Revista dos Bancários 24 - nov. 2012

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REVISTA DOS BANCÁRIOS 1 Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano II - Nº 24 - Novembro de 2012 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco BOLA PRA FRENTE BOLA PRA FRENTE Conhecido como o pior time de futebol do mundo, o pernambucano Íbis tenta driblar as dificuldades sonhando com dias melhores

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Edição novembro 2012

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REVISTA DOS BANCÁRIOS 1

Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

DOS BancáriosRevista

Ano II - Nº 24 - Novembro de 2012 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

BOLA PRAFRENTEBOLA PRAFRENTEConhecido como o pior time de futebol do mundo, opernambucano Íbis tenta driblar as dificuldadessonhando com dias melhores

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Opinião Editorial

>>A Revista dos Bancários foi criada no esteio de uma grande reformulação gráfica e editorial na comunicação do Sindicato

Dois anos com você

DOS BancáriosRevista

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João RufinoRedação: Fabiana Coelho e Fábio Jammal MakhoulProjeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno LombardiFoto da capa: Montagem sobre foto de ©Depositphotos/IS_2Impressão: NGE GráficaTiragem: 11.000 exemplares

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

ÍndiceIbis: o pior time do mundo

O massacre dos Guarani-kaiowás

Os negros na categoria bancária

Entrevista: Maria Júlia Reis

Dicas de cultura e lazer

Bancário Artista

Conheça Pernambuco

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A Revista dos Bancários está completando dois anos. Nessas 24 edições, levamos até você reporta-gens diferentes do que o bancário está acostumado a ler nos materiais do Sindicato. A proposta da revista é, justamente, oferecer uma leitura prazerosa com reportagens sobre os mais diversos temas, do car-naval ao futebol, das artes à história. Seções fixas da revista dão dicas de turismo e lazer.

Tudo isso sem esquecer as bandeiras de luta dos bancários. Neste quesito, veiculamos matérias sobre a história da organização da categoria, sobre

a conquista da Convenção Coletiva Nacional, sobre igualdade de oportunidades, segurança bancária, saúde, condições de trabalho.

Nascida em 2010, nos pri-meiros meses de gestão da atual diretoria do Sindicato, a revista foi criada no esteio de uma grande reformulação

gráfica e editorial na comunicação da entidade. O objetivo da reforma: aproximar ainda mais os bancários do Sindicato.

O site, o jornal e o boletim eletrônico foram com-pletamente modificados para dar mais agilidade às informações. Novos canais de comunicação foram implantados, entre eles, a Revista dos Bancários mensal e a Rádio dos Bancários diária (hospeda-da no site). Também investimos nas redes sociais com a criação de perfis e comunidades no Twitter, Facebook, Instagram.

Todo este investimento mostra a preocupação do Sindicato com a comunicação, uma área importante da nossa vida social, capaz de fortalecer ou enfra-quecer pessoas e grupos. Com uma comunicação forte, o Sindicato quer cada vez mais avançar na organização dos bancários para vencermos, juntos, mais e mais batalhas contra os bancos.

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O pássaro preto sai das cinzasO Íbis não é mais o pior time de futebol do mundo, mas faz questão de manter o título e o bom humor

Foi no mês de novembro, mais espe-cificamente dia 15 de novembro de 1938, que nasceu o Clube que ficou internacionalmente conhecido como

o pior time de futebol do mundo. No entanto, passados quase 15 anos desde que registrou no Guiness o recorde de 3 anos e 11 meses sem uma única vitória, o Íbis já não é o pior do mundo.

No campeonato pernambucano deste ano, depois de passar 50 meses sem vencer ninguém, o time conseguiu quatro vitórias e nove empa-tes. É verdade que foram quinze derrotas. Mas, para quem não vencia desde 2008, esta foi uma campanha histórica.

O Íbis jogou para a lanterna equipes como o Atlético Pernambucano, o Centro Limoeirense e o Ferroviário do Cabo. E mais, conseguiu se igualar ao Sete de Setembro, de Garanhuns. “São equipes que têm apoio das prefeitura ou de empresas. E a gente, mesmo sem apoio, conseguiu superar”, se orgulha o presidente do Clube, Ozir Ramos.

É fato: o único patrocinador da equipe é uma empresa ligada ao grupo Fertini. Os familiares e amigos também ajudam. Mas, somado tudo, o valor financiado mal dá para pagar uma ajuda de custo para os jogadores e equipe técnica, que jogam sem receber salário. “Não deixa de ser uma vitrine. Sempre existem os olheiros, que observam os destaques de cada equipe no cam-peonato e levam para clubes maiores”, diz Ozir.

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A verdade é que, quando se fala em Íbis, todo mundo lembra logo do jogador Mauro Shampoo, que em dez anos de carreira marcou um único gol. No entanto, foi no Íbis que começaram jogadores como Vavá, Rildo e Bodinho, na década de 50. Todos eles foram cam-peões mundiais pela seleção brasileira, nas Copas de 58, 62 e 70.

Em 99, quando o pássaro preto foi vice-campeão pela série A2 do pernam-bucano, muitos jogadores foram para times da Europa. E, este ano, já existem alguns convites. “Nós temos jogadores que se destacaram, como Washington, de 22 anos, que fez 12 gols e foi um dos artilheiros do campeonato. E tem outros, como o meia Bruno, o goleiro Tiago e o zagueiro Márcio...”, afirma o presidente.

Ozir trabalha como gráfico e, desta ocupação, tira o sustento. “Com o Íbis, eu perco mais dinheiro do que ganho. Até porque, quando a gente vende um jogador, acaba abrindo mão de qualquer coisa para o clube para não prejudicar o atleta. Afinal, ele roeu o osso comigo. Quando chega a hora

do filé, nada mais justo que ele possa aproveitar”.

EM FAMÍLIA O Íbis nasceu como forma de en-

tretenimento para os trabalhadores da antiga Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco, a TSAP. A princípio, ape-nas funcionários da empresa jogavam, em partidas amis-tosas. Amigo de um jogador do Íbis, o jornalista Israel Leal se encantou com a alegria e o orgulho com que o rapaz, de 19 anos, falava da equipe em que joga-va. Resolveu fazer da história do time o tema de seu trabalho de conclusão de curso, em 2008.

Israel recolheu reportagens, desde 1938. Virou frequentador assíduo do Arquivo Público Estadual. Entrevis-tou todos os personagens ainda vivos. Colecionou histórias engraçadas e bizarras sobre o pior time do mundo. E o trabalho virou livro: “O voo do

Pássaro Preto” Do primeiro Ozir, pai do atual e ex-

-presidente da equipe, Israel ouviu a engraçada narrativa que justificaria a decisão da fábrica de acabar com o time. “Ele conta que o grupo esta-va treinando quando a nora do dono da fábrica resolveu fazer uma visita

ao campo. No en-tanto, ela inventou de mexer com uma cabra que estava no local, a cabra saiu correndo atrás e a moça caiu no meio do campo, com as calças de fora”, con-

ta o jornalista. Envergonhada, ela fez queixa ao

dono da fábrica, que decidiu encerrar as atividades do time. O senhor Erasmo Ramos, que estava à frente da equipe e é avô do atual presidente, já se dirigia à Federação Pernambucana de Futebol para fazer a exclusão, quando voltou atrás. E levou para a garagem de sua casa a sede do clube.

Desde então, é a família Ramos e

>> O Ibis já revelou jogadores que foram campeões mundiais pela seleção brasileira nas Copas de 58, 62 e 70

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os amigos que dão vida ao Íbis. E o que pouca gente sabe é que foi este o primeiro time de futebol do mundo a ter uma mulher como presidenta. Foi a senhora Sílvia Costa, tia de Ozir, que em 1984 assumiu o destino do pássaro preto. “A história do Íbis é uma história de superação”, diz Israel.

Ozir Ramos, que nasceu dentro do Íbis, cresceu e até jogou pela equipe, sabe disso muito bem. E se orgulha da campanha realizada este ano. “Temos um bom trabalho de base, uma comis-são técnica competente e, no ano que vem, estaremos ainda melhor”, garante.

A TORCIDA Houve um tempo em que a torcida

do Íbis se resumia a um. Chamava-se Chico do Táxi o torcedor solitário das arquibancadas nas décadas de 80 e 90. E guarda muitas histórias, a maioria delas registrada no livro de Israel. “Em 2001, no jogo do Íbis contra o Náutico, conta--se que Chico estava indo para o Aflitos quando um empresário pediu corrida até João Pessoa. Por conta do dinheiro, Chico acabou aceitando. Mas foi com o radinho ligado, assistindo o jogo. No meio do caminho, o Íbis fez um gol. Chico parou o carro, desceu e começou a gritar e pular. O empresário ficou tão assustado que fugiu”, conta o jornalista.

O fanático amante do pássaro pre-to morreu em 2007. Mas, hoje, há bem mais que um único torcedor na arquibancada. Israel Leal tem papel importante nisso. Foi dele a ideia de criar o Ibismania, uma bem humorada página na Internet, que narra os acon-tecimentos do Íbis e de outros times e esportes de forma bem divertida (www.ibismania.com.br).

O site invadiu as redes sociais e aca-bou se tornando, de fato, uma mania. Hoje, no estádio Ademir Cunha, já se reúne uma média de 200 torcedores para ver jogar o pássaro preto. “É uma torcida descompromissada, alegre: se o

time ganhar, é festa. Se perder, é festa também”, diz Israel.

Ozir vai além. Garante que o seu time tem a maior torcida de Pernambuco. “Todo mundo gosta do Íbis. Junto com o América, ele é o segundo time de todo pernambucano. Claro que tem torcedor mais apaixonado, outros menos. Mas já chegamos a ter mil pessoas no Ademir Cunha”, afirma o presidente.

O folclore que encarna o pássaro preto rende também alguns boatos engraçados. E o Ibismania faz questão de reforçar cada um deles. No último episódio, o time que ostenta o título de pior do mundo teria sido convidado pela Rede Globo para gravar o capítulo final da novela “Avenida Brasil”, em

uma disputa com o time do protagonista Tufão: o Divino. O presidente Ozir ga-rante que não recebeu nenhum convite deste tipo. Mas o fato é que o site pegou carona na especulação e criou um jogo fictício, com o Íbis apanhando de 3X1.

Conta Ozir que, um tempo atrás, houve outro boato do tipo. “Disseram que o grupo Casseta e Planeta tinha convidado o Íbis pra jogar contra o Tabajara. Mas nada se confirmou. O que existe de fato é um convite de um time de Roraima, que há três anos não ganha e entrou em contato conosco. Mas nós também fazemos os convites. Já desafiamos até o Corinthians, quan-do ele estava sem ganhar de ninguém”, diz o presidente.

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O ex-jogador Shampoo é um show à parte na história do Pássaro Preto. Já foi duas vezes para o Jô Soares, estre-lou documentário, ganhou música de Oswaldo Montenegro, reportagens por todo Brasil... Mas se, em parte, sua fama se deve à performance no Pássaro Preto, ela ganha tempero e fermento por conta do talento de Shampoo, não com a bola, mas com os palcos da vida, onde para ele tudo é um show.

“Alô. Aqui fala Mauro Shampoo. Jogador, cabeleireiro, estrela de cine-ma, celebridade e homem. Show, show, show!!!”. É assim que ele atende uma chamada telefônica no salão onde corta cabelos. Bem humorado, conversador, ele se orgulha de ter feito parte da equipe do Íbis. Em dez anos de carreira, fez um único gol. E ainda há quem diga que o gol não foi dele, foi contra.

Apesar do orgulho, Shampoo não es-conde uma certa tristeza por esta ausência de vitórias. “Sempre quis ser jogador de futebol. Treinei no Vovozinha e, pelo Santo Amaro, eu ganhava até salário, chegamos a ser vice-campeões”, lembra.

Ele garante: não era mau jogador. Mas, com o Íbis, só deu azar. “Não sei o que acontecia. A gente nunca ganhava. Teve uma vez, depois de um jogo contra o Santa Cruz no Arruda, que eu cheguei em casa e a mulher perguntou o resultado. Fiz assim ó: (faz o gesto de um dedo em uma mão e um dedo na outra). Ela perguntou: - Um a um? E eu: - Não, mulher. Onze a zero”, conta Shampoo.

Sua esposa está com ele há trinta anos. Como cabeleireiro e “showman” que é, Mauro apelidou-lhe de Pente Fino, assim como chama as filhas de Secador e Cre-me Rinse. Márcia Pente Fino também é cabeleireira e foi goleira em um time de bairro. Acompanhou muitas derrotas de seu companheiro e já contribuiu muito com a equipe do Pássaro Preto. “Ele le-

vava pra casa o uniforme de todo mundo. Era eu quem lavava”, lembra.

Se, no campo, Shampoo não conseguia fazer um gol, na vida ele coleciona vitó-rias. “Eu era maloqueiro, vivia na rua, engraxava sapato, vendia pastel, fazia de tudo um pouco... Tinha 14 irmãos, a gente tinha que se virar. Hoje estou aqui, dando entrevista”, afirma. Foi engraxando sapa-to que ele conseguiu emprego de office--boy. Como office-boy em um escritório ao lado de um cabeleireiro, aprendeu a

cortar cabelos. E, hoje, tem uma clientela fiel e é muito bom no que faz.

Também não deixa de jogar bola. São três jogos por semana e um deles pelo Íbis, no Campeonato Cinquentão. “A gente joga com os times da periferia. E eu levo a tesoura. Depois do jogo, corto o cabelo de todo mundo que quiser”, diz. E com-pleta: “Tudo é show, tudo é alegria!!!”. Um bom humor e uma simplicidade que casam como uma luva com o perfil do pássaro preto.

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Somos todosGuarani-kaiowáIndígenas do Mato Grosso do Sul apelam às redes sociais para dar visibilidade ao que a mídia oculta: o extermínio de seu povo

“Não acreditamos mais na Justiça Brasilei-ra. (…) Decretem a nossa morte coletiva

Guarani e Kaiowá de Pielito Kue/Mba-rakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida”.

Este é um trecho da carta da comu-

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nidade Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, que foi entregue ao Governo Federal e Tribunal de Justiça e ganhou repercussão nas redes sociais. A decisão de resistir até a morte foi tomada depois que a Justiça Federal de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, decidiu pela expulsão definitiva da comunidade indígena de sua terra. Desde 2009, há um decreto homologando a demarcação da área. No entanto, a eficácia do decreto foi suspensa em seguida, pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em favor das Fazendas Polegar, São Judas Tadeu, Porto Domingos e Potreiro-Corá. A situação, que já era grave, ficou ainda mais tensa com a decisão de Naviraí.

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A grande mídia, como sempre, calou. Mas o movimento em defesa dos indíge-nas invadiu blogs, sites alternativos, redes sociais. Atos de protesto ocorreram em várias partes do país, inclusive no Recife, no dia 28 de outubro. Fotos, abaixo--assinados e a carta dos Guarani Kaiowá receberam milhões de compartilhamen-tos, via Facebook, por todo o mundo.

A mobilização arrancou algumas con-quistas. No dia 30 de outubro, o Tribunal Federal da 3ª Região cassou a ordem de despejo e determinou que os índios ocupem o local até que sejam concluídos os estudos etnológicos sobre o território. O recurso foi movido pela Advocacia Geral da União, a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai).

O Ministério da Justiça, por sua vez, enviou novo efetivo da força nacional para pacificar a região. E o terceiro anúncio, feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, é que os estudos etnológicos realizados no local atesta-ram que a aldeia Pyelito Kue é, sim, terra indígena. E, em cerca de 30 dias, será formalizado o despacho da análise.

A demarcação definitiva, entretanto,

ainda não tem prazo para ocorrer, já que o laudo pode ser contestado pelo estado, pelo município e pelos fazendeiros, em recursos intermináveis. Há casos de terras já demarcadas que tramitam no Supremo Tribunal Federal há várias décadas. Em entrevista à agência Car-ta Maior, o procurador de Defesa dos Direitos do Cidadão, Eugênio Aragão, lamentou que as decisões do Estado só ocorram quando se está à beira do abismo. E lembrou que a Constituição Federal de 1988 deu um prazo de cinco anos para que o país demarcasse as terras indígenas. “Passados 19 anos, ainda falta 9% dessas demarcações. E justamente as mais difíceis”, informa o procurador.

ExtERMÍnIOOs Guarani-kaiowá são hoje o segun-

do maior povo indígena do Brasil. São 43,4 mil pessoas, divididas em 16 mil famílias e três aldeias, que se impren-sam em pouco mais de 42 mil hectares. A situação é dramática. Não há mais floresta. Não há mais onde caçar, pes-car ou plantar, segundo os costumes da tribo. Os indígenas vivem ilhados entre

fazendas, onde trafegam pistoleiros e impera a violência.

Em entrevista à Revista Fórum, o cacique Ava Taperendi, falou sobre a situação desalentadora de seu povo: “Estamos encurralados entre duas cida-des e só queremos viver nossa cultura. Falta terra, não tem floresta, não tem por onde andar, pra onde vamos já saímos em uma fazenda fechada. (…) Se alguém se interessar, vá visitar meu povo. Veja de perto a desumanidade. Nem um bicho que vocês criam em casa vive desse jeito que vivemos”.

Os índices de desnutrição são altíssi-mos. A ruptura na forma de vida destes índios faz com que eles sejam obrigados a sobreviver dos programas de governo. Ilhados entre terras alheias, o acesso à educação, saúde e outros serviços públi-cos também é precário.

Segundo reportagem de 2008 das escritoras Fabiane Borges e Verenilde Santos, que durante meses visitaram o território Guarani-kaiowá para matéria no Caderno “Outras Palavras”, há cerca de 40 anos, os kaiowá e nhandeva mo-ravam em casas grandes, denominadas

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ogajekutu-ogaguasu, reunindo até cem pessoas de uma mesma família. Hoje, vivem em casas minúsculas, feitas de barro, sem a proteção da floresta e que abriga apenas a família nuclear. A estrutura das grandes famílias, cuja chefia baseava-se na religiosidade, desorganizou-se, assim como os ritos do plantio, da colheita, da caça e da pesca, que dependiam da existência da terra e da floresta.

Os suICÍDIOs A perda da terra repercute na cultura

e na identidade deste povo. Os ritos e as crenças perdem sua razão de ser e sobrevivem só por insistência. Os mais velhos procuram, de toda forma, fazer valer a resistência e transmitir o saber das danças, língua e batidas. Mas, para boa parte da comunidade, os rituais fo-ram esvaziados de seu significado mais profundo.

Essa situação gera uma instabilidade emocional que, aliada às condições materiais de vida, fazem com que o número de suicídios cometidos no terri-tório indígena seja considerado um dos mais altos do mundo: são 70 suicídios por cada 100 mil habitantes, enquanto a média considerada aceitável pela ONU (Organização das Nações Unidas) é de 12 por 100 mil habitantes.

Entre 2003 e 2010, segundo dados do CIMI (Conselho Indigenista Missioná-rio), foram 555 suicídios – mais de um a cada cinco dias, a maioria jovens. O número de mortes deste tipo começou a aumentar nos anos 80, dobrou nos anos 90 e bateu o recorde na virada do século 21.

Os suicídios acontecem, quase sem-pre, por enforcamento ou ingestão de veneno. São os chamados “jejuvy”, segundo atesta a reportagem de Fabiane Borges e Verenilde Santos. A palavra “jejuvy”, em guarani, remonta à ideia de aperto na garganta, voz aniquilada, alma presa. Para os Guarani-kaiowá, se

a palavra é impedida, a vida não existe. E o suicídio é uma resposta à esta ideia de não existência. “Por isso, na hora de morrer, não deve ser utilizado o corte contra si mesmo ou derramamento de sangue, pois a palavra se dispersaria”, afirma a reportagem.

Os AssAssInAtOs Além dos suicídios e das mortes por

fome ou doença, os Guarani-kaiowá vivem sob a sombra da violência. Nísio Gomes, Genivaldo Vera, Rolindo Vera, Teodoro Ricardi, Ortiz Lopes e Xurete são apenas alguns nomes de uma longa lista de assassinados nos últimos anos no Mato Grosso do Sul, segundo o Conse-lho Indigenista Missionário.

As estatísticas da entidade, vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), registram 279 mortes de indígenas desde 2003, cometidas no contexto de lutas agrárias com proprie-tários e fazendeiros deste estado: o local onde mais se mata índios no país.

O cacique Ava Taperendi, em entre-vista à Revista Fórum, denuncia que o próprio poder público é conivente com a situação. Os assassinos de indígenas ficam impunes, enquanto se criminaliza a comunidade. “Semana passada pren-deram o Carlito acusando-o de matar

dois policiais e, na verdade, não foi ele quem matou. (…) Mas mataram meu pai, amigos, líderes, nos expulsam de nossas casas com violência e depois lemos na mídia que os índios saíram pacifica-mente. Colocam fogo em nossas casas, apontam armas para nossas cabeças, nos levam em caminhões até longe da aldeia e nos deixam na beira da estrada para a gente voltar a pé. Não estamos pedindo o Mato Grosso inteiro. Apenas a terra de nossos antepassados. É um massacre. Um massacre”, diz.

O pai de Taperendi, Marcos Veron, foi morto em janeiro de 2003 em Juti (MS), quando homens armados espancaram e atiraram em um grupo de indígenas. Ve-ron, que na época tinha 72 anos, morreu por traumatismo craniano.

Diante da situação, motivos não fal-tam para que a rede de solidariedade, que conseguiu evitar o despejo ou matança dos Guarani-kaiowá, se solidifique. O que este povo pede é o “reconhecimento das terras indígenas, desaceleramento do mercado agropecuário na região, reflo-restamento das áreas dizimadas, respeito e reconhecimento de um tempo que não precisa ser igual pra todo mundo. Mas também reivindicam o acesso ao que há de relevante na sociedade”, escrevem Fabiane Borges e Verenilde Santos.

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Embora mais da metade da população brasileira seja de origem negra, nos bancos eles são apenas 2,3% dos fun-cionários e estão nos cargos mais baixos. Lutar contra essa discriminação e garantir a igualdade de oportunida-des estão entre as principais bandeiras do Sindicato

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Rúbia Cíntia e Eleonora Costa: mãe e filha, bancárias,negras e funcionárias do Santander. Rúbia foi recém contratada pelo

banco, onde estagiou por dois anos. Dos trinta empregados de sua agência, ela conta que apenas quatro são negros, incluindo o estagiário. Significa pouco mais de 10%.

“As oportunidades não são as mesmas. Na hora da entrevista, a aparência conta muito e nossa sociedade ainda é muito racista”, opina Rúbia.

Na relação com os clientes, chefes e colegas de trabalho, ela jamais se sentiu discriminada. Mas acredita que a ascensão na carreira é muito mais difícil para as bancárias negras. “A gente percebe que a maioria dos negros estão nos caixas. E boa parte deles está na mesma função há muito tempo”, diz a bancária.

Sua mãe, Eleonora, que também é dire-tora do Sindicato, sabe disso muito bem. Com a pele mais escura do que a filha, entrou no banco através de concurso, nos tempos do extinto Bandepe. Desde então, há 23 anos, ela ocupa a mesma função, de caixa. “Eu via outras pessoas, todas brancas, serem promovidas. Não existem critérios para as promoções. As chefias decidem”, critica Eleonora.

Em 2009, a Federação Brasileira de Bancos, após muita pressão do movimento sindical, aceitou realizar uma pesquisa, que intitulou “Mapa da Diversidade”. Na época, os dados recolhidos pelos próprios bancos mostravam que apenas 2,3% dos bancários eram pretos. Outros 16,7% eram pardos; 3,6% eram amarelos e índios e a grande maioria (77,4%) era composta por brancos.

DE MAL A PIOR Um protocolo de intenções foi assinado

entre os sindicatos e os bancos para aumen-tar a inserção da população negra no sistema financeiro. No entanto, dois anos depois, ao invés de melhorar, a situação piorou.

A análise dos números dos bancos revela um aumento das demissões de negros nos últimos dois anos, principalmente no

Itaú. O próprio relatório de sustentabilidade do Itaú demonstra aumento de 14% no número de desligamentos de mu-lheres negras em 2011 em comparação com o ano anterior. Com isso, os negros e pardos, que juntos constituíam 19% da mão-de-obra bancária, hoje são apenas 18%.

Estudo feito pelo Die-ese (Departamento Inter-sindical de Estatísticas e Estudos Sócio--econômicos) mostra que, no ano passado, os negros entraram nos bancos recebendo salário médio de R$ 1.685,83, pouco mais baixo que o dos pardos, de R$ 1.752,65. Enquanto isso, os brancos começaram sua carreira ganhando R$ 2.743,91, um valor 62% maior. Os amarelos tiveram um salá-rio ainda maior, de R$ 3.155,32.

Os dados revelam que, no nível de direção, havia apenas 0,6% de negros, en-quanto nos níveis hierárquicos mais baixos, essa presença aumentava: eram 2,9% entre os escriturários e 5,1% entre os agentes, assistentes e auxiliares administrativos.

BAnCOs PúBLICOs A desigualdade não é específica dos ban-

cos privados. Rafael Brasil é escriturário no Banco do Brasil. E conta que, no local em que trabalha, de um universo de 46 funcio-nários, três ou quatro são negros. “Embora a admissão se dê por concurso público, os negros não têm as mesmas oportunidades de formação”, opina. Ele acredita que o seu caso é uma exceção: “Estudei desde pequeno no Colégio Militar, me formei em direito e entrei no banco com 21 anos. Para a maioria dos negros, essa realidade é bem diferente”.

Se, na admissão, existe ao menos a intenção de isonomia, no caso das oportunidades de ascensão a situação é mais grave. “Não há negros na direção do

banco e a maioria dos comissionados é branca. O banco procura passar uma im-pressão de boa empresa. No entanto, ainda impera uma visão colonialista, que emperra a ascensão igualitária”, opina Rafael.

O problema, segundo ele, é que se o processo de seleção começa de forma igualitária, com a análise do curriculum dos interessados em disputar as vagas, quando se entra na fase de entrevistas, a história muda. “Em um concurso ou na análise de questões objetivas é mais difícil haver arbitrariedades. Mas, em uma entrevista, as questões subjetivas passam a contar”, afirma o bancário.

COnvEnçãO COLEtIvA Entre as conquistas da Campanha

Nacional deste ano, os bancários conse-guiram incluir na Convenção Coletiva Nacional uma cláusula em que os bancos se comprometem a planejar, durante 2013, um novo censo no setor bancário, seme-lhante ao Mapa da Diversidade de 2009, para ser efetivado em 2014.

Além disso, a Convenção mantém a Comissão Bipartite, cujo objetivo é acompanhar o programa de valorização da diversidade e desenvolver propostas contra a discriminação no setor.

Consciência Negra Diversidade

No dia 20 de novembro de 1695 morria Zumbi dos Palmares, principal representante da resistência ne-gra à escravidão e líder do Quilombo dos Palmares

Dia da Consciência negra

RúBIA E ELEonoRA: MãE E FILhA SuPERAM JunTAS A DISCRIMInAção noS BAnCoSRúBIA E ELEonoRA: MãE E FILhA SuPERAM JunTAS A DISCRIMInAção noS BAnCoS

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Entrevista Maria Júlia Reis

O Mapa da População Preta & Parda no Brasil, segundo os Indicadores do Censo de 2010, revela que pretos e pardos já são maioria em 56,8% dos mu-nicípios. No entanto, são eles os mais vulneráveis quando se trata do acesso à educação e saúde. São eles as principais ví-timas da pobreza e, portanto, os que morrem mais cedo. Quando se trata do mercado de traba-lho, a desigualdade se mantém. Negros recebem quase 40% menos por hora de trabalho e ocupam as funções menos espe-cializadas e pior remuneradas. Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), este é portanto um desafio: garantir a inclusão desta maioria excluída e lutar por igualdade de oportunidades no mundo do trabalho. A Revis-ta dos Bancários conversou com Maria Júlia Reis, que responde pela Secretaria de Combate ao Racismo da CUT.

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Entrevista Maria Júlia Reis

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Revista dos Bancários - Fale um pouco sobre a Secretaria de Com-bate ao Racismo da CUT.

Maria Júlia - Para falarmos da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo (SNCR), é necessário recupe-rar toda a construção que foi feita no interior de nossa Central, entendendo a necessidade de pautar o debate sobre a questão racial. Desde 1992, se iniciou o debate através de uma Comissão, que mais tarde se transformou no Coletivo Nacional e que, em 2009, com base em tudo que se acumulou neste período, se avançou ainda mais com a criação da Secretaria Nacional, no 10° Concut (Congresso Nacional da CUT). Tam-bém nos congressos estaduais, nas 27 unidades da federação, foram criadas as secretarias estaduais.

Revista dos Bancários – Como foi sua trajetória como militante cidadã e que dificuldades teve que enfrentar enquanto mulher negra?

Maria Júlia - Iniciei minha mi-litância no movimento sindical dos previdenciários no Maranhão. Sou funcionária pública federal e, quando ainda me encontrava em estágio pro-batório, me envolvi nas ações de resis-tência contra o aumento da jornada de trabalho e no movimento grevista por reajuste salarial. Na época, sequer era permitido aos servidores públicos se organizarem em sindicatos, uma con-quista que só veio com a Constituição Cidadã, em 1988. Historicamente, as mulheres sempre tiveram dificuldades em assegurar espaços na sociedade e no mundo do trabalho. E, quando se trata de mulher negra e pobre, essas dificuldades só aumentam. O que, de forma particular, me ajudou a enfren-tar tudo isso foi a minha militância no movimento sindical.

Revista dos Bancários - Como

o racismo se manifesta no Brasil?

Maria Júlia - No Brasil, até bem pouco tempo, tratar deste tema era muito dificil, pois tentava-se vender “o mito da democracia racial”. A orga-nização e o movimento negro tiveram, e ainda têm, uma contribuição funda-mental na descontrução disso. Hoje em dia, ninguém quer ser classificado como racista. Existe lei que torna o racismo crime. Mas, em nossa com-preensão, a explicitação disso é que mudou por que, infelizmente, as ações racistas ainda persistem.

Revista dos Bancários - Como você avalia a importância e que ba-lanço faz das ações afirmativas?

Maria Júlia - Ações afirmativas surgem como instrumento para dimi-nuir e superar desigualdades. Fazemos um balanço positivo das ações imple-mentadas. A própria criação da Sepir, com status de ministério, aponta a perspectiva de que um dia poderemos ter no Brasil uma sociedade mais igual. Uma ação afirmativa que, no Brasil, tem sido bastante debatida é a implan-tação das cotas nas universidades. E os resultados já são visíveis, com o aumento da participação de negros e negras no ensino superior. E, o melhor de tudo, as estatísticas demonstram que

o desempenho dos cotistas é igual ou melhor que o dos não cotistas. Ou seja, a prática vem demonstrando que somos iguais: o que sempre nos faltou foram as oportunidades para demonstrar isso.

Revista dos Bancários - Quais os desafios da CUT?

Maria Júlia - O primeiro deles é assegurar que o movimento sindical cutista tenha como prioridade incluir em suas negociações cláusulas so-ciais que assegurem a igualdade de tratamento e salarial. O segundo, tão importante quanto o primeiro, é desen-volver ações para que todas as escolas brasileiras cumpram o que estabelece a Lei 10.639/2003: é necessário que as escolas incluam na grade curricular o ensino da história e da cultura da África. Isso, certamente, irá contribuir para que o povo brasileiro compreenda a importância da herança de nossos antepassados, tão rica quanto a que recebemos de outros povos. Como terceiro desafio, apontamos o conheci-mento e a implantação do Estatuto da Igualdade Racial, que não foi aprovado da maneira que defendíamos, mas é um instrumento a mais para ser utilizado no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial.

MARIA JúLIA REIS é SECRETáRIA nACIo-nAL DE CoMBATE Ao RACISMo DA CuT

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Cultura e lazer Dicas

FUTEBOL DOS BANCÁRIOS

Festa da Literatura em Olinda

Termina este mês o 14º Campeonato de Futebol dos Bancários de Pernambuco. A primeira etapa encerrou com dois eliminados: BB-Bradesco e Bradesco Capibaribe. Na liderança dos grupos A e B, os times do Banco do Brasil e do Bradesco. Na segunda etapa, serão quatro partidas: no dia 10, jogam Banco do Brasil contra Bradesco Cabo e Bradesco Jurídico contra Bradesco Caxangá. No dia 11, a disputa é entre Bradesco X Itaú e Santander X Apcef. Os quatro classificados se enfrentam nas semifinais dias 17 e 18. E o campeão será conhecido no dia 24. Os jogos acontecem no Clube de Campo dos Bancários, que fica na Estrada de Aldeia, km 14,5.

Ciências SociaisRECOMEnDADOs

Olinda respira arte e literatura neste mês de novembro. A Fliporto começa no dia 15 e ocorre ao mesmo tempo que o “Arte em toda parte”. Entre as atrações está o escritor Ruy Castro, que escreveu “O Anjo Pornográfico”, biografia do homenageado Nelson Rodrigues. Também estarão presentes escritores como José Castello, Mia Couto, Heloisa Seixas, Ana Maria Machado, João Almino e Sônia Rodrigues. Entre as atrações internacionais estão o biógrafo britânico Barry Miles, o historiador cultural americano Robert Darnton e o jornalista e escritor canadense Cory Doctorow. Muita coisa rola também na Fliporto Criança, Fliporto Nova Geração e Ecofliporto. Confira a programação em: www.fliporto.net.

A um passe da decisão

Metáforas do Brasil: demissões, crise e rupturas no BBEm tempos de mais uma reestruturação no Ban-

co do Brasil, uma boa dica para os trabalhadores é o livro de Lea Carvalho Rodrigues. A partir das mu-danças promovidas pelo banco entre 95 e 2000, a autora traça um panorama do próprio país, utilizan-do o BB como uma metáfora da realidade política e

econômica brasileira. O ponto de partida é o PDV (Programa de Demissões Voluntárias), implantado em 95. Mas, a partir deste ponto, desentoca vários processos, entre os quais a forma como o banco foi se perdendo de seu conceito de banco social para se enquadrar às regras do mercado.

CoMPETIção ESTá ACIRRADA

FLIPoRTo REunIu MILhARES DE PESSoAS no Ano PASSADo

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Cultura Bancário Artista

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A música de geração em geraçãoMulti-instrumentista, o bancário herdou o talento do pai e do avô e concilia sem problemas a sua arte e o trabalho no Banco do Brasil

Augusto Menezes Júnior toca de tudo: teclado, guitarra, clarinete, sanfona, entre outros instrumentos. É filho

de músico, neto de músico... carrega a arte no DNA e na vida. Desde criança, acompanha seu pai nas apresentações em Petrolina. Com pouco mais de cinco anos, já tocava teclado e, de tanto ter a música como companheira, foi apren-dendo sozinho a manejar a guitarra e diversos instrumentos de sopro.

A arte é herança genética: seu avô, José Menezes, é um dos fundadores da Banda Filarmônica de Petrolina, onde Augusto tocou durante três anos. Além de possibilitar seu aperfeiçoamento na

música, a Filarmônica também garantiu para Augusto uma bolsa de estudo em escola particular.

Há quatro anos, o artista ganhou mais uma ocupação: tornou-se bancário, no Banco do Brasil de Afrânio. Teve de se mudar para o município vizinho e aca-bou por diminuir um pouco o ritmo da carreira artística. Mas garante: dá para conciliar. “Geralmente, as apresentações são no final de semana. E, para onde eu vou, carrego instrumentos. Tenho alguns aqui, em Afrânio. Sempre que sobra um tempo, eu toco”, diz Augusto.

Do pai ele leva mais que o nome Augusto. É o seu grande mestre, mentor, parceiro e produtor na arte da música. É ele, o pai, quem organiza a agenda do grupo, que toca os mais diversos estilos – com destaque para a música de seresta. “Ele só faz avisar: vai ter uma apresentação tal dia. Toda esta parte de articulação e produção é com ele”, conta o bancário.

O grupo toca em festas de casamento, aniversários, batizados. Mas também se apresenta em eventos públicos, contratados por prefeituras, principalmente no São João. A ideia de gravar um CD ou DVD não é descartada. Mas, por enquanto, são apenas planos para o futuro.

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Entre mare rio

Turismo Conheça Pernambuco

Quem preferir, pode fazer um passeio mais extenso. Por um valor de R$ 25 por pessoa, desfruta-se de duas horas no barco, em uma viagem que começa no mangue, passa pela Praia de Rio Formoso até o pontal de Carneiros e retorna para Guadalupe, com pequena parada para o banho de lama milagrosa.

Reserve outro dia para conhecer as praias da Barra de Sirinhaém, com destaque para o Pontal da Barra, onde há o encontro do rio com o mar. De lá, avista-se grande parte das praias do litoral Sul do estado e também a Ilha de Santo Aleixo, que já é um passeio à parte.

A Ilha de Santo Aleixo é um importante testemunho do vulcanismo no litoral brasi-leiro. A praia onde ancoram as navegações é a única que pode ser vista do continente. O destaque é o contraste das rochas vulcânicas e da imensidão do mar azul-esverdeado.

A Praia de Gamela, ou A Ver o Mar, é outra boa opção. Com quatro quilômetros de extensão e areias finas e claras, oferece um banho em águas pouco profundas e com presença de arrecifes. Nas palhoças que se espalham pela praia, pode-se comer um bom peixe frito, além de caranguejo, aratu ou camarão.

Por fim, uma atração diferente: a Cachoeira de Jaciru Baixo. São quatro quedas, com altura de cerca de 15 metros, além de uma bica artificial, com um metro e meio de altura. Os carros não chegam até lá. Parte do passeio tem de ser feito à pé. Mas a caminhada é recompensada com um banho relaxante nas piscinas naturais que se formam entre as rochas. A cachoeira fica no Engenho Jaciru Baixo, a cerca de 6,3 quilômetros do centro da cidade.

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O encontro entre mar e rio, os manguezais, as piscinas natu-rais, a diversidade das praias, a Ilha de Santo Aleixo, a

Cachoeira de Jaciru Baixo... tudo isso faz do município de Sirinhaém, uma parada obrigatória para quem gosta de um bom passeio. São atrações tão diversas que é preciso, pelo menos, uma semana para aproveitar as opções.

Pelo menos dois dias, por exemplo, deveriam ser dedicados à praia de Guada-lupe, que possui cerca de três quilômetros de extensão, mas enorme diversidade. Na parte Sul, a proximidade entre o mar e o Rio Formoso resulta em uma praia de areias finas e escuras, em que a vegetação arbustiva e rasteira se une aos coqueirais. Do outro lado, ao Norte, a paisagem é be-líssima, marcada por falésias e coqueiros. Na maré baixa, formam-se bancos de areia e centenas de piscinas naturais.

Também em Guadalupe, uma boa opção é descer ao lado do píer de Maria Assu para conhecer o manguezal. A dica é pegar um barco e dar uma parada no Bar do Mangue. A palhoça fica bem no meio do manguezal e, quando a maré enche, as cadeiras ficam dentro da água.

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