqui numa rápidaentrevista exclusiva,feita por e-mail.

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A técnica não é tão importante comoa mensagem e o meio. Eu me mantenhono meio clássico: eu pinto.

Me agarro aos valores clássicos da arte, paraembelezar, inspirar, celebrar e para encorajar.

Eu pinto a partir do espírito para alcançaro espírito dos meus colegas.

Técnicas? Eu desenho, depois pinto e adicionodetalhes com mais desenho. Mas, você sabe:como um artista pinta não é tão importantequanto o porquê de ele pintar.

Qualquer um pode aprender a desenhar.Qualquer pessoa pode ser ensinada a pintar.

Você pode ensinar criatividade, visão,a experiência do saber. Mas o que não se podeensinar é o coração do artista.

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O espírito da arte tem que viver nocoração do artista. A técnica está no coraçãode quem faz.

É trazida para a ação através do cérebro;para fora da mão através do pincele do ato de pintar para a folha em branco.

Onde está a técnica se ela não começana alma do artista?

E não, eu não faço meu trabalhono computador.

Não é uma questão para mim. Não possofalar pelos outros.Para mim, não há competição.

Pintura tradicional ou computador: sãosomente ferramentas. Se a arte pode serfeita com outros meios, então que seja assime que seja mais para todos nós.

Eu por acaso gosto de pintar à mão;um método natural e intuitivo para criar.

Aqui estou eu, escrevendo num computadorpara esta entrevista. Isso é bom, no sentidoque eu não conseguiria chegar a este públicose não fosse o computador.

Esta era digital tem me conectado com outraspessoas ao redor do mundo; pessoas queeu nunca conheceria senão pelo computador,pela internet.

Por causa desta conexão, eu sou constantementerelembrado de que a Terra está cheia de pessoassimpáticas e carinhosas.

Por isso, mesmo raramente saindo do meuestúdio, eu acredito que a arte tem um bom epoderoso lugar no mundo. E o computador meabriu as portas para um mundo de apreciação.

Os artistas são os pioneiros da criatividade,e são aqueles que apontaram o caminhopara um mundo melhor e mais gentil.

O computador pode fazer imagens, ou umartista, usando um computador, poderiafazer arte. A pintura é o meu meio.

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Não é paixão, não é escolha. Eu tambémfaço capas de livros, selos, capas de discos,entre muitos outros projetos.

O cinema se tornou o cliente predominantedo meu trabalho por circunstância e nãopor escolha.

É claro que há muitas razões especiais empintar para a indústria do cinema. Por causada distribuição mundial e em larga escalado meu trabalho, mais pessoas no mundovêem o que eu faço.

Os pôsters de cinema são onipresentes. Istofaz dos pôsters de cinema um trabalhodesejável para muitos ilustradores. Sabemosque quando o nosso trabalho é visto, essaé a melhor publicidade que podemos ter.

Tenho a benção de ter o meu trabalho vistopor muitas pessoas, em vários países, aomesmo tempo - coisa que eu jamais poderiaimaginar, em tempos passados.

É claro que os filmes são o lugar onde muitossonhadores se encontram. É uma fábrica desonhos.

Escritores, diretores, atores, todos os tiposde artistas se encontram para tornar o sonhorealidade.

Eu posso estar mais abaixo nessa cadeia,mas fazer parte desta comunidade criativaé o sonho realizado para um artista criativo.

A maioria dos artistas de pôsters mudou parao computador - e isso faz com que eu mesinta como um dinossauro, o último da minhageração.

Mas eu vou me agüentar, aqui, até o final,porque sei que o público ainda está famintode arte nos seus pôsters de cinema.

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Sabemos que não há um Deus dos estúdiosde cinema, ou da publicidade do cinema.

Todo distribuidor de filmes, seja ele estúdioou independente, toma suas próprias decisõese faz suas escolhas de acordo com as suaspropostas e quem vão contratar.

Eu não vejo tendência em conceito ou design.Há muitas escolhas de caminhos e conteúdos,e, qualquer pessoa, diretores de arte eexecutivos, tem suas próprias opiniões e gostos.

Assim é a vida, assim é a humanidade,esta é a nossa liberdade de escolhae a benção da diferença e variedade.

Eu me sinto feliz pelos poucos que aindame contratam para fazer arte. O espaçopara a oportunidade e para os ilustradoresdiminuiu. Não é uma conspiração, massomente o resultado das escolhas.

Tal como as pessoas mudam ou semovimentam, o mesmo acontece nocenário das indústrias.

Todos nós, da indústria, estamosinteressados e assistindo, para ver o queacontece e para onde isso irá.

Os designers de pôsters são somenteum sintoma de algo mais envolvente.

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Tudo passa, como costumo dizer. Nãoconsigo prever o futuro e a minhaopinião não vai alterar aquilo que será.

No entanto, eu sou essencialmente oúnico que sobrou fazendo este trabalho.Os jovens executivos dos estúdios sevoltaram para os computadores.

É isso que eles entendem. Ilustraçãojá não faz parte do vocabulário,formação ou experiência da maioriadeles. Não me admira que, ao chegarum trabalho, eles simplesmente nãopensem em ilustração.

Se as pessoas não pensam emilustração, então ela está morta?Não é o público, não são os fãs ou osartistas que se esqueceram ouperderam seu desejo pela arte; o queocorre é que os que estão no podernão pensam nessa direção.

Eu sempre imagino o que chegaráao seu fim primeiro: eu ou o mundo?

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Como já mencionei antes, é uma sensaçãofantástica estar em contato com o mundo.

Eu coloquei um programa de trackingno meu site, recentemente. E já na primeirasemana, eu tive visitas de 91 países.

Eu recebo e-mails todos os dias, de lugaresem que nunca estive.

As pessoas são muito generosase simpáticas quando escrevem apenaspara me falar do seu amor e apreciaçãopelo meu humilde trabalho.

Às vezes até se dão ao trabalho de meescrever em inglês.

Geralmente num inglês imperfeito, masé o coração delas que sempre fica, quepredomina. É verdadeiramenteimpressionante, na maioria das vezes.

E também nos desperta. Como eu poderiasaber que esse trabalho, estes pôsters,são tão amados por tanta gente?

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Eu tenho um sonho muito particular: quede alguma maneira, um dia a arte irá tornaro mundo mais claro e mais feliz, generosoe mais bonito…

Acho que é uma grande e inestimávelbenção saber que a vida de alguns tem sidoo benefício de outros. A internet trouxe à luza vida secreta das minhas pinturas.

O que há por trás de tais comentários?Não há nada por trás deles!

Estes homens são certeiros; eles dizemo que querem dizer.

Esse é o tipo de expressão sincera depessoas agradáveis.

Como eu me sinto? Quem não se sentiriaprofundamente honrado por estes homensdizerem qualquer coisa sobre você? Paranão dizer o quanto generosos eles sãocom seus comentários.

Eu adoro ambos; são espetaculares,grandes criadores e boas pessoas.

Eu não tinha idéia de quanta gente tem sidoprofundamente influenciada pelo meu trabalho.

Fico feliz que isso tenha acontecido; queeu tenha sabido disso. Um artista pintapara chegar às pessoas. Um artista precisater o seu trabalho visto para alcançaro seu objetivo.

Se o seu trabalho está mesmo comunicando,mudando vidas, encorajando e inspirando outros,esse artista fez o seu trabalho por completo.

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Eu olho para o meu coração e sei o quesinto… Meu herói é o Deus Todo-Poderosoe o seu acusador é o meu vilão… Satã, oDiabo.

Qualquer um que escolha estar ao ladode Deus está comigo e qualquer um queesteja contra Deus é um vilão para mim.

É claro que eu nunca pintei meu Herói

Eu não tenho fronteiras. Os artistas nãofazem divisões entre eles. Todos os artistasque conheço na internet falam comigo comoamigos e como irmãos e parece que nãotemos separações entre nós.

Desejo a todos tudo de bom e agradeçopela paciência comigo.

ou o seu opositor, já que nunca os vi, mastenho visto os seus trabalhos e é isto queeu tenho sempre pintado.

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io m dos mais conhecidos ecelebrados ilustradores do Brasil,

Benício tem um trabalho muitodivulgado e bastante apreciado.

Apesar disso, são bem poucos osque viram os seus esboços e

ensaios, material onde eledemonstra a mesma atençãode sempre aos detalhes e um

talento enorme parao desenho.

O material que Benícioforneceu para a revistaIlustrar são os esboços

preliminares para ailustração “Bodas de Canaã”,

que aparece, finalizada,na última página

da matéria.

E ele também falasobre a importância

do sketchbooke dos esboços.

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“Acho fundamental o sketchbook,principalmente quando o desenhistaainda está em formação.

Para quem quer desenhar a figurahumana, então, é indispensável. Sódesenhando muito modelo vivo,

sem preocupação de acabamento,mas prestando muita atenção aomovimento da figura e ao panejamento(estudo dos tecidos e seus efeitos sobreo corpo), para adquirir o automatismoda percepção da terceira dimensãonas formas humanas.”

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“É na fase do esboço deuma ilustração que você

dá vasão, realmente, à suaimaginação, dando forma(visual) concreta ao seu

pensamento.

É no esboço que definotodas as intenções do que

pretendo para a minhailustração.”

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écadas de 1920/1930.

O que acontece quando um ilustrador detalento cresce no auge do movimento ArtDéco e absorve muito de sua influência?

O resultado é um artista de traçoelegante, marcante e único. E ele é

José Carlos de Brito e Cunha, ousimplesmente J. Carlos, consideradoum dos maiores cartunistas do Brasil.

Nascido em 18 de junho de 1884,J. Carlos trabalhou muito, ampliando

a sua atuação como artista.

Além de cartunista, foi tambémilustrador, chargista, quadrinista,

designer gráfico (um dosmaiores da época), dirigiurevistas, fez esculturas, foiautor de teatro de revista

e letrista de samba.

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Mas foi sem dúvida como desenhista, comseu estilo bastante característico e traçoelegantíssimo, que J. Carlos acabou sedestacando, além de ter deixado para ahistória uma personagem que continuano imaginário de todos até hoje.

Qual mulher nunca quis se fantasiar demelindrosa, alguma vez, no carnaval?

Apesar de parecer absolutamente comum,nunca ninguém questionou o nome"melindrosa"... aquela mulher dos anos20, com chapéu e vestido típicos, todasensual, elegante e independente.

E, para a época, sinônimo de mulhermoderna, urbana.

Essa é uma das muitas criações geniaisde J. Carlos, captando de forma únicapersonagens do dia a dia, em especial dopovo do Rio de Janeiro, sua cidade natal,com seus sambistas, foliões e carnaval,além dos políticos da época.

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Seu primeiro trabalho foi publicado narevista "Tagarela", em 1902: um

desenho com uma legenda explicandoque aquele era um trabalho deprincipiante; mas logo passou aser colaborador freqüente, e já noano seguinte desenhava a capada revista.

Com um rápido crescimentoprofissional, trabalhou com todasas grandes revistas da época: O

Malho, O Tico-Tico, Fon-Fon, ACigarra, Vida Moderna, Revista da

Semana, O Cruzeiro, e muitas outras,mas foi à revista Careta que mais se

dedicou, durante a vida.

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Em 1941 Walt Disney vem para o Brasilpara divulgar o filme “Fantasia”, e entre as

várias homenagens, houve um almoço,oferecido pelo Ministério das Relações

Exteriores do Brasil, em que foramconvidadas grandes personalidades e

artistas, entre elas J. Carlos.

Disney fez questão de sentar-se ao seulado, fazendo o convite para trabalhar em

seus estúdios... que foi recusado.

J. Carlos amava o Rio, e poucas vezes saiuda cidade, mas mandou para Disney umailustração sua... um papagaio, de chapéu

e paletó, charuto e jeitão carioca, de malasprontas para os Estados Unidos.

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Disney agarra a idéia, faz uma adaptaçãoe surge o Zé Carioca.

Além de ter atuado de forma brilhanteem várias áreas, J. Carlos também foium artista dedicado. Calcula-se que tenhaproduzido mais de cem mil ilustrações.

E para alguém que trabalhava tantoe com tanto amor, nada mais naturalque ser vítima do trabalho.

Em 1950 teve uma hemorragia cerebral,quando trabalhava na sua prancheta, aolado do compositor João de Barro, oBraguinha, durante a concepção de umailustração para a capa de seu próximodisco.

Faleceu 3 dias depois, aos 66 anos deidade, 50 anos de profissão e centenasde personagens marcantes.

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Graças ao patrocínio do ProgramaPetrobras Cultural, foram digitalizadas,em alta definição, nove anos de duas daspublicações mais importantes no cenárionacional da época: O Malho e a Para Todos- entre 1922 e 1930, períodono qual foram dirigidas por J. Carlos.

Eduardo Augusto de Brito e Cunha, filhode J. Carlos, cedeu os exemplares paraa digitalização em alta definição - que,ao final, foi doada à Biblioteca Nacional.

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Todo o material, excepcional, estádisponível para consulta pública nosite dedicado a J. Carlos - J. CARLOSEM REVISTA, mostrando o seu trabalhocomo editor:

www.jotacarlos.org

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ascido na cidade de Los Ángeles, no sul doChile, Gonzalo Cárcamo chegou ao Brasil em 1976, apenaspara concluir a facudade de arquitetura, e nunca mais saiu.

A não ser por alguns anos, na década de 80, quandomorou e trabalhou na Espanha; mas logo retornou,pelas mãos do grande artista gráfico Miran e suagenial revista “Gráfica”, onde Cárcamo chegou afazer uma capa.

Ilustrador e caricaturista, Cárcamo ganhouvários prêmios; o mais recente deles, pelo

livro “Thapa Kunturi”.

O gosto pelailustração infantil o

levou a escrevertambémalguns livros,além dese dedicarà pinturae às aulas emseu ateliê emSão Paulo.

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“Para entrar no clima da história que vouilustrar, faço uma série de estudosa lápis, em pequeno formato.

Gosto de compor as páginas numa escalaem que eu me sinta confortável,rabiscando; nesta fase não tenho aintenção de definir o resultado final,

apenas a distribuição dos elementosque vão fazer parte desta ilustração.É um pré-aquecimento.

Estas linhas preliminares me mostramalgumas possibilidades... escolhoalgumas e faço uma mancha nopapel para sentir se está no caminhoque vou seguir.”

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“Na segunda etapa, faço algumasmanchas em aquarela, que mostram seé um caminho que posso seguir ou sedevo tentar novamente.

É a etapa de produção que mais meagrada: estudar personagens, gestos,vestimentas, ambientação do livro.Depois é observar detalhes nafinalização.”

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“Na etapa final,seguindo o últimoesboço, reproduzoo desenho,levemente, comlápis sobre papel deaquarela 300 g e100% algodão(neste caso, papelmatizado).”

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“Aqui, outra sequência...começando novamente peloestudo, seguindo a manchade layout...”

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“... e, aqui,o esboço definitivoe a finalização, com aquarela.”

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onsiderado o maiore mais respeitado crítico de cinema

do Brasil, Rubens Ewald Filho temem sua bagagem mais de 25 mil filmes

já assistidos e comentados;uma enormidade.

Sem falar nos comentários da entregado Oscar, onde já participa há anos,além de vários livros publicados sobre

cinema, tidos como as melhoresreferências, em português,

sobre a sétima arte.

E como falar de cinema é falar tambémdos pôsters de cinema, Rubens Ewald

Filho compartilha com a RevistaIlustrar toda a sua experiência, falando

um pouco sobre a sua vida e sobreos pôsters que passaram pelas suas

mãos durante todos esses anos depaixão pelo cinema.

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De criança, em Santos (São Paulo),como resposta à repressão familiar, jáque tudo era proibido.

Vivia sozinho, sem irmãos ou amigos, eo cinema era minha válvula de escape.

Era meio “A Rosa Púrpura do Cairo”misturado com “História sem Fim”, ocinema era minha droga; virou paixão,depois hobby, depois profissão.

Lembro de quando era criança,colecionando e guardando os recortes dosjornais e brincando de dono de cinema...hehehe... com os pequenos anúncios dosjornais...

O pôster é coisa mais recente, quandocomecei a viajar para a Europa e tiveacesso aos pôsters de grande qualidadeartística também...

Comprei livros sobre o tema; tudo issome encantou e conquistou.

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Foi na matinê “Baby” de Santos, às dezda manhã, no Cine Atlântico, hojedemolido, com o filme “Tarzan e asSereias”, com Johnny Weissmuller.

Como disse, eu ficava intrigado com osanúncios do jornal; corria atrás daquiloque ia passar, indo até as salas (nãoesqueça que era interior e os filmesatrasavam - e, às vezes, nem chegavam).

Mas havia um cinema que passava apenasos filmes da Fox, o Independência, tambémteatro... Então me parece que foram osfilmes da Fox, quando começou com oCinemascope... Como toda criança, a telagrande me conquistou...

Esses e os da Metro - no caso, “Mogambo”,com minha atriz favorita, de então,Ava Gardner... e “Como Agarrar umMilionário”, com Marilyn...

Isso é coisa de artista europeu, que tevea liberdade de criar... ou seja, não precisavavender o filme da maneira convencionalmas podia inventar em cima deles.

Tenho um lindo pôster francês de Bergman(”Morangos Silvestres”) e os francesestambém usam um tamanho maior que oamericano.

Sempre me interessou também a arte domarketing de vender um filme, apesar dosnomes que obrigatoriamente têm queaparecer no cartaz.

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Tenho “Oito e Meio” original, tenhovários de filmes da Debbie Reynolds,tenho os da Broadway com a capinhado Playbill.

Mas o meu favorito mesmo é o de“Ludwig”, que é o mais bonito queeu conheço...

Há um belo livro a respeito. Tenteifazer, com a cinemateca, livros arespeito, para a coleção “Aplauso”,mas esbarramos no problema dedireitos autorais, já que não sesabe quem são os donos, etc. e tal.

E adorava os do Benício... hehe... vejosempre o cinema nacional com olhosnostálgicos.

Gosto muito, em particular osestilizados, com design minimalista,sim... embora não seja especial fãde quadrinhos.

Acho a influência deles, no design,benéfica porque a graphic novelevoluiu muito.

Hoje é arte mesmo.

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Não tenho preconceito, nem de umjeito, nem de outro.

Prefiro quando recriam e não ficampresos aos ditames do que vende, doque promove, do que ajuda o filme,mas quando vale o pôster por si só.

Acho que sim, embora, por acaso, eunão os tenho em casa, com medo talvezde ficar parecendo com locadora...hehehe

Os pôsters dos novos filmes do “Batman”por exemplo... aliás, os do Tim Burtontambém eram legais e inovadores.

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Lembro agora que, quando era diretorda HBO, eu pedi que em toda chamadade filme tivesse o pôster do filme, porqueàs vezes não guardava o nome do filme,mas lembrava do visual do pôster,que eu achava que era a marcaregistrada dele.

Sabe que eu sinto falta dos outdoorsna cidade? Era uma paisagem visualque me enriquecia.

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Está difícil lembrar... Só por curiosidade,o último pôster que eu pedi a umadistribuidora foi aquele americano, e não o deexportação, de “Truman Show”, que eu tinhaachado original e bacana.

Também comprei alguns na França, onde elessão vendidos até em supermercados.

Acabo de checar e confirmo: comoenriquece a ilustração um pôster...eles falam por si, né?

Me admira que Hollywood invista numartista... hehehe... bom sinal e raro.

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Já tinha dito que adoro e tenho o livrodele...

Conhecia bem, e o fato de ele fazerfilmes comerciais pode ter prejudicadosua reputação... coisa de brasileirobobo...

Continuo a achar ótimo o que ele faz.Sou fã.

Alguns não têm nada a ver, não são arte,nem comércio (lembro agora do “Corpo”,que saiu agora e que não é nada; o pôsterde “Não por Acaso”...).

Não sinto a presença de nenhum novo grandecriador...

Ao menos nenhum deles me levou a quererter um pôster nacional recentemente.

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Já está no ar, desde o dia 16 dejunho, a 5ª edição do IlustraBrasil!, o maior e mais importanteevento sobre ilustração do Brasil.

Organizado pela SIB -Sociedade dos Ilustradoresdo Brasil, terá exposições,workshops, bate-papos e muitailustração de primeira.

Imperdível.

De 16/06 a 31/11 de 2008

www.ilustrabrasil.com.br

A parente argentina da Revista Ilustrarestá na edição nº 15.

A Revista Sacapuntas tem nestenúmero a participação de Sergio Sergi,John Forte e Augustin Gomila. Show!

www.a-d-a.com.ar/sacapuntas.php

A empresa italiana HAL9000 criouum processo de produção deimagens em altíssima resolução,captando detalhes surpreendentes.

As imagens disponíveis ainda sãobem poucas, mas valem a pena:

www.haltadefinizione.com

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No dia 5 de maio deste ano, a BMWterminou um protótipo de um novo carro,e, no dia 10 de junho, foi exposto aopúblico, no Museu BMW. Foi a apresentaçãodo novo BMW GINA.

O design do carro é algo tão revolucionárioque parece ter saído de um filme de ficçãocientífica, utilizando materiais flexíveis ecom transparência, fazendo com quepraticamente o carro todo não tenhaemendas, incluindo nas portas.

E em alguns momentos passa a ilusão(e só ilusão mesmo) de que é feito demetal, digamos, maleável. Eu quero!

www.youtube.com/watch?v=kTYiEkQYhWY

www.bmw-web.tv/en/channel/new

Para quem assistiu o filme Guerra nasEstrelas, capítulo III: A Vingança dosSiths, viu lá uma moto de uma roda só,ou monowheel, pilotada pelopersonagem General Grievous.

Muita gente babou no design futurista.Uau!

Futurista? Surpresa das surpresas: esseconceito já existe desde - acreditem -

1869.

Desde então muita gente ainda continuaproduzindo monowheels. E numa busca

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rápida pela net é possívelencontrar vários modelos, debicicletas a motos, como a McLeanV8 (ao lado).

Talvez a falta de popularidade dobrinquedo seja por ser difícil depegar o equilíbrio, e muito fácilcair... mas o design é super:

www.dself.dsl.pipex.com/MUSEUM/TRANSPORT/motorwhl/motorwhl.htm

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Você acabou de devorar mais um númeroda Revista Ilustrar.

Uma revista histórica, já que é a única revista100% brasileira, voltada para o mercado de

ilustração, nacional e internacional, feita por ilustradores.

Com matérias de grande interesse e uma grande divulgação garantida, elaserá vista e revista por centenas de ilustradores, diretores e editores de arte,diretores de criação, designers, estudantes e diversos profissionais da área.

Se pretende que seu produto ou serviço chegue a este mercado,este é mais um meio de grande alcance e baixíssima dispersão.

Anuncie na Revista Ilustrar.