Revista enQuadra

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1 E COMO FICA O ESPORTE? Pequeno panorama sobre como o esporte é tratato ao redor do mundo + FUTEBOL? QUE NADA! ENTENDA UM POUCO DO SUCESSO DO BAURU BASKET VIRA- CASACA PORQUE SERÁ QUE DIEGO COSTA E TANTOS OUTROS DEIXAM O NOSSO PAÍS? ACESSIBILIDADE NO ESPORTE EVOLUÇÃO E TERAPIA ENSAIO FOTOGRÁFICO MOSTRA O ESPORTE NO COTIDIANO DAS PESSOAS

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Trabalho de conclusão da disciplina de Planejamento Gráfico-Editorial 3 do curso de Jornalismo da Unesp.

Transcript of Revista enQuadra

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E COMO FICA O ESPORTE?

Pequeno panorama sobre como o esporte é tratato ao redor do mundo

+

FUTEBOL? QUE NADA!

ENTENDA UM POUCO DO

SUCESSO DO BAURU BASKET

VIRA-CASACA

PORQUE SERÁ QUE DIEGO

COSTA E TANTOS OUTROS DEIXAM

O NOSSO PAÍS?ACESSIBILIDADE

NO ESPORTEEVOLUÇÃO E TERAPIA

ENSAIO FOTOGRÁFICO MOSTRA O ESPORTE NO COTIDIANO DAS PESSOAS

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ENQUADRE-SE10. Acessibilidade no esporte

11. Paralimpíadas

12. Esporte no cotidiano

16. Incentivo ao esporte no Brasil

24. A importância do basquete em

Bauru

26. Esporte amador

29. A polêmica em torno de Diego

Costa

04. jogada ensaiadaQuem somos/ escalaçãoNosso time

05. levantamento O agora

06. bate-bolaAlex Afonso

09. na cara do golCarlos Eduardo Lanças

14. enquadraO que temos de melhor pra mostrar

17. nocauteOpinião

18. holofoteEnsaios fotográficos

28. lance livre Crônicas

31. esportes bizarros Estranhices do nosso mundo

SEÇÕES

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A revista “enQuadra” é a mais nova publicação que tem o foco no esporte. Mas não, espere um pouco... Essa é

a revista mensal que vai mudar a visão de esportes que muitas pessoas têm e também a que muitos jornalistas se limitam!O Brasil será sede, nos próximos anos, de grandes eventos esportivos internacionais: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Cresce a torcida pelo país e esse clima envolvente toma as ruas, os canais de comunicação e o coração do brasileiro. Porém, pouco se fala nos inúmeros ponto de vista, opiniões, temas e críticas - necessárias - que envolvem esse universo esportivo do país. Nós, da equipe “enQUADRA”, daremos um tratamento diferenciado para o tema, envolvendo áreas como: saúde, acessibilidade, política, cultura, investigação, esporte amador e até esportes inusitados! Enfim, tudo que possa interessar aos nossos leitores e agregar valor às discussões de bar, na frente da TV ou entre os(as) amigos(as) no trabalho. Fugindo do clichê futebol e trazendo assuntos com várias visões de outros esportes, a revista cria um desafio tanto para ela quanto para o público. Desafiador para os jornalistas é fugir das pautas

prontas, do romance criado para os jogos e para os resultados, de fazer especulações milionárias de jogadores contratados, fugir da paixão pelo futebol, pela seleção brasileira. Desafiador para o leitor será ver o esporte muito mais que o espetáculo do final de semana, mas uma como atividade ligada ao dia-a-dia. Pense numa Copa do Mundo. Longe dos gramados há os trambiques das obras, a politicagem, o baixo incentivo dado aos nossos atletas, as manifestações sociais, as relações entre países participantes, as diferenças entre as culturas, além da maneira de como tudo isso afeta a sua vida de cidadão(ã) brasileiro. Imagine ainda as diversas abordagens possíveis numa Olimpíada: todos os esportes que participam, as histórias dos atletas, cada modalidade, além dos Jogos Paralímpicos. Nessa edição você confere um pouco desse lado “B” do esporte. Ainda, você encontra aqui o nadador Cadu, o jogador Diego Costa e o pior enxadrista do mundo; sabe das últimas do basquete bauruense, do futebol amador e do ainda pouco conhecido tênis sobre rodas. Além disso, descobre a incrível corrida de queijo, o Buzkashi e a Passada de Ferro Extrema!

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”Reitor: Dr. Julio Cezar DuriganVice-reitora: Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAACDiretor: Dr. Nilson GhirardelloVice-diretor: Dr. Marcelo Carbone Carneiro

Departamento de Comunicação SocialChefe: Dr. Juarez Tadeu de Paula XavierVice-chefe: Dr. Angelo Sottovia Aranha

Curso de JornalismoCoordenador: Dr. Francisco Rolfsen BeldaVice-coordenadora: Dra. Suely Maciel

Planejamento Gráfico Editorial IIIProfessores: Dr. Francisco Rolfsen Belda e Tássia Zanini

Jornalismo Impresso IIIProfessor e Jornalista Responsável: Dr. Mauro Souza Ventura

6º Termo Jornalismo Diurno Alunos: Mariana TorresMayara ReisJoão Ernesto ReisPedro BorgesLeonardo Manffré João Vitor ReisJoão Victor JacettiJulia Germano Breno Lima

Ilustrações: Arthur Miglionni Sophia AndreazzaPedro Hungria

Curioso? Boa leitura!

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Após sediar um dos grupos da primei-ra fase, o Noroeste

está eliminado da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A equipe bauruense, depois de perder na estreia para o Aquidanauense (MS), foi derrotada pelo Santo André (SP) por 2x0 em pleno es-tádio Alfredo de Castilho.

A partida não fugiu das demais da Copa São Paulo. Muita força, muita disciplina tática e pouco futebol. Mui-tos passes errados, poucos dribles e muitos, mas mui-tos erros de finalização de ambas os lados. O primeiro gol da partida não poderia ter sido feito de outra ma-neira. Depois da zaga do Norusca bater cabeça, lite-ralmente, o atacante Pedro do Santo André ficou fren-te a frente com Guilherme, goleiro bauruense, e não

teve dificuldades de colocar

a equipe do ABC paulista na

frente do placar.

Seguindo a rotina dos jo-gos do campeonato brasi-leiro, o baixo nível do fute-bol apresentado por ambas as equipes tornava o jogo equilibrado. O Santo André, porém, impunha-se no jogo por ter uma maior organi-zação tática. Os meninos do ABC paulista pareciam não se afobar com a bola no pé e mantinham a calma, mes-mo quando os adversários faziam marcação sob pres-são.

Segundo tempoO cansaço e a conse-

quente diminuição da im-portância da força física no jogo parecem ter melhorado o futebol apresentado pelas duas equipes. Melhor, neste caso, para o Noroeste, que cresceu no jogo e teve di-versas chances de gol com os seus principais talentos, o meia Caetano e o atacante Aguiar.

O Norusca teve diversas

oportunidades de marcar, mas não soube aproveitá--las. O futebol, porém, não costuma perdoar e é cate-górico neste sentido. Quem não faz, toma. No final da partida, depois de mais um erro da defesa do Noroeste, o atacante Guedes do San-to André disparou em ve-locidade, driblou o goleiro e finalizou para o gol. An-tes mesmo da bola entrar, era possível ver os torce-dores se levantando das arquibancadas do Alfredo de Castilho, sinal de que o Noroeste estava definiti-vamente desclassificado da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014.

Nenhuma surpresa para quem não se classifica para a segunda fase da Copinha desde 2005, quando tam-bém atuou no Alfredo de Castilho, e quem pratica-mente extinguiu, no ano passado, as categorias de base do clube.

Ja virou rotinaMais uma vez, em casa, o Noroeste é eliminado na pri-meira fase da Copa São Pau-lo de futebol Júnior.

de João Ernesto e Pedro Borges

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LEVA

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UM ESPORTE DOIS

MUNDOS

O jogador de futebol Alex Afonso (32) já atuou em vários clubes brasilei-ros e do exterior e conta como foi a sua trajetória

profissional, comenta as grandes diferenças

de renda e apoio en-tre clubes do mes-mo campeonato e quais são os planos

para o Rio Claro, clube em que

joga atualmente.

Em 2012, Alex jogous pelo Au-dax, de São Paulo. Foto: Arquivo

pessoal

de Mayara Reis

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Com quantos anos você começou a carreira no futebol e como? Hou-

ve algum incentivo da famí-lia?Eu entrei no XV de Jaú com treze anos, levado pelo pai de um amigo meu, fiz um teste e passei. Antes dis-so, eu jogava na Escolinha da cidade de Pedernei-ras. Meus pais sempre me apoiaram, deram muito su-porte, tanto é que por dois anos, enquanto jogava em Jaú, eu tinha que ir de duas a três vezes por semana e meus pais me levavam, já que o clube não tinha condições de pagar o meu transporte de ônibus.

Era muito comum no fute-bol os jovens abandonarem os estudos para seguirem como jogadores. Você dei-xou de estudar para seguir a profissão? Eu consegui conciliar. Eu fui morar em Jaú com 15 anos, no alojamento do clu-be e continuei estudando. No meu último ano, quan-do mudei para São Paulo, fiquei um ano sem estu-dar, mas no ano seguinte

já voltei e consegui termi-nar meus estudos. Hoje eu acho que existe uma lei que obriga jogadores menores de dezoito anos a estarem matriculados em escolas e eu acho isso ótimo porque muitos meninos desistem de estudar.

De 2002 a 2004 você atuou no Portimonense e Alverca, de Portugal. Existem muitas diferenças entre o futebol português e o brasileiro? Existem. Dentro de campo o futebol de lá é de mais luta, não tem tanta qualida-de técnica. E fora de campo eu posso destacar a cultu-ra. É um povo muito reser-vado, dificilmente fazemos amizades, como aqui. Eu joguei em dois clubes que são bem parecidos com o Brasil. E em Portugal, as-sim como aqui, existem os times de elite e os que so-brevivem.

Assim que voltou de Portu-gal, você foi contratado pelo Palmeiras. Como foi a pas-sagem pelo clube? Foi a realização de um so-nho jogar num grande clu-

be, mas ao mesmo tempo foi um grande desafio, pois era um nível totalmente di-ferente do que eu estava acostumado. Aprendi a li-dar com imprensa, pressão, torcida e acabei sofrendo muito com isso. Quando assinei o contrato ele valia apenas por 6 meses, mas nos treinamentos eu con-segui mostrar meu valor e acabei por mais três anos e meio. Foi realmente uma experiência maravilhosa.

Após passar por times como Guarani e Bragantino, em 2008 você foi jogar no Ford Lauderdale Strikers, dos Es-tados Unidos, um time novo, fundado em 2006 e que já contratou Romário e Zinho. Você acha que o investimen-to em jogadores brasileiros deu bons resultados? Você teve dificuldade por causa do inglês? Em termos de mí-dia foi importante naquele momento, porque ajudaram a divulgar o clube. Quando eu fui trabalhar lá o Zinho foi meu treinador, me aju-dou muito lá, não só dentro de campo, como fora tam-bém. Não tive dificulda

“Na série B do Campeonato Brasileiro as estruturas são muito precá-rias. Diferente da série A.”

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No ano passado, Rio Claro, de São Paulo, levou a taça de vice-cam-peão da série A2 do Campeonato

Paulista.

O vice-campeonato da séria A2 é o segundo título da carreira do jogador.

Em 2004, Alex jogou pelo Palmeiras .

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Arquivo pessoal

des porque os preparado-res físicos eram brasileiros, tinha muitos jogadores lati-nos no clube e consegui me virar bem.

Os americanos são conheci-dos mundialmente por ser uma potência em muitos esportes. Você acha que eles têm condições de se torna-

BATE

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ram referência também no futebol. Por que? Eu acho que sim, hoje mui-

to mais do que na época em

que joguei lá. Os investi-

mentos na área aumentaram

muito e eles têm condições,

sim.

Você já jogou em clubes do Brasil todo. O que você já viu de mais estranho e curioso nessa trajetória do futebol? Alguma coisa te chamou aten-ção?Eu reparo muito na estru-

tura dos clubes. Na série B

do Brasileiro, um dos cam-

peonatos mais importan-

tes do mundo, as estruturas

são muito precárias. É muito

concentrada a verba para os

times grandes. Os grandes

clubes da primeira divisão

recebem muitas cotas de pa-

trocinadores, da Federação e

da mídia.

Atualmente você joga pelo time Rio Claro, de São Paulo.

Quais são as suas expectativas com a camisa do clube? Eu estou voltando a Rio Cla-

ro agora e fomos vice-cam-

pões da série A2, do Paulis-

ta. Quando se conquista um

acesso, a cidade se mobili-

za e é muito bom saber que

eu fiz parte dessa conquista.

Quero continuar a fazer mais

um bom trabalho e deixar o

clube na primeira divisão.

Você já pensa em aposentado-ria? Tem planos para depois da carreira de jogador? Bastante. Há dois anos eu

venho pensando nisso, por

causa de muitas lesões, do-

res, que estão me limitando

muito. A princípio, depois do

campeonato, estou amadure-

cendo essa ideia. Eu preten-

do voltar para a minha cidade,

Pederneiras. Não fiz fortuna

no futebol, iria começar uma

vida nova mesmo, ver o que

Deus me prepara. Talvez

longe do futebol.

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Carlos Eduardo Lanças, o Cadu, nada por Bauru com a equipe ABDA. Sua última conquista foi a participação no Campeonato Brasileiro, que aconteceu em dezembro de 2013. Compe-tiu com nomes como César Cielo e Bruno Fratus, entre outros.

São quatro da tarde e Cadu deixou a aca-demia depois de uma

hora de musculação. Desceu as escadas correndo, fez os alongamentos, se trocou e ainda pulou na água antes de todos os colegas. Carlos Eduardo Lanças é o respon-sável por tirar todo mundo da preguiça, com um já es-perado “vamo aí vai gente, deixa de folga! Já são qua-se quatro e meia...”. Ao som dessa intimação todo mundo anda de um lado para o ou-tro, separa o material, põe a touca e os óculos, respi-ra fundo e segue a deixa de Cadu.

Percebi o seu poder sobre os outros meninos, tive que perguntar o que fazia dele uma pessoa tão influente. E para Guilherme Rodrigues,

de 16 anos, a justificativa estava na ponta da lingua: “tipo... ele é o espelho pra a gente lá, tá ligada? Trei-na pra caramba, incentiva muito, às vezes dá bronca. Ele é um ídolo pra nós”. Para Igor Almeida, outro amigo que também tem 16 anos, Cadu “é um moleque firmeza pra caramba, muito humilde, e com a dedicação que ele tem com certeza vai conseguir chegar aonde quer. O moleque é raçudo demais!”.

Esse respeito não veio fácil - são anos de treino e dedicação. Cadu começou a nadar ainda menino, aos seis anos, mas o interesse profissional veio depois, aos 16. Ele chegou a Bauru sem cultura de treino e sem re-sistência, mas se adaptou

rápido à rotina. Percebeu sua melhora, a diferença no nado, e a partir daí soube que poderia chegar muito longe. O técnico, Daniel Pestana, diz que “pela raiz que ele tem e pelo tempo que já esteve aqui ele acredita demais no que está fazendo, por isso está conquistando boas co-locações, não tem diminuído essa progressão. Com cer-teza este ano vai ser muito melhor que o ano passado”.

Em 2009 ele decidiu vir para Bauru, morar e treinar aqui, participar da equipe bauruense. Agora, aos 21 ele pode dizer que este é um ano muito promissor. “Estou cada vez mais próximo dos melhores do estado e do país. Então é um ano em que a busca por colocações mais altas vai ser grande”.

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DO PÓDIO CONQUISTAPELA

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Sem limites para o esporte Projeto alia o tênis ao

desenvolvimento para defi-cientes físicos em Bauru

Paula Bitar na quadra paradesportiva, que fica na avenida Nuno de Assis, quarteirão 5

Muitas pessoas podem se desesperar ao se verem em

cadeira de rodas. Para quem sempre teve o costume de praticar alguma modalidade esportiva pode ser ainda pior. O assunto acessibilidade no Brasil já é mais discutido hoje, mas muita gente com deficiência física ainda sofre para ter um cotidiano regular.

Um dos grandes aliados para os deficientes físicos é o paradesporto, conjunto de modalidades esportivas desenvolvidas com adaptações dependendo do grau e do tipo de deficiência, que hoje já possui até olimpíadas específicas –as Paralimpíadas.

O paradesporto não é encarado como uma atividade profissional de resultados, ele é uma oportunidade de uma atividade em grupo e desenvolve pessoal e socialmente, através do esporte como um lazer e recreação. Assim, ocorre uso do esporte como uma terapia, tanto para a evolução física como para o preparo psíquico.

O tênis adaptado é a chance de uma vida mais saudável para muitas pessoas, de ir além do limite que uma cadeira possa tentar criar, ajudando

de Breno Lima

também na saúde, como em qualquer esporte.

Em Bauru, o projeto Tênis de Rodas é uma oportunidade para que os deficientes pratiquem o tênis adaptado, buscando um esporte para auxiliar com todas as dificuldades causadas pela deficiência física.

O projeto foi criado pelo professor de tênis da Associação Luso Brasileira de Bauru, Helder Gouvêa.

A ideia surgiu depois de conhecer o projeto Inserir ,de Brasília, em 2005, mas acabou ficando engavetada,

somente em setembro de 2011 o projeto começou a funcionar com apenas uma aula. Hoje já conta com sete tenistas.

Helder afirma que “o esporte independente de ser paralimpico ou não tem os mesmos benefícios para as todas as pessoas. Ele desenvolve a melhora da saúde e o lado social das pessoas”.

Para a aluna Ariani Queiroz “o esporte paralímpico tem um valor de inserção dos portadores de deficiência na sociedade, tornando mais autoconfiantes para realização de muitas atividades”.

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E AS PARALIMPÍADAS?1939Ludwig Guttmann, neurologista alemão

desenvolve tratamento que utiliza o esporte, na Segunda Guerra Mundial.

1948Ocorre o primeiro evento esportivo exclusivo para portadores de deficiência em Stoke Mandeville, Inglarerra.

1952 Os Jogos de Stoke Mandeville tornam-se internacionais.1960

Primeira edição dos Jogos paraolímpicos ou Paralimpíada. 23 países competiram com um total de 400 atletas em Roma.

1964 A segunda edição da Paralimpíada é realizada na cidade de Tóquio, mesma sede dos Jogos Olímpicos. É criada a Organização Desportiva Internacional para Deficientes (ISOD).

Símbolo das Paralímpiadas de Roma

1972Primeira participação brasileira nas Paralimpíadas. 1976 Pela primeira vez atletas com

outras deficiências físicas (visual, amputados, lesionados na medula espinhal, entre outros) participam dos Jogos Paraolímpicos. Ocorre também a primeira edição dos Jogos Paraolímpicos de Inverno, em Ömsköldsvik, na Suécia.

1989É fundado o Comitê Paraolímpico Internacional, IPC,

reunindo 167 países.

2008 Nos Jogos Paraolímpicos de Pequim o Brasil alcança o nono lugar no quadro de medalhas. A delegação contou com 188 atletas, a maior da história do Brasil nos Jogos até então.

2011Por adaptações linguísticas do

português, o nome

paraolimpíada é mudado para paralimpíada,

bem como suas variantes.

2012 Nos Jogos paralímpicos de Londres o Brasil alcança o sétimo lugar no quadro geral de medalhas, meta do CPB, Comitê Paralímpico Brasileiro e maior feito na história dos Jogos (43 medalhas, 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes).

Alan Fonteles, do atletismo, levou ouro pelo

Brasil em Londres

de João Vitor Reis

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ORIENTAÇÃO PROFISSIONALO primeiro passo a se seguir quando se quer iniciar a atividade da corrida é procurar um médico para uma avaliação de como seu corpo se encontra. A ajuda de um personal trainer que possa criar um plano de corrida de acordo com cada pessoa, isso garante que o exercício seja feito de modo saudável e não haja um excesso no ritmo da corrida.

Conheça seu corpo e tome os cuidados para não sofrer com as lesões

de Breno Lima

CORRidaestrategica´

Hoje em dia a corrida está

sendo um grande alia-

do para muitas pesso-

as fugirem do sedentarismo,

isso mostra que a população

em geral está com uma gran-

de preocupação a respeito de

sua saúde. Mas, não se pode

realizar um exercício físico de

qualquer jeito, pois isso pode

ser pior para o seu corpo.

Veja abaixo dicas para co-

meçar a correr e só se pre-

ocupar em melhorar seu de-

sempenho:

TIPOS DE PISADA

PRONADA NEUTRA SUPINADA

O EQUIPAMENTO CORRETOEsse é um aspecto que muitas pessoas que começam a correr se esquecem. O tênis correto para a corrida pode salvar mui-ta gente de problemas sérios nas articulações e músculos. O tênis tem que ser escolhido de acordo com sua pisada, que pode ser neutra, supinada e pronada.

ALONGAMENTOSO famoso estica e puxa serve para uma elasticidade maior muscular, evitando seu encur-tamento e aumentando a dis-tância entre dois pontos da musculatura. Para as pessoas, isso aumenta a flexibilidade e o equilíbrio. O principal grupo do alongamento para corridas são os inferiores.

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E le acorda todos os dias às 5h da ma-nhã, coloca seu tênis

e prepara o café bem preto – a única coisa que conso-me ao despertar. Às 6h já está na rua. O sol começa a dar seus primeiros sinais, o ar fresquinho dá a moti-vação para cumprir a roti-

na que segue há três anos, por orientação médica: o colesterol estava alto. Foi a preocupação com a saúde que fez com que Décio Fri-zo, de 74 anos, adotasse a caminhada como atividade diária. Décio é um entre os mais de 88 milhões de brasi-

leiros que também elege-ram a caminhada como o principal exercício fí-sico, segundo pesquisa da Proteste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. É preciso lembrar que a caminhada vai além de um exercício que emagrece.

Combate a osteoporose – O impacto que os nossos pés tem com o chão durante a caminhada faz com que os nossos ossos sejam bene-ficiados; Afasta a depressão – Quando praticamos seja lá qual for o exercício, nosso corpo li-bera ainda mais um hormô-nio chamado de endorfina, que é responsável por nos dar a sensação de alegria, relaxamento; Saúde mental – Caminhar diariamente é um ótimo

exercício para deixar o corpo em forma, melhorar a saúde e retardar o enve-lhecimento; Bom para diabéticos- Cami-nhar estimula uma produção maior de insulina, substân-cia que é responsável pela absorção da glicose (açú-car) pelas células do corpo.Melhora a circulação – Um estudo da USP de Ribeirão Preto detectou que caminhar durante 40 minutos diminui a pressão arterial durante 24 horas após o exercício.

Vem pra

rua!Além de emagrecer, a cami-nhada traz muitos benefícios para a saúde e pode ser prati-cada em qualquer lugar.

de Mayara Reis

Para atingir bons resultados e melhorar sua saúde, a professora de educação física, Allyne Nhola, indica a caminha-da pelo menos três vezes por semana, com passadas moderadas (não mui-to lentas) a um tempo de 45 minu-tos na primeira semana e 60 minutos na segunda. Além disso, beber água durante o exercício é fundamental.Seja para emagrecer, cuidar da saú-de ou apenas se exercitar, a cami-nhada é um exercício para todos.

E OS BENEFÍCIOS ?

Arthur Miglionni

Ao caminhar, mantenha a cabeça elevada e o queixo para lelo ao chão; Encaixe as costas com o quadril, mantendo a coluna ereta;Posicione seus pés paralelos de maneira confortável.

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O esporte está tão presente em nosso dia-a-dia e é tão parte da nossa cultura que nós nem

pensamos desde quando isso faz parte da vida do homem. A sua essência, como atividade física ou divertimento, provavelmente deve se confundir com o surgimento da raça humana, já que os primeiros povos também corriam, caçavam, nadavam, entre outras coisas. O conceito de prática esportiva como competição, por outro lado, foi desenvolvido com o início dos Jogos Olímpicos. Tudo começou na Grécia Antiga, por volta de 776 a.C., mais especificamente em Olímpia, daí o nome dado à competição. Os jogos se tornaram um evento internacional com o passar do tempo e existem até hoje, representando grande parte do que conhecemos por esporte hoje em dia.

É justamente em grandes competições esportivas, como as Olimpíadas, que conseguimos identificar como é diferente a maneira que cada país trata a questão do esporte. Em alguns lugares ele é a porta de entrada para a universidade, em outros é usado apenas como um passatempo no fim de semana, mas pode ser também o berço de determinadas modalidades que influenciaram gerações. Você vai encontrar aqui informações sobre como é o incentivo ao esporte em alguns países do mundo.

O ESPORTE PELOMUNDO

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O ESPORTE PELOMUNDO

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Nos jogos de 2008, em Pequim, países com programas de for-

mação bem estruturados, como China, Austrália e Ale-manha, apare-cem bem a frente do Bra-sil no quadro de medalhas. No 23º lugar, ficamos até mesmo atrás de nações com poucos re-cursos para apoiar os atletas, como Jamai-ca, Quênia e Etiópia. “O Brasil tem a falta de um planeja-mento na esfera nacional que sistematize as modalidades e canalize os recursos tan-to materiais quanto humanos e financeiros com propósi-to olímpico. O país não tem

INCENTIVO NO BRASIL ...de Leonardo Manffré

“Grandes políticas públi-cas aparecem na mídia com foco no incentivo de atletas para essas competições.”

uma política governamental, mas ela vem sendo discutida a passos lentos nos últimos anos por causa da Olimpíada de 2016. Mas, em relação a

países mais tradicionais do mundo ela tem, no mínimo 50 anos de atraso”, ressalta Carlos Thiengo, analista de desenvolvimento esportivo.

Em dezembro de 2006, no governo Lula, foi criada a Lei de incentivo ao Esporte - Lei 11.438/2006, que tem

como objetivo estimular o patrocínio de projetos es-portivos e paradesporti-vos. Até o 1º semestre de 2013, mais de 900 milhões de reais já foram captados.

Já mais recentemente, em setembro de 2012, a pres-identa Dilma Roussef e o ministro do esporte Aldo Rebelo lançaram o Plano Brasil Medalhas 2016 que tem como objetivo colocar o país entre os dez maiores medalhistas na próxima olimpíada e os cinco mel-hores nas paraolimpíadas. Com base no Bolsa atleta - projeto de 2005, haverá um investimento extra de R$ 1 bilhão no próximo ciclo olímpico, além do R$ 1,5 bil-hão previsto para o esporte de alto rendimento no mes-mo período.

Outro dos projetos que tem como objetivo incenti-

var a prática esport-iva e valorizar atle-tas é a Universidade do Esporte. Ainda em planos e prevista para os próximos anos, o projeto é uma par-ceria do Ministério da Educação e Ministério do Esporte para a construção

de uma Universidade que aproveite os equipamentos olímpicos já construídos no Rio de Janeiro. Segundo o documento que a concreti-za, essa será uma política a longo prazo voltada à “ex-celência esportiva e o es-porte de alto rendimento.

Desde 2005, o programa teve o número de atletas contemplados multiplicado por sete

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A Olimpíada se aproxi-ma do país. Muito se questiona a realização

dela por aqui, onde o incen-tivo ao esporte é tão precá-rio. Podemos confiar a me-lhoria do setor na bagagem desse evento ou ele somente nos mostrará o quanto esta-mos atrasados?

Por ser a sede dos pró-ximos jogos, a nação deverá ter atletas em todas as mo-dalidades olímpicas, mas não o têm. Para isso, o Brasil ten-ta preencher os espaços dos esportes em que ainda faltam equipes com atletas de ou-tras modalidades. A própria situação social e política do país desfavorece melhorias e cria problemas para a apli-cação de políticas públicas de efeito para o setor. Segundo pesquisas do Laboratório de Treinamento e Esportes para Crianças e Adolescentes (La-teca) da USP, os brasileiros precisam trabalhar e ganhar seu sustento ao mesmo tem-po em que treinam, o que tor-na inviável o foco necessário para o atleta se desenvolver.

Apesar dessa situação, atu-almente o governo, através de políticas de incentivo, dá cada vez mais importância ao as-sunto. Essas políticas se divi-dem. Algumas, pelo atraso da situação, investem na rapidez, com pensamento a curto e mé-dio prazo. Outras são políticas a longo prazo baseadas no in-centivo às discussões que esse tipo de evento cria. “A cons-ciência do governo em pensar a longo prazo ainda é pequena. Nada é feito com o devido pla-nejamento; tentamos apenas

NOCA

UTE

... PRA INGLÊS VER?

apagar o fogo”, aponta Flavia da Cunha Bastos, coordenado-ra do Grupo de Estudos e Pes-quisa em Gestão do Esporte, que faz parte do Lateca.

Assim, a Olimpíada, como evento que recebe muita visi-bilidade internacional, envolve muito dinheiro e um país em processo de desenvolvimen-to, a questão que fica é: vamos garantir políticas efetivas ou faremos tudo só “para in-glês ver”? Levar em conta as

particularidades do contexto cultural e político do país e pensar em políticas públicas efetivas de longo prazo para formação de atleta e incenti-vo ao esporte - tal como os EUA, Cuba e China fazem - parece ser a solução. Esse processo é lento, mas só as-sim poderemos ter políticas que mudarão a maneira como o Brasil olha para o espor-te e, consequentemente, o mundo olha para o Brasil.

de Leonardo Manffré

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Fotos de Mariana Torres

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Entro em uma loja de refrigeração, localizada no centro de Bauru, e

logo sou convidado me dirigir ao fundo do estabelecimento, local onde farei a entrevista. Percebo então que, conforme percorro o caminho, o espaço perde gradativamente, como os minutos de uma partida, o ar de loja e ganha tão pon-tualmente quanto, as marcas de um galpão. Os caixas e o balcão de atendimento são trocados repentinamente, como uma substituição deve ser feita durante uma par-tida, por enormes pratelei-

ras e por ferramentas e mais ferramentas. Encontro-me, então, em um canto escuro com um senhor tão humilde que até o seu sorriso, embo-ra permanente, é discreto. E, ao som de marteladas, inicio uma conversa com Sandro Fabiano, presidente do Bau-ru Basket, sobre o esporte brasileiro, o profissionalismo e os seus desafios.

De início questiono: Como é possível promover no Bra-sil um esporte que não seja o futebol? Ou ainda, como é possível promover o Bas-quete nacional, sendo que,

segundo o Deloitte, site bri-tânico especializado no as-sunto, esta modalidade não está entre as dez mais pra-ticadas no país. Sandro Fa-biano ressalta que “é difí-cil comparar os padrões do basquete com os do futebol. Começamos pela diferença das torcidas, do tamanho dos ginásios e dos estádios”.

Sandro, mantendo a sua típica fala pausada, explica, porém, que esses fatores não desanimam o trabalho da diretoria do Bauru Basket e destaca que só quem vive a realidade do clube sabe do

NA TERRA DE PELÉ, QUEM MANDA É LARRY TAYLOR

Em Bauru, o clube esportivo mais reco-nhecido é o Bauru Basket. A palavra chave para se entender como é possível um clube de basquete ser bem sucedido no país do futebol é uma: profissionalismo.

de Julia Germano e Pedro Borges

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esforço feito para se obter esse sucesso. Roger Baru-di, Secretário de Esportes da cidade, elogia os resultados alcançados e julga o “Bau-ru Basket como fundamental para a cidade, afinal, é o pro-jeto esportivo de maior visi-bilidade, tendo em vista que alcança bons resultados tanto nas ligas estaduais, nacionais e internacionais, como o 3° lugar no Sul-americano”.

Questiono, então, se a de-dicação é a alma do sucesso do clube. Sandro para, olha para o computador que está na sua fren-te, cuja imagem de fundo é a foto do ônibus personali-zado do time, e me diz com autoridade e segurança que o esporte atual necessita de muito profissionalismo. “O Bauru Basket conta hoje com diversos membros da direto-ria que se dedicam exclusi-vamente ao clube”.

De momento, todo esse profissionalismo tem trazido bons investimentos, como o contrato com a Paschoalot-

to. Para Sandro, sem romper a barreira do amadorismo, é impossível obter patrocínios fortes como esse que via-bilizem uma equipe de nível técnico. Roger ainda salienta que o clube pode buscar ou-tras formas de se financiar e assim não ficar dependente de um único patrocinador. O melhor exemplo disso são as diversas leis de incentivo ao esporte que hoje existem em todas as esferas (municipal, estadual e federal).

A incessante busca por variadas fontes de recur-so é justificada pelo medo do clube perder algum dos seus patrocinadores e, como consequência, complicar-se financeiramente. Receio to-talmente compreensível para quem conhece um pouco da história do Bauru Basket. No ano de 2006, mesmo depois de, anos antes, ser campeão

nacional e conseguir boa colocação em torneio sul--americano, o clube se viu obrigado a fechar as portas por falta de investidores.

José Carlos Marques, professor da Unesp, pensa ser uma “pena que um es-porte tão tradicional como o basquete dependa da boa vontade de algumas empre-sas para continuar existindo. O ideal seria que o basque-te, fosse autossustentável, ou seja, que mantivesse

uma estrutura capaz de atrair patrocina-dores continuamen-te”. Sandro, porém, faz uma ressalva e não acredita na sa-ída do patrocinador

principal do clube. Para ele, o Bauru Basket está em uma crescente e o planejamen-to atual da gestão é a longo prazo. A diretoria do clube, além de buscar outros pa-trocinadores, tem contra-to com a Paschoalotto até 2016 e, de acordo com o presidente, já há conversas avançadas para estender essa parceria.

fontes: Elton Carvalho (FIB), Luciano Sato (Noroeste), Sandro Fabiano (Bauru Basket)

“Sem romper a barreira do amadorismo, é impossível obter patrocínios fortes.”

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Rodolfo Romano, nascido na cidade de Londrina, estado do Paraná, diz

que hoje está perto de casa. “Difícil era quando eu jogava lá pro fundão de Minas Gerais. Aí eu ficava longe demais da família”. Goleiro do Noroeste há uma temporada, o jogador de 28 anos, apesar de não ser um garoto dentro do futebol, sonha em defender as cores de um dos grandes clubes do país. “O futebol é assim mes-mo para nós atletas. A gente sabe que se você fizer uma ótima partida, ou um bom campeonato, pode acordar em um time grande”.

No caso de Rodolfo, espe-cificamente, é mais fácil en-tender o porquê desse sonho ser tão vivo. Amigo de lon-ga data do zagueiro Gum do Fluminense, Rodolfo sabe a estrutura diferenciada que os clubes da elite do futebol brasileiro podem oferecer. Conhece tanto que, quando questionado sobre esta dif-erente realidade entre os gi-gantes do país e agremiações de médio, ou pequeno porte

a Espera

de

Rodolfo, goleiro do Noroeste, é mais um exemplo entre os milhares de jogadores bra-sileiros que sonham em vestir a camisa de um dos gigantes do futebol.

de Pedro Borges

como o Noroeste, Rodolfo diz, para exemplificar o seu pon-to de vista, que o salário dos companheiros de clube “não é muito diferente de qualquer outro trabalhador”.

Juarez Xavier, professor da Unesp, pensa que esse sonho de parte de jogadores brasile-iros, assim como a desilusão da maioria quando percebem que a riqueza no esporte é para poucos, é completamente compreensível. “A propagan-da do futebol se dá pela mídia – com foco na televisão - com a divulgação da vida glam-orosa – fama, dinheiro, sta-tus - de alguns jogadores de futebol”. Cria-se, então, um mito de que a vida de todos os jogadores segue o padrão da de Neymar e cia. Juarez ainda completa e explica que, no Brasil, o futebol é o mais “eficiente instrumento de mobilidade social para as classes sociais marginaliza-das”.

O professor ressalva, en-tretanto, que essa história de sucesso que leva meni-nos “da pobreza à riqueza,

faz parte da vida de pou-cos entre os milhares de garotos que se aventuram no esporte”. Rodolfo sabe disso, mas mesmo aos 28 anos tem confiança de que a sua dedicação o levará ao sucesso. Se o paranaense alcançará seu sonho, isso só o tempo dirá. Rodolfo, porém, depois da últi-ma entrevista dada a este repórter, conquistou mais um torcedor.

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um Gigante

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No país do futebol, ser jogador é mais do que conseguir ter

estabilidade econômica. O status é indiscutível e hoje isso se mantém em difer-entes grupos onde o es-porte é praticado. O campe-onato de futebol amador de Bauru é um dos mais fortes do estado de São Paulo e já foi o responsável por rev-elar grandes nomes para o país.

O presidente da Liga Bau-ruense de Futebol Amador, Vicente Silvestre, relembra do passado e comenta que a situação atual mudou mui-to. “Tudo é feito pelo inter-médio dos empresários que já levam os garotos para a base dos times grandes.” Silvestre afirma que o ama-dor perdeu a força e público, mas que se mantém por um motivo simples. Os atletas ainda convivem com o status de ser um jogador de futebol. O reconhecimento dos com-

LUGAR DE TODOSApesar de perder a importân-cia para os times grandes, nas pequenas esferas o futebol amador ainda é relevante.

“Muitos já são de idade avançada, não vi-raram profissionais, outros são ex-profis-sionais, e alguns jogadores mais jovens com a esperança de se tornarem profis-sionais”

de João Ernesto

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hur M

iglio

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panheiros e dos torcedores das cores que defende ainda é muito importante.

Apesar de não dar esta-bilidade financeira, partic-ipar do amador pode gerar uma renda extra para os atletas. Diego Spoldaro jogou três anos o amador de Bauru, e em 2013 par-ticipou de alguns jogos. Ele revela que os times tem estrutura para pa-gar pequenos salários para seus atletas, mas a infor-malidade se mantém como uma característica através do tempo.“Não existe con-trato, apenas uma ficha de inscrição dos atletas, que

não permite que fiquem transitando de equipe em equipe, e o recebimento dos valores combinados, ficam apenas de boca”. Ainda completa que o ama-dor não é apenas um lugar para quem quer se diver-tir aos finais de semana, ali se encontram todos os tipos de atletas. “Muitos já são de idade avançada, não viraram profissionais, out-ros são ex-profissionais, e alguns jogadores mais jov-ens com a esperança de se tornarem profissionais”.

Vicente sempre fala com saudosismo dos tempos em que o amador era forte. Di-ego mostra como é a com-petição hoje em dia. Apesar das diferenças, ambos con-cordam que o amador não pode acabar por ser um es-paço de relevância social e os participantes que ali se encontram finalmente pos-sam alcançar o seu ideário de atleta.

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A CULPA e NOSSA

Hoje, cerca de 82% dos jogadores de futebol profissionais registra-dos vivem com 2 salários mínimos ou menos. Isso equivale a mais de 25 mil atletas.

Todo mundo já condenou: Diego Costa, atacante do Atlético de Madrid, é o mais novo “trai-dor vira casaca” do futebol. Mas será que jogar pela Espanha é mesmo uma traição de Die-go? Será que o problema dessa história é o “mau caráter” de um jogador? Com certeza não. Os problemas do futebol brasileiro estão longe de se resumirem a um ou outro caso de aban-dono da pátria.

Ele é apenas o da vez. Não o único traidor, só o mais novo mesmo, porque

não é novidade nenhuma ver um brasileiro vestindo a ca-misa de outra seleção. Quem não se lembra de Deco com a camisa de Portugal, por exemplo? O torcedor bra-sileiro já se acostumou com essas “traições”. Mas, se elas acontecem tanto, será que não é nossa culpa?

Se fosse só para a Euro-pa era uma coisa, mas mes-mo dentro do país o alicia-mento é um problema cada vez maior. E o motivo dis-so tudo se resume a duas

coisas: falta de estrutu-ra para os jovens atletas e falta de instrução para es-sas crianças e suas famílias.

Quando o menino começa a jogar bem, não leva nem um ano para aparecerem os primeiros “urubus”. Times estrangeiros prometendo sucesso, empresários ofere-cendo dinheiro rápido, todo tipo de tentação vem bater na porta da família. Ao mesmo tempo, o time revelador não é capaz de oferecer as mesmas coisas, nem em dinheiro, nem em apoio ou estrutura. Nes-sa hora fica difícil de resistir.

Waldir Capeloto é profis-

sional de futebol na prefei-tura de Várzea Paulista e diz que a situação é difícil para o professor: “É complicado falar “não vai”. Tem o din-heiro, as coisas que ofere-cem, a meninada acredita e acaba indo. Aqui já acontece isso, imagina em time for-mador mesmo.”. Mas Waldir deixa bem claro que pensar que isso é coisa de time eu-ropeu é besteira: “Fala de time europeu, mas na ver-dade são os empresários bra-sileiros mesmo que vem com as promessas. Quer levar pro Palmeiras, pro Paulista (de Jundiaí), pra Ponte...”.

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de João Victor Jacetti

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No Brasil, o jogador que mais recebeu por mês em

2014 foi Neymar. O salário do santista equivalia a 4.820 salários mínimos! Com essa

quantia, cerca de 2.400 joga-dores desse grupo de 82%

poderiam ser pagos. O topo da pirâmide pode

parecer um sonho,mas não podemos esquecer que tem

muito mais gente na base que no topo. E lá o negócio

não é tão bom assim.

Diego Costa é exceçãoAs famílias e as crianças

ouvem as propostas com os olhos brilhando. Alguns poucos conquistam tudo o que sempre sonharam, mas a grande maioria encontra uma realidade bem dife-rente. Muitas crianças são levadas e várias acabam largadas pela Europa, em-pregadas em alguma em-presa no Japão, perdidas no mundo Árabe, ou apenas desiludidas por um time brasileiro mesmo. Talvez um pouco de apoio e de instrução fosse suficiente para evitar isso tudo. Evi-tar que tantos futuros fos-sem desperdiçados e, ao mesmo tempo, evitar que tantos jogadores “viras-sem a casaca”.

O jovem que vai para ou-

tro país nunca vai com uma certeza. Tudo o que o atleta tem é um contrato de seis meses, um ano no máximo e o apoio de um empresário que mal conhece. Quando esse vínculo acaba, caso o empresário perca o inte-resse no negócio, a situa-ção do garoto passa a ser crítica. Basta imaginar esse cenário: uma criança de 13, 14 anos (ou até menos) so-zinha em um país distante, sem dinheiro, sem ajuda e sem saber o que fazer. É exatamente por essa situa-ção que milhares de jovens passam para que apareçam um Diego Costa ali e um Deco aqui.

AliciamentoO famoso aliciamento de

jogadores é quando em-

presários ou clubes fazem promessas e propostas para jogadores de qual-quer idade com o objetivo de conquistá-los. Os sa-lários altos para as crian-ças, a promessa de ser ti-tular em algum time para os jogadores. Todas essas mentiras contadas para que o atleta aceite assi-nar um contrato são parte do aliciamento. A palavra aliciamento também pode ser usada para assuntos de fora do esporte, sempre se referindo a esse tipo de promessa ou proposta.

Vários grandes clubes europeus já foram acusa-dos de aliciamento, como Real Madrid, Chelsea e Juventus. No Brasil, o caso mais famoso foi con-tra o São Paulo.

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O pior enxadrista do mundode João Vitor Reis

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Quando tinha cinco, seis anos, era como um quebra-cabeça. Sabia que era um jogo com um “cavalinho”, que parecia damas, mas era bem mais difícil. Parecia que era feito só pras pessoas muito inteligentes ou velhas jogarem. Com o tempo, fui entendendo como se joga: um tabuleiro quadriculado, o peão anda um passo de cada vez e come na diagonal; bispos atravessam pela diago-nal, torres pela vertical; a rainha junta os papeis de torre e bispo; o rei tem que se proteger do xeque mate, andando uma casinha de cada vez. Tive minhas primeiras partidas com lei-gos, elas nun-ca terminavam por confusão nas regras. Por um perí-odo estudei Ciências da Computação. Outro adver-sário interessante, aliás, é o computador. Consoles, painéis de avião e sistemas operacionais parecem prever todos os movimentos. Kasparov, um russo conhe-cido como o maior campeão de xadrez de todos, foi derrotado pelo computador. “A máquina superou o homem” foi a mensa-gem que os jornais passavam! Porém a computação explica que xadrez é um jogo de algoritmos.As jogadas são baseadas em programas de previsão de jogadas, algoritmos. Os softwares conheciam quaisquer se de Kasparov – que deve prever muitas jo-

gadas à frente. Então – por profundidade e enviesamento de silogismos – Kasparov levou pau.Como sou mais pensador do que contador, abandonei a computação. Prefiro jogar xa-drez pelas dialéticas. Não consigo me lembrar de uma vitória sequer obtida em um jogo minimamente nivelado. Por outro lado é um jogo onde se pode vencer pelas intersubjetividades, al-teração de psicológicos, fatores externos... dia desses jogava com um amigo meu, meio argentino, em casa. Fora as provo-cações intelectuais entre nós, jogadores, tínhamos a plateia a toa dando pitacos.

Acabava de per-der uma partida. Meu adversário ia jogar com as peças brancas, que sempre co-meçam o jogo. Ele colheu as peças para trocar

de lugar. Assim, um amigo de fora disse: – Não seja imbecil! É só virar o tabuleiro! – e ainda fiz questão de reforçar com uma cutucada:– Você é UM DOS CARAS MAIS IMBECIS que eu já vi. Ele se aborreceu, notoria-mente, e falou:– Ah é? Então te prepara.Argentinos não são arrogantes; gostam de afirmar seu caráter. Logo, assim o fez: deu-me xeque-mate com um peão!– Isso é pra você aprender, capivara.– Capivara? E o que é isso? – perguntei.– É aquele que não sabe jogar.

“Como sou mais pensador do que contador, abandonei a computação. Prefiro jogar xadrez pelas dialéticas”.

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Esportes

de Mariana Torres

Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre esporte para ler o que contaremos aqui. Os esportistas de plantão e até os apetitosos por estranhices vão ficar

de cabelo em pé.

Uma corrida para quem tem fome

Misture alguns queijos de Gloucester, uma grande colina e pessoas dispostas a se sujar. Pode parecer que roubamos a matéria de uma revista de culinária, mas isso é realmente um esporte. Resgatando certo estilo folclórico, essa corrida nada convencional tem informações imprecisas sobre o seu surgimento. Há indícios de que a corrida do queijo, ou “The Cooper’s Hill Cheese Rolling and Wake” como é chamada oficialmente, tenha surgido há 200 anos. O evento, tradicional da Inglaterra, funciona da seguinte forma, jogam-se alguns queijos do alto de uma colina e os competidores saem rolando atrás deles. O vencedor seria aquele que chegasse primeiro à linha de chegada com um desses queijos em mãos, mas como este famoso recheio de pão costuma alcançar velocidades de até 110 km/h na descida, vale chegar primeiro sem o queijo. O prêmio da competição é, por incrível que pareça, um queijo de Gloucester.

Correnteza de ar

Não é mágica, não é ilusão de ótica, é apenas mais uma maluquice. O primeiro vídeo do

norte-americado Miles Daisher pulando em queda-livre com um caiaque e um paraquedas

foi postado no youtube em 2008. A mistura inusitada de objetos de água e de ar deu origem

ao que é chamado de Skyaking, em que uma pessoa sentada em um caiaque salta de um

avião a uma altura aproximada de 4 mil metros e depois abre um paraquedas para planar até o chão. O último vídeo postado por Daisher teve

mais de 1,2 milhões de visualizações.

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Gol bodeado

E se a bola de uma competição fosse substituída pela carcaça de um bode? Você pode nunca nem ter imaginado algo assim, mas a modalidade existe desde tempos remotos e é chamada de Buzkashi. O nome quer dizer “agarramento de cabra” e tem suas origens em línguas da Ásia Central, mesma região aonde surgiu o esporte. Alguns dizem que ele é milenar e que talvez tenha surgido em sociedades antepassadas e primitivas, mas não há registros formais disso tudo. Mesmo assim ele é praticado até hoje com alguns loucos montados sobre cavalos disputando um bode sem cabeça. O time vencedor do jogo é aquele que repetir mais vezes o ato de arremessar o bode em questão em algo que se parece com um gol. A competição costuma ser violenta e até as suas regras são bizarras: uma partida, por exemplo, pode durar dias.

Desamassamento radical

Que tal aproveitar o tempo dedicado a praticar esportes

radicais também para desamassar suas roupas? Esquisito? Pois

é, mas existe e o nome disso é Passada de Ferro Extrema. As

histórias sobre esse esporte são muitas, mas os adeptos acreditam

que ele tenha surgido em 1997 na Inglaterra, quando um tal de Phil Shaw precisava passar suas roupas, mas queria muito relaxar, então resolveu fazer

uma escalada levando a tiracolo um ferro quente, uma roupa

amassada e uma tábua para usar de apoio. Toda essa coisa doida ganhou fama quando um canal da televisão inglesa produziu um documentário chamado “Extreme

Ironing: Pressing for Victory”, acompanhando a primeira competição

da modalidade, que aconteceu na Alemanha. Ele também foi exibido

no National Geographic. A Passada de Ferro Extremo já ganhou muitos adeptos e já aconteceu no surf, na escalada, no mergulho, no ciclismo e em muitos outros

esportes radicais. Ilustrações de Pedro Hungria

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