Revista FEUC em Foco - Edição 17 (junho/2014)

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1 em foco Revista Ano 5 Nº 17 junho de 2014 www.feuc.br/revista ADMINISTRAÇÃO Nova graduação das FIC formará gestores versáteis para mercado em expansão

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ADMINISTRAÇÃO: Nova graduação das FIC formará gestores versáteis para mercado em expansão. Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC, Rio de Janeiro - RJ http://www.feuc.br/revista

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ADMINISTRAÇÃO

Nova graduação das FIC formará gestores versáteis para mercado em expansão

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É PRECISO TER GARRA.Mas, seguramente, não é preciso mostrar as

garras. É preciso ter vontade, entusiasmo e deter-minação, não se deixar abater jamais, mesmo que se tenha que sair da zona de conforto. Se necessá-rio, façamos isto com absoluto foco, satisfação e crença firme em nossos ideais.

Assim tem sido a jornada da nossa FEUC. Gra-ças ao trabalho e à dedicação dos funcionários e apoio da direção — tanto Acadêmica quanto Ad-ministrativa — mais um Curso Superior é aprova-do, desta vez o de ADMINISTRAÇÃO, que se inicia agora no segundo semestre.

Foi, sem qualquer dúvida, sofrido. E o cami-nho, desconfortável, acidentado, com vários obs-táculos interpostos, mas que nos fizeram crescer e nos tornarmos mais fortes e mais entusiastas do trabalho sério, ético e pautado pela convivên-cia harmoniosa, mas sem servilismo, e a certeza de que “querer é poder”.

Acima de tudo, foi fascinante ver e sentir a im-pressionante GARRA daqueles que se propuseram a encampar essa empreitada e a ela se entrega-ram de corpo, alma e muita crença no êxito. Essas pessoas que estiveram mais próximas do projeto não mediram esforços, nem distâncias ou obstá-culos e, com isso, superaram todas as expectati-vas, com prazer e extrema responsabilidade, além de muita GARRA, a arma dos vitoriosos.

Os mais efusivos e sinceros parabéns aos nos-sos muito queridos professores, coordenadores, direção acadêmica, funcionários, bibliotecário e equipe e, especialmente, ao mais recente contra-tado, professor Vladimir, que coordenará o novo

curso. Todos contribuíram diretamente nesta missão de fazer crescer as FIC e tornar a FEUC mais sustentável e grandiosa, para melhor servir a nossa grande comunidade.

Aos nossos estimados alunos e amigos, a nossa imensa gratidão pela aceitação, valorização e es-pírito sensível, por entenderem o significado e a vocação da FEUC para a nossa região. A crítica e a participação de todos vocês ajudam a aprimorar nosso trabalho e fortalecem nossos ideais de me-lhorar sempre o serviço prestado na quantidade, qualidade e efetividade.

A FEUC se levanta e se prepara para galgar ou-tros degraus, e o faz começando por erigir uma nova e laboriosa geração de homens e mulheres que darão sustentação e continuidade ao sonho “utópico”, mas factível, daqueles que no passado, nesses mais de cinquenta anos de história, com decisão e entusiasmo incomuns, romperam pre-conceitos dos que entendiam que a nossa Zona Rural seria eterna, e que não precisávamos de uma faculdade, bastava-nos a produção horti-granjeira e a rede precária de escolas públicas de ensino primário.

Finalmente, tenham certeza de que a dedi-cação e o olhar atento e permanente no futuro, aliados a uma ação criativa e criadora, permitirão muitas outras vitórias. Vitórias para todos, par-ticularmente para a nossa comunidade, que terá sempre a FEUC como uma instituição servidora e promotora de oportunidades amplas de melhoria da vida social e da cidadania, de acesso a rique-za intelectual e material, como consequência da ação educacional formativa aqui empreendida.

Institucional

Parabéns e toda a honra aos amigos da FEUC

Durval Neves da SilvaPresidente da FEUC

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O próximo semestre começa-rá com um novo grupo de alunos se unindo à nossa comunidade: os estudantes de Administração, curso que a FEUC incorpora a seu portfólio depois de pesquisar as ne-cessidades da região em que está inserida e cumprir os requisitos do Ministério da Educação e do Con-selho Regional de Administração para ter a nova graduação aprova-da. Na matéria de capa você saberá como foi esse processo e também conhecerá um pouco sobre o mer-cado de trabalho para a profissão no Rio de Janeiro e as habilidades necessárias ao administrador.

A revista também acompanhou trabalhos de campo realizados pe-los cursos de Ciências Sociais, Ge-ografia e História em alguns sába-dos de maio e junho, e compartilha com o leitor algumas reflexões feitas por professores e alunos durante essas atividades, que têm auxiliado os estudantes a melhor compreender a teoria vista em sala de aula e lançar um olhar crítico sobre a realidade que os cerca.

A nova configuração da Festa dos Aniversariantes, o Concurso de Mú-sica que acontecerá em agosto, de-talhes sobre as atividades culturais que permearam a Semana de Letras e o passeio cultural pelos países da Copa promovido pelas Olimpíadas CAEL 2014 também são assuntos abordados em outras matérias.

E inauguramos nesta edição uma nova seção, Trajetória, abrindo espaço para professores falarem de sua prática pedagógica e temas de pesquisa. Mauro Lopes, que acaba de conquistar o título de Mestre em Ciências Sociais, é o primeiro.

Boa leitura. ■

FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense.

Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino: Arlene

da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Concepção editorial e

edição: Tania Neves; Estagiário (texto, foto e diagramação): Gian Cornachini; Periodicidade: trimestral;

Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: [email protected]

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade

de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

CAPA: Foto de Gian Cornachini

Editorial

Tania NevesEditora

CapaVestibular das FIC aberto para 1ª turma de Administração

Novas brincadeiras e atraçõesmovimentam a festa mensal

Muito além do acadêmico,semana teve arte e cultura

Mauro Lopes: professor e ‘dublê’ de jogador de futebol

Economia solidária e sustentabilidade em pauta

Olhar o mundo lá fora para aplicar melhor a teoria

Um pouco sobre a vida de Mestre Saul, artista da região

Aniversariantes

Letras

Trajetória

Meio Ambiente

Atividade de campo

Zona Oeste

Olimpíadas 2014 passeiam por alguns países da Copa

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CAEL

ÍndiceFoto: Gian CornachiniImagem: Gian Cornachini

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MUNDO

FLADEM Brasil-RJ: músicos e professores discutem rumos da Educação Musical

“O único de bigode na loja!” — assim o simpático vendedor Glauco Feldens procurava se fixar na memória dos muitos alunos das FIC e do CAEL com os quais interagia durante a Semana de Letras, apresentando a considerável variedade de títulos que a Livraria Lei-tura levou para o estande montado no pátio da FEUC. O objetivo principal de Glauco — muito solícito e bem humo-rado — não era exatamente vender li-vros, mas convidar os estudantes, pais e responsáveis a conhecer a livraria do Park Shopping, uma das raras na Zona Oeste e certamente a mais sortida e acolhedora. “A Zona Oeste há muito merecia uma livraria assim. Nosso es-paço é muito bonito, e o que prezamos lá é estimular o prazer da leitura. Te-mos sofás, locais agradáveis para se fo-lhear um livro, e todos são muito bem

Estimulada pelo sucesso de seu curso de pós-graduação em Educação Musical, a FEUC abriu as portas em 15 de maio passado para a realização do 1º Fórum de Educação Musical FLA-DEM Brasil-RJ, promovido pela seção brasileira do Fórum Latino-America-no de Educação Musical (FLADEM) como uma das etapas preparatórias do congresso anual que acontecerá em setembro na Costa Rica. Em 2015 será a vez de o Rio sediar o congresso internacional do FLADEM.

Dois dos professores da pós em Educação Musical da FEUC — Leonar-do Moraes e Eliete Vasconcelos, res-pectivamente vice-presidente e secre-tária geral do FLADEM em nível local

Foto: Tania Neves

Foto: Tania Neves

Livraria expõe parte do catálogo na Semana de Letras

Glauco apresenta sugestões de livros às alunas Jéssica e Dayse

— palestraram no evento, que contou com nomes importantes do cam-po musical como Adriana Rodrigues (diretora Técnico-Cultural do Con-servatório Brasileiro de Música), Elza Greif, Thaís Bezerra e Leonardo Fuks. Na programação, a mesa-redonda “A formação continuada do educador musical na perspectiva da Educação Básica” e a palestra “Música e Tecno-logia na Educação Básica: empregan-do gadgets, brinquedos, celulares e computadores”, ministrada por Fuks.

A Orquestra da FEUC e o Coro Ecos Sonoros saudaram os convidados com uma apresentação no pátio e outra no auditório, sob a regência do maestro David de Souza. ■

Eliete Vasconcelos, docente da Pós, palestrou em evento

vindos, consumindo ou não”, frisou o vendedor. Jéssica Lira, do 1º período de Inglês, e Dayse Rapozo, do 2º período de Literaturas, foram duas que se em-polgaram. “Vou lá sim!”, disse Jéssica, depois de confirmar com Glauco que

encontraria mais clássicos de uma co-leção de capa dura lançada pela Zahar: “Gostei desses livros porque, além do texto original, traz lindas ilustrações e um breve relato sobre o contexto da obra”, explicou a estudante. ■

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Curso de História inicia segundo período com dois eventos

Reconhecida pela maravilhosa dis-posição que demonstra nas comemo-rações de datas diversas e festas de encerramento, a turma da UNATIC se prepara para mais uma vez en-cantar a todos: em agosto acontece-rá a festa dos 20 anos de criação da Universidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande, projeto vitorioso da FEUC que abriu na instituição um espaço de convivência e aperfeiçoa-mento para pessoas da terceira ida-de. A programação ainda está sendo

definida, mas é claro que não faltarão as apresentações de danças e ativi-dades desenvolvidas pelo grupo. E o presidente da FEUC, professor Durval Neves, promete ainda uma grande surpresa. Assim como 1994 é um ano que merece ser lembrado — leia na última página desta revista um artigo sobre o tema, escrito pela professora Leda Corrêa de Noronha, diretora — 2014 também ficará marcado pela co-memoração dessas duas décadas de existência da UNATIC. ■

O curso de História das FIC está com programações marcadas já para o início do próximo período letivo. No dia 23 de agosto, das 13h às 18h, acon-tece o III Pé de Cultura, que nesta edi-ção abordará o tema “Meio Ambiente, Direitos Humanos e Cultura”. O Pé de Cultura foi criado em 2010 pelos alu-nos Carolina Ferreira de Lima e Carlos Henrique Brum, e nasceu com o obje-tivo de fazer discussões variadas, com diferentes convidados, seguidas de música ao vivo. A entrada será franca e a presença renderá 6 horas de ativida-des complementares aos estudantes.

Já a semana acadêmica do cur-so está marcada logo para o come-ço de setembro. Entre os dias 8 e 12, acontece o XVI Encontro de História, que discutirá este ano os “50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil”. A pro-fessora Vivian Zampa, coordenadora de História, adianta: “A proposta do

encontro é a de ampliar as discussões sobre o governo João Goulart, a radi-calização política no início dos anos de 1960, o conceito ‘golpe/revolução’, a censura, a tortura, a repressão, os ‘desaparecidos’ políticos, e as noções de memória e reparação”.

O Encontro também se propõe a discutir as continuidades desse perío-do da segunda metade do século XX na atualidade, sob aspectos dos cam-pos de História, Ciência Política e So-ciologia. Para isso, o evento reunirá, segundo Vivian, diferentes pesquisa-dores em torno da temática, e conta-rá com mesas-redondas, exposições e atividades culturais.

A inscrição para o XVI Encontro de História terá um investimento no valor de R$ 10, e deverá ser realizada no setor de Cursos Livres. Estudantes que participarem receberão 20 horas de atividades complementares. ■

VAI ACONTECER

■ O curso de Matemática das FIC abrirá espaço, no dia 5 de julho (um sábado), entre 8h e 12h, para estudantes apresentarem suas monografias. De acordo com o professor Alzir Fourny, coordenador do curso, os que tiverem interesse em assistir às apresentações ganharão 5 horas de atividades complementares. Mais informações estão disponíveis em www.sites.google.com/site/feucmat.

■ O coordenador do novo curso de Administração das FIC, professor Vladimir Gonçalves, fará uma palestra no dia 15 de julho, às 19h30min. O tema será “Tendências Empresariais no Cenário Econômico Atual”, que terá o objetivo de dar um panorama geral sobre o ramo àqueles que desejam segui-lo e, também, discutir aspectos como a visão estratégica do administrador. O evento é gratuito, aberto ao público, e rende 10 horas de atividades complementares. As inscrições devem ser feitas no setor de Cursos Livres da FEUC.

UNATIC 20 anos: começa a contagem regressiva!

■ No dia 5 de setembro será realizada mais uma edição do Ciclo de Monografias em Geografia. O evento, que acontecerá nos turnos da manhã e da noite, será um espaço para alunos formados em 2014.1 apresentarem suas monografias. Os ex-alunos Natalia Lindolfo e Raphael Neves também estarão presentes no Ciclo para mostrar os projetos que lhes garantiram vaga no mestrado na UERJ e na UENF, respectivamente. A participação no Ciclo renderá 5 horas de atividades complementares.

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Aniversariantes

Um ‘sacode’ na festa!

Desde que assumiu, em abril, a organização da Festa dos Ani-versariantes, o grupo formado

por Elisabete Boti, Kenia Aires, Tayane Duarte, Luiza de Almeida, Carlos Ale-xandre Rosa, Matheus de Paula, Isabel Evaristo e Fernanda Caroline tratou de aplicar uma injeção de ânimo na galera que se reúne mensalmente para cantar parabéns para os colegas. Segundo Bete, a reunião estava ficando muito burocrática e deixando de cumprir seu objetivo principal, que é integrar a co-munidade da FEUC e servir como um momento de descontração e fraterni-dade. “Notei que estavam se formando

grupinhos, cada um no seu quadrado, e muita gente estava deixando de ir por não se sentir à vontade. Daí bolamos um monte de atividades para ajudar a integrar e descontrair”, conta.

O grupo criou até um nome fantasia — Comissão de Festas Nova Era — e na primeira comemoração fez uma home-nagem aos funcionários da conservação e limpeza, vestindo a cor azul, como o uniforme deles, e lendo um texto em homenagem aos trabalhadores do setor.

No roteiro da festa, a introdução de novidades como a dança da amiza-de (em que os pares de dançarinos se formam por sorteio), foto da amizade, apresentação de peças teatrais ou exi-bição de talentos pessoais tem feito su-

cesso. Em abril, Matheus foi a sensação da tarde, filmando a confraternização e convocando todo mundo a participar — e as imagens “bombaram” nas redes sociais! Em maio, a dinâmica “Qual é a música?” permitiu que muitos exi-bissem seus conhecimentos e dotes musicais, além de se apresentarem aos colegas: “Quem acertava a música ti-nha que cantar e falar um pouco sobre si próprio para os outros”, lembra Bete.

E nos próximos meses, o que se pode esperar? Segundo a galera da Nova Era, muitas dinâmicas estão sendo cogita-das. E todas com o mesmo objetivo: jo-gar a timidez para o alto e se divertir em boa companhia! Mas nada de dar deta-lhes, para não estragar a surpresa... ■

Por Tania Neves

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Fotos: Acervo/Marketing

(1) Fernanda Dias e Lucilaine Valentim posam para a foto da amizade; (2) um grupo, vários tons de azul: Michele Araújo, Sarah Lobato, Fernanda Dias, Érica Gomes, Kenia Aires, Elisabete Boti e Angelina Batista; (3) o bem fantasiado trio Antônio Paulo Lima, Rodrigo Berça e Marcelo Ribeiro; (4) Luiz Henrique, aluno do CAEL e

estagiário do Laboratório de Informática, em dia de artista; (5) alguns dos aniversariantes de maio – Rafael Paes, João Filipe Duarte, Fernanda Dias e Isabel Evaristo – com seus presentes

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Uma semana para revelar talentosMês das Artes

Agosto, mês do desgosto? Não! Mês das Artes!

Pelo menos é o que decretou Adriano Marcelo, aluno do curso de Le-tras e coordenador de Teatro da FEUC. Ele está preparando uma vasta progra-mação cultural para a semana de 11 a 16 de agosto. O Explosarte — Explosão das Artes — inclui festival de teatro com a apresentação de cinco diferentes pe-ças, concursos de coreografias, arte livre e desenho, além da disputa final do Concurso de Música, que teve as primeiras audições em maio e junho.

Passaram à segunda etapa do con-curso 17 candidatos, que se apresenta-rão no Explosarte para um júri da área de música. Os cantores contarão com acompanhamento musical e poderão arrastar para a plateia o seu fã clube — o ingresso para assistir às sessões custa-rá R$ 3. No primeiro dia serão cortados 2 candidatos, no segundo saem mais 5 e no terceiro outros 7 se despedem, fi-cando apenas 3 para o desafio final.

As alunas do CAEL Mariana Henri-que, de 15 anos, e Beatriz Louback, de 16,

são duas das concorrentes. Na audição de 10 de junho, Mariana cantou uma música de P!nk, em inglês, e Beatriz soltou a voz em japonês, interpretan-do um hit do pop oriental. Já Alexan-dre Roberto de Souza Silva, de 29 anos, funcionário do setor de conservação e limpeza, ganhou a vaga naquela audi-ção interpretando uma canção gospel. Conhecido por trabalhar o tempo todo cantando, Alexandre espera contar com a torcida dos “fãs de corredor”.

Acompanhe no site da FEUC em Foco (www.feuc.br/revista) os dias e horários dos eventos. ■

Por Tania NevesFotos: Gian Cornachini

(1) Alexandre cantou gospel; (2) Beatriz foi de hit japonês; (3)

e Mariana interpretou P!nk

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Meio Ambiente

Consciência ambiental em pauta

FEUC realiza I Feira de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária

O Dia Mundial do Meio Ambiente tem uma entrada anual no ca-lendário: 5 de junho. Instituída

em uma assembleia promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, na Conferência de Estocolmo, na Suécia, a data tem o objetivo de es-timular o debate e a conscientização acerca de temáticas relacionadas à con-servação do Meio Ambiente. Neste ano, a FEUC aderiu à mobilização e realizou, no dia 5 de junho, a I Feira de Desen-volvimento Sustentável e Economia So-lidária, levantando a bandeira da Justiça Ambiental — que, segundo a organiza-ção do evento, refere-se “ao tratamento justo e ao envolvimento pleno de todos os grupos sociais, independentemente de sua origem ou renda, nas decisões sobre o acesso, ocupação e uso dos re-cursos naturais em seus territórios”.

Impactos da CSA

Dentre as diversas atividades pro-gramadas para a Feira, um dos des-taques foi a palestra de Karina Kato, assessora técnica do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) e pós-doutoranda em Políticas Públi-cas, Estratégias e Desenvolvimento na Universidade Federal do Rio de Janei-ro (UFRJ). Karina levantou um debate

sobre os impactos ambientais e sociais da Companhia Siderúrgica do Atlânti-co (CSA), pertencente à ThyssenKru-pp e instalada na Baía de Sepetiba, na Zona Oeste. Segundo ela, a empresa que derrete minério de ferro e fabrica placas de aço para exportação está em atividade há 6 anos e sem licença de operação devido a uma série de mais de 130 pontos irregulares, que preci-sam ser corrigidos para que se enqua-dre à legislação. Karina ainda apontou alguns problemas, entre eles a polui-ção do ar na região da CSA, onde já foi detectada e emissão de um pó preto contendo diversas substâncias tóxicas nocivas à saúde: “Essa empresa explora nosso minério e nosso território, e os

problemas dessa operação não recaem de maneira igualitária na sociedade. Todos temos direitos a um ambiente saudável, e merecemos isso. Então, por que é que quem mora em Guaratiba e Santa Cruz tem que ser obrigado a con-viver todos os dias com essa poluição?”, criticou Karine, lembrando de um co-mentário que o presidente da CSA fez, comparando o ar do entorno da em-presa com o ar de Copacabana. Na oca-sião, ele afirmou que o ar desse bairro à beira da praia é muito mais poluído que o local onde a CSA está inserida. “E por que não constroem, então, uma siderúrgica na Zona Sul?”, apontou a palestrante, indicando que a empresa foi justamente instalada em um local

Por Gian Cornachini

Fotos: Gian Cornachini

Karina Kato: “Todos temos direito a um ambiente saudável”

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mais periférico e com um menor Índi-ce de Desenvolvimento Humano, visto que, segundo ela, a classe mais pobre sempre acaba sendo a maior vítima desses megaempreendimentos.

Agenda 21 local

Vânia Sueli da Costa, professora de Biogeografia e Metodologia do Ensino de Ciências nos cursos de Geografia e Pedagogia, respectivamente, conversou com estudantes do curso técnico de Meio Ambiente do CAEL com o objetivo de lançar uma Agenda 21 local na FEUC. A Agenda 21 é o principal documento da Conferência Rio-92, que instaurou diretrizes ambientais e de desenvolvi-mento humano para os 197 participan-tes do encontro. No entanto, para que elas sejam aplicadas, são necessárias intensas ações em prol de tais causas.

A professora acredita que só é pos-sível atingir a Agenda 21 global se cada região aplicar as diretrizes em âmbitos locais: “Nossa realidade é muito diversa, e cada lugar nesse mundo tem sua espe-cificidade. Cabe um planejamento par-ticipativo de um determinado território que envolva a implementação da Agen-da 21 para alcançar a sustentabilidade dentro daquele ambiente”, disse ela.

O que Vânia planeja para a FEUC, agora, é a formação de um grupo que detecte problemas ambientais e de sus-

tentabilidade na instituição, com o ob-jetivo de erradicá-los ou minimizá-los: “Esse é o ponto mais difícil de qualquer projeto que se relacione com o meio ambiente. É a adesão e o compromisso de cada um em concluí-lo. É exaustivo, mas todo dia temos que falar a mesma coisa, até se acostumarem, porque aí as ações passam a ser automáticas e cons-cientes”, concluiu a professora Vânia.

Girassóis à vista

Uma ação simbólica marcou a ma-nhã do encontro na FEUC. Estudantes do curso técnico de Meio Ambiente plantaram, no jardim da instituição, sementes de girassol. O ato, segundo o coordenador do curso, professor Luiz Carlos Moura, foi realizado para incen-tivar os jovens a sentir a natureza.

A aluna Karine Ribeiro, de 15 anos, do 2º ano do técnico, adorou a experi-ência: “Eu nunca tinha plantado nada. Foi lindo colocar a mão na terra”, disse ela. Giulia Vianna, de 16 anos, do 2º ano do técnico, também aprovou o ato e revelou seus projetos futuros: “Eu que-ro fazer esse tipo de coisa para a vida toda, mexer com plantio, com recicla-gem. Vou estudar Biologia e trabalhar com a ‘mão na massa’, porque eu não quero ficar apenas sentadinha e espe-rando as coisas acontecerem”, ressal-tou a estudante.

Estudantes plantam sementes de girassol no jardim da FEUC

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Meio Ambiente

Redes de saúde, sustentabilidade e solidariedadeDesenvolvimento sustentável e eco-

nomia solidária são a bandeira que dá nome à Feira. E, para fazer jus à propos-ta, a organização do evento convidou expositores para contribuir no processo de formação social em prol da susten-tabilidade, saúde e solidariedade.

Pela primeira vez expondo na FEUC, a agricultora Dalila Silva de Oliveira, de 64 anos, trouxe a alimentação orgânica para a instituição. Proprietária de um sí-tio no Rio da Prata, em Campo Grande, e integrante da Associação de Agricul-tores Orgânicos da Pedra Branca - Agro-prata, Dalila fez questão de explicar as qualidades dos produtos desta rede de pequenos produtores: “A gente precisa acabar com esse negócio de veneno. O orgânico é bom, e com o selo de garan-tia, dá para confiar”, afirma a agriculto-ra, que vende hortaliças e mudas, todas cultivadas sem o uso de agrotóxicos. Aos sábados, das 7 às 12h, os produtores da Agroprata comercializam seus pro-

dutos na feira ao lado da Escola Santa Bárbara, na Avenida Marechal Dantas Barreto, próximo ao West Shopping.

Saberes compartilhados

As artesãs da Rede de Socioecono-mia Solidária da Zona Oeste também estiveram na FEUC com suas criações a partir de produtos reciclados. São pro-dutos como bolsas, carteiras, colares, pulseiras, porta-joias, todos fabricados com o reaproveitamento de materiais como retalhos de panos, copos de vi-dro, latas de extrato de tomate, rolos de papel toalha e papel higiênico.

A Rede foi fundada em 2003 e, há mais de 10 anos, tem uma parceria com o Núcleo de Estudos Urbanos Josué de Castro (NEURB), da FEUC. A institui-ção cede um espaço do pátio para as artesãs exporem seus trabalhos men-salmente, e também uma sala para se reunirem e promoverem oficinas e tro-

cas de saberes.A artesã Edna Maria da Costa, de

51 anos, conta que um dos objetivos do grupo é justamente o de se unir para desenvolver um trabalho socio-econômico mais solidário: “A gente junta experiências, dá força uma para a outra. Mostra que o lixo pode ser utilizado para fazer diversas coisas e nos ensinamos a como fazer os produ-tos”, relata Edna. Ela também ressalta que esses saberes são compartilhados com quaisquer interessados em reuti-lizar materiais que seriam jogados no lixo: “Nós sempre passamos o conheci-mento adiante na feira. Se você chegar e quiser saber como é que se faz tal produto, a gente explica, e até marca um momento para te ensinar”, afir-ma Edna, que completa valorizando o trabalho: “Eu sou feliz fazendo isso. Eu me vejo útil na comunidade. Dou ofi-cinas, fico entrosada com as pessoas e distraio minha cabeça”, garante ela. ■

Fotos: Gian Cornachini

Dalila expõe produtos orgânicos pela primeira vez na FEUC

Edna comercializa produtos criados com materiais recicláveis

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CAEL

As tradicionais Olimpíadas CAEL, que acon-teceram entre os dias 9 e 16 de junho, fo-ram realizadas de uma forma diferente este

ano. Em vez de a semana de atividades esportivas do Colégio segmentar toda a escola por cores, uma nova classificação foi aplicada. Em ritmo de Copa do Mundo, os estudantes se dividiram para formar times representando parte dos países participantes do mundial de futebol no Brasil. A ideia é fruto do “Projeto Cul-tural Atravessando Gerações — CAEL na Copa do Mundo 2014”, proposto por Jaqueli-ne Cossatis, supervisora do Ensino Médio.

“Como é um ano da Copa no Brasil, a gente pensou em envolver todos os alunos e professores para descobrir a história, esporte e cultura de cada país”, explica Jaque-line. “E esse projeto integrou muito bem o esporte com a pesquisa e o conheci-mento”, avaliou a supervisora.

Além da programação esportiva — que contou com 12 modalidades, entre elas futsal, handebol, basquete, vôlei e xadrez — as Olimpíadas tiveram um dia dedicado para a culminância da parte cul-tural do projeto. O pátio e a quadra da FEUC fica-ram tomados por tendas, formando uma grande exposição sobre 16 países sorteados entre os 32

participantes da Copa do Mundo de 2014. Cada tenda tinha algo especial para mostrar: o choco-late suíço, a família real inglesa, os origamis japo-neses, as pizzas italianas, as danças nigerianas, o banquete grego.

Os estudantes do técnico em Publicidade, por exemplo, ficaram responsáveis por representar a Nigéria. Eles se dividiram em três eixos para apre-sentar o país: esporte, cultura e política. “A Nigé-ria é um país que, por mais que esteja em guer-ra e tenha pobreza, também é unido. E a gente

uniu todos os alunos de pu-blicidade, de todos os anos, para mostrar a riqueza des-se país”, contou o estudan-te do 3º ano Luis Henrique Martins Ribeiro, de 17 anos. A equipe, com mais de 100 alunos, deu um show, lite-ralmente, com três músicas típicas tocadas e cantadas por alunos do curso, e ain-da fez uma apresentação de dança africana.

Um dos pontos altos do evento foi a série de performances realizadas pelos estudantes de Química, que representaram a Grécia. A equipe — que levou a melhor na competição esportiva, ga-rantindo seis medalhas de ouro entre os 12 jogos programados — encantou o Colégio com uma divertida encenação de um típico casamento gre-go, que teve direito a alianças, bênção do deus do tempo, Cronos, e a tradicional quebra de pratos,

O mundo no Colégio

+ =

Por Gian Cornachini

■ A logo impressa nas camisetas das Olimpíadas deste ano foi criada a partir da fusão de dois desenhos escolhidos em um concurso no CAEL. O primeiro é de Artur Sachs, aluno do 5º ano do Ensino Fundamental; e o segundo é de Amanda Carla, estudante do 7º ano. “Eu não sei desenhar muito, mas me esforcei”, conta Artur. “Adorei ver meu nome na camiseta”, revela Amanda.

Projeto Cultural das Olimpíadas CAEL 2014 agita a escola com

apresentações de estudantes sobre diversos países

“A gente pensou em

envolver todos os

alunos e professores

para descobrir a

história, esporte e

cultura de cada país”

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CAEL

Dodgeball (F)

Dodgeball (M)

Handebol (F)

Handebol (M)

Handbeach (F)

Basquete (F)

Basquete (M)

Voleibol de areia (F)

Voleibol de areia (M)

Futsal (M)

Xadrez (Misto)

Dama (Misto)

MODALIDADE

GANA(Enfermagem)

GRÉCIA (Química)

SUÍÇA(Edificações)

GRÉCIA(Química)GRÉCIA

(Química)GANA

(Enfermagem)EUA

(Meio Ambiente)COREIA DO SUL

(Edificações)GRÉCIA

(Química)ARGÉLIA

(Formação Geral)GRÉCIA

(Química)COREIA DO SUL

(Edificações)

COSTA DO MARFIM(Turismo)ARGÉLIA

(Formação Geral)GRÉCIA

(Química)ARGÉLIA

(Formação Geral)AUSTRÁLIA

(Administração)COSTA DO MARFIM

(Turismo)ARGENTINA

(Ele./Ett./Aut.)SUÍÇA

(Edificações)SUÍÇA

(Edificações)AUSTRÁLIA

(Administração)ARGENTINA

(Ele./Ett./Aut.)ALEMANHA

(Petróleo e Gás)

COREIA DO SUL(Edificações)

COREIA DO SUL (Edificações)

NIGÉRIA(Publicidade)AUSTRÁLIA

(Administração)SUÍÇA

(Edificações)INGLATERRA(Informática)

COREIA DO SUL(Edificações)INGLATERRA(Informática)

COREIA DO SUL(Edificações)

SUÍÇA(Edificações)

SUÍÇA (Edificações)

GRÉCIA(Química)

antigo costume para afastar “energias negativas”. Claudia Ninck, mãe da aluna Aymée Ninck, de 17 anos, do 3º ano de Química, adorou ver a filha “se casar” com o namorado Matheus Calixto, de 18 anos, também do 3º ano, ao som de “beija, beija!”: “É o último ano da minha filha no Colégio e foi muito divertido. É uma brincadeira saudável e vai ficar como lembrança desses três anos aqui, até porque eu filmei tudo!”, disse a mãe. Aymée, com as bochechas vermelhas após Matheus beijá-la na frente de todos do Colégio, contou como foi se casar tão nova com o deus grego Zeus: “Eu fiquei com muita vergonha, porque sou tímida. Mas va-leu a pena”, revelou a jovem, sorrindo.

Regina Sélia Iápeter, diretora do CAEL, avaliou a nova proposta para as Olimpíadas do Colégio e avisou que, diante do sucesso, esse projeto irá continuar: “Eu percebi que os alunos se envol-veram mais com a escola, se socializaram mais, aprenderam muito. E ainda teve espaço para rolar até um flertezinho, que é um momento tão legal, né?”, observou a diretora. “Esse projeto foi uma novidade para nós, e vamos melhorar mais para o próximo ano. Estou orgulhosíssima de ver tanto talento na dança, na música e no teatro. E ainda mais pelo envolvimento da família dos alunos na escola”, ressaltou Regina. ■

1º 2º 3º

Fotos: Gian Cornachini

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Arte e cultura como tempero

Letras

Iniciada com um recital em homena-gem ao poeta Primitivo Paes e encer-rada com sarau de música e poesia,

a XXIII Semana de Letras mais uma vez se destacou pela grandiosidade e va-riedade da programação, que contou com mais de 50 atividades e reuniu um público superior a 400 pessoas nos três dias do evento. Em meio às muitas palestras e apresentações de trabalhos acadêmicos, os participantes puderam também se deliciar com sessões em que o objetivo maior era mexer com as

emoções e as sensações.Foi o caso da instalação “Projeção

das Letras em luzes e formas, sobre um olhar machadiano”, idealizada pelo aluno de Letras Adriano Marcelo com inspiração na obra e no universo de Machado de Assis. Numa sala toda revestida de tecido preto e com ilu-minação colorida, os visitantes eram convidados a ler pequenos trechos de obras do escritor e interagir com o am-biente. Muitos diziam experimentar uma sensação maior de atenção, que fazia com que os trechos lidos ficassem ressoando na cabeça mesmo depois de

sair da sala. Para Adriano, esse efeito poderá fazer com que a pessoa depois busque aquela obra para uma leitura mais aprofundada. “Esse é o objetivo da instalação: propiciar a identificação da pessoa com a obra de Machado, a partir da curiosidade que uma propos-ta diferente pode provocar”.

A estudante de Letras Sílvia da Silva Ferreira gostou tanto que foi buscar o filho Matheus César, aluno do Pré 2 do CAEL, para ver também. E o que mais encantou o menino foi a máquina de escrever exposta sobre a mesinha no centro da instalação. “Aproveitei para

Semana acadêmica é enriquecida por atividades que alimentam a alma

Por Tania Neves

Foto: Ricardo Nielsen

Sílvia e o filho Matheus Cesar visitam a instalação ‘Projeção de letras em luzes e formas’

Grupo encena peça de Roberto Espina sobre contradições da propriedade privada

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explicar a ele que o computador não existiu desde sempre”, brincou Sílvia.

No recital “Primitivo vive”, a presen-ça da família do poeta na plateia foi um incentivo a mais para a performance emocionada de alunos e professores. As filhas Joelma e Adriana e os netos Tiago, Diego e Derick acompanharam as boas vindas dadas pelo professor Eri-velto Reis, a leitura de poemas feita por ele e os alunos Rafael Menezes, Carlos Alberto de Castro, Carlos Alberto Lou-reiro, Isabelle Brum, Julio Cesar Alves, Ramayana Del’Secchi, Raquel Ladeira, Elba Gaya e, por fim, um discurso emo-cionado da coordenadora de Letras, Arlene da Fonseca Figueira: “Educação não se faz só com conteúdos, metodo-logias. A arte também nos ajuda muito a aprender. E desde que o Erivelto trou-xe o Primitivo aqui pela primeira vez, não parei de aprender com ele. Ele en-sinou e encantou muito a nós todos”, disse Arlene, referindo-se à participa-ção constante do poeta nos eventos acadêmicos e artísticos da FEUC.

Outro destaque cultural foi a apre-sentação da peça “O proprietário”, do dramaturgo argentino Roberto Espina, pelo grupo formado pelos alunos de Letras Maurício José da Fonseca e Suely do Carmo Resende, além dos professo-res do município Cimara Mattos e Will

Tom. Segundo Maurício, o grupo é o único autorizado a representar as pe-ças de Espina no Brasil. A obra – que Maurício adota bastante em encena-ção nas escolas – aborda a questão da propriedade privada, a partir de diver-tidos diálogos entre um sujeito que é dono de um lugar e outro que chega para usufruir do lugar.

Também nas atividades desenvolvi-das durante os três dias de evento pelo professor Cícero Sotero Batista na sala de vídeos da Biblioteca, com base na obra de Chico Buarque (que acaba de completar 70 anos), o componente lú-dico esteve em alta, já que Cícero apre-sentou muitos trechos de DVS de Chico para ilustrar suas explanações sobre as possibilidades de uso da canção popular em atividades de sala de aula. “A canção é um produto singular da cultura brasi-leira, pois faz uma ponte entre a cultura oral e a cultura escrita”, argumentou o professor, incentivando muito os alu-nos a explorarem essa peculiaridade quando se tornarem professores.

No encerramento da semana, houve fôlego ainda de parte do público para curtir a apresentação poético-musical “As belas canções de Chico”, no auditó-rio. O sarau contou com a participação de Cícero, Erivelto e Flávio Pimentel, entre outros professores e alunos. ■

Foto: Tania Neves

O professor Cícero e os DVDs de Chico Buarque: momentos

lúdicos durante palestras

Foto: Tania Neves

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Atividade de Campo

Saberes teóricos convertidos em olhares práticosOs cursos de Geografia, Ciências Sociais e

História das FIC estiveram bastante mo-vimentados nos meses de maio e junho.

Os três marcaram atividades de campo em fins de semana seguidos, e sempre com o mesmo obje-tivo: converter o saber teórico aprendido em sala de aula para um olhar prático fora da faculdade.

Região portuária e Vila Recreio II

Como extensão da XV Semana de Geografia e Meio Ambiente e do XVI Encontro de Ciências Sociais (realizados em conjunto entre os dias 12 e 14 de maio), estudantes dos dois cursos tiveram a oportunidade de ver de perto as transforma-

ções na região portuária do Rio de Janeiro com as obras do Porto Maravilha — apresentado pela Prefeitura como um projeto de revitalização da área — e também a situação da Vila Recreio II, co-munidade do Recreio dos Bandeirantes removida para abrir espaço às obras da Transoeste.

Quem conduziu os alunos pelo trajeto na re-gião portuária foi Tatiane Vaz, mestre em Geo-grafia e professora do Colégio Pedro II de Realen-go. O principal objetivo do trabalho foi levar os estudantes para o local a fim de questionarem a chamada “revitalização” da área: “Quando a gen-te diz que vai revitalizar um lugar, pressupõe-se que lá não tem vida, e que você quer levar vida de novo. Mas a região portuária tem muita vida sim, e precisamos entender qual é esse planejamento urbano dessa cidade”, afirma Tatiane.

Geografia: Grupo visita a região portuária do Rio; na foto, estudantes na Pedra do Sal

Fotos: Gian Cornachini

Por Gian Cornachini

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Saberes teóricos convertidos em olhares práticos

Cursos de História, Geografia e Ciências

Sociais das FIC têm apostado bastante em

atividades além das salas de aula; em um

mês, quatro roteiros foram marcados com

o objetivo de visualizar na prática as teorias

aprendidas no ambiente acadêmico

O grupo percorreu locais como o Cais da Imperatriz, o Cemitério dos Pretos Novos, a Pedra do Sal, o Centro Cul-tural José Bonifácio, as proxi-midades do Morro da Provi-dência e subida ao Morro da Conceição. O trajeto pôde dar um panorama de como a re-gião foi se estruturando nos últimos séculos, e como está sendo a transformação atual que, segundo Tatiane, vem se adaptando para atender, majoritariamente, as classes sociais com maior poder aquisitivo, uma vez que a meta é tornar a região um solo economicamente ativo: “A gente não é contra a renovação e a quali-dade de vida, mas contra a maneira como as ações são feitas. A população está alheia ao projeto, fora desse processo. Queremos um Porto Maravilha para todos, e não só para turista, e que a cultura e presença da população local sejam mantidas, sem que ela tenha que se mudar por não conseguir mais sobreviver em um lugar que irá se valorizar com a conclusão dessas obras”, explica Tatiane.

A estudante Nilcilene Santos Vieira, de 27 anos, do 4º período de Geografia, ficou surpresa ao ver as diversas transformações na região: “Foi mui-to interessante ter esse contato de perto com as mudanças, os tombamentos, a história da for-mação da zona portuária e a retirada forçada de famílias do morro da Providência. Isso me fez re-fletir sobre essa coisa de interferir no dia a dia das pessoas para mudar o que já existe em função dos interesses do capital”, observa Nilcilene.

Em Vila Recreio II, o jardineiro José Jorge de Oliveira Santos, de 53 anos, morador da comu-nidade removida para a passagem da Transoeste

— uma das quatro vias expressas que estão sendo construídas na cidade — acompanhou o grupo de alunos de Ciências Sociais e os professores Célia Neves, Mauro Lopes e Artur Sérgio. Ele contou que as remoções começaram em 2010, com a jus-tificativa de que era necessário abrir espaço para o traçado da Transoeste, mas o fato é que muitas das casas — como a dele próprio — poderiam ter ficado, pois a avenida não foi construída sobre o local onde elas estavam. Para Jorge, isso levanta dúvidas sobre se, de fato, o projeto é voltado para a melhoria do bem-estar da população — como vende a Prefeitura — ou se serviu apenas como desculpa para varrer a pobreza de uma área que se torna cada vez mais valorizada e de interesse para o grande capital.

De acordo com a professora Célia Neves, esse tipo de atividade em campo é muito importante para subsidiar os graduandos nas necessárias re-flexões que devem fazer, tanto academicamente, com amparo na teoria que estudam em sala de aula, quanto a respeito de sua atuação social. “Es-pecialmente em nossa região, mas também em outras partes do Rio e do Brasil, o território vem

Mapa no Centro Cultural José Bonifácio ilustra as mudanças na região portuária

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sofrendo com o racismo ambiental, a violação dos direitos e a segregação cada vez maior dos pobres. O profissional de Ciências Sociais precisa estar atento para interpretar isso e dar sua contri-buição na discussão e, também, construir formas de ação na sociedade”, afirma a professora.

Quilombo São José

Ainda no dia 17 de maio, estudantes do curso de História foram para uma atividade de campo no Quilombo São José da Serra, em Valença, no interior do Estado do Rio. No local, a turma pôde observar a estrutura da comunidade criada por volta de 1850 e que, segundo o professor Oswaldo Bendelack, pouco se modificou depois da aboli-ção da escravatura, em 1888: “Os quilombos são comunidades independentes criadas por negros escravos durante o Período Colonial e Imperial. Eles são vistos como locais de resistência e pre-servação da cultura africana, e no Quilombo São José pudemos conhecer um pouco da história e memória dessa comunidade”, conta o professor.

Elba Gaya, do 5º período de História, define como “mágica” a visita ao local: “Os quilombolas estavam atordoados com tanta gente, mas pude-mos todos nos socializar com delicadeza e con-sideração. Sentimos o clima, a paisagem, a emo-ção de estarmos em plena natureza. Tudo foi um grande aprendizado”, ressalta a estudante.

Trajeto por monumentos

A professora Vivian Zampa, coordenadora do curso de História, esteve com um grupo de es-tudantes, no dia 31 de maio (um sábado), em uma atividade de campo chamada de “Caminha-da Cultural”, que teve o objetivo de percorrer a região central do Rio de Janeiro por um trajeto que contemplasse a observação de monumentos e espaços históricos. A caminhada se iniciou no Chafariz da Pirâmide, obra de Mestre Valentim criada em 1789 para abastecer com água a região da Praça XV de Novembro; passou pelas estátuas de D. João VI e João Cândido, também na Praça XV; Arco do Telles; Paço Imperial; Igreja Nossa Se-nhora do Carmo da Antiga Sé; o Monumento ao Marechal Floriano Peixoto, na Cinelândia, entre outros. Os lugares percorridos tiveram uma lógi-ca dentro da história do país: possibilitar que os estudantes observassem diversos fatos da virada do Brasil Imperial para o Brasil República.

“No Monumento ao Marechal Floriano Pei-xoto, fica claro a ideia do que se esperava para o

Brasil a partir do século XX: um país militarizado, que celebra valores iluministas e que tenta traba-lhar a noção de patriotismo e nacionalidade, con-vertidos na figura da bandeira do Brasil atrás de Marechal Floriano, e na mulher de braços aber-tos, que representa a república”, explica Vivian.

Entre rochas e natureza

A I Feira de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária, que aconteceu no dia 5 de junho, também resultou em uma atividade de campo no dia 7 (um sábado). Os professores Ale-xandre Teixeira e Vânia Sueli da Costa, ambos do curso de Geografia, levaram estudantes para visualizarem a formação geológica do morro do Pão de Açúcar e a biodiversidade do Jardim Botâ-nico do Rio de Janeiro, espaço fundado em 1808 pelo príncipe regente D. João de Bragança — que viria e ser coroado rei D. João VI — e que fez da-quelas terras o “Real Horto”.

“A formação rochosa do Pão de Açúcar e de todo o Rio de Janeiro contribuiu para a paisagem da cidade. E esse é o objetivo da atividade, obser-var como os aspectos geológicos e a biodiversida-de interagem com a paisagem, pois são conceitos fundamentais da Geografia para entender o es-paço geográfico”, diz Alexandre.

Sobre a formação geológica do Pão de Açúcar, o professor explicou, durante a atividade, que to-dos os continentes eram apenas um, chamado de Pangeia. Com o passar de milhares de anos, eles foram se desconectando e se deslocando. Essa mo-vimentação possibilitou, segundo Alexandre, que atividades vulcânicas e dobramentos da crosta ter-restre dessem origem aos morros do Rio de Janei-ro. E que chuva, sol forte e a brisa marítima foram desgastando, por exemplo, o Pão de Açúcar, dando a ele o formato que podemos observar hoje.

Todo o conteúdo aprendido durante o dia foi bastante significativo para Cristiano Escobar Ra-mos, de 24 anos, estudante do 2º período de Ge-ografia. O jovem valoriza a oportunidade de par-ticipar de atividades de campo: “Eu acredito que o aprendizado não acontece só na sala de aula, ainda mais em Geografia, que tem muita observação dos espaços”, afirma Cristiano. Ele ainda avalia a pos-sibilidade de utilizar a metodologia futuramente, quando se tornar professor: “É um tipo de traba-lho que é muito bom para poder aplicar com seus alunos do Ensino Fundamental e do Médio. Vai ajudá-los a entender melhor e dar sentido ao que o professor explica, porque vendo na prática fica mais fácil de compreender”, ressalta. ■

Atividade de Campo

Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé: espaço histórico do trajeto

Professora Vania contribui na discussão sobre a formação biológica sobre as rochas

Professor Alexandre reúne alunos no Pão de Açúcar para aula de Geomorfologia

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Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé: espaço histórico do trajeto

Quilombo São José da Serra, em Valença: preservação da cultura africana

Professora Vania contribui na discussão sobre a formação biológica sobre as rochas

História: alunos observam Monumento ao Marechal Floriano Peixoto, na Cinelândia

Professor Alexandre reúne alunos no Pão de Açúcar para aula de Geomorfologia

Fotos: Gian Cornachini

Fotos: Oswaldo Bendelack

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Capa

Administração Mais uma oportunidade para se graduar

Figurando com destaque na formação de pro-fessores em nível superior na Zona Oeste do Rio de Janeiro há mais de 50 anos, a Fundação

Educacional Unificada Campograndense expande um pouco mais o leque de alternativas na oferta de vagas, com a abertura de seu segundo bacharela-

do, desta vez em Administração. Após subme-ter pedido ao Ministério da Educação (MEC)

e cumprir os requisitos necessários para a implantação do novo curso, a FEUC rece-

beu autorização oficial do órgão federal no último dia 30 de maio e já está rea-

lizando seleções para sua nova gradu-ação, que terá as aulas iniciadas no

mês de agosto. As inscrições para o vestibular 2014.2 estão abertas

desde o começo de junho. Assim, a FEUC passa a con-

tar em seu portfólio com dois bacharelados (Admi-

nistração e Sistemas de Informação) e sete li-

cenciaturas (Ciências Sociais, Computa-

ção, Geografia, História, Letras,

Matemática e Pedagogia),

mantendo

nos dois eixos de formação seu já tradicional com-promisso com a preparação do aluno para o mer-cado de trabalho e o exercício da cidadania, a partir de uma educação crítica e de qualidade.

O porquê do curso

Desde que começou a trabalhar para aumentar suas alternativas na oferta de cursos superiores, a FEUC preocupou-se não somente em oferecer gra-duações que pudessem cair no gosto do público alvo, mas também unir esse aspecto à questão das necessidades de mão de obra qualificada na re-gião. Em outras palavras, oferecer aos candidatos opções de formação que lhes assegurassem tanto realização intelectual quanto maior empregabili-dade. Para isso, pesquisou que profissões a região carecia. Quem explica é o Coordenador Acadêmi-co das FIC, professor Valdemar Ferreira: “Fizemos estudos preliminares para saber qual seria o curso mais adequado para oferecermos neste momen-to. Tendo em vista a quantidade de empresas que têm se instalado na região e nas cidades vi-zinhas, vimos que o ideal seria criar a graduação em Administração”. De fato, a nova configuração da Zona Oeste aponta neste sentido, com fortíssi-mo comércio, crescimento industrial, explosão da região como centro gastronômico e extrema am-pliação na área de serviços que abrange não so-mente Campo Grande, mas também municípios vizinhos como Itaguaí, com seu porto, Paracambi,

Autorizada pelo MEC e com aval do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, a FEUC abre em agosto a primeira turma

de sua mais nova graduação. Saiba um pouco sobre o novo curso e a atuação do profissional no mercado de trabalho

Por Gian Cornachini

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Administração Mais uma oportunidade para se graduar

Seropédica, Mangaratiba e ainda a expectativa de mais crescimento com o futuro anel viário.

Para abrir um curso, no entanto, não basta apenas o desejo da instituição: é necessário que o MEC autorize, o que só acontece após análise do Plano Pedagógico do Curso (PPC) e uma visita às instalações da faculdade para checar a infraestru-tura. Também foi preciso que o Conselho Regional de Administração (CRA) desse seu aval, após ava-liar, dentre diversos pontos, se a oferta do curso seria pertinente à população local, como detalha o Presidente do CRA-RJ, Wagner Siqueira: “Consi-deramos aspectos referentes à demanda da região e à quantidade de vagas ofertadas, aos impactos sociais e econômicos que a oferta deste curso provocará na região e à inovação, que se opõe à estrutura tradicional dos cursos já existentes”.

Em relatório encaminhado à FEUC após a análi-se, o CRA-RJ elencou uma série de fatores favorá-veis à criação do curso. De acordo com o parecer, existem hoje 47 mil administradores no Rio de Ja-neiro habilitados legalmente para exercer a profis-são. O estado é o segundo no país com o maior nú-mero de empresas: são quase 630 mil, atrás apenas de São Paulo, que lidera com mais de 1,5 milhão. Diante disso, o CRA-RJ aponta que há um déficit significativo de administradores em todo o estado, pois os novos formados a cada ano ainda represen-tam um número “insuficiente para prover o mer-cado”, visto que as empresas “ainda encontram di-ficuldade de contratação de profissionais da área

de administração, seja por escassez no mercado ou por falta de mão de obra qualificada na região”. Tal cenário mostrou que não poderia haver momento melhor para a FEUC dar sua contribuição com a formação de novos administradores.

Atuação e faixa salarial

O curso de Administração é bastante abrangente, pois a atuação dos profissio-nais se estende por áreas como planeja-mento, organização e gestão de empre-sas, gerenciamento de finanças, de materiais ou de recursos humanos, dentro de organizações privadas, públicas, não governamentais ou mesmo no empreendi-mento autônomo. O ganho inicial médio, segundo o Guia de Profissões do portal iG Educação, com base em dados do Guia de Salários Robert Half (2010-2011), varia de R$ 1,8 mil a R$ 2,8 mil para analistas em pequenas e médias empresas (PMEs) e de R$ 2,8 mil a R$ 3,7 mil em grandes empresas (GEs). No cargo de gerência, a faixa salarial salta para R$ 7 mil a R$ 10 mil nas PMEs e de R$ 10 mil a R$ 16 mil nas GEs.

Autorizada pelo MEC e com aval do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, a FEUC abre em agosto a primeira turma

de sua mais nova graduação. Saiba um pouco sobre o novo curso e a atuação do profissional no mercado de trabalho

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CapaSirlane Marques, de 34 anos, analista de Re-

cursos Humanos da FEUC, formou-se em Admi-nistração em 2002, tem pós-graduação em Ges-tão Educacional e já trabalhou como supervisora de logística no Comprafacil e como supervisora de coordenação de graduação em instituição de Ensino Superior. A funcionária valoriza as pos-sibilidades de emprego na área: “A gente nunca fica sem emprego, mas é preciso ser um bom profissional e se especializar, estar sempre se re-ciclando, porque o mercado pede que você esteja aprendendo coisas novas”, observa.

Vislumbrando as diversas áreas de atuação que o campo permite, Damares de Azevedo Siqueira, de 24 anos, apesar de possuir graduação em outra área, optou pela carreira em Administração. Ela, que sempre amou mexer com números, fez Curso Técnico em Informática no CAEL, estagiou na Su-perintendência da FEUC e depois foi contratada como auxiliar administrativa na secretaria do se-tor. Em 2009, licenciou-se em Matemática pelas FIC, mas o contato diário com a parte administra-tiva no trabalho acabou levando-a a buscar uma segunda graduação que contemplasse essas no-vas aptidões. No fim deste ano, Damares se for-mará em Administração pela Faculdade Machado de Assis (FAMA), e a qualificação até já lhe rendeu uma promoção: ela agora responde pela chefia do expediente na Secretaria da Superintendên-cia. “Eu me identifiquei mais com essa área pela amplitude de funções que podemos ter. E aqui eu acabo buscando como aplicar o que aprendo no curso para contribuir com o crescimento da FEUC e com a melhora no atendimento aos nossos alu-nos”, ressalta Damares.

Justamente na procura por alavancar a carreira dentro da empresa, Bruno Coutinho Ribeiro, de 27 anos, morador de Campo Grande e funcionário do setor de contas da Unimed-Rio, decidiu candi-datar-se ao curso de Administração da FEUC para iniciar a graduação em agosto: “Escolhi ‘ADM’ como minha primeira graduação para crescimen-to profissional. Eu tenho interesse em concluir o curso para poder atuar no setor de Recursos Hu-manos dentro da Unimed”, conta Bruno. “Estou super ansioso para o início das aulas, pois quero aumentar o conhecimento profissional dentro da área que almejo seguir”, revela.

Perfil Profissional

A Zona Oeste e região são ótimas fontes de emprego hoje, principalmente porque médias e grandes empresas estão instaladas nos bairros de

“O mercado está em um ritmo muito acelerado de inovações, e isso demanda profissionais que tenham dinamicida-

de suficiente para acompanhá-lo”

“É necessário que o Administrador saia da faculdade com o conhecimento de

gerir e a certeza de que deverá ser um agente transformador de sua carreira”

“A gente nunca fica sem emprego, mas é preciso ser um bom profissional e se es-

pecializar, estar sempre se reciclando, aprendendo coisas novas”

“Estou super ansioso para o início das aulas, pois quero ter crescimento pro-

fissional e aumentar o conhecimento dentro da área que almejo seguir”

“Eu me identifiquei com essa área pela amplitude de funções que podemos ter.

Acabo buscando como aplicar o que aprendo na melhora do atendimento”

“Muita gente investe em inglês e informá-tica, que são necessários, mas é preciso investir em alguma peculiaridade que

te faça se destacar na multidão”

Tatiane Pinto de OliveiraAdministradora de Rel. Inst. da Nuclep

Wagner SiqueiraPresidente do Cons. Reg. de Administração

Sirlane MarquesAnalista de Recursos Humanos na FEUC

Bruno Coutinho RibeiroFuncionário da Unimed-Rio

Damares de Azevedo SiqueiraAssistente administrativa na FEUC

Anderson RenonAdministrador na Cogumelo

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Imagem: Gian Cornachini / Fotos: Arquivo Pessoal

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Campo Grande, Guaratiba, Santa Cruz e nas cida-des de Itaguaí e Mangaratiba. Mas, apesar da lista de possibilidades ser grande, todas elas buscam um determinado perfil profissional. A adminis-tradora de relações institucionais da Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (Nuclep), Tatiane Pin-to de Oliveira, dá as características do profissional adequado para a empresa, que está instalada em Itaguaí e conta com 14 administradores em um total de 1.053 emprega-dos: “A demanda hoje é por profissionais enga-jados, que tenham foco no trabalho realizado e, principalmente, visão sistêmica”, aponta Ta-tiane. “É preciso com-preender que as atitu-des e decisões tomadas dentro de cada área refletirão na empresa como um todo. O mercado está em um ritmo muito acelerado de inovações, e isso demanda profissionais que tenham dinamici-dade suficiente para acompanhá-lo”, destaca.

A administradora também dá dicas de como começar a desenvolver as competências que a área exige. De acordo com Tatiane, o ideal é que desde a graduação o estudante já esteja engajado em atividades voltadas para a Administração: “A faculdade prepara tecnicamente o profissional, porém o mercado de trabalho exige outras habi-lidades que precisam ser desenvolvidas ao longo do curso universitário, através de estágios, pro-jetos voluntários, participação em cursos e ativi-dades extracurriculares, que poderão auxiliar no preenchimento dessas lacunas”, explica. “Dessa forma, o profissional apresentará um diferencial que tem sido procurado por grandes empresas e atrairá melhores oportunidades no mercado de trabalho”, conclui Tatiane.

Ter um diferencial também é bandeira levan-tada por Anderson Renon, de 27 anos, estudante do último período de Administração na Universi-dade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele mora na Zona Oeste e sempre buscou empregos

na região para poder conciliar estudo e trabalho. Anderson já foi estagiário de logística e qualida-de na Ambev e hoje atua como administrador na parte de projetos da Cogumelo (empresa em Campo Grande que fabrica materiais em fibra de vidro), onde entrou como estagiário. O forman-do acredita no potencial que a região tem em captar profissionais locais, mas aponta a necessi-dade de se especializar em uma área como saída

para a concorrência: “O polo industrial de Campo Grande e San-ta Cruz tem aberto muitas oportunidades, mas a competição está bem acirrada”, afirma. “Muita gente investe em inglês e informáti-ca, que são necessários, mas é preciso investir

em alguma peculiaridade que te faça se destacar na multidão para garantir uma fatia do mercado. Eu, por exemplo, vou me aprofundar na área de estatística aplicada ao marketing e à produção”, conta Anderson, que passou para o mestrado em Estatística Aplicada da Universidade de São Paulo (USP), mas não se mudará para o estado vizinho, já que a Administração no Rio lhe rende um bom salário que permite financiar suas idas às aulas, às sextas-feiras e sábados.

Sobre o curso

O bacharelado em Administração da FEUC terá duração de quatro anos (oito semestres) e será oferecido no período noturno, com 120 vagas anuais — 60 a cada semestre. A mensalidade custará R$ 598,32 sem descontos ou R$ 562,42 para pagamento antecipado.

“O novo curso é como um filho que chega. E a gente vai cuidar dele para que tenha o padrão FEUC de qualidade”, ressalta Valdemar Ferreira, coordenador aca-dêmico das FIC.

Trabalhar elementos

que o diferencie da

concorrência é apontado

como chave para atrair as

melhores oportunidades

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Feuc em Foco: O que o estudante deve esperar para o curso de Administração? Como será a roti-na de estudos? Vladimir: Queremos implementar uma rotina de estudos intensa, em que desde o primeiro período ele comece com as redes de leitura, com toda uma pre-paração para interpretação de texto — que é impor-tante para o administrador — mas também será um curso muito voltado para a prática do dia a dia do mundo empresarial, porque o administrador vai atu-ar em uma empresa, seja grande ou pequena. Ele vai ter contato com a aplicação prática daquele conteúdo com o dia a dia da organização. A metodologia e o contexto foram preparados para que o aluno pudesse manter uma rotina de estudos conciliada com o tra-balho, já que o curso será noturno. Mas também terá uma rotina muito focada na aplicação prática dos conhecimentos que a gente queira passar.

FF: O que são essas aplicações práticas?

V: A gente vai trabalhar muito com estudo de caso, com exemplos práticos dos professores, que terão cunho acadêmico, mas também vivência no mercado. Então, vamos trabalhar muito com a vivência pessoal desse professor, com os casos do meio acadêmico e ca-sos verídicos que a gente vê hoje no nosso cotidiano. Te-remos muita aplicação teórica com aplicação prática.

FF: Também haverá espaço para as turmas visita-rem empresas e verem a parte prática?

V: Sim, temos espaço para visitas técnicas, princi-palmente porque estamos inseridos em uma região muito rica em termos de indústria. A gente pensa em fazer visitas técnicas a essas instituições para ver o dia a dia das operações, da produção, das atividades meio, como funciona a rotina da empresa. E isso aca-ba sendo a grande práxis do mercado, que é trabalhar com foco nas empresas.

FF: A primeira disciplina específica do curso no 1º período será “Fundamentos da Administração”, e o senhor é quem vai lecionar. O que será abordado?

V: Vamos trabalhar os quatro pilares básicos do ad-ministrador, que são quatro perspectivas de atuação

Vladimir Gonçalves tem apenas 39 anos e uma vasta experiência profissional. Começou a carreira no Exército Brasileiro, com o treinamento de oficiais e administração de pessoal, e assim descobriu sua vocação para o Magistério. Trabalhou em grandes empresas como Bradesco, IBM e Ambev. É bacharel em Administração, especialista em E-commerce, mestre em Economia Empresarial, Finanças e Estratégia Empresarial, e MBA em Gestão de Negócios. Hoje, dedica-se exclusivamente ao Ensino Superior, atuando como Coordenador Acadêmico de Educação a Distância (EAD) da IBMEC, Coordenador de pós-graduação EAD do Senac-Rio, professor da Faculdade Castelo Branco e, agora, como o mais novo coordenador de curso da FEUC.

Capa

O coordenador de Administração e seus planos para o novo cursoFoto: Gian Cornachini

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desse profissional dentro do cenário empresarial. São elas o ‘planejamento’, a ‘organização’, a ‘direção’ e o ‘controle’. Essas quatro conjunções fazem com que o administrador tenha um norte do que ele precisa saber para aplicar os conhecimentos administrativos dentro da empresa em que trabalha.

FF: Professor, todas as empresas têm que ter um administrador ou apenas algumas específicas, de determinados ramos?

V: Sim, toda empresa precisa de um profissional de Administração para poder entender e interpretar me-lhor os processos que envolvem as atividades relacio-nadas ao marketing, recursos humanos, produção, logística, finanças, entre outras atividades de domí-nio do administrador. Qualquer ramo de atuação das empresas precisa desse profissional. Não pode-mos imaginar uma indústria de aço, por exemplo, sem um planejamento adequado de produção e um

controle de estoques coerente, que façam funcionar a produção, ou mesmo um bom plano de recursos humanos. Todas essas atividades são realizadas por um administrador. E, por esse motivo, ele é conhecido como um profissional de formação ampla e geral, pois pode atuar em todos os ramos.

FF: E é possível medir a necessidade de um admi-nistrador pelo tamanho da empresa? Ou seja, a partir de tantos funcionários será necessário um profissional da área de Administração?

V: Podemos dizer que, a partir de um funcionário, a empresa precisa de um administrador. A preocupação com a gestão financeira, os resultados operacionais, o planejamento estratégico, a divulgação, promoção, as pessoas, tudo dentro da organização passa pelo admi-nistrador. Empresas de qualquer área da economia e de qualquer porte precisam desse profissional para al-cançarem o sucesso ou, ainda, os objetivos traçados. ■

O coordenador de Administração e seus planos para o novo curso

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Trajetória

Craque nas salas e nos campos

Mauro Lopes é professor de História do curso de Ciências

Sociais e atleta de destaque do Mortinho Futebol Clube

O mais novo mestre “do pedaço” — defen-deu no final de abril a dissertação “Milícias e relações de poder em Campo Grande,

bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro: práticas clientelistas e dominação” — o professor Mauro Lopes de Azevedo foi por isso escolhido para inau-gurar esta nova série da revista FEUC em Foco, que abre espaço para professores falarem de sua práti-ca pedagógica e temas de pesquisa. Graduado em História pelas FIC em 1998, Mauro cursou o mes-trado em Ciências Sociais na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, desenvol-vendo um tema que atrai seu interesse desde que se mu-dou para Campo Grande, em 1987, depois de se casar com Wilma, também professora.

Na pesquisa, Mauro entre-vistou pessoas que ocupam cargos de mando em repartições públicas e em-presas da Zona Oeste, para entender as relações de poder presentes nas questões políticas na região. O objetivo principal foi investigar se as ações da milí-cia tinham algum peso nessa configuração política. E o que o professor constatou é que não há neces-sariamente uma oposição marcada entre políticos e milícia, muito pelo contrário: “As declarações de apoio à milícia, explícitas ou não, aparecem muitas vezes no discurso de políticos como César Maia,

Garotinho e Eduardo Paes”, explicou.Além das entrevistas, o trabalho incluiu tam-

bém uma pesquisa documental, feita nos arqui-vos de jornais e outras fontes de informação, como o relatório da CPI das Milícias realizada na Assembleia Legislativa do Rio. Nesse mate-rial, Mauro encontrou comprovação das relações existentes entre políticos do Rio e diversos grupos de milicianos. Entre outras coisas, segundo ele, o noticiário mostra o crescimento repentino do nú-mero de votos de certos políticos em áreas que passam a ser dominadas pelo poder paralelo.

Em sala de aula, o pro-fessor aplica o resultado de sua dissertação traçando um paralelo do momento atual abordado na pesquisa com outros períodos da História do Brasil e do Rio, mostrando que a prática do clientelismo não é nova, ela apenas vai ganhando contornos dife-rentes em cada época. “Rela-

cionar essa configuração política atual com outros momentos da História ajuda o aluno a entender e refletir sobre esses acontecimentos e proces-sos políticos”, diz Mauro, que também costuma lançar mão da exibição de filmes e realização de debates para estimular a participação das turmas.

Mauro já havia abraçado a carreira de professor muito antes de se graduar, atuando em educação popular. Logo que se formou nas FIC, começou a lecionar na rede particular e depois ingressou

Por Tania Neves

“Sou exigente e

flexível ao mesmo

tempo, e tenho um

retorno bacana da

parte dos alunos”

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também no ensino público municipal. Mas onde será que ele se sente mais realizado, dando aulas na faculdade ou no Ensino Fundamental? “Eu não poderia fazer um juízo de valor. Adoro as duas ati-vidades, o prazer é o mesmo. Com a molecada, tem essa sensação boa de poder construir uma relação e se fazer respeitar sem autoritarismo. Na faculdade o que predomina é o diálogo adulto. Nas turmas, a maioria são pessoas trabalhadoras, daí o curto tempo para estudar. Então sou exigen-te e flexível ao mesmo tempo, e tenho um retor-no bacana da parte dos alunos”, elogia.

Fora das salas de aula, além da dedicação à fa-mília, os prazeres de Mauro giram em torno de ouvir música, ir ao cinema, papear com os amigos bebendo uma cerveja e — acreditem! — cultivar uma certa vida de atleta. Vá lá que essa última parte andou meio abandonada nos últimos tem-pos por causa da necessidade de dedicar todo tempo livre à pesquisa de mestrado, mas Mauro revela ser adepto do ciclismo e um talentoso jo-gador de futebol. Sem falsa modéstia, ele assu-me que é um dos craques do Mortinho Futebol Clube, time formado por professores da casa e que já teve seus dias de holofotes na quadra da FEUC, disputando torneios animadíssimos. O nome Mortinho F. C., é bom frisar, não se refere à situação atual do time, mas ao estado dos joga-dores ao final de cada partida: “A gente terminava exausto, mas feliz”, lembra Mauro, que promete (“pode cobrar!”) se esforçar junto aos colegas para fazer renascer das cinzas a agremiação, que tem até mesmo seu uniforme personalizado. ■

Fots: Gian Cornachini

Professor Mauro pesquisa as práticas clientelistas e dominação na Zona Oeste

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Zona Oeste

‘Por onde eu passo,todo mundo me conhece’

Dotado de um talento artístico que se manifestou desde a infância, Mestre Saul é um destaque da

região na pintura e na escultura, e conta aqui um pouquinho de sua caminhada sofrida e vitoriosa

Nos quadros, construções históricas como o Palacete Princesa Isabel e a Ponte dos Jesuítas

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‘Por onde eu passo,todo mundo me conhece’

Dotado de um talento artístico que se manifestou desde a infância, Mestre Saul é um destaque da

região na pintura e na escultura, e conta aqui um pouquinho de sua caminhada sofrida e vitoriosa

Ainda garoto, ali pelos 7 ou 8 anos, Saul da Silva Pinheiro fazia música batucando em latas de

graxa, desenhava com lascas de carvão e repetia em pensamento um desejo: “Quando crescer eu quero ser artista. Famoso, de valor”. Corria a década de 40, e a infância difícil do menino cria-do em meio a quatro irmãs, com mãe costureira e separada de um PM ator-mentado por problemas mentais, não dava indicativos de que o sonho se re-alizaria. Hoje ele é o Mestre Saul, ar-tista plástico com quadros e esculturas espalhados por todo canto do Brasil — incluindo um busto de Zumbi dos Pal-mares numa praça de Brasília — mas mantendo forte vínculo com a Zona Oeste do Rio, onde nasceu e voltou a morar depois de “andar por aí”.

A arte sempre foi um dom. E era com facilidade que ele conseguia tirar som de qualquer objeto, captar novos rit-mos ou mesmo inventar instrumentos musicais, assim como desenhar, pintar e esculpir. “Na escola, eu me sentava na última fila, pra ninguém me incomo-dar. E ficava lá, desenhando...”, conta Mestre Saul. A admiração e o amor que tinha pelo pai quase o fizeram seguir a carreira militar, mas a consciência do quanto a brutalidade da profissão teve parte nos problemas psicológicos do PM bastou para matar a ideia, embora seu alvo fossem as bandas militares.

Nos anos 50, Saul estudou pintura com o professor Daniel Diniz da Fon-seca em Campo Grande — na União Rural de Belas Artes (Urba) — e mais tarde aprendeu escultura na Escola Na-cional de Belas Artes. Sempre cavando a oportunidade: “Eu passava pela Urba e admirava aquele professor de boina, com suas cartolinas nas mãos. Um dia perdi a timidez, entrei e perguntei se podia estudar lá. Ele disse: traz bloco de desenho e lápis amanhã. Foi assim que eu comecei a estudar arte”, lem-bra Mestre Saul, que anos mais tarde aplicou a mesma estratégia na Escola

Nacional de Belas Artes.Conseguir viver da arte, porém,

não foi fácil. Ele encarou todo tipo de trabalho para se sustentar (vendedor, ourives, gráfico), enquanto continuava pintando, esculpindo e tocando os rit-mos cubanos que o seduziam. Integrou a orquestra Ivo Fontes e seus Melódi-cos, tocou com o saxofonista Booker Pittman, viveu a boemia ao lado de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves... Boemia que hoje lembra com nostal-gia, mas também com certa amargura: “Eu bebia demais, e olhando para trás vejo que perdi muito por causa disso”.

Mestre Saul trabalhou na Editora Bloch (primeiro na linha de produção da gráfica, depois restaurando negati-vos de fotos para a Revista Manchete), transferiu-se para a Abril, em São Pau-lo, e viveu longo período em Embu das Artes, onde exerceu mais intensamen-te as atividades de pintor e escultor. Voltou ao Rio nos anos 70, teve ateliê próprio, deu aula de arte em muitas escolas e enveredou por outras carrei-ras como a de cenógrafo e carnavales-co. Sempre fazendo arte.

Quando pergunto quantos quadros e esculturas assinou, o mestre faz um gesto de “impossível saber”, mas ga-rante que foram centenas. Presentea-dos ou vendidos por quantias muitas vezes simbólicas: “Nunca fui vendedor de arte, tinha prazer de fazer quando a pessoa pedia. Sou muito mais artista do que comerciante”. Aos 76 anos, o ve-terano artista vive hoje numa modesta casa em Guaratiba, onde continua pin-tando: prepara uma série de quadros sobre a história de Campo Grande e Santa Cruz, para uma exposição.

E a fama que tanto buscava? “Fui sa-ber agora que sou famoso. Por onde eu passo, todo mundo me conhece. Acho que só agora vi tudo o que já fiz”, fi-losofa o artista, admirando um retrato que pintou do botânico Freire Alemão. E revela mais um desejo: quem sabe, um dia, reunir em exposição parte de sua obra que está espalhada por aí, em casas, prédios, coleções particulares? ■

Foto: Tania Neves

Por Tania Neves

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Artigo

Leda Corrêa de NoronhaDiretora Geral da Universidade Aberta à Terceira Idade em

Campo Grande (UNATIC)

O ano é 1994. A razão pela qual ele deve ser lembrado é muito simples, mas nem por isto me-nos importante. Neste ano foi sancionada, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a Política Nacional do Idoso — primeiro documento a registrar a preocupação dos governantes com a situação desse segmento da população.

A rapidez do processo de envelhecimento da popula-ção brasileira, os preconcei-tos, os comportamentos dis-criminatórios em relação ao idoso têm sido constantes, ao longo dos anos, em um país onde se valoriza a juventude, a beleza e o dinamismo. Nele não é fácil envelhecer com dignidade, superando a visão social generalizada de inca-pacidade produtiva e doença — enfim, de um peso para a família e a sociedade.

O processo de envelheci-mento, além de biológico, é também uma construção social: ninguém escapa dele a não ser pela morte prematura.

Algumas instituições procuraram e procuram alterar a situação, e a Política Nacional do Idoso sugere a criação da Universidade Aberta para a Terceira Idade — as UNATI.

Fiel ao espírito com que foi criada (em 1960) de

servir a comunidade de Campo Grande, a FEUC (Fundação Educacional Unificada Campogran-dense) mantém desde 04/08/1994 a UNATIC (Universidade Aberta à Terceira Idade em Campo Grande) — primeiro núcleo a oferecer atividades para a terceira idade em Campo Grande.

Hoje, decorridos vinte anos, a UNATIC, que teve início com pouco mais de uma dezena de pessoas, é integrada por mais de 100 (cem) pessoas, sem que tenha havido em todos esses anos qualquer tipo de propaganda; elas chegam por convite, indi-cação médica ou por verem pessoas com o uniforme nos passeios, nas ruas de Campo Grande ou adjacências.

1994 foi também um ano marcado por uma tragédia, nele morreu o sempre que-rido e lembrado piloto de fórmula 1 Ayrton Senna, na curva Tamborello, em Imola,

Itália; assim é a vida, com altos e baixos, com ale-grias e tristezas... O show da vida não pode parar — é inexorável esta lei.

Por último, mas não menos importante neste show, tivemos a conquista do tetracampeonato mun-dial de futebol — fato que naquela época empolgou os brasileiros como hoje o faz a esperança do hexa.

Um ano para ser lembrado

“O processo de

envelhecimento,

além de biológico,

é também uma

construção social:

ninguém escapa

dele a não ser pela

morte prematura”

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