Revista de Neurociencias

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    Artigos

    Revista

    ISSN 0104-3579

    NeurocinciasISSN 0104-3579

    Revista

    olume 15 Nmero 2 007

    Velocidade de marcha, fora muscular e atividade mioeltrica em

    portadores de Esclerose Mltipla

    Os efeitos do treino de equilbrio em crianas com paralisia cerebraldipartica espstica

    Perfil do atendimento fisioteraputico na Sndrome da Down emalgumas instituies do municpio do Rio de Janeiro

    Avaliao funcional da marcha do rato aps estimulao eltrica domsculo gastrocnmio desnervado

    Hidroterapia na aquisio da funcionalidade de crianas com Paralisia

    Cerebral

    Os efeitos da hidroterapia na hipertenso arterial e freqncia cardacaem pacientes com AVC

    Epilepsia em remisso: estudo da prevalncia e do perfil clnico-epidemiolgico

    Doena de Parkinson e exerccio fsico

    Acupuntura na Doena de Parkinson: reviso de estudos experimentaise clnicos

    Principais instrumentos para a anlise da marcha de pacientes comdistrofia muscular de Duchenne

    Abordagem fisioteraputica na minimizao dos efeitos da ataxia emindivduos com esclerose mltipla

    Efeitos da fisioterapia em paciente portador de Mucopolissacaridose

    www.revistaneurociencias.com.br

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    REVISTA NEUROCINCIAS

    Editor Chefe / Editor in chiefGilmar Fernandes do Prado, MD, PhD

    Unifesp, SP.

    Editora Executiva / Executive EditorLuciane Bizari Coin de Carvalho, PhD

    Unifesp, SP

    Editor Administrativo / Managing EditorMarco Antonio Cardoso Machado, PhD

    Unifesp, SP

    Co-editor / Co-editorJos Osmar Cardeal, MD, PhD

    Unifesp, SP

    Editores Associados / Associated EditorsAlberto Alain Gabbai, MD, PhD, Unifesp, SP

    Esper Abro Cavalheiro, MD, PhD, Unifesp, SPSergio Cavalheiro, MD, PhD, Unifesp, SP

    Indexaes / Indexations1. LatindexSistemaRegionaldeInformacinenLneaparaRevistasCientcasdeamricaLatina,elCaribe, Espaa y Portugal, www.latindex.org, desde 2006.

    2. Psicodoc, desde 2007.

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    Data de efetiva circulao deste nmero / Actual date of circulation of the present numberJunho de 2007

    Publicaes da Revista Neurocincias1993, 1: 1 e 2

    1994, 2: 1, 2 e 31995, 3: 1, 2 e 31996, 4: 1, 2 e 31997, 5: 1, 2 e 31998, 6: 1, 2 e 3

    1999, 7: 1, 2 e 32000, 8: 1, 2 e 32001, 9: 1, 2 e 32002, 10: 1, 2 e 3

    2003, 11: 12004, 12: 1, 2 , 3 e 4

    2005, 13: 1, 2, 3, 4 e suplemento (verso eletrnica exclusiva)2006, 14: 1, 2, 3, 4 e suplemento (verso eletrnica exclusiva)

    2007, 15: 1, 2 -

    97 Rev Neurocienc 2007;15/2

    Revista Neurocincias vol 15, n.2 (2007) So Paulo: Grmmata Publicaes e EdiesLtda, 2004

    Quadrimestral at 2003. Trimestral a partir de 2004.

    ISSN 01043579

    1. Neurocincias;

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    Editores Fundadores / Founder Editors

    Jos Geraldo de Carmargo Lima, MD, PhD, Unifesp, SP.

    EditoresCientcos/ScienticEditores1993-1995: Jos Geraldo de Camargo Lima, MD, PhD, Unifesp, SP.

    1996-1997: Luiz Augusto Franco de Andrade, MD, PhD, Unifesp, SPe Dr. Eliova Zukerman, MD, PhD, Unifesp, SP

    1998-2003: Jos Osmar Cardeal, MD, PhD, Unifesp, SP2004- : Gilmar Fernandes do Prado, MD, PhD, Unifesp, SP

    Assinaturas / SubscriptionRevista trimestral, assinatura anual. Preos e informaes disponveis em http://www.revistaneurociencias.com.br

    Fone/fax: 11 34879532

    Verso online dos artigos completos / Version of the complete articleshttp://www.revistaneurociencias.com.br

    Correspondncias / LettersTodas as correspondncias devem ser encaminhadas ao Editor Chefe da Revista Neurocincias A/C Gilmar Fernandes doPrado Rua Claudio Rossi, 394 Jd. Da Glria, So Paulo-SP, CEP 01547-000. Fone/fax 11 34879532

    E-mail: [email protected]://www.revistaneurociencias.com.br

    Tiragem / Circulo3000 exemplares.

    Editorao, Publicao / Editorial, PublicationGrmmata Publicaes e Edies Ltda.

    [email protected]://www.grammata.com.br

    Jornalista Responsvel / Journalist in ChargeFausto Piedade, Mtb 12.375

    Entidade Mantenedora / Financial SupportAssociao Neuro-Sono

    Reviso tcnica / Technical reviewRevista Neurocincias Corpo Editorial

    Apoio / SponsorshipAssociao Neuro-Sono, UNIFESP

    A Revista Neurocincias (ISSN 0104-3579) um peridico com volumes anuais e nmeros trimestrais, publicados emmaro,junho,setembroedezembro.oJornalOcialdoDepartamentodeNeurologiaeNeurocirurgiadaUNIFESPefoi fundada em 1993 pelo Prof. Dr. Jos Geraldo de Camargo Lima; tem como Editor Chefe o Prof. Dr. Gilmar FernandesdoPrado,desde2004,eadministradapelaAssociaoNeuro-Sono.Publicaartigosdeinteressecientcoetecnolgico,voltadaNeurologiaescinciasans,realizadosporprossionaisdessasreas,resultantesdeestudosclnicosoucomnfaseemtemasdecunhoprtico,especcosouinterdisciplinares.Todososartigossorevisadosporpares(peerreview)e pelo Corpo Editorial. Os artigos aprovados so publicados na verso impressa em papel e na verso eletrnica. A linhaeditorial da revista publica preferencialmente artigos de pesquisas originais (inclusive Revises Sistemticas), mas tambmso aceitos para publicao artigos de Reviso de Literatura, Atualizao, Relato de Caso, Resenha, Ensaio, Texto deOpinio e Carta ao Editor, desde que aprovado pelo Corpo Editorial. Trabalhos apresentados em Congressos ou ReuniesCientcasdereasanspoderoconstituir-sedeanaisemnmerosousuplementosespeciaisdaRevistaNeurocincias.

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    Editor Chefe / Editor in Chief

    Gilmar F Prado, MD, PhD, Unifesp, SP

    Editora Executiva / Executive Editor

    Luciane BC Carvalho, PhD, Unifesp, SP

    Editor Administrativo / Manager Editor

    Marco AC Machado, SSD, PhD, Unifesp, SP

    Co-Editor / Co-Editor

    Jos O Cardeal, MD, PhD, Unifesp, SP

    Editores Associados / Associate Editors

    Alberto A Gabbai, MD, PhD,Unifesp, SP

    Esper A Cavalheiro, MD, PhD,Unifesp, SP

    Sergio Cavalheiro, MD, PhD,Unifesp, SP

    Corpo Editorial / Editorial Board

    Desordens do Movimento / Movement

    Disorders

    Henrique B Ferraz, MD, PhD,Unifesp, SPFrancisco Cardoso, MD, PhD,UFMG, MGSnia MCA Silva, MD, PhD, HSPE, SPEgberto R Barbosa, MD, PhD,FMUSP, SPMaria SG Rocha, MD, PhD, CSSM, SPVanderci Borges, MD, PhD,Unifesp, SPRoberto CP Prado, MD, PhD,UFC-CE/ UFS-SE

    Epilepsia / Epilepsy

    Elza MT Yacubian, MD, PhD,

    Unifesp, SPAmrico C Sakamoto, MD, PhD, Unifesp, SPCarlos JR Campos, MD, PhD,Unifesp, SPLuiz OSF Caboclo, MD, PhD,Unifesp, SPAlexandre V Silva, MD, PhD,Unifesp, SPMargareth R Priel, MD, PhD, CUSC, Unifesp, SPHenrique Carrete Jr, MD, PhD,IAMSP, SP

    Neurosilogia/Neurophysiology

    Joo AM Nbrega, MD, PhD,

    Unifesp, SPNdia IO Braga, MD, PhD, Unifesp, SPJos F Leopoldino, MD, UFS, SEJos MG Yacozzill, MD,USP Ribeiro Preto, SPFrancisco JC Luccas, MD, HSC, SPGilberto M Manzano, MD, PhD, Unifesp, SPCarmelinda C Campos, MD, PhD, Unifesp, SP

    Reabilitao / Rehabilitation

    Sissy V Fontes, PhD, UMESP, SP

    Jefferson R Cardoso, PhD, UFPR, PRMrcia CB Cunha, PhD, UNIB, SPAna LML Chiappetta, PhD, Unifesp, SPCarla G Matas, PhD, USP, SPFtima A Shelton, MD, PhD, UOCH, USALuci F Teixeira-Salmela, PhD, UFMG, MGFtima VRP Goulart, PhD, UFMG, MGPatricia Driusso, PhD, UFSCar, SP

    Distrbios do Sono / Sleep Disorders

    Lucila BF Prado, MD, PhD, Unifesp, SPMaria Ligia Juliano, SSD, Unifesp, SPFlvio Aloe, MD, USP, SPStela Tavares, MD, HIAE, SPDalva Poyares MD, PhD, Unifesp, SPAdemir B Silva, MD, PhD, Unifesp, SPAlice H Masuko, MD, Unifesp, SPMaria Carmen Viana, MD, PhD, EMESCAM, ESVirna G Teixeira, MD, PhD, FMUSP, SPGeraldo Rizzo, MD, HMV, RSRosana C Alves, MD, PhD, USP, SPRobert Skomro, MD, FRPC, CanadSlvio Francisco, MD, Unifesp, SP

    Doenas Cerebrovasculares/Cerebrovascular Disease

    Ayrton Massaro, MD, PhD, Unifesp, SPAroldo Bacelar, MD, PhD, UFBA, BAAlexandre Longo, MD, PhD,UNIVILLE, SCCarla HC Moro, MD, PhD, UNIVILLE, SCCesarRafn,MD,PhD,UNESP,SPCharles Andre, MD, PhD, UFRJ, RJGabriel Freitas, MD, PhD, UFRJ, RJ

    Jamary Oliveira Filho, MD, PhD,UFBA, BA

    Jefferson G Fernandes, MD, PhD, RSJorge AK Noujain, MD, PhD, RJMrcia M Fukujima, MD, PhD, Unifesp, SP

    Mauricio Friedrish, MD, PhD, RSRubens J Gagliardi, MD, PhD, SPSoraia RC Fabio, MD, PhD,USP Ribeiro Preto, SPViviane HF Ztola, MD, PhD, UFPR, PR

    Oncologia / Oncology

    Suzana MF Mallheiros, MD, PhD,Unifesp, SPCarlos Carlotti Jr, MD, PhD, FMUSP, SPFernando AP Ferraz, MD, PhD, Unifesp, SPGuilherme C Ribas, MD, PhD, Unicamp, SP

    Joo N Stavale, MD, PhD, Unifesp, SP

    Doenas Neuromusculares / Neuromus-cular disease

    Acary SB Oliveira, MD, PhD, Unifesp, SPEdimar Zanoteli, MD, PhD, Unifesp, SPHelga CA Silva, MD, PhD, Unifesp, SPLeandro C Calia, MD, PhD, Unifesp, SPLuciana S Moura, MD, PhD, Unifesp, SP

    Laboratrio e Neurocincia Bsica /

    Laboratory and Basic Neuroscience

    Maria GN Mazzacoratti, PhD, Unifesp, SP

    Beatriz H Kyomoto, MD, PhD, Unifesp, SPClia H Tengan, MD, PhD, Unifesp, SPMaria JS Fernandes, PhD, Unifesp, SPMariz Vainzof, PhD, USP, SPIscia L Cendes, PhD, Unicamp, SPDbora A Scerni, PhD, Unifesp, SP

    Joo P Leite, MD, PhD,USP Ribeiro Preto, SPLuiz EAM Mello, MD, PhD, Unifesp, SP

    Lquidos Cerebroespinhal / Cerebros-

    pinal Fluid

    Joo B Reis Filho, MD, PhD, FMUSP, SPLeopoldo A Pires, MD, PhD, UFJF, MGSandro LA Matas, MD, PhD, UNIBAN, SP

    Jos EP Silva, PhD, UF Santa Maria, RSAna Maria Souza, PhD,USP Ribeiro Preto, SP

    Neurologia do Comportamento / Beha-

    vioral Neurology

    Paulo HF Bertolucci, MD, PhD, Unifesp, SPIvan Okamoto, MD, PhD, Unifesp, SPThais Minetti, MD, PhD, Unifesp, SP

    Rodrigo Schultz, MD, PhD, UNISA, SPSnia D Brucki, MD, PhD, FMUSP, SP

    Neurocirurgia / Neurosurgery

    Mirto N Prandini, MD, PhD, Unifesp, SPAntonio PF Bonatelli, MD, PhD, Unifesp, SPOswaldo I Tella Jnior, MD, PhD,Unifesp, SPOrestes P Lanzoni, MD, Unifesp, SPtalo C Suriano, MD, Unifesp, SPSamuel T Zymberg, MD, Unifesp, SP

    Neuroimunologia / Neuroimmunology

    Enedina M Lobato, MD, PhD, Unifesp, SPNilton A Souza, MD, Unifesp, SP

    Dor, Cefalia e Funes Autonmicas /

    Pain, Headache and Autonomic Function

    Deusvenir S Carvalho, MD, PhD, Unifesp, SPAngelo AV Paola, MD, PhD, Unifesp, SPFtima D Cintra, MD, Unifesp, SPPaulo H Monzillo, MD, HSCM, SP

    Jos C Marino, MD, Unifesp, SPMarcelo K Hisatugo, MD, Unifesp, SP

    Interdisciplinaridade e histria da

    Neurocincia / Interdisciplinarity and

    History of Neuroscience

    Afonso C Neves, MD, PhD, Unifesp, SP

    Joo EC Carvalho, PhD, UNIP, SPFlvio RB Marques, MD, INCOR, SPVincius F Blum, MD, Unifesp, SPRubens Baptista Jr, MD, UNICAMP, SPMrcia RB Silva, PhD, Unifesp, SPEleida P Camargo, FOC, SPDante MC Gallian, PhD, Unifesp, SP

    Neuropediatria / Neuropediatrics

    Luiz CP Vilanova, MD, PhD, Unifesp, SPMarcelo Gomes, SP

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    Os pontos de vista, as vises e as opinies polticas aqui emitidas, tanto pelos autores, quanto pelos anunciantes, so de responsabilidade nica e exclusiva de seus proponentes.

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    100Rev Neurocienc 2007;15/2

    ndice

    Revista Neurocincias 2007

    volume 15, nmero 2

    editorial

    Epilepsia em remisso: estudo da prevalncia e do perl clnico-epidemiolgico 101Epilepsy in remission: study of prevalence and clinicoepidemiological proleMaria Durce Costa Gomes

    originaisVelocidade de marcha, fora muscular e atividade mioeltrica em portadores de Esclerose Mltipla 102Gait speed, muscle strength, and myoelectric activity in individuals with Multiple Sclerosis

    Amanda Del Cistia, Ana Carolina Souza Moura da Silva, Camila Torriani, Fabio Navarro Cyrillo, Susi Fernandes, Isabella Costa Nova

    Os efeitos do treino de equilbrio em crianas com paralisia cerebral dipartica espstica 108The effects of balance training in children with spastic diparetic cerebral palsy

    Ktia Maria Gonalves Allegretti, Mirna Sayuri Kanashiro, Vanessa Costa Monteiro, Heloise Casangi Borges, Sissy Veloso Fontes

    Perl do atendimento sioteraputico na Sndrome da Down em algumas instituies do municpio do Rio de Janeiro 114Physical therapy prole in Down Syndrome at some institutions of the City of Rio de Janeiro

    Carla Trevisan M Ribeiro, Mrcia G Ribeiro, Alexandra PQC Arajo, Maysa N Torres, Marco Antonio O Neves

    Avaliao funcional da marcha do rato aps estimulao eltrica do msculo gastrocnmio desnervado 120Functional evaluation from rats ambulation after electrical stimulation of the gastrocnemius muscle denervated

    Tiago Souza dos Santos, dison Sanfelice Andr

    Hidroterapia na aquisio da funcionalidade de crianas com Paralisia Cerebral 125Hydrotherapy in the acquisition of the functionality of children with Cerebral Palsy

    Lvia Maria Marques Bonomo, Vanessa Chamma Castro, Denise Maciel Ferreira, Samira Tatiyama Miyamoto

    Os efeitos da hidroterapia na hipertenso arterial e freqncia cardaca em pacientes com AVC 131The effect of hydrotherapy in high blood pressure and heart rate in patients with stroke

    Maryana Therumy Kabuki, Tatiana Sacchelli de S

    Epilepsia em remisso: estudo da prevalncia e do perl clnico-epidemiolgico 135

    Epilepsy in remission: study of prevalence and clinicoepidemiological proleMichel Ferreira Machado, Ozas Galeno da Rocha Neto, Jaime Roberto Serco de Assis Carvalho

    revisoDoena de Parkinson e exerccio fsico 141Parkinsons Disease and physical exercise

    Vanessa de Arajo Rubert, Diogo Cunha dos Reis, Audrey Cristine Esteves

    Acupuntura na Doena de Parkinson: reviso de estudos experimentais e clnicos 147Acupuncture in Parkinson Disease: experimental and clinical trials review

    Fernando Cesar Iwamoto Marcucci

    Principais instrumentos para a anlise da marcha de pacientes com distroa muscular de Duchenne 153Main instruments for the gait analysis used in patients with muscular dystrophy of Duchenne

    Melina Suemi Tanaka, Andra Luppi, Edgard Morya, Francis Meire Fvero, Sissy Veloso Fontes, Acary Souza Bulle Oliveira

    Abordagem sioteraputica na minimizao dos efeitos da ataxia em indivduos com esclerose mltipla 160Physiotherapy approaches for reduction of ataxic effects in multiple sclerosis

    Marco Antonio O Neves, Mariana P de Mello, Carlos Henrique Dumard, Reny de Souza Antonioli, Jhon P Botelho,Osvaldo JM Nascimento, Marcos RG de Freitas

    estudo de casoEfeitos da sioterapia em paciente portador de Mucopolissacaridose 166Effects of physical therapy in Mucopolysaccharidoses patients

    Caio Imaizumi, Isabella Costa Nova, Andria de O Joaquim

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    Epilepsia em remisso: estudo da

    prevalncia e do perl clnico-epidemiolgico

    Aabordagemdoindivduocomepilepsiasempreumdesaomesmoaoespecialistamaisexperiente.Frenteaumpaciente

    comcrisesepilpticas,omdico-assistenteinevitavelmentedepara-secomquestesessenciaisquantoaodiagnsticoeclassicao,bemcomoaotratamentoindicadoe,nalmente,quantoevoluo.Estasquestesnemsempresorespondidasnoprimeiromomento.Fa-tores individuais e sociais interferem na evoluo e prognstico e o conhecimento de alguns destes fatores tem contribudo para a pos-svelprevisibilidadedaevoluodemuitoscasos.Entretanto,aindanosperguntamos:aepilepsiacurvel?Qualindivduocarlivredas crises? E por que? Tais questionamentos so ainda maiores quando aplicados ao paciente recm-diagnosticado. Algumas respostaspodemhojeserarmadaseutilizadasnaprticaclnica.Otempodeepilepsiaativainterferenegativamentenoprognstico,provavel-mente em decorrncia dos fenmenos de epileptognese secundria que contribuem para aumentar a chance de recorrncia de crises,alm dos efeitos desfavorveis sobre as funes cognitivas e comportamentais. A gravidade da epilepsia no momento da apresentaoou precocemente, representada pelo nmero de crises e tipo(s) desta(s), associa-se a um pior prognstico em virtude da persistncia deatividade epileptiforme contnua ou frequente e por estar relacionada a etiologias potencialmente menos tratveis. As anormalidadeseletrogrcas,tambmrelacionadasaosaspectosanteriormentecitados,tm-semostradopreditivascomrelaoevoluo.Ospadresde comportamento da epilepsia em termos temporais tambm so prognsticos, observando-se melhores evolues nas epilepsias queapresentam remisso precoce (no primeiro ano aps a primeira crise), e graves naqueles casos de no remisso precoce, ou em outrosque estabelecem uma padro de remisso-recidiva ao longo do tempo; muitos podem evoluir para a refratariedade. A tendncia atual

    temsidoidenticarfatoresgenticosenvolvidosnafarmaco-resistnciaerefratariedade.Dentro do contexto exposto, o que possvel dizer sobre epilepsia? H chance de remisso? So conhecidos ndices de remisso

    espontnea em populaes e estudos de casos de 46% at 50% em pacientes epilpticos sem tratamento adequado, mas no h estudospopulacionaissucientementelongoseabrangentesparaavaliararemissoespontnea.Osnmerosderemissocomtratamento,en-tretanto, podem ser maiores. Em indivduos com epilepsia recm-diagnosticada o prognstico tem-se mostrado favorvel, com taxas deremisso de 66 at 86%, as maiores encontradas nos pases com

    excelentes condies de sade e informao. Estes achados permitem sugerir que a epilepsia um distrbio potencialmentecurvel.Masquemcarcuradoeporque?Asevidnciastmsugeridomelhoresprognsticosparaosindivduoscommenornmerodecrises,especialmentenosprimeiros6mesesdeinstalaodossintomas;epilepsiasidiopticas;padreseletrogrcosnorelacionadosa etiologias desfavorveis; funes cognitivas preservadas e menor recidivas de crises precoce ou tardiamente.

    A anlise da literatura revela uma lacuna importante pela falta de estudos sobre a remisso da epilepsia em pases no-desen-volvidos, incluindo o nosso. Autores envolvidos com o tema tm sugerido a importncia destes pases, uma vez que, problemas como oacesso medicao e a adeso ao tratamento podem fornecer informaes adicionais ao entendimento da histria natural da epilepsia,pela anlise da remisso espontnea, especialmente nas etiologias no estruturais.

    Neste panorama, entra em cena o trabalho apresentado pelo grupo da Universidade do Par, que prope sua contribuioapresentando dados de importncia clnica e epidemiolgica. Os autores, utilizando uma metodologia simples, abordam indivduosde uma unidade geral de neurologia, evitando o vis de referncia inerente aos centros especializados no tratamento de epi-

    lepsia, e, portanto, mais prximos da realidade cotidiana do neurologista clnico. Alm disso, a metodologia empregada apresentafcilreprodutibilidadeeconabilidade.Finalmente,a contribuioparao conhecimentodequantose quaisdosnossospacientespossivelmente tero remisso de valor aprecivel. Os autores apresentam menores valores em relao aos da literatura e apontamalgumas possveis causas, o que instiga execuo de novos trabalhos dentro deste enfoque para analisar suas proposies. Obviamente,as etiologias sintomticas estruturais apresentam maior expresso nos pases subdesenvolvidos e isto pode afetar a taxa de remisso;achadoqueporsi,temvalorclnicoecientcorelevante.OestudodeMachadoecolaboradores,introduzassim,umaimportanteenecessria linha de pesquisa em nosso pas, cooperando para o desenvolvimento da cincia no campo da epilepsia e para a sade denossos pacientes epilpticos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASShorvon S, Luciano AL. Prognosis of chronic and newly diag-

    nosed epilepsy: revisiting temporal aspects. Curr Opin Neurol. 2007Apr;20(2):208-12.

    Mohanraj R, Brodie MJ. Outcomes of newly diagnosed idiopathicgeneralized epilepsy syndromes in a non-pediatric setting. Acta NeurolScand. 2007 Mar;115(3):204-8.

    1.

    2.

    Dra. Maria Durce Costa GomesNeurologista Infantil do Hospital Universitrio Oswaldo Cruz e

    Hospital da Restaurao Recife PENeurologistaInfantileNeurosiologistaClnicadoInstitutoMaterno-

    Infantil de Pernambuco (IMIP)Membro da Liga Brasileira de Epilepsia

    editorial

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    Velocidade de marcha, fora muscular e

    atividade mioeltrica em portadores de

    Esclerose Mltipla

    Amanda Del Cistia1, Ana Carolina Souza Moura da Silva1, Camila Torriani2,Fabio Navarro Cyrillo3, Susi Fernandes4, Isabella Costa Nova5

    RESUMO

    Introduo. A Esclerose Mltipla (ME) uma desordem neurolgicaprogressiva degenerativa da bainha de mielina, que compromete asubstncia branca do Sistema Nervoso Central, afetando o controlemotor, principalmente a marcha. O objetivo deste trabalho foi avaliarpacientesportadoresdeEMamdeestabeleceracorrelaoentreo recrutamento muscular, fora e a velocidade de marcha, compa-rado a um grupo controle. Mtodo. Para o grupo experimental fo-ram selecionados 7 indivduos portadores de EM, e o grupo controleformado de 7 indivduos saudveis. Foi utilizada uma plataforma de10m, mensurada a velocidade de marcha, alm do recrutamento domsculo tibial anterior durante a mesma. Resultados. Observou-sereduo importante na velocidade de marcha auto-selecionada eacelerada(p=0,017e0,009)eaumentosignicativonorecrutamentomuscular durante a marcha auto-selecionada e acelerada (p

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    INTRODUOEsclerose Mltipla (EM) uma desordem neu-

    rolgica progressiva, caracterizada por exacerbaoe remisses, podendo afetar o movimento, sensibi-lidade, cognio e percepo. Devido desmielini-zao h a formao de placas esclerticas nos he-misfrios cerebrais, medula espinal e cerebelo. A EM

    umadoenainamatriacaracterizadaporlesesdiscretas desmielinizantes em placas distribudas noSistema Nervoso Central (SNC)1. a forma de de-sordem neurolgica mais freqente entre os adultosjovens, a hiptese etiolgica mais descrita de umaalterao auto-imune que causa a destruio da bai-nha de mielina, oligodendrcitos e axnios2-5.

    Em conseqncia de tal desmielinizao de-sordens no movimento e distrbio de marcha so co-muns em indivduos com EM . A maioria dos porta-doresdeEMapresentadiculdadedemarcha,cujacausa pode ser a fraqueza, espasticidade, alteraosensorial ou ataxia, bem como a combinao dessesfatores.

    A falta de funcionalidade em indivduos comEMtaiscomodiculdadedemarcha,alteraodeequilbrio, fraqueza muscular e fadiga, tipicamenteresultam de degenerao axonal e bloqueio de con-duo. Esses e outros sintomas reduzem a habilidadeindividual para performance das atividades de vidadiria (AVDs)3,4.

    O msculo tibial anterior tem uma grandeparticipao nas reaes posturais o qual tem sido

    mostradodanicadoempacientescomEM.Opa-dro de movimento articular no plano sagital indicadiferenassignicantesnospacientescomEMcom-parados com um grupo controle para o movimentode quadril, joelho, e tornozelo5. O padro de marchaentre os sujeitos com EM foi caracterizado pelo au-mentodaexodequadril,exodejoelhoeplan -tiexodotornozelonoapoiodecalcneoseguidopela reduo da extenso do quadril e joelho na fasede retirada dos dedos comparado com o grupo con-trole. Durante a fase de balano h uma reduo daplantiexoeaumentodaexodequadril.Comoconseqncia, a escala geral de movimento no planosagital foi aumentada pelo quadril, enquanto na ar-ticulao do tornozelo foi encontrada uma reduoconsistente nos sujeitos com EM comparado com ogrupo controle6.

    Desta forma, importante estabelecer corre-laoentreosfatoresqueinuenciamosdistrbiosde marcha de tais pacientes, inclusive considerandoavelocidade.Amdedeterminarquaisalteraes

    so e esto diretamente relacionadas aos distrbiosda marcha no paciente com EM.

    O objetivo desse estudo foi avaliar pacientesportadoresdeEMamdeestabeleceracorrelaoentre o recrutamento muscular, fora muscular e avelocidade de marcha, comparado a um grupo con-trole.

    MTODOLocal

    O estudo foi desenvolvido no Centro Uni-versitrio das Faculdades Metropolitanas Unidas FMU,nolaboratriodeEletromiograadesuperf-cie (EMGs) e Biofeedback. O estudo foi aprovadopor Comit tico interno da Instituio, sendo queforam respeitados os aspectos ticos concernentes aResoluo de n 196 de 10 de outubro de 1996, quedelimitam diretrizes e normas regulamentadoras depesquisas envolvendo seres humanos. A coleta dedados iniciou-se aps assinatura de termo de Con-sentimento Livre e esclarecido contendo explicaesdetalhadassobreoestudoesuanalidade.

    Tipo de EstudoFoi realizado um estudo transversal.

    SujeitosForam selecionadas 7 sujeitos do sexo femi-

    nino, com diagnstico de EM da forma clnica re-mitente-recorrente (RR), com idade mdia de 358

    anos, portadores de EM com tempo mdio de diag-nstico de 813 anos, segundo os seguintes critriosde incluso: marcha independente, sem restrio deuso de rtese e que aceitaram participar do estudomediante assinatura de termo de consentimento li-vre e esclarecido. Foram estabelecidos como critriode excluso: portadores de EM sem deambulao ouque apresentassem alterao cognitiva. Para o grupocontrole foram selecionados 7 indivduos saudveisdo sexo feminino sem alteraes de marcha em fun-o de comprometimento ortopdico ou reumatol-gico, com idade mdia de 355 anos.

    EquipamentosPara avaliao do recrutamento muscular foi

    utilizado um eletromigrafo de superfcie da marcaMiotec com quatro canais, eletrodos pr-geldados,circulares, de cloreto de prata da marca Medtrace,com distncia de 2,5 cm entre eles.

    A estrutura fsica do eletromigrafo possuilargura de 140mm, comprimento de 136mm, altura

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    de 49mm, peso de 800g. O modelo utilizado foi oMiotool400 USB, com 14 bits de resoluo, rudo 2 a 4 2 6.90

    >4 a 6 1 3.45

    >6 7 24.14

    TOTAL 29 100.00*p

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    Em relao idade atual, mais da metade dacasustica (58,62%) encontrava-se na faixa etria en-tre 15 a 29 anos, com p=0,0002 (Tabela 2). Propor-o semelhante foi notada no que tange idade deincio das crises, onde 62,07% dos pacientes inicia-ram o quadro da doena entre 10 a 19 anos, sendop=0,0000 (Tabela 3).

    O tempo de tratamento dos pacientes emremisso concentrou-se no perodo de 4 a 6 anos(11;37,93%), seguido pelo perodo de 2 a 4 anos(6;20,96%), 6 a 8 anos (6;20,96%), 8 a 10 anos (1;3,45%) e acima de 10 anos (5; 17,24%). Notou-seum nmero mais expressivo de pacientes medidaque se aumentava o tempo de tratamento, sem, noentanto, ter sido demonstrada diferena estatstica.

    No que diz respeito ao tempo sem crises, veri-cou-seaseguintedistribuio:at2anos1pacien-te (3,45%); de 2 a 3 anos 10 pacientes (34,48%); de3 a 4 anos 11 pacientes (37,93%); acima de 4 anos 7 pacientes (24,14%). No se observou diferenaestatstica entre os intervalos.

    Mais de 2/3 dos pacientes apresentavam epi-lepsia idioptica (21; 72,41%), contra um percen-tual inferior de criptogenticas (7;24,14%) e secun-drias (1; 3,45%), havendo signicncia estatstica(p=0,0000).

    No que tange ao tipo de crise (Tabela 4), a maiscomumente encontrada nos pacientes em remissofoi a do tipo generalizada tnico-clnico (46,88%),compsignicante(p=0,0000).

    Abordando a teraputica empregada, 23 pa-cientes (79,31%) utilizavam o esquema de monote-rapia. A DAE mais utilizada foi a carbamazepina(Tabela 5).

    Apsanlisedospadreseletroencefalogr -cos,vericou-sequeamaioriadosEEGs(48,28%),apresentavatraadonormal,comsignicnciaesta-tstica (p=0,0035). Os demais pacientes tinham alte-raes assim distribudas: 17,24% (5), AM; 17,24%(5), APIrr; 10,34% (3), APIn; e 6,9% (2),AAB.

    DISCUSSOOs dados de prevalncia das epilepsias so

    muito variveis, especialmente daquelas em remis-so.Essasvariaessoexplicadastantopelasdi-culdadesmetodolgicas,quevodesdeasdeniesadotadas para a doena at a fonte de obteno dosdados, quanto pelas caractersticas individuais dospacientes estudados4. No presente estudo, encon-trou-se um percentual baixo de pacientes em remis-so quando comparado com estatsticas de outros

    servios,comoapublicadaem1984,ondeaonalde dois anos de tratamento, 35% dos pacientes en-contravam-se em remisso7.

    Tal diferena, analisada isoladamente, podedever-se ao contexto scio-econmico e culturaldivergentes, j que nos pases em desenvolvimento,como o caso do Brasil, o pouco acesso s informa-

    es aliado ao baixo nvel de escolaridade de umasignicativaparceladasociedade,almdainopern -cia dos setores governamentais, ajudam a compro-meter o adequado tratamento, seja por desleixo dospacientes em utilizar a posologia correta dos medica-mentos, seja pela escassez e/ou m distribuio dosmesmos no sistema pblico de sade.

    Os estudos de Rochester, padro de vrios en-saios neuroepidemiolgicos, apontam para a tendn-cia masculina de apresentar epilepsias sintomticas,criptogenticas e idiopticas2. Apesar disso, essa va-rivelnosignicantequandosefaladerecorrn -cia de crises e remisso8.

    A presente casustica tambm vericou quenohouvediferenasignicanteentreossexos,logoo gnero do paciente no foi determinante para sealcanar a remisso.

    No que diz respeito ao tempo de doena atiniciar o tratamento, sua importncia reside no fatode que, quanto maior o tempo transcorrido desde aprimeira crise at a instituio do tratamento, me-nor ser a chance de remisso8. Em mdia, 70% dospacientes com diagnstico e tratamento recentes, en-

    contram-se com crises controladas9

    . Paralelamente aisso, o presente estudo demonstrou que, a maioriados pacientes em remisso comeou sua teraputica,aps a crise inicial, num intervalo de tempo inferiora dois anos.

    Considera-se que contribua para este achadoa teoria do Kindling ou Abrasamento10, uma vezque quanto mais precoce se inicia o tratamento, me-nor deve ser o nmero de crises e, portanto, menora possibilidade de estimulao eltrica repetida emdiferentes regies cerebrais, aumentando assim, achance de remisso.

    Com relao idade do incio das crises,sabe-se que a mesma constitui um importante fatorprognstico11,12. Alm disso, dependendo da etiolo-gia e do tipo de crises convulsivas, a probabilidadede remisso maior nos indivduos que manifestamepilepsia entre os quatro e 12 anos de idade8, en-quanto que ter iniciado a doena com idade mdiade 26,44 anos, relaciona-se com um maior tempolivre de crises9.

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    Vericou-se que na populao observadahouve uma maior prevalncia de remisso, estatis-ticamentesignicante,nosindivduoscomcrisesini-ciadas entre dez e 19 anos. Supe-se, portanto, queos mesmos provavelmente no devem ser portado-res de desordens genticas, mal formaes congni-tas ou patologias cerebrais adquiridas, uma vez que

    essas condies desencadeariam, mais comumente,crises na lactncia ou senilidade, cursando com umpior prognstico. Dessa forma, por terem adoeci-do fora desses extremos de idade e considerando apossibilidade de um tratamento e controle precoce,os mesmos apresentaram maiores taxas de remisso.

    Talvez por isso, a idade atual da maioria dospacientes da presente casustica est compreendidaentre 15 e 29 anos, contribuindo assim, para reforara mxima de que quanto menor o nmero de crises,maior a chance de remisso8.

    Quanto maior o tempo de tratamento maiora chance de se alcanar a remisso: 35% em 2 anos;57% em 3 anos, 73% em 4 anos; 79% em 5 anos; e82% em 8 anos7. No presente estudo a maioria dospacientes encontrava-se em tratamento com DAEpor um perodo entre quatro e seis anos.

    possvelqueissosejaoreexodapopulaoestudada, a qual em geral jovem, com uma etio-logia favorvel e com diagnstico e incio de trata-mento precoces, por isso necessitando de um menortempo de terapia para alcanar a remisso.

    Um maior intervalo livre de crises implica em

    uma menor recorrncia aps a retirada das DAE8

    :a probabilidade de controle completo das crises di-minui pela metade quando as mesmas permanecempor mais de dois anos aps o incio do tratamento7; epara 33%, se a remisso no for alcanada em cincoanos11.

    Em funo disso, pode-se sugerir que, no pre-sente trabalho, onde a maioria dos pacientes em re-misso apresentava-se h mais de trs anos livre decrises, dever haver com a retirada das DAE, umachance menor dos mesmos em apresentar recidiva.

    O prognstico depende principalmente daetiologia. Sabe-se, por exemplo, que as idiopticas,sejam generalizadas ou focais, tm melhor progns-tico com relao ao controle das crises4,13.

    De forma semelhante ao encontrado na lite-ratura, foi constatado que a maior parte da presentecasustica era composta por pacientes com epilepsiaidioptica. Provavelmente esse percentual pode noreetir com exatido a etiologia,uma vezque, al-guns pacientes podem apresentar alteraes corticais

    no detectveis pelos mtodos atuais, o que exigiriainvestigaesmaissosticadaseaindanodispon-veis para nossa realidade. possvel ainda que essesmesmos indivduos tenham alteraes genotpicasque determinariam crises primrias, fato que, se fos-secomprovado,culminariacomasuareclassicaocomo criptogenticos.

    Em relao ao tipo de crises, sabe-se que astnico-clnicas generalizadas tm um prognsticorelativamente melhor em relao s demais12. Issopode ser facilmente compreendido partindo do prin-cpio de que crises parciais, por exemplo, so maisfrequentemente encontradas em associao a tumo-res e traumas cerebrais, fatores que reservam umamenor chance de remisso13.

    Levando-seemcontataisarmaes,econsi-derando que as mesmas possam estar reproduzidasna populao estudada, notou-se que foi estatistica-mente signicante o percentual de pacientes comcrises tnico-clnicas generalizadas em remisso.

    O esquema teraputico utilizado tambm in-uenciaoprognstico.Quantomaioronmerodedrogas necessrias e utilizadas para controlaras crises, maior ser a recidiva14. Assim, supe-seque, a maior proporo de pacientes que se encon-tram em remisso devem pertencer ao grupo que fazuso de monoterapia.

    Da mesma forma, obteve-se na presente pes-quisa um predomnio de pacientes em remisso fa-zendo uso de monoterapia, comprovando a tendn-

    cia presumida anteriormente. provvel que essarelao seja decorrente da etiologia da epilepsia,uma vez que a politerapia costuma ser mais empre-gada, por exemplo, nas sndromes epilticas graves emal-formaes congnitas cerebrais, condies que,provavelmente, poucos pacientes deste estudo apre-sentavam.

    Em monoterapia, a carbamazepina foi a DAEmais frequentemente utilizada pelos pacientes emremisso. De maneira simplista, isso seria esperado,haja vista que esse frmaco considerado como umadas drogas de primeira linha para o tratamento deepilepsias idiopticas, mais frequentes nesta casusti-ca, alm de ser distribuda gratuitamente pelo SUS,fato que, certamente, teve relevncia na deciso daescolha da terapia, principalmente na populaoalvo deste estudo.

    Em aproximadamente 50% dos pacientescom epilepsia, um nico EEG no ir mostrar anor-malidade alguma e em 10% daqueles submetidos amltipos exames, isso tambm ser verdadeiro1.

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    Apesar disso, este um exame importante doponto de vista prognstico, uma vez que quando omesmo encontra-se anormal antes do incio do tra-tamento e no se altera at a retirada da droga, huma maior probabilidade quanto recidiva das cri-ses, diminuindo, portanto, a chance de remisso14.

    Vericou-se,nestapesquisa,queonmerode

    pacientes em remisso com EEG normal era signi-canteestatisticamente.Atribui-seaesseachado,ofato de que boa parte dos pacientes realizou apenasum EEG, geralmente em viglia ou sem estimulaoadequada, deixando de se registrar, por isso, algumasanormalidades; ou simplesmente por a alterao noserdetectadapelomtodosdeeletroencefalograadisponveis atualmente nos centros de sade queprestam servio ao SUS.

    Em vista do apresentado, percebe-se que ape-sar dos estigmas e dos preconceitos que ainda casti-gam os pacientes portadores de epilepsia, trata-se deuma patologia potencialmente curvel, com o trata-mento adequado, desde que haja uma colaboraoconjunta entre os pacientes, a famlia, o mdico eas instituies, enm, de todos aqueles que diretaou indiretamente estejam envolvidos no processo desade e doena.

    CONCLUSOA prevalncia de pacientes em remisso foi

    baixa, quando comparada a servios de referncia,massucienteparademonstrartratar-sedeumado-

    ena curvel. Os pacientes iniciaram suas crises porvolta da adolescncia, sendo atualmente adultos jo-vens; Encontram-se em tratamento h mais de quatroanos, na grande maioria por epilesia idioptica comcrises tnico-clnicas, estando em uso atualmente de

    uma nica droga, pricipalmente a carbamazepina eapresentando EEG normal. O incio do tratamento,em geral, foi precoce, at dois anos aps a primeiracrise e, alcanaram at o momento, um tempo livrede crises superior a trs anos.

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    Doena de Parkinson e exerccio fsico

    Vanessa de Arajo Rubert1, Diogo Cunha dos Reis2, Audrey Cristine Esteves3

    RESUMO

    A Doena de Parkinson (DP) descrita como uma desordemneurodegenerativa que afeta a populao idosa, a qual compro-mete os neurnios dopaminrgicos da substncia negra, culmi-nandonodcitdedopaminanocorpoestriadoinuenciandona modulao do movimento. Entre os sintomas encontradosem pacientes com DP destacam-se: acinesia ou bradicinesia,rigidez, tremor de repouso, instabilidade postural, em algunscasos existe tambm comprometimento de ordem cognitiva,afetiva e autonmica. Sendo assim, pretende-se com este estu-dovericarnaliteraturaosbenefciosdoexercciofsico(EF)para indivduos com DP. Com este estudo, pde-se observar queexistem poucos trabalhos na literatura enfocando esta temtica,mas parece haver uma tendncia em acreditar que o exercciofsicoregular(aerbico)bencoparapacientescomDP,poisreduz sintomas como a hipocinesia, bradicinesia, distrbios damarcha, degenerao neuronal, sendo ento reconhecido comouma ferramenta que auxilia a terapia medicamentosa.

    Unitermos: Doena de Parkinson. Exerccio Fsico. Trans-tornos Motores.

    Citao: Rubert VA, Reis DC, Esteves AC. Doena de Parkinson eexerccio fsico.

    SUMMARY

    The Parkinsons disease (PD) is described as a neurodegenerativeillness which affects the old aged population, which compromi-ses the dopamine neurons of the substantia nigra, culminatinginthedopaminedecitinthestriatedbody-structuresthatarepartof theCentralNervousSystem-inuencinginthemodu-lation of the movement. Among the symptoms found in the PDare distinguished: akinesia or bradikinesia, rigidity, rest tremor,postural instability, in some cases can also occur implication ofcognitive order, affective and autonomic. In such case, it is inten-dedwiththisstudytoverifyinliteraturethebenetsofthephy-sical exercise (PE) for people with PD. With this study, it couldbe observed that there are few papers in the literature focusingthis thematic, but it seems to have a trend in believing that theregular physical exercise (aerobic exercise) is well accepted forpatients with DP and being recognized as an auxiliary mean totraditional therapies (withmedication).

    Keywords: Parkinson Disease. Exercise. Movement Disor-ders.

    Citation: Rubert VA, Reis DC, Esteves AC. Parkinsons Disease andphy-sical exercise.

    Trabalho realizado no Centro de Desportos da Universidade

    Federal de Santa Catarina-UFSC.

    1. EducadoraFsica, Especialista em Cinesiologia, Pesquisadora doLaboratrio de Biomecnica, Centro de Desportos, UFSC.2. Educador Fsico Mestrando em Educao Fsica Laboratrio deBiomecnica Centro de Desportos UFSC.3. Educadora Fsica, Mestre em Cincia do Movimento Humano,Pesquisadora do Laboratrio de Biomecnica, Centro de Desportos,UFSC.

    Endereo para correspondncia:

    Diogo Cunha dos ReisLaboratrio de Biomecnica Centro de Desportos Universidade

    Federal de Santa Catarina Campus Universitrio Trindade CEP88040-900 Florianpolis SC Brasil.

    Fone: (48) 3721 8530E-mail: [email protected]

    Recebido em: 10/03/06Reviso: 11/03/06 a 05/09/06

    Aceito em: 06/09/06Conitodeinteresses:no

    Parkinsons Disease and physical exercise

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    reviso

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    INTRODUOA doena de Parkinson (DP) uma doena

    degenerativa do sistema nervoso central, com impli-caes profundas para o indivduo, causando princi-palmentedcitsnasfunesmotoras,mastambmpoder ser responsvel por outras manifestaes sis-tmicas associadas e nas funes autnomas1,2.

    A DP est entre as doenas neuro-degenera-tivas de maior incidncia em pessoas idosas3. Apro-ximadamente, 0,1% da populao geral e 1% dapopulao acima de 65 anos acometida por essasndrome, sendo deste apenas um pequeno nmerode pessoas sofrem de demncias4,5.

    A DP foi descrita pela primeira vez em 1817,por James Parkinson. Atravs de observaes e exa-mes clnicos, Parkinson descreveu sintomas que soat a atualidade aceitos como as principais mani-festaes da DP: tremor, rigidez muscular, acinesia,anomalias posturais e anormalidades na marcha1.

    Conforme o autor citado, a etiologia do Pa-rkinson tem sido controversa, associa-se gentica,ao estresse, exposio a ambientes txicos e infeccio-sos. H uma tendncia em acreditar que a morte dotecido neural causada pelo estresse oxidativo, devi-do reduo de glutation, um sistema antioxidanteimportante capaz de neutralizar os radicais livres,mesmo assim, por enquanto no se tem uma causadenidaparaessadegenerao6.

    Em exames neurolgicos podem ser obser-vadas perdas extensas de clulas do mesencfalo,

    conhecidas como substncia negra pars compacta(SNc)3,7. Esta diminuio celular leva a crer que aDP causada por um colapso na comunicao entrea SNc e o striatum, dessa sinapse resulta a liberaode dopamina3. A perda de neurnios da SNc causaum esgotamento de dopamina nos gnglios de base oque causa alteraes na elaborao de acetilcolina1,8.Adecinciadedopaminaproduzumgraveefeitonosistemaextrapiramidalresultandoemdcitsnacoordenao muscular e nas atividades musculares,com isso resultando em problemas na manutenodapostura,alteraesnamarcha,coordenaona,enrijecimento muscular e outros9-12.

    Devido progresso da DP, em 1967, HoehneYahrclassicaram-naemestgios,querepresen-tamograudediculdadedopaciente,variandodeI a V. Estgio I: sinais e sintomas em um lado docorpo, leves e inconvenientes, porm no incapaci-tantes, usualmente presena de tremor em um mem-bro; estgio II: sintomas bilaterais, disfuno mni-ma, comprometimento da postura e marcha; estgio

    III:lentidosignicativadosmovimentoscorporais,disfuno do equilbrio de marcha e ortosttico, dis-funo generalizada moderadamente grave, estgioIV e V: sintomas graves, locomove-se por uma dis-tncia limitada, rigidez e bradicinesia, perda totalda independncia, respostas imprecisas a levodopa edoenas neuropsiquitricas13.

    A Levodopa a principal droga utilizada paraa DP, entretanto esse tratamento tem inmeras des-vantagens, pois ela no contm a progresso da do-ena, apenas ameniza os sintomas. No decorrer dotratamentoadrogaperdesuaecciaemuitosefei-tos colaterais srios podem ocorrer tal como a acine-sia, sintomas de psicoses, aumento do tempo na fasesem medicamento, hipocinesia e outros sintomas.

    Considerando esses efeitos, pondera-se a hi-ptese que a prtica regular de exerccios fsicos (EF)poderbeneciaraspessoasacometidaspeloParkin -son, se no responsvel pela cura, mas tendo papelimportante para amenizar ou retardar o apareci-mento dos sintomas e garantir alguma independn-cia para os parkinsonianos.

    Assim,pretende-secomesteestudovericaros efeitos do exerccio fsico para portadores de DP,pormeioderevisobibliogrca.

    MTODOAs fontes de dados pesquisadas consistiram-se

    basicamentedeartigoscientcospublicadosempe-ridicos internacionais disponveis on-line no portal

    Peridicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), no qual foram pesquisadas as seguintes pa-lavras-chave: Doena de Parkinson e exerccio fsico.Asconsultasse limitaramproduocientcadosltimos dez anos, publicadas nos idiomas portuguse ingls.

    Os dados foram comparados com a intenodevericarastendnciasdosestudosbemcomoosresultados reportados por estes em relao adoode programas de exerccios fsicos em pacientes comDP em diversos estgios.

    Procurou-se dar nfase nas discusses sobre asalteraes das respostas sintomticas do quadro cl-nico do paciente durante o perodo de realizao dasatividades fsicas bem como a melhoria da qualidadede vida do paciente.

    RESULTADOS E DISCUSSONaTabela1encontram-seespecicadososartigos

    utilizados na discusso da dos efeitos do EF nos portadoresda DP, acompanhados por uma breve descrio destes.

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    Foram encontrados poucos estudos que faamuma relao direta entre o EF e a DP, contudo obser-vou-se uma tendncia em acreditar que o EF capazde amenizar os efeitos do desuso assim como algunssintomas da doena (hipocinesia, bradicinesia, dis-trbios da marcha, degenerao neuronal).

    No incio do quadro de Parkinson a ativida-de fsica pode funcionar reduzindo a degenerao deneurnios dopaminrgicos e o desenvolvimento dos

    sintomas da DP nos pacientes14. Logo no inicio do de-senvolvimento da doena, pacientes podem aprendera realizar estratgias de comportamento alternativasque iro conduzir para menor comprometimento dosistema motor, mudana essa que freqentemente ob-servada em modelos animais, que ao serem forados autilizar o membro com caractersticas iniciais da doen-a, apresentaram evoluo mais lenta dos sintomas.

    Em um estudo, foram testados 10 pacien-tes com DP por quatro semanas com o objetivo decomparar os efeitos da sioterapia convencionalcom um treinamento de caminhada apoiando fra-es progressivas (treadmill) do peso do corpo15. Osautores sugerem que sees de 45 minutos trs ve-zes por semana de caminhadas com a sustentaoparcial do peso do corpo, alm de ser um trabalhoaerbico para essas pessoas, apresentam melhoras

    signicativasparaaamplitudeevelocidadedapas -sada, qualidades essas que agem na melhoria e esta-bilidade da marcha. Assim, para pessoas com DP otreinamento de passadas com apoio parcial do pesodocorpo,produzmaismelhoriassignicativasparaa performance motora, para a deambulao e paraasatividadesdavidadiria(AVD)queasioterapiacomum.

    Tabela 1. Descrio dos estudos encontrados que tratam dos efeitos dos exerccios fsicos nos portadores da Doena de Parkinson.

    AUTOR, ANO NMERODEPACIENTES DESCRIO DO ESTUDO CONCLUSES

    Canning et al, 19971913 homens e 3 mulheresportadores da DP.

    Avaliao do Vo2 mximo, funo respi-ratria e marcha em portadores da DPmoderadamente ativos e sedentrios.

    Portadores da DP sedentrios apresentaram n-veis de Vo2 mximo abaixo dos moderadamen-te ativos e dos no portadores, demonstrandoque em indivduos com leve a moderada DP osexerccios aerbicos regulares mantm normalsuacapacidadecardiovascularapesardodcitneurolgico.

    Lkk, 20001311 homens e 8 mulheresportadores da DP.

    Efeitos de uma semana de caminhadaem terreno montanhoso nas capacidadesfuncionais.

    So registradas melhoras gerais nos pacientesaomdasemanadetreinamento,pormestasno so mantidas aps 18 semanas.

    Miyai et al, 2000155 homens e 5 mulheres porta-dores da DP.

    4 semanas de treinamento de marchaem esteira, apoiando fraes progressi-vas do peso corporal.

    Observaram-semelhoriassignicativasparaaperformance motora, para a deambulao epara as atividades da vida diria (AVD). Resul-tadosmelhoresqueosdasioterapiacomum.

    Miyai et al, 20021612 homens e 12 mulheresportadores da DP.

    Comparaodosefeitosdasioterapiatradicional com um mtodo de treina-mento da marcha em esteira, apoiandofraes progressivas do peso corporal,aps um ms de interveno.

    O treinamento da marcha apresentou efeitosmaiores e mais duradouros (se estendendo porat trs meses aps a interrupo das interven-es) para a velocidade da marcha e a cadncia.

    Hirsch et al, 200318 15 portadores da DP.

    Comparao dos efeitos de um progra-ma de treinamento de equilbrio e um

    programa combinando equilbrio e resis-tncia muscular de membros inferiores,aps 10 semanas de interveno.

    Ambos os tipos de treinamento melhoraramo equilbrio e aumentaram os nveis de fora

    muscular localizada, porm os ganhos forammaiores para o programa combinado. Essesganhos persistiram durante pelo menos 4semanas.

    Pohl et al, 20031712 homens e 5 mulheresportadores da DP.

    Comparao dos efeitos de um trei-namento de marcha em esteira comapoio progressivo do peso do corpo como mtodo de reabilitao da marchaatravs da facilitao neuromuscularproprioceptiva, aps 4 dias de interven-o controlada.

    Observou-seumamelhorasignicativanavelocidade e comprimento do passo depois dotreinamento da marcha na esteira, mostrandouma reduo relevante na fase de duplo apoiodamarchaenenhumamudanasignicativadepois do FNP tradicional.

    Smith e Zigmond,200314.

    Reviso.Reviso de estudos sobre os resultadosdos exerccios fsicos sobre a recuperaofuncional do crebro.

    A atividade fsica pode funcionar reduzindoa degenerao de neurnios dopaminrgicose o desenvolvimento dos sintomas da DP nospacientes.

    Sutoo e Akiyama,200320.

    Reviso. Reviso de estudos sobre os efeitos dosexerccios fsicos nos sintomas da DP.

    Alguns sintomas da DP podem ser melhoradosatravs de exerccios fsicos.

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    Emoutro,comparandoasioterapiatradicio -nalcomesteoutromtodo,foivericadoqueessetipo de atividade tem um efeito duradouro na mar-cha dos pacientes com Parkinson agindo principal-mente sobre o arrastar dos ps caractersticos dessespacientes e no nmero de passos16. Os autores aindasugerem que essa prtica aumenta o tempo de ao

    do medicamento.O treadmilltem sido uma promissora terapia no

    processo de reabilitao de pacientes com anomaliasna marcha e mais recentemente tem sido utilizadoem pacientes com DP e resultando em melhoras nosparmetros de marcha maiores que as terapias con-vencionais17.

    Os autores citam ainda que tcnicas recentesde reabilitao de problemas neurolgicos comeama incluir exerccios aerbios e circuit trainingno trata-mento dessas pessoas. A prtica de atividades fsicastem ocasionado alguns benefcios motores para in-divduos com DP, embora seja percebida um poucomais devagar que em indivduos saudveis17.

    Em um estudo com 17 pacientes portadoresda DP, comparam os efeitos do treadmillcom apoioprogressivo do peso do corpo com o mtodo conven-cional de tratamento de distrbios da marcha atravsde facilitao neuromuscular proprioceptiva (FNP)e uma interveno controle17. Neste estudo com-provadaumamelhorasignicativanavelocidadeecomprimento do passo depois do treadmill, mostran-do uma reduo relevante na fase de duplo apoio

    damarchaenenhumamudanasignicativadepoisdo FNP tradicional ou no grupo controle. Demons-trando com isso que esta atividade fsica pode ser umfator importante para evoluo da marcha.

    Em um trabalho com 15 pessoas com Doen-a de Parkinson, foram averiguados os efeitos de umtreinamento com sobrecarga no equilbrio e na resis-tncia muscular, encontram efeitos positivos, desta-cando aumento da latncia antes da queda em 15%,reduo em 20% a incidncia de quedas, efeitosesses que permaneceram inalterados por ao menos4 semanas depois do trmino do treinamento18. Otreinamento ainda melhorou a capacidade de man-ter o equilbrio durante condies de instabilidade.A resistncia muscular dos squios tibiais, quadrcepse gastrocnmico aumentou, sendo este ltimo o quemais apresentaram melhoras, esses msculos se man-tiveram mais vigorosos que no incio do treinamento,mesmo que os participantes no tendo se mantidoem treinamento18. Os autores ainda destacam que

    esses ganhos so importantes para conservar a capa-cidade funcional e prevenir leses por quedas.

    Um estudo onde se submete pacientes de Pa-rkinson a caminhadas dirias nas montanhas, regis-trou-se melhoras gerais nestes pacientes, portanto aintegrao de pacientes em programas de exercciode baixa a moderada intensidade uma interven-

    o efetiva para reduzir o declnio das capacidadesfuncionais13. Este autor acredita que a recuperaoda performance fsica e as capacidades orgnicasfortalecidasaumentamaautoconanaeauto-su -cincia do paciente ajudando na reintegrao dele sociedade.

    Em um estudo com indivduos portadoresdaDPclassicadoscomomoderadamenteativosesedentrios, foi observado que os sedentrios apre-sentavam nveis de VO2 mximo menores que in-divduos saudveis da mesma faixa etria, enquan-to que os moderadamente ativos alcanaram nveisde VO2 acima dos valores esperados como normalpara pessoas com DP, mesmo assim continuavamapresentando a tpica marcha do Parkinson (compri-mento de passo reduzido e cadncia elevada)19. Estesresultados, segundo os autores sugerem que aquelesindivduos com leve a moderada DP se desempenharexerccios aerbicos regularmente mantm normalsuacapacidadecardiovascularapesardodcitneu-rolgico, o que se torna importante visto que o prin-cipal para as pessoas com DP a manuteno daqualidade de vida (QV).

    Outro ganho referido por pacientes com Pa-rkinson, participantes de um programa de EF re-gularfoiumamelhorasignicativanamemriare-cente, diminuio de nuseas e menor incontinnciaurinria e reteno de lquidos20.

    Exercciosmodicamofuncionamentodoc-rebro, mas os mecanismos de como isso acontece ain-da so desconhecidos, estudos sugerem que isso ocorreporque o EF intenso disponibiliza cerca de 7 a 18% amais que o grupo controle (sem exerccio), ons clcio(Ca2+) para o crebro, essa oferta de Ca2+ estimula asntese de dopamina20. O nvel de dopamina no neos-triatum e ncleo caudado, em ratos submetidos a EFintenso por 120 minutos, estiveram respectivamente31% e 28% mais elevado que no grupo controle. Aperda dopaminrgica no striatum um dos maioressintomas da DP e o tratamento mais freqente areposio atravs do L-DOPA, o percussor imediatoda dopamina. Assim sendo, alguns sintomas da DPpodemserreticadospeloEF20.

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    Foramencontradosmaisefeitosbencosnacombinao de EF e o programa de medicamentosdo que com a terapia medicamentosa unicamente. Etambm aponta a AF como uma tendncia de adap-tao para tratamentos convencionais13.

    Observaram que o EF intenso provoca um pe-queno,noentantosignicativoaumentodoGDNF

    no striatum, hormnio esse que tem sido especuladocomo fator de sobrevivncia, ou seja, tem papelprotetor contra substncias danosas aos neurniosdopaminrgicos14. Na presena dele os neurniosdopaminrgicos aumentam de tamanho e apresen-tam processos mais longos formando uma rede maisdensa de dendritos e axnios que clulas no expos-tas ao fator.

    O treinamento e a reabilitao com o uso desobrecarga podem estimular uma plasticidade nocrebro e na medula espinhal e at mesmo a neu-rogneses, melhorando os resultados do comporta-mento, assim como, o treinamento sensrio motorintenso parece funcionar de maneira neuroprote-tora, durante o processo de degenerao lenta dosneurnios da SNc18.

    As evidncias sugerem que reparos a danosno crebro podem ser promovidos atravs de umavariedade de experincias incluindo a atividademotora14.

    Pessoas com DP deveriam ser encorajadasa manterem-se ativas, principalmente para o de-sempenho de atividades aerbicas buscando asse-

    gurar a capacidade de realizar algumas tarefas19

    .Estes mesmos autores observam que os indivduoscomDPdecrescemseu nvelde AFsignicativa-mente mais rpido do que pessoas no doentes damesma idade, provavelmente em virtude dos pro-blemasmotorescomoaacinesiaeasdiculdadesna marcha e outros, no entanto os que se mantmsicamenteativospermanecempormaistempoin-dependentes.

    De maneira geral pode-se dizer que o EF nocura o paciente com Parkinson, mas evita o agrava-mentodeumasriedesintomasquedicultamasuavida, como: diminuio do torque articular, atravsda reduo do tnus e da resistncia muscular; re-duo da incapacidade de realizar algumas tarefasdevido a rigidez muscular e a acinesia podendo me-lhorar a coordenao motora afetada pelo tremorparkinsoniano; recuperao muscular; amenizar dis-funes na marcha e no equilbrio; aliviar os efeitosda bradicinesia; manter a independncia funcionaldo indivduo e reintegr-lo a sociedade.

    Devido a escassez de estudos enfocando osefeitos dos EF na DP h a necessidade de realizaode outros estudos enfocando os efeitos dos diferentestipos de exerccios fsicos (aerbicos e anaerbicos),na busca da ampliao dos conhecimentos a respei-to de medidas teraputicas opcionais aos indivduosque desejam amenizar os efeitos/sintomas da DP.

    CONCLUSESParece haver uma tendncia em acreditar que

    o exerccio fsico regular, principalmente o aerbico,bencoparapacientescomDP,poisreduzsinto-mas como a hipocinesia, bradicinesia, distrbios damarcha, degenerao neuronal, sendo ento reco-nhecido como um meio auxiliar s terapias tradicio-nais (medicamentosa).

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    Acupuntura na Doena de Parkinson:

    reviso de estudos experimentais e clnicos

    Fernando Cesar Iwamoto Marcucci1

    RESUMO

    Introduo. A Doena de Parkinson (DP) uma das doenas neu-rodegenerativas mais comuns na populao adulta. Os tratamen-tos baseados na medicina ocidental, apesar de progredirem muitonos ltimos anos, no so capazes de impedir seu avano e seussintomas. Recentemente houve um maior interesse pela MedicinaTradicionalChinesa(MTC)nomeiocientcoenapopulaoemgeral, e especula-se que ela possa ter propriedades teraputicasnas doenas neurodegenerativas. Objetivo. descrever resultadosclnicos e experimentais de estudos que analisaram os efeitos daacupuntura na DP. Mtodo. reviso literria narrativa. Discusso.EstudosexperimentaisindicamefeitosbencosdaacupunturanaDP,comoneuroproteo,estmuloneurotrco,proteoimu-nolgica e modulao da funo de neurotransmissores. Estudosclnicos indicam potenciais benefcios da acupuntura principal-mente na motricidade, no sono, na qualidade de vida e nos efeitoscolaterais dos medicamentos. Concluso. apesar de faltar dadosconclusivos sobre a efetividade da acupuntura na DP, e princi-palmentesobreosmecanismossiolgicossubjacentesaosseus

    efeitos teraputicos, sua utilizao pode ser considerada na com-plementao do tratamento ocidental.

    Unitermos: Terapia por Acupuntura. Doena de Parkinson.

    Doenas Neurodegenerativas.

    Citao: Marcucci FCI. Acupuntura na Doena de Parkinson: revisode estudos experimentais e clnicos.

    SUMMARY

    Introduction. Parkinsons Disease (PD) is one of the most com-mon neurodegenerative diseases. Although clinical treatmentsbased in western medicine have advanced in the last years, theyare not capable to avoid the disease progression and its symp-tons. Recently, the interest in Traditional Chinese Medicine(TCM)hasincreasedinscienticeldandingeneralpopulation,and it is cogitated that TCM has therapeutic properties in neu-rodegenerative diseases. Objective. To describe the main resultsof clinical and experimental trial which have analyzed the effectsof acupuncture in PD. Method. Narrative literature review. Dis-cussion. Experimental trials have indicatedbenec effects of acupuncture in PD, likeneuroprotection, neurotroc stimula-tion, immunologic protection and neurotransmitters functionmodulation.Clinicaltrialshaveindicatedpotentialbenetsinmotricity, sleep, quality of life and medication side effects. Con-clusions. There is a lack of conclusive data about the acupunc-ture effectivity in PD, mainly about its physiologic mechanismunder therapeutic effects. The use of acupuncture in PD can be

    considered as a complement in western treatment.

    Keywords: Acupuncture Therapy. Parkinson Disease. Neuro-

    degenerative Diseases.

    Citation: Marcucci FCI Acupuncture in Parkinson Disease: experimentaland clinical trials review.

    Trabalho realizado na Universidade Estadual de Londrina.

    1. Especialista em Acupuntura, Mestrando em Cincias da Sade pelaUniversidade Estadual de Londrina.

    Endereo para correspondncia:

    Fernando Cesar Iwamoto MarcucciRua Javari, 116

    Londrina-PR,CEP 86025-500E-mail: [email protected]

    Recebido em: 23/07/06Reviso: 24/07/03 a 22/10/06

    Aceito em: 23/10/06Conitodeinteresses:no

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    INTRODUOA Doena de Parkinson (DP) a segunda

    desordem neurodegenerativa mais comum napopulao adulta, atrs somente da Doena deAlzheimer, e afeta de 1 a 2% da populao acimade 65 anos1,2. Sua patogenia provm da degene-rao progressiva de neurnios dopaminrgicos,

    principalmente da Substncia Nigra (SN), carac-terizada clinicamente por diversos sintomas e si-nais motores como tremor em repouso, diminui-o de reflexos posturais, bradicinesia (lentidode movimentos) e rigidez muscular3,4.

    Apesar dos avanos no conhecimento dosmecanismos fisiopatolgicos da doena, o trata-mento clnico ainda limitado. Ainda no pos-svel impedir a evoluo da doena, e os trata-mentos medicamentosos so passveis de efeitoscolaterais que afetam a qualidade de vida dos pa-cientes, principalmente nas fases mais avanadasda doena.

    Nas ltimas dcadas houve um aumen-to no interesse pela Medicina Tradicional Chi-nesa (MTC) tanto nos meios cientficos quantona populao em geral. Isto se deve, em parte,aos resultados de estudos sobre resultados clni-cos dessa abordagem para diversas doenas, mastambm devido s impossibilidades, e mesmodescontentamentos para com a medicina oci-dental, caracterizada por um atendimento pou-co individualizado e altamente fragmentado em

    diversas especialidades. Apesar das dificuldadesde provar o seu valor teraputico com suficien-te rigor cientfico, o crescimento da demanda eda oferta de terapias alternativas (inclusive pelosservios pblicos) implica uma certa legitimaocientfica dessas prticas5.

    Nos Estados Unidos, cerca de 40% (n=201)dos pacientes com DP utilizam algum tipo de te-rapia alternativa, e 10% destes utilizaram a acu-puntura e 58% no consultaram o mdico res-ponsvel para iniciar o uso destas terapias6. EmSingapura, 61% de pacientes com DP (n=159)utilizavam algum tipo de terapia complementar,sendo que 49% destes utilizavam acupuntura esomente 16% informaram ao mdico responsvelo uso de outra terapia7.

    Assim, como h poucas fontes literrias nalngua portuguesa que concentram os dados rela-tivos DP, principalmente sob a tica da MTC,objetivou-se com este estudo revisar os resultadosde pesquisas experimentais e clnicas.

    MTODORealizou-se uma pesquisa literria, nas lnguas

    portuguesa, espanhola e inglesa, durante o perodoentre janeiro a maio de 2005. Foram consideradoscomo idneos os trabalhos publicados em revistasindexadas existentes nos bancos de dados: PortalPERIDICOS da CAPES, MEDLine, LILACS,

    Biblioteca Cochrane e PEDro.

    Doena de Parkinson sob a perspectiva daMedicina Tradicional Chinesa

    Pararelacionarumadoenaespeccadiag-nosticada por meio de conceitos ocidentais com umadisfuno anloga na MTC necessrio transporalguns signicados semnticos e conceituais queinuenciamnotratamento.Enquantonamedicinaocidental busca-se uma causa para os sinais e sin-tomas, e o tratamento consiste em atuar na causa enos sintomas, na MTC a doena conseqncias deuma desarmonia interna ao indivduo, entre o indi-vduo e a natureza e entre o indivduo e a sociedade,e busca-se o re-equilbrio orgnico ao ambiente8.

    Nas sociedades ocidentais a acupuntura tida como uma forma de medicina alternativa oucomplementar.Estasterapiassodenidascomoin-tervenes que no so tradicionalmente ensinadasou no so totalmente aceitas em locais de ateno sade. A acupuntura uma terapia que envolveaestimulaodelocaisanatmicosespeccosporagulhas metlicas, manipuladas manualmente ou

    eletricamente, ou outros mtodos de estimulao,que incluem o moxabusto, a digitopresso, o laserou eletrodos9.

    RESULTADOS

    Resultados clnicos da acupuntura na Doenade Parkinson

    Alguns estudos investigaram se h algum po-tencial benefcio da acupuntura na DP. Os mtodosde investigao destes estudos variam bastante, bemcomo os resultados. Shulman et al10 realizaram umestudo no-controlado sobre os efeitos e tolerabilida-de da acupuntura em 20 pacientes com DP. Os pa-cientes receberam entre 10 e 16 sesses durante 5 a8 semanas. Os pontos utilizados foram: IG4 (Hegu),VB34 (Yanglingquan), E36 (Zusanli), R3 (Taixi), R7(Fuliu), BP6 (Sanyinjiao), ID3 (Houxi), TA5 (Wai-guan), acupuntura craniana na rea da coria-tre-mor. No foram observados melhoras na deambu-lao, mobilidade e comportamento emocional. Em

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    contraste, 85% dos pacientes relataram alguma me-lhora subjetiva em pelo menos um dos seguintes sin-tomas: sono e descanso, tremor, escrita, depresso ebradicinesia. Aparentemente os pacientes que estive-ram piores nas avaliaes iniciais foram os que maissebeneciaramdaacupuntura.Noforamrelatadosefeitos colaterais.

    Em outro estudo, conduzido por Seki et al11,vericou-seainunciadaacupunturanumtestequeavalia o risco de quedas e ndice de Barthel em ido-sos (n=27) com vrias patologias, entre elas, acidentevascular enceflico (6) e Doena de Parkinson (3).Foram utilizados os pontos E36 (Zusanli), R3 (Taixi)e B23 (Shenshu). Aps uma hora da terapia foi ob-servadaumadiminuiosignicativadotemponoteste de risco de quedas, diferena no vista no gru-po controle. Estes pacientes foram seguidos por umano, sendo que o grupo de tratamento recebeu acu-puntura uma vez por semana e o controle somenteo tratamento padro, sendo que aps este perodo ogrupo de interveno manteve os ndices no teste derisco de quedas, enquanto no grupo controle houveuma pequena piora no tempo de teste. No ndice deBarthel foi observada uma diminuio nos escoresdo grupo controle, e no grupo tratado por acupun-tura foi constatado um aumento no escore.

    Cristian et al12 realizaram um estudo piloto erandomizado em dois grupos, com 14 pacientes comDP. O grupo tratado recebeu cinco sesses de acu-puntura nos pontos B60 (Kunlun), F3 (Taichong),

    E41 (Jiexi), E36 (Zusanli), VB-34 (Yanglingquan),pontos Bafeng, IG4 (Hegu), PC6 (Neiguan), VG20(Baihui) e eleroacupuntura com 4Hz por 20 minutosentre R3 (Taixi) e R10 (Yingu). O grupo controle re-cebeu agulhas inseridas logo abaixo da epiderme emlocais onde no se localizam pontos de acupuntura,com estimulao eltrica semelhante nos pontos pr-ximos aos estimulados no grupo de tratamento. Opesquisador que realizou a avaliao ps-tratamentono foi informado sobre quais grupos os pacientespertenciam. Como resultados, no foram encon-tradas diferenas estatisticamente signicantes nosescores de escalas de funcionalidade e motricidade.Os dados indicaram uma melhora nas atividades devida diria, qualidade de vida, diminuio da nuseae diminuio de problemas com o sono no grupo tra-tado com acupuntura. Os autores referem com limi-tao do estudo o limitado nmero de participantese a falta de individualizao do tratamento. Apesardestesautoresclassicaremestapesquisacomoumestudoduplo-cego,estaclassicaonojusticada

    j que aqueles que aplicavam a terapia por acupun-tura eram terapeutas cientes da aplicao placebo.Ressalta-se que estudos com delineamento duplo-cego em acupuntura de difcil aplicao, j que acolocaodeagulhasporprossionaisnotreinadostraz implicaes ticas.

    Alguns estudos observacionais tm sido re-

    portados na literatura chinesa, sugerindo melho-ra na progresso da doena e inuenciando naingesto e efeitos da medicao. Zhuang et al13compararam dois grupos, sendo que um recebeumedicao padro (levodopa) e outra medicaoe acupuntura diria por trs meses. Os resultadosdemonstraram reduo na quantidade de medica-mentos utilizados e reduo dos efeitos colateraiscomo insnia, boca seca, constipao, distensoabdominal e transpirao. Lee et al14, realizaramum reviso sistemtica de estudos controlados so-bre os efeitos anti-nusea e anti-emticos da es-timulao do ponto Pe-6 (Neiguan) no perodops-operatrio.Constatou-seumareduosigni -cante dos riscos de nusea, vmito e da necessida-de de medicao anti-emtica, com mnimos efei-tos colaterais decorrente da acupuntura. Apesardeste efeito anti-emtico do ponto Pe-6 ser bemdescrito na literatura, ainda necessrio investigarseusresultadosespeccosparapacientescomDP,j que o centro medular de vmito localizado naformao reticular do bulbo, no protegido pelabarreira hemato-enceflica o que o torna suscep-

    tvel a atuao da levodopa, causando nuseas evmitos. Atualmente o uso da carbidopa impede aconverso da levodopa em dopamina nesta regio,diminuindo os efeitos colaterais15.

    Apesar de alguns estudos demonstrarem umpossvelbenefcioteraputico,aindanocouevi-dente o quando de resultados clnicos podem seresperados atravs da acupuntura. Para obter ummaior fator de evidncia os estudos devem incor-porar metodologias mais rgidas e utilizar-se deuma amostra mais numerosa para adquirir poderestatstico. Para viabilizar a insero da acupuntu-ra no tratamento de pacientes com DP, os estudostambm deveriam fazer a anlise do custo-benef-cio envolvido neste processo.

    Umadasdiculdadesderealizarestudosso-bre os efeitos da acupuntura a sua abordagemindividualizada, o que impede comparaes maisaprofundadas. Para isso, devem-se utilizar mto-dos de avaliao, clnica e laboratorial, padroniza-dos para que os dados possam ser comparveis.

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    Hipteses de funcionamento da acupuntura naDoena de Parkinson

    A explicao dos benefcios da acupuntura nospacientes com DP buscada por vrios estudos ex-perimentais mais controlados. Yansong et al16 avalia-ram mudanas dos receptores de dopamina D2 emratos com leso estereotxica unilateral na SN. Num

    grupo foram realizadas 7 sesses dirias de 30 minu-tos utilizando os pontos F3 (Taichong), BP6 (Sanyin-jiao), E36 (Zusanli), VB34 (Yanglingquan) do ladolesionado, comparando-os com ratos lesionados semtratamento.Analisandoosdadosdeauto-radiograapara receptores tipo D2 e dos nveis de dopamina eseusmetablitos,vericou-senogrupotratadoaele -vao da sensibilidade dos receptores de dopaminafoi menor, e os nveis de dopamina e seus metab-litos foram maiores. Tais dados sugerem que a ele-troacupuntura pode, experimentalmente, aumentaro contedo de dopamina e prevenir a sensibilizaocompensatria dos receptores tipo D2 na SN lesio-nada. Zhu et al17 tambm encontraram aumentosna concentrao de dopamina no ncleo caudadoem ratos com DP experimental induzido por MPTP(1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina) tratadoscom acupuntura, ervas chinesas e levodopa.

    Alguns estudos demonstram que a estimula-o por acupuntura estimula a funo cerebral, au-mentandoacirculaosanguneadereasespec-cas ou atravs de neurotransmissores. Chang et al18vericaramaatividadelocomotoraemratosnormais

    antes e aps a acupuntura do ponto VG-20 (Baihui),sem eletroestimulao. Esses observaram que aps60 minutos de estimulao os ratos aumentaram aatividade motora em relao ao grupo placebo. Nes-teestudovericou-sequeratostratadospreviamentecom -metil-p-tirosina (AMPT) no tiveram o mes-mo aumento da atividade motora. A AMPT inibe aenzima tirosina hidroxilase, diminuindo o contedoendgeno de catecolaminas, como a noraepinefrinae a dopamina. No entanto, ratos tratados previa-mente com deprenil tiveram um aumento signi-cante na ao da acupuntura, sendo que o deprenilinibe a monoaminooxidade B, esta responsvel peladegradao da dopamina. Sugerindo que a acupun-turapodeterumefeitobenconasdoenascomcomprometimento motor, atuando atravs de aminaendgenas.

    Yano et al19 observaram alteraes os nveis demonoaminas cerebrais em ratos induzidos ao estres-se por restrio. Em geral, a dopamina est diminu-da nos ncleos da base nos momentos de distresse.

    Neste estudo constatou-se que o uso de moxabustoe eletroterapia em pontos da lombar e posteriores daperna aumentou os nveis de dopamina na SN.

    Ma et al20 investigaram os efeitos da eletroacu-puntura (EAc) sobre o estresse oxidativo em 40 ratoslesionados unilateralmente com injeo de 6-hidro-xidopamina na SN. Foi constatado que os ratos tra-

    tados melhoraram na funo motora avaliada pelacontagem rotaes por minuto, de 10,44+1,01 para8,22+1,3 (p

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    maior quantidade de neurnios vivos quando com-parados com o grupo de baixa freqncia (2 Hz) eo controle. Liu et al23 analisaram o efeito da EAcem ratos com DP induzida por axotomia estereot-xicas das vias aferentes dopaminrgicas nigroestria-tais. Comparou-se o grupo controle lesionado seminterveno com o grupo lesionado que recebeu

    EAc de 100 Hz por 30 minutos nos pontos DU-14(Dazhui) e DU-21 (Baihui) a partir do segundo diaps-leso. Uma parte dos grupos foi investigada com14 dias ps-leso e outra com 28 dias. Os resulta-dosdemonstraramumacontagemsignicantementemaior de neurnios dopaminrgicos na SN no grupode EAc, uma menor ativao da microglia com di-minuio de 47% de clulas com atividade citofgi-caediminuiosignicantedaconcentraomRNApara TNF- (fator de necrose tumoral alfa) e IL-1(interleucina 1) na microglia do grupo tratado emcomparao com os controles. Tais dados indicamumapossvel capacidade antiinamatriadaEAc,possivelmentemediadapordinorna,queseriabe -ncoparaasdoenasneurodegenerativas.

    Num estudo realizado por Luo et al24,veri-cou-se subpopulaes de linfcitos T em modelos deDPcausadaporinjeode6-OHDA,evericaramuma diminuio nas porcentagens de clulas CD3,CD4 e CD8. Em grupos tratados com acupuntu-ra, com medopa e combinados destas duas terapiasconstatou-se um aumento na porcentagem de clu-las CD3 e CD8, sugerindo uma possvel regulao

    na taxa de alguns subtipos celulares de linfcitos T.

    CONSIDERAES FINAISO acometimento dos neurnios dopaminrgi-

    cos, principalmente da SN, tm sido alvo de intensainvestigao, entretanto, dentro da abrangncia damedicina ocidental, ainda no possvel impedir aevoluo da doena, e os tratamentos disponveis sovoltados para o controle dos sinais e dos sintomascaractersticos dos pacientes com DP. A utilizao demtodos complementares para o tratamento da DPtem crescido muito, e so freqentemente incorpora-dasaotratamentopadro,tantoporprossionaisdasade quanto pelos prprios pacientes e cuidadores.

    Os benefcios teraputicos constatados em al-guns estudos indicam uma melhora dos sinais moto-res, a melhora do sono, a diminuio da dose medi-camentosa e nos efeitos colaterais desta. No entanto,ainda faltam dados conclusivos sobre a efetividadeda acupuntura na DP, e principalmente sobre osmecanismossiolgicossubjacentesaosseusefeitos

    teraputicos. Muitos dos estudos utilizaram nmerolimitado de amostras ou foram realizados de formaexperimental.Eaindanopossvelvericarseosresultados encontrados nos estudos experimentaisem animais so reprodutveis em humanos.

    Apesar de haver poucos dados que possamestabelecer o uso sistemtico da acupuntura no tra-

    tamento da DP, estes estudos indicam uma necessi-dade de esclarecer os mecanismos pelos quais umaestimulaoperifricaespeccapodeinuenciaroscomportamentos neuronais em doenas neurodege-nerativas.

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    Principais instrumentos para a anlise

    da marcha de pacientes com distroa

    muscular de Duchenne

    Melina Suemi Tanaka1, Andra Luppi1, Edgard Morya2, Francis Meire Fvero3,Sissy Veloso Fontes4, Acary Souza Bulle Oliveira5

    RESUMO

    Introduo. Dentre as diversas doenas que comprometem a

    marcha, as neuromusculares so uma das principais, sendo alocomoobastanteacometidanogrupodasdistroasmuscula-res.OspacientescomDistroaMusculardeDuchenne(DMD)apresentam diversos comprometimentos motores, dentre eles al-teraes na marcha. Sendo assim, avaliar a marcha de maneiraprecisa importante para analisar os efeitos reais das interven-essioteraputicasaplicadasaospacientescomDMD.Ob-jetivo.Oobjetivodesse trabalho identicare caracterizarosprincipais instrumentos para a anlise da marcha utilizados empacientes com DMD. Mtodo. Pesquisamos nas seguintes basesde dados MEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED, SCIRUS,EMBASE e DEDALUS. Os termos utilizados na lngua portu-guesaforammarcha,locomoo,anliseedistroamusculardeDuchenne, e na lngua inglesa foram: gait, walking, locomotion,

    analysis e Duchenne muscular dystrophy. Para a seleo dos arti-gos foram utilizados critrios de incluso e excluso. Resultados.Os resultados encontrados foram tabulados segundo nmerode pacientes, objetivos, instrumentos e recursos. Concluso. Os14 instrumentos de anlise da marcha encontrados so, em suatotalidade, caracterizados como cinemticos, existindo apenasrecursos que forneam dados cinticos.

    Unitermos: Marcha. Distroa Muscular de Duchenne.

    Fisioterapia.

    Citao: Tanaka MS, Luppi A, Morya E, Fvero FM, Fontes SV,Oliveira ASB. Principais instrumentos para a anlise da marcha depacientescomdistroamusculardeDuchenne.

    SUMMARY

    Introduction. Among the several diseases that commit the gait,

    the neuromuscular are one of the main ones, being the loco-motion plenty assault in the group of the muscular dystrofhy.The patients with muscular dystrophy of Duchenne (DMD)present several motor compromising, among them alterationsin the gait. Being like this, to evaluate the gait in a necessaryway is important to analyze the real effects of the physiothera-pic interventions applied to the patients with DMD. Objective.The objective of that work is to identify and to characterizethe main instruments for the gait analysis used in patients withDMD. Method. We researched in the following bases of dataMEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED, SCIRUS, BASEand DEDALUS. The terms used in the Portuguese languagewere marcha, locomoo, anlise anddistroa muscular deDuchenne, and in the English language they were gait, walking,

    locomotion, analysis and Duchenne muscular dystrophy. Forthe selection of the goods inclusion criteria and exclusion wereused. Results. The found results were tabulated according toamount of patients, objectives, instruments, and resources.Conclusion. The 14 instruments of gait analysis found are, inhis totality, characterized as cinemat