Revista do Meio Ambiente 65

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que parecem ter saído Paisagens AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano VIII • novembro 2013 65 9772236101004 ISSN 2236-1014 Fukushima e o fim da humanidade Desafios do consumo consciente 70% das Prefeituras não têm plano de saneamento básico Câmara aprova regulamentação da profissão de ecólogo de um sonho

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Paisagens que parecem ter saído de um sonho | Câmara aprova regulamentação da profissão de ecólogo | 70% das Prefeituras não têm plano de saneamento básico | Desafios do consumo consciente | Fukushima e o fim da humanidade

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capa20 12 paisagens da Terra que parecem ter saído de um sonho por Stephanie D’Ornelas

oportunidade7 Câmara aprova regulamentação da profi ssão de ecólogo

lixo & reciclagem14 70% das Prefeituras não têm plano de saneamento básico por Ana Cristina Campos

artigo23 Desafi os do consumo consciente por Maurício Andrés Ribeiro

energia30 Fukushima e o fi m da humanidade por Marcelo Pereira da Costa

Sede e Redação Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - Jurujuba (Cascarejo, Ponta da Ilha) - Niterói, RJ - 24370-290 • Telfax: (21) 2610-2272 • [email protected]

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Revista ‘neutra em Carbono’

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas veiculados através dos veículos de comunicação da rebia expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da rebia.

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• Boas notícias• Impactos das emissões de carbono sobre os oceanos prossegue • Entidades denunciam a farsa da Conferência Nacional de Meio Ambiente• Desastre amazônico • A água que ninguém vê • Brasil perde 8 bilhões por ano com descarte incorreto de resíduos• Acidifi cação dos oceanos atual é a mais rápida em 300 milhões de anos• Para os que colocam o dinheiro acima da vida, quanto pior a crise socioambiental, melhor• A baleia de Bryde: uma gigante desconhecida• Enrique Leff palestra no V CBJA• Livro sobre ecoturismo na mata atlântica é disponibilizado para download gratuito • A verdadeira composição dos nuggets de frango• Vitae Civilis retira-se da COP19• Japão dá luz verde para “arriscada” limpeza do reator 4 de Fukushima• Carta aberta do Encontro Intercontinental sobre a Natureza - O2013• Rebia e Prima durante o O2013 em fotos• Animais são titulares de direitos – à vida, à integridade física, à liberdade – e não coisas• Legislação vagabunda• Mais um projeto bem-sucedido• Nota da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas• Guia do Meio Ambiente

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BoasnotíciasPrecisamos dos sonhos, ou não sentiremos vontade de mu-dar. a sustentaBilidade requer sonhos, Por que Precisamos de esPeranças Para mudar de um modelo e estilo de vida in-sustentável, que já consome mais recursos do que o Planeta tem Para oferecer, para outro, que aprenda a conviver com o fim do desperdício, a melhor distribuição de recursos entre os que precisam, o di-reito das demais espécies à vida tanto quanto nós, etc.

É duro admitir, mas é bem verdade, que alguns jornalistas, e aí tenho de dar a minha mão à palmatória, tendem a publicar muito mais as denúncias ambientais que o contrário. Antes que me apontem o dedo sujo, digo que tão importante quanto informar o que dá certo é também informar o que não dá. Não se trata de ser bonzinho ou mauzinho, os fatos estão aí, apenas precisamos exercitar o olhar ter um olho na missa e outro no padre. Tão im-portante quanto pautar denúncias e problemas, é pautar soluções, não por ser alguma espécie de favor, mas por ser a realidade, pelo menos na forma como a vemos. E é aí que pode estar o problema. Um enfoque exagerado na má notícia ou na boa notícia pode nos fazer perder a perspectiva. De vez em quando, é puxar o freio de mão e dar uma olhada em volta.

Segundo o Professor Hans Rosling do Global Health, Karolinska Institutet (http://www.bbc.co.uk/news/magazine-24835822), o mundo não vai tão mal assim. Não se trata de uma ideia, ilusão ou fantasia da cabeça dele, mas baseia-se em estudos fundamentados que vale a pena conhecer.

Quem viveu estes últimos cinquenta anos pode conferir as mudanças po-sitivas. A até bem pouco tempo, por cinquenta anos na história da Humani-dade é realmente muitíssimo pouco tempo, vivíamos num mundo dividido.

Basicamente, os países se dividiam em “desen-volvidos” e “em desenvolvimento”. Um tipo de país era rico, e o outro pobre. Um tinha peque-nas famílias, o outro famílias grandes. Um ti-nha longa expectativa de vida, o outro curta. Um deles era politicamente poderoso, o outro fraco. E entre esses dois grupos, não havia qua-se ninguém. Tanta coisa mudou radicalmen-te neste período de menos de uma geração. Os países do mundo de hoje desafiam todas as tentativas de classificá-los em apenas dois grupos. Assim, muitos do grupo anteriormen-te “em desenvolvimento” estão alcançando os mais avançados. Entre as nações no topo da liga de saúde e riqueza, como Noruega e Cin-gapura, até as nações mais pobres devastadas pela guerra civil, como a República Democrá-tica do Congo e a Somália, existem países ao longo de todo um espectro socioeconômico. Aliás, a maioria das pessoas do mundo vive no meio. Brasil, México, China, Turquia, Tailândia e muitos outros países estão agora mais pa-recidos com os países mais desenvolvidos em diversos aspectos do que com os mais pobres. Metade da economia do mundo – e mais da metade do crescimento econômico do mun-do – está agora fora da Europa Ocidental e da América do Norte.

ao contrário do noticiário ambiental catastrófico, o mundo pode estar indo melhor do que se imagina

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Também as pessoas estão muito mais saudáveis, vivendo mais. Cin-quenta anos atrás, a expectativa média de vida no mundo era de 60 anos. Hoje, é de 70 anos. E na década de 1960, essa média mascarava um enor-me fosso entre a expectativa de vida em países “desenvolvidos” e “em de-senvolvimento”. Agora, a média atual de 70 anos aplica-se à maioria dos povos do mundo (diferente da riqueza). Por exemplo, o Vietnã tem a mes-ma saúde que os EUA tinham em 1980, mas até agora apenas a mesma renda per capita que os EUA tinham em 1880.

Por trás do aumento da expectativa de vida encontra-se uma queda ex-pressiva da mortalidade infantil. Tragicamente, 7 milhões das 135 milhões de crianças nascidas a cada ano ainda morrem antes dos cinco anos de idade. Mas, em 1960, uma em cada cinco crianças morriam antes da idade de cinco anos. Hoje é uma em 20, e a taxa continua caindo. Um mito comum é que os cuidados de saúde – por salvar a vida de crianças pobres – só levam ao cresci-mento populacional mais rápido. Paradoxalmente, o oposto é verdadeiro. Por quê? Porque só há demanda para o planejamento familiar quando a mortali-dade infantil cai bastante. Antes que isso aconteça, as mulheres continuam a ter filhos. As mais rápidas taxas de crescimento populacional hoje estão nos países mais pobres e em guerra com a maior mortalidade infantil, como o Afeganistão e a República Democrática do Congo. Quando a taxa de mortali-dade diminui, a demanda por planejamento familiar sobe.

A própria superpopulação do Planeta começa a diminuir ainda que de uma forma gradual. As forças demográficas que impulsionaram o crescimento da população mundial no século 20 estão mudando. Cinquenta anos atrás, a taxa média mundial de fertilidade – o número de bebês nascidos por mulher – era 5. Desde então, esse número caiu para 2,5 – algo sem precedentes na história da humanidade. A fertilidade continua tendendo para baixo. Tudo graças a uma poderosa combinação de educação feminina, acesso a contraceptivos e ao aborto, e aumento da sobrevivência de crianças. As consequências demo-gráficas são surpreendentes. Na última década, o número total global de crian-ças de 0-14 anos se estabilizou em torno de dois bilhões, e os especialistas das Nações Unidas prevêem que a população vai continuar assim ao longo deste século. A quantidade de crianças no mundo de hoje é o máximo que haverá. Entramos na era do pico de crianças. A população continuará a crescer à medi-da que essa geração envelhecer. Assim, novos adultos serão adicionados à po-pulação mundial, mas, em seguida, na segunda metade deste século, o rápido crescimento da população mundial vai finalmente chegar ao fim.

Quer mais indicadores? O fim da pobreza extrema está à vista. Os econo-mistas definem como pobreza extrema uma renda de menos de US$ 1,25 (cerca de R$ 2,50) por dia. Na realidade, isso significa que uma família não pode ter a certeza de que vai comer no dia seguinte. As crianças têm de tra-

balhar em vez de ir para a escola. Elas morrem de causas facilmente evitáveis, como pneumo-nia, diarreia e malária. E para as mulheres, isso significa fertilidade descontrolada e famílias de seis ou mais filhos. Entretanto, o número de pessoas nesta situação, de pobreza extrema, de acordo com o Banco Mundial, caiu de dois bi-lhões em 1980 para pouco mais de um bilhão hoje. Apesar de muitas pessoas no mundo ain-da viverem em uma renda muito baixa, seis dos sete bilhões já estão fora da pobreza extrema e esta é uma mudança fundamental. Essas famí-lias têm menos filhos, dos quais a grande maio-ria vai sobreviver, obter comida suficiente e ir à escola. Na verdade, pela primeira vez, a evidên-cia sugere que agora é possível para o último bilhão também sair da miséria nas próximas décadas. Mas isso só acontecerá se eles recebe-rem, de seus governos e do mundo em geral, a ajuda que precisam para se manterem saudá-veis e terem educação.

Finalmente, um item não menos importan-te, mas que tem sido fundamental para toda esta mudança. As mulheres estão recebendo educação melhor. No mundo como um todo, homens com idade entre 25 e 34 anos passam, em média, oito anos na escola, e as mulheres da mesma faixa etária já estão logo atrás, com uma média de escolaridade de sete anos. De fato, em alguns países mais pobres, como Ban-gladesh, as meninas agora frequentam a esco-la primária e secundária nos mesmos núme-ros que os meninos. As 60 milhões de crianças no mundo que ainda nem sequer vão para a escola primária fazem isso quase sempre por causa de sua pobreza extrema – elas preci-sam trabalhar. Apenas cerca de 10% das meni-nas não podem ir à escola por causa de tabus culturais. A melhor educação das meninas é apenas um primeiro passo no longo caminho para a igualdade de gênero. No entanto, a vio-lência contra as mulheres e as restrições sobre os seus direitos de escolher como viver suas vi-das agora estão substituindo a falta de esco-laridade como a principal injustiça de gênero.

Sim, ainda vem muita má notícia por aí, an-tes que as boas notícias consigam se tornar predominante, mas já é um bom sinal saber que as coisas não estão tão ruins quanto pare-cem, e que ainda pode haver esperança para a humanidade, afinal. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

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A expectativa de vida no Vietnã aumentou, e atualmente é comparável ao que os EUA possuíam em 1980

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a comissão de constituição e justiça e de cidadania aProvou no dia 11 de no-vemBro, em caráter conclusivo, Pro-Posta que regulamenta o exercício da Profissão de ecólogo. o Projeto se-guirá Para o senado.

O texto aprovado foi o substitutivo da Comis-são de Trabalho, de Administração e Serviço Público ao Projeto de Lei 3809/08, do deputa-do Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP). A proposta exige que os profi ssionais tenham formação em curso superior de Ecologia.

Conforme o texto, o diploma deverá ser exi-gido pelas autoridades federais, estaduais, municipais e particulares para a realização de contratos, inscrição em concursos e assinatura de termos de posse.

O substitutivo relaciona sete atribuições para o ecólogo, sem prejuízo do exercício das mesmas atividades por outros profi ssionais. Entre essas funções estão: elaborar e coorde-nar estudos, projetos, programas e pesquisas com vistas à preservação, conservação, mane-jo, reabilitação e recuperação de ecossistemas e unidades de conservação; realizar diagnósti-co e monitoramento ambiental; além de estu-dos para licenciamento ambiental.

Pelo texto aprovado, o ecólogo também po-derá exercer o magistério em Ecologia e áre-as correlatas; e prestar consultoria a empresas públicas e privadas.

Veto à regulamentação anteriorA regulamentação dessa profi ssão foi tema

de outro projeto de Mendes Thame (PL 591/03), aprovado pelo Congresso e vetado integral-mente em agosto de 2009 pelo então presiden-te da República Luiz Inácio Lula da Silva. A me-dida foi criticada por representantes do setor.

No veto, Lula argumentou que o projeto não defi nia com exatidão o campo de atuação pro-fi ssional específi co do ecólogo, não previa as regras sobre a fi scalização da profi ssão nem estabelecia com precisão que os outros profi s-sionais poderiam exercer as mesmas atribui-ções defi nidas para o ecólogo. FontE: AGênCIA CÂMARA notíCIAs

leia íntegra da proposta em http://bit.ly/t4Uy9q

entre outras atribuições, o ecólogo é responsável por elaborar estudos de licenciamento ambiental e recuperação de ecossistemas

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dep. luciano pizzatto (dEM-pR) conversa com manifestantes favoráveis a

regulamentação da profi ssão de ecólogo

Aprovado projeto que cria cargos na área de meio ambiente A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou no dia 11 de novembro, em caráter conclusivo, proposta que regulamenta o exercício da profi ssão de ecólogo. O projeto seguirá para o Senado.O Plenário aprovou em 14/08 o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 60/2011, que transforma 2.535 cargos vagos da Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho, estruturada pela Lei nº 11.355/2006, em 800 cargos de analista ambiental e 200 cargos de analista administrativo, ambos da carreira de Especialista em Meio Ambiente. A matéria será encaminhada à sanção. O projeto assegura que a transformação se dará sem aumento de despesa, mediante compensação fi nanceira demonstrada em anexo que acompanha a proposta. Os cargos criados serão distribuídos para os quadros de pessoal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Instituto Chico Mendes), mediante ato do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O projeto prevê ainda que a indenização a que se refere o artigo 16 da Lei nº 8.216/1991 poderá ser paga até o limite de R$ 590 mensais aos titulares dos cargos de analista ambiental e de técnico ambiental da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, bem como aos titulares dos cargos integrantes do PECMA, integrantes dos Quadros de Pessoal do IBAMA e do Instituto Chico Mendes que, em caráter habitual e permanente, exercerem as atribuições típicas de seu cargo em localidades situadas na Amazônia Legal. Relator do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que a transformação dos cargos vai dotar os órgãos encarregados da defesa do meio ambiente de uma estrutura mais efi caz e efi ciente para as suas responsabilidades. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, lembrou que havia pedido vista do projeto, mas ressaltou que havia se comprometido com o Ministério do Meio Ambiente a devolver a matéria e submetê-la à votação.FontE: sEnAdo.GoV.BR

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a rePortagem do The Guardian soBre os imPactos das emissões de carBono soBre os oceanos Prossegue com ou-tras informações contidas no do-cumento mencionado e nas declara-ções de outros cientistas. As referências mais notáveis são sobre os excessos pesquei-ros, de captura, e o uso de tecnologias destru-tivas como a pesca de arrasto. Nesse trivial ca-seiro, também a poluição.

O que chama a atenção nisso tudo é que es-tes dois últimos temas já estavam abordados exaustivamente na tal Agenda 21, resultado da Conferência Sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como Rio + 20.

Vinte anos se passaram. Tratados internacio-nais incluindo cotas de captura foram negocia-dos, assinados, referendados, e depois começa-ram as denúncias de que empresas de pesca eu-ropeias estavam comprando cotas de captura de países africanos, nas águas territoriais dos quais

Impactos das emIssõesno rio, onde o esgoto de

aproximadamente 2 milhões de pessoas é lançado através

do emissário de ipanema sem qualquer tratamento – nem

mesmo a remoção de óleos e graxas, em flagrante desrespeito

ao capítulo sobre meio ambiente da constituição do estado de 1989, alguns ainda tentam convencer os

trouxas que o problema da poluição das praias decorre das “ligações

clandestinas”, com factóides midiáticos sobre uma ligação

irregular encontrada numa casa de rico, conectada diretamente

à galeria de águas pluviais. como se as águas pluviais que lavam

os pátios da refinaria duque de caxias – reduc já estivessem

sob controle, e os sistemas públicos de coleta e tratamento de esgotos fosse um primor

faziam o que bem entendiam. Seguiu-se o silêncio. Esses são os países que fre-quentemente fingem se preocupar com a Amazônia para desviar a atenção de seus eleitores para essas práticas predatórias.

Aqui, os otários – entre os quais o governo brasileiro, incluindo o caquético Ministério do Meio Ambiente, apressam-se para acreditar que o Brasil é um grande vilão das mudanças climáticas. E aí passam o chapéu pedindo algu-mas doações extras. E terminam conseguindo uns excedentes de produção de painéis solares para colocarem em aldeias indígenas, onde logo deixarão de ser operacionais por exaustão das baterias e de outros periféricos.

Além disso, a pesca de arrasto continua sendo praticada livremente na cos-ta brasileira, um país que ainda não tem sequer uma guarda-costeira, e no qual a Marina está sucateada. Enfim, mas não menos importante, a poluição oceânica. No caso brasileiro, a ênfase é mesmo na poluição costeira, por esgo-tos urbanos e industriais. Enfim, passaram-se 20 anos da Agenda 21 e o tra-tamento dado às águas costeiras e aos oceanos em geral em nada melhorou.

O Brasil não apenas não fez a sua parte na proteção de suas próprias águas costeiras e territoriais – ainda que insista na tolice eleitoreira de pro-mulgar leis visando limitar as emissões de carbono das indústrias –, como ainda anda fazendo licitações para a concessão de imensas áreas para pis-cicultura oceânica, cedendo rapidamente a soberania sobre a soberania so-bre essa fonte de recursos alimentares. Trata-se de cegueira ou mera burri-ce – em ambos os casos, para enganar trouxas?

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o fBoms deliBerou não ParticiPar des-ta vi cnma. o fBoms acredita que a qualificação do esPaço das conferên-cias não tem sido tratada com a serie-dade devida e nem envidados esforços Para isto. Sobre a função deliberativa, fun-damental para a consolidação das proposições emanadas de um processo dessa natureza, la-mentavelmente não se tem logrado efetivar a grande maioria das proposições.

As principais razões que levaram este Fórum a não participar foram:• O caráter não vinculante das deliberações - destacando-se que não somente o que se de-libera não é implantado, mas o pior é que não há nenhuma explicação formal do “porque não implementar” • Os “retrocessos” já bem conhecidos com a subordinação, quase absoluta, das questões e reivindicações socioambientais aos interes-ses financeiros privados• Transgênicos• Achincalhe do Código florestal• Ameaças e concessões presente no debate so-bre o Código de Mineração• Importação de pneus e baterias usados (inter-rompidas, mas aconteceram apesar de protestos e denúncias dentro das próprias Conferências)• Mercúrio descontrolado• Agrotóxicos liberados

Sistema de licenciamento totalmente fragi-lizado, com agravante de avisos da Ministra quanto a “controlar” o Conama

Tudo isso tem se mostrado como “contribui-ções substantivas para a insustentabilidade”, que o MMA tem adotado ou apresentado ao Brasil!

Naturalmente que considera-se relevante e destaca-se a importância da ideia original do processo das CNMA para o Brasil, com a res-salva de que espaços dessa natureza são es-senciais à real democracia participativa e de-vem ser fortalecidos nesse sentido, entretan-to há que se qualificar melhor tais espaços e definir sua ação deliberativa.

O fato de se ter setorializado tematicamen-te as CNMAs, não contribuiu em nada para

…incluindo ainda o abandono das unidades de conservação, a Pec 215, chantagem e entreguismos aos ruralistas

da conferência nacional de meio ambiente

melhorar a gestão e implementação de políticas públicas que atendam às reais necessidades dos aspectos socioambientais do País.

Vários educadores ambientais vêm relatando as dificuldades que en-contraram no processo das conferências estaduais, como o autoritarismo dos governos o que levou à ausência das redes, fóruns e coletivos ambien-tais e sociais no processo, incluindo os mecanismos de escolha da socieda-de civil nas Comissões Organizadoras Estaduais.

Foram várias as tentativas de desqualificação das falas dos ativistas e mi-litantes sócio-ambientais, incluindo os educadores ambientais; a fragili-dade das discussões por conta de uma visão estratificada do tema; a pre-ponderância de uma visão “mercadológica” do meio ambiente, calcada nos pressupostos da “economia verde”; a ausência ou enfraquecimento de de-bates regidos pelos conceitos de Justiça Social, Justiça Ambiental e Direitos Humanos; a fragilidade das perspectivas de controle social.

Poucas foram as oportunidades de estabelecer um diálogo mais qualificado e democrático, principalmente nas discussões sobre Agenda 21 locais.

As conferências estão sendo esvaziadas de seu potencial político, pois a arena política foi estraçalhada com uma metodologia positivista, o que difi-cultou a ação efetiva dos educadores ambientais em rede e de grande parte da sociedade civil organizada.

Recentemente se agravam ainda mais com a notícia da redução do orça-mento do MMA em 90% (!!!), derivando para o “coroamento” de uma po-litica agressiva que limita a capacidade das instituições de, pelo menos, tentar aprimorar a qualidade e sustentabilidade do desenvolvimento do País. Com esse corte no orçamento, e sabe-se que é um dos menores orça-mentos de Ministérios no Brasil, com indicativo forte da pequena (e quase imperceptível) importância que o governo confere a esta pasta!!!

Para esta IV CNMA o que mudou nestes encaminhamentos e deliberações? O que mudou em termos das políticas ambientais? Infelizmente a resposta a essas indagações é uma só: retrocessos, retrocessos e mais retrocessos!!!

Nesse sentido, o FBOMS não aceitou compor a Coordenação Nacional dessa IV CNMA nem participa de suas instâncias em qualquer situação.

Denunciamos o descaso do Governo Brasileiro, particularmente do MMA para com o trato das questões socioambientais no Brasil!. FontE: MARIo MAntoVAnI

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desmate aumentou em termos percentuais, não tanto no valor absoluto, mas governo se atrapalhou

um desastre. não merece outra des-crição o Processo Pelo qual veio a PúBlico a Péssima notícia de que au-mentou 28% a taxa de desmatamento na amazônia neste ano.

A divulgação desse dado sempre foi traumá-tica para o governo. Como ocorre em geral em novembro, coincide com a época em que se re-alizam as rodadas anuais de negociação inter-nacional sobre a mudança do clima. Se a taxa sobe, queima o filme da delegação brasileira.

Na próxima terça-feira, por exemplo, come-ça o segmento de alto nível – quer dizer, com a presença de ministros de Estado – da reu-nião que teve início na semana passada em Varsóvia, apelidada de COP-19.

O índice anual de desmatamento é calculado pelo sistema Prodes, do Inpe (Instituto Nacio-nal de Pesquisas Espaciais). Ele se baseia em centenas de imagens de satélite, mas depende de laboriosa interpretação. Embora boa parte do processamento hoje seja digital, a palavra final cabe a especialistas humanos.

O Inpe, órgão federal vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, havia recebi-do a determinação, como de hábito, para fechar a conta do Prodes antes da COP. Assim se fez. Com a demora na divulgação da cifra, porém, espa-lhou-se a impressão de que o Planalto estava en-rolando para não passar vergonha em Varsóvia.

Se foi mesmo essa a motivação – mais uma aplicação da Lei de Ricupero (o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde) –, alguém pisou na bola. Tentar esconder informação em Brasília sempre é um lance arriscado.

Saiu primeiro no jornal O Globo, no dia 12 de novembro, com a informa-ção de que haveria aumento (“até 20%”). No dia 14 de novembro, o Blog do Kennedy (Alencar) escancarou o percentual correto de incremento: 28%.

A área desmatada tinha saltado de 4.571 km², no período de observação agosto/2011-julho/2012, para 5.843 km² (agosto/2012-julho/2013). Ainda as-sim, é o segundo menor valor desde o início da série histórica, em 1988. Os números vêm caindo desde 2004, quando se alcançou o pico de 27,7 mil km².

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, convocou uma entrevista coletiva para o mesmo dia. Parecia bem irritada, quase furibunda. Disse que o governo não tinha perdido o controle do desmatamento nem era conivente com ele, que era errado atribuir às mudanças no Código Florestal o repique da taxa, que sua antecessora Marina Silva (PSB) deveria se informar melhor.

Se os 28% fossem só uma flutuação, a ministra não teria dado a perfor-mance que deu. Ninguém que exerça o poder gosta de perder o domínio da situação. Para piorar, a ex-ministra e pré-candidata Marina Silva de fato tinha pisado na bola. Numa palestra relatada pelo jornal Valor Econômico, Marina acusou o governo federal de “conivência” com o aumento da des-truição. E foi além: “(A ONG) Imazon está dizendo que é muito mais (92%)”.

A ex-ministra misturou alhos com bugalhos. O Imazon, de Belém, faz um bom monitoramento de curto prazo, comparável ao sistema oficial Deter, mas os seus próprios técnicos dizem que ele não serve para fazer predi-ções sobre a taxa anual.

O fato é que o desmate aumentou muito, mas na taxa percentual, não tanto no valor absoluto. Bem preparada e explicada, não seria uma men-sagem tão difícil de transmitir. Na base do improviso e da indignação, pareceu descontrole mesmo. FontE: FolhA dE s.pAUlo

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água

em aBril de 2012, o indiano PradeeP aggarWal, diretor do Pro-grama de recursos hídricos da agência internacional de energia atômica, Pegou um voo de viena Para são Paulo. o mo-tivo da viagem: uma “água milenar”, genuinamente Brasileira.

Na bagagem, Aggarwal trazia os resultados da análise de uma amos-tra coletada no aquífero Guarani, importante manancial subterrâneo que serve quatro países do Mercosul, incluindo o Brasil. Os dados prelimina-res já tinham sido antecipados por e-mail, mas eram tão impressionantes que ele achou necessário reunir-se pessoalmente com os geólogos Chang Hung Kiang e Didier Gastmans, ambos do Laboratório de Estudos de Ba-cias (Lebac) da Unesp em Rio Claro.

Kiang e Gastmans eram os únicos pesquisadores brasileiros envolvidos num projeto de datação das águas do Guarani. A amostra, analisada num laboratório dos Estados Unidos, revelou que aquela água retirada do aquí-fero em Valparaíso, região de Araçatuba (SP), havia chegado ali nada me-nos que 600 mil anos atrás.

“O pensamento corrente era que as águas do Guarani não teriam mais do que 40 mil anos, como haviam mostrado estudos anteriores”, recorda Gast-mans. Essa percepção do meio científico tinha uma explicação. Até então, as pesquisas haviam usado o carbono 14 como método de datação, que só pode determinar a idade de águas de até 40 mil anos. Os brasileiros trabalharam com outro isótopo radioativo, o criptônio 81, que exige análises mais com-plexas, mas em compensação permite datar águas de até 1,2 milhão de anos.

O projeto de datação das águas do Guarani com criptônio 81 foi inicia-do pelo Lebac em 2009, com o financiamento da Agência Internacional de Energia Atômica. A iniciativa exigiu a utilização de um equipamento espe-cífico, desenvolvido nos Estados Unidos e aperfeiçoado no Brasil. “A propos-ta do projeto é fazer a datação em vários pontos do aquífero, abrangendo todos os países em que ele está presente”, informa Gastmans.

Não é propriamente a curiosidade arqueológica que move o esforço de ge-ólogos e órgãos internacionais na tentativa de definir a idade das águas dos mananciais subterrâneos. “A importância da datação é oferecer subsídios para a gestão desses recursos”, destaca Kiang, que coordena o projeto do Le-bac. “Se uma água de 600 mil anos for retirada de um aquífero, serão neces-sários mais 600 mil anos para que ela seja reposta.” Para os pesquisadores, a idade das águas subterrâneas é na verdade um indicador da taxa de re-

nInguém vê

novação de um recurso cada vez mais crucial para o futuro da humanidade.

Os mananciais subterrâneos são estratégicos e a tendência é que sejam cada vez mais explo-rados para atender às necessidades de um pla-neta que só fica mais populoso e cujas fontes superficiais de água doce estão cada vez mais contaminadas. A escassez de água já é um gra-ve problema em muitas regiões do globo, e pro-mete vir a se tornar um dos principais estopins de conflitos entre os países. A fim de estimular a colaboração entre os países em torno desse recurso essencial, a ONU declarou 2013 o Ano Internacional de Cooperação pela Água.

É nesse cenário que as pesquisas sobre águas ocultas ganham cada vez mais destaque. Esse recurso escondido abaixo de nossos pés é cer-ca de cem vezes mais abundante que aquele que aflora na superfície, na forma de rios e la-gos, de acordo com a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas).

Estima-se que o volume total dos mananciais subterrâneos, no mundo todo, ultrapasse 5 mi-lhões de km3. Segundo a Unesco, pelo menos metade da população mundial é hoje abasteci-da por essas águas. Praticamente todos os pa-íses as utilizam para suprir as suas necessida-des. Em alguns deles, como Alemanha, França e Itália, a dependência de aquíferos para o abas-tecimento público varia de 70% a 90% do total de água consumido. Para acessar esses reser-vatórios, já foram perfurados em todo planeta 300 milhões de poços, 100 milhões somente nos Estados Unidos, ainda segundo a Unesco.

O conteúdo dos aquíferos tem sido usado para tudo: nas residências, na indústria e no comércio, na agropecuária, no mercado de água mineral e até no turismo, por meio das estações termais.

No Brasil, o grosso da água subterrânea desti-na-se ao abastecimento público. O Censo 2000

a água que

os aquíferos já são muito usados pelos brasileiros, mas ainda pouco conhecidos pela ciência. Pesquisadores e governo buscam novas tecnologias para mapear esses reservatórios subterrâneos a fim de preservá-los de contaminação e garantir seu uso sustentável

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localização do Aquífero Guarani no mapa da

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O aquífero Guarani, por exemplo, foi formado pela deposição de duas sequências de rochas, uma sedimentar e outra vulcânica, durante os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo da era Mesozóica, entre 248 milhões e 65 milhões de anos atrás, época em que os grandes dinossau-ros ditavam as ordens na Terra.

Os melhores aquíferos, segundo os espe-cialistas, são aqueles formados por rochas porosas. “Quanto maiores os grãos que for-maram essas rochas, maior também o espa-ço existente entre elas”, diz Kiang. Na práti-ca, isso significa uma maior capacidade de armazenar água. “É como se [o aquífero] fos-se uma esponja encharcada de água”, acres-centa Gastmans.

Já nos aquíferos cristalinos, formados por ro-chas impermeáveis, a água se acomoda entre fraturas causadas por terremotos que chacoa-lharam a crosta terrestre há milhões de anos. Esse tipo de reservatório subterrâneo armaze-na menos água, pois o líquido precisa procurar um caminho entre as fi ssuras. “A prospecção de água no aquífero cristalino é muito mais complicada do que no poroso, porque a perfu-ração do poço precisa encontrar as fraturas na rocha”, conta Gastmans. FontR: http://WWW2.UnEsp.BR/REVIstA/?p=6236

mostrou que 61% da população brasileira utili-za água de poço para fi ns domésticos. No Esta-do de São Paulo, nada menos que 80% dos mu-nicípios dependem desse recurso, parcial ou integralmente. Apesar disso, os aquíferos são algo muito pouco conhecido pelo grande públi-co, o que se deve em grande parte à impossibili-dade de vê-los e à complexidade de estudá-los.

“Um aquífero não é um rio dentro de uma caverna”, esclarece Didier Gastmans, para des-construir a imagem que muitos de nós faze-mos de um manancial subterrâneo. Para com-plicar ainda mais as coisas, acrescenta ele, as águas do andar de baixo do planeta repousam sobre terrenos bem pouco homogêneos.

Esponja e fratura“O conhecimento sobre águas subterrâneas

tem uma relação umbilical com a geologia, por-que é entre as formações geológicas que elas ocorrem”, explica Kiang. Isto é, para compreender os aquíferos, é preciso conhecer os vários tipos de rochas dispostas no subsolo como as camadas de um sanduíche. Formadas em diferentes eras ge-ológicas, essas rochas podem ser porosas, resul-tantes da deposição de sedimentos, como grãos de areia ou argila; ou cristalinas, como basalto e granito, originados de lava de vulcão.

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No Brasil, o grosso da água subterrânea destina-se ao abastecimento público. O Censo 2000 mostrou que 61% da população brasileira utiliza água de poço para fi ns domésticos. No Estado de São Paulo, nada menos que 80% dos municípios dependem desse recurso, parcial ou integralmente

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lixo & reciclagem

70% das Prefeituras não têm plano de

saneamentoaPenas 30% das 5.570 Prefeituras Brasileiras devem con-cluir em 2013 o Plano municiPal de saneamento Básico, Pre-visto Pela lei 11.445/2007, que tornou oBrigatória a elaBo-ração dos Planos, segundo estimativa do ministério das cidades e da associação Brasileira de agências de regula-ção (aBar). Pelo cenário atual, 70% dos municípios ficarão impedidos de receber recursos federais para aplicar no setor, já que o Decreto 7.217/2010 determinou que, a partir de janeiro de 2014, o acesso a verbas da União ou a financiamentos de instituições financeiras da administração pública federal destinados ao saneamento básico estará condicionado à existência do plano.

Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 609 municípios já ha-viam elaborado seus planos de saneamento. “Trabalhamos com a perspec-tiva de até o final do ano ter 30% dos municípios com seus planos conclu-ídos. Esperávamos que o número fosse bem maior. Os prefeitos têm que correr para elaborar os planos porque o cenário com o qual o ministério trabalha é que esses prazos sejam mantidos”, disse o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Osvaldo Garcia.

Para ele, é inconcebível um município “não ter um planejamento sobre uma área tão importante como o saneamento básico”. “O prefeito tem que destinar a verba da prefeitura para o que ele acha prioritário. Ele precisa sa-ber se acha o plano de saneamento prioritário ou não. Mas ele vai ter que res-ponder não recebendo verbas [para o setor] a partir do ano que vem”.

O plano contempla o planejamento de longo prazo para investimentos em obras de abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgo-to, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Também prevê um diagnóstico da situação, me-tas de curto, médio e longo prazos para a universalização do saneamento, programas e ações necessários para atingir os objetivos identificando as fontes de financiamento e mecanismos para a avaliação da eficiência e eficácia das ações programadas.

A pesquisa Regulação 2013, da Abar, feita com 2.716 municípios que têm agências reguladoras no setor de saneamento básico, mostrou que 34% con-cluíram o plano em 2012, principalmente em São Paulo, Santa Catarina e Mi-nas Gerais. “Mas não teremos mais do que 30% dos municípios brasileiros com seus planos de saneamento básico concluídos em 2013”, disse Alceu Gal-vão, coordenador de Saneamento Básico da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce) e da pesquisa da Abar.

Os maiores entraves à elaboração do plano apontados por especialistas são a falta de recursos das prefeituras e de mão de obra capacitada para desenvolver o documento. “Os municípios não têm equipe técnica quali-ficada para desenvolver por conta própria os planos. Outro aspecto é que os planos acabam saindo na ordem de centenas de milhares de reais, e os municípios não têm recursos para pagar”, disse Galvão.

Segundo o coordenador de Saneamento Básico da Arce, a expectativa é que não haja extensão do prazo. “Estender o prazo continua não resol-vendo o problema. Se não criar mecanismos de simplificação desses pla-nos, se não tiver capacidade instalada nos municípios para administrá-los, só vai postergar o problema. Talvez fosse melhor dar um choque no setor restringido recursos para que os municípios, de fato, buscassem

atender, no mínimo, o prazo para a elabora-ção de seus planos”, acrescentou.

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, disse que as prefeituras estão em crise e não têm verba or-çamentária para elaborar os planos. “A lei é feita em Brasília e impõe aos municípios a elaboração de um plano sem indicar a fonte dos recursos. Não adianta prorrogar o prazo porque o proble-ma vai continuar”, disse. Segundo ele, as opções para o recebimento de recursos seriam abrir o setor para a iniciativa privada e para o financia-mento internacional.

O secretário nacional de Saneamento Ambien-tal informou que, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), foram in-vestidos R$ 68,1 milhões para apoiar a elabora-ção dos planos de saneamento em 152 cidades com mais de 50 mil habitantes. “A Funasa [Fun-dação Nacional de Saúde] também apoia com R$ 126 milhões a elaboração de 650 planos em municípios com menos de 50 mil habitantes. São planos ainda em elaboração e esperamos que estejam concluídos até o fim do ano”, disse.

Com o anúncio da presidenta Dilma Rous-seff no dia 24 de outubro destinando R$ 10,5 bilhões para saneamento, a verba para o se-tor, contando PAC 1 e PAC 2, é R$ 96 bilhões. Desses, R$ 25 bilhões foram desembolsados, de acordo com o secretário.

Para o diretor de Articulação Institucional da Secretaria Nacional de Saneamento do Minis-

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o comPromisso emPresarial Para reciclagem (cemPre) acaBa de lançar uma PuBlicação com novos dados soBre a recicla-gem de emBalagens Pós-consumo no Brasil.

De acordo com o documento Cempre Review 2013, estima-se que a produção de lixo no Brasil seja de 193.642 toneladas por dia. Entretanto, mais de 24 mil toneladas de lixo deixam de ser coletados e são descartados de forma irregular diariamente. A cobertura da coleta de lixo regular atinge 87,4% da população.

A publicação afirma que 27% dos resíduos recicláveis que seriam encami-nhados para lixões e aterros foram recuperados e retornaram para a cadeia produtiva em forma de matéria prima em 2012. No caso específico das em-balagens, o índice de recuperação foi de 65,3%. Estudos do Ipea projetam que o país perde oito bilhões de reais, anualmente, com o descarte incorreto de resíduos que poderiam ser reaproveitados. Por sua vez, o Cempre aponta que, no último ano, a coleta, triagem e o processamento dos materiais em indústrias recicladoras geraram um faturamento de mais de R$10 bilhões.

A coleta seletiva é um dos principais pilares para o mercado de recicla-gem. De acordo com a Pesquisa Ciclosoft, apenas 766 municípios brasi-leiros oferecem serviço de coleta seletiva. Este número representa 27 mi-lhões de pessoas, 12% da população brasileira. Neste contexto, importante destacar que em 62% destas cidades, as cooperativas de catadores de lixo fazem parte da coleta seletiva municipal.

Projeções feitas pela LCA Consultoria com as cidades sede da Copa do Mundo de 2014 (para o próximo ano) apontam que o país registrará be-nefício econômico de mais de um milhão de reais por dia, caso 90% da população de tais municípios seja atendida pela coleta seletiva. O grupo aponta alguns meios para facilitar esse processo: incentivos fiscais e cre-ditícios do governo, além de redução nos impostos.

Papel dos catadoresAtualmente, existem 800 mil catadores no Brasil, sendo 30.390 mil traba-

lhando de forma organizada em 1.175 cooperativas. Estes trabalhadores são responsáveis por separar 2.329 toneladas de resíduos recicláveis diariamente.

Os catadores triaram 18% dos resíduos para reciclagem em 2012. Ainda com base nos dados observados pela consultoria, dos R$ 712 milhões de reais gerados com a coleta e venda de materiais recicláveis no ano passa-do, as cooperativas de catadores são responsáveis por uma fatia de R$ 56,4 milhões. Essas cifras, no entanto, podem ser maiores se houver aumento dos índices de reciclagem das embalagens no próximo ano.

Para o diretor da LCA Consultores, Bernard Appy, que liderou o estudo sobre o mercado de reciclagem das embalagens pós consumo, afirma: “Nossas projeções mostram que o modelo brasileiro de recuperação deste tipo de resíduo, baseado no trabalho dos catadores, é claramente viável se houver uma ampliação da coleta seletiva e um aumento da produtividade das cooperativas de catadores”. Já para Victor Bicca, presidente do Cem-pre, quantificar os resultados deste mercado e projetar horizontes para os próximos anos pode auxiliar na tomada de decisão daqueles que já estão neste negócio e, principalmente, incentivar novos investimentos no setor. “Este é um mercado emergente e promissor”, salienta. FontE: CICloVIVo

Brasil perde 8 bilhões por ano com descarte incorreto

de resíduos

tério das Cidades, Ernani Ciríaco de Miranda, há soluções para reduzir os custos dos pla-nos, como a participação das universidades e a montagem de equipe técnica nas asso-ciações dos municípios com apoio dos gover-nos estaduais. “Montar um consórcio com vários municípios para produzir os planos em grande escala diminui os custos. Existem alternativas que não requerem contratar uma empresa de consultoria”, disse.

De acordo com o último boletim do Siste-ma Nacional de Informações sobre Sanea-mento (2011), 82% da população brasileira recebem água por meio de rede de abaste-cimento. Considerando apenas a população urbana, esse índice sobe para 93%. O aten-dimento com rede coletora do esgoto chega a somente 48% da população.

O índice de tratamento do esgoto no país é ainda pior: apenas 38% são tratados. “Essa falta de tratamento do esgoto volta por meio dos rios, da poluição, de doenças endêmicas. A falta de saneamento gera um custo muito alto para a saúde pública, com mortalidade e doença infantis. A sociedade precisa dar rele-vância a isso, participar da implantação desse plano e estabelecer o saneamento como uma prioridade real”, ressaltou o presidente execu-tivo da Associação Brasileira das Concessio-nárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Roberto Muniz. FontE: AGênCIA BRAsIl

Itapecuru-Mirim (MA) - A dona de casa Maria da Anunciação Ferreira mora em uma comunidade quilombola. A sua casa tem paredes de taipa e telhado de palha. o banheiro fica fora da casa. sem saneamento, o esgoto escorre a céu aberto

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mudanças climáticas

nos últimos cem anos, o aumento da liBeração de co2 de ati-vidades humanas diminuiu o Ph do oceano em 0,1 unidade, uma taxa de acidificação dez vezes mais ráPida do que 56 milhões de anos atrás. A previsão é que até o ano de 2100, o pH di-minua outras 0,2 unidades, aumentando a possibilidade de que o ocea-no fique parecido com o observado no PETM.

“O que estamos fazendo hoje se destaca nos registros geológicos”, diz Bärbel Hönisch, paleoceanógrafo da Universidade de Columbia. “Nós sa-bemos que a vida não foi dizimada nas últimas acidificações dos ocea-nos. Novas espécies se desenvolveram para substituir aquelas que fo-ram perdidas. Mas se as emissões industriais de carbono continuarem no ritmo em que estão, isso pode significar que vamos perder organis-mos importantes, como corais, ostras e salmões”.

A palavra “pode” é uma daquelas que cientistas usam com muita frequên-cia para sugerir dúvida. Mas uma certeza que se perde nas discussões sobre a mudança climática é que a poluição é simplesmente ruim.

Os oceanos agem como se fossem uma esponja, que absorve o excesso de dióxido de carbono do ar. O gás reage com a água e forma ácido carbô-nico, que com o tempo é neutralizado pelo carbonato dos fósseis, das con-chas do fundo do mar. Se muito dióxido de carbono entra no oceano de uma vez, o nível de íons de carbonato diminui, o que gera problemas para os corais, moluscos e alguns plânctons, que precisam do íon para cons-truir suas conchas.

Eventos mais catastróficos já aconteceram na Terra, mas talvez com me-nos velocidade. Outros dois momentos análogos à acidificação moderna foram causados por atividades vulcânicas massivas: uma no final da era Permiano, cerca de 252 milhões de anos atrás, e outra na era Triassica, há cerca de 201 milhões de anos. Mas os autores do estudo advertem que exis-tem poucos registros sobre os acontecimentos com mais de 180 milhões de anos, uma vez que os sedimentos oceânicos acabaram se desfazendo.

No final da era Permiano, cerca de 96% da vida desapareceu. Erupções massivas na atual Rússia podem ter causado uma das maiores extinções da Terra. Em 20 mil anos ou mais, o carbono na atmosfera aumentou dras-ticamente. No final da era Triássica, uma segunda onda de atividade vul-cânica, associada com a separação do super continente Pangea, duplicou a emissão de CO2 na atmosfera, e causou outra extinção. Recifes de corais se desmancharam e outras classes de criaturas marítimas desapareceram.

em uma revisão de centenas de estudos paleoceanográficos, pesquisadores encontraram evidência de apenas um período nos últimos 300 milhões de anos em que os oceanos mudaram tão rapidamente quanto hoje. esse período foi o máximo térmico do Paleoceno-eoceno (Petm), há 56 milhões de anos

acidificação dos oceanos atual é a mais rápida

em 300 mIlhões de anos

O estudo da PETMCerca de 56 milhões de anos atrás, uma mis-

teriosa emissão de CO2 na atmosfera tornou os oceanos corrosivos. Em 5 mil anos, o CO2 da atmosfera dobrou para 1.800 partes por mi-lhão, e elevou as temperaturas médias da Ter-ra em cerca de 6 graus Celsius.

O sedimento característico do período PETM é uma camada de lama marrom, com grossos de-pósitos brancos de fósseis de plânctons. Isso se explica pelo dissolução das conchas de plânc-ton que ocupavam o fundo o mar, deixando a argila marrom que cientistas encontram hoje.

Segundo uma pesquisadora, Ellen Thomas, cer-ca de metade de todas as espécies de foraminífe-ros, grupo de organismos monocelulares, se ex-tinguiu, sugerindo que outros organismos mais acima na cadeia alimentar também podem ter desaparecido. “É muito raro quando mais de 5 a 10% de espécies se perdem”, compara.

A vida marinha e a acidez da águaTentativas de reconstruir as mudanças do pH

oceânico não puderam ser feitas em laborató-rio. Em experimentos, cientistas tentaram si-mular a acidificação moderna do oceano, mas o número de variáveis – quantidade de CO2, tem-peratura da água, nível de pH e níveis de oxi-gênio dissolvido – tornam as previsões difíceis.

Uma investigação alternativa pode ser feita em regiões vulcânicas, onde a acidificação che-ga aos níveis esperados para o ano de 2100. Em estudos recentes em recifes de corais na Papua Nova Guinea, cientistas constataram que expo-sição a longo prazo a altos níveis de CO2 e pH 7,8 impedem a regeneração das espécies. FontE: hypE sCIEnCE

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em 300 mIlhões de anos Cultura e comunicação para a sustentabilidade

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Educação e Cidadania socioambiental

meio ambiente e sustentabilidade

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Aliança RECos - Redes de Cooperação Comunitária sem Fronteiraste

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a camPanha contra a financeiriza-ção e mercantilização da natureza emPreendida Por centenas de ongs, movimentos sociais, redes, coleti-vos e associações de todo o mundo, tem origem nas sucessivas crises do caPitalismo Pós-moderno enraiza-do no modelo neoliBeral. Neo, signi-fica novo; liberal, liberar. O neoliberalismo defende o livre mercado sem a mão pesada das políticas de comando e de controle dos governos nacionais e internacionais ou de regras que promovam o “travamento” dos mercados financeiros.

Adeptos das teorias de que as forças dos mercados se autorregulam, os neoliberais adotaram políticas de substituição do pa-pel dos Estados por corporações da iniciativa privada. Onde o Estado deveria agir como os setores de educação, saúde, prestação de ser-viços (distribuição e tratamento de água, es-goto, energia, comunicação, mineração), são tais setores entregues às corporações priva-das em muitos países para fazerem a ges-tão financeira e administrativa. Assim sen-do, privatizam-se os lucros e socializam-se os prejuízos. Se o Estado promovia, em muitos momentos, a redução do “crescimento econô-mico” por não poder exercer também o papel que caberia ao mercado, a entrega do patri-mônio e dos serviços públicos criou distor-ções e conflitos entre o verdadeiro papel do Estado, colocando em dúvida os motivos que levaram a sua relação tendenciosa com os interesses dos mercados, particularmente, o mercado financeiro.

A ação de tornar financeiro tudo aquilo que é eminentemente econômico, a financeiri-zação e, a mercantilização, ação de tornar mercadoria aquilo que não deveria ser, por questões éticas, mercadoria, está propician-do uma nova modalidade de instrumentos e contratos através dos mercados financei-ros, que pretendem tornar bens, antes con-siderados fora da rota dos estudos de bens e

para os que colocam o dInheIro acIma da vIda,quanto pior a crise socioambiental, melhor. lamentável!quanto mais profunda for a crise ambiental provocada pela sociedade industrial, mais oportunidades de negócio se abrem. “não vamos combater as mudanças climáticas para retornarmos às condições que o holoceno naturalmente nos proporcionou, se fizermos isso, vamos perder dinheiro”. se não é este o discurso dos negociantes, é este seu pensamento

serviços econômicos, em mercadorias. Esses bens são denominados “bens difuso” – bens de uso público ou “bens comuns”.

O bem ambiental, conforme explica o art. 225 da Constituição, é “de uso comum do povo”, ou seja, não é bem de propriedade pú-blica, mas sim de natureza difusa, razão pela qual ninguém pode adotar medidas que im-pliquem gozar, dispor, fruir do bem ambien-tal, destruí-lo ou fazer com ele de forma ab-solutamente livre tudo aquilo que é da von-tade, do desejo da pessoa humana no plano individual ou metaindividual.

Ao bem ambiental é somente conferido o di-reito de usá-lo, garantido o direito das presen-tes e futuras gerações.

A declaração “Não a compensação da bio-diversidade!”1, denuncia essa apropriação indevida do bem ambiental pelas corpora-ções com a conivência e aval dos Estados – a biodiversidade e dos serviços que a natureza produz gratuitamente.

O ecohistoriador e ambientalista, Prof. Dr. Arthur Soffiati, nos alerta para os perigos des-ta nova tendência do capitalismo neoliberal:

“Esta nova tendência é a de transformar toda a natureza potencial e utilitariamen-te em mercadoria. Assim, abre-se caminho para o capitalismo explorar o trabalho gra-tuito que a natureza exerce com ou sem so-ciedades humanas dependentes dele. “Você quer oxigênio? Pague pela fotossíntese aqui, à empresa que ganhou do estado a licitação para explorá-la”.

Mas o neoliberalismo, que, pasmem, tanto fascinou o intelectual francês Michel Foucault no final de sua vida, vai mais longe ainda. Quanto mais profunda for a crise ambien-tal provocada pela sociedade industrial, mais oportunidades de negócio se abrem. “Não va-mos combater as mudanças climáticas para retornarmos às condições que o Holoceno na-turalmente nos proporcionou, se fizermos isso, vamos perder dinheiro”. Se não é este o discur-so dos negociantes, é este seu pensamento.”

Esta nova tendência [do capitalismo liberal] é a de transformar toda a natureza potencial e utilitariamente em mercadoria. Assim, abre-se caminho para o capitalismo explorar o trabalho gratuito que a natureza exerce com ou sem sociedades humanas dependentes dele. (Prof. Dr. Arthur Soffiati, ecohistoriador e ambientalista)

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para os que colocam o dInheIro acIma da vIda,quanto pior a crise socioambiental, melhor. lamentável!

A declaração “Parem com a aquisição corpo-rativa e expansão dos mercados de carbono na COP19 agora!”2 assinada por mais de 135 gru-pos, movimentos e redes de todo o mundo, de-nuncia a captura corporativa da COP19 pelas mesmas empresas que lucraram com a crise climática e foram também os responsáveis por ela. A União Europeia e os grandes polui-dores estão ignorando efetivas ações climáti-cas para promover a expansão dos mercados de carbono na COP19.

Esse movimento internacional denuncia também que os players (jogadores) do merca-do de carbono que realizaram lucros com as falhas da desregulamentação do Comércio de Emissões da União Europeia, o maior sistema em atividade no mundo, estão pressionando para se salvarem da redução drástica das co-tações dos créditos de carbono que vem apre-sentando baixas após sucessivas quedas de preços. Desta forma, prenunciam a formação de um mercado global que interligariam os sistemas de comercialização entre países, ain-da que o mercado de carbono tenha se mos-trado, por mais de 15 anos, ser ineficiente e se prestado a atrair todo tipo de irregularidades e fraudes. Há quem diga que as fraudes estão desconectadas do Comércio de Emissões da União Europeia – EU ETs, como se uma coisa nada tivesse a ver com a outra. Tal afirmação

ou é ingenuidade ou as pressões para defen-der os interesses dos players estão provocando um discurso dúbio e pretensiosamente confu-so para iludir investidores entre outros possí-veis atores deste mercado.

É flagrante a relação duvidosa entre gover-nos e corporações com negociações parale-las em reuniões previamente agendadas na COP19. Já se vão 20 anos sem ações efetivas para combater as mudanças climáticas.

É chegada a hora de acabar com o Comércio de Emissões da União Europeia que só tem causado problemas e conflitos com comuni-dades tradicionais, povos das florestas, cam-pesinos entre outros com políticas desastro-sas e que somente alimentaram a especulação financeira em plena crise econômica na Euro-pa e nos EUA. Esta crise do capitalismo mun-dial que tem quebrado países, vem adotando também políticas de austeridade, afetando di-retamente a qualidade dos serviços públicos com desemprego e desesperanças.3

As declarações “Parem com a aquisição cor-porativa e expansão dos mercados de carbo-no na COP19 agora! e “Não a compensação da biodiversidade!” estão abertas para recebe-rem assinaturas de organizações, grupos, re-des, associações e coletivos.

Nossa posição é a de endossar as declara-ções com conhecimento de causa, sobretudo com histórico e trajetória comprobada desta autora que vos escreve, nos mercados futu-ros e de capitais. *Amyra El Khalili é economista, autora do e-book “Commodities Ambientais em Missão de Paz: Novo Modelo Econômico para a América Latina e o Caribe”. são paulo: nova Consciência, 2009. Acesse gratuitamente www.amyra.lachatre.org.br

Notas:1 declaração Não a compensação da biodiversidade. Em espanhol: http://no-biodiversity-offsets.makenoise.org/espanol/; em inglês: http://no-biodiversity-offsets.makenoise.org/

2 declaração Parem com a aquisição corporativa e expansão dos mercados de carbono na COP19 agora!. Em espanhol: http://scrap-the-euets.makenoise.org/wp content/uploads/2013/11/Cop19_statement_Español.pdf; em inglês: http://scrap-the-euets.makenoise.org/

3 declaração É hora de desmontar o ETS! http://scrap-the-euets.makenoise.org/portugues/

É flagrante a relação duvidosa entre governos e corporações com negociações paralelas em reuniões previamente agendadas na COP19. Já se vão 20 anos sem ações efetivas para combater as mudanças climáticas

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12 paisagens da terra que parecem ter

selecionamos imagens de lugares que parecem ter saído de outro planeta, ou de um sonho. Por incrível que pareça, é tudo real. alguns lugares podem estar até pertinho de você, no Brasil

3. Travertinos de Pamukkale (Turquia)Os Travertinos de Pamukkale formam uma paisagem tão bela e surreal que o local é usado de “spa” desde os romanos antigos. Eles consideravam as piscinas sagradas, e o local ainda está cheio de ruínas de colunas de mármore de templos romanos. Atualmente, Pamukkale é o local preferido de banhistas que querem relaxar na Turquia. A água quente, cheia de cálcio, forma pequenas cascatas sobre falésias. Quando essa região esfria, o cálcio branco e brilhante se aglomera e forma as piscinas naturais.

4. Praia Vermelha (China)A Praia Vermelha está localizada no rio Liaohe, na China. Recebe esse nome por causa de uma alga marinha vermelha que cresce no solo salino-alcalino. A planta começa a crescer no mês de abril e permanece verde durante o verão. No outono, acontece o fenômeno que originou o nome da área, quando a cor da alga vira um vermelho vivo. Parece até que alguém resolve cobri-la com um tapete vermelho gigante. Apenas uma pequena parte da Praia Vermelha é aberta aos turistas, pois a área é uma reserva natural.

2. Lençóis Maranhenses

(Brasil)O parque dos Lençóis

Maranhenses é um dos lugares mais lindos do

Brasil, e sem dúvidas do mundo. As dunas de areia lembram o deserto do Saara. A

diferença é que o local é cheio de encantadoras

piscinas naturais.

1. Cânion Antelope (EUA)Entre os diversos cânions dos EUA, o Cânion Antelope se destaca por ser muito estreito. A entrada de luz pela parte superior do cânion cria cenas incríveis lá dentro.

saído de um sonho

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5. Dragoeiros (Iêmen)O dragoeiro é uma árvore incomum, nativa dos arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores. No pequeno arquipélago de Socotra, no Iêmen, as árvores formam uma paisagem exótica. Os dragoeiros crescem lentamente, precisando de uma década para atingir apenas um metro de altura.

8. Calçada dos Gigantes (Irlanda do Norte)A Calçada dos Gigantes reúne cerca de 40 mil colunas de basalto, encaixadas como se formassem uma enorme calçada de pedras gigantescas. A formação natural ficou conhecida graças à capa do álbum Houses of the Holy, da banda britânica de rock Led Zeppelin, que mostra uma imagem do local.

6. Terraços de arroz (Indonésia)Os campos de arroz em Bali, na Indonésia, parecem intermináveis sobre os montes e vales.

10. Túnel do Amor (Ucrânia) O Túnel do Amor é um lugar escondido na Ucrânia que lembra um sonho ou um filme de fantasia. Trens passam por esse túnel, que atrai fotógrafos e casais apaixonados.

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11. The Wave (EUA) The Wave (A Onda) revela uma das mais belas paisagens do

sudoeste dos EUA. A formação rochosa está situada no Arizona.

9. Porta do Inferno (Turcomenistão)A Porta do Inferno, no Turcomenistão, é um buraco de 100 metros de largura cheio de fogo. Geólogos resolveram perfurar o local em 1971, mas criaram acidentalmente uma cratera enorme, que libera gases tóxicos. Cientistas atearam fogo no local tentando dissipar os gases, e desde lá as chamas nunca se extinguiram.

7. Sossusvlei (Namíbia)Se algum dia você visitar a Namíbia, lembre-se de ir até o remoto deserto Sossusvlei. No Namib-Naukluft Park, as dunas de areia de até 300 metros criam uma beleza inspiradora. As dunas desse deserto estão entre as mais altas do mundo, e diz-se que subir no topo de uma delas é uma experiência inesquecível.

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12. Capadócia (Turquia)A Capadócia é uma região histórica e turística da Anatólia central, na Turquia. É o local mais visualmente impressionante do país, especialmente pela “paisagem lunar”, provocada pela erosão que formou cavernas, fendas e dobras na rocha vulcânica macia.

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a Baleia de Bryde (BalaenoPtera edeni) é uma das Baleias me-nos conhecidas em todo o mundo, aPesar de sua distriBui-ção ser amPla, Podendo ser encontrada em águas troPicais e temPeradas dos oceanos atlântico, Pacífico e índico, entre as coordenadas 40ºn e 40ºs.

Os indivíduos dessa espécie podem atingir até 15,5m e pesarem até 16 to-neladas. Em média apenas um filhote é concebido e a gestação dura em torno de 11 meses. Os filhotes ao nascerem medem em torno de 4m e são amamentados até cerca de seis meses. As poucas informações sobre a es-pécie, coletadas em diversas partes do mundo, indicam que ela se alimenta primariamente de peixes pequenos como a sardinha, diferentemente de algumas baleias, como a Azul que se alimenta majoritariamente de peque-nos camarões, chamados krill. Em média, a Bryde consome cerca de 4% de sua massa corporal por dia, o que corresponde a cerca de 600-660kg de alimento. Em geral, estas baleias não se reúnem em grandes grupos e não fazem grandes migrações latitudinais que atravessam grandes distâncias. Informações sobre a ecologia, o comportamento e aspectos sobre sua ge-nética e história de vida são pouco conhecidos, motivo pelo qual a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em original no inglês) a considera como “Deficiente em dados”. Dessa forma, aspectos como o tamanho das populações, área de vida, padrões de deslocamento e longevidade, por exemplo, são desconhecidos.

No Brasil, a baleia de Bryde se distribui continuamente por todo o ter-ritório costeiro, exceto pelos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Rio Grande do Norte onde nenhum registro foi feito. Durante a época de caça às baleias, a Bryde foi intensivamente caçada, principalmente depois que as populações de outras baleias terem sido reduzidas abaixo

desconhecidaa baleia de Bryde: uma gigante

o laboratório de Bioacústica e ecologia de cetáceos (lBec) da universidade federal rural do rio de janeiro constatou que a região arraial do cabo e cabo frio, no norte do estado, é constantemente usada por estes animais para se alimentar e cuidar dos filhotes. o intenso tráfego de embarcações de turismo e lazer, alta atividade pesqueira, militar e petrolífera colocam em perigo a sobrevivência dessas baleias. a maior parte das observações foi realizada na resex mar arraial do cabo, que até o momento não possui um plano de manejo

dos níveis que a economia da época necessi-tava. Por ter uma distribuição muito ampla no Brasil, ela sofre diversos impactos resul-tantes da atividade humana. Entre eles es-tão a redução da disponibilidade de presas e de habitats, aumento da poluição e do trá-fego de embarcações. Dessa forma, em 2011, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio) criou o Plano de Ação Nacional de Grandes Cetáceos e Pi-nípedes que indica algumas metas a serem cumpridas para aumentar o nível de conhe-cimento e incrementar esforços para a con-servação de diversas baleias, inclusive a ba-leia de Bryde.

De modo a aumentar esse conhecimento para promover sua conservação, no final de 2010, o Laboratório de Bioacústica e Ecolo-gia de Cetáceos (LBEC) da Universidade Fede-ral Rural do Rio de Janeiro, iniciou um projeto de pesquisa financiado pelo Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecno-lógico (CNPq) na região de Arraial do Cabo e Cabo Frio, no norte do estado do Rio de Janei-ro. A área em que foi realizado o estudo tem duas Unidades de Conservação: a Reserva Ex-trativista Marinha de Arraial do Cabo (RESEX

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desconhecida

mar Arraial do Cabo) e a Área de Proteção Am-biental Pau Brasil (APA Pau Brasil). Além dis-so, é altamente produtiva, já que há a mistu-ra de águas superficiais e quentes com águas profundas e ricas em nutrientes, ocasionando o efeito da ressurgência. Os resultados encon-trados pela equipe indicaram que a região é constantemente usada por baleias de Bryde que foram vistas se alimentando, deslocando e usando a área para cuidar de seus filhotes. As baleias foram avistadas mais comumente durante o outono, época em que os cardumes de sardinha são maiores na região.

Apesar da importância da área em que o estudo foi realizado, muitas atividades ame-açam o local como hábitat crítico para a es-pécie. É comum na região o intenso tráfego de embarcações de turismo e lazer (principal-mente pela grande beleza cênica da região), alta atividade pesqueira, militar e petrolífera. Tais atividades, portanto, colocam em peri-go a sobrevivência das baleias. A maior parte das observações foi realizada na RESEX mar Arraial do Cabo, que até o momento não pos-sui um plano de manejo para a região, o que permitiria estabelecer diretrizes para a ges-tão e uso sustentável da área, diminuindo o impacto na área.

A continuação e aprimoramento dos estu-dos com as baleias de Bryde na região podem permitir avaliar com maior precisão o impac-to das atividades humanas sobre as baleias e ajudar na elaboração do plano de manejo. Es-ses esforços devem ser contínuos e intensifi-cados de modo a permitir que estas gigantes desconhecidas possam sobreviver e continu-ar a usar a área como um importante hábitat em águas brasileiras. Ao fazer isso, a política pública nacional de proteção aos cetáceos, re-presentada pelo Plano de Ação Nacional dos Grandes e Pequenos Cetáceos será fortalecida e mais um importante passo será dado para a conservação da baleia de Bryde.

1 – programa de pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, departamento de Ecologia. Avenida são Francisco Xavier, 524, Rio de Janeiro, Brasil.2 – laboratório de Bioacústica e Ecologia de Cetáceos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, departamento de Ciências Ambientais. Rodovia BR 465, km 7, 23890-000, seropédica, RJ, Brasil.3 - Instituto Federal de Educação Ciência e tecnologia do Rio de Janeiro, Rua lúcio tavares, 1045, nilópolis, Rio de Janeiro, Brasil.4 – departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Avenida são Francisco Xavier, 524, Rio de Janeiro, Brasil.

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v cbjaenrique leff palestra no

motivado Pelas conversas com o jor-nalista vilmar Berna, o Professor en-rique leff, da universidade nacional autônoma do méxico, inicia sua Pales-tra no v congresso Brasileiro de jor-nalismo amBiental (cBja) Perguntan-do qual é a resPonsaBilidade do jor-nalista no mundo que vive o imPasse da vida, um Ponto de esgotamento. Durante as duas horas que conversou com um auditório de profissionais jornalistas, Enrique disse que, se a responsabilidade é transmitir informação, é preciso ser crítico e perguntar sempre qual é a verdade da crise ambiental.

Para Enrique, é preciso buscar outros cami-nhos que não a notícia etiquetada, as notícias pontuais. “Os jornalistas têm a labor da for-mação crítica”, disse Enrique, mostrando que parte da função do jornalismo atual é mobili-zar a cidadania para que as pessoas se conver-tam em debatedores críticos. O professor me-xicano enfatiza que o jornalista tem o poder de ajudar a criar uma cidadania ambiental.

Na palestra, Enrique instigou os jornalistas a pensarem na economia verde não como o messias que veio salvar o mundo mas como um processo de ecologização da natureza, em que os princípios da economia neoclássica são aplicados ao meio ambiente, uma vez que os recursos naturais se transformam em capital natural, como é o caso do ar, da água, do car-bono. Enrique lembra que a Lei da Entropia aponta que qualquer processo de transfor-

mobilizar a cidadania e ir além das notícias pontuais é o recado de enrique leff

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comunicação ambiental

Camila Moreno, pesquisadora e coordenadora de sustentabilidade independente, Vilmar Berna, escritor e jornalista, e o professor Enrique leff

mação gera degradação e que, mesmo com a ecologização da modernidade, ainda continu-amos a degradar o planeta e que no futuro te-remos uma vida tecnologizada.

Ao desenvolver a sua argumentação, o profes-sor mexicano diz que os ecomarxistas e os eco-logistas profundos podem implementar suas visões de mundo para o Butão, por exemplo, ou individualmente. Mas que nas sociedades com-plexas outro imaginário, outra visão de mundo, está se formando. Para o professor, a geração de novos direitos é o contraponto, é a via possível de construir uma nova sociedade e que isso está sendo feito pelos movimentos sociais. “Eles re-clamam o viver bem e os direitos de viver em seus territórios”, explicou, mostrando que o jor-nalista deve saber compreender as disputas de visão de mundo que existem sobre as questões da natureza. O professor enfatiza que a luta pela posse do território é também a luta pela biodi-versidade contida nele. Ao retratar essa luta de poderes, o jornalista ajuda na compreensão da diversidade e na promoção da tolerância.

Enrique Leff é economista e doutor em Eco-nomia do Desenvolvimento pela Sorbonne. Hoje é professor de Ecologia Política e Políticas Ambientais da Universidade do México. Par-ticipou do V CBJA com a palestra Rumo a um futuro sustentável: a economia verde e a rea-propriação da natureza. A palestra ocorreu na tarde do dia 18 de outubro, em Brasília (DF), no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). FontE: AGênCIA dE notíCIAs UnICEUB

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uma nova Pesquisa realizada nos estados unidos alerta Para a qualidade da carne que está sendo utilizada Para fa-zer os famosos nuGGeTS de frango. A agência de notícias Reuters informa que pesquisadores do Mississippi descobriram o que ninguém gos-taria de saber: cerca de 50% do alimento não era a carne branca – geralmente retirada do peito ou das coxas – que esperamos encontrar quando consumi-mos os empanados.

As análises foram feitas com nuggets de duas redes de restaurantes – que não foram identifi cadas – da cidade de Jackson. O primeiro teste mostrou que aproximadamente metade do nugget era carne branca e o restante era uma mistura de gordura, vasos sanguíneos e nervos. Já a segunda análise comprovou que o alimento era feito de 40% de carne branca, além de conter gordura, cartilagens e pedaços de osso.

“O que aconteceu é que algumas empresas optaram por utilizar uma com-binação artifi cial de partes de frango (em vez da carne branca), misturá-la e fritá-la e ainda chamá-la de frango”, explica o pesquisador Dr. Richard D. deShazo, do Centro Médico da Universidade de Mississippi. FontE: BloG poRto IMAGEM / JoRnAl GGn

dos nuggets de frango

análises mostraram que algumas redes de restaurantes utilizam uma mistura artificial que está longe de ser a carne que conhecemos

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meio ambiente e saúde

o “Projeto de desenvolvimento do ecoturismo na região da mata atlântica” lançou um livro com os resultados e lições aPrendidas so-Bre gestão de ecoturismo nos Par-ques estaduais de são Paulo. A publi-cação reúne diversas atividades executadas pelo projeto, desde o planejamento em me-ados de 2006 até o encerramento em 2013.

A gestão do ecoturismo dentro das Uni-dades de Conservação requer cuidados cri-teriosos sobre a preservação do meio am-biente e atividades socioeconômicas que promova o crescimento sustentável da po-pulação do entorno. Em vista disso, investi-mentos em estruturação dos parques, qua-lifi cação do pessoal envolvido com a cadeia produtiva do turismo e fortalecimento ins-titucional das entidades e profi ssionais que atuam com o uso público foram diretrizes que nortearam as ações deste projeto.

Os textos têm a intenção de servir de inspi-ração a novas ações para o fomento da visi-tação e conscientização pública sobre a im-portância da conservação do meio ambien-te, estimulando alternativas econômicas sustentáveis para o desenvolvimento social das comunidades do entorno dos parques. FontE: CICloVIVo

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o livro aborda a gestão do ecoturismo dentro de parques estaduais, como o da caverna do diabo

livro sobre ecoturismo na mata atlântica é disponibilizado para

Baixe o livro gratuitamente aqui: http://www.ambiente.sp.gov.br/ecoturismo/fi les/2013/10/livroEcoturismo2013.pdf

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a consciência soBre a imPortância do meio amBiente au-mentou nos últimos anos no Brasil e em todo o mundo. de questão Periférica, Passou a ser central, associada à so-Brevivência e à segurança. A partir de 2007, milhões de pessoas to-maram conhecimento das questões climáticas, quando foi divulgado o 4º Re-latório do IPCC- Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.

Nos últimos anos, houve um crescimento vertiginoso na consciência sobre as questões ecológicas em diversos públicos e segmentos sociais e nas práti-cas ambientais de indivíduos e organizações. A conscientização ecológica é um requisito para superar a atual crise ambiental e climática, pois dela po-dem decorrer mudanças de comportamento e atitudes sociais e individuais. Hoje, mais pessoas praticam a separação de resíduos domiciliares; muitos se preocupam com a devastação da Amazônia; há disposição para aderir a cam-panhas pro-ambiente; diminuiu o número de pessoas que não sabem identi-ficar os problemas ambientais; as agressões aos sentidos da visão, do olfato, da audição, ajudaram a ampliar a percepção sobre os problemas ambientais urbanos; cresceu o consumo de alimentos orgânicos, agora encontrados em supermercados; cresceu a percepção de que os problemas ambientais pre-judicam a saúde individual e pública e que o consumismo prejudica a saú-de ambiental; entraram no repertório e no vocabulário conceitos como “de-senvolvimento sustentável”, “consumo sustentável” e “biodiversidade”, ainda que não haja uma definição clara sobre o que sejam.

Entretanto, muitas cidades ainda não dispõem de projetos ou sistemas de gestão de resíduos, de tratamento de esgotos, de mobilidade pública, de normas arquitetônicas que reduzam desperdícios de água e energia; ao descartar o lixo, persistem hábitos prejudiciais ao meio ambiente; não se conhece o ciclo de vida do produto em toda a sua extensão; a ignorância não é apontada como um problema ambiental sério.

Atualmente, existe uma politização crescente do consumo e por outro lado, há a alienação do consumidor, que desconhece total ou parcialmente os impactos ambientais do consumo de bens materiais. Ainda há um longo caminho a ser percorrido que fortaleça a consciência e a traduza em mu-danças de atitudes.

As definições de consumo responsável, consciente, sustentável têm dife-rentes significados. Numa perspectiva econômica, o consumidor responsá-vel é aquele que paga suas contas em dia, o consumidor sustentável é aque-le que não se endivida e cuja renda é combatível com seus gastos. Numa perspectiva ecológica, o consumidor responsável é aquele que age de modo a reduzir seus impactos negativos e sua pegada ecológica.

A questão do consumo consciente traz desafios conceituais, bem como de-safios práticos e operacionais. Um desafio conceitual é a própria definição do que é ser consciente. Abordagens superficiais associam a consciência a um nível elementar de informação sobre um tema ou assunto e outras, mais pro-fundas, se debruçam sobre os condicionamentos culturais e sociais que mol-dam a consciência individual ou coletiva; há também aquelas que abordam o inconsciente coletivo, bem como as dimensões da consciência que não são

consciente consumo consciente é liberdade para escolher o que consumir ou não consumir

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visíveis explicitamente, mas que influenciam as atitudes e comportamentos. Há uma multi-plicidade de estudos sobre a consciência, desde aqueles com origem na neurociência, até os da psicologia e da filosofia. O que é ser conscien-te e o que é ser um consumidor consciente são questões que podem ser tratadas superficial ou profundamente. Abordagens superficiais fre-quentemente deixam escapar aspectos rele-vantes dessas questões.

A consciência não envolve apenas informa-ção e conhecimento, vai além disso, traduzida em atitudes, comportamentos, tomadas de de-cisão, ações práticas. Assumir compromissos e responsabilidades é uma manifestação de des-pertar da consciência. Decisões de consumo podem ser tomadas de modo consciente, mas irresponsável. Assim como muitos crimes e er-ros são intencionais, premeditados, muitas de-cisões de consumo também são tomadas ten-do-se consciência de seus impactos negativos. O consumidor pode ser consciente dos males que provoca e ainda assim cometer o ato que os causa, seja por irresponsabilidade ecológica, ou por pura maldade. Pode ter uma noção es-treita do que são seus interesses e, por ignorân-cia, egoísmo ou falta de visão de longo prazo e de uma perspectiva ampla, não ter vontade e determinação para agir com responsabilida-de. O consumo ecologicamente responsável é um ato que aplica na prática o que pensa, diz ou sente. Assim como consumir para atender a necessidades básicas de sobrevivência é um di-reito, fazê-lo com responsabilidade é um dever.

Há desafios práticos: como traduzir o conheci-mento e a informação sobre o consumo e seus impactos em atitudes vivenciadas? Como exer-cer a responsabilidade ética e ecológica nos hábitos de consumo? Desculpas e pretextos para não agir, autocomplacência, falta de rigor consigo mesmo, falta de coerência entre pen-samento, discurso e ação acometem pessoas bem informadas. Aos inconscientes ou aliena-dos nem sequer ocorrem tais questões, pois as considerações de responsabilidade ecológica e ética passam longe do radar de sua percepção,

Maurício Andrés Ribeiro Autor de Ecologizar e de Meio ambiente & evolução humana.www.ecologizar.com.br/[email protected]

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deliberadamente ou não. O tema do consumo consciente exige um esforço de autoconheci-mento, um exercício honesto de auto avaliação e autocrítica individual e coletiva.

A irresponsabilidade no consumo é mais evidente nos segmentos mais ricos, com maior capacidade de gastos, para quem o desperdício e a compra de bens posicionais (ver referência de Eduardo Giannetti da Fon-seca) forma parte significativa de sua moti-vação de consumo. Valorizam produzir inve-ja, exibir status e poder econômico, sentir-se superiores por poderem consumir mais. Maior poder aquisitivo não necessariamen-te significa melhor opção em termos de saú-de ou de proteção ambiental; pode signifi-car uma pior opção quanto a esses aspectos. Exemplos: a opção por dietas alimentares que levam a obesidade e a sobrepeso; a op-ção por carros grandes que consomem mui-to combustível, que por outro lado preen-chem funções psicológicas de demonstração de status social ou de sentir-se mais seguro no ambiente violento do trânsito.

Um terceiro desafio, ainda, é a escolha da ação adequada que permita rumar para um consumo com menor impacto destrutivo – ambiental, ecológico, climático ou social.

A pior inconsciência e ignorância é não sa-ber que se é inconsciente e ignorante. É re-levante aferir em que medida as pessoas se-quer são conscientes de sua própria incons-ciência, deixam-se levar pelas normoses[i]

sociais e não reconhecem sua ecoalienação.A cultura molda, forma, regula a consciência.

Filtros sociais e culturais, bem como circuitos de programação mental podem aprisioná-la. A publicidade arma ciladas e armadilhas, ma-nipula emoções e mentes, criam prisão men-tal. Condicionamentos culturais e religiosos, os hábitos arraigados, as influências da TV, dos formadores de opinião, líderes religiosos e políticos ou gurus podem atrofiar, escravizar, anestesiar, hipnotizar a consciência.

O consumidor é um ser com necessidades físicas e corporais e com demandas mentais e emocionais. Parte de seu consumo tem origem nesta dinâmica mental e emocio-nal. Frustrações e carências afetivas levam à shopping terapia, ao consumo compulsivo de bens e serviços que preencham tais ca-rências. O consumo inconsciente se alimen-ta da insegurança emocional, de pensamen-tos de poder e sensação de segurança trazi-da pela posse de bens materiais.

Consumo consciente é liberdade para esco-lher o que consumir ou não consumir.

Devem-se reconhecer os limites do consumo consciente. O consumo é uma das etapas do pro-cesso econômico, juntamente com a produção e a circulação de produtos e serviços. Os esforços pelo consumo consciente não levam muito lon-ge caso não haja, também, processos de produ-ção e de distribuição responsáveis e conscientes; caso a própria sociedade e a civilização não se tornem mais responsáveis e conscientes.

Decisões de consumo podem ser tomadas de modo consciente, mas irresponsável. Assim como muitos crimes e erros são intencionais, premeditados, muitas decisões de consumo também são tomadas tendo-se consciência de seus impactos negativos

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cidadania ativa

cop19hoje é um dia muito triste Para nós, do vitae civilis. temos acomPanhado a questão climática há 24 anos. ParticiPamos de conferências das Partes da unfccc desde sua segunda edi-ção. e nunca antes tivemos que chegar ao Ponto de aBando-nar uma coP. até hoje.

Desde que a UNFCCC anunciou a Polônia como anfitrião da CoP19 que tínhamos sérias preocupações com a condução dos trabalhos pois sabe-mos da importância estratégica das crenças e posturas da presidência do encontro para seu sucesso. Já havíamos testemunhado o fracasso da CoP15 por conta da inabilidade da Dinamarca. E sabíamos dos profundos compromissos do governo polonês com a indústria do carvão.

O que encontramos aqui superou nossas piores expectativas. Dia após dia a expressão “não pode ficar pior” fazia menos sentido. É certo que sempre há um alto grau de dificuldades nos dias que antecedem o fecha-mento de uma CoP, pois muitas dificuldades são criadas com o intuito de negociar facilidades. Mas desta vez já podemos antever que qualquer resultado que venha a ser alcançado ficará aquém do que precisamos.

Perdemos uma CoP. Perdemos duas valiosas semanas de negociação. Per-demos a chance de avançar no crucial financiamento necessário às ações de adaptação e mitigação que se fazem necessárias para que possamos, a par-tir de 2020, caminhar juntos no combate às mudanças climáticas. Enquanto no noticiário vemos os países enviando ajuda humanitária às Filipinas, na CoP19 eles travam os mecanismos de ajuda e os fundos que podem ajudar a adaptação dos países mais vulneráveis. Não houve qualquer aumento de ambição para a redução nas emissões, nem um maior apoio para a adapta-

vitae civilis retira-se da

ção antes de 2020, nem um caminho claro para um acordo abrangente e justo em Paris 2015. Está claro que se os países continuarem agindo dessa forma, não será possível entregar a ação climática que o mundo precisa desesperada-mente nos próximos dois dias de negociações,

Estamos testemunhando graves ataques ao sistema multilateral de negociações em prol de esquemas bilaterais de efetividade duvidosa para o planeta como um todo e, principalmen-te, para os mais vulneráveis. As ações de muitos países ricos aqui em Varsóvia estão minando di-retamente a própria UNFCCC, que é um impor-tante processo multilateral e que precisa ser pre-servado, fortalecido e bem sucedido em seus es-forços para resolver a crise climática global.

Ao invés de representarem seus povos, esta-mos vendo inúmeras delegações representarem setores específicos da economia. A Conferência de Varsóvia colocou os interesses das indústrias de energia suja acima dos interesses dos cida-dãos. Os patrocínios corporativos, a realização simultânea do encontro global da indústria do carvão e uma presidência dividida entre este úl-timo e o gás de xisto são evidências suficientes de que esta conferência não nos representa.

O que não podemos aceitar nem aqui, nem em qualquer outra CoP, são formalismos que não resultam em nada. Negociações são neces-sárias, porém elas não são um fim em si: nun-ca podemos perder o foco nas ações. Por isso, o Vitae Civilis retira-se da CoP19, mas não da UNFCCC, nem do processo multilateral no qual acreditamos e queremos fortalecer. Nós nos re-tiramos junto com outras organizações da so-ciedade civil de todo o mundo porque enten-demos que esta medida extrema é necessária para acordar aqueles que estão na condução deste processo e também aqueles que dele par-ticipam diretamente. Vamos continuar, do lado de fora, acompanhando os acontecimentos. Va-mos continuar em Lima – e até Lima!

Permanecemos à disposição de todos os que vem de boa vontade e boa fé para tentar com-bater efetivamente as mudanças climáticas.

Perdemos uma coP. Perdemos duas valiosas semanas de negociação. Perdemos a chance de avançar no crucial financiamento necessário às ações de adaptação e mitigação que se fazem necessárias para que possamos, a partir de 2020, caminhar juntos no combate às mudanças climáticas

Organizações se retiram da Cúpula sobre o Clima COP19Devido à alegada “falta de avanços” na Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP19), o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Greenpeace e outras organizações supostamente defensoras do meio-ambiente anunciaram que não participarão mais do evento. Analistas consideram que se trata de uma decisão sem precedentes na história das negociações promovidas pela ONU na luta contra os efeitos adversos da mudança climática.As organizações não governamentais, que supostamente se colocam como protetoras do meio ambiente – e que são criticadas por terem sido financiadas por entidades ligadas a governos imperialistas –, criticaram a “falta de compromisso” dos países mais desenvolvidos, que fingem serem surdos às necessidades imperantes dos estados pobres e vulneráveis à mudança climática.Até amanhã, delegados e especialistas de quase 200 países que assistem a Cúpula, tentarão traçar um projeto para chegar a um acordo definitivo que reduza as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, que está previsto para se assinar em uma conferência em Paris em 2015.FontE: VERMElho.oRG.BR

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nós, dePutados e dePutadas que integramos a frente Parla-mentar em defesa dos direitos humanos e a frente Parlamen-tar em defesa dos Povos indígenas, na câmara dos dePutados, tendo em vista o julgamento soBre a Petição 3388, Pelo stf, no dia 23 de outuBro de 2013, soBre o caso da terra indígena ra-Posa serra do sol, em roraima, vimos a público manifestar nosso in-tegral repúdio às pretensões manifestadas pelo Advogado-Geral da União, Ministro Luis Inácio Adams, de reeditar a Portaria 303/2012, que pretendia estender as condicionantes instituídas por ocasião do julgamento da homo-logação da Raposa Serra do Sol, em 2009, a todas as terras indígenas do País.

Entendemos que tal medida, mesmo que suspensa desde abril, devido às pressões das mobilizações indígenas, foi responsável pelo agravamen-to da insegurança jurídica e social, pelo aumento da violência e pelo re-crudescimento do preconceito racial contra os povos indígenas. Estamos convencidos de que tal medida, à guisa de uniformizar a atuação dos ad-vogados da União em casos idênticos, atende exclusivamente aos inte-resses dos ruralistas, mineradores e indústria petrolífera que pretendem, com isso, avançar sobre os territórios indígenas, a fim de explorar os re-cursos naturais e minerais preservados graças a presença dos povos origi-nários, em detrimento dos direitos indígenas.

Consideramos que a decisão da Suprema Corte, em relação à Petição 3388, afasta definitivamente a pretensa generalização das 19 condicionantes, ao afirmar que: “a decisão proferida na PET 3.388/RR não vincula juízes e tri-bunais quando do exame de outros processos, relativos a terras indígenas diversas”. Apesar disso, o Advogado-Geral se apressa em afirmar que pre-tende insistir na reedição desta malfadada portaria, contrariando o bom senso e atentando contras os direitos fundamentais dos povos indígenas.

Ao invés de tentar criar obstáculos, a União deve se empenhar para agi-lizar os processos de demarcação que se encontram paralisados, alguns há anos, aguardando despachos meramente administrativos, em claro descumprimento a preceitos fundamentais e constitucionais, uma vez que a Suprema Corte já reafirmou o direito originário dos povos indíge-nas sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

Portanto, a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e a Fren-te Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas reiteram a recomendação de que a Advocacia Geral da União revogue a Portaria 303 e se abstenha de editar quaisquer outros instrumentos normativos que possam representar obstáculo ao pleno reconhecimento dos direitos originários dos Povos indí-genas às terras por eles ocupadas, conforme previsto na Constituição Fede-ral e na Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

Brasília-DF, 6 de novembro de 2013.

Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos.

nota da frente Parlamentar em defesa dos Povos indígenas. Pela revogação da Portaria 303 da agu

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fukushima e o fim da

estamos falando de um desastre nuclear que é aBsolutamente sem Precedentes, e está constantemente Piorando. Isso mostra que os níveis de ra-diação nas estações de monitorização de ra-diações em todo o país são elevados. Como você irá notar, isto é real e verdadeiramen-te está acontecendo ao longo da costa oeste dos Estados Unidos.

A cada dia, 300 toneladas de água radioativa de Fukushima entra no Oceano Pacífico. Isso significa que a quantidade total de material radioativo liberado de Fukushima está cons-tantemente a aumentar, e isso está em cons-tante destruição da nossa cadeia alimentar.

Em última análise, toda essa radiação nucle-ar irá permanecer por um grande tempo. Es-tão dizendo que pode levar até 40 anos para limpar o desastre de Fukushima, e, entretan-to, inúmeras pessoas inocentes irão desenvol-ver câncer e outros problemas de saúde como resultado da exposição a altos níveis dessa ra-diação nuclear. Estamos falando de um desas-tre nuclear que é absolutamente sem prece-dentes, e está constantemente piorando.

A seguir, você verá 28 sinais de que a costa oes-te da América do Norte está sendo absolutamen-te fritada com a radiação nuclear de Fukushima.

1) Ursos polares, focas e morsas ao longo da cos-ta do Alasca estão sofrendo de perda de pele e feridas abertas. Especialistas em vida selvagem estão estudando se a perda da pele e feridas abertas detectadas em nove ursos polares nas últimas semanas é generalizada e relacionada a incidentes similares entre focas e morsas.

Os ursos estavam em 33 e foram encontrados perto de Barrow, no Alasca, durante a rotina de trabalho de pesquisa ao longo da costa do Ártico. Os testes mostraram que eles tinham “alopecia, ou perda de pele, e outras lesões de pele”, o Servi-ço Geológico dos EUA disse em um comunicado.

2) Há uma epidemia de mortes de leões ma-rinhos ao longo da costa da Califórnia. Nos viveiros da ilha ao largo da costa sul da Cali-fórnia, 45 por cento dos filhotes nascidos em junho morreram, disse Sharon Melin, um bi-ólogo do Serviço Nacional de Pesca Marinha sediado em Seattle. A situação é tão ruim

humanIdade28 provas que a califórnia está sendo fritada pela radiação

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que levou nas últimas duas semanas a National Oceanic and Atmospheric Administration a declarar um “evento incomum de mortalidade”.

3) Ao longo da costa do Pacífico do Canadá e da costa do Alasca, a popu-lação de salmão-vermelho estão tendo uma baixa histórica. Muitos es-tão culpando Fukushima.

4) Algo está causando aos peixe ao longo de toda a costa oeste do Canadá a sangrarem através de suas brânquias, barrigas e olhos.

5) Uma vasta área de detritos radioativos de Fukushima, que é aproxi-madamente do tamanho da Califórnia, cruzou o Oceano Pacífico e está começando a colidir com a costa oeste.

6) Ele está sendo previsto que a radioatividade das águas costeiras da costa oeste dos EUA poderá dobrar nos próximos cinco a seis anos.

7) Especialistas descobriram altos níveis de césio-137 em plânctons que vivem nas águas do Oceano Pacífico, entre o Havaí e a costa oeste.

8) Em uma pesquisa feita na Califórnia, descobriu-se que 15 dos 15 atuns rabilho foram contaminados com a radiação de Fukushima.

9) Já em 2012, o Vancouver Sun informou que o césio-137 estava sendo encontrado em uma percentagem muito elevada nos peixes que o Japão estava vendendo para o Canadá…• 73% do mackerel• 91% do halibut• 92% das sardinhas• 93% dos atuns e das enguias• 94% do bacalhau e das anchovas• 100% da carpa, algas marinhas, tubarões e tamboril.

10) autoridades canadenses estão encontrando níveis extremamente eleva-dos de radiação nuclear em determinadas amostras de peixes.

Algumas amostras dos peixes testados até à data tiveram níveis altíssimos de radiação: em uma amostra coletada em julho, por exemplo, teve 1.000 becquerel por quilo de césio.

há uma epidemia de mortes de leões marinhos ao longo da costa da Califórnia, EUA

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11) Alguns especialistas acreditam que poderí-amos ver níveis muito elevados de câncer ao longo da costa oeste apenas de pessoas que co-mem peixes contaminados. “Olhe para o que está acontecendo agora: eles despejam grandes quantidades de radioatividade para o oceano – ninguém esperava isso em 2011,” Daniel Hirsch, professor de política nuclear na Universidade da Califórnia-Santa Cruz, disse à Global Securi-ty Newswire. ”Nós poderíamos ter um grande número de câncer por ingestão de peixes.”

12) A BBC News informou recentemente que os níveis de radiação ao redor de Fukushima são “18 vezes maiores” do que se acreditava anteriormente.

13) Um estudo fi nanciado pela União Europeia concluiu que Fukushima liberou até 210 quatri-lhões de becquerels de césio-137 na atmosfera.

14) A radiação atmosférica de Fukushima atingiu a costa oeste dos Estados Unidos den-tro de poucos dias a partir de 2011.

15) Neste momento, 300 mil toneladas de água contaminada está sendo derramada no Oceano Pacífi co a partir de Fukushima, a cada dia.

16) Um pesquisador sênior da química mari-nha do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Agência Meteorológica do Japão diz que “30 bilhões de becquerels de césio radioativo e 30 bilhões de becquerels de estrôncio radioati-vo” estão sendo lançados no Oceano Pacífi co a partir de Fukushima a cada dia.

17) Segundo a Tepco, um total de algo entre 20 à 40 trilhões de becquerels de trítio radioativo tem atingido o Oceano Pacífi co desde que o de-sastre de Fukushima começou.

18) Segundo um professor da Universidade de Tóquio, 3 gigabecquerels de césio-137 estão fl uin-do para o porto de Fukushima Daiichi à cada dia.

19) Estima-se que até 100 vezes mais que a radia-ção nuclear durante todo o desastre de Cherno-byl já foi liberada no mar à partir de Fukushima.

20) Um estudo recente concluiu que uma gran-de nuvem de césio-137 liberada pelo desastre de Fukushima em 2011 vai começar a fl uir em águas costeiras dos EUA a partir do início de 2014.

21) Está sendo previsto que níveis signifi cati-vos de césio-137 vão chegar a todos os cantos do Oceano Pacífi co no ano de 2020.

25) Está sendo previsto que todo o Oceano Pacífi co em breve “ terá níveis de césio, de 5 a 10 vezes maior ”do que aquilo a que assistimos durante a era dos testes de bombas atômicas pesadas no Pacífi co há muitas décadas.

25) As imensas quantidades de radiação nuclear que entram na água no Oceano Pacífi co provocaram o ativista ambiental Joe Martino à emitir o se-guinte aviso. “Seus dias de comer peixes do Oceano Pacífi co acabaram.”

24) O iodo-131, césio-137 e o estrôncio-90, que estão constantemente vindo de Fukushima vão afetar a saúde das pessoas que vivem no hemisfério norte por muito, muito tempo. Harvey Wasserman falou à respeito sobre isso.

O iodo-131, por exemplo, pode ser ingerido na tireóide, onde ele emite partículas beta (electrões) causando danos dos tecidos. A praga da tire-óide danifi cada já foi relatada entre 40 por cento das crianças na área de Fukushima. Esse percentual irá fi car mais alto. Em jovens em desenvolvi-mento, poderá prejudicar o crescimento físico e mental. Entre os adultos uma gama muito ampla de doenças auxiliares, incluindo o câncer. O Cé-sio-137 a partir de Fukushima que foi encontrado em peixes capturados na Califórnia, espalham-se por todo o corpo, mas tendem a acumular-se nos músculos. Meia-vida do estrôncio-90 é de cerca de 29 anos. Ele imita o cálcio e vai diretamente para os nossos ossos.

25) De acordo com um recente relatório, a costa da Califórnia está sendo trans-formada em uma “zona morta”. Se você não foi para a praia da Califórnia, ulti-mamente, você provavelmente não sabe que as rochas estão estranhamente limpas – não há praticamente nenhuma alga, craca, ouriço do mar, etc.

As piscinas naturais são igualmente estranhas, desprovidas de caran-guejos, caracóis ou qualquer outro sinal de vida. Você ainda pode encon-trar algumas gaivotas nas áreas de piquenique e próximas aos restau-rantes (com áreas de estar ao ar livre) para a alimentação, é claro, mas não como anos atrás, onde os céus e todas as praias fi cavam literalmente cheios de gaivotas e podíamos ouvir o som de seus gritos de dia e de noi-te… Agora tudo está assustadoramente silencioso.

26) Um estudo realizado no ano passado chegou à conclusão de que a radiação do desastre nuclear de Fukushima pode afetar negativamente a vida humana ao longo da costa oeste da América do Norte, do México ao Alasca “por décadas”.

27) Segundo o Wall Street Journal, está sendo previsto que a limpeza de Fukushima poderá levar até 40 anos para ser concluída.

28) O Professor Charles Perrow (Yale) está advertindo que, se a limpeza de Fukushima não for tratada com 100% de precisão, toda o planeta estaria ameaçado “por milhares de anos“. “As condições na piscina da unidade 4, a 100 metros do chão, são perigosas, e se qualquer toque entre as has-tes, poderia causar uma reação nuclear que seria incontrolável. A radiação emitida a partir de todas estas hastes, se não forem continuamente fres-cas e mantidas sempre separadas, exigiria a evacuação das zonas circun-dantes, incluindo Tóquio. Por causa da radiação no local, e as 6.375 varas no tanque de armazenamento não poderiam ser continuamente refrige-rados; toda a humanidade estará ameaçada, por milhares de anos. “

Você está começando a entender por que tantas pessoas estão tão pro-fundamente preocupadas com o que está acontecendo em Fukushima? FontE: VERdAdEMUndIAl.oRG

para muito mais sobre tudo isso, confira o vídeo Fukushima e o Fim da humanidade: http://www.youtube.com/watch?v=Vh3Alpmavdk

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japão dá luz verde para “arriscada” limpeza do

autoridade de regulação nuclear (arn) jaPonesa deu essa se-mana o ok final Para a oPeradora da usina nuclear danifi-cada de fukushima daiichi remover os 1.300 Bastões de ener-gia gastos da Piscina da altamente danificada unidade 4, iniciando um processo que o militante anti-nuclear Harvey Wasserman descreveu como “o momento mais perigoso para a humanidade desde a crise dos mísseis de Cuba”.

De acordo com a Associated Press (AP), a Autoridade de Regulação Nucle-ar anunciou que o plano de remover manualmente os bastões radioativos a ser posto em prática pela operadora, a Tokyo Electric Power Company, ou TEPCO, é “apropriado” e a remoção “pode se iniciar em novembro, como ha-via sido planejado, seguida de uma inspeção local feita pelos reguladores”.

A TEPCO estima que o processo completo de decomposição vá levar dé-cadas. Dando mais detalhes do processo, diz a AP: “A TEPCO preparou uma estrutura massiva de aço com um guindaste operado por controle remoto para remover os bastões de combustível, que serão depositados em um to-nel de proteção e transferidos para uma piscina de resfriamento localizada numa construção ao lado. Para abrir espaço para os bastões da unidade 4, a companhia tem transportado os que já estavam na piscina para um depósito mais seguro em tonéis secos, em um local separado.

O plano é esvaziar a piscina do reator 4 até o fim de 2014, e remover bastões de energia das piscinas de três outros reatores danificados ao longo de vários anos antes de cavar até os núcleos derretidos, por volta de 2020.”

No entanto, de acordo com o engenheiro nuclear Arnie Gundersen, os bas-tões de energia gastos da unidade 4 estão “vergados, danificados e fragi-lizados e a ponto de se desmancharem”. E o presidente da ARN, Shunichi Tanaka, alertou que a remoção dos bastões poderia ser dificultada por con-ta do risco que representam os destroços que caíram na piscina durante as explosões provocadas pelo terremoto de 2011, pelo tsunami e pelos subse-quentes três processos de fusão de reatores na usina.

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“É completamente diferente de remover bas-tões de energia normais de uma piscina”, dis-se Tanaka durante uma coletiva de imprensa. “Elas precisam ser manipuladas com extrema cautela e devem ser monitoradas muito de perto. Não se pode apressar, ou forçar para que elas saiam, ou elas podem quebrar”.

Wasserman alerta que há cerca de “400 to-neladas de combustível naquela piscina, que poderiam liberar mais de 15 mil vezes a radia-ção que foi detonada em Hiroshima”. Wasser-man, Gundersen e outros ativistas da questão nuclear têm alertado que nem a TEPCO nem o governo japonês têm “os recursos técnicos, científicos e financeiros” para lidar com essa tarefa e que essa situação demandaria um “es-forço coordenado mundial dos melhores cien-tistas e engenheiros de nossa espécie”.

Mais de 100 mil pessoas já assinaram uma petição dando eco a essa demanda. “A remo-ção de enormes bastões radioativos a mais de 30 metros no ar representa um desafio científico e de engenharia sem precedentes”, dizem os signatários, que pedem a Barack Obama e ao secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, que intercedam junto às autorida-des japonesas. “Pedimos que a comunidade mundial [...] tome controle dessa tarefa in-crivelmente perigosa”. FontE: CARtA MAIoR

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do encontro intercontinental sobre a natureza - o2013

semPre consciente de que o ser humano constitui Parte essen-cial do Planeta terra e que dele dePende Para sua comPleta soBrevivência, o instituto hidroamBiental águas do Brasil – ihaB, no Período de 12 a 14 de novemBro de 2013, realizou em fortaleza – ceará – Brasil, a 6ª edição do encontro intercon-tinental soBre a natureza - o2013, congregando pesquisadores, au-toridades civis, professores, discentes, ONG’s, representantes de universida-des e de organismos diversos e da sociedade civil que, em consonância com o IHAB, unem-se para expor, dialogar, ensinar, aprender, desaprender e re-aprender sobre o Planeta que nos abriga, mudando paradigmas e levando, cada vez mais, a esperança de que o Homem é filho da Terra e, assim sendo, mais do que nunca tem a obrigação de conhecer e cuidar da casa que tem.

O Tema Central desta Edição foi obtido da solicitação que, silenciosa-mente, porém firme e continuamente, a mãe Terra mostra ao filho que ele não pode viver sem este bem precioso: A ÁGUA. Mais do que nunca o Homem vislumbra as consequências danosas que a ausência de água, em termos quantitativos e com qualidade assegurada, causa a humanidade.

Existe uma população de mais de um bilhão de pessoas que sofre atu-almente com a falta de água potável e em torno de oito milhões morrem anualmente, seja pela falta, seja pelo consumo de água de péssima quali-dade. A mídia propala, cada vez mais, que a água representa a moeda deste século e, em termos comparativos, a precificação da mesma somente é in-ferior ao ouro mas, inversamente proporcional, é a sua visibilidade para os governos que, a despeito de sua imensa importância para a Humanidade, ainda teima em relegá-la a um plano escandalosamente inferior, a mercê de sua necessidade vital de sobrevivência. Os dados numéricos mundiais mostram, assustadoramente, os impactos que o ser humano sofre por não cuidar da ÁGUA. Entre outros, a saúde do homem encontra-se interligada, por toda a sua vida, a qualidade da água que usa cotidianamente. Mas, qua-se 80% dos leitos hospitalares no mundo estão ocupados por pacientes aco-metidos de doenças de veiculação hídrica, o que mostra claramente, a ne-cessidade maior do olhar dos gestores para o bem maior da vida no que se refere a consumo: A ÁGUA.

Porém, entendendo que a água faz parte do Planeta Terra e que, har-monicamente, deve coexistir com o meio natural paisagístico e que, jun-tamente com este, sofre os percalços do desenvolvimento e suas ações antrópicas, o IHAB foi mais além, permeando o Evento com temas im-portantes, integrados, que levam em seu bojo o conhecimento necessá-rio que a comunidade em geral, e em particular os gestores, devem ter a fim de minimizar riscos e impactos do mau uso do solo e maximizar a convivência harmônica com a natureza, propiciando paz, beleza e segu-rança na ocupação do espaço físico que nos é legado.

Assim, através de cursos de curta-duração, aborda-se a geotecnia e pre-venção e riscos urbanos, recuperação de áreas degradadas, pagamentos por serviços ambientais, águas envazadas, abordagem antropossocioló-

Carta abertao tema central desta edição foi obtido da solicitação que, silenciosamente, porém firme e continuamente, a mãe terra mostra ao filho que ele não pode viver sem este bem precioso: a água

evento ambiental

gica e política sobre a água, pegada hídrica e, finalmente, sobre a água virtual – visão de futuro, todos comprometidos com o conheci-mento e a responsabilidade do cidadão com o Planeta Terra, seus aspectos naturais e sua água, focados sob as situações atual e futura e o comprometimento do homem em assegu-rar uma casa saudável para as gerações atu-ais e futuras. A integração de bacias hidro-gráficas no semi-árido, riscos urbanos, ocu-pação do espaço físico urbano e a segurança hídrica como fator de sobrevivência mundial foram apresentados e discutidos com o seg-mento presente. Temas diversos sobre água e meio ambiente foram apresentados como painéis e plenárias onde o conhecimento e a experiência uniram-se o bem maior.

Assim, do conhecimento amplamente expos-to no Encontro Intercontinental sobre a Natu-reza - O2013, necessária se fazem as seguintes considerações e recomendações a todos que se preocupam e zelam pelo Planeta Terra:1ª – O homem é o único responsável por toda e qualquer atividade que prejudica o am-biente natural na Terra;2ª – Existe, ainda, um extremo descaso no cuidar da água, em particular, e do meio ambiente no geral. Organismos diversos e o governo, em todas as suas esferas políticas, devem e podem dar atenção maior a proble-mática que assola a população, em todos os segmentos existentes;3ª – Urge que seja realizada a integração de conhecimentos técnicos, passíveis de serem aproveitados e transformados em informações, para que a população em geral, e especificada-mente o técnico, possa utilizá-las no cotidiano;4ª – Sem planejamento de ações não pode existir gestão, independente da área de co-nhecimento. A política relacionada aos re-cursos hídricos deve ser contínua, respal-dada em conhecimento técnico, e não oca-sional e dependente total da viabilidade política. A população do semi-árido, parti-cularmente do nordeste do Brasil, não deve sofre às expensas da falta de planejamen-to de ações seguras com relação a seguran-ça hídrica, onde a água representa a condi-ção maior de sobrevivência, da qualidade de vida e da preservação de vida. Fortaleza, 14 de novembro de 2013

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do encontro intercontinental sobre a natureza - o2013

rebia e Prima durante o o2013em fotos

plantio no sítio Gênesis, em são Gonçalo, RJ, referente ao Congresso o2 “neutro em carbono”. participações das alunas do 2º ano do Curso normal do CE pandiá Calógeras. na foto: Julio, lourdes, Evaristo e Fernández, mateiro e professor de sobrevivência na selva. Agachados: Ricardo harduim, Monique, stephanie, Rafaela e thais

o geólogo Clodionor Araújo na abertura oficial do Encontro Intercontinental sobre a natureza, o o2 2013, em Fortaleza-CE

leitores da 5ª série do Colégio Rosa Gattorno, em Fortaleza, participam do projeto literário da Rebia“Encontros com o Escritor para a sustentabilidade”, com Vilmar Berna

Entrega do selo prima no o2: Inês Berna, Vilmar Berna, Clodionor Araújo, Ricardo harduim e lideranças importantes que participaram do evento

Ricardo harduim, Vilmar Berna e Inês em um bom debate sobre a democratização da informação ambiental. À direita, Inês Berna mostra o certificado que a reconhece como parceira importante do o2

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animais são fins em si e não são me-ros meios Para oBjetivos humanos ou mesmo de outros animais. a existên-cia de lei em sentido contrário não tem o condão de tornar moral o que não é. a lei não é necessariamente fonte de legitimidade. Pode ser injus-ta, Pode estar errada. esteve muitas vezes ao longo da história.

Nos últimos dois meses acompanhamos de perto, seja pela internet ou por outra mídia, todo o desenrolar do caso da invasão do ins-tituto Royal em SP, muito tem se falado o que é certo ou errado nesse caso, os cientistas a fa-vor sempre do uso de animais em testes e os ativistas na luta pela libertação de vidas do in-ferno dos laboratórios, tenho uma opinião for-mada sobre isso, SEMPRE estarei ao lado dos ativistas na luta pela vida dos animais, por isso resolvi em meu texto colocar a carta escri-ta por excelentes abolicionistas da causa ani-mal, entre eles: Fábio Corrêa Souza de Oliveira Prof. da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ e do Centro de Direito dos Animais, Ecologia Profunda/UFRJ-UFF-UFRRJ, Daniel Braga Lourenço Prof. da Fa-culdade de Direito da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ e David N. Cas-suto Prof. de Direito Ambiental da Pace Law University (White Plains, EUA).

Segue abaixo a carta aberta sobre a liberta-ção dos animais do Instituto Royal.

“A ação que libertou animais mantidos pelo Instituto Royal, como cobaias, para fins de ex-perimentação ganhou avassaladoramente a opinião pública, possivelmente como nunca antes no país, inclusive com repercussões in-ternacionais. Chamou de forma ampliada a atenção da sociedade para questão altamen-te sensível e de nuclear apelo ético já de mui-to discutida na academia: a utilização de ani-mais para pesquisa e ensino.

A percepção da redução dos animais a recur-sos ou objetos de estudo, denominados assim, pejorativamente, animais de laboratório, o que se dá seja por meio de imagens bizarras, já di-vulgadas há tempos e de fácil acesso, seja pela literatura ou regulações, causa choque e tencio-na o senso comum, demonstrando que esta cul-tura se vê problematizada, confrontada, quan-do não com a legalidade, com a moralidade, ge-rando um sentimento crescente de indignação.

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Todavia, o Instituto Royal é uma de muitas outras entidades que usam animais como meios, estando acompanhado de diversas instituições de en-sino superior, inclusive entre as mais prestigiadas Universidades brasilei-ras, gozando de financiamento público, sob o beneplácito da legislação, a qual autoriza que animais sejam confinados, feridos, adoentados, aliena-dos das suas propensões naturais, da busca de bem-estar, vivisseccionados, eutanasiados, mortos.

Os animais que estavam no Instituto Royal e que estão presos em luga-res similares são sencientes e conscientes, possuem uma experiência sub-jetiva de ser e de estar no mundo, ostentam psique, perseguem a própria felicidade, sentem medo, solidão, estresse, dor; enfim, possuem vontades. Disto testemunha a recente Declaração de Cambridge (The Cambridge De-claration of Consciousness), datada de julho de 2012, firmada por cientistas de instituições como a Universidade de Stanford, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Instituto Max Planck, redigido por Philip Low, em evento que contou com a presença de Stephen Hawking.

Animais são dotados de interesses, interesses que encontram paralelo com interesses humanos: em síntese, o interesse de não sofrer, o interesse pela própria vida. E, portanto, não há razão para não levar tais interesses em conta, devendo-se adotar, como imperativo ético, a igual consideração de interesses.

Conclusão advinda deste reconhecimento é que animais são titulares de di-reitos (à vida, à integridade física, à liberdade) e não coisas. São fins em si, não são meros meios para objetivos humanos ou mesmo de outros animais. São indivíduos, insubstituíveis; são sujeitos de direitos e não objetos. Animais não são agentes biológicos, como se diz em jargão. A ética a reger a conduta, neste âmbito, deve ser, pois, em tudo, similar à ética adotada para com seres huma-nos, vez que a uma posição igual deve ser dispensado tratamento igual.

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contra qualquer pesquisa/teste com animal que importe fazer dele meio para outro

– à vida, à integridade física, à liberdade – e não coisas

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A existência de lei em sentido contrário não tem o condão de tornar moral o que não é. A lei, como consabido, não é necessariamente fonte de legitimidade. Pode ser injusta, pode estar errada. Esteve muitas vezes ao longo da história: quando usurpou direitos dos ne-gros, das mulheres, dos índios e de tantos outros. Estamos testemunhando mais um movimento pela expansão de direitos: ago-ra aos animais. O melhor cenário é quando o Direito acompanha, pari passu, tais movi-mentos. Por vezes, porém, há um hiato e atos ilegais/criminalizados no passado passam a ser celebrados no futuro. As insurreições contra a escravidão negra, os quilombos, são um exemplo. Quando há um contratempo entre o Direito e os direitos, vê-se a invoca-ção do direito de resistência/desobediência civil/legitima defesa de terceiro.

Por outro lado, a própria coerência interna do ordenamento jurídico é posta à baila. En-quanto a Constituição veda condutas que im-plicam crueldade aos animais, enquanto a Lei 9.605/98 tipifi ca o crime de maus-tratos, como entender lícitas as práticas que impõem sofri-mento aos animais em nome da ciência? Não são cruéis? Não são maus-tratos? Como não concluir que a Lei 11.794/08, que regula a ins-trumentalização dos animais em nome da ci-ência, não está em confl ito com a Constituição, inconciliável com a vedação de maus-tratos.

Ora, se não há maus-tratos, se não existe crueldade, por que não realizar tais experi-mentos diretamente com seres humanos, o modelo ideal (humano-humano ao invés de humano-animal)?

A relação de igualdade é antes moral do que fática. Daí a alteridade. Não bastassem os ar-gumentos metodológico-científi cos que con-denam experiências com animais para efei-tos em humanos, o debate acerca da utiliza-ção de animais é antes uma discussão ética do que técnico-científi ca. Livres e iguais é uma bandeira central dos direitos humanos. Ob-viamente, os animais não são iguais em tudo aos seres humanos. Mas, no que são, devem ser assim admitidos. Mesmo não sendo iguais em tudo, são livres. Devem, pois, ser livres da opressão, da instrumentalização que parcela da humanidade impõe, subjugando-os.

Como alertou Philip Low: “Não é mais pos-sível dizer que não sabíamos.” Assim, sen-do simplesmente inaceitável, insuportável compactuar com a exploração dos animais, os signatários abaixo se manifestam con-tra qualquer pesquisa/teste com animal que importe fazer dele meio para outro(s).” FontE: IMpREnsA RJ

Policiais da delegacia de Proteção ao meio amBiente (dPma) aPreenderam, no fim de outuBro, vinte e seis filho-tes de PaPagaio e um Pássaro trinca-ferro que estavam em um dePósito na avenida das flores, número 403 e 634, no Bairro BarBuda, em magé, região metroPolitana do rio.

O delegado titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), José Fagundes Rezende, informou que após denúncias, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na operação. Uma mulher foi detida no local e encaminhada para a sede da especializada, na Cida-de da Polícia, no Jacaré, no Subúrbio do Rio.

“Eles são reincidentes. Já foram presos em uma outra apreensão no mes-mo local, em setembro, e foram liberados. Agora, eles vão responder pelo crime de formação de quadrilha e tráfi co de animais “, afi rmou o delegado, que acrescentou que somadas, as penas podem chegar a 5 anos de prisão.”

Até quando? No post do dia 28, destacamos a prisão de Aluísio Batista da Silva, de 55 anos, que já tem sete passagens pela polícia pelo mesmo crime ambiental, e fora surpreendido com 33 aves em uma feira no bair-ro da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ). (leia texto sugerido abaixo)

Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfi co de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade compe-tente, ou em desacordo com a obtida:

Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.§1º – Incorre nas mesmas penas:Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem

em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e ob-jetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”

Também é aplicado o artigo 32 da mesma lei:“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.”Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém

vai para a cadeia por trafi car animais. Pelo fato de as penas serem inferio-res a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Crimi-nais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Agrava a situação a Lei 12.403/2011, que estabeleceu o fi m da prisão preven-tiva para crimes com penas inferiores a quatro anos de prisão, como a forma-ção de quadrilha (enquadramento que muitos delegados, por exemplo, uti-lizavam para segurar trafi cantes de animais na cadeia por algum tempo). FontE: FAUnA nEWs/G1

Releia o post “preso pela oitava vez trafi cando animais: o crime da impunidade”, publicado pelo Fauna news em 28 de outubro de 2013: http://faunanews.blogspot.com.br/2013/10/preso-pela-oitava-vez-trafi cando.html

legislação

impunidade, reincidência e o tráfi co de animais continuavagabunda

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ecologia humana

Projeto de inclusão social Bem-su-cedido, mais uma unidade da fáBri-ca verde foi inaugurada, no dia 19 de novemBro, no comPlexo de mangui-nhos e jacarezinho, Pela secretaria de estado do amBiente (sea) do rio de janeiro. Lançado em 2011, o projeto já capa-citou em reciclagem de computadores cerca de 1.500 jovens e adultos das comunidades do Complexo do Alemão, Rocinha e Morro da Chacrinha/Salgueiro, na Tijuca.

A nova Fábrica Verde conta com o patrocí-nio da Petrobras e terá a Bio-Rio como reali-zadora do projeto, numa parceria de coope-ração técnica.

Participaram da solenidade de inauguração, entre outros, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, a superintendente de Território e Cida-dania da SEA, Ingrid Gerolimich, e o gerente-executivo de Responsabilidade Social da Pe-trobras, Armando Tripodi.

O novo curso oferece 120 vagas em cada turma promovida, e para participar é preci-so ter entre 16 e 35 anos e estar cursando ou ter concluído o ensino médio. As aulas acon-tecem nos turnos da manhã e da tarde, três vezes por semana, durante três meses. Os alunos ainda recebem uma bolsa auxílio de R$120 por mês, para cobrir possíveis despe-sas com a formação.

Todas as máquinas montadas durante o pro-cesso de qualificação são doadas a telecentros comunitários gratuitos instalados em diver-sos pontos do Estado do Rio de Janeiro, demar-cados pela exclusão socioeconômica. Mais de 40 unidades destes centros de inclusão digital já foram inauguradas.

bem-sucedIdomais um projeto

sea, em parceria pioneira com a Petrobras, inaugura nova fábrica verde no complexo de manguinhos - jacarezinho

nós, dePutados e dePutadas que integramos a frente Par-lamentar em defesa dos direitos humanos e a frente Par-lamentar em defesa dos Povos indígenas, na câmara dos dePutados, tendo em vista o julgamento soBre a Petição 3388, Pelo stf, no dia 23 de outuBro de 2013, soBre o caso da terra indígena raPosa serra do sol, em roraima, vimos a pú-blico manifestar nosso integral repúdio às pretensões manifestadas pelo Advogado-Geral da União, Ministro Luis Inácio Adams, de reeditar a Por-taria 303/2012, que pretendia estender as condicionantes instituídas por ocasião do julgamento da homologação da Raposa Serra do Sol, em 2009, a todas as terras indígenas do País.

Entendemos que tal medida, mesmo que suspensa desde abril, devi-do às pressões das mobilizações indígenas, foi responsável pelo agra-vamento da insegurança jurídica e social, pelo aumento da violência e pelo recrudescimento do preconceito racial contra os povos indíge-nas. Estamos convencidos de que tal medida, à guisa de uniformizar a atuação dos advogados da União em casos idênticos, atende exclusi-vamente aos interesses dos ruralistas, mineradores e indústria petro-lífera que pretendem, com isso, avançar sobre os territórios indígenas, a fim de explorar os recursos naturais e minerais preservados graças a presença dos povos originários, em detrimento dos direitos indígenas.

Consideramos que a decisão da Suprema Corte, em relação à Petição 3388, afasta definitivamente a pretensa generalização das 19 condicio-nantes, ao afirmar que: “a decisão proferida na PET 3.388/RR não vincu-la juízes e tribunais quando do exame de outros processos, relativos a terras indígenas diversas”. Apesar disso, o Advogado-Geral se apressa em afirmar que pretende insistir na reedição desta malfadada portaria, contrariando o bom senso e atentando contras os direitos fundamen-tais dos povos indígenas.

Ao invés de tentar criar obstáculos, a União deve se empenhar para agilizar os processos de demarcação que se encontram paralisados, alguns há anos, aguardando despachos meramente administrativos, em claro descumprimento a preceitos fundamentais e constitucio-nais, uma vez que a Suprema Corte já reafirmou o direito originário dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

Portanto, a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e a Fren-te Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas reiteram a recomendação de que a Advocacia Geral da União revogue a Portaria 303 e se abstenha de editar quaisquer outros instrumentos normativos que possam representar obstáculo ao pleno reconhecimento dos direitos originários dos Povos indí-genas às terras por eles ocupadas, conforme previsto na Constituição Fede-ral e na Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Brasília-DF, 6 de novembro de 2013.Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos

nota da frente Parlamentar em defesa dos Povos indígenas. Pela revogação da Portaria 303 da agu

Luiz

Mor

ier/

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O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços,Equipe do programa Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

Jaime Quitério, Átila Alexandre Nunes, Renata Maia e Átila Nunes Ao lado do deputado está o fi lho dele, Átila Alexandre Nunes

COM ÁTILA NUNES E ÁTILA ALEXANDRE NUNES

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia. Com Átila Nunes e Átila Alexandre NunesOuça também pela internet:www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br (serviço 100% gratuito)[email protected]@emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia. Ouça pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144E-mail: [email protected]

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guia do meio ambiente aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

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Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano VIII • ed 65 • novembro 2013 ISSN 2236-1014

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