Revista de domingo nº 542

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Revista semanal do jornal de fato

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Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de dezembro de 2012

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Gildo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

Afotografia de capa desta edição traz a imagem de uma das cúpulas do Congresso brasileiro. Não por acaso. Temos dois grandes motivos para nos voltar

a Brasília. Nessa semana, a Câmara dos Deputados Federais realizou uma sessão solene para devolver o mandato a todos os parlamentares que foram cassados durante a ditadura militar. Apenas 28 deles ainda estão vivos e um é potiguar, o senhor Ney Lopes, que integra a lista dos três deputados que perderam o mandado apenas por motivação política.

Também nessa semana, o Brasil perdeu uma de suas mentes mais produtivas, Oscar Niemeyer. Ele foi o arquite-to de Brasília e projetou toda aquela cidade, sobretudo os prédios, igrejas e palácios que são sedes do nosso governo, incluindo a cúpula da Câmara Federal, que compõe um dos seus monumentos prediletos, segundo ele revelou.

Assim como os parlamentares, ele também foi perse-guido durante a Ditadura, exilou-se e voltou ao Brasil anos depois para deixar suas curvas e projetos modernistas em diversas capitais do Brasil. Por diversos lugares também passou o mossoroense Edy Lemos, com quem conversamos na entrevista desta semana.

Ele foi um dos primeiros vencedores do concurso a Mais Bela Voz e saiu de Mossoró para ganhar o mundo. Fez car-reira e fama na Europa, mas resolveu voltar. Ainda nesta edição, a segunda parte da reportagem especial em home-nagem ao escritor Graciliano Ramos.

Boa leitura,Higo Lima

editorial

Um inventivo

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Especial

Confirma as novidades deliciosas que o Davi Moura traz para você

3 deputados potiguares perderam o mandato na Ditadura

Rafael Demetrius fala das festas de confraternização: como se comportar adequadamente

Adoro comer

Capa

Coluna

p4

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p8

A segunda parte da matéria sobre os 120 anos de nascimento de Graciliano Ramos

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)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Era o tempo de casamento por interesse. Algumas vezes, a noiva, a maior parte os pais.

Não se enjeitava um bom partido. E a vítima, vezes adolescente ainda, era sa-crificada à paixão de um velhote feio e rabugento, desde que rico ou bem am-bientado na vida.

O doutor, que não era doutor, Hen-rique Santana, viúvo ali pelos seus ses-senta anos, dono de salina e de empre-sa de navegação em Areia Branca, no meio disso, baixote, barrigudo, careca, a boca torta em consequência de uma trombose, apaixonou-se por Virgínia. .

Era ela filha do feitor da salina do doutor Santana, como era tratado, quin-ze anos, bonita de rosto e de corpo, Vir-gínia costumava ir ao escritório da firma pegar um vale, quando queria dinheiro pra gastar à toa, essas coisas de mocinha, e numa dessas vezes aconteceu a paixão do doutor Santana, que não a tirou mais da cabeça. Nunca conseguia dormir di-reito.

Virgínia namorava um rapaz dois ou três anos mais velho, de nome Ronaldo ou Ronaldinho, caída dos quatro pneus, se diz. Foi a informação que obteve o doutor Santana, nas suas indagações a respeito dela, mas não se deteve no seu intento. .Não seria isso obstáculo ne-

O holocausto

JOSÉ NICODEMOS*

conto

nhum; falaria da sua intenção de casa-mento ao pai dela, e tinha a certeza de que, pela consideração mútua, daria tu-do certo. .

Como era de esperar: doutor Santana, mais do que um bom partido, uma como dádiva do céu, foi logo estabelecido o prazo do casamento, dali a uma semana. Tempo de reservar vaga no melhor hotel do Rio de Janeiro, para a lua de mel, de lá um passeio pela Europa.

Um homem rico, não contando que era viúvo sem filhos. Não se falava nou-tra coisa na cidade, até com notórias tintas de inveja. Era mesmo uma dádiva do céu. Mas também Virgínia era muito bonita, diziam, justificando-lhe a grande felicidade, ela moça pobre e sem relações na sociedade local.

Manhã da véspera do casamento, Vir-gínia saiu de casa dizendo que ia fazer umas compras. Deu meio-dia, e nada de

voltar. Os pais começaram a se preocu-par, não era do costume. Já de tardinha, nem notícia. Alvoroço total na cidade. Procura daqui, procura dali, e nada. Os pais já feito loucos. Meu Deus, que terá acontecido?

Desesperado, o noivo botara gente a procurar Virgínia por tudo que era canto e recanto, cidade e redondezas. Quase que se pode dizer que era a cidade toda, inteira, à procura dela. Homens, mulhe-res, crianças.

Boquinha da noite, a notícia como arrasou completamente a cidade, uma bomba de alta potência. O fogo do Juízo Final.

Virgínia fora encontrada morta en-forcada, o corpo dependurado de um galho, o mais alto e escondido do tama-rindo lá ao fundo da propriedade do pai. Um papel fechado na mão. Nunca se lhe soube o conteúdo.

O doutor, que não era doutor, Henrique Santana, viúvo ali pelos seus sessenta anos, dono de salina e de empresa de navegação em Areia Branca

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entrevista

EDY LEMOS

Por Higo LimaPara a Revista Domingo

‘Volto a Mossoró

para ficar’

Ele é daqueles que parece não ter nascido para ser pequeno. Começou a adolescência saltan-do de calouro para principal atração do Festival A Mais Bela Voz, ainda em Mossoró. Daqui, ele passou por Recife, quando as portas para os grandes palcos se abriram. Fez TV e logo se transformou no mossoroense mais visto na mídia nacional. Mas isso ainda não era o sufi-

ciente na carreira de Edmilson Lemos, que despontou no outro lado do Atlântico como Edy Lemos. Com uma presença de palco performática e notas altas, ele levou seu nome a mais de 100 países e, com a música “Conceição, nome de Santa”, vendeu mais de 80 mil cópias só em Portugal. Fez ami-zades com grandes nomes da música nacional e mundial; se apresentou em grandes casas de shows, mas ele quer mais: “quero que as novas gerações da minha cidade me conheçam. Quero me apre-sentar em Mossoró”.

DOMINGO – Dentro do Festival a Mais Bela Voz, você foi de calouro à principal atração. Como foi esse início da sua carreira?

Edy Lemos – Ganhei o concurso A Mais Bela Voz em 1979, à época eu ti-nha apenas 12 anos de idade, incen-

tivado pelo padre Américo Simonetti, que tinha muito carinho por mim. In-terpretei a canção “Solidão de Ami-gos”, uma música linda de Jessé. A participação fez muito sucesso e, de candidato, passei a ser uma atração do Festival, indo fazer participação em

todas as cidades onde tinham as elimi-natórias.

O FESTIVAL foi decisivo na sua es-colha de ser cantor?

A MINHA mãe sempre teve muito cuidado em nos educar com um bom

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entrevista

Português e dicção. Na verdade, eu re-alizei um grande sonho dela que era o canto. Mas o festival foi muito impor-tante sim. Devido meu talento e aten-ção do saudoso padre Américo, conse-gui uma bolsa de estudos no Colégio Diocesano, depois ingressei nos qua-dros da Marinha para exercer a função de datilógrafo. Cheguei ao posto de 1º cabo. Nunca quis seguir a carreira nas Forças Armadas, embora meus colegas sempre me incentivassem a seguir a carreira do canto dentro da Marinha.

...E POR que não seguiu?AH, não! Queria um canto livre,

mais autonomia para a minha arte e isso eu não iria ter dentro da Marinha porque não iria poder fazer tudo o que eu quisesse.

ENTÃO, quando resolveu sair da Marinha e seguir carreira?

TIVE coragem e tomei a decisão de sair. Um dia, no Recife/PE, eu conheci Ângela Maria e Calby Peixoto, conver-samos muito e ela me convidou para fazer backing vocal numa das casas de shows mais famosas da capital per-nambucana, à época. Era um espaço para grandes nomes da música brasi-leira e, claro, eu aceitei.

ALI foi onde você despontou na música?

ACREDITO que sim. No Recife eu comecei a ter contato com grandes no-mes da nossa música. De lá, em 1983, eu fui para o Rio de Janeiro e nessa época eu vivi uma grande agenda de apresentações e shows. Fiz programas de visibilidade nacional como Angélica, o Clube do Bolinha e o Show do Cha-crinha. No Chacrinha eu comecei indo como calouro e acabei voltando várias vezes depois como convidado.

SUA carreira também ganhou di-mensão na Europa. Como foi essa mu-dança de continente?

QUANDO eu ainda tava no Rio de Janeiro, dois grandes empresários de Portugal, João e Zé Guerreiro, viram uma das minhas apresentações e me convidaram para eu fazer parte do roll de artistas que se apresentavam na maior casa de shows de Portugal, a Brazilian Club, localizada em Porto. Eu aceitei e topei o desafio que deu certo.

MAS a sua carreira na Europa não se resume ao Brasilian Club, não é?

NA VERDADE, a minha carreira não se resumiu apenas à Europa. As portas para o mundo começaram a se abrir em Portugal, mas eu já me apre-

sentei em 187 países diferentes. Pouco tempo depois que eu cheguei em Por-tugal, lancei o meu primeiro LP de-pois de ter assinado contrato com uma grande gravadora de lá. O meu primei-ro contrato foi de 17 anos, isso é mui-to tempo. Já o meu primeiro trabalho veio com 12 faixas [entre regravações e letras autorais].

OS PORTUGUESES têm muito cari-nho com os artistas brasileiros, isso te ajudou por lá?

SEM dúvida. Olhe, Ivete Sanga-lo e Fafá de Belém são consideradas rainhas em Portugal. Roberto Carlos, então, nem se fala. Eu também tenho o meu espaço lá. Conquistei o públi-co com uma proposta diferenciada: me aproximo do público, interajo, canto sem microfone, faço chorar. Isso não é muito comum e isso foi ganhando plateias de todas as idades, gêneros e gostos diferenciados.

VOCÊ agora resolveu voltar a Mos-soró. Por que essa decisão depois de tanto tempo no mundo?

SE EU não tomasse essa decisão agora, dificilmente eu voltaria depois. Tem uma motivação familiar, mas tam-bém uma necessidade artística de que as gerações que vieram depois de mim conheçam o meu trabalho. Sou um ar-tista realizado porque me apresentei em lugares importantíssimos; convivi com grandes e consagrados nomes da

música brasileira e mundial, mas sabe qual é o meu maior sonho? Me apre-sentar no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.

SEU retorno a Mossoró é um novo rumo, então, para a sua carreira?

SEM dúvida. Talvez eu volte a lan-çar trabalhos no Brasil, mas quero que isso comece por Mossoró. Tenho muita vontade de conseguir um bom produtor(a) que me ajude nessa mis-são de construirmos algo belo para eu me apresentar aqui. Como fiz, em 2003, dentro da Catedral. O meu porto passará a ser Mossoró, embora eu vá precisar sempre viajar para me apre-sentar fora.

MESMO você estando fora, nunca saiu de Mossoró?

O MOMENTO mais importante da minha vida foi em 2003 quando can-tei no altar da Catedral de Santa Luzia. Era um sonho do padre Américo e eu fui o único artista a cantar lá dentro. Lembro que interpretei “Ai, Mouraria”, um lindo fado português, “Solidão de Amigos”, a música com a qual ganhei o Mais Bela Voz e ainda “Ave Maria”, aquela mesma versão que Fafá de Be-lém cantou para o Papa. Nesse ano, já fazia 10 anos que eu não vinha a Mos-soró, mas sempre mantive fortes la-ços com amigos e parentes. Inclusive a minha prima, a atriz Tony Silva, por quem tenho um grande amor.

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História

)) Edifício da Câmara dos Deputados, em Brasília

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Nenhum dos três parlamentares potiguares cassados na Ditadura foi à solenidade simbólica de concessão do mandato

poderDe volta ao

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Deputados do NE ainda vivos

João Machado Rollemberg Mendonça (Arena-SE)

Maurílio Figueira Ferreira Lima (MDB-PE)

Ney de Albuquerque Maranhão (Arena-PE)

Ney Lopes (Arena-RN)

1234

História

Ainda que lenta e timidamente, o Brasil começa a levantar sua dívida com as vítimas do regi-

me ditatorial. Recentemente, o Governo Federal outorgou a Comissão da Verdade, que investiga os crimes cometidos na-quele período e, nesta última quinta-feira, 6, a Câmara dos Deputados Fede-rais deu mais um passo, ao promover uma sessão solene para devolver simbo-licamente o mandato de 173 parlamen-tares cassados ao longo de quatro legis-laturas, entre 1964 e 1977, durante o regime.

Embora três potiguares sejam perso-nagens desse fragmento da nossa histó-ria enquanto integravam a antiga Alian-ça Renovadora Nacional (ARENA), ne-nhum deles esteve presente na sessão. Aluizio Alves e Erivan França já morre-ram e Ney Lopes ainda guarda consigo ressentimento daquele momento. “Ne-nhuma homenagem compensaria o so-frimento que passei”, diz.

Ney Lopes e outros 28 parlamentares são os únicos vivos daquele plenário. Eles foram vítimas do Ato Institucional nú-mero 5, o famoso AI5, que cassou o man-dato de parlamentares apenas por moti-vação política. “A razão da cassação é tudo que luto para saber”, diz Lopes que há 36 anos espera um pedido de descul-pas do Governo Federal ou mesmo uma explicação para o que aconteceu naque-le ano.

O seu colega de bancada Aluízio Alves também foi uma das vítimas e morreu sem saber a motivação. O filho Henrique Eduardo Alves (PMDB), que seguiu a car-reira do pai, hoje se articula para conse-guir a chefia da Casa e lamenta aquele ocorrido. “Foi uma das maiores violên-cias do processo revolucionário”, desa-bava.

Ney Lopes conseguiu voltar à política

)) Aluizio Alves foi eleito em 1966 e cassado em 1969

)) Ney Lopes foi eleito em 1974 e perdeu o mandato em 1976

em 1982, quando coordenou a campanha de José Agripino (DEM) para o Governo do RN. E, em 1986, voltou a pisar na Câ-mara dos Deputados Federais durante a Assembléia Nacional Constituinte.

Já, Aluizio, retomou ao posto de lide-rança política, sobretudo, ramificando a política nas novas gerações. “Graças a Deus e à força dele, eu e Garibaldi Filho pudemos continuar a sua luta e os seus ideais”, detalha Henrique Alves.

Todos eles foram eleitos ao Parlamen-to através do voto direto. As consequên-

cias daquele período postergaram por muitos anos. No caso de Ney Lopes, por exemplo, ele lembra que chegou a en-frentar dificuldades até mesmo para comprar um imóvel. “Fui morar na casa do meu sogro e lutar profissionalmente como advogado”.

O atual presidente da Casa, Marco Maia, defendeu que a devolução simbó-lica dos mandatos é um ato que busca “apagar a nódoa causada pelos gestos autoritários que muito nos envergo-nha.”

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especial

FABIANO MENDESEspecial para a revista DomingoProf. do Departamento de História – UernDoutorando em História Social – USP

Em março de 1936, o então Di-retor de Instrução Pública do Estado de Alagoas, Graciliano

Ramos, foi preso pelo governo Vargas, que começava a desenhar a fisionomia aditadora a ser assumida até 1945. Gra-ciliano se veria envolto numa névoa de perplexidade e resignação.

Resignação, porque mesmo fazendo parte do governo interventor, escolhido e orientado pelas diretrizes de Vargas, Graciliano reconhecia que sua postura no cargo assumido e nas ideias que divi-dia com outros intelectuais em Maceió despertavam, decerto, algum incômodo; perplexidade, porque se via como uma miúda peça conflitante numa engrena-gem gigantesca, um breve sussurro num coro de potentes vozes que defendiam a forma vigente de governo e o que ele aos poucos se firmava enquanto promessa num mundo antiliberal, cujas experiên-cias ultranacionalistas (fascista, na Itália e nazista, na Alemanha) mostravam-se como via que se consolidava no universo capitalista pós Primeira Guerra Mundial e pós Crise de 1929.

O que chocou a Graciliano e a muitos amigos e escritores da época foi o rumo que a prisão acabou tomando. Sem in-terrogatório, sem inquérito formal, o escritor e funcionário público se viu pre-so no Rio de Janeiro na condição de pe-rigo à segurança nacional. Assim descre-ve sua perplexidade diante da situação:

“Se todos os sujeitos perseguidos fi-

zessem como eu, não teria havido uma só revolução no mundo. Revolucionário chinfrim. Desculpava-me a ideia de não

pertencer a nenhuma organização, de ser inteiramente incapaz de realizar tarefas práticas. Impossível trabalhar em con-junto. As minhas armas, fracas e de pa-pel, só podiam ser manejadas no isola-mento. No íntimo havia talvez o incerto desejo de provocar a nova justiça inqui-sitorial, perturbar acusadores, exibir em tudo aquilo embustes e patifarias. Essa vaidade tola devia basear-se na suposi-ção de que enxergariam em mim um indivíduo, com certo número de direi-tos.”

Não enxergaram. Mas Graciliano também não enxergou o atrelamento entre suas ações, miúdas e isoladas, e seus romances, alvos de críticas positivas e enorme interesse, contendo profundas reflexões sobre os problemas nacio-nais.

Dos seus escritos lançados até então, São Bernardo era o que trazia, de modo mais explícito, o olhar sobre a inclinação autoritária da elite brasileira. Um pro-fundo estudo sociológico em forma de romance, que discutia a chegada do ca-pitalismo moderno no interior brasileiro e sua relação com práticas tradicionais de mandonismo local. Mas a consagração veio durante a prisão e depois dela, com o romance equilibrado entre estudo do social e profundidade psicológica, An-gustia, e Vidas Secas, o mais regional e ao mesmo tempo o mais universal de seus livros.

De certo modo, a honestidade realis-ta do escritor em Memórias do Cárcere, o põe em confronto consigo mesmo. Em 1945, quando o livro não havia sequer ganhado as primeiras linhas, seu autor lançava Infância. Nesse livro de memó-rias há uma passagem em que o Sr. Se-bastião Ramos, pai do menino Graciliano, tentar inculcar na criança a ideia de que

o aprendizado da leitura e da escrita po-dia servir como arma terrível no futuro. Lição aparentemente esquecida, o ho-mem de 1936, descrito pelo mesmo ho-mem mais de uma década depois, reco-nhecerá que a descoberta do poder de suas armas veio das palavras de um ad-vogado que desconhecia e, em verdade, o tinha como em lado oposto. Seu nome, Sobral Pinto, o advogado burguês que defendeu Luis Carlos Prestes, um dos principais dirigentes do Partido Comu-nista Brasileiro. Diz Graciliano:

“... Dias depois chamaram-me à se-cretaria. Aí se apresentou um cidadão magro, de meia altura, rosto enérgico, boca forte, olhos terrivelmente agudos. Sobral Pinto. Inquietou-me vê-lo perder tempo em visita a um preso vagabundo, refugo da Colônia Correcional: imagina-ra que apenas redigisse ou mandasse redigir uma petição de habeas-corpus. Estragava a manhã vindo falar-me. O advogado sentou-se, afastou essas la-múrias com um gesto seco, abriu a pas-ta e começou a interrogar-me. Era o primeiro interrogatório a que me sub-metiam. Ouvi perguntas e dei respostas embrulhadas; maquinalmente peguei uma folha de papel e um lápis; mas acha-va-me tão confuso que, referindo-me à Casa de Detenção, fiquei sem saber se devia escrever detenção com s ou ç. Ris-quei, tornei a riscar – a incerteza perma-neceu. No cipoal de questões enrasquei-me: - Ora, doutor, para que tantas minú-cias? Como é que o senhor vai preparar a defesa se não existe acusação? O ad-vogado estranhou a minha impertinên-cia. Em que país vivíamos? Era preciso não sermos crianças.

– Não há processo. – Dê graças a Deus, replicou o homem

sagaz espetando-me com o olhar duro de

120 anos de GRACILIANO RAMOSParte II - As armas, fracas e de papel

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especial

Caetés – escrito entre 1925 e 1928 – 1ª edição: 1933; atualmente está na 31ª edi-ção.

Caetés é o primeiro livro de Graciliano Ramos e tem forte ligação com tudo o que escrevera até então, talvez por isso tenha sido denominado muitas vezes “romance de costumes”. Apontado pelo próprio autor como livro menor que os escritos na década de 1930, a trama do romance escrito entre 1925 e 1928 tem duas linhas principais in-terligadas: o projeto da feitura de um ro-mance histórico, que acaba não se realizan-do; e o registro de fatos pessoais, a confissão de uma trajetória dissaborida. João Valério, protagonista e narrador de sua história, é guarda-livros do estabelecimento comercial Teixeira & Irmão, em Palmeira dos Índios. Colaborador na gazeta local, adentra em projeto de escrever um romance histórico, envolvendo os índios caetés e o Bispo Sar-dinha, morto em prática antropofágica. A empreitada de Valério malogra-se diante do reconhecimento do pouco talento para exe-cutá-la. Acaba, pois, escrevendo sua traje-tória arrivista que compreende a conquista de Luísa, esposa de seu patrão Adrião Tei-xeira. O livro, com passagens de humor cortante, é um amargo registro do encontro da tradição com a modernidade, da modor-

ra com o aconchego de novas tecnologias que chegam timidamente ao interior brasi-leiro. Em Caetés, Graciliano põe no formato do romance algumas ideias e personagens já expostas em crônicas, como a figura do intelectual de pouca monta que, por se vê um tipo diferente da maioria, iletrada ou voltada para as trivialidades do comércio ou da política, acaba por cultivar certo menos-prezo pela humanidade, representada na sociedade que o cerca e fornece-lhe material para seus escritos.

São Bernardo – escrito em 1932 – 1ª edi-ção: 1934; atualmente está na 88ª edição; desde 1936 foi traduzido em 09 países.

O romance nasce de um conto, ‘A carta’, que estava guardado numa gaveta. É nesse conto que está a figura de Paulo Honório, protagonista do romance de 1934, narrado em primeira pessoa. A trama de São Ber-nardo, homônimo da fazenda onde Paulo Honório trabalha quando jovem e que mais tarde seria sua propriedade, é marcada pe-la relação reificada com as pessoas que fre-quentam e habitam a fazenda. Paulo Honó-rio, segundo Antonio Candido, “é modali-dade de uma força que o transcende e em função da qual vive: o sentimento de pro-priedade”. E assim é em todo o romance: da

maquiavélica aquisição da São Bernardo junto ao proprietário falido, Padilha, à mes-quinha relação que tem com a esposa Ma-dalena, ex-professora que traz em si as benesses do saber e da solidariedade, atri-butos que Paulo Honório teima em taxar como sintomas de comunismo. O ciúme do proprietário acaba por provocar o suicídio de Madalena. Todos os sentimentos e ações revisitados formam a história contada por um homem solitário em sua fazenda, encra-vada no município de Viçosa-Al, pelos idos de 1930.

Angústia – escrito entre 1934 e 1936 – 1ª edição: 1936 (com o autor preso); atualmen-te está na 64ª edição; desde 1944 foi tradu-zido em 09 países. No mesmo ano de seu lançamento recebe o prêmio Lima Barreto, da respeitada Revista Acadêmica.

Luís da Silva é um dos infelizes que Gra-ciliano concebeu, ainda sem retoques, em meados dos anos 1920. Retornou dez anos depois para, na capital de Alagoas, sofrer os dissabores de uma vida medíocre, recheada de lembranças tristes do sertão e ornada pela ambição e inveja dos que juntam uma severa crítica de si mesmo à autoridade pa-ra julgar, condenar e punir. Luís da Silva é funcionário público, baixo clero, com algu-

Ramo por ramo de uma obra essencial

)) Graciliano Ramos escrevendo – Rio de Janeiro –Foto do Fundo Graciliano Ramos – Instituto de Estudos Brasileiros – IEB/USP

gavião. Porque é que o senhor está preso? – Sei lá! Nunca me disseram nada.

– São uns idiotas Dê graças a Deus. Se eu fosse chefe de polícia, o senhor estaria aqui regularmente, com proces-so. – Muito bem. Onde é que o senhor ia achar matéria para isso, doutor? – Nos seus romances, homem. Com as leis que fizeram por aí, os seus romances dariam para condená-lo.

Não me ocorrera tal coisa. Os meus romances eram observações frágeis e honestas, valiam pouco. Absurdo julgar que histórias simples, produto de mãos débeis e inteligência débil, constituíssem arma. Não me sentia culpado. Que diabo! O estudo razoável dos meus sertanejos mudava-se em dinamite. O duro juízo do legista esfriou-me: – Está bem. Não tinha pensado nisso.

Portanto, armas de papel, sim, mas fracas, não. Até hoje, Graciliano é um dos romancistas mais lidos do país. Especu-la-se que as várias edições de seus livros, no Brasil e no exterior, tenham chegado a cinco milhões de exemplares.

As principais obras de Graciliano Ra-mos, adiante arroladas e brevemente co-mentadas, ainda são as melhores guias para o conhecimento profundo de seu au-tor, mas não somente. Funcionam como deleite estético e fonte de conhecimento da primeira metade do século XX.

Elaboradas esmeradamente, consti-

tuíram-se tanto em ápices do chamado romance dos anos 30 e da literatura de memória e depoimento quanto em se-guros resultados de observações agudas do tecido social do sertão, das pequenas cidades do interior, dos grandes centros

e do meio intelectual. Graciliano atuou num período cujos ecos ressoam ainda hoje, assim como sua obra, cada vez mais entendida como fundamental no tocan-te ao reconhecimento de como nos tor-namos os brasileiros que somos.

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especial

ma visão política, mas nenhuma inclinação a pô-las em prática. Apaixona-se pela vizi-nha, Marina, moça fútil que chega a ser sua noiva. Marina é atraída pela conversa, o mise-en-scène e, sobretudo, o dinheiro de Julião Tavares, um sujeito gordo, filho de comerciante e que na trama funciona como o oposto de Luís da Silva: retraído, magro, de poucas posses. Narrado em primeira pes-soa, Angústia é um mergulho psicológico na perda de discernimento que as disputas so-ciais podem causar. Luís da Silva se trans-forma em assassino real após repassar mui-tas vezes o crime em sua mente, mas o pior não é necessariamente esse clímax, todo o livro atormenta ao mostrar vidinhas sem perspectiva girando ao redor da própria des-graça. Angústia foi todo construído sobre bases pessoais do próprio Graciliano. Isso dá um duplo papel ao livro: funciona em certos momentos como autobiografia psi-cológica do autor, mas também, e, sobretu-do, como salto do realismo brasileiro, ao fugir da aproximação do real um tanto em falso do romance social, sem, contudo, cair na espiral sem propósito do psicologismo.

Vidas Secas – escrito no ano de 1937 e montado em 1938 – 1ª edição: 1938; atual-mente está na 112ª edição; desde 1950 foi traduzido em 21 países, inclusive para o esperanto. Em 1962, recebeu o Prêmio da Fundação William Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Con-temporânea.

O romance, ou novela como preferem alguns, é a história da estada de retirantes de uma seca sem data numa fazenda aban-donada e encravada em um lugar sem nome. A família de retirantes – Fabiano, sinhá Vi-tória, o Menino mais velho, o Menino mais novo, a cadela Baleia – ficam todos no lugar até a chegada das primeiras chuvas. Nesse mesmo local, permanecem mais tempo com o consentimento do dono da terra que, tra-zendo seu gado de volta, permite que Fabia-no seja seu vaqueiro. A confusa e traumáti-ca relação com a cidadezinha mais próxima, a exploração sofrida junto ao patrão, ao co-merciante, ao soldado amarelo, ao fiscal da prefeitura, são esses os conflitos por que passa a gente narrada por Graciliano. No seu meio, o campo, o conflito é com o próprio meio, sempre os obrigando arribar. E é assim que termina essa saga sem fim nem come-ço, escrita entre 1937-38, na qual impera não somente a ação dolorosa do meio sobre o homem, e sim, a impotência do homem pobre, analfabeto, esmagado por uma forte tradição de relações, diante de outros ho-mens ditos fortes, sabidos, poderosos.

Infância – escrito durante a primeira me-tade da década de 1940 – 1ª edição: 1945; atualmente está na 41ª edição; desde 1948 traduzido em 04 países.

Livro de memórias, o projeto de Infância surgiu quando o escritor estava no processo final da feitura de Angústia, portanto pre-cede Vidas Secas. Mas o livro só se efetiva-ria na década de 1940. Os curtos capítulos abordam aspectos que autor considera como

fundamentais no reconhecimento de suas bases. Pode-se dizer que o fio condutor é a relação com a escrita, com a educação e com a justiça. Destaque para o caso do cinturão e para o doloroso processo de aprendizagem da leitura. Infância não conta apenas a pri-meira parte da trajetória de Graciliano, é verdadeiro depoimento das relações fami-liares e do universo escolar nos anos iniciais da República brasileira. A infância de Gra-ciliano, narrada ao longo de comoventes trinta e nove capítulos é também um pouco do painel social do nordeste brasileiro na infância da nossa política moderna.

Insônia – 1ª edição: 1947; atualmente está na 29ª edição; também publicado em Portugal e na França.

Perto do grande romancista que foi, Gra-ciliano Ramos não chegou a ser grande con-tista, como o foram Machado de Assis e Marques Rebelo. No entanto, alguns de seus contos alcançaram o público leitor por trazer convincente atmosfera de impotência dian-te dos fatos, como ‘Um ladrão’ e pela since-ridade dos seus temas, como ‘A prisão de J. Carmo Gomes’. Assim, os treze contos de Insônia, alguns escritos à época do cárcere, como ‘O relógio do hospital’, acoplam-se perfeitamente à sua escrita romanesca.

Memórias do Cárcere – escrito entre 1946 e 1951 – 1ª edição: 1953 (lançamento pós-tumo); atualmente está na 44ª edição; tam-bém lançado em Portugal e na França.

Confessou-me um grande professor de Sociologia que quando ocorreu o golpe civil-militar na aurora de abril de 1964, ele aca-bara de reler Memórias do Cárcere. A sen-sação que lhe ficou foi: “vai acontecer tudo de novo”. Com seus mais de 230 persona-gens, o longo livro assombra pelo realismo e pelo tom distanciado que assume, mesmo sendo narrado em primeira pessoa. O Gra-ciliano que vemos sofrer várias humilha-ções, juntamente com seus companheiros, comove menos pela descrição dos maus tra-tos do que pelo esforço em ver e mostrar as ambiguidades humanas aflorarem num am-biente cuja privação põe todos, carcereiros e encarcerados, num labirinto cujo objetivo é fazer perder, aos poucos, a noção e o de-sejo de liberdade. Graciliano não poupou ninguém, nem a si mesmo. O livro fala da mesquinhez de uns companheiros, da gran-deza de uns pilantras, da honradez de uns militares, mas não se resguarda da denún-cia ao descrever pormenorizadamente os intestinos de um Estado que se preparava para a ditadura. Mais ou menos uma década após o lançamento do livro e três dos fatos nele narrados, o Brasil experimentaria outra lufada ditatorial. O professor estava certo, aconteceria tudo de novo.

Linhas Tortas – 1ª edição: 1962; atual-mente está na 19ª edição. (coletânea de Crônicas e artigos organizada por Ricardo Ramos)

Crônicas, artigos e críticas formam essa obra que revela a evolução do autor em cam-pos paralelos ao do romance. A primeira

parte do livro organizado por Ricardo Ra-mos, ‘Linhas Tortas’, compreende as crôni-cas da juventude, quando Graciliano conta-va com 23 anos. Escritas para jornais de Maceió e do Rio de Janeiro elas são o que se espera do gênero: uma dedicação ao acon-tecimento sem, contudo, ser notícia; um monólogo fruto de olhos e ouvidos atentos às cores do mundo e ao movimento da cida-de, às gentes que postas no papel fazem extraordinário o dia a dia. ‘Traços a Esmo’ é o título da segunda parte, análoga à pri-meira quanto a forma, com as significativas diferenças de o autor contar agora com 28 anos, ser viúvo e pai de quatro filhos e a circulação das crônicas, bem como seu uni-verso temático, restringir-se a Palmeira dos Índios, cidade onde gerencia a loja de tecidos Sincera. A terceira parte não tem um título que constranja os artigos e críticas escritos quase todos na década de 1940. Pode-se dizer que esses escritos são os textos de opinião do autor e reforçam tanto sua posi-ção na política quanto na literatura brasilei-ras. Os destaques são os textos de oposição a alguns artigos de Mário de Andrade, crí-ticas a Machado de Assis e o artigo sobre o fator econômico na literatura brasileira.

Viventes das Alagoas – 1ª edição: 1962; atualmente está na 19ª edição. (quadros e costumes do Nordeste – coletânea organi-zada por Ricardo Ramos).

Após a prisão, e até o fim da vida, Gra-ciliano passou por vários apertos financei-ros. Dividia seu dia em turnos, esquartejan-do-se em vários empregos e ocupações. Uma dessas ocupações foi a escrita de vários ar-tigos para a revista do Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, entre 1941 e 1943. O periódico Cultura Política, veículo oficial do Estado Novo, tinha uma missão bastante clara: mostrar o Brasil aos brasi-leiros, e para tal fim o governo não hesitou em chamar intelectuais de vários matizes. Divididas em várias sessões – algumas des-tinadas a dogmatizar os princípios do Esta-do Novo e a grandeza de Vargas – a revista era a oportunidade de Graciliano fazer caixa, pagar as contas e ainda escrever utilizando o governo sem necessariamente estar es-crevendo para o governo. Assim, a coluna ‘Quadros e costumes do Nordeste’, entregue aos cuidados do escritor, serviu menos para galvanizar o Estado Novo que para Gracilia-no poder descrever aspectos pouco conhe-cidos do Nordeste enquanto lhes criticava o atraso e o excesso de tradicionalismo. Vi-ventes das Alagoas traz a totalidade dessas crônicas e, na parte final, oportuniza pela primeira vez o leitor conhecer os famosos relatórios do prefeito Graciliano Ramos, es-critos entre 1928 e 1930.

Garranchos – 2012. (Coletânea de textos não publicados – organizada pelo pesquisa-dor Thiago Mio Salla).

O livro é uma grata surpresa para o ano em que se comemoram os 120 anos do velho Graça. O pesquisador Thiago Mio Salla, quando da escrita de sua tese de doutora-mento, anexou ao trabalho final possivel-

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especial

mente a totalidade dos escritos graciliânicos ainda inéditos, garimpados em pesquisa no Instituto de Estudos Brasileiros – IEB/USP, guardião do acervo do escritor – eu mesmo pesquisei nos manuscritos e, sem saber do processo de lançamento do livro, que corria em segredo editorial, gastei muito a retina

decifrando a letra cheia de curvas de Graci-liano. Ver todo aquele material organizado, publicado e comentado, é um alívio. O re-sultado é uma espécie de Linhas Tortas – vol. II, que traz várias facetas do escritor (do autor de tiradas rápidas no periódico de Pal-meira dos Índios, no início dos anos 1920,

ao membro do Partido Comunista e presi-dente da Associação Brasileira de Escritores – ABDE). A partir de textos que vão da dé-cada de 1910 à de 1950, temos em mãos mais uma oportunidade de conhecer vários Gracilianos que se juntam, ao final, num só todo coerente.

O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, começa seu poema em homena-gem a Graciliano com uma misteriosa des-crição das escolhas do mestre: “falo somen-te o que falo: / com as mesmas vinte palavras / girando ao redor do sol / que as limpa do que não é faca.” O que pode parecer misté-rio numa primeira olhada é, na verdade, uma bela e precisa definição do estilo do autor de Vidas Secas: as poucas palavras (seus livros não são volumosos, à exceção de Me-mórias do Cárcere) a serviço de um corte profundo e preciso – palavras funcionando como gume de faca limpa, livre da oxidação do exagero descritivo e da crosta do exces-so de vozes. Os livros de Graciliano são qua-se monotonais, solitários, presos quase sempre a uma única garganta pouco afeita ao falatório e ao enfeite. Isso lhe valeu a alcunha de um autor seco.

Em entrevista de 1948, Graciliano defi-ne assim seu processo de escrita, uma ver-dadeira busca por essa secura:

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira la-vada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no

novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a rou-pa lavada na corda ou no varal, para secar.

Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

Tal retidão está, contudo, a serviço do mergulho em mentes tortuosas, contraditó-rias, envoltas em sombras, assombrações vindas de desejos cuja satisfação encontra-se tão distante quanto escondida. As persona-gens de seus romances, afeitas ao delírio e à ação interna em forma de monólogo, não po-deriam ganhar uma enxurrada de palavras. Graciliano queria tratar da mesquinhez, da seca, da violência, do isolamento, da injustiça; para tanto, utilizou-se de palavras precisas e parcas, alinhando ao conteúdo sofrido uma forma rigorosa, em constante regime, orien-tada pela magreza. Isso não diminui o volume

de informações em suas obras, que mesmo pouco tentacular, não descura das possibili-dades que o contexto oferece aos envolvidos na trama. Se essas possibilidades são poucas é porque o Brasil e o Nordeste de então, onde passam as histórias de seus tristes heróis, ofereciam mesmo poucas zonas de escape.

As transposições para o cinema de Vidas Secas (1963), São Bernardo (1972) e Memó-rias do Cárcere (1984) respeitaram essa economia, apostando no silêncio e nas lacu-nas. Os filmes são calados, abertos, muito claros ou muito escuros, funcionando em favor do desconforto.

Sendo utilizada para dizer, como bem definiu o mestre, a palavra, perigosa em sua essência, não corre solta nas planícies gra-ciliânicas. Constantemente vigiada, funcio-na como munição precisa de suas armas de papel. Graciliano mais acertou que errou nos alvos das questões humanas e nacionais. Escreveria mais se mais tivesse vivido? Não é bom especular. O que temos em mãos já é o suficiente para, através do incômodo do silêncio e do inquietante vazio que preenche suas obras, mantermo-nos ocupados, dis-cutindo o passado e o presente à luz de su-as palavras faca.

Pesquiso o homem e o escritor Graciliano Ramos há pelo menos dez anos. Nesse tempo, deparei-me com cerca de quinhentos estudos sobre o autor e sua obra. São livros, artigos, trabalhos acadêmicos que passeiam por di-versas áreas: da psicologia à geografia, da história à semiótica, da estilística à ciência política. Eu mesmo contribuí com uma ínfima porcentagem para que esse número surpre-endente de textos sobre Graciliano aumentas-se, chegando um pouco mais próximo dos campeões Machado de Assis, Guimarães Rosa, Mário de Andrade e Euclides da Cunha. Mas não se trata de uma corrida de números ou de uma produção vencedora pela quantidade.

As pesquisas e os textos sobre Graciliano Ramos avolumaram-se à medida que o autor foi mais e mais sendo descoberto. E com essa descoberta veio o reconhecimento de sua im-portância para as letras brasileiras, mas também para as ciências sociais brasileiras. Graciliano não foi um “intérprete do Brasil”, como o fora um Sérgio Buarque de Holanda, um Gilberto Freyre, um Caio Prado Júnior ou um Oliveira Viana, mas a sua obra deixou como legado uma compreensão de Brasil que poucos intelectuais, acadêmicos ou não, conseguiram deixar.

Elegi quatro trabalhos, de áreas distintas,

que considero fundamentais no processo de aproximação desse autor aparentemente fá-cil, cujos espinhos, diferentemente do man-dacaru, estão do lado de dentro.

Ficção e Confissão, de Antonio Candido.No final dos anos 1950, o famoso crítico

literário reuniu todos os seus artigos sobre Graciliano até então publicados e os pôs a serviço de uma ideia original: o conjunto da obra do escritor alagoano orbita em torno da equação perfeita entre confissão e ficção, ou seja, o realismo de Graciliano não consegui-ria escapar plenamente da escrita sobre si mesmo. Assim, seus livros flagrantemente autobiográficos não só estariam a serviço da compreensão dos ficcionais, mas estes últi-mos ajudariam também no entendimento daqueles, que seria, em última instância, o entendimento do próprio escritor.

O Velho Graça, de Dênis de Moraes.Uma biografia respeitada, o Velho Graça

surgiu em 1992, ano do centenário do escri-tor. O livro volta agora às livrarias, ampliado, revisto, com uma entrevista inédita, de 1944. O objetivo de Moraes é contrabalançar a tra-jetória de escritor com a de cidadão, político,

marido e amigo. A imagem a que se chega não desmonta a de um Graciliano seco e re-traído, apenas a relativiza, mostrando que havia um campo de força ao seu redor que, se transposto, revelaria um sujeito amável e de humor contagiante.

Uma História do Romance de 30, de Luis Bueno.

Graciliano é uma importante parte desse todo monumental que é essa obra. Bueno orientou-se na negativa de o romance de trinta ser uma etapa evolutiva do modernis-mo iconoclasta dos anos 1920. O autor de São Bernardo está espalhado por todo o livro e num longo capítulo destinado à análise de seus romances escritos na década que definiu os rumos do romance brasileiro.

Graciliano Ramos: estrutura e valores de um modo de narrar, de Fernando Cristóvão.

Trabalho acadêmico do estudioso portu-guês Fernando Cristóvão, o livro tenta aliar semiótica e interpretação textual. Assim, análises intra e intertextuais trabalham à exaustão na tentativa de decifrar o processo de feitura das obras e seu funcionamento como discurso.

Para melhor entender Graciliano

A economia literária do mestre do silêncio

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12 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de dezembro de 2012

RAFAEL DEMETRIUS

sua carreira

x

No final do ano as empresas costumam reunir os colegas de trabalho em uma confraternização lon-ge da formalidade do trabalho diário, algumas vezes

até um amigo secreto é feito para animar a festa, tanta des-contração pode ser um perigo para quem não sabe lidar com os limites. Para quem acha que esses encontros são oportuni-dade para beber e aproveitar, saiba que é preciso ter cuidados. O bom senso deve ser usado nessas situações, que podem se tornar verdadeiras armadilhas profissionais. Apesar das festas acontecerem, na maioria das vezes, em locais fora da empre-sa, não deixa de ser um momento delicado, já que envolve pessoas que convivem em um mesmo ambiente de trabalho. Veja dicas de comportamento nas festas de final de ano da empresa e cuidado para não pagar nenhum mico.

Tente usar uma roupa bem à vontade. Você pode usar uma coisa casual, porém não muito ousada. Evite transparências, decotes muito profundos, algo que choque as pessoas que não estejam acostumadas a lhe ver desse jeito. Não exagere na maquiagem nem na produção, seja o mais natural possível. Pense no que o seu chefe iria pensar, por exemplo, se você fosse com aquele vestido bem indiscreto para trabalhar.

O funcionário deve aproveitar a festa com alegria e discrição. A ocasião é de comemoração, mas não deixa de ser uma extensão do ambiente de trabalho. As empresas fazem as festas com o intuito de comemorar metas conquistadas durante o ano, mas, o funcio-nário deve lembrar que está sendo observado em todos os momen-tos e que no outro dia o expediente volta ao normal.

A escolha da roupa certa é sempre uma dúvida tanto para chefes quanto para funcionários. Muita gente fica indecisa sobre a for-malidade das peças. O cenário de confraternização é sempre o de um ambiente agradável. Por isso, dispense exageros, escolha um visual alegre, mas que seja adequado na cor, no comprimento e principalmente sem transparências.

O final do ano também é a época do "Amigo Secreto". Nesse caso, o primeiro pensamento costuma ser a dúvida sobre a participação. Se um funcionário não está em condições financeiras ou não quer participar do evento, falar a verdade é a melhor saída. Para os funcionários que tirarem os chefes também é importante alguns cuidados. Caso a relação com o patrão não seja tão próxima é preciso cautela na hora de escolher o presente. Extravagâncias podem ser recebidas de forma inoportuna. A simplicidade é sem-pre o melhor caminho. Procure não dar nada muito pessoal e nem fugir do preço estipulado para todos os participantes.

Mesmo em confraternizações, o comportamento não pode exceder os limites da boa convivência, da educação e da etiqueta profissio-nal. Procure chegar no horário marcado para o início da festa. Quinze minutos de tolerância são permitidos, porém os atrasos deixam os organizadores ansiosos e são sinais de pouco caso.

A preocupação em se comportar bem não deve ser apenas dos funcionários, mas também dos patrões e gerentes. A etiqueta va-le para todos os convidados. Porém, os líderes devem ter um pou-co mais de cuidado. Os líderes são exemplos para as equipes e seu comportamento é observado e copiado pelos seus liderados. O chefe tem ainda a missão de deixar todos à vontade, mas sem ser insistente, apenas intermediando relacionamentos.

As brincadeiras que ridicularizam a outra pessoa também devem ser evitadas. Ofensas pessoais estão fora de cogitação, é preciso se colocar no lugar do outro. Mesmo sendo um evento informal, há necessidade de respeito.

A bebida alcoólica é o item que mais traz apreensão entre os con-vidados. Normalmente, os piores deslizes nessas ocasiões são re-lacionados com o consumo exagerado. No mercado competitivo, cada detalhe diferencia um profissional do outro na hora de uma promoção, por exemplo. Por isso questões comportamentais têm um peso importante. Logo, não vale arriscar à carreira e a imagem profissional. Cada empresa possui uma cultura diferente. Inde-pendente de ser mais conservadora ou não, o profissional precisa ter consciência que o seu comportamento reflete na imagem.

A bebida alcoólica é o item que mais traz apreensão entre os con-vidados. Normalmente, os piores deslizes nessas ocasiões são re-lacionados com o consumo exagerado. No mercado competitivo, cada detalhe diferencia um profissional do outro na hora de uma promoção, por exemplo. Por isso questões comportamentais têm um peso importante. Logo, não vale arriscar à carreira e a imagem profissional. Cada empresa possui uma cultura diferente. Inde-pendente de ser mais conservadora ou não, o profissional precisa ter consciência que o seu comportamento reflete na imagem.

O fato de você estar em um ambiente mais descontraído não sig-nifica que seu chefe deixe de ser seu superior. As suas atitudes fora do escritório podem ter peso na sua avaliação dentro dele, então nada de exagerar na bebida e pagar mico, na segunda-feira você certamente se arrependerá disso.

Roupa Certa

Confraternização

Roupa

Amigo Secreto

Comportamento

Hierarquia

Brincadeiras

Bebida Alcoólica

Bebida Alcoólica

A Bebida e o mico

Festas de confraternização:

como se comportar adequadamente

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pois, norte-americanos, ao invés de criar, de inventar as próprias alternati-vas para os seus problemas e dificulda-des.

Se dermos um salto de quatro déca-das, veremos que outro pensador, e esse um educador de ofício, Mario Sergio Cor-tella, tem reafirmado, em suas palestras e livros, que o grande problema da edu-cação escolar brasileira não é de crise, mas, sim, do(s) modelo(s) de educação escolar que temos adotado. Nossos mo-

delos educacionais têm esquecido algo elementar: as crianças reais do país real em que vivemos: o Brasil. Um país onde cerca de 80% das crianças de periferia, que cursam o segundo ano do ensino fundamental, têm mais escolaridade que os pais. Isso não é crise. Isso é modelo falido desde sempre. Pergunto: será que não temos teorias demais, pedagogias demais, investigações demais, psicolo-gias demais sobre educação escolar e, infelizmente, atitudes de menos?

13Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de dezembro de 2012

VALDO BARCELOS *

Não. A educação escolar brasi-leira não está em crise – vou usar a expressão educação

escolar, porque educação é algo que vai além da escola. A escola é um dos luga-res onde a educação acontece. Dito isso, volto a reafirmar: a educação escolar brasileira não está passando por uma crise como tanto se escuta e se lê dia-riamente. Mas por que estou afirmando com tanta veemência que a educação não está em crise, se a maioria dos es-pecialistas no assunto e, também, os comunicadores dizem o contrário?

A razão é simples e tem a ver com a palavra crise. Se fosse uma crise, já teria passado. Algo que se prolongue por mui-to tempo não pode ser chamado de cri-se. Crise é algo que se resolve dentro de um espaço de tempo não muito longo. Resumindo: crise é algo que sempre é passageiro.

O que está acontecendo com a edu-cação escolar no Brasil vem de muito longe. Vem dos tempos do Império. Tem a ver com a própria origem dos primei-ros modelos de educação que foram im-plantados por essas Terras Brasilis. As-sim, nossa situação de precariedade na educação escolar é decorrente do mo-delo, ou melhor, dos modelos que foram adotados desde sempre.

Vale ressaltar que isso que estou afir-mando não é nenhuma novidade. Pelo menos para quem tem se preocupado, realmente, em estudar e tentar enten-der com seriedade e honestidade o que acontece com a sociedade brasileira em geral e com a educação escolar em par-ticular. Senão, vejamos: o antropólogo e pensador Darcy Ribeiro (1922-1997) já dizia, nos idos da década de 70, que o Brasil padecia de uma doença crônica que era a tendência a copiar e imitar os modelos, primeiro de além-mar e, de-

Educação em crise? )(

* Valdo Barcelos é escritor e professor da UFSM.

artigo

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DAVI MOURA

14 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de dezembro de 2012

adoro comer

Com esse lance de Adoro Comer, muita gente pergunta se eu sei cozinhar. Não vou mentir: sou mais de comer do que de cozinhar, muito embora saiba fazer algumas poucas coi-sas. A galera me cobrava, dizia que eu deveria logo vender comida, porque com certeza ia ser bom. Demorou, demorou, mas absorvi a ideia e resolvi entrar em uma parceria com minha irmã, Ana Cristina. Ela já vinha com uma ideia fixa de vender brigadeiros e eu comprei a briga. Depois de muita pesquisa, andar bastante no sol, preços etc. etc. etc., tiramos o final de semana para os testes e em breve publico o final da nossa aventura, agora já valendo pra encomendas. Só digo uma coisa: sua vida vai ficar muito mais doce!

Duas dicas de sobremesas para você que degustou um bom almoço no nosso shopping. A primeira é o Petit Gateau do Pittsburg. O bolinho vem cremoso por dentro – como deve ser – e há opções de cobertura. Fuja do tradicional e escolha caramelo, não dá pra se arrepender. A outra é que há um tempão eu já paquerava o banner do Bob’s mostrando o novo sabor – goiaba. Neste fds, depois do Petit, resolvi ar-riscar, com muita expectativa, pois tudo com goiaba é sem-pre muito bom. Olha… não sei se foi a expectativa ou a quantidade de açúcar no sangue já, mas foi normalzinho. O sabor é suave, lembra goiaba sim, mas pronto. Não achei tão marcante, mas de qualquer forma fica a dica pra quem não gosta muito de doces bem doces.

Há um tempinho que venho me comunicando com o amigo Jonatã Canela, da Tr3s Consultoria. Um projeto maravil-hoso que funciona em Natal. A empresa trabalha de diversas formas, desde a criação de um simples cardápio à abertura de um restaurante do zero, sempre com muita criatividade. Os sócios reformulam cardápios que já existem tornando os pratos mais atraentes, criam cardápios para eventos temáti-cos, elaboram fichas técnicas para saber o custo de cada preparação, realizam treinamentos da brigada de cozinha, recrutamento de pessoal e tudo o mais que esteja relacio-nado ao operacional e que o contratante ache que precisa melhorar. Os idealizadores têm formação em Gastronomia e ampla atuação na área: Fernando Emerson, Jonatã Canela e Pedro Kummer. Fique ligado, empresário. Se quiser uma visita dos meninos, entre em contato com o Adoro Comer que a gente providencia tudo.

Nessa vida de blogueiro de gastronomia, uma das principais coisas a se fazer é buscar referências. Existem grandes profis-sionais Brasil afora e a gente acaba fazendo amizade com vários deles. Pesquisando sempre mais, achei um dos mais fofos sites de todos os tempos e com receitinhas práticas para até o mais leigo dos leigos conseguir executar. É o Monta Encanta! O blog, além de mostrar locais gostosos mundo afora, dá várias dicas espertas para comidinhas rápidas e baratas. As idealizadoras são 3, sendo uma do Brasil e outra que mora na Flórida: Caca, Fabby e Rosi. São amélias modernas, adoram fazer festinhas, inventar novidades, arrumar a casa e transformaram esse gos-to em um hobby delicioso. A proposta delas, no geral, é ajudar o leitor a ter uma mesa perfeita, como aquelas das revistas, ou uma festa esplêndida sempre de forma rápida e gastando pou-co. Acesse o http://www.montaencanta.com/ e se apaixone também! Ah, e a receita de hoje, o sushi de pão, também é de lá. Aproveite!

Adoro Comer Brigaderia

No Mossoró West Shopping

Tr3s Consultoria

Monta Encanta1

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Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

Parece que foi ontem, mas a Adoro Comer Comunicação já está com cinco meses de funcionamento. E pra comemorar, recebemos o nosso mais novo integrante. Saulo Vale, estudante do curso de Jor-nalismo (UERN), vem somar à equipe com seus conhecimentos no setor de Assessoria e Clipping. Saulo mantém um blog sobre políti-ca e assuntos atuais e sua capacidade de escrita, principalmente, foi o fator decisivo na hora de trazê-lo ao grupo. Olha só o resto da equipe: Davi Moura (uhu), Sáskhia Torquato, redação e mídias so-ciais, e Amanda de Lima, direção de arte. Atuamos em três frentes de trabalho: Publicidade e Gestão de Marca, Assessoria de Comu-nicação e Mídias Sociais, com clientes do segmento de Gastronomia, Entretenimento, Lazer e afins. E vamos que vamos!

Adoro Comer ganha novo integrante

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15Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de dezembro de 2012

adoro comer adoro comer

INGREDIENTES

• Pão de Forma branco e Integral• Pepperoni• Peito de peru• Presunto• Queijo prato• Alface• Pepino• Gergelim para decorar• Maionese, requeijão ou cream cheese• Sal e pimenta do reino• Azeite

MODO DE FAZER

• Retire as cascas do pão ou já compre o pão sem cascas. Vale salientar que pão branco é mais fácil de enrolar do que o integral;• Corte o pepino em tirinhas e reserve;• Abra o rolo de papel filme e coloque duas fatias de pão juntinhas. Use o cream cheese/requeijão/maionese para grudar as duas fatias;• Passe o rolo, amasse bem os pães, espalhe a maionese e vire. Repita o processo;• Após virar, tempere com sal, pimenta do reino ou tempero pronto e, após isso, passe um pouco mais de cream cheese;• Para a montagem, coloque os ingredientes em cima, como se montasse um sanduíche;• Com a ajuda do papel filme, enrole o pão formando rolinhos e aperte bem;• Retire o papel filme e passe no gergelim. Corte do tamanho que preferir.

Sushi de pão

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