Revista do Meio Ambiente 60

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Será impossível limitar o aquecimento global? AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano VIII • junho 2013 60 9772236101004 ISSN 2236-1014 Sarney Filho analisa a conjuntura ambiental Governo do Rio investe mais de 1,3 bi no Projeto Iguaçu Prefeitura do Rio inaugura Usina de Gás Verde Dilma: “Brasil é referência em combate ao desmatamento”

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Edição 60 da Revista do Meio Ambiente

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Será impossível limitar o

aquecimento global?

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Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

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9772236101004

ISSN 2236-1014

Sarney Filho analisa a conjuntura ambientalGoverno do Rio investe mais de 1,3 bi no Projeto Iguaçu

Prefeitura do Rio inaugura Usina de Gás Verde

Dilma: “Brasil é referência em combate ao desmatamento”

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nesta edição

capa8 ONU: pesquisadores dizem que meta para limitar o aquecimento global é quase impossível por Jorge Abrahão

política ambiental7 Desmatamento cai 84% em 8 anos por Diogo Alcântara

meio ambiente urbano10 Por uma vida melhor à população da Baixada Fluminense por Vilmar Berna

política ambiental16 Sarney Filho faz análise da conjuntura no Dia Mundial do Meio Ambiente por Sarney Filho

energia22 Prefeitura do Rio inaugura Usina de Gás Verde em Jardim Gramacho por Vilmar Berna

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Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américaswww.escritorvilmarberna.com.br www.escritorvilmarberna.blogspot.com [email protected] • Cel (21) 9994-7634

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Impressão: Flama Ramos Acab. e Man. Gráfi co Ltda. (21) 3977-2666

Revista ‘neutra em carbono’

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O6 artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

• A quem interessa um movimento ambiental enfraquecido• Coluna Meio ambiente & sustentabilidade• Transbaixada: elo entre cinco cidades • Ave, Terra• Congresso de RPPNs• RPPN: excelente oportunidade de visibilidade• Desenvolvimento sustentável e inclusivo em Niterói• Carta Verde das Américas• Tecnologia e sustentabilidade no transporte• Por que não conseguimos parar de queimar combustíveis fósseis?• Biocídio em em Santa Cruz do Arari, no Pará• Meio ambiente & evolução humana• Animais não são brinquedos ou objetos• Guia do Meio Ambiente

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EstE mês dE junho, no Rio dE janEiRo, dois ambiEntalistas paRtEm dEixan-do um EnoRmE vazio, tanto no coRa-ção dE familiaREs E amigos, mas tam-bém paRa as lutas ambiEntais. A ques-tão que deve nos preocupar não é sobre a mor-te em si, por que ela é certa para todos nós, mas é o vazio que estão deixando. Quantos jo-vens, hoje, estão dispostos a abraçarem causas coletivas, como as lutas ambientais?

Desta vez, foram o arquiteto Marco Leão e o engenheiro Otávio Maffei, que veio se so-mar às outras perdas também importantes no movimento ambiental fluminense, como o professor Elmo Amador, Omar Serrano, Dra. May, Rosalvo, Profº Breno Marcondes, Orlando Valverde (CNDDA), o Promotor João.B.Petersem, o professor JB, além dos que foram assassina-dos na luta, como o Dionísio (abatido por caça-dores enquanto defendia a Rebio do Tinguá), Dr. Álvaro, da Serena (assassinado em Angra dos Reis na resistência contra invasores dos manguezais), Seu Edu (assassinado em Maricá lutando contra ladrões de areia), Paulo Farias (estranhamente “suicidado” num ventilador); e tantos outros, lembrando aqui apenas os que tive o prazer de conhecer e de militar na defesa do meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro. Se ampliarmos o olhar, a lista será ainda maior.

Importante lembrar que, como convém a uma democracia, o ambientalismo sempre foi um espaço de negociação e debate de ideias. Enquanto uns escolhem investir suas forças na denúncia e no combate aos proble-mas ambientais, atuarem através das ONGs ou sindicatos, outros se capacitam para ser solução e escolhem atuar através dos poderes públicos ou mesmo nas empresas e univer-sidades. Entretanto, todos tem em comum a persistência em não abandonarem as causas ambientais. Uma luta por vezes ingrata, que

a quem interessa um movimento ambiental

enfraquecido?

não ajuda a pagar as contas, que por vezes rouba a vida e também a saú-de, o emprego, a paz, que estressa, angustia, deprime, faz perder o sono, mas que, para alguns, é tão fundamental quanto o ar que respiram.

Uma luta em que se costuma acumular muito mais derrotas que vitórias. Entretanto, graças a estas vitórias – e por vezes, até mesmo em função das derrotas – a sociedade ampliou sua consciência ambiental, ampliaram-se os direitos ambientais e as legislações, criaram-se estruturas para a defesa do meio ambiente tanto nos setores públicos, nos poderes executivos, legis-lativos, judiciários, quanto na sociedade, incluindo não só as empresas mas também sindicatos, associações de moradores. O que antes eram lutas pra-ticamente restritas ao chamado movimento ambientalista, hoje ganhou as ruas, a mídia, as mentes, os corações, as organizações, os poderes políticos, e nada disso se deu por acaso. O processo histórico e democrático não é obra do acaso. Ele resulta do esforço dos que lutaram, dos que nadaram contra a corrente, que se sacrificaram, não desistiram. Por isso, é absolutamente fun-damental – até por uma questão de justiça –, não esquecer destes guerrei-ros, ainda que possamos discordar de alguns nos méritos e objetivos. Sem eles, a situação ambiental estaria muito pior.

Suas vidas, suas lutas, seu legado merece nossa reflexão: nossa educa-ção tem contribuído para formar uma nova geração de cidadãos e cidadãs, conscientes de seus direitos e deveres, ou acabou caindo na vala comum de uma educação para o mercado de trabalho, como se houvesse uma vaga es-perando cada aluno no final do curso?

As próprias ONGs do movimento ambientalista estão preocupadas em formar uma nova geração de quadros ambientalistas, ou estão se deixando apequenar para se transformarem apenas em ONGs de projetos, para ga-rantir a própria sobrevivência ou de seus diretores?

As perdas que a sociedade sofreu com o novo Código florestal podem ser vistas já como uma consequência deste novo contexto? Neste sentido, vi-rão novas perdas por aí? A quem interessa um movimento ambiental en-fraquecido? O que fazer para inverter este processo e recuperar e fortalecer a cidadania socioambiental e suas instâncias de luta e organização? * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

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meio ambiente & sustentabilidade

Mercado “verde” global triplicará até 2020O mercado global de baixo carbono e tecnologias de eficiência ener-

gética vai triplicar até 2020, atingindo US$ 2,2 trilhões, segundo previ-sões de um novo relatório do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, o Pnuma. Intitulado “Economia e Comércio Verde: Tendência, Desafio e Oportunidade”, o estudo destaca que a transição para uma economia verde é um passo fundamental para alcançar o desenvolvi-mento sustentável, e que os países em desenvolvimento são agentes-chave para catalisar essa mudança. Com abundantes recursos renová-veis, eles estão bem posicionados para capitalizar as oportunidades e aumentar sua participação no mercado internacional de bens e servi-ços sustentáveis. Mas para que isso aconteça, o relatório assinala que são necessários investimentos públicos em infraestrutura específica, assistência técnica, educação orientada e programas de capacitação.

O relatório recomenda, ainda, a eliminação dos subsídios que in-centivam práticas insustentáveis de produção, consumo e comér-cio, e o estabelecimento de políticas de preços que levem em conta os custos ambientais e sociais reais de produção e consumo.

No campo das oportunidades, o estudo identifica seis setores com as maiores oportunidades comerciais verdes: agricultura, pesca, flores-tas, indústria, energia renovável e turismo. O mercado global de ali-mentos e bebidas orgânicas, por exemplo, está projetado para crescer dos 6,2 bilhões de dólares em 2011 para 10,5 bilhões de dólares em 2015. FOntE: ExAmE.cOm

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)O governo federal está empenhado no incentivo a iniciativas de Paga-mento por Serviços Ambientais (PSA). Para desenvolver o modelo, estão sendo estudadas medidas adotadas no México, pioneiro no assunto, e que desenvolve um modelo de pagamento por serviços ambientais há 10 anos, e em países como os da União Europeia. O PSA é uma transação voluntária em que um determinado serviço é comprado por uma insti-tuição, sob a condição de que o provedor garanta a provisão da atividade em questão. Em geral, os serviços são associados à captação de carbono e à conservação da biodiversidade e de recursos hídricos.FOntE: mmA

Banco Mundial diz que 1,2 bilhão de pessoas vivem sem eletricidadeQuase 1,2 bilhão de pessoas vivem sem ele-tricidade e a proporção da energia renovável no consumo mundial aumentou muito pou-co em 20 anos, segundo um relatório publi-cado e co-dirigido pelo Banco Mundial (BM) e a Agência Internacional de Energia (AIE).

“Foram registrados avanços modestos des-de 1990 no acesso à eletricidade (…) ou na alta da parte de energias renováveis e na melho-ra da eficiência energética”, destacou o Ban-co Mundial em um comunicado. Entre 1990 e 2010, o percentual de pessoas privadas de ele-tricidade no mundo recuou de 24% para 17%, mas a melhora é insuficiente, especialmente em algumas regiões da Índia, segundo o BM.

Durante este período, 1,7 bilhão de pessoas ti-veram acesso pela primeira vez à eletricidade, apenas um pouco mais do que o crescimento da população mundial (1,6 bilhão de pessoas) no curso destes 20 anos, acrescentou o informe.

“O ritmo da progressão deveria dobrar para atingir a meta de 100% até 2030”, destacou o BM. A outra meta fixada pela ONU em 2011 e que consiste em dobrar a proporção relativa às energias renováveis (eólica, solar e outras) até 2030 também parece ambicioso. Em 2010, a contribuição das renováveis aumentou 18% frente a 16,6% há 20 anos, segundo o relató-rio. Os 20 países que consomem 80% da ener-gia mundial – especialmente Estados Unidos e China, que usam 40% entre os dois – devem “mostrar o caminho” ou tomar “medidas de-cisivas” para aumentar o papel das renová-veis para 36%, destacou o informe.FOntE: tERRA

Bernardo Niskier Membro do conselho editorial da Revista do Meio Ambiente e diretor da TecnEnge Tecnologia de Engenharia Ltda. www.tecnenge.com.br • 21 2104-9502/9504 • [email protected]

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a pREsidEntE dilma RoussEff dissE quE o bRasil é REfERência mundial na pRo-tEção do ambiEntE, após a apREsEnta-ção dos dados consolidados sobRE o dEsmatamEnto na amazônia lEgal. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, 4.571 quilômetros quadrados foram devastados em 2012. O número representa uma redução de 84% em relação a 2004, ano em que foi elaborado o primeiro plano de combate ao desmatamento amazônico.

No dia que marca a luta mundial de prote-ção do ambiente, o governo também anun-ciou que o Brasil já atingiu 76% da sua meta de redução do desmatamento e 62% da meta de redução dos gases responsáveis pelo efeito estufa até 2020.

“Os números apresentados pela ministra Izabella (Teixeira) dão uma clara perspectiva de porque somos considerados uma referência mundial. Não porque sejamos absolutamen-te e claramente um País que preserva o meio ambiente apenas, mas também enfrentamos algumas questões que sempre são colocadas como excludentes”, disse Dilma ao falar sobre as preocupações com a energia renovável.

Os dados apresentados hoje são resultado de um ajuste nas contas sobre desmatamento na região divulgadas no ano passado, referen-tes ao período entre agosto de 2011 e julho de 2012. Anualmente, o governo apresenta os re-sultados do Programa de Cálculo do Desflores-tamento da Amazônia (Prodes). A ministra ex-plicou que pelo menos 10% da taxa divulgada é revisada ao longo dos meses seguintes.

desmatamento cai 84% em 8 anosMenor taxa de desmatamento

Os 4.571 quilômetros de área devastada em 2012 representam a menor taxa de desmatamento desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Es-paciais (Inpe) começou a fazer as medições em 1988. Em 2011, a área desmatada havia sido de 6.418 quilômetros quadrados. O Prodes registra como desmatamento as áreas superiores a 6,25 hectares que tenham sofrido o corte raso, ou seja, a remoção completa da cobertura florestal.

Segundo Dilma, esses resultados mostram que o País conseguiu institucionalizar o proces-so de controle do desmatamento e unir a pro-teção ambiental com o crescimento econômi-co. “Estamos mostrando que é possível crescer e preservar, que é possível crescer e distribuir renda. Eu acredito que um dado tem de estar claro na cabeça de todo brasileiro: a força do Brasil está num determinado modelo de desen-volvimento, que combina meio ambiente com redução da desigualdade e com crescimento, competitividade e inovação”, afirmou Dilma.

O governo brasileiro tem como meta volun-tária reduzir a expansão anual da área de des-matamento ilegal da Amazônia para 3,9 mil quilômetros quadrados em até sete anos. Com o balanço do ano passado ainda faltavam 4% para que a área ambiental alcançasse a meta, oito anos antes do prazo. FOntE: tERRA

dados consolidados de 2012 apontam que o desmatamento na amazônia foi de 4.571 quilômetros quadrados. dilma diz que país é referência mundial

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A força do Brasil está num determinado modelo de desenvolvimento, que combina meio ambiente com redução da desigualdade e com crescimento, competitividade e inovação.(Dilma Rousseff)

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capa

onu: pesquisadores dizem que meta para limitar o aquecimento global

é quase impossívelcom o aumEnto contínuo das Emis-sõEs, a concEntRação dE co2 na atmos-fERa chEgou REcEntEmEntE a 400 ppm (paRtEs poR milhão), nívEl sEm pREcE-dEntEs na históRia da humanidadE.

Estudo de modelagem climática feito por uma agência do Governo Casadense, a Environ-ment Canada, publicado no mês passado, suge-re que “é improvável que o aquecimento possa ser limitado à meta dos 2˚C”. O estudo conclui que atingir a meta de manter a quantidade de aquecimento global neste século no máximo em 2˚C exigiria que as emissões de efeito estu-fa “teriam que cessar imediatamente” e que os cientistas deveriam encontrar meios de remo-ver os gases de efeito estufa da atmosfera.

O novo estudo é único em várias maneiras: O mais importante baseia-se nos resultados publicados pela primeira vez desde a última geração dos chamados modelos climáticos da Earth System, complexos programas que ro-dam em supercomputadores e procuram simu-lar os oceanos do planeta, terra, gelo e atmos-fera. O modelo em estudo, o canadense Earth System Model 2, também incorpora dados atu-alizados sobre as erupções vulcânicas e simula de uma maneira mais sofisticada a capacidade da biosfera para absorver ou emitir carbono.

No estudo, os cientistas do alimentaram o seu modelo de vários cenários de concentrações de gases de efeito de estufa, para previsões futuras até o ano de 2100. No cenário com a maior parte das emissões de carbono, a concentração de CO2 na atmosfera disparou a partir de seu nível atu-al, cerca de 390 partes por milhão, para 920 ppm, e a temperatura da superfície global da terra au-mentou 4,9˚C acima dos níveis de 2005. Mas mesmo em um cenário em que cortes nas emis-sões de CO2 causariam níveis de pico de 450 ppm em 2050, as temperaturas subiriam 2,3˚C até o final do século, acima da meta de 2˚C.

Quanto à conclusão de que a remoção de carbono atmosférico é necessária, a fim de al-cançar a meta de 2˚C, o climatologista Richard Moss da Pacific Northwest National Laboratory Global Change Research Institute, em College

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“não podemos desanimar”, afirma cientista, “embora seja provavelmente tarde demais para limitar o aquecimento a 2˚c e já tenhamos que conviver com 3 ou 4 graus de aquecimento.”

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é quase impossível

Park, Maryland, diz que é uma meta quase impossível ” com o que sabemos sobre hoje. “Mas no fi nal do século, as técnicas de remoção de carbono ou o desenvolvimento de máquinas de sucção de carbono, pode ser viável.

“Nós não podemos desistir” sobre cortes de emissões, diz Denman, em-bora seja provavelmente tarde demais para limitar o aquecimento a 2˚C. “Mas talvez nós tenhamos que conviver com 3 ou 4 graus de aquecimento.”

Países precisam chegar a acordo sobre plano global de corte de emissõesA comunidade internacional começa a trabalhar para alcançar em 2015

um importante acordo para conter um máximo de 2ºC de aumento na tem-peratura, um desafi o colossal que alguns especialistas consideram uma “missão impossível”. O ciclo de negociações da ONU de dez dias que termi-nou em 14/06, em Bonn, na Alemanha, deu início à contagem regressiva para a cúpula de Paris, dentro de dois anos e meio, quando deverá ser ado-tado o mais ambicioso plano na luta contra o mudanças climáticas.

Qual será o marco obrigatório? Que compromissos vão ser tomados para re-duzir as emissões de gases do efeito estufa? Devem ser mantida a fl exibilida-de para grandes países emergentes, como China, em nome do direito ao de-senvolvimento? As questões são muitas e complexas, mas o objetivo é conter o aquecimento em 2°C acima dos níveis pré-industriais. “Em teoria, é possí-vel”, considera o climatologista Jean Jouzel, “mas parece muito difícil”, diz ele.

De acordo com o grupo de referência de especialistas do Painel Inter-governamental para Mudanças Climáticas (IPCC), limitar o aumento da temperatura entre 2°C e 2,4°C supõe que a concentração de CO2 não ex-ceda 350-400 ppm. ‘Teríamos que diminuir pelo menos pela metade as emissões antes de 2050’, explica Jouzel, vice-presidente do IPCC.

A meta de 2°C foi ofi cialmente adotada na Cúpula de Copenhague em de-zembro de 2009. O valor foi determinado por políticos a partir de pesquisas científi cas sobre o impacto de vários limiares de temperatura em corais, ca-lotas polares da Groenlândia e na produtividade agrícola. “Os 2°C são, pos-sivelmente, simbólicos, mas a ideia é que, se superá-los, nós iremos correr riscos com relação à nossa capacidade de nos adaptar”, resume Jouzel.

No fi nal de 2012, o ex-negociador da ONU para questões do clima, Yvo de Boer, havia considerado “fora do alcance” tal meta. E esta semana, um in-fl uente grupo de especialistas da alemã SWP dedicou um artigo no jornal britânico The Guardian ao “anunciado fracasso da meta de 2°C, algo que ninguém quer falar realmente”.

Nos corredores do Hotel Maritim de Bonn, onde aconteceram as negociações sobre o clima, e apesar das difi culdades, ninguém quer colocar em dúvida o único objetivo tangível das negociações, por medo de abrir a caixa de Pandora.

Botes salva-vidasPara o embaixador de Seychelles, Ronald Jumeau, cujo país é um dos mui-

tos Estados insulares ameaçados pelo aumento do nível do mar, e que de-fende um objetivo de 1,5 °C, uma ambição revisada para baixo “sacrifi cará os mais vulneráveis”. “Os negociadores das pequenas ilhas teriam, então, que voltar a seus países e comprar barcos salva-vidas”, comentou o embaixador.

Questionada recentemente sobre esta questão, a comissária europeia para o Clima, Connie Hedegaard, lembrou que os 2°C foi “aceito por 120 lí-deres de todo o mundo há três anos e meio”. E perguntou: “devemos mu-dar de ambição, porque é difícil?”. “Precisamos de vontade política e visão, e até este momento, não encontramos”, admitiu o negociador europeu. “O problema é que, se abandonarmos a meta de 2°C, o que garante que va-mos parar em 3°C? Não podemos permitir que essa lógica prevaleça”, disse. FOntES: WWW.AGU.ORG/PUBS/cROSSREF/2011/2010GL046270.SHtmL; HttP://EcO4U.WORDPRESS.cOm/2011/04/12/OnU-mEtA-PARA-LImItAR-O-AqUEcImEntO-GLOBAL-E-qUASE-ImPOSSIVEL-DIZEm-PESqUISADORES/ E HttP://G1.GLOBO.cOm/nAtUREZA/nOtIcIA/2013/06/mAntER-AqUEcImEntO-GLOBAL-Em-2c-E-ImPOSSIVEL-DIZEm-cLImAtOLOGIStAS.HtmL

1º Seminário Internacional sobre Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) de CidadesData: 02 de Julho de 2013Endereço: Escola Nacional de Botânica tropical (Antigo Solar da Imperatriz)Rua Pacheco Leão, 2040 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro (RJ)

Programa• 8h30 - 9h • Credenciamento• 9h - 9h20 • Abertura: Carlos Alberto Muniz, Secretário de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro; Samyra Crespo, Presidente do Jardim Botânico; Charles Kent, Diretor do World Resources Institute-WRI no Brasil• 9h20 - 9h30 • A Política Climática da Cidade do Rio de Janeiro: Nelson Moreira Franco, Gerente de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro• 9h30 - 10h30 • Inventário de Emissões de GEE da Cidade do Rio de Janeiro: Emilio Lèbre La Rovere, Diretor do Centro Clima (COPPE / UFRJ)• 10h30 - 11h • Coff ee Break• 11h - 12h • Inventário de Emissões de GEE da Cidade de Londres: Michael Doust, transport and Environment Greater London Authority• 12h - 13h • Inventário de Emissões de GEE das Cidades – As Melhores Práticas Utilizadas no Mundo: Project Manager GhG Protocol City Project, World Resources Institute-WRI, World Bank and ICLEI• 13h - 14h • Brunch• 14h - 16h • Debate – A Criação de um Novo Padrão Global de Inventário e Discussão sobre o Protocol for Community-Scale Greenhouse Gas Emissions (WRI/WORLD BANK/ICLEI):Emilio La Rovere, Michael Doust and Wee Kean Fong• 16h - 16h30 • Encerramento e Coff ee Break

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as açõEs do pRojEto dE contRolE dE inundaçõEs E REcupERa-ção ambiEntal das bacias dos Rios iguaçu/botas E saRapuí - ou pRojEto iguaçu – têm resultado em grandes melhorias nas con-dições de habitação e da infra-estrutura urbana nas áreas atingidas por enchentes na região e na parte Oeste da Baía de Guanabara, beneficiando cerca de 2,5 milhões de habitantes.

O projeto abrange os municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, Mesquita, Nova Iguaçu e parte da Zona Oeste do Rio de Janeiro e envolve intervenções para melhoria da macro e mesodre-nagem das bacias dos três rios, com a recuperação das áreas marginais e instalação de parques de orla, plantio de vegetação ciliar, reflorestamen-to de áreas de nascentes, preservação de áreas para amortecimento de cheias (áreas-pulmão), renaturalização de cursos d’água, desobstrução e substituição de pontes e travessias, realocação de moradias, além de ou-tras medidas complementares relacionadas ao disciplinamento do uso do solo, coleta de lixo etc.

Segundo o engenheiro Irinaldo Cabral, coordenador do Projeto Iguaçu, ini-ciado em 2007, cerca de 40% das obras estão prontas. “Já reassentou cerca de três mil famílias que viviam em área de risco de inundação, além de dra-gar 56 quilômetros de rios, com retirada de 5 milhões de metros cúbicos de

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Enchentes, perdas materiais, doenças e desespero. Essas cinco

palavras resumiram o que a população da baixada fluminense

passou nos últimos anos. porém, hoje a realidade é outra, e bem mais otimista. Executado pelo

instituto do meio ambiente do estado do Rio de janeiro (inea), através do consórcio

Rios da baixada, formado pelas construtoras carioca

Engenharia e oas, o projeto iguaçu – incluído no pac – realiza

ações que estão mudando a cara da baixada fluminense

por uma vida melhor à população da

Obras já realizadas (PAC I – 1ª fase)• 50 km de rios dragados• 5 milhões de metros cúbicos de sedimentos e lixo retirados de rios

e áreas de amortecimento de cheias• 3 mil famílias realocadas com compra assistida• 344 apartamentos para reassentamento de famílias• 12,5 km de vias marginais• 10 km de ciclovias• 20 km de recuperação de margens com plantio de grama e arborização• 8 parques fluviais em Belford Roxo, Mesquita, Nova Iguaçu

e Nilópolis• 2 estruturas de comportas no bairro Pilar, em Duque de Caxias• 1 estação de bombeamento no Lote XV, em Belford Roxo• 3 pontes sobre o Canal do Outeiro, em Belford Roxo

O que está sendo executado (PAC I)• Recuperação do Polder Jardim Gláucia – Redentor

para controle de inundações na margem esquerda do rio Sarapuí, em Belford Roxo, com 3 estruturas de comportas

• Escavação de 1 milhão de metros cúbicos de sedimentos e implantação de reservatórios pulmão e canal auxiliar

• Dragagem de 23 canais afluentes aos rios Sarapuí e Botas, nos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu e no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro

• Implantação de parque fluvial no bairro Olavo Bilac, em Duque de Caxias

• Reassentamento de 1 mil famílias

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baixada fluminensePara o Secretário de meio Ambiente, carlos minc, “de uma região degradada pela poluição, o Projeto Iguaçu está construindo um ambiente onde as inundações não sejam constantes e que a consciência ambiental seja um conceito entendido pelos moradores dos municípios de nova Iguaçu, Belford Roxo, mesquita, São João de meriti, nilópolis, Duque de caxias e Bangu-RJ”.

Governo do Rio tem investido em meio ambiente, e sabe que ainda há muito por fazerO Governo do Estado vem se empenhando para solucionar os maiores passivos ambientais do Rio desde o início do Governo Sérgio Cabral. Além dos Projetos Imboaçu (São Gonçalo, RJ) e Iguaçu (Baixada Fluminense), merece destaque a recuperação e a revitalização do Canal do Fundão, passagem obrigatória para quem chega à cidade, sobretudo pelo Aeroporto Internacional tom Jobim. Nesta foto da época, o governador assina o convênio com a Petrobras para a realização das obras, envolvendo investimentos da ordem de R$ 185 milhões. Na época, Marilene Ramos era a Secretária Estadual do Ambiente e Carlos Minc, Ministro do Meio Ambiente. A obra desassoreou 7 km de extensão do Canal do Fundão, facilitando a circulação de água, quando foram dragados 2 milhões e 200 mil metros cúbicos de material.

sedimentos, lixo e pneus, foram construídos 10 quilômetros de ciclovias, 12,5 quilômetros de vias marginais, três pontes e oito parques fluviais, além de estação de bombeamento e estruturas de comportas”, informou.

Boas notícias para quem viveu os transtor-nos dos alagamentos na época de fortes chu-vas. Orçado em mais de 1,3 Bilhão o Projeto Iguaçu, na Baixada fluminense, é o mais im-portante da SEA (Secretaria Estadual do Am-biente) e um dos maiores do Governo do Es-tado do Rio de Janeiro.

Inácio Fonseca de Fontes, morador da rua Victor Hugo, às margens do rio Botas, em Pi-lar, hoje está satisfeito com as obras de dra-gagem, mas relata como é ter a casa invadida pelas águas. “No final do último ano, choveu muito. Pilar em geral ficou uma calamidade. Todos perderam tudo o que tinham. Você an-dava pelo asfalto e a água chegava ao umbi-go. Várias famílias perderam seus móveis e tiveram que carregar”, lembra. Agora com o imóvel cadastrado no programa de reassen-tamento, Inácio está tranquilo porque sabe que sua vida irá melhorar na nova residên-cia. “As pessoas estão sendo retiradas da bei-ra do rio. Eu e minha família estamos muito satisfeitos”, comemora.

Em fase de execução• Construção de 252 unidades

habitacionais no bairro Barro Vermelho, em Belford Roxo

• Construção de 960 unidades habitacionais, 1 creche e 1 posto de saúde no bairro trio de Ouro, em São João de Meriti

• Construção de 590 unidades habitacionais no bairro Cerâmica, em Nova Iguaçu

Previsto para a primeira etapa do PAC II• Recuperação do Polder São Bento• Dragagem do rio Sarapuí• Recuperação do Polder Alberto de Oliveira• Complementação do Polder Jardim Gláucia – Redentor• Construção da Barragem D. Eugênia• Construção de 20 km de diques e 5 pontes às margens do rio Sarapuí• Construção de 1 Estação de Bombeamento• Reassentamento de 2,5 mil famílias

SEA

mais informações: GloboNews: André trigueiro entrevista marilene Ramos sobre o Projeto Iguaçu: www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iuLrkBRlou4

mais vídeos e entrevistas: www.inea.rj.gov.br/projetoiguacu/videos.html

Site do Projeto Iguaçu: www.inea.rj.gov.br/projetoiguacu/index.html

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Nesta etapa inicial será realizada a retirada das famílias que construíram suas moradias em áreas de risco sobre o dique. Estas famílias serão reassentadas no Conjunto Habitacional Trio de Ouro em São João de Meriti, com pre-visão de 960 unidades habitacionais, e outra parte no conjunto em Duque de Caxias próxi-mo a FEUDUC com a previsão de 900 unida-des. O INEA executará ainda obras de draga-gem e desassoreamento da parte não dragada do Rio Sarapuí e a preparação da compactação do Dique para se tornar uma estrada de roda-gem que será finalizada na 2º etapa do projeto.

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A transbaixada será construída em ambos os lados do Dique do Rio Sarapuí, com início na Rodovia Washington Luiz em Duque de caxias cortando o Bairro do Gramacho sobre a Av. Governador Leonel Brizola, antiga Av. Presidente Kennedy, passará também pela Av. Automóvel clube entre os Bairros Jardim Redentor em Belford Roxo e Vilar dos teles em São João de meriti e terminará na Rodovia Presidente Dutra entre os municípios de Belford Roxo e mesquita

a “transbaixada” irá desafogar o trânsito da avenida brasil e linha vermelha. nesta etapa está sendo realizada a retirada das famílias que construíram suas moradias em áreas de risco sobre o dique.

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marilene Ramos acompanha de perto o andamento das obras do conjunto Habitacional trio de Ouro, em São João de meriti. As novas habitações adotam princípios e cuidados ambientais, como a origem controlada das madeiras, o aproveitamento da água das chuvas, hidrômetros individuais nas edificações multifamiliares, pavimentação permeáveis que proporcionam infiltração da água das chuvas e áreas de lazer, entre outras medidas

Reunião dos Prefeitos e Secretários com minc e marilene Ramos na SEA para a formação do consórcio Público de Gestão dos Resíduos Sólidos da Baixada Fluminense

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Educação Ambiental: participação popular e controle social

Com o objetivo de sensibilizar e mobilizar as comunidades para os problemas socioam-bientais e a importância da participação e do controle social, o INEA através do projeto téc-nico socioambiental vem construindo o pro-cesso de monitoramento e avaliação atra-vés dos comitês locais de acompanhamento e do Fórum de Participação e Controle Social. Dos sete comitês que devem ser constituídos, seis foram formados (Comitê Iguaçu Duque de Caxias e Belford Roxo, Comitê Botas Belford Roxo, Comitê Sarapuí Belford Roxo e São João de Meriti, Comitê Nova Iguaçu, Comitê Sarapuí São João de Meriti, Mesquita e Nilópolis, Comi-tê Viegas/Sarapuí Bangu-RJ) através de encon-tros municipais, reuniões de agrupamento de bairros e reuniões comunitárias que elegeram seus representantes. Cada bairro, diretamente atingido pelas obras, escolheu dois represen-tantes um titular e um suplente, de maneira autônoma, isto é, sem interferência do INEA.

“Todo este trabalho tem por objetivo pro-mover o envolvimento da população direta e indiretamente atingida, de forma a garan-tir a gestão democrática das políticas imple-mentadas, a sustentabilidade ambiental e a melhoria da qualidade de vida da popula-ção”, informa Marilene.

O trabalho técnico socioambiental consis-te também em desenvolver ações de sensi-bilização para a educação ambiental e sus-tentabilidade do projeto Iguaçu, com mora-dores, jovens estudantes de escolas públicas próximas às margens dos rios, representan-tes de organizações sociais, representantes dos comitês, entre outros agentes sociais que acreditam e buscam cidades urbana e ambientalmente sustentáveis.

“Para atingirmos os objetivos do Projeto, é de suma importância que a população ribei-rinha abrace a causa da defesa e recuperação dos nossos rios”, reforça Juana da Silva Seoane, coordenadora do trabalho socioambiental do Projeto Iguaçu. “Dar qualidade de vida às pes-soas que moram na região é a nossa meta e cuidar da saúde dos rios é o primeiro passo na busca de uma realidade mais harmoniosa en-tre o homem e a natureza. O processo é longo e é preciso somar forças”, afirmou Juana.

Projeto Entulho Limpo da BaixadaO Projeto Entulho Limpo Baixada (ELB) co-

meçou a ser elaborado em 2010, por deman-da dos municípios, durante a execução do Projeto Iguaçu. É coordenado pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado

do Ambiente (SEA), com investimento de 28 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam).

Com a criação do Plano de Resíduos Sólidos na Baixada Fluminense o entulho decorrente da construção civil não será mais despejado próximo a córregos, margens de rios, nascentes ou em outros locais impróprios. Além de facilitar o descarte correto do material, o plano tem como obje-tivo disciplinar agentes, promover a redução da produção de resíduos em obras públicas, incentivar a reciclagem e o reaproveitamento do entulho.

Segundo o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, essa iniciativa é a prova de como o Estado e as prefeituras avançaram em conjunto e estão fazendo sua parte: “Muitos problemas hoje são resol-vidos pelos municípios, como no caso dos licenciamentos. Essa união transforma problema em solução e resíduo em material reciclado, o que vai aliviar o orçamento dessas prefeituras”.

A estimativa é de que diariamente sejam produzidas 3.500 toneladas de resíduos de construção civil na Baixada Fluminense, volume superior ao da geração diária de lixo domiciliar. O objetivo do consórcio é fazer com que este material seja depositado em 107 ecopontos para a capta-ção do entulho descartado por pequenos geradores.

Cerca de 3 milhões de moradores dos seis municípios serão beneficia-dos com a iniciativa. Este projeto será importante para o cumprimento da Politica Nacional de Resíduos Sólidos que prevê a gestão dos resídu-os de maneira associada e sustentável entre os municípios.

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os grandes empreendimentos podem ser legais, mas não são legítimos

amo o planEta Em quE vivo, E, poR mim, sERia imoRtal paRa amá-lo E cuidaR dElE sEmpRE. Esta é uma das razões para eu não me preocupar muito com a imortalidade da alma, com a reencarnação ou a ressurrei-ção, com julgamentos finais e salvação ou con-denação. Respeito muito as religiões sérias, mas me declaro agnóstico.

Meu sentimento com o planeta se assemelha ao dos povos arcaicos, que viviam contentes com esse mundo, embora acreditando noutro perto dele, que não cultivavam utopias e a vin-da de dias melhores. O momento bom era o vi-vido e não o esperado. A natureza era sagrada e protegida por entidades sobrenaturais. Substi-tuí essas entidades por uma postura ética dian-te da natureza. Entendo que nós brotamos dela e dela fazemos parte. Respeitar o ser humano pressupõe respeitar a natureza.

Por um acaso inexplicável, nasci num tempo errado. Infelizmente, a civilização ocidental, capitalista e global está em conflito com a na-tureza há 500 anos. Sei que a vitória final será da natureza, mas muito se perderá das condi-ções ambientais do Holoceno, época geológica da Terra em vigor há dez mil anos.

Há colegas universitários que me dizem ser inútil lutar contra as forças de destruição. Me-lhor aliar-se a elas e tirar algum proveito, como, por exemplo, conseguir financiamento para pes-quisas ou para a instituição em que trabalha-mos, tentam eles me convencer. Não gosto des-sa postura. Não posso adotar a atitude do obser-vador que acompanha impassível o processo de destruição e o transforma em artigos para pu-blicação e para engordar currículo. Não sou rico, mas ganho o suficiente para não precisar de gru-pos empresariais. Se depender de mim, morro na miséria, mas não procuro ajuda dos agentes da destruição nem abandono meu senso crítico.

Há quem me diga, também, que só há salva-ção nas unidades de conservação. Normalmen-te, esta concepção vem de pessoas que traba-

lham nos órgãos governamentais responsáveis por processos de licencia-mento. Segundo elas, não é possível deter a gula dos empresários. Afinal, eles apenas fazem o jogo das forças internacionais. Um empresário precisa com-petir com outro. Cada país está disputando mercado com outros. O Brasil pre-cisa crescer e o Estado deve montar a infraestrutura para tal crescimento. Não se pode proteger o ambiente diante de tamanho ímpeto. O Estado não só licencia, como também convida os grandes empreendimentos a se instalar no seu território, oferecendo-lhes facilidades, mesmo que as agressões socio-ambientais sejam profundas e irreversíveis.

Esta concepção conservacionista extremista supera em muito o conserva-cionismo da década de 1950, bem expresso pela Fundação Brasileira de Con-servação da Natureza, que reuniu tantos nomes ilustres. Esse conservacionis-mo defendia ardorosamente a criação de unidades de conservação, mas tam-bém o uso judicioso dos recursos naturais fora delas. O novo conservacionis-mo defende as unidades de conservação financiadas pela iniciativa privada como forma de autorizar as empresas a praticarem a destruição fora delas. Já que a população não pode se mudar para as unidades de conservação, cabe a pergunta de como será a vida no exterior delas. Certamente que infernal.

Dizem-me ainda que a legislação ambiental está se tornando cada vez mais leniente para facilitar a implantação de grandes empreendimentos causa-dores de intoleráveis impactos socioambientais. É verdade. A legislação am-biental já foi mais exigente, embora sempre fosse possível burlá-la. Agora, para aparentar legalidade ao que é ilegal, o Estado vem flexibilizando a le-gislação. Os grandes empreendimentos podem ser legais, mas não são legíti-mos. As leis concebidas numa economia capitalista neoliberal ou estatal não respeitam os limites da natureza. É preciso conhecer limites e respeitá-los.

Um empreendimento como o complexo industrial portuário do Açu não re-conhece limites e conta com o aplauso da grande maioria da população, que ainda confunde grandes dimensões com desenvolvimento. Conta também com o apoio dos governos municipais, que rastejam a seus pés suplicando be-nefícios. Os governos estadual e federal consideram-no estratégico para o de-senvolvimento do Brasil e abrem generosas linhas de crédito para financiá-lo.

Como gosto deste mundo, é natural que eu sofra com sua destruição. Ca-minhamos para o recrudescimento da crise ambiental planetária, que leva-rá a colossais desastres socioambientais, já que a Terra tem limites. Mas ela sobrevirá e expelirá seus agressores. Pena que não estarei vivo para assis-tir ao advento de um novo renascer. Todavia, advirto que não me renderei diante das poderosas forças de destruição. *Arthur Soffiati* é doutor em História Social com concentração em História Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, integra o núcleo de Estudos Socioambientais da mesma universidade. Publicou dez livros, além de vários capítulos de livros, de artigos em revistas especializadas e de artigos jornalísticos semanais.FOntE: FOLHA DA mAnHã

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Rebia foi convidada e participará do v congresso brasileiro de Rppns, em bonito (ms)

a associação dE pRopRiEtáRios dE REsERvas paRticulaREs do patRimô-nio natuRal dE mato gRosso do sul (REpams) REalizaRá dE 01 a 04 dE outubRo dE 2013, no cEntRo dE con-vEnçõEs dE bonito, mato gRosso do sul, o “v congREsso bRasilEiRo dE Rppns” com o tema “A Sustentabilidade das Iniciativas de Conservação Voluntá-ria no Brasil – Desafios e oportunidades no contexto atual”.

Para a edição deste ano são esperados cerca de 300 participantes entre proprie-tários rurais e de reservas naturais, ges-tores públicos, representantes de organi-zações, empresas, comunidades, pesqui-sadores, estudantes e demais interessa-dos pelo tema.

Laércio Machado de Sousa, proprietário de RPPN no MS e sócio fundador da REPA-MS acredita que o evento é uma oportu-nidade de promover debates atuais e efi-cientes, objetivando o fortalecimento do movimento organizado de proprietários de RPPNs e associações na construção de ações afirmativas que aliem a produção e a conservação dos recursos naturais: “Desejamos divulgar para toda a socie-dade a importância, a função e a contri-buição das RPPN para a conservação da natureza, além de apresentar atividades e estudos que comprovam possibilida-des de alinhar o desenvolvimento econô-mico e a conservação dos recursos natu-rais”, acrescenta Sousa.

As linhas gerais da programação ofi cial já estão prontas e inclui palestras, mesas re-dondas, simpósios, ofi cinas, apresentação de trabalhos científi cos, feiras, exposições, além de atividades de confraternização e visitas técnicas em RPPNs que possuem destaque na cidade de Bonito e região. FOntE: ASSESSORIA DE cOmUnIcAÇãO DA REPAmS

Em breve novas informações pelo website: www.cbrppn.com.br/bonito2013 ou ainda pelo telefone: (67) 3025-7462.

incentivar a instituição e a manutenção de uma Rppn é uma excelente oportunidade de visibilidade para as empresas

uma REalidadE no sEtoR dE nEgócios é a REsponsabilidadE ambiEntal do cliEntE quE hojE, valoRiza cada vEz mais aquE-las EmpREsas quE possuEm compoRtamEnto ético RElaciona-do ao mEio ambiEntE. Esta é uma oportunidade para empresas obte-rem maior visibilidade a partir destas preferências, aderindo a práticas ambientais na fabricação de produtos ou na prestação dos serviços, uma vez que aquelas empresas que ignoram seus impactos causados ao meio ambiente, logo não terão aceitação pública.

Atentas a esta realidade, muitas empresas que não podem revisar to-dos os seus processos produtivos buscam alternativas para anular seus impactos (“Neutralidade Ecológica”), tais como aquelas por meio de com-pensações no apoio a iniciativas ecológicas. Neste contexto, incentivar a instituição e a manutenção de uma RPPN é uma excelente oportunidade de visibilidade. As RPPNs são uma categoria de Unidade de Conservação presente na Lei 9.985/2000 – SNUC são áreas de preservação ambiental de caráter perpétuo.

Dentre todas as UCs, as RPPN são as que mais necessitam de apoio, pois enquanto as UCs públicas possuem recursos advindos de impostos, multas, compensações e outros para a sua manutenção, as RPPN tem limitado ou nenhum acesso a estes recursos. Como na RPPN as atividades permitidas são ecoturismo, visitas educacionais e pesquisas científi cas, que contribu-am com a biodiversidade local, é importante que a Reserva tenha um plano de manejo, que também necessita de recursos fi nanceiros.

Desta forma, a gestão de uma RPPN torna-se primordial para que atinja os objetivos a que se propõe e ganhe visibilidade, agregando valor e qualifi -cando a propriedade como um ‘selo verde’. * Danilo Pisani de Souza é consultor em gerenciamento fi nanceiro de agências especializadas das nações Unidas no Brasil, como FIDA e Banco mundial. trabalha há mais de dez anos em con-sultoria a projetos ambientais.

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política ambiental

como está o nosso meio ambiente? Está melhor ou está pior? Estamos avançando ou estamos retrocedendo no cuidado com o meio ambiente? há razões para comemoração?

o quE mais pREocupa é o apaREntE dE-sintEREssE da sociEdadE bRasilEiRa com RElação ao tEma. ExEmplo disso é a REação do país à dEscobERta das RE-sERvas dE pEtRólEo do pRé-sal E a Ex-pEctativa do bRasil dE sE toRnaR um gRandE pRodutoR mundial. Nada se fala sobre o impacto dessa descoberta sobre nos-sas emissões de dióxido de carbono, como se o problema não existisse.

Há cerca de um mês atrás foi noticiado que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassou, pela primeira vez na história da civilização, o limite de 400 partes por milhão. A última vez em que isso aconte-ceu na Terra foi há três milhões de anos atrás. 400 partes por milhão de dióxido de carbo-no na atmosfera é considerado pelos cientis-tas o limite para se evitar os piores cenários decorrentes das esperadas mudanças no cli-ma planetário. De acordo com o Painel Inter-governamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, com uma concentração acima de 400 partes por milhão a temperatura mé-dia da Terra poderá subir de dois a seis graus centígrados até o final do século. Esse aumen-to de temperatura vai acelerar o degelo dos polos, provocar tempestades mais violentas e secas mais severas, impactar severamente a biodiversidade e condenar milhões de pesso-as a abandonarem suas terras e vagarem pelo Planeta em busca de um lugar para viver. Os 10 anos mais quentes já registrados na Terra, desde 1880, quando se iniciaram as medições da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, ocorreram a partir de 1996.

O que mais preocupa é a lentidão com que as medidas necessárias ao combate do aque-cimento global são tomadas e a paralisação

das negociações internacionais. O Plano Nacional de Mudanças Climá-ticas revisado, que deveria ter sido apresentado no final do ano passa-do, não foi ainda concluído. Os Planos Setoriais de emissões de gases de efeito estufa dos setores de indústria, transportes, saúde e mineração, com metas de redução, não foram apresentados. A demora na entrega dos Planos Setoriais indica a pouca atenção dada pelo Executivo Federal para a questão climática.

Entretanto, o que mais preocupa é o aparente desinteresse da sociedade brasileira com relação ao tema. Exemplo disso é a reação do País à descoberta das reservas de petróleo do pré-sal e a expectativa do Brasil de se tornar um grande produtor mundial. Todos temos assistido à inflamada disputa trava-da no Congresso pela partilha dos royalties do Petróleo. Mas nada se fala so-bre o impacto dessa descoberta sobre nossas emissões de dióxido de carbono, como se o problema não existisse. É evidente que a descoberta de um recurso natural que pode trazer uma grande riqueza para o País não pode ser despre-zada. Mas, parafraseando Al Gore, a pergunta inconveniente é: como vamos conciliar a exploração dessas reservas com o imperativo climático? Como va-mos usar essa riqueza inesperada para descarbonizar a economia nacional?

Niterói e a Rio+20Boas notícias: no campo legislativo, a medida recente mais promissora

talvez tenha sido a aprovação da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e colocou o País em si-tuação de igualdade com as nações mais avançadas no trato da questão.

É claro que há também motivo para otimismo. Poderíamos mencionar aqui inúmeras iniciativas governamentais, do setor empresarial e de orga-nizações da sociedade civil em favor da proteção do meio ambiente e me-lhoria da qualidade de vida da população. No campo legislativo, a medi-da recente mais promissora talvez tenha sido a aprovação da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e colocou o País em situação de igualdade com as nações mais avançadas no trato da questão. Dentre os instrumentos introduzidos pela nova lei me-recem destaque os Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de Resíduos Sólidos, os Planos Gerenciais de Resíduos Sólidos, que devem ser elaborados pelos grandes geradores de resíduos, e a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, que obriga as empresas a darem uma desti-nação final adequada aos produtos por elas colocados no mercado.

Note-se que a aprovação da nova Lei coincide com um visível amadurecimen-to da sociedade em geral e do setor empresarial em particular no tratamento dado à questão dos resíduos sólidos. De acordo como o IBGE, em 1989, 88,2% dos municípios brasileiros lançavam seus resíduos sólidos em lixões. Esse nú-mero caiu para 72,3% em 2000 e para 50,8% em 2008. Enquanto isso, o núme-ro de municípios que utilizam aterros sanitários cresceu, no mesmo período, de 17,3% para 27,7%. Embora metade dos municípios ainda utilize lixões para o depósito de resíduos sólidos, a evolução observada em 20 anos é animadora.

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À esq.: Reunião no Rio de Janeiro para debate sobre “os desafi os das alterações climáticas Rio clima. Acima: Sarney Filho participa na niterói e a Rio+20

Ao mesmo tempo, o número de programas de coleta seletiva dobrou, pas-sando de 451, em 2000, para 994 em 2008. Em termos percentuais, isso signifi -ca um aumento no numero de municípios operando a coleta seletiva de 8,2%, em 2000, para 17,9%, em 2008. Esse número ainda é baixo, mas o aumento foi expressivo. A coleta seletiva, além de favorecer a reciclagem e a redução do volume de lixo destinado aos aterros, tem uma grande importância social, uma vez que gera emprego e renda para milhares de catadores e suas famílias.

III Ciclo de Estudos de Gestão Municipal A ação do EcoCâmara demonstra que, com consciência, compromisso e

ação efetiva ou, como se costumava dizer há não muito tempo, pensan-do globalmente e agindo localmente, podemos transformar os nossos pa-drões atuais de produção e consumo e, desse modo, construir um futuro sustentável para os nossos fi lhos.

Destaco o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Comitê de Gestão Socioambiental da Câmara dos Deputados, o EcoCâmara, que este ano co-memora 10 anos de ações exitosas e exemplares. O EcoCâmara foi criado para fazer desta Casa um exemplo de gestão ambiental, em consonância com as diretrizes e os princípios propostos pelo programa Agenda Ambien-tal na Administração Pública (A3P), elaborado pelo Ministério do Meio Am-biente (MMA), durante minha gestão à frente daquela pasta.

Para se ter uma ideia da abrangência da atuação do EcoCâmara basta olhar as áreas temáticas em que a ação do Comitê está organizada. São elas: Área Verde e Proteção à Fauna, Coleta Seletiva e Responsabilidade Social, Gestão de Resíduos Perigosos, Comunicação Institucional, Educação Ambiental, Arquite-tura e Construção Sustentável, Tecnologia da Informação Verde, Novas Tecno-logias Hídricas e Energéticas e Licitação Sustentável e Legislação Aplicada.

Nesses dez anos, o EcoCâmara promoveu inúmeras ações com o objetivo de reduzir o consumo de água, de energia e de papel e de gerar menos resí-duos. Cito como exemplo a redução da irrigação desnecessária dos jardins da Casa durante a seca, a ecolavagem da frota ofi cial, a modernização dos siste-mas de ar condicionado, a substituição de equipamentos sanitários antigos por outros mais efi cientes; a substituição das garrafas de PET por purifi cado-res de água nas copas, a racionalização do processo de limpeza dos espelhos d’água, a substituição da impressão de documentos pela digitalização. Essas ações possibilitam uma redução expressiva no consumo de recursos naturais e uma economia de centenas de milhares de reais todos os anos.

Merece destaque também o trabalho de gestão das áreas verdes da Casa, extremamente importantes para a qualidade do nosso ambiente de traba-lho, lembrando que das áreas verdes faz parte o Bosque dos Constituintes,

hoje sob gestão da Câmara, e onde já foram plantadas dezenas de espécies de árvores na-tivas do Cerrado e do Brasil.

Como fruto da ação do Comitê, foi elabora-da e aprovada internamente a Política Socio-ambiental da Câmara dos Deputados, com princípios, diretrizes e recomendações para a gestão ambiental da Casa.

Por fi m, não poderia deixar de mencionar, dentre as inúmeras manifestações recebidas pelo EcoCâmara em reconhecimento da qua-lidade do trabalho realizado pelo Comitê, o segundo lugar conquistado pela Câmara dos Deputados no Prêmio Melhores Práticas da A3P (Agenda Ambiental na Administração Pública), do Ministério do Meio Ambiente, na categoria “Inovação na Gestão Pública”, com o projeto “Regulamentando as licita-ções sustentáveis na Câmara dos Deputados – Esverdeando as aquisições”. Sem esquecer que em 2009, a Câmara concorreu e também conquistou o segundo lugar na mesma pre-miação na categoria “Uso Sustentável dos Recursos Naturais – Melhor Gestão de Ener-gia”, com o projeto “Programa Luz e Vida – A iluminação como fonte de prazer”. * Sarney Filho é deputado federal do Partido Verde (PV), e possui atuação destacada na defesa do meio ambiente. Em 1997, liderou a criação da Frente Parlamentar Ambientalista para o Desenvolvimento Sustentável, que coordenou até 1999, quando foi nomeado ministro do meio Ambiente e, atualmente, é conselheiro do conselho nacional de meio Ambiente (conama-mmA) e membro do conselho consultivo da Rede nacional de combate ao tráfi co de Animais Silvestres (Renctas).

Leia o texto na íntegra em http://www.sarneyfi lho.com.br/site/index.php/noticias/item/46159-pronunciamento-do-deputado-sarney-fi lho-na-sess%c3%A3o-solene-em-homenagem-ao-dia-mundial-do-meio-ambiente

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desenvolvimento sustentável e inclusivo

a ministRa do mEio ambiEntE, iza-bElla tEixEiRa, EstEvE Em 04 dE ju-nho, véspERa do dia mundial do mEio ambiEntE, na cidadE dE nitERói, na REgião mEtRopolitana do Rio, ondE assinou acoRdo dE coopERação técnica com o pREfEito do municí-pio, RodRigo nEvEs, paRa açõEs con-juntas na áREa dE gEstão ambiEntal. A ministra disse que as cidades têm uma im-portância muito grande na descentralização da gestão ambiental no Brasil e contempla a governança ambiental a partir da Lei Com-plementar 140, de dezembro de 2011, que tra-ta da proteção ao meio ambiente, ao comba-te à poluição e à preservação de florestas, da fauna e da flora. “Todo trabalho, como a ques-tão dos recursos hídricos, a despoluição da Baía de Guanabara, as questões relacionadas aos resíduos sólidos e os avanços que Niterói está buscando nesta área, e mesmo a discus-são sobre cidades sustentáveis e os novos ca-minhos para os próximos 30 anos, já que este é um tema central da agenda de sustentabili-dade do planeta”, disse.

Durante a solenidade, o prefeito Rodrigo Neves também assinou três decretos. O pri-meiro deles convoca a edição 2013 da Con-ferência Municipal de Meio Ambiente. O se-gundo determina o repasse de 20% do ICMS Verde arrecadado a partir de 2013 para o Fundo Municipal de Conservação Ambien-tal; e o terceiro dispõe sobre os repasses das arrecadações dos contratos de instalação de antenas no Parque da Cidade. A verba arre-cadada será destinada ao Fundo Municipal de Conservação Ambiental e será utilizada para a gestão do próprio parque. O prefei-to Rodrigo Neves destacou que a visita da ministra Izabella Teixeira não só reforça a agenda da política ambiental do município, como os laços de união da prefeitura com o governo federal.

Neves ressaltou que, em apenas cinco me-ses de governo, a prefeitura já assegurou um plano de investimentos para Niterói, para os próximos três anos, superior aos últimos 20 anos, na casa de R$ 1,5 bilhão, para o desen-volvimento sustentável da cidade.

Rodrigo Neves também reafirmou o compro-misso de seu governo de promover o desenvol-

vimento sustentável e inclusivo em Niterói. O prefeito citou, entre as inicia-tivas positivas da agenda ambiental municipal, o projeto de despoluição da Enseada de Jurujuba, em conjunto com a concessionária Águas de Niterói, o projeto Reflorestar e o Poluição Sonora Zero, entre outros. “Niterói tem todas as condições de ter sua primeira enseada despoluída, com este pro-jeto que está sendo comandado pelo vice-prefeito Axel Grael. Hoje assino decreto que vai destinar 20% do ICMS Verde para o Fundo Municipal de Conservação Ambiental, um fundo que existe há dez anos e nunca foi mo-vimentado, nunca teve recursos. No dia 13, encerrando as comemorações da Semana do Meio Ambiente, vou assinar, com o governo do Estado, o con-vênio para a implantação do programa do lixo tratado, para que possamos transformar Niterói na capital da reciclagem no Brasil. Enfim, são muitas ações positivas que estão em curso e a presença da ministra em nossa cida-de nos entusiasma muito. Tenho o compromisso de transformar Niterói em exemplo de cidade verde no Estado do Rio”, afirmou.

Ministra elogia iniciativa do Sindicado dos Jornalistas Fluminenses com o Projeto do Prêmio e Curso de Jornalismo Ambiental Chico Mendes

Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro, Continentino Porto, entregou o projeto do Prêmio Nacional e Curso de Jornalismo Ambiental Chico Mendes à ministra do Meio Am-biente, Izabella Teixeira que mereceram elogios da ministra. O Sindica-to lançou o projeto em Niterói, no Dia Mundial do Meio Ambiente para, além de sensibilizar os profissionais da imprensa, contribuir para for-mar cidadãos e cidadãs mais conscientes e atuantes da causa socioam-biental e da sustentabilidade, reforçando o papel social do profissional da comunicação e sua atuação em rede. FOntES: AGêncIA BRASIL E JORnAL O FLUmInEnSE

ministra do meio ambiente assina acordo de cooperação técnica com a prefeitura de niteróiem niterói

A ministra Izabella teixeira, o prefeito Rodrigo neves e o vice-prefeito e ambientalista Axel Grael (http://axelgrael.blogspot.com) visitaram os estandes montados no jardim do Solar do Jambeiro, como o de produtos da agricultura familiar orgânica, e o carro elétrico apresentado por uma montadora japonesa, e a exposição de brinquedos e instrumentos musicais feitos com material reciclável

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desenvolvimento sustentável e inclusivo

os paRticipantEs do xii EncontRo vERdE das améRicas, o “gREEnmEEting”, REalizado nos dias 20 E 21 dE maio dE 2013, Em bRasília, df, bRasil, dEcidiRam EmitiR EstE documEnto, reiterando e reafi rmando os princípios que nortearam este fórum, denomi-nando-o como Carta Verde das Américas 2013, para que seja enviada às au-toridades do Brasil, das Américas e dos demais continentes, bem como, a or-ganismos internacionais, com as seguintes reivindicações e recomendações:

1 • Mudanças ClimáticasHá diversas iniciativas concretas para a mitigação dos impactos da mu-

dança do clima e para a adaptação aos seus efeitos negativos que devem infl uenciar signifi cativamente o modo como os países se desenvolvem. Em função disso, os países desenvolvidos, responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa do planeta, devem assumir a sua respon-sabilidade de reduzir as emissões em quantidade adequada para minimi-zar essas graves consequências da mudança climática. A mudança do pa-radigma econômico e dos hábitos de consumo, bem como do modelo social são essenciais e urgentes para que possamos reverter as trágicas e assus-tadoras previsões científi cas para o futuro, feitas hoje em várias partes do mundo por técnicos, cientistas e pesquisadores, quanto às consequências devastadoras das atitudes humanas de desrespeito, exploração, desequilí-brio e desperdício com relação à natureza, fonte de toda a vida no planeta!

2 • Recursos HídricosA política de gestão integrada dos recursos hídricos deve proteger os ma-

nanciais, nascentes e demais cursos d’água contra qualquer tipo de polui-ção e contaminação por resíduos industriais e humanos, bem como pro-mover o refl orestamento de áreas estrategicamente estabelecidas, como forma de assegurar, quantitativa e qualitativamente, as condições hídricas ideais no planeta.

3 – Floresta AmazônicaÉ necessário repensar a importância que as fl orestas possuem em nossas

vidas e, as consequências da real possibilidade de seu desaparecimento em determinado espaço de tempo. Embora dados apontem para a queda no desmatamento, os números ainda mostram o tamanho do problema am-biental e o risco que ele gera na biodiversidade amazônica.

4 - Modelo de DesenvolvimentoProjetos ambientais voltados ao desenvolvimento e à inclusão social devem

contemplar iniciativas inovadoras que ofereçam caminhos de como o meio ambiente pode servir de base sustentável para o desenvolvimento, promo-vendo a geração de emprego, renda e qualidade de vida. Ao garantir maiores oportunidades às populações mais pobres, procura-se contribuir para a redu-ção da desigualdade e para a sustentabilidade ambiental, promovendo o de-senvolvimento humano com respeito à cultura das populações locais.

5 • Ocupação UrbanaTragédias geotécnicas que têm anualmente ceifado a vida de centenas de

cidadãos brasileiros estampam clara e defi nitivamente a necessidade da administração pública brasileira ter em conta as características geológicas dos terrenos na defi nição e aplicação dos critérios de regulação técnica do crescimento urbano.

das américascarta verde6 • Economia Verde

Com este importante ajuste conceitual, foi dado foco em um ciclo de desenvolvimento sustentável com a incorporação de bilhões de pessoas à economia, com consumo de bens e serviços em padrões sustentáveis e viáveis.

7 • As normas ambientais e a efetivação da política ambiental

As normas ambientais, dentre as quais se destaca a Constituição Federal Brasileira, nor-teiam a implantação da política ambiental. E se o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de to-das as formas de vida (art. 225 c/c art. 5°, caput, e § 2° CF), é inaceitável a edição de normas que acarretem a redução da proteção a esse inte-resse, uma vez que acarretaria retrocesso a conquistas socioambientais consolidadas his-toricamente, além de comprometer o desen-volvimento sustentável.

ConclusãoPara enfrentar de forma coerente e coorde-

nada essas crises, será necessária a ação dos diversos setores da sociedade. Os governos na-cionais têm papel-chave nesse processo. E os governos locais, principalmente das cidades, serão, por sua parte, fundamentais. O contínuo empoderamento da sociedade civil, por inter-médio dos movimentos sociais, dos trabalha-dores, dos empresários, das organizações não-governamentais também é essencial. Não se pode subestimar, igualmente, o papel dos indi-víduos, sobretudo por exercerem a liberdade de escolha, o que lhes dá grande poder na evolu-ção do desenvolvimento sustentável.

A massiva inclusão econômica constitui um modelo inovador, que promove o crescimen-to. O conceito socioambiental eleva à sua real condição estratégica os temas que, para além de impactar intensivamente a maioria da po-pulação, constitui o cérebro no desafi o do de-senvolvimento sustentável. Assim, conclama-mos os povos das Américas e dos outros conti-nentes, a se conscientizarem para o consumo racional dos recursos naturais, indispensáveis à construção da vida e ao equilíbrio econômi-co do planeta.

Leia o texto integral em: www.greenmeeting.org/novoportal/index.php/component/content/article/1-latest-news/134-carta-verde-das-americas-2013

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transporte & mobilidade urbana

trânsito ainda é o grande vilão da poluição nas grandes cidades do país

as cidadEs pREcisam invEstiR mais Em tEcnologia paRa mElhoRaR sistEmas dE tRanspoRtEs E gaRantiR a mobili-dadE uRbana no bRasil como lEgado após a copa E as olimpíadas.

O setor de transportes rodoviários ainda é o principal responsável pela emissão de ga-ses de efeito estufa (GEE) na maioria das ci-dades brasileiras, sobretudo devido à presen-ça de automóveis muito mais numerosos que os ônibus e com capacidade de transporte ex-tremamente menor. Estudo recente elabora-do pela Prefeitura do Rio de Janeiro mostrou que o tempo perdido no trânsito (automóvel ou ônibus) gera um prejuízo anual em torno de R$ 12 bilhões para a cidade do Rio de Ja-neiro. A queda da velocidade média nas prin-cipais vias prejudica a mobilidade do trânsi-to na cidade, que contabiliza hoje, em plena Rio + 20, uma frota de 2,5 milhões de veículos, mais que o dobro (1,1 milhão) do que existia na ocasião da realização da Rio 92. A frota de ônibus chega a 8,5 mil veículos, entre ônibus e micro-ônibus urbanos, mais ou menos 294 carros para cada coletivo. A situação vem me-lhorando bastante, com a implantação de sis-temas como os BRS e BRTs, que desestimulam o transporte individual em prol do coletivo, além do uso de combustíveis mais inteligen-tes, mas mudar definitivamente esse quadro até a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 será um grande desafio.

Ford Fusion é eleito o “carro verde do ano 2013” no Salão de Los Angeles

O novo Ford Fusion foi eleito o “Carro Verde do Ano 2013” no Salão de Los Angeles, por um júri de líderes ambientais dos Estados Uni-dos. A premiação, promovida pelo Jornal Car-ro Verde, tem como objetivo destacar o veículo com melhor desempenho e impacto ambien-tal, considerando tanto a eficiência tecnológi-ca como a sua facilidade de acesso aos consu-

midores. O sedã de luxo da Ford concorreu com outro modelo da marca, o C-MAX, além do Dodge Dart Aero 2013, Mazda CX-5 Skyactiv e Toyota Prius C na fase final da eleição. No Brasil, o Fusion Hybrid foi eleito Carro Verde do Ano pela Revista Autoesporte no início de novembro. O modelo também foi eleito como o Sedan Premium do Ano por jornalistas que parti-cipam das premiações da Revista Autoesporte, Top Car TV e Abiauto.

Profissionais são estimulados a buscar soluções criativas para redução do consumo de recursos naturais e gestão de resíduos

A Fundação Toyota do Brasil iniciou, em Indaiatuba, a 2ª edição do pro-jeto Ambientação com a associação de fornecedores da Toyota do Bra-sil – BRASA (Brazilian Automotive Suppliers Association) –, para treina-mento profissional e gestão, em diversas áreas. Os treinandos deverão implementar ações concretas com foco em sustentabilidade. Em 2012, a Rassini NHK Automotive foi premiada com o melhor projeto apresen-tado, chegando a reduzir 62,5% de emissão de dióxido de carbono em horário não produtivo, de uma esteira utilizada na fabricação de peças automotivas para a Toyota.

Nova Saveiro usa tecidos dos bancos e portas com fios de PET recicladoA Volkswagen do Brasil acaba de lançar a pick-up Nova Saveiro 2014,

que é o primeiro veículo comercial leve do país a utilizar tecidos à base de PET reciclado no revestimento de bancos e interior de portas. Exclu-sividade da Volkswagen do Brasil, os tecidos com base reciclável foram desenvolvidos pela empresa e estrearam no país no Novo Gol e Novo Voyage, lançados em julho do ano passado.

tecnologia e sustentabilidade

no transporte

Ford Fusion, eleito o carro verde de 2013 no Salão de Los Angeles

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Leonardo Berna Jornalista e repórter fotográfico, especializado em automóveis, transporte e mobilidade [email protected]

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Participaram da cerimônia o secretário estadual do Ambiente, carlos minc, o presidente da comlurb, Vinicius Roriz, e o secretário municipal de conservação e Serviços Públicos, marcos Belchior

energia

a iniciativa é fruto da parceria prefeitura do Rio com a empresa novo gramacho Energia ambiental. a concepção e execução do projeto foi executada pela empresa gás verde

na sEmana mundial do mEio ambiEntE, a pREfEituRa do Rio – poR mEio da sEcREtaRia municipal dE mEio ambiEntE E da comluRb – E a EmpREsa novo gRamacho EnERgia ambiEntal inauguRaRam Em 07/06 a usina dE gás vERdE, Em duquE dE caxias. A usina vai fornecer biogás produzido no Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho para a Petrobras. Inédita no Brasil, a iniciativa vai abastecer a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) com 70 milhões de m³ de gás verde por ano. O gasoduto é o único do mundo que liga um aterro sanitário a uma refinaria de petróleo.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Vieira Muniz, apertou simbolicamente o botão que deu início à operação da usina. Mu-niz anunciou que, até 2016, 25% do lixo da cidade será separado: “Investi-mos em uma gestão sustentável. Avançamos na área dos transportes com o BRTs, os BRSs e a ampliação da malha ciclo viária. Agora, em parceria com a Collor, nosso foco é a coleta seletiva. O gás antes lançado direta-mente na atmosfera agora é extraído e utilizado para gerar energia e tam-

prefeitura do Rio inaugura usina de gás verde

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osbém poderá ser usado, no futuro, na indústria alimentícia, em residências e em veículos a gás. Isso só foi possível porque encerramos as atividades do aterro, antes o principal con-taminante da Baía de Guanabara, e construí-mos o Centro de Tratamento de Resíduos em Seropédica, para onde é levado o lixo domici-liar produzido no Rio.”

O biogás gerado na decomposição da maté-ria orgânica no aterro é captado nos 301 pon-tos distribuídos por Gramacho. Em seguida, ele é transportado por tubulações para a Usi-na de Gás Verde, onde vai ser purificado se-guindo as rígidas especificações técnicas da Petrobras, tornando a combustão mais lim-pa que a do gás natural do petróleo (GNP).

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“O gás antes lançado diretamente na atmosfera agora é extraído e utilizado para gerar energia e também poderá ser usado, no futuro, na indústria alimentícia, em residências e em veículos a gás”, explicou carlos Alberto muniz, Secretário municipal de meio Ambiente

“nossa meta é erradicar todos os lixões até 2014 e construir aterros sanitários ou em centrais de tratamento de resíduos (ctRs) que, assim como este, terão plantas de aproveitamento energético, como determina a Lei nacional de Resíduos Sólidos”, destacou carlos minc

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O sistema de Mecanismos de Desenvolvi-mento Limpo (MDL) tem aprovação da Orga-nização das Nações Unidas (ONU).

“O pioneirismo desta iniciativa mostra que é possível inovar e trazer novas tecnologias para o uso do resíduo, sem deixar de proteger o meio ambiente”, disse Vinicius Roriz, presi-dente da Comlurb.

Até o final do ano serão produzidos 7.500 me-gabytes com a parte residual do processo de produção do biogás para garantir energia sufi-ciente para os horários de pico da própria usina. Em 2014, a usina deverá começar a produzir CO² líquido para ser usado na indústria alimentícia.

Projeto é elogiado por Carlos MincCarlos Minc, lembrou que o metano é um

gás-estufa 24 vezes mais forte do que o gás carbônico (CO2) e falou com satisfação do re-sultado do processo de desativação de Grama-cho e das negociações para solucionar a ques-tão dos catadores que trabalhavam há 20 anos no local. “O metano é um dos gases de efei-to estufa, responsáveis pela febre planetária. Nossa meta é erradicar todos os lixões até 2014 e construir aterros sanitários ou em centrais de tratamento de resíduos (CTRs) que, assim como este, terão plantas de aproveitamento energético, como determina a Lei Nacional de Resíduos Sólidos”, disse Minc, destacando que a Baía de Guanabara deixou de receber quan-tidade equivalente a um Maracanã de choru-me com o fim dos lixões no seu entorno.

“Por sugestão da Marilene Ramos, presiden-te do Inea, exigimos no Termo de Ajustamen-to de Conduta (TAC) assinado, em 2011, entre a SEA, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea)

e a Petrobras que a empresa investisse R$ 1 bilhão na modernização da área operacio-nal da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), bem como em ações de melhoria da qualida-de ambiental da região – em especial do Mu-nicípio de Duque de Caxias, ressarcimento de 18 milhões para as famílias de catadores de Gramacho, valor este antecipado pela Prefei-tura do Rio, e determinamos que dos créditos de carbono oriundos da captação do metano, 18% fossem para a Prefeitura do Rio e 18%, para a Prefeitura de Duque de Caxias cons-truir um bairro sustentável, onde até o ano passado só existia a barbárie”, afirmou Minc.

Empresas parceiras na soluçãoA iniciativa de fornecimento de gás pro-

duzido em Gramacho para a Reduc é fruto da parceria Prefeitura do Rio com a empre-sa Novo Gramacho Energia Ambiental. É a primeira vez no mundo que uma refinaria vai funcionar com gás renovável, gerado a partir da decomposição de matéria orgâni-ca. A concepção e execução do projeto foi executada pela empresa Gás Verde. Segun-do o presidente, Manuel Avelino, com a im-plantação do projeto, o aterro vai deixar de emitir, nos próximos 20 anos, aproximada-mente seis milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. “O biogás é captado por 301 po-ços de coleta, transportado por tubulações com extensão de 1,100 metros, ao longo de camada profunda de solo. A usina é comple-tamente automatizada e funcionará ininter-ruptamente durante todo ano”, disse. FOntES: WWW.RIO.RJ.GOV.BR E HttP://cARLOSmInc.WORDPRESS.cOm

O pioneirismo desta iniciativa mostra que é possível inovar e trazer novas tecnologias para o uso do resíduo, sem deixar de proteger o meio ambiente (Vinicius Roriz, presidente da Comlurb)

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nós tEmos muito mais pEtRólEo, caRvão E gás do quE podE-mos quEimaR com sEguRança. Para além de todos os milhões de pa-lavras escritas sobre a mudança climática, o desafio realmente se resume a isto: o combustível fóssil é extremamente útil, maciçamente valioso e extremamente importante geopoliticamente, mas combater o aqueci-mento global significa deixar a maior parte dele no chão – por opção.

Embora ouçamos cada vez mais sobre promover a tecnologia verde, re-duzir os níveis de consumo ou baixar a taxa de crescimento da população, deixar o combustível fóssil no solo é o cerne da questão. Afinal, o clima não sabe ou se importa quanto de energia renovável ou nuclear temos, quão eficientes nossos são nossos carros e casas, quantas pessoas exis-tem, ou até mesmo como funciona nossa economia. Ele só se importa com quanto gás de efeito estufa bombeamos – e isto é, curiosamente, imune às ações que geralmente pensamos serem positivas.

Há três fatos que dizem tudo o que você realmente precisa saber sobre a ciência do clima e a política. Primeiro: apesar de toda a incerteza sobre os de-talhes, todas as academias de ciência do mundo aceitam a visão dominante de que o aquecimento global está sendo produzido pelo homem. Segundo: praticamente todos os governos, reconhecendo o perigo real de adulteração do clima atual que permitiu à humanidade prosperar, concordaram que o mundo deve limitar o aumento da temperatura global a 2oºC – um nível que não é seguro sob qualquer ponto de vista, mas que pode ser suficiente para evitar os piores impactos. Terceiro: a quantidade de aquecimento que vamos experimentar cresce de maneira mais ou menos proporcional à quantidade total de carbono que a sociedade global emite – cumulativamente.

Aqui está o busílis. Mesmo que deixemos para lá os obscuros e pouco convencionais recursos fósseis pelos quais as empresas hoje estão gas-tando bilhões para tentar acessar, a queima apenas da quantidade com-provadamente existente e economicamente viável de petróleo, carvão e gás emitiria quase 3 trilhões de toneladas de dióxido de carbono – o CO2. Ninguém pode dizer exatamente quanto de aquecimento isto pos-sa causar, mas é muitíssimo provável que ultrapassaríamos 2oºC, indo a 3oºC ou até mesmo a 4oºC de aquecimento.

Quatro graus pode não parecer muito, mas em nível planetário é. É quase o mesmo que o aumento de temperatura observado desde “último máximo glacial” da idade do gelo, quando grande parte do hemisfério norte ficou sob uma camada de gelo tão espessa como cinco dos arranha-céus mais al-tos do mundo empilhados em cima uns dos outros. É impossível dizer quais outras mudanças mais três ou quatro graus trariam, mas os impactos pode-ria muito bem incluir um colapso na produção global de alimentos, secas e inundações catastróficas, ondas de calor e o início do derretimento do man-to de gelo que poderia, eventualmente, elevar o nível do mar o suficiente para acabar com muitas das grandes cidades do mundo.

Os céticos argumentam que esse cenário apocalíptico pode não acontecer – e eles estão certos. Se tivermos sorte, o impacto da queima de todo esse

por que não conseguimos parar de queimar

petróleo, carvão e gás pode ficar no lado me-nos grave do espectro de possibilidades. Mas isso é pouco reconfortante: é quase o mesmo que dizer que é tranquilo andar com os olhos vendados em uma auto estrada, já que você não pode ter certeza se passam carros por ali naquele momento. Com o aquecimento de menos de 1oºC na temperatura do Planeta que presenciamos até agora, já estamos vendo al-gumas mudanças profundas, incluindo um co-lapso na cobertura de gelo do mar Ártico mais grave até do que as previsões mais pessimis-tas de poucos anos atrás.

Dado o que está em jogo, não é de admirar que os governos concordem que o aquecimento glo-bal deve ser interrompido. Mas é aí que o senso comum termina e começa a dissonância cogniti-va. Porque, para termos uma boa chance de não excedermos a meta global (que já é arriscada), precisamos começar a eliminar gradualmente desde já os combustíveis fósseis em um ritmo rápido o suficiente capaz de reduzir as emissões globais em alguns pontos percentuais por ano, e continuar a fazê-lo pelas próximas décadas.

Agora compare isso com o que está realmen-te acontecendo. Tal como acontece com o cli-ma, para entender a situação corretamente é necessário olhar mais de longe a tendência de longo prazo. Se o fizermos, se revela algo fasci-nante, preocupante e estranhamente esqueci-do. Como os cientistas da Universidade de Lan-caster apontaram no ano passado, se você tra-çar um gráfico de todas as emissões de carbono que os seres humanos vêm bombeando para a atmosfera, o resultado é uma curva exponen-cial notavelmente clara que se estende desde a metade do século 19 até hoje. Observando de perto a última década fica claro que toda a preocupação científica, toda a retórica política e a toda a tecnologia limpa fizeram diferença na tendência global de longo prazo. A taxa de crescimento das emissões totais de carbono da década passada, mais ou menos 2% ao ano, foi a mesma que a da década de 1850.

Isso pode parecer difícil de acreditar. Afinal, graças a políticas e tecnologias verdes, as emis-sões vêm caindo na Europa, nos EUA e em mui-tos outros países. As turbinas de vento e os pai-néis solares são cada vez mais comuns, não só no ocidente, mas têm rápido crescimento também

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apesar do impulso à tecnologia limpa da última década continuamos a extrair e queimar combustíveis fósseis mais do que nunca

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na China. E a eficiência energética dos automó-veis, lâmpadas, casas e de economias inteiras tem melhorado globalmente por décadas. Então, porque a curva de crescimento do carbono não nos dá trégua? Alguns podem instintivamente querer culpar o crescimento da população, mas as curvas não se comparam. A taxa de cresci-mento da população caiu como uma pedra des-de 1960 e não é mais exponencial, mas a curva de carbono não parece ter notado o Protocolo de Quioto ou que você foi trabalhar de bicicleta esta manhã. Por alguma razão, cortar o carbono até agora tem sido como apertar um balão de gás: ganhos obtidos em um lugar têm sido anulados por aumentos em outros.

Para entender o que está acontecendo de erra-do, é necessário considerar a natureza do cres-cimento exponencial. Este tipo de tendência de aceleração é renitente quando existe uma re-troalimentação positiva no sistema. Por exem-plo, uma dívida de cartão de crédito cresce ex-ponencialmente porque os juros são calculados sobre uma base cumulativa. O número de algas em um frasco cresce da mesma forma: enquan-to houver comida e ar haverá mais algas e es-tas poderão se reproduzir mais. O fato de que as nossas emissões de carbono têm seguido a mesma tendência de aceleração sugere que o uso de energia é impulsionado por um tipo similar de retroalimentação que está cancelan-do os aparentes ganhos verdes.

Isso certamente se encaixa com a história. A revolução industrial que marcou o início do impacto humano sobre o clima foi impulsio-

nada por exatamente por um mecanismo de retroalimentação como este. O motor a vapor permitiu drenar minas de carvão, dando as-sim acesso a mais carvão que poderia fornecer energia para mais motores a vapor capazes de extrair ainda mais carvão. Isso levou a melho-res tecnologias e materiais que eventualmente ajudaram a aumentar a produção de petróleo também. Mas o petróleo não deslocou o carvão e sim nos ajudou a minerar carvão de maneira mais eficaz e estimulou mais tecnologias que elevaram a demanda de energia global. Assim, o uso do carvão continuou subindo também – e uso do óleo, por sua vez, continuou a aumentar enquanto o gás natural, as energias nuclear e hidrelétrica entraram em operação, ajudando a impulsionar a era digital, o que por sua vez disparou tecnologias mais avançadas capazes de identificar reservas de combustíveis fósseis mais difíceis de serem encontradas.

Visto como uma retroalimentação coman-dada pela tecnologia, não é de estranhar que nada tenha ainda domado a curva global de emissões, porque até agora nada cortou seu suprimento de alimento: os combustíveis fósseis. De fato, embora os governos agora subsidiem fontes de energia limpa, carros e edifícios eficientes – e encorajem todos nós a usar menos energia – eles continuam a minar todos estes esforços por meio da extração de tanto petróleo, carvão e gás quanto possível. E se as políticas verdes acabarem com o mer-cado para os combustíveis fósseis em casa, não importa: estes podem ser exportados.

manifestantes do mSt, movimento camponês Popular (mcP) e movimento dos Atingidos por Barragem (mAB), além de quilombolas e trabalhadores da Federação

Única dos Petroleiros (FUP), ocupam o ministério de minas e Energia (mmE). Eles protestam contra os leilões para exploração de petróleo e privatização de barragens

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De fato, embora os governos agora subsidiem fontes de energia limpa, carros e edifícios eficientes – e encorajem todos nós a usar menos energia – eles continuam a minar todos estes esforços por meio da extração de tanto petróleo, carvão e gás quanto possível. E se as políticas verdes acabarem com o mercado para os combustíveis fósseis em casa, não importa: estes podem ser exportados

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Este extraordinário duplo padrão está à vista de todos e em qualquer lu-gar. Pegue os EUA. Obama se gaba de que as emissões norte-americanas estão caindo devido ao aumento dos padrões de eficiência dos automóveis e da entrada do gás que desloca o carvão sujo do mix energético. Mas os EUA estão extraindo carvão e colocando-o no sistema global de energia mais rápido do que nunca. Seu boom do gás simplesmente lhe permitiu exportar mais carvão do que nunca para outros países como a China – que, naturalmente, usam-no em parte para produzir bens de consumo para os mercados norte-americanos. Não satisfeito em aumentar a extração de car-vão nos EUA, Obama também deverá aprovar o gasoduto Keystone XL, que permitirá ao Canadá inundar os mercados globais com óleo cru produzido a partir das sujas areias de Xisto. Tanto mais carbono para ser cortado.

Ou tome a Austrália, que, no mesmo ano introduziu um imposto sobre o carbono e começou a discutir planos para uma série de “mega-minas” que aumentariam massivamente suas exportações de carvão, ajudando a cons-truir confiança entre as empresas e governos que planejam construir nada menos que 1.200 novas termelétricas a carvão ao redor do mundo. Mesmo o Reino Unido, com suas metas de redução de carbono líderes no mundo, dá incentivos fiscais para incentivar a exploração de petróleo e gás e tem feito crescer sua pegada de carbono por depender cada vez mais das fábri-cas chinesas e, portanto, indiretamente, do carvão americano e australiano. E não apenas isso. Embora raramente isto seja comentado, o Reino Unido juntamente com outras nações supostamente verdes, como Alemanha, pede regularmente à Arábia Saudita e a outros países da Opep para produ-zir não menos óleo, mas mais. Como o jornalista George Monbiot mostrou certa vez, as nações estão tentando, simultaneamente, “reduzir a demanda e aumentar a oferta de combustíveis fósseis”.

Não são apenas os governos que estão em negação quase universal do que precisa acontecer com os combustíveis fósseis. Ignorando alegremente o fato de que já há muito mais combustível acessível do que pode ser queimado de forma segura, os gestores de fundos de pensão e outros investidores estão per-mitindo que empresas de combustíveis fósseis gastem US$ 1 trilhão ao ano (algo comparável ao orçamento de defesa dos EUA, ou mais de US$ 100 para cada pessoa no planeta) para encontrar e desenvolver ainda mais reservas.

Se e quando esta insanidade for questionada, a bolha de carbono vai estourar e esses investimentos passarão a ser tão tóxicos como as hipotecas sub-prime. E não se baseie em minha opinião: os analistas do HSBC recentemente conclu-íram que gigantes do petróleo como a BP – empresa amada pelos fundos de pensão do Reino Unido – poderiam ter seu valor reduzido à metade se o mun-do decidir combater as mudanças climáticas. Por sua vez, as empresas de car-vão podem esperar um tombo ainda maior. E nossos reguladores financeiros ainda lhes permitem operar nos mercados de ações sem mencionar nos seus prospectos que partes de seus ativos podem ser rebaixados em breve.

Mas, por enquanto, o combustível fóssil continua fluindo livremente. E enquanto isto continuar, a retroalimentação global provocada por esta energia fóssil vai garantir que nossas louváveis iniciativas continuem ine-ficazes - ou mesmo contraproducentes. Motores mais eficientes podem simplesmente permitir que mais pessoas conduzam mais carros a distân-cias maiores, provocando mais construção de estradas, mais comércio e ca-sas maiores nos subúrbios que demandarão mais energia para seu aque-cimento. Novas fontes de energia renováveis ou nucleares só podem levar a mais atividade econômica, aumentando a demanda e oferta de todas as fontes de energia, o que inclui os combustíveis fósseis. E os cortes de car-bono locais derivados de escolhas sustentáveis ou verdes, o declínio da po-pulação ou até mesmo novos modelos econômicos podem simplesmente liberar mais combustível para uso em outros lugares.

É claro que o uso do petróleo, do carvão e do gás se estabilizará eventual-mente não importa o que fizermos. Isto porque estes recursos são finitos e a

cada ano ficam mais caros em relação às ener-gias renováveis e à nuclear. Mas, dada a contí-nua aceleração não apenas da extração de com-bustíveis fósseis, mas da produção de automó-veis, caldeiras, fornos e usinas que precisam de petróleo, carvão e gás para funcionar, é zero a possibilidade de que isto aconteça por si só em breve. Esqueça o pico do petróleo causado por uma diminuição de suprimento. Pelo me-nos até que tenhamos uma maneira barata de capturar e estocar carbono precisaremos fazer acontecer o tal o pico de uso de combustíveis fósseis. Voluntariamente. E em breve.

Sabemos como fazê-lo. Um sistema global de limite de emissões e comércio de créditos é uma opção. Rígidos impostos sobre a produção ou a venda de combustíveis fósseis outra. Ou podemos simplesmente obrigar as empresas que retornem ao solo uma parcela crescente do que extraem. Qualquer um desses modelos poderia derrubar as emissões globais e estimu-lar uma explosão de investimentos e inovação em sistemas de energia limpa e eficiente. Mas não há como evitar efeitos colaterais desagra-dáveis: uma espiral de preços de combustível e eletricidade, uma baixa de muitos trilhões de dólares no valor das reservas de combustível fóssil, e uma feroz disputa mundial pelo pouco combustível que seria possível queimar.

Como tudo isso afetaria a economia global, ou os fundos de pensão ou a saúde financeira do Oriente Médio, dos EUA e de outras nações ricas em carbono que resistem a um acordo climáti-co global? Pelos pareceres de gente séria de am-bos os lados, ninguém pode dizer com certeza, assim como ninguém pode estar certo de como a sociedade humana se sairá em um mundo em aquecimento. Mas com tanto dinheiro e po-der ligado ao petróleo, ao carvão e ao gás, uma coisa parece clara: congelar os estoques globais de combustíveis fósseis demanda pensar alto, políticas duras e – isto é crucial – muita pressão pública. Cortes voluntários de carbono são um grande começo, mas não são páreo para um sis-tema de retroalimentação energética global.

Globalmente, a grande maioria das pessoas quer ver afastada a ameaça da mudança climá-tica. Mas conseguiremos priorizar um planeta seguro passando por cima dos atrativos de com-bustíveis baratos, voos fáceis, energia abundan-te e bens de consumo sedutores? Conseguire-mos chamar nossos líderes a acabar com o du-plo-padrão de pensamento e passar a restringir petróleo, carvão e gás em nosso nome? Conse-guiremos reunir a força e a cooperação neces-sárias para que ativos de trilhões permane-çam embaixo do solo? FOntE: BLOGS.EStADAO.cOm.BR

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“segundo depoimentos, o prefeito pagaria R$ 5 pelos cães machos e R$ 10 pelas fêmeas. foi uma verdadeira corrida atrás de cães pelas ruas da cidade.” (jeanne oliveira, promotora de justiça de santa cruz do arari)no final do mês dE maio a cidadE paRaEnsE dE santa cRuz do aRaRi ficou noticiada Em divERsos joRnais nacionais E intER-nacionais, não pEla sua bElEza maRajoaRa, mas sim poR uma atitudE antRopocêntRica dE sEu pREfEito, maRcElo pamplona (pt), quE instituiu uma caçada a cãEs pEla cidadE.

Segundo os moradores de Santa Cruz do Arari, a prefeitura pagou pela caça de cães e cadelas, e os animais apreendidos teriam sido mortos. Vários vídeos registraram cães sendo laçados por crianças e levados até canoas, onde foram amontoados no porão da embarcação. Amarrados, os animais aparecem com diversos ferimentos. As imagens mostram ainda vários ani-mais mortos abandonados no rio da cidade.

O prefeito de Santa Cruz do Arari explicou que a medida pretendia redu-zir o número de animais nas ruas, pois os mesmos causam sujeira, defecam nas ruas, transmitem doenças e pessoas foram atacadas por eles. O prefei-to nega que os animais tenham sido sacrificados, e sim levados para uma zona rural da cidade, mas admite que possa ter havido excesso por parte dos agentes que fizeram a captura.

A estimativa é a de que aproximadamente 300 cachorros foram levados para uma ilha para que morressem por falta de recursos essenciais como água e comida. O caso foi parar na Delegacia de Meio Ambiente do Pará (Dema), da Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar o caso. Uma equipe da delegacia esteve em Santa Cruz do Arari para apurar as denúncias sobre esse caso.

O Ministério Público Estadual (MPE) também instaurou inquérito civil para investigar as denúncias. No documento, assinado pela promotora Jeanne Maria Farias de Oliveira, uma análise preliminar de imagens onde os cães aparecem amarrados e alojados dentro de um barco, podem configurar cruel-dade com animais, conduta passível de responsabilização civil e criminal.

Lembrando, matar cachorro ou qualquer outro animal é crime, segundo o artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais, de 1998. A lei prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar” qualquer tipo de animal. Se houver a morte do ani-mal, a pena pode aumentar em até um terço.

Termino meu texto citando uma célebre frase de Leonardo Da Vinci: “Che-gará um dia no qual os homens conhecerão o íntimo dos animais; e nesse dia, um crime contra um animal será considerado crime contra a humanidade.” * marcelo Pereira. Diretor de proteção animal da Secretaria de meio Ambiente de niterói

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Prefeito pode responder por improbidadeO MPE (Ministério Público Estadual), abriu um Inquérito Civil Público (ICP) para apurar o uso da máquina administrativa da prefeitura de Santa Cruz pelo prefeito no pagamento pela captura dos 400 cães nas ruas da cidade. “Importante ressaltar que estamos fazendo uma investigação à parte da Polícia Civil, que também já abriu um processo para apurar tudo. Abrimos um inquérito civil público para apurar os fatos assim que soubemos da notícia. Concluímos que o prefeito teve participação sim na caça aos cães. Já ficou provado que ele utilizou a máquina pública para pagar as pessoas que capturaram os animais e também disponibilizou um barco para que os animais fossem retirados da cidade, ou seja, ele utilizou a estrutura pública para fazer isso’, explicou o procurador de justiça Nelson Medrado. Ainda de acordo com Medrado, o caso não foi um ato isolado. “Já tivemos ciência de que a prefeitura de Santa Cruz já havia feito isso uma vez, mas só dessa vez a questão chegou a público”, disse o promotor, ressaltando que o prefeito pode responder pelo crime de improbidade administrativa, constada nos atos de utilização de recursos públicos, imoralidade e ilegalidade. “Alguns animais foram capturados até dentro da casa dos seus donos, que foram ameaçados pelos servidores caso fossem reclamar”, explica Jeanne Oliveira, promotora de justiça de Santa Cruz do Arari. No esquema, segundo o MPE, um servidor do município anotava a quantidade dos cães capturados e fazia o pagamento na quadra de esportes da cidade. Pelo menos 400 cães teriam sido retirados das ruas da cidade. Eles tiveram os focinhos amarrados e foram colocados em duas embarcações, que foram levadas para a zona rural da cidade. Durante o transporte, muitos cães teriam morrido e sido jogados ao rio, mas muitos deles também conseguiram nadar e chegar até a Ilha do Francês, localidade que fica a seis quilômetros de Santa Cruz do Arari. “Os animais foram resgatados pelos ribeirinhos e estão sendo cuidados por várias ONG’s que se dispuseram a ajudar. Mas a situação é muito triste, alguns animais estão magros e nem conseguem se manter em pé”, desabafou a promotora.FONtE: httP://NOtICIAS.ORM.COM.BR

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“ó EspéciE humana, conhEcE-tE a ti mEsma E conhEcERás o am-biEntE E o univERso Em quE vivEs”. É com essa máxima que Maurício Andrés Ribeiro resume o espírito de Meio ambiente & evolução humana. Num tempo de transformações aceleradas que têm como principal agente o ser humano, o autor investiga com profundidade a interação da espécie humana com os ecossistemas naturais e a sua capacidade de transformar o ecossistema planetário de acordo com a sua inteligência, vontade, emoções e ambições.O Senac São Paulo convida o leitor a explorar novas possibilidades de consciência ecológica nesse 19º Volume da Série Meio Ambiente e assim enfrentar os desafi os impostos pelas profundas e velozes transformações ambientais no planeta Terra. Confi ra a entrevista com o autor.

O que o motivou a escrever sobre o tema da evolução humana?O ser humano tornou-se um forte agente de transformações no planeta. Suas motivações, interesses, desejos, emoções, sentimentos e afetos, além de pen-samentos, movem suas ações. Procurei focalizar a ecologia do ser, numa visão integradora. Para tanto, recorri a minhas experiências como pesquisador visi-tante na India, quando tive oportunidade de estudar e vivenciar a psicologia e a fi losofi a daquela civilização, que tem grandes contribuições a nos oferecer para o entendimento mais integral do ser humano, como individuo, população e espécie. Sri Aurobindo observou que somos uma espécie em transição e abor-dou a evolução humana a partir perspectiva evolucionista. Recorri também a minha vivencia com Pierre Weil, fundador da Unipaz, que teve uma visão in-tegradora das ecologias e que reconhecia a importância da ecologia interior.

De que trata o livro?Ele focaliza o ser humano, na diversidade de percepções que existem sobre a espécie. Focaliza a interação da espécie humana com os ecossistemas na-turais e a sua capacidade de transformar o planeta a partir de sua inteligên-cia, vontade, emoções, motivações, desejos e ambições. “Ó espécie humana, conhece-te a ti mesma e conhecerás o ambiente e o universo em que vives”. Essa máxima resume o espírito do livro. Ele vai além da abordagem socio-ambiental, que enfatiza o ambiente natural e a questão social, mas deixa em segundo plano os temas da ecologia interior e pessoal, que são essenciais.

Qual a magnitude da crise ecológica atual?A magnitude das transformações atuais tem paralelo com as que ocorreram há 65 milhões de anos e que levaram à extinção dos dinossauros. Naquela ocasião, ocorreu a passagem da era mesozoica para a era cenozoica – a era dos mamíferos – ao fi nal da qual surgiu o homo sapiens, hoje um grande agente das transformações aceleradas que ocorrem no planeta. No atual con-texto de rupturas cada espécie viva procura se adaptar às novas condições ambientais. Algumas conseguem faze-lo, outras se extinguem para sempre. A espécie humana se encontra numa encruzilhada que pode levar ao colapso ou a uma autosuperação que lhe permita sobreviver a essa situação critica.

Quais as diferenças entre a atual ruptura e as anteriores?A velocidade das mudanças, que ocorrem no ritmo acelerado da evolução cultural e da consciência, e não mais no ritmo lento da evolução biológica ou das transformações geológicas. Outra diferença: o principal agente pro-vocador dessas mudanças é nossa própria espécie. Por isso se defi ne como o

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antropoceno esse período no qual nossa espé-cie transforma o ambiente e as paisagens; e ao fazê-lo, se transforma a si própria, e cria riscos de catástrofes e do autoextermínio.

Por que é importante conhecer a ecologia do ser humano? Para dar respostas à crise atual é valioso co-nhecer o ser humano. É essencial compreen-der como atuam seu corpo, mente e emoções. O que motiva seus pensamentos, o estágio de evolução de sua consciência, sentimentos e ne-cessidades, desejos, valores e crenças, interes-ses, bem como as energias ou forças que impul-sionam suas ações. É necessário tal autoconhe-cimento tanto no plano individual como no da população e da espécie humana.

Quais os papéis do ser humano, na atual etapa da evolução?O homo sapiens sapiens tem diversos papéis na evolução e infl ui nela de forma cada vez mais intensa, para o bem ou para o mal. Numa pers-pectiva que ressalta seus aspectos negativos, atua como agente deteriorador, degradador dos sistemas de vida, um produtor de desertos. Ele é o grande predador, o anjo exterminador de outras espécies vivas e pode ser visto como um parasita, que suga a Terra que o hospeda. O ser humano é visto como aprendiz de feiticeiro, ao liberar forças que não sabe controlar; James Lovelock, o criador da teoria de Gaia, o defi ne ora como o engenheiro de manutenção do pla-neta, ora como um delinquente juvenil, pela irresponsabilidade que demonstra em suas ações. O ser humano tornou-se gestor e indu-tor da evolução, infl uenciada por suas ações, por suas atitudes e comportamentos individu-ais ou coletivos. Por sua vez, essas ações decor-rem de pensamentos e de sua consciência.

Em seu novo livro, maurício Andrés Ribeiro investiga com profundidade a interação da espécie humana com os ecossistemas naturais e a sua capacidade de transformar o ecossistema planetário

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Como essa espécie defi ne a si mesma? Há uma diversidade de defi nições. Cada uma delas refl ete uma percepção par-cial. Cada uma corresponde a uma parcela da verdade acerca desse ser multi-dimensional, com suas grandezas e misérias. A espécie já foi designada como Homo demens (“O homem é esse animal louco cuja loucura inventou a razão”, disse Cornelius Castoriadis); Homo moralis e o Homo honestus, um primata que coopera e que se comporta com valores éticos; o Homo sportivus e o Homo ludens, pelas características lúdicas que compartilha com outros animais que jogam, gostam de brincar e fazer humor (Johan Huizinga); o Homo corruptus, uma espécie parasita e predatória. Temos capacidade de autorrefl exão e de saber-nos ignorantes, o Homo idioticus que se deixa enganar. O Homo belli-cosus se denomina assim por seu caráter guerreiro; ao desenvolver a tecnolo-gia somos os Homo tecnocraticus; o Homo œconomicus e o Homo consumptor descrevem uma espécie composta de um conjunto de indivíduos egoístas em busca de gratifi cação pessoal e acumulação material. Já o Homo scientifi cus valoriza a observação objetiva, a classifi cação e a mensuração.

Edgar Morin fala do Homo complexus, que lida com a complexidade. Hoje podemos nos ver também como o Homo lixius, a única espécie animal que produz lixo: dois milhões de toneladas por dia. E ainda como o Homo stres-satus moderno, com as consequências que isso traz à sua saúde, ansioso, com medo e preocupado com o futuro e com ameaças reais ou imaginárias. O Homo Consulens trata com cuidado de sua casa e das demais espécies. Ao ocuparmos todo o planeta, nos vemos como Homo planetaris; ao viajarmos no espaço, somos os Homo cosmicus e o Homo universalis. Transumanistas, que trabalham com a perspectiva de um ser evolutivo, acenam com o surgi-mento do Homo perfectus que atua por meio do uso ético das tecnologias para estender as capacidades humanas. O Homo noologicus, é aquele que sabe das consequências de seus atos. Joël de Rosnay, ao explorar as perspectivas para o terceiro milênio, defi ne o homem simbiótico, um ser associado simbiotica-mente ao organismo planetário que surge com sua própria contribuição, e de cuja associação harmônica decorrem benefícios para ambas as partes.

Qual a importância da consciência humana?É da consciência humana que derivam pensamento, sentimentos, emoções, atitudes e ações. Conhece-la e atuar sobre ela é um caminho promissor para produzir ações mais amigáveis e menos violentas contra o ambiente.

Quais os principais avanços atuais no estudo da consciência?No ocidente, a ciência da consciência avança por meio de pesquisas de neurociência que mapeiam o cérebro. A psicologia também contribuiu: da psicanálise à psicosíntese e à psicologia transpessoal abordou-se o incons-ciente e o subconsciente (Freud, Jung), os diversos estados de consciência (vigília, sonho, sono, transpessoal), a cartografi a da consciência de Stanis-lav Grof. Abordagens transdisciplinares reconhecem a existência de um es-pectro amplo da consciência (Ken Wilber). No oriente, tradições milenares como na vedanta e no budismo, estudaram a fundo a consciência e consti-tuem um manancial riquíssimo a ser melhor conhecido e aplicado.

O ocidente avançou com sua mentalidade tecno-científi ca, do pensamen-to lógico, da racionalidade, correspondente ao hemisfério esquerdo do cére-bro: dele vem a lei. O oriente valorizou a intuição e a aprendizagem criativa: dele vem a luz. Da mesma forma como os hemisférios esquerdo e direito do cérebro têm funções diferenciadas, nos hemisférios ocidental e oriental do planeta se desenvolveram concepções distintas sobre a consciência.

Qual o papel do mito da sustentabilidade?Como demonstrou Joseph Campbell em O Poder do Mito, este tem uma função catalisadora, de unifi cação de uma cultura, civilização ou socieda-de. Um mito também pode unifi car pessoas e grupos em torno de ideias

e ideais comuns. Nesse sentido, o mito da sus-tentabilidade tem função positiva. O que quer que signifi que especifi camente para este ou para aquele grupo social, produz a agregação de atitudes de indivíduos, organizações, go-vernos, empresas, nações. Ele tem sido uma referência que permite conceber e colocar em prática metas comuns. Nesse sentido, torna-se um mito produtor de convergências.

O que signifi ca ser ecologicamente consciente? A consciência ecológica compreende que o indivíduo ou a organização integram o meio ambiente e que aquilo que ocorrer com o meio ambiente incidirá sobre eles. A consciência ecológica dissolve a alienação e permite per-ceber os danos que comportamentos destru-tivos causam ao ambiente e a cada indivíduo; ela ajuda a despertar a prudência ecológica nas ações. Ela leva a uma forma amigável de relacionamento com o ambiente. Aprende com a natureza e dela extrai ensinamentos para desenvolver ecotécnicas e o ecodesign. Tomar consciência da crise ecológica e da crise da evolução é um pré-requisito para desenvol-ver ações ecológicas responsáveis.

Qual a infl uência da propaganda sobre a consciência ecológica?Da mesma maneira como o marketing e a pu-blicidade atuam sobre o inconsciente e exci-tam o desejo de consumo, essas técnicas de comunicação também podem, caso haja cons-ciência coletiva, promover o desejo por saú-de ambiental. Podem reduzir a demanda por bens cujo processo de produção é destrutivo ou poluidor. Assim, por exemplo, pode-se con-trapor à publicidade comercial, mensagens que minimizem o desejo do consumo material cuja satisfação pressiona a natureza. * maurício é arquiteto formado pela UFmG. Gestor ambiental, foi Secretário municipal de meio Ambiente de Belo Horizonte, Presidente da Fundação Estadual de meio Ambiente de minas Gerais, Diretor e conselheiro no conselho nacional do meio Ambiente (conama) e assessor na Agência nacional de Águas. como bolsista do cnPq, foi pesquisador visitante no Instituto Indiano de Administração em Bangalore, India. Escreveu o livro Tesouros da Índia para a civilização sustentável no qual enfatiza a importância daquela civilização num mundo em busca de sustentabilidade. colabora com OnGs ligadas à cultura de paz e ao federalismo mundial. colaborou com Pierre Weil, fundador da Unipaz, tendo sido vice-presidente da Fundação cidade da Paz, Brasília. É facilitador de seminários na Unipaz no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Goiânia. Escreveu também as seguintes obras: Ecologizar (4ª edição, Editora Universa, Brasília, 2009 – trilogia) e Ecologizando a cidade e o planeta. (Editora c/Arte, Belo Horizonte, 2008).

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pEssoas quE convivEm com cãEs, poR ExEmplo, acEitam como natuRal quE ElE bRinquE dE luta, mas sE Espantam E mEsmo sE constRangEm quando ElEs tEntam copulaR com os nossos bRa-ços ou pERnas. Para os cães, são comporta-mentos naturais e não revelam um interesse sexual por nós, humanos. Pode ser apenas um treinamento para o acasalamento com outros cães, ou estar expressando dominância.

Cabe a nós, humanos, que temos a responsa-bilidade e consciência, ensinar nossos animais através da educação para que se comportem de maneira aceitável entre os de nossa espé-cie. Ás vezes, basta falar sério e afastar o ani-mal para ele aprender que aquele comporta-mento não é desejável, que nós, humanos, não somos objeto de dominação. Ficar achando uma gracinha e deixar a brincadeira continu-ar só irá reforçar o comportamento de monta como uma expressão de dominância, e mes-mo deixar o animal confuso. O que ser bem inoportuno, por exemplo, ao se receber visitas. Nesta ocasião, o animal tentará determinar sua posição diante do novo grupo que chega tipo “Ei, esse território é meu!”, e pode querer copular com as pernas, braços, bolsas dos visi-tantes, tornar-se agressivo.

Em relação às crianças, os cães tendem a ser amigos e se relacionarem bem, por que são muito ciosos de sua posição no grupo. Se a criança é protegida pelo líder dominante da “matilha”, geralmente os humanos adultos – ainda que a criança se comporte de maneira submissa, deitando e rolando no chão com o cão – ele saberá de seu papel inferior e não ata-cará a criança.

Quando um cão se revelar dominante, deve ser imediatamente educado e treinado, pois poderá se tornar agressivo, o que significará muito mais um aprendizado para os huma-nos que terão de aprender a ter controle sobre o animal e a mostrar a ele quem é que “man-da” na “matilha”. Cães que matam crianças ou seus donos não são assassinos. Recentemente, tivemos o caso de um cão da raça São Bernardo,

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que é naturalmente dócil e até usado no salvamento de pessoas, matar um bebe de um ano (http://bahianoar.com/n/cachorro-docil-morde-e-mata-menino-de-1-ano-em-paulinia-interior-de-sao-paulo#.UZZmbLXVAlE). Quando age assim, o animal está instintivamente defendendo sua hierar-quia na matilha, onde se acha dominante.

Quando admitimos conviver com animais de outras espécies, faz parte do nosso cuidado com a outra espécie conhecer sobre a sua natureza e não agir contra ela, ou as consequências poderão ser terríveis. Temos a tendên-cia a humanizar os animais, e isso é um erro. Ao assumir para nós o cuida-do de um animal, não são as nossas necessidades que deverão ser levadas em conta em primeiro lugar, mas as do animal. Cães não são brinquedos ou objetos, são seres vivos, que não pertencem a ninguém a não ser a eles próprios, são donos da vida que está neles e que clama por se expressar em toda a sua potencialidade. Quem não está pronto para compreender isso, também não está pronto ainda para assumir sob seus cuidados a posse e guarda de um animal de espécie diferente da nossa. PUBLIcADO ORIGInALmEntE Em HttP://WWW.OGRItODOBIcHO.cOm/2013/05/AnImAIS-nAO-SAO-BRInqUEtOS-OU-OBJEtOS.HtmL* Vilmar Berna é escritor e jornalista, fundou a Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br) – e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br/index.php). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas (www.escritorvilmarberna.com.br).

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ) COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diaria-mente entrem no ar para reclamar, protes-tar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmu-la do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segun-da à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um re-sultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encer-ra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendi-mento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da sema-na, até a se alcançar a solução.

O alcance dos assuntos foi ampliado, esten-do-se às reclamações dos ouvintes em rela-ção aos órgãos do governo federal, gover-nos estaduais e prefeituras.

Dezenas de profissionais trabalham hoje in-teiramente dedicados à milhares de ouvin-tes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de in-teresse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeiran-tes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia.

Obrigado a todos.

E guarde o número de telefone de nossa Cen-tral de Atendimento: (021) 3282-5588. Se pre-ferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado.

A equipe doPrograma Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia,Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia,Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144

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guia do meio ambiente aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado:

a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente.

Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

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Telefax: (21) 2610-2272ano VIII • ed 60 • junho 2013 ISSN 2236-1014