Revista de Domingo

16

description

Jornal de Fato

Transcript of Revista de Domingo

Page 1: Revista de Domingo
Page 2: Revista de Domingo

Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Edi to ra – Izaira Talita• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Marcelo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

Entrar em uma típica casa sertaneja é se deparar com um jeito especial e simples de vida, repleta de detalhes interessantes. Essa é a experiência

proposta pelo ‘Tapera Cor’, espaço que está sendo montado ao lado do Memorial da Resistência que tende a ser uma das novidades do Mossoró Cidade Junina deste ano, a partir do dia 20 de junho. A idealização deste espaço e a obtenção dos objetos que compõem a casa do sertanejo é o tema de capa da edição de DOMINGO, que a partir da descrição minucio-sa do arquiteto Eduardo Falcão, o responsável pela elabora-ção da Tapera, é possível resgatar o cotidiano comum ao sertanejo e às próprias raízes dos mossoroenses.

O clima desta edição de DOMINGO está nos festejos ju-ninos e suas várias possibilidades. Na entrevista, o padre Raimundo Felipe fala sobre os festejos ao santo João Batista e sobre o crescimento da festa religiosa, uma das mais tra-dicionais da cidade de Mossoró. O grupo de mulheres com deficiência fala sobre a Quadrilha ‘Inclusão com Paixão’ que se prepara para uma bela apresentação na arena Deodete Dias, reunindo cadeirantes e andantes, em bela coreogra-fia.

Tem ainda artigo de Walter Medeiros, Rafael Demétrius com dicas importantes para as empresas e a deliciosa colu-na do Davi Moura pra todos que adoram comer.

Boa leitura!Izaíra Thalita

editorial

Cenário no sertão

Com

o p

adre

Rai

mu

ndi

nh

o,

da I

grej

a Sã

o Jo

ão B

atis

ta

En

tre

vis

ta

O que é caracterizado como trabalho infantil?

Infância

Davi Moura traz as novidades gastronômicas da semana

Cadeirantes mostram como se dança quadrilha

O cenário de uma casa sertaneja no “Tapera Cor”

Rafael Demetrius traz dicas de sustentabilidade para empresas

Adoro comer

Inclusão

Cultura

Coluna

p4

p14

p6

p8

p 12

2

p10

Page 3: Revista de Domingo

3Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Uma angústia na manhã nubla-da, nada que fazer, ele saiu de casa, a vagar pela cidade. Era

véspera de comemoração de data cívica, com muitos discursos no palanque ofi-cial tradicionalmente armado em frente à Prefeitura Municipal, como costumava ser nas cidades interioranas.

Demorou-se um pouco ali, olhando os homens armando o palanque, a men-te e o pensamento de todo alheios ao que seus olhos viam. Sem ver. Seguiu em frente, um rumo qualquer.

Parecendo-lhe ouvir, bem nítido, o discurso entusiasmado, na gesticulação larga, do doutor juiz de Direito, o orador oficial da cidade. Com suas citações em latim, mais precisamente de Cícero, tex-tos que lhe ficaram na memória, para sempre, do exame vestibular.

Nunca lhes acrescentava a tradução, mas o povo gostava dessa prova de gran-de cultura humanística. Só o senhor vi-gário entendia.

Andando sem parar, ora lembrando coisas, ora sem ocupar a mente em coi-sa alguma, quando deu acordo de si se encontrava bem adiante do subúrbio da cidade, começo de um matagal meio al-

ASSIM É A VIDA

JOSÉ NICODEMOS*

conto

to, cortado pela estrada transversal à estrada real, que levava à cidade mais próxima.

Um tanto aliviado daquela angústia que lhe comprimia todo o ser, por dentro, sentou num tronco de árvore derrubada, menos para contemplar a paisagem em redor do que para pensar no sentido da vida, que nunca encontrara em suas bus-cas filosóficas.

Tirou do bolso da camisa o maço de cigarros, acendeu um, a mão em concha protegendo a chama do isqueiro contra o vento, tirou uma baforada, cruzou uma perna sobre a outra, descansou as mãos, dedos cruzados, rodeando o joelho, fi-cou-se a lembrar os tempos de rapaz,

antes de faculdade. Formado, cansara-se da profissão

muito cedo, tinha mesmo inclinação era para o comércio, melhor oportunidade nisto de fazer fortuna. Decidido, estabe-leceu-se no ramo de venda de automó-veis, uma loja no estilo de capital. Bons negócios. De vento à popa.

Mirou a distância que o separava da última rua, os fundos de quintal olhando para o matagal, olhou o relógio, já pas-sava das onze, tomou o caminho de vol-ta, passos apressados. Foi quando per-cebeu que havia caminhado sem destino algum. Em busca de nada.

E, sem querer, filosofou: – Assim é a vida...

Sentou num tronco de árvore derrubada, menos para contemplar a paisagem em redor do que para pensar no sentido da vida

Page 4: Revista de Domingo

4 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

entrevista

Afesta de são João Batista é considerada uma das mais significativas festas religiosas de Mossoró e vem crescendo em participação de fiéis e também a sua dimensão religiosa nos

últimos anos, a partir da vinda e do testemunho de sacer-dotes renomados para atrair mais pessoas às celebrações. Neste ano, o convidado é o padre Robson de Oliveira, apre-sentador da Rede Vida de Televisão e responsável pelo Santuário do Divino Pai Eterno em Goiás. Padre Robson faz hoje celebração que deve reunir mais de 15 mil pesso-as em torno do palco montado em frente à igreja matriz de São João. Sobre os detalhes da preparação dessa festa, o padre Raimundo Felipe aborda nesta entrevista:

PADRE RAIMUNDO FELIPE

Por Izaíra Thalita - [email protected] | Twitter: @izairathalita

“Nossa festa tem o propósito de evangelizar”

Page 5: Revista de Domingo

5Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

entrevista

DOMINGO – Os festejos juninos tomam conta da cidade neste período, mas é importante lembrar que não só a parte cultural. O sentido religioso tam-bém é importante. Como está a realiza-ção dos festejos a São João Batista?

Pe. RAIMUNDO FELIPE – Nós feste-jamos e comemoramos São João Batista, que foi precursor, que acompanhou Je-sus Cristo. São João foi o último dos pro-fetas do Antigo Testamento, aquele que dá a vida, derramou seu sangue por causa do evangelho. Ele veio para anun-ciar os caminhos de Jesus, realizando batismos de conversão. Celebramos na Igreja em memória desse grande homem que deu a vida por Jesus Cristo, e esta é a festa principal do mês de junho, já que temos aqui como patrono exemplo de todos nós paroquianos, na igreja de São João Batista, aqui na Doze Anos... Esta-mos preparando a festa há um mês, vín-hamos peregrinando com a imagem de São João pelas ruas das várias comuni-dades, seja na cidade ou zona rural, nas casas, levando a imagem, rezando as missas nas famílias e convidando o povo a participar da grande Festa de São João, de 14 a 24 de junho, aqui na igreja matriz no bairro Doze Anos.

O TEMA da festa é a “A palavra de Deus e a paróquia – Quem me ama guardará minha palavra”. Por que a im-portância de trazer a palavra como foco das discussões?

O NOSSO principal objetivo é evan-gelização da comunidade e a palavra de Deus é a coisa principal da nossa fé. At-ualmente, a Igreja Católica está preocu-pada para que nos dediquemos mais à palavra de Deus, que tenhamos mais conhecimento das escrituras do Santo Evangelho para termos mais capacidade de colocarmos em prática a palavra de Jesus. Por isso, colocamos a importância de conhecer e aprofundar mais em nos-sa vida a palavra de Deus e de Jesus. E escolhemos como lema “Quem ama guardará minha palavra”, porque é o próprio Jesus quem diz que a prova de que O amamos é quando guardamos sua palavra, no sentido de conhecê-la e co-locá-la em prática em nossa vida. Então, convidamos todo o povo a uma maior atenção com as escrituras, conhecimen-to da palavra de Deus, e automatica-mente somos convidados a praticá-la em nossa vida.

A FESTA de São João Batista é tida como uma das grandes festas religiosas da cidade e a gente percebeu que houve uma retomada desse festejo por parte da comunidade e dos devotos a par-ticipar dessa realização. A vinda do

padre Robson de Oliveira, do Santuário do Divino Pai Eterno, é para chamar a atenção e dar uma dimensão maior à festa?

COM certeza, a Festa de São João Batista é tradicional e já foi a festa juni-na desta cidade. Com a criação do Mos-soró Cidade Junina, da Prefeitura, houve uma diminuição do povo, sobretudo na parte social, até porque não temos condições de oferecer a mesma estru-tura de festa que o Município está ofer-ecendo. Mas isso não tira o brilho da festa de São João Batista, pois, como

disse antes, o nosso objetivo é a evan-gelização, espiritualidade, a palavra de Deus. Então, nos últimos anos a festa aqui tem crescido e nós temos nos pre-ocupado em sempre convidar um mis-sionário de renome que evangeliza através da música, cantores, padres, para evangelizar através da música re-ligiosa. A grande novidade deste ano é o padre Robson de Oliveira, que é do

Estado de Goiás, do Santuário do Divino Pai Eterno em Trindade, e ele virá para presidir a santa missa pela primeira vez, a convite da Paróquia de São João. Ele vem para abrilhantar com sua presença, chamando um número maior de fiéis para as celebrações, para expressar sua fé neste período de 14 a 24 de junho.

ALÉM de vir para presidir a missa, o padre Robson trará a imagem pere-grina. Virão pessoas de outras cidades participar desse momento?

COM certeza. A devoção ao Divino Pai Eterno, atualmente, vem sendo muito difundida em todo o Brasil, e o padre Robson, aonde ele vai, tem o cos-tume de levar uma réplica da imagem do Divino Pai Eterno que tem no san-tuário lá em Goiás. Eu tive a oportuni-dade de visitar e conhecer o santuário e foi lá que eu convidei pessoalmente o padre Robson para que ele viesse a Mos-soró, o que aceitou de pronto o nosso convite, e sendo uma devoção muito difundida aqui na nossa região, muitas pessoas esperam o momento, e estamos esperando cerca de 15 a 20 mil pessoas nessa grande Rua Felipe Camarão, onde será montado o palco em frente à igreja. Esperamos essa multidão, de Mossoró e de cidade vizinhas, de Estados vizin-hos como Paraíba e Ceará. Estamos es-perando muitas caravanas, a partir das comunicações que nos chegam, com grande número de pessoas que partici-parão. Padre Robson chegará a Mossoró hoje, no início da tarde. A missa será logo mais às 17h30 e depois da celeb-ração ele viajará de volta para seus com-promissos.

E QUANTO à procissão, qual a pro-gramação?

TODA essa programação que vem acontecendo se dá em preparação ao grande dia de natividade de São João Batista. Nós amanheceremos no dia 24, domingo em festa, com fogos e com uma grande alvorada às 5h, com música, convidando as pessoas a viverem com fé este dia. Às 8h, reuniremos a comu-nidade na matriz de São João para a missa solene. O dia será todo de con-fraternização e de oração, os integrant-es dos grupos e as pastorais terão um momento de confraternização com al-moço festivo, e esperaremos a hora da procissão. Às 17h, haverá a missa solene com padre Guimarães e, logo após a missa, a procissão pelas principais ruas do bairro, seguindo aqui para a igreja, quando faremos a nossa mensagem de agradecimento e pediremos a Deus que, no próximo ano, possamos celebrar nossa fé com São João Batista.

“convidamos todo o povo a uma maior atenção com as escrituras, conhecimento da palavra de Deus".

Page 6: Revista de Domingo

Inclusão com PaixãoO Fórum de Mulheres com Deficiência de Mossoró e Região se apresenta na arena Deodete Dias, com a quadrilha junina “Inclusão com Paixão” mostrando que para fazer bonito basta ter emoção

6 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

dança

Page 7: Revista de Domingo

dança

7Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

Aarena Deodete Dias começa a receber os competidores dos grupos de quadrilhas em várias

categorias. Toda a animação, entusiasmo e ritmo serão mostrados em coreografias ensaiadas e cheias de recursos para en-cantar os espectadores.

Mas, dentro do conjunto de apresen-tações imperdíveis entre os grupos de quadrilhas nesta edição do Cidade Juni-na está a apresentação de um grupo ar-tístico inédito e inovador na sua propos-ta de formação: o grupo de quadrilha “Inclusão com Paixão”, que se apresen-tará no dia 28 deste mês, na arena.

Formado por 20 participantes, dos quais 10 mulheres cadeirantes e 10 ho-mens andantes e um marcador coreó-grafo, o grupo mostrará a beleza de uma coreografia com a proposta da inclusão. A quadrilha é uma atividade cultural da companhia Artes sem Limites, formado por integrantes do Fórum de Mulheres com Deficiência de Mossoró e Região, cuja principal função social da compa-nhia é promover a inclusão da pessoa com deficiência ao universo simbólico da dança em sua pluralidade cultural, fren-te a dança de impossibilidades.

O grupo Arte sem Limites também tem como proposta abrir novas formas de realização pessoal, pesquisando no-vas linguagens na dança, descortinando espaços para uma maior visibilidade ar-tística da pessoa com deficiência, seja ela física, visual, auditiva ou intelectual, pro-pondo a compreensão de que o deficien-te tem um grande potencial artístico, gosto estético e sensível expressão cria-tiva.

“A quadrilha junina ”Inclusão com Paixão” foi criada com a intenção de se apresentar em cidades circunvizinhas e em especial nos festejos do evento Mos-soró Cidade Junina, que neste ano com-pleta 16 anos de existência, considerado por grande parte dos norte-rio-granden-se um evento consolidado do desenvol-vimento sustentável social”, explica a pedagoga Benômia Rebouças, que além de participar assina a direção geral de grupo.

Benômia conta que a ideia da quadri-lha se inicia alguns meses antes, mas já no segundo semestre se desfaz, mas os participantes continuam em atividades artístico-pedagógicas para construir, elaborar e apresentar um espetáculo de dança contemporâneo em palco italiano no final de cada ano.

“Acreditamos que o município é pal-co e maternidade de artistas; envolvidos por esse sentimento de pioneirismo mu-nicipal e inclusão social, decidimos optar em dividir nossa proposta de atividade cultural. No segundo semestre, a qua-

drilha se desfaz, mas realizamos outras propostas. Isso nos diferencia dos demais grupos juninos que só atuam no período de São João”, explica.

AMoR DE são JoãoCom o tema “Amor de São João deixa

marcas diferentes no coração”, a quadri-lha vai falar sobre as relações de amor que surgem na noite de São João.

“Vamos falar desse amor desprovido de preconceitos, do amor próprio e do amor ágape, dos encontros e desafetos, da sedução e do galantear. Sutilmente, demonstraremos os diversos conflitos que surgem a partir dessa união líquida, rápida ou duradoura entre duas pessoas; com esse intuito, lançamos a quadrilha em cinco movimentos dançantes”, rela-ta Benômia.

O grupo explica que vai buscar a adaptação das formas geométricas sim-ples dançadas pelas quadrilhas tradicio-nais, brincando e espalhando alegria no

lume da fogueira aos coloridos das ban-deirinhas e balões.

A coreografia é assinada pelo profes-sor Herbert Menezes, que assume a di-reção artística e terá um ritmo dinâmico e empolgante de gestos, sentidos e sen-sações para expressar a arte do corpo deficiente.

“Essa arte é fonte de uma estética geradora de possibilidades artísticas de criação, através de uma dança de impos-sibilidades com cadeiras de rodas que, segundo a escritora Carolina Teixeira, é uma dança processual e cooperativa por-que acontece a partir do entendimento da deficiência corporal enquanto maté-ria-fluxo de novos projetos estéticos”, explica Herbert.

Por todo esse conjunto, pela propos-ta e pelo reconhecimento desse trabalho de inclusão, já há uma expectativa para que essa apresentação seja uma da me-lhores na edição deste ano. No próximo dia 28, vale a pena conferir.

Gildo Bento – Resultado do ensaio do grupo Inclusão e Paixão poderá ser conferido hoje

Page 8: Revista de Domingo

A casa no sertãoImaginar uma típica casa sertaneja é voltar às raízes e às experiências de muita gente. Por isso, o Tapera Cor será o cenário ideal para relembrar objetos e costumes do nosso povo.

8 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

cultura

Você está convidado a fazer um passeio por lembranças, que talvez tenha, talvez pertença a

alguém de sua família, mas que descre-vem uma cultura sertaneja. Trata-se de uma casa, que nas lembranças do arqui-teto Eduardo Falcão, são sua própria his-tória e infância. Uma casa sertaneja.

Para que essa experiência pudesse ser especial e fiel, Eduardo anotou cada deta-lhe do que recordava para que os detalhes estivessem presentes na proposta do Ta-pera Cor, um espaço que será montado ao lado do Memorial da Resistência, dentro da programação do Mossoró Cidade Juni-na, que tende a ser um lugar cheio de ob-jetos que tratam dessa cultura popular.

“As pessoas estão convidadas a en-trar nessa casa e conhecer o que compõe

a vida do sertanejo. Extraí muito de mi-nha própria vivência, pois fui criado numa casa assim”, explica Eduardo, que descreveu de forma poética suas lem-branças e as entregou para que uma equipe de dez pessoas saísse em campo em busca dos objetos e do cenário pen-sado por ele para a Tapera Cor.

O espaço só estará disponível aos visitantes a partir do dia 20 de junho, mas enquanto o momento não chega, é o próprio Eduardo que relata o cenário da casa sertaneja.

A cAsAUma casa com alpendre na frente,

portas e janelas largas que recebe o visi-tante sempre com um convite de comida feita no forno à lenha. À tardinha, quando

Page 9: Revista de Domingo

cozinha - A cozinha, geralmente, era anexa a um alpendre que pode ser considerado como uma área de serviço, pois era lá que se lavavam as louças e as panelas. Tem pilão, chaleira de ágata e um bule no qual coa o café. A água numa bacia de zinco, ágata ou alumínio era trazida da cisterna, do barreiro, do açude, da cacimba ou do rio. o mobiliário da cozinha era composto por um fogão à lenha que, geralmente, era de alvenaria, pois os de ferro fundido ficavam nas casas grandes, um guarda-mantimentos (baú), uma pequena estante para os utensílios do dia a dia, e presos ao teto existiam algumas prateleiras com os queijos, carne-de-sol e linguiça. Um rabo de raposa tinha que estar pendurado no teto para espantar animais tipo ratos e morcegos. E ali, ao lado, as cascas de laranja sendo desidratadas para virarem chá.

Banheiros - Eram precários. geralmente, tinham um tanque de alvenaria com água para os asseios. Penicos faziam as vezes dos sanitários, especialmente as cartolas, que eram penicos bem mais altos. Havia de alumínio e de ágata. Cuias feitas de cabaça e bruxas de pepino pendurados na parede. Chão de cimento queimado.

9Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

cultura

Eduardo Falcão é o responsável pela elaboração da Tapera Cor

o sol se prepara para se deitar, sempre acontece uma palestra regada com um ca-fé, bem fraco, porém bem quentinho, pas-sado naquela hora num coador de pano.

Em anos de fartura juntam-se os ami-gos para a debulha nas noites de lua. Nes-sa noite tem cachaça e tem um grupo jo-gando baralho, um jogo chamado sueca (quando tem quatro pessoas) ou bacarás.

Nessa casa, há uma pequena mesa com um rádio de pilha que está sempre ligado na rádio rural, especialmente na hora da coalhada de Seu Mané, pois coin-cide com a hora da palestra no alpendre. Nesse programa, tem uma sessão de no-tas e avisos e serve para as pessoas da rua (centro urbano do município) mandarem recados para os moradores da fazenda.

Fora isso, tem muitas redes desarma-das presas nos paus das paredes de taipa com cordas de sisal. Essas redes são dos filhos homens, eles não têm quarto. Vez ou outra se acha um baú com as roupas dos meninos e rapazes. Já chegou a ter foto do velório do avô paterno, o caixão sobre as cadeiras da mesa (detalhe sórdido).

As lamparinas a querosene estavam em todos os cômodos e os lampiões a gás butano, que eram bem mais caros, geral-mente não passavam de dois e eram usa-dos raramente. As paredes próximas aos locais das lamparinas eram pretas de tin-ta. Fósforos também eram bastante utili-zados, pois além de acenderem a luz que “alumiaria” o escuro da noite, serviam para acender os brejeiros feitos de fumo

de pacote enrolados num papel de seda, que eles chamavam de papelim. Na falta do papelim, que só era comprado quando iam para feira uma vez por semana – ge-ralmente aos sábados – o fumo era aper-tado em palhas de milho secas.

Geralmente só o quarto do casal tinha porta para a sala e o das filhas tinha aces-so pelo quarto do casal. Essa é uma ques-tão cultural em que as filhas eram vigiadas pelos pais para não irem se “danar” por aí. O mobiliário era muito simples. Uma cama de casal e um grande baú para guar-dar as roupas, uma rede desarmada e um santuário ou oratório no quarto do casal, uma cama de solteiro e um guarda-rou-pas, com muitas fotos de Roberto Carlos coladas na porta, no quarto das filhas. A rede também não podia fazer falta, geral-mente a cama era para filha mais velha.

Na cozinha tinha arupemba para fa-zer pamonha, umas treliças de madeira que enformavam as cocadas, o ralador feito de lata furada com um prego, mui-to jerimum e melancia num canto de parede, melão de cheiro, quiabo e maxi-xe, feijão de corda, sacos de farinha e açúcar. Manteiga da terra e muitos vidros cheios de pregos, parafusos e porcas. Sabão em barra e bucha de pepino.

Nesta casa não podia faltar os ramos de uma palmeira qualquer, que tinha sido bentos no domingo de ramos da se-mana santa, esses ramos, juntamente com Santa Barbara, protegiam as casas das tempestades. Eles eram queimados

e com as cinzas se desenhava uma cruz atrás da porta principal da casa.

O leite é tirado duas vezes por dia. De manhã cedo o leite é para venda ou fabricação de queijos de coalho, coalha-da e para ser tomado in natura. Aos sá-bados à tarde e domingos de manhã os proprietários da fazenda vão com seus filhos tomar o leite tirado na hora quen-te e espumante, cada um sai de casa com seu copo já com o açúcar e o Nescau.

“Ah, como era bom tirar as sementes de dentro dos pepinos”, lembra Eduardo Falcão.

# Relembre o cenário mais frequente numa casa sertanejaAlpendre - Tamboretes cobertos com couro de bode, cadeira X, cadeira de fitilho (balanço), arreios (selas, cangalhas, cabrestos, esporas, chicotes, chibatas) baladeira, espingarda bate-bucha. Brinquedos das crianças - panelinhas de barro para cozinhadinho, peões, minirroladeiras feitas com latas, não de leite (de Nescau) e um arame, tem cavalinho de talo de carnaúba, tem os cascos do cavalo feitos de quenga de coco seco. Roladeira, piso de pedra calcária.

Terreiro - Árvores secas, chão argiloso, bode, carneiro, peru, pato, galinha, galo, porco, guiné, uma carroça com dois tonéis que servem para buscar água no açude ou na cacimba, duas latas penduradas em uma forquilha, um sol quente que chora os olhos, pintos ciscando, o teto é o próprio céu que de tão quente perde o azul. Tem um cercado bem ali com poucas rezes magras que abastecem os botijões de leite que estão ali num canto para serem lavados.

sala da frente - Uma pequena mesa com um rádio de pilha que está sempre ligado na Rádio Rural (990kHz), especialmente na Hora da Coalhada de Seu Mané, pois coincide com a hora da palestra no alpendre. Fora isso, tem muitas redes desarmadas presas nos paus das paredes de taipa com cordas de sisal. Tem a imagem do Coração de Jesus e do Coração de Maria, tem retratos dos donos da casa coloridos a mão.

Sala de jantar - Mesa com cadeiras que serve muito mais para passar roupa com um ferro à brasa do que para fazer refeições. As cadeiras, geralmente, estão no alpendre e quando estão na sala é para apoiar as roupas que estão sendo passadas. Tem um guarda-louça com um conjunto Colorex, que não é do dia a dia. os utensílios da diária são de ágata e estão guardados na cozinha. De um certo tempo para cá apareceram os espelhos com moldura laranja próximos a uma prateleira que continha escovas de dentes, pasta, barbeador de gilete, pente e até uns pequenos cabides que ficavam umas toalhinhas de mão. Nessa sala, também tinham dois potes com água de beber com as bocas cobertas com umas touquinhas de pano de algodão bem branquinhas. os copos de alumínio eram guardados em cabides inclinados (para escorrer o sobejo que ficava no fundo do copo) presos à parede. o chá era de tijoleira, assim como era todo o interior da casa.

Page 10: Revista de Domingo

10 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

exploraçãoSaiba o que caracteriza o trabalho infantil e porque ele se confunde com a cultura de ensinar um ofício às crianças

Itens de uma

infância

Ainda aos nove anos de ida-de o pai inicia os filhos ho-mens nas tarefas da lavou-

ra, do cuidado com os animais e com a negociação para a sobrevivência da fa-mília. As meninas são iniciadas nas ta-refas domésticas, no cuidado dos irmãos pequenos e na produção dos alimentos que são comercializados pela família.

Falando dessa forma é comum pensar que trata-se de uma educação para um ofício de vida, muito comum na zona rural e comum à trajetória de vida de muitas pessoas. Porém, aos nove anos de idade, qualquer criança que realize estas tarefas estará realizando um tra-balho infantil.

Mesmo quando os últimos dados do

Censo, divulgados na última semana mostram que o trabalho infantil no Bra-sil reduziu no período de 2000-2010, os números ainda são assustadores: Em 2010, havia 3,4 milhões de crianças e adolescentes na faixa dos 10 a 17 anos, ocupados, o que representava 3,9% das 86,4 milhões de pessoas ocupadas com 10 anos ou mais de idade.

Page 11: Revista de Domingo

11Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

infânciaDe acordo com a Coordenadoria Re-

gional de Combate à Exploração do Tra-balho da Criança e do Adolescente, do Ministério Público do Trabalho, ainda sem dados fechados deste ano, o Rio Grande do Norte ocupava no ano passa-do a 24ª colocação no ranking nacional do trabalho infantil. Em 2010, o Estado contabilizava 293.674 crianças na faixa etária entre 10 e 14 anos, das quais 13.874 possuíam algum tipo de ocupa-ção.

“O trabalho infantil como uma vio-lação aos direitos das crianças e adoles-centes é aquele que é exercido por crian-ças e adolescentes até doze anos de idade porque a partir dos quatorze anos ela pode ser inserida em um programa de iniciação profissional, regulamenta-do e com condições específicas”, expli-ca Mirna Aparecida, presidente do Con-selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA) de Mos-soró.

QuEsTão culTuRAl?Mirna explica que no Nordeste é co-

mum confundir o trabalho infantil com a educação. “Trabalho infantil é aquele em que se utiliza a criança em qualquer tipo de atividade geralmente realizada pelos adultos, mesmo as pesadas em que tem horários. Não se respeita a con-dição peculiar da criança como sujeito em desenvolvimento, e divide a sua

atenção, pois a criança que trabalha ce-do, não conclui os estudos, deixa a es-cola e não tem oportunidades de se qualificar. Seu futuro geralmente será no mercado informal, atuando como pedreiro, vendedor”, ressalta.

Baseada nessa afirmativa, Mirna es-clarece para os pais que iniciam as crian-ças no ofício rural: “é importante que os pais pensem que as crianças precisam estudar para ter uma vida melhor, com mais oportunidades. A criança que tem oportunidade de somente estudar e a criança que estuda e trabalha na lavou-ra ou com vendas para ajudar a renda da casa, terão destinos diferentes. Além disso, a criança que trabalha apresenta mais problemas de saúde”, ressalta.

No sINAlA equipe do Jornal De Fato flagrou

duas crianças vendendo em sinal na Avenida Rio Branco – sentido Coelho Neto, no centro da cidade. As crianças ofereciam produtos para veículos aos motoristas que paravam na sinalização enquanto, de longe, um adulto, prova-velmente o responsável pelas crianças, observava.

Segundo Mirna Aparecida, trata-se de trabalho infantil evidente:

“Se a criança está vendendo no sinal, o adulto deve ser responsabilizado por-que está violando o direito da criança. Se o adulto for o pai, está violando o direito do próprio filho. Sabemos que isso é prática comum, colocar as crian-

ças como vendedoras ambulantes e ficar à distância. Mas, estes casos devem ser denunciados”, ressalta.

Em Mossoró e região, Mirna explica que os trabalhos mais frequentes en-volvendo crianças são as de pastorador de carros, vendedor ambulante, domés-tica, babá e trabalhos na agricultura. Estes últimos são mais difíceis de ser identificados e denunciados, pois ocor-rem dentro de casa.

McJ sEM TRAbAlho INFANTIlDurante o Mossoró Cidade Junina, o

Comdica, em parceria com o CREAS, estará com equipe para identificar crianças e adolescentes em situação de trabalho.

“Foi firmado acordo com Ministério Público e os barraqueiros para que estes não levem os filhos, não levem crianças para trabalhar nas barracas. Nós esta-remos fiscalizando e os barraqueiros que forem pegos nesta situação vão so-frer sanções e terão restrições para co-locar barracas nos eventos municipais”, explica Mirna.

DENúNcIAsO trabalho infantil é um tipo de vio-

lação grave. A orientação é que, caso um cidadão identifique ou desconfie de algum caso de trabalho infantil, este deverá ligar para o número 100 (ligação gratuita), sem precisar se identificar, ou também junto à rede de atendimento de Mossoró.

Mirna Aparecida do Comdica explica como se configura o trabalho infantil

Crianças oferecem produtos em sinal, no Centro de Mossoró, enquanto pais observam à distância.

Page 12: Revista de Domingo

12 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

x

Cada vez mais, cresce a pressão para que as empresas sejam sustentáveis. No entanto, a maioria delas sequer possui pro-fissionais com foco em questões voltadas à sustentabilidade

e gestão em meio-ambiente. Os donos de micro e pequenas empresas brasileiras tendem a achar que sustentabilidade é coisa para grandes corporações, que podem se dar ao luxo de investir nisso. Grande en-gano. O empreendedor é que não pode se dar ao luxo de desprezar essa questão. Além da proteção ao meio ambiente – que é um dever de todos para salvar o planeta –, ser sustentável traz economia e, por-tanto, melhora a lucratividade de qualquer empreendimento. Se você quer tornar o seu ambiente de trabalho mais verde e não sabe por onde começar, seus problemas acabaram. Seguindo essas dez dicas, é possível mudar os hábitos do seu local de trabalho, sua relação com seus empregados e clientes sem precisar fazer grandes sacrifícios. Não importa o tamanho da sua empresa, basta querer fazer a sua parte.

RAFAEL DEMETRIUS

Extraia todo o potencial de seus colaboradores. Seja um Líder de referência. Faça o Curso de Liderança IMPACTO. Será de 18 a 22/06 na META das 19h00min as 22h00min. Ligue 84 3314-1024 ou mande um e-mail para [email protected] e ganhe na hora R$ 40,00 de desconto em sua inscrição.

Todas as pessoas da empresa devem comprometer-se com a eco-nomia de energia. Um bom começo é adquirir apenas equipamen-tos que tenham classificação energética A no selo PROCEL, já que esses produtos são eficazes e apresentam baixo consumo de ener-gia. Outras boas dicas é criar horários para uso do ar-condiciona-do, usar lâmpadas fluorescentes, que embora mais caras que as convencionais, duram 13 vezes mais e usam 66% a menos de energia do que as outras. Use também sistemas de iluminação e ventilação natural.

Só utilize aparelhos de fax se for realmente necessário para o negócio, já que essas máquinas costumam gastar muito papel e energia. Procure ainda manter o aparelho desligado, colocando em funcionamento apenas quando for utilizá-lo.

Apoie programas e causas ambientais que, além de proteger o meio ambiente, dão visibilidade para a empresa e costumam trazer bene-fícios fiscais. Procure lançar programas verdes para sua empresa, como plantio de árvores, caminhadas, passeios ciclísticos, dia sem ar-condicionado e etc.

Mande um e-mail para todos os funcionários informando sobre essas simples atitudes sustentáveis, mostrando os benefícios que elas trazem para o dia a dia de cada pessoa e as consequências para o planeta. Faça reuniões, palestras e momentos de cons-cientização para seus colaboradores.

Não adianta deixa em stand-by, os equipamentos eletrônicos gas-tam energia mesmo quando estão aparentemente desligados. Por isso, se não estiver usando, desligue-os por completo. Também é comum encontrar pessoas que deixam os estabilizadores e até computadores inteiros ligados quando acaba o expediente.

Incentive os funcionários a reutilizarem papéis, transformando documentos descartados em folhas de rascunho ou para impressão. Coloque a impressora no modo Econômico e não imprima conteú-dos desnecessários. Reutilize também copos descartáveis na sua empresa, lance a campanha: Adote um copo ou incentive-os a le-varem garrafinhas para o trabalho. Prepare apenas o café que será consumido no dia, evitando o desperdício e prefira servir a bebida em xícaras e não em copos plásticos.

Faça uma verdadeira faxina em sua empresa. Retire todos os equipamentos eletrônicos que estão encostados, quebrados ou sem uso. Depois de separados, reforme-os ou doe-os para uma instituição. Com isso, além de contribuir com a sustentabilidade da empresa, você estará ajudando pessoas que não têm condições de adquirir aparelhos eletrônicos.

Se possível, mantenha uma área verde no espaço físico da em-presa, nem que sejam apenas alguns vasos. Incentive os funcio-nários a cuidar e zelas pelas plantas.

Uma parte significativa dos custos de uma empresa parte das impressoras espalhadas por todo o escritório. Páginas da internet, e-mails e muitos outros documentos acabam gastando muito papel, energia e tinta, na maioria das vezes, desnecessariamen-te. Para resolver esse problema, adote um sistema de gerencia-mento de impressão. Os softwares são fáceis de instalar e você pode encontrar alguns gratuitos disponíveis na internet. Se pre-cisar imprimir procure usar papel reciclado.

Se for necessário trocar os móveis ou algum outro material do seu escritório, tente fazê-lo da forma mais sustentável possível. Procure peças feitas com materiais reciclados, madeiras certifi-cadas ou materiais que causem baixo impacto.

Curso de Liderança

Economize energia

Aposente o FAX

Causas ambientais

Comunique as ações

Utilize os equipamentos de forma consciente e eficiente

Reutilize

Doe equipamentos obsoletos

Tenha um espaço verde

Instale um Software para economizar na impressão

Pense verde quando for trocar os móveis e suprimentos

Dicas para tornar sua empresa sustentável

sua carreira

Page 13: Revista de Domingo

13Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

WALTER MEDEIROS*

Um homem capaz de acompa-nhar, sem beber, um amigo que bebe de bar em bar, e depois,

pacientemente, deixá-lo em casa; que se compara a um grão de areia, para tentar mostrar que não seria tão importante; mas capaz de lutar lutas difíceis e perigosas, na busca de ideais libertários; e de cons-truir uma obra social do tamanho de um sindicato de trabalhadores ou de uma co-operativa aglutinadora de homens e mu-lheres batalhadores. Assim é Arlindo Frei-re, jornalista, sociólogo e historiador.

Aos 77 anos, o nono filho de Antônio Freire e Francisca Freire, nascido em Pen-dências quando ainda era distrito de Ma-cau, mais precisamente na localidade de Bamburral, recebeu nesta terça-feira 29.05.2012 o honroso e merecido título de Cidadão Natalense. Por iniciativa do vereador e presidente da Câmara Muni-cipal de Natal (CMN), o também jornalis-ta Edivan Martins, subscrito ainda pelo vereador George Câmara.

A sessão foi um belo momento, his-tórico e memorável para a CMN, por mui-tos motivos, a partir da presença de ami-gos e familiares que prestigiaram o ho-menageado. Some-se a isso o discurso primoroso e competente do vereador Edivan Martins, que contou de forma emocionante a vida de Arlindo, desta-cando que ele “herdou dos pais os valores da decência”. Lembrando lema da Ju-ventude Operária Católica (JOC), segun-do o qual, “Se tiverdes fé irás à conquis-ta do mundo”, Edivan anunciou solene-mente: “Agora és filho de Natal”, obser-vando que no dia em que não puder ir ao seu berço natural tocar nas folhas da car-naubeira, terá bem perto flores nativas de Natal, a xanana.

O exemplo de filho que Arlindo trans-mitia para seus familiares era aquele jornalista que, durante cerca de 50 anos, todo final de tarde passava na casa dos seus pais, para deixar um exemplar do jornal em que trabalhava - “O Estado de

“AGORA ÉS FILHO DE NATAL” )(

S. Paulo”. Foi fundador da Associação dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte, transformada em sindicato em julho de 1979.

Na sua visível humildade, Arlindo de Melo Freire afirma que nunca pensou que o presidente da Câmara Municipal fosse

se preocupar com alguém como ele, que não se considerava tão merecedor. Mas contou, em seguida, momentos e fatos importantes da sua trajetória, falando in-clusive sobre o tempo em que teve nega-do até o direito de falar. Lembrou, inclu-sive, do seu irmão Aldo de Melo Freire, que foi perseguido pela repressão e findou se exilando na França, aonde veio a mor-rer.

Seu discurso sintetizou a vida no tem-po em que os jornalistas do Rio Grande do Norte trabalhavam para fundar sua entidade de classe: “anos de insegurança, agonia, medo e pavor”. Em seguida, mos-trou sua verve visionária, para propor algo que está no ar, mas que talvez im-perceptível, apesar dos dois mil cata-ventos monumentais que resultarão do processamento da energia eólica: a cons-trução de algum monumento aos ventos junto às dunas, para mostrar ao mundo mais essa particularidade de Natal, uma espécie de terra dos ventos.

* Walter Medeiros, é jornalista – [email protected]

artigo

Envie artigos para esta seção pelo e-mail: [email protected]

!Na sua visível humildade, Arlindo de Melo Freire afirma que nunca pensou que o presidente da Câmara Municipal fosse se preocupar com alguém como ele, que não se considerava tão merecedor.

Page 14: Revista de Domingo

Quem mora no bairro Abolição III aqui em Mossoró com certeza já ouviu falar do Zé Goiano. É um senhor simpáti-co que veio realmente do Goiás, há um tempão atrás, e caiu em Mossoró. Colocou seu restaurante e está há um bom tempo com seu público fiel, especialmente a galera do seu bairro. A churrascaria fica em uma rua bem reser-vada, mas é o point para levar a família inteira e comer bem. A especialidade da casa é a tripa frita, servida com feijão verde e batata doce. Há também alguns tipos de carne e a bisteca, prato bastante solicitado. Vale a pena experimentar! O restaurante fica do lado direito da Av. Abel Coelho sentido Abolição IV.

A Expofruit contou com um espaço diferenciado que mistura negócios, diversão e boa comida: o Espaço Ag-rosabor. Seu funcionamento foi do dia 13 a 15 de junho, das 18h à meia-noite. Mesmo que já tenha passado, vale a pena mencionar e divulgar a organização e os restau-rantes que fizeram parte do evento, incluindo alguns de fora de Mossoró: La Goccia Blu e Maison Gastronomia (Mossoró), Água na Boca (Pau dos Ferros) e Beijo Mar (Tibau). A proposta foi oferecer pratos requintados que levem frutas típicas da região na sua receita. O preço era único - R$ 12,00 por prato - em porções bem servi-das. Seus 500m² receberam muitas pessoas no período, sendo sucesso mais uma vez.

Aquela tripinha frita

Agrosabor

1

2

DAVI MOURA

14 Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

adoro comer

Com pouco mais de 3 meses funcionando, o Chap-Chap re-torna à ativa pra animar as noites dos mossoroenses. O bar-zinho fica exatamente onde abriu pela primeira vez lá nos anos 90 e ficava o antigo Bate Papo, por trás do Teatro Lauro Monte Filho. O Fábio, que administra o local agora, também é chef e já chegou inovando no cardápio. Uma das dicas é o filé à parmegiana trinchado. Ele nos explicou que já tinha percebido a paixão pelo prato e resolveu facilitar a vida de todos. "Por que não adaptar o prato para ser comido rapid-inho com uma cervejinha gelada?". A brilhante ideia de trinchar o filé se apresentou como uma ótima nova forma de petisco. Programe-se: na quinta tem pagodinho e no sábado tem feijoada! Contato: (84) 8892 4242.

A Doces e Salgados, já bem conhecida por todos nós, está com um cardápio junino que movimenta a loja todos os dias. O destaque principal é o bolo de banana, com uma massa macia, molhadinha e com pedaços de banana caramelizada por cima. Outro bolo bastante pedido é o pé de moleque, também conhecido como bolo preto. Confira estas e outras delícias: (84) 3321 7870.

O organismo começa a reduzir a produção de colágeno a partir dos 25 anos de idade. Aos 50, produz apenas 35% do colágeno necessário. Nas mulheres, devido à diminuição do hormônio estrogênio na menopausa, a queda é mais acentuada. A perda do colágeno em nosso organismo pode ser atenuada por meio de uma alimenta-ção equilibrada com alimentos que contenham vitamina C, vitamina E, cobre, selênio, zinco e silício. No mercado encontramos o colágeno hidrolisado em pó, que é um eficiente aliado contra processos de flacidez tecidual e quando aliado à atividade física torna-se uma excelente fonte proteica capaz de sintetizar massa magra, man-tendo assim o aspecto jovial do nosso corpo.

*Dica da Kaline Melo, colunista do Blog Adoro Comer da sessão Dica da Nutricionista.

Mossoró ganhou mais um espaço para passarmos nos-so tempo livre. O 144 Lounge Bar é bem aconchegante, tem ótima decoração, com ambiente sutilmente sofisti-cado, mas com elementos rústicos. A música, em vol-ume bem agradável, dá a cara de “sala” ao lugar, sendo propício a encontros tranquilos e bate-papo com ami-gos. Além das já conhecidas caipirinhas – que, por sinal, são muito bem feitas – existe o Gym Fizz, que é uma mistura de gim com limão, calda de açúcar e água com gás; e a caipifruta de melancia, belíssima e muito gos-tosa. O 144 Lounge Bar tem um cardápio variado de petiscos e pratos deliciosos. O endereço é na R. Venc-eslau Braz, 144, pertinho da Av. Leste/Oeste.

*Dica do Bruno Viana, colunista do Blog Adoro Comer da sessão Adoro Beber.

Chap-chap Petiscos juninos

Colágeno

Novo espaço para curtição

3

4

5

Page 15: Revista de Domingo

15Jornal de Fato | DOMINGO, 17 de junho de 2012

adoro comer

TAPIOCArecheada com FRANGO

INGREDIENTES

• Massa de tapioca (geralmente vendida em supermercados) - prefira a já hidratada, mais comum.

• Camarão GG 100g• Maracujá• Cebola• Alho• Azeite• Creme de leite• Mel de abelha• Licor Cointreau

MODO DE FAZER

RECHEIO

MONTAGEM

RESULTADO

MASSA DA TAPIOCA • Geralmente já se encontra a massa de tapioca pronta. Basta peneirá-la e polvilhar na frigideira até deixá-la sem falhas. Na hora de virar, cuidado para não sujar a cozinha inteira. Para esta receita, escolha uma frigideira grande, para que as tapiocas saiam bem formadas e firmes para rechear.

• Pra começar, frite a cebola e o alho picado na manteiga (ou azeite). Quando estiver douradinho, acrescente o frango já cozido. Uns 5 minutos são necessários para fritar. Acrescente a polpa de tomate, a água e o creme de leite. Misture tudo até a cor do molho ficar homogênea. O manjericão pode ser acrescentado nessa hora.

• Simples e fácil. Espalhe o recheio na tapioca já pronta e enrole de modo que fique firme o suficiente para ser comida com a mão.

• Prato super simples e super gostoso. A única observação é que ele não funciona bem se for requentado. Prefira comê-lo assim que fizer, pois a massa permanece macia. Como acompanhamento, arroz branco soltinho com uma salada de alface, tomate, repolho branco e cenoura, todos ralados.• Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

• ½ kg de peito de frango • 1 colher de sopa de manteiga • 1 cebola média • 1 dente de alho• 8 colheres de sopa de polpa de tomate• 1 xícara de chá de água• 3 colheres de sopa de creme de leite

- A manteiga pode ser substituída facilmente pelo azeite;- O creme de leite pode ser utilizado na sua versão light sem comprometer o resultado do prato;- O uso do sal é opcional;- Um toque especial: folhinhas de manjericão! Dão aquele gostinho especial;- O frango pode ser substituído por carne ou calabresa. A versão com frango é a mais saudável.

Page 16: Revista de Domingo