Revista CALEBE 02

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SETEMBRO de 2009 Ano 1 Nº 2

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11 – A REALIZAÇÃO DA CRUZ

04 - BIOGRAFIA

12 - DÚVIDAS DOS LEITORES

Hudson Taylor

Salmo 8:5

John Stott

O Censo de Israel

15 - DEVOÇÃO OU REVOLTA:As duas opções diante das perplexidades da vida

18 - NOVOS TEMPOS, VELHAS CRENÇASCrítica do Neo-Paganismo sob uma Ótica Cristã

25 - ARQUEOLOGIA BÍBLICAO Jardim do Éden

“antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,

estando sempre preparados para responder a todo aquele que

vos pedir razão da esperança que há em vós”

I Pe 3:15

07 - COMENTÁRIO BÍBLICO

06 - PARA FAZER PENSAR E AGIR

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 Hudson Taylor ames Hudson Taylor,nasceu em 1832, nacidade de Barnsley, em

Yorkshire, na Inglaterra. Era defamília metodista, e recebeumuita influência espiritual deseus pais e avós, bem comoseus irmãos William e Amélia.Seu pai, um farmacista, sempreteve preocupação com acondição espiritual da China, esempre que tinha oportunidade,realizava reuniões especiaispara discutir como poderiaajudar aquele tão grande país.Quando Hudson tinha apenascinco anos, ele disse ao seu pai:―Quando eu crescer serei ummissionário na China‖. Apesardesta afirmação, os anos deadolescência de Hudson foramconturbados, e as influências deamigos não lhe ajudaram.

Porém, sua mãe e irmã nãocessavam de interceder por ele.

Em junho de 1849, aosdezessete anos, ao ler umfolheto escrito pelo seu paiacerca da obra de Cristo,Hudson compreendeu o planoda salvação, e como resultado,entregou sua vida a Jesus.Neste mesmo ano, sentiu achamada do Senhor para

trabalhar como missionário naChina. Ao dizer sim à chamada,começou a se preparar emtodos os aspectos de sua vida, afim de atingir o objetivo deevangelizar a China. Logocomeçou a aprender oMandarim através de uma cópiado Evangelho de Lucas. Hudsontambém soube da grandenecessidade de médicos na

China, e assim começou aestudar medicina, a fim de estarpreparado para o campo em queiria trabalhar.

Seu treinamento médicocomeçou na cidade de Hull econtinuou em Londres. Além

disso, estudou Teologia, Latim eGrego. Por saber que deveriadepender totalmente de Deuspara o seu sustento diário naChina, Hudson muitas vezescolocava-se em situações paraprovar sua própria fidelidade econfiança em Deus. Enquantoestava em Hull, viviabasicamente se alimentando deaveia e arroz, e grande parte doseu salário ofertava para a obrado Senhor. Um certo dia,quando evangelizava os pobres,um certo homem lhe pediu quefosse orar por sua esposa queestava morrendo em casa. Aochegar ali, viu uma casa cheiade crianças passando fome, e amãe que estava muito enferma.Compadecido daquela situação,depois de orar, tirou do seubolso a única moeda que tinha,

o sustento da semana, eofereceu ao casal.Milagrosamente, naquelemesmo dia, alguém lheprocurou e trouxe um envelopecheio de dinheiro. Estaexperiência ensinou a HudsonTaylor que Deus era o seuprovedor.

No dia 19 de setembro de1853, com 21 anos, e associado

à Sociedade de EvangelizaçãoChinesa, Hudson Taylor partiupara a China a bordo do naviode carga chamado Dumfries.Após seis longos meses deviagem com intempéries eperigos de morte, ele chegafinalmente em Xangai. Ao  juntar-se com outrosmissionários ingleses,residentes daquela mesma

cidade, Hudson notou a grandedeficiência da evangelização nointerior do país. Nesta época, aChina estava passando pormomentos tumultuosos, eXangai havia sido tomada porrebeldes. Por isso, todos os

missionários estavam nascidades da costa, e envolvidosmais com o comércio e a políticaexterna, do queverdadeiramente com aevangelização da nação.

Ponderando tudo isso emseu coração, Hudson decidiuque haveria de trabalhar nointerior da China, onde oevangelho não tinha sidolevado. Assim, ele começou oseu trabalho distribuindoliteratura e porções bíblicas paraas vilas ao redor de Xangai,sendo uma delas Sungkiang. Aoestar no meio do povo, ele notoucomo as pessoas o olhavamdiferente por causa de suaroupa ocidental. Sendo assim,ele decidiu adotar os costumesda terra, vestindo-se como umchinês, deixando seu cabelo

crescer e fazendo uma trança,como os outros chineses. Esteato conquistou o respeito demuitos chineses, porém, para osmissionários ocidentais, umafalta de senso.

Em 1856, Hudsoncomeçou a trabalhar na cidadeproeminente de Ningpo. Ali, secasou em janeiro de 1858 com asenhorita Maria J. Dyer, filha de

missionários, porém orfã, quetrabalhava numa escola parameninas. Um ano depois,Hudson assumiu a direção daMissão Hospitalar de Londresem Ningpo. Não só Deus oprosperou, como muitos dosdoentes aceitaram a Jesus e serecuperaram de suasenfermidades. Ele começou aorar por mais missionários para

o país.Depois de estar sete anosna China, Hudson regressou àInglaterra por motivos de saúde.Ao partir em 1860 para aInglaterra, não imaginava queestaria seis anos longe do

J

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campo. Apesar da distância, oseu coração estava ligado àChina. De frente a um mapa danação, todos os dias ele orava,pedindo que Deus enviassepessoas dispostas a ganhar asalmas chinesas. Juntamentecom o Sr. F. Gough, Hudson feza revisão do Novo Testamento

para o chinês e escreveu váriosartigos sobre as missões naChina.

 __________________ 

―Ao recrutar algunsmissionários, Taylor

viu a necessidade de

ter uma missão quesuportasse edirecionasse essesnovos missionários‖

 __________________ 

Ao recrutar algunsmissionários, Taylor viu anecessidade de ter uma missãoque suportasse e direcionasse

esses novos missionários nointerior da China. Para este fim,é que a ―Missão para o Interiorda China‖ foi fundada. Durante otempo que esteve na Inglaterra,enviou cinco obreiros para aChina, e em 1864, Hudsonpediu a Deus 24 missionários,dois para cada província jáevangelizada no interior e doispara a Mongólia. Deus assim

cumpriu o seu desejo, e em 26de maio de 1866, Hudson eMaria, seus quatro filhos e os 24missionários estavamembarcando no navioLammermuir em direção àChina.

Estabelecidos em Ningpoe em Hangchow, o trabalhomissionário começou a seexpandir para o sul da província

de Chekiang. Dez anos depois,o norte de Kiangsu, o oeste deAnhwei e o sudeste de Kiangsitinham sido alcançados.

Em um período de trêsanos, Hudson sofreu a perda de

sua filha mais velha Gracie, seufilho Samuel, seu filho recém-nascido, e em julho de 1870,sua esposa também morre decólera. Mesmo passando poreste vale, Hudson Taylor nãodesistiu de sua chamada para agrande China.

Em 1871, quando voltava

para visitar o restante de seusfilhos que haviam sido enviadosà Inglaterra, Taylor teve aoportunidade de viajar com umagrande amiga e missionária naChina, Jennie Faulding, com aqual se casou em 1872 naInglaterra. Entre 1876 e 1878muitos outros missionáriosvieram dar o seu apoio nocampo, vindos de todas as

partes do mundo. Hudsonesteve por alguns mesesacometido de uma enfermidadena coluna, a qual o paralisou,porém, ainda na cama, eleconseguiu enviar dezoito novosmissionários para a China.Milagrosamente, depois demuitas orações, Deus o curou eele voltou a caminhar comsaúde completa.

Em 1882, Hudson orou aoSenhor por 70 missionários, efielmente Deus proveu osmissionários e o suporte paracada um deles. Em 1886,Hudson toma outro passo de fé,e pede ao Senhor 100missionários. Milagrosamente,600 candidatos se escreveramvindos da Inglaterra, da Escóciae da Irlanda, se prontificandopara o trabalho. Em novembrode 1887, Hudson anunciaalegremente a partida dos cemmissionários para a China.

O trabalho da Missão seespalhou por todo o interior dopaís, segundo o desejo deHudson Taylor, e no final doséculo, metade de todos osmissionários evangélicos dopaís estavam ligados à Missão.

Em outubro de 1888,

depois de haver visitado osEstados Unidos e Canadá,Hudson parte mais uma vez emdireção à China, acompanhadode sua esposa e mais 14missionários. Durante os

próximos quinze anos, Hudsondispendeu o seu tempovisitando a América, Europa eOceania, recrutandomissionários para China. Odesafio agora não era apenasde cem, mas de milmissionários.

Em abril de 1905, com 73

anos, Hudson Taylor faz a suaúltima viagem à China. Suaesposa Jennie havia falecido, eele tinha passado o inverno naSuécia. Seu filho Howard, queera médico, juntamente com suaesposa, decidiram acompanharHudson nesta viagem. Aochegar em Xangai, ele visita ocemitério de Yangchow, ondesua esposa Maria e quatro de

seus filhos foram sepultados,durante o seu trabalho naquelegrande país. Após haverpercorrido todos as missõesestabelecidas pela sua pessoa,Hudson Taylor, estabelecidoagora na cidade de Changsa,deitou-se numa tarde de 1905para descansar, e deste sonoacordou nas mansões celestiais.

 __________________ 

―Em 1882, Hudsonorou ao Senhor por70 missionários, e

fielmente Deusproveu os

missionários e osuporte para cada um

deles‖ __________________ 

A voz que cinquenta edois anos atrás havia dito aHudson Taylor: ―Vai à China‖,agora estava dizendo: ―Bemestá, servo bom e fiel. Sobre opouco fostes fiel, sobre muito tecolocarei; ENTRA NO GOZO

DO TEU SENHOR!‖

Fonte:http://www.sepoangol.org/hudson.htm

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Prezado Robson,Paz esteja contigo,Estou com uma dúvida e 

acho que você pode me ajudar acerca do salmo 8:5, sobre um suposto erro de tradução.

O nome  “Deus”  aparece em muitas traduções, como na 

Almeida que tenho em casa.Alguns dizem que na realidade o nome Deus deveria ser trocado por  “seres celestes”  ou “anjos” . Até aí tudo bem, mas, a nota da ARA que traz o nome de Deus no versículo, diz que no original o termo a ser traduzido é elohim. Agora começa a dúvida. Se esse nome é  “elohim”  ele se refere a Deus? Então a tradução está ou não errada? 

Atenciosamente, H.S.W.

Graça e Paz irmão,Obrigado pelo seu e-mail.

Em primeiro lugar, o termo

que aparece no texto é ~yi  ho l/  a.

Esse é o termo traduzido como―Deus‖ (elohim).

Em segundo lugar,

vejamos as traduções bíblicasem português, acima.Em terceiro lugar, vejamos

a definição da palavra elohim(deus) de acordo com o Strong'sHebrew and Greek Dictionaries:

―deuses no senso ordinário;mas especificamente quandoutilizado no plural eespecialmente com o artigosignifica Deus supremo;

ocasionalmente aplicado porvia de deferência paramagistrados; e às vezescomo um superlativo: anjos,Deus, deuses, juízes.‖

Vejamos, ainda, o sentido

da palavra elohim (deus) deacordo com o Brown-Driver-Briggs' Hebrew Definitions:

- Original:- Transliteração: 'elohiym- Fonética: el-o-heem'- Definição:1. (plural)

regras, juízes, divino, anjos,deuses2. (plural intensivo -significado singular)deus, deusa, div ino,trabalhos ou possesespeciais de Deus, o(verdadeiro) Deus, Deus

Portanto, a palavra elohim oueloah (forma singular), podesignificar: Deus, deus, deuses,

anjo, anjos, juízes.Assim sendo, ambas as

traduções estão corretas. Tantoé correto traduzir ―menor do queDeus‖ como também ―menor que os anjos‖.

Vejamos, ainda, o que R. NChamplin nos diz acerca dotermo ―elohim‖:

―É patente que El é a raiz dessenome de Deus, que está no plural.Tem o sentido de ―poderoso‖ ou―forte‖. Todavia, os eruditos nãoconcordam entre si quanto ànatureza exata da combinação.Elohim é a forma plural de Eloá.Alguns têm pensado que essapalavra significava forte. A formaplural, além de ser um pluralmajestático também indicavadeuses, um emprego legítimo nohebraico. Contudo, reiteramos que,nos escritos em hebraico, o nome

de Deus torna- se maisproeminente quando está em suaforma plural, porquanto tem entãouma função aumentativa. No plural,esse vocábulo hebraico tambémera usado para indicar os anjos,como representantes de Deus,

além de serem, eles mesmos,grandes poderes espirituais. Porsemelhante modo, os magistradoshumanos podiam ser assimchamados, meramente por causada idéia de ―força‖ ou ―autoridade‖,neles investida e não por seremdivindades. Interessante é o usoque Jesus fez do termo, na citação

que aparece em João 10:34,35, deSalmos 82:6, que alude aospoderes humanos como ―deuses‖ ...Algumas vezes, a l iteraturaugarítica trazia o uso aumentativoda palavra elohim, que algunsestudiosos chamam de ―pluralmajestático‖. Em Deu. 4:35,39; 1Reis 8:60; 18:39; Isa. 45:18,encontramos menção a Deus, como uso dessa palavra no plural.Porém, em trechos como Êxo.18:11; 20:23; 1 Sam. 4:8; 11 Reis18:33, etc., os deuses pagãos sãomencionados. A mesma palavraenvolve juízes ou governanteshumanos, conforme se vê em Êxo.21:6 e 22:28. Os anjos também sãochamados assim, em Jó 1:6; 2:1 e38:7. Ver também Sal. 82:6. ONovo Testamento, seguindo aSeptuaginta, cita Salmos 97:7 comouma alusão aos anjos; e, naquelesalmo, aparece a palavra hebraicaelohim...‖

(CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia deBíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 2.págs. 343,344)

Segundo Harris, Archer eWaltke o termo elohim significa:Deus, deuses, juízes e anjos.Também, por 2570 vezes naBíblia o termo é utilizado com osentido de divindade. Porém,frequentemente é um termo que

acompanha o nome pessoal deDeus, Yahweh (Jeová), sendo aexpressão favorita da Bíbliapara se referir aos títulos.Vejamos:

―elohim. Deus, deuses, juízes,

Salmo 8:5“Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e

de honra o coroaste.” (RA)

“Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra

o coroaste.” (RC)

“Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste deglória e de honra.” (NVI)

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Revista e Corrigida

―vemos, porém, coroado de glória ede honra aquele Jesus que forafeito um pouco menor do que osanjos, por causa da paixão damorte, para que, pela graça deDeus, provasse a morte por todos.‖

(Hb 2:9)

O texto de Hebreus nãoestá dizendo que Jesus é umacriatura (um ser criado), masque para poder morrer na cruz,―por causa da paixão da morte‖,―por  causa do sofrimento damorte‖, Ele nasceu em forma dehomem e, portanto, comohomem foi feito menor que osanjos.

Mas, menor em quesentido?

Ora, se o homem comumfoi coroado de ―glória e dehonra‖, quanto mais JesusCristo ao se fazer homem, edando a própria vida por amorao homem.

Considero muitoimportante atentarmosespecialmente para doisversículos de Hb 2. Vejamos:

―vemos, todavia, aquele que, porum pouco, tendo sido feito menorque os anjos, Jesus, por causa dosofrimento da morte, foi coroado deglória e de honra, para que, pelagraça de Deus, provasse a mortepor todo homem.‖ (Hb 2:9)

―Visto, pois, que os filhos têmparticipação comum de carne esangue, destes também ele,

igualmente, participou, para que,por sua morte, destruísse aqueleque tem o poder da morte, a saber,o diabo‖ (Hb 2:14)

Já que o texto de Salmosnos diz que o homem foi feito―menor  do que Deus‖ e que aeste homem Deus coroou de―honra e glória‖. O mesmo sepode dizer da natureza humanade Jesus Cristo. Observe bem:

―natureza humana‖.Como homem, Jesus

passou a sangrar (Jo 19:34),suar (Lc 22:44), sentir dor física(Mt 27:26), sentir fome (Mt 4:2),sentir sede (Jo 19:28), sentir

sono (Mt 8:24) etc. Por estarazão, Ele tornou-se menor doque Deus, menor que os anjos,  já que o Pai celestial, e osanjos, não sangram, não suam,não sentem dor física, nãosentem fome, não sentem sedenem sentemsono.

Como homem, porém

perfeito, Jesus Cristo venceu amorte.

Jesus Cristo tornou-semenor do que o Pai por não ter,temporariamente, a glória que oPai tem. Entretanto, continuoucom os atributos Divinos emSua natureza.

Observe que o próprioJesus disse:

―e, agora, glorifica-me, ó Pai,contigo mesmo, com a glória queeu tive junto de ti, antes quehouvesse mundo.‖ (Jo 17:5 – RA)

―E, agora, glorifica-me tu, ó Pai,  junto de ti mesmo, com aquelaglória que tinha contigo antes que omundo existisse.‖ (Jo 17:5 – RC)

Portanto, Jesus foi feito

menor por estar,temporariamente, sem a glóriaque tinha com o Pai. Por isso,não é correto afirmar que Jesusperdeu Sua divindade enquantoencarnado.

A Kenosis, doutrina doesvaziamento de Cristo, afirmaque Ele esvaziou-se da Glória,mas não da Divindade.

É importante observar queHb 2:14 diz que Jesus se fezcarne, pois ―teve participaçãocomum de carne de sangue‖, eque este foi o propósito principalde Cristo ao assumir essacondição inferior, a deincapacitar, quebrar o poder etornar inoperante o Diabo esuas obras.

Ainda, apesar de umacerta semelhança, enquanto otexto de Sl 8:5 fala sobre o

homem, o texto de Hb 2:9 falade Jesus.

Por último, tenhoobservado há alguns anos quesempre que alguns estudantesda Bíblia se deparam com

passagens mais difíceis de seentender sempre têm buscadorefúgio na seguinte afirmação:―foi erro de tradução‖. Emmuitos casos, esse tipo deafirmação é tendenciosa, e podelevar à outras conclusões.

Considero perigoso seguirpor esse caminho.

Entendo, todavia, queexistem palavras que não forambem traduzidas em algumasversões da Bíblia, comoLeviathan, que não é umcrocodilo, e Behemoth, que nãoé um hipopótamo (Jó 40 e 41),mas não podemos sempreafirmar isso em primeirainstância.

Como pudemos ver, não

existe má tradução nesse caso,  já que a palavra pode sertraduzida das duas formas. Oque houve foi uma máinterpretação, na tentativa deassociar Salmos e Hebreus paradar a entender que Jesus, emSua natureza, é menor queDeus ou que os anjos. Assim,poderíamos finalizar dizendoque Jesus ‗foi‘ menor que o Pai

e os anjos enquanto homem, eapenas em Sua naturezahumana. Nunca em Suanatureza Divina.

Vemos em Colossenses1:19 e 2:9 que Jesus possuitodos os atributos que o Pai.

Assim, Jesus torna-semenor fisicamente, mas nãoespiritualmente.

Considero de muitaimportância atentar para osignificado dos termos ―Filho dohomem‖ e ―Filho de Deus‖,quando aplicados a Jesus, poismostram Sua natureza humanae sua natureza Divina,respectivamente.

Espero ter podido ajudar.

Que Deus te abençoe rica e

abundantemente.

Prof. Robson T. Fernandes

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Curso de ApologéticaBásico e Extendido

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início uma nova era.Esse novo dia é o "dia da

salvação" (2 Coríntios 6:12), eas bênçãos "de tão grandesalvação" (Hebreus 2:3) são tãoricamente diversas que nãopodemos defini-lasadequadamente. Seriamnecessários muitos quadrospara retratá-las. Assim como aigreja de Cristo é apresentadana Escritura como a sua noiva eo seu corpo, como as ovelhas

do seu rebanho e os ramos dasua videira, como a sua novahumanidade, sua casa oufamília, como templo do EspíritoSanto e pilar e fortaleza daverdade, da mesma forma asalvação de Cristo é ilustradaatravés da vivida imagem determos como "propiciação","redenção", "justificação" e"reconciliação", os quais se

constituem o tema destecapítulo.Além do mais, apesar de as

imagens da igreja seremvisualmente incompatíveis (nãopodemos perceber o corpo e anoiva de Cristo ao mesmotempo), contudo, por trás detodas encontra-se a verdade deque Deus está chamando umpovo para si mesmo, assim

também apesar de as imagensda salvação seremincompatíveis (justificação eredenção conjuramrespectivamente mundosdiversos da lei e do comércio),contudo, por trás de todasencontra-se a verdade de queDeus em Cristo levou o nossopecado e morreu a nossa mortea fim de nos libertar do pecado eda morte. Tais imagens sãoauxílios indispensáveis àcompreensão humana dessadoutrina. E o que transmitem,por serem dadas por Deus, éverdadeiro. Entretanto, nãodevemos deduzir dessa

afirmativa que compreender asimagens é esgotar o significadoda doutrina. Pois além dasimagens da expiação jaz o seumistério, as profundasmaravilhas que, penso eu,haveremos de explorar por todaa eternidade.

Acho que o termo"imagens" da salvação (ou daexpiação) é melhor que "teorias"da salvação. Pois teorias emgeral são conceitos abstratos e

especulativos, ao passo que asimagens bíblicas da obra daexpiação de Cristo são quadrosconcretos, e pertencem aosdados da revelação. Não sãoexplicações alternativas da cruz,que nos provêem uma variaçãoda qual escolhermos, mascomplementares, cada umacontribuindo com uma parte vitalao todo. Quanto às imagens, a

"propiciação" nos introduz aosrituais de um sacrário, a"redenção" às transações domercado, a "justificação" aosprocedimentos de um tribunalde lei, e a "reconciliação" àsexperiências de casa oufamiliares. Meu argumento éque a "substituição" não é uma"teoria" ou "imagem" que devaser colocada ao lado das outras,

mas, pelo contrário, ofundamento de todas elas, semo qual perdem a força deconvencer. Se Deus em Cristonão tivesse morrido em nossolugar, não poderia haverpropiciação, nem redenção,nem justificação, nemreconciliação. Além do mais,todas as imagens têm início noAntigo Testamento, mas sãoelaboradas e enriquecidas noNovo, particularmente ao seremdiretamente relacionadas aCristo e à sua cruz.

Trecho do Livro: A cruz de Cristo deJohn Stott. Editora Vida. págs.72,73.

 John Stott Movido pela perfeição do

seu santo amor, Deus em Cristosubstituiu-se por nós,pecadores. É esse o coração dacruz de Cristo. Ele nos levaagora a nos voltarmos doacontecimento para as suasconseqüências, do queaconteceu na cruz para o queela alcançou. Por que tomouDeus o nosso lugar e levou onosso pecado? O que realizouele com seu auto-sacrifício e

sua auto-substituição?

 __________________ 

“Movido pela

perfeição do seusanto amor, Deus

em Cristo

substituiu-se pornós, pecadores. Éesse o coração da

cruz de Cristo.”

 __________________ 

O Novo Testamento dá trêsrespostas principais a essasperguntas, as quais podemos

resumir com as palavras"salvação", "revelação" e"conquista". O que Deus fez emCristo por meio da cruz é salvar-nos, revelar-se a si mesmo evencer o mal. Neste capítuloenfocaremos a salvaçãomediante a cruz.

Seria difícil exagerar amagnitude das mudançasocorridas como resultado dacruz, tanto em Deus quanto emnós, especialmente nos tratosde Deus conosco e em nossorelacionamento com ele.Verdadeiramente, quando Cristomorreu e ressurgiu dentre osmortos, raiou um novo dia, teve

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Graça e paz! amigo irmão,Minha dúvida é acerca do censo feito em Israel por Davi: emum texto fala de 1.100 mil homens + 470 mil em Judá. Jáem outro fala de 800 mil + 500 mil em Judá.Como se explica isso?Seu irmão, J.A.

e Benjamim.No texto de 1Cr 27:1-15

encontramos o número de288.000 soldados + 12.000 quetinham sido designados paraJerusalém, segundo o texto de2Cr 1:14, o que totaliza os300.000 que ―faltam‖ no texto de1Cr 21:5.

Em resumo, Samuelapresenta o número dorecenseamento sem os 288.000e os 12.000 citadosanteriormente, enquanto que1Crônicas faz a contagemcontabilizando os 288.000 maisos 12.000.

Vejamos as contas:800.000 (2Sm 24:9) + 288.000(2Cr 1:14) + 12.000 (1Cr 21:5) =1.100.000 (1Cr 21:5)

Em terceiro lugar, 1Cr 21:5cita os 470.000 sem contabilizaros 30.000 do exército efetivo deJudá (2Sm 6:1).

Sendo assim, vamos ascontas:470.000 (1Cr 21:5) + 30.000(2Sm 6:1) = 500.000 (2Sm 24:9)

Assim sendo, não existenenhuma contradição no texto,

mas apenas algumas―guarnições‖ que não foram

citadas por motivos específicos.Quais foram esses motivos?2Sm 24:9 diz que os

800.000 eram ―homens deguerra‖ e os 500.000 estavamem Judá.

Ora, o termo ―homens deguerra‖ se referia a todo aqueleque estava apto para a guerra,ou seja, poderia ser empregadono combate rápida eprontamente, o que não era ocaso dos 288.000 que tinham aincumbência de servir ―ao rei emtodos os negócios‖ (1Cr 27:1), eos 12.000 que tinham aincumbência de guardarJerusalém, não de ir para aguerra.

Esses homens poderiam irpara a guerra?

Sim, mas em último caso,porque era preciso uma

guarnição para cuidar deJerusalém, para que ela nãoficasse desguarnecida (12.000)e tropas para cuidar do rei ecumprir as tarefas por eledesignada, enquanto os outros,

Graça e Paz J.A.,Obrigado pelo seu e-mail.

Em primeiro lugar, vejamosos textos:

―Deu Joabe ao rei o recenseamentodo povo: havia em Israel oitocentosmil homens de guerra, quepuxavam da espada; e em Judáeram quinhentos mil .‖ (2Sm 24:9)

―Deu Joabe a Davi orecenseamento do povo; havia emIsrael um milhão e cem mil homensque puxavam da espada; e emJudá eram quatrocentos e setentamil homens que puxavam daespada.‖ (1Cr 21:5)

Em segundo lugar,precisamos observar um dadoimportante citado no texto.Vejamos:

―Porém os de Levi e Benjamim nãoforam contados entre eles, porque aordem do rei foi abominável aJoabe‖ (1Cr 21:6)

Aqui entendemos que nacontagem apresentada no textode 1 Crônicas não sãocontabilizadas as tribos de Levi

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(GEISLER, Norman & HOWE,Thomas. Manual Popular deDúvidas, Enigmas e"Contradições" da Bíblia. pág.115)

e) O censo e a praga (2Sm24.1-25)

1. DAVI FAZ ORECENSEAMENTO DAPOPULAÇÃO (2Sm 24.1-9).

Segundo parece a naçãoofendera já muito a Deus (1) e opecado de Davi, ao contar opovo, torna-se o pretexto parauma punição geral. Deus, paraprovar o caráter de Davi,permite que este seja tentado.

De acordo com 1Cr 21.1"Satanás se levantou contraIsrael e incitou Davi a numerarIsrael". O recenseamento levadoa cabo por Davi tinha por motivoo orgulho e o desejo degrandeza. Davi insistiu emcontar o povo apesar dossolenes avisos de Joabe e doconselho dos seus oficiais. Aatitude de Joabe conta muito a

seu favor (3, Cf. 1Cr 21.3).Demonstra as excelentesqualidades que possuía se bemque estas fossem largamenteanuladas pela sua ambição,crueldade e espírito dominador.Joabe e os seus homenscumpriram fielmente as ordensque o rei insistia em dar-lhescontra o seu bom aviso (4).Dentro de nove meses e vintedias (8) voltaram a Jerusalémcom o resultado do censo: Israelpossuía 800.000 homenscapazes de prestar serviçomilitar e Judá 500.000. Osresultados diferem dosapresentados em 1Cr 21.5,segundo os quais Israelpossuiria 300.000 a mais e Judá30.000 a menos. Muitoscomentadores explicam adiferença atribuindo-as

simplesmente a erro do texto ouda tradição oral. Muitas podemser as explicações dasdiscrepâncias, entre as quais asseguintes: 1. podem ter-se feitoduas contagens, uma para as

listas particulares das váriascomunidades que semencionam em Crônicas, e aoutra para os registros públicos;2. 2Sm 24.9 pode não incluir astribos de Benjamim e Levi, tribosque seriam incluídas em 1Cr21.5; 1Cr 3. Crônicas podeincluir os homens não israelitas

das dez tribos; 4. o exércitoregular de 288.000 homens (1Cr27.1-15) pode incluir-se nonúmero dado em 1Cr para Israele excluir-se em 2Sm; e os30.000 homens comandadospelos trinta heróis (1Cr 11.25)podem estar incluídos em Judá,segundo Samuel, mas excluídosem 1Cr 21.5. Trata-se,evidentemente, de conjecturas;

mas conjecturas úteis namedida em que nos mostramque é possível explicar adiscrepância sem pôr em dúvidaa correção dos números. Têm-se levantado objeções quantoao número de homens em idadede prestar serviço militar,argumentando-se implicar eleuma população de pelo menosseis milhões de habitantes,

número que se julga excessivopara um pequeno país como aPalestina. Considerada,contudo, a grande fertilidade daterra, o número é aceitável;disso são prova as inumeráveisruínas de cidades e vilas aindaexistentes.(DAVIDSON, F. O NovoComentário da Bíblia. págs.509-510)

Espero ter podido ajudar.

Que Deus te abençoe rica eabundantemente.

Prof. Robson T. Fernandes.

800.000, estavam em combate.Já imaginou se todos

fossem para a guerra? Ascidades e o rei ficariam semproteção.

Ainda, 2Sm 24:9 éespecífico ao afirmar que em―Judá eram quinhentos mil‖.

Ora, 1Cr 21:5 diz que em

Judá ―eram quatrocentos esetenta mil homens quepuxavam da espada‖, ou seja,homens comuns, cidadãos, queestavam aptos a ir para aguerra.

Além dos cidadãos, haviammais 30.000 que faziam parte doexército regular, que estavambaseados em Judá.

Portanto, quando 2Sm 24:9

diz que em ―Judá eramquinhentos mil‖, estáapresentando a soma total dehomens, em Judá, que―puxavam da espada‖.

Vejamos, por fim, doiscomentários bíblicos a respeito:

Esta discrepância decorre dofato de quem se incluía em cadarelato. No registro de 2 Samuel,

o número de homens valorososque puxavam da espada era800.000, mas este número nãoincluía o exército permanente de288.000 descrito em 1 Crônicas27:1-15, nem os 12.000 quetinham sido especificamentedestacados para Jerusalém,referidos em 2 Crônicas 1:14.Incluindo-se estas parcelas,chega-se ao total de 1.100.000homens valorosos, queconstituíam o exército total dehomens em Israel.O número de 470.000 citado em1 Crônicas 21 não incluía30.000 homens do exércitopermanente de Judámencionado em 2 Samuel 6:1.Isso é evidente pelo fato de queo autor de Crônicas mencionaque Joabe não tinha completadoa contagem dos homens de

Judá (1 Cr 21:6). Assim, todosos números estão corretos, deacordo com os grupos queforamneles incluídos oudeles excluídos em cadarelatório.

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Revista CALEBE  – Setembro de 2009 14

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Os salmos 1 e 2 formamuma introdução apropriadapara o livro de Salmos. Umavez que o livro como um todose preocupa com os conflitosexistenciais do homem, não éde admirar que o EspíritoSanto propusesse, em seuinício, as duas únicasmaneiras pelas quais oindivíduo pode fazer frente àsperplexidades da vida. Ambospoemas tratam de revoltacontra Deus e da devoçãoque Lhe é devida; em ambostransparece o tema da justiçaretributiva de Deus e dafutilidade da existênciahumana independente dEle. A

bem-aventurança com que seinicia o primeiro, encerra osegundo.

 __________________ 

“Deus é soberano,

longânimo para como homem, justo em

sua avaliação eretribuição darebeldia humana.”

 __________________ 

No salmo 1 as duasmaneiras de encarar a vidaaparecem num planoindividual, contrastando ohomem que pauta sua vidapela Lei do Senhor comaquele que O despreza. Nosalmo 2, as duas maneirassão projetadasnacionalmente, em termos da

submissão dos povos ao  justo governo de Deusatravés do Seu Ungido. Ointer-relacionamento dos doisprimeiros salmos, portanto,não parece ser meracoincidência.

É claro que o editor finaldo saltério quis comunicaratravés deles um referencialpara a vida feliz: a submissãoa Deus, quer mediante aabsorção pessoal de Suavontade revelada nasEscrituras, quer pelaobediência voluntária ao reinoteocrático estabelecido porEle, produzirá uma vida derealização pessoal que só

pode ser expressa pelaexpressão hebraica áshrê,que sugere uma alegria vindado próprio céu.

Fruto ou Palha?

O salmo 1 nos apresentaa avaliação divina de doistipos de homens. O primeiro

rejeita o mal e concentra seuspensamentos e imaginaçãona aplicação pessoal da Leide Deus; o segundo não ofaz, identificando-se com osque rejeitam a companhia e ocontrole de Deus em suavida.

A avaliação certamente ésugestiva: o primeiro écomparado a uma árvorefrutífera, bem suprida emsuas necessidades dealimento e capacitada paraatingir o pleno potencial a eladesignado por Deus (a

palavra hebraica usada paradescrever este tipo dehomem indica algo ou alguémque é fiel a um padrão, que écomo deve ser!). O segundo,aos olhos de Deus, é inútilcomo a palha do trigo, que naPalestina antiga era lançadaaos ares do alto dos morros elevada, sem direção, pelovento. Que contraste!

O fim de suas vidastambém assinala profundocontraste; com o segundo,Deus não se envolve emamor, em autorevelação,mas em castigo, trazendo adestruição de todos ossonhos, filosofias e

expectativas que constituemo caminho dos ímpios. Jácom o primeiro, há umenvolvimento e aprovaçãoespeciais, expressos napalavra conhecer (cf. 2Timóteo 2.19).

O indivíduo realizado éaquele que renuncia àsconcepções humanistas dos

desligados de Deus, àconduta dos desviados deDeus e à companhia dosdesprezadores de Deus.

Embora tal renúncia nospossibilite investir energias ededicar tempo à busca e àprática da vontade de Deus,obtendo assim nossarealização, traz também ainimizade e hostilidade doímpio, como o restante dolivro de Salmos deixaentrever e como afirmou oSenhor Jesus (Mateus 5.10;7.13-14) e o apóstolo Paulo

Carlos Osvaldo Pinto

“Seja o indivíduo, seja a nação, os dois primeiros salmos enfatizam

a futilidade de existência independente de Deus”

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16

(2 Timóteo 3.12).

 __________________ 

“O indivíduo

realizado é aqueleque renuncia às

concepçõeshumanistas dos

desligados de Deus,à conduta dos

desviados de Deus eà companhia dosdesprezadores de

Deus.”

 __________________ 

Do indivíduo para a nação

As quatro cenasapresentadas no salmo 2 têmsido fonte de perplexidadepara muitos comentaristas.Um salmo cuja estrutura é tãoelaborada não poderia ser umacidente literário. Há nele aintenção de projetar arebeldia humana do coraçãodo indivíduo para a vida dasnações. Escrito e utilizadotendo em vista a coroaçãodos descendentes de Davicomo regentes de Yahweh, oSupremo Rei, este salmo vaialém do ungido humano para

nos mostrar o Ungido divino(cf. Atos 13.33), em quem as"fiéis promessas feitas aDavi" terão cumprimentototal.

Deus é soberano,longânimo para com o homem,  justo em sua avaliação eretribuição da rebeldia humana.Seu plano eterno é intervir naHistória de modo a demonstrar

definitivamente não apenas afragilidade do homem e quãohediondo é o pecado, mastambém que a essência darealização e felicidade para araça humana está na submissão

voluntária ao senhorio doMessias.

Pela perspectiva divina,este nosso mundo só seráradicalmente transformadoem sua estrutura pelaintervenção pessoal doMessias Divino.

Esforços libertários,sejam eles ideológicos outeológicos, de direita,esquerda ou centro, nãoproduzirão a Utopiaesperada. O fato de vivermosnos últimos tempos deve noslevar ao equilíbrio que evita apassividade diante docrescimento brutal dainjustiça humana e evitatambém um ativismoantropocêntrico ondequeremos tirar das mãos deDeus as rédeas do mundo.

 __________________ 

“No salmo 1 as duas

maneiras de encarara vida aparecem

num planoindividual,

contrastando ohomem que pauta

sua vida pela Lei doSenhor com aquele

que O despreza” __________________ 

Nossa missão é, aindahoje, a de convidar homens ase submeterem ao senhoriode Deus mediante a fé emCristo, nosso divino Messias,morto por nossos pecados eressureto ao terceiro dia,

segundo as Escrituras. Nelehá bem-aventurança – alegriacelestial – para todos, adespeito de sua condiçãopolítica, intelectual ou sócio-econômica.

 __________________ 

“No salmo 2, as

duas maneiras sãoprojetadas

nacionalmente, em

termos dasubmissão dospovos ao justo

governo de Deusatravés do Seu

Ungido.”

 __________________ 

Carlos Osvaldo Cardoso Pinto,carioca de nascimento e paulista deministério. Casado com Artemis, paide Lailah (sogro de Marcos),Yerusha e Tirzah. Graduado peloSeminário Bíblico Palavra da Vida(Bacharel em Teologia) e peloSeminário Teológico de Dallas(Th.M. e Ph.D.), serve a IgrejaBrasileira há 25 anos no SBPV epor meio de conferências e materialimpresso. Tem três livrospublicados pela Edições Vida Nova.

Gosta de ler, cozinhar, nadar equalquer esporte com bola.

LIVROS DE CARLOSOSVALDO CARDOSOPINTO:

Foco e Desenvolvimento noAntigo Testamento; Foco e Desenvolvimento noNovo Testamento; Estudos de Vocabulário do NovoTestamento; Fundamentos para Exegese doAntigo Testamento;

Fundamentos para Exegese doNovo Testamento; Pequeno Manual de Instruçõesde Deus sobre a Amizade; Pequeno Manual de Instruçõesde Deus sobre a Oração;

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MISTÉRIOS E ACONTECIMENTOSEXTRAORDINÁRIOS DA BÍBLIA 

Jonathan A. Michaels  As histórias impressionantes, os milagresdesconcertantes e as pessoas e seres misteriosos citadosnas páginas da Bíblia fazem com que o livro mais vendido no mundo seja também o mais fascinante detodos os tempos.

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intercambiável.

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Revista CALEBE - Agosto de 2009 18

Ricardo Quadros Gôuvea

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Introdução

Em 1925, o lendáriopensador cristão inglês G. K.Chesterton (1) afirmou que, senão houvesse sido pelosurgimento e fortalecimento daigreja cristã, a Europa teriacontinuado pagã, a civilização

ocidental não teria jamaisexistido na forma como aconhecemos, e, culturalmente,"a Europa seria hoje muitoparecida com a Ásia." (2)Chesterton sugeriu ainda que,se o paganismo clássicohouvesse se prolongado atéhoje [no ocidente]... haveriaainda pitagóricos ensinandoreencarnação, assim como

ainda há hinduístas ensinandoreencarnação na Ásia. Haveriaainda estóicos criando umareligião a partir da razão e davirtude, assim como ainda háconfucionistas na Ásia criandouma religião a partir da razão eda virtude. Haveria ainda neo-platonistas estudando verdadestranscendentes cujo sentidoseria misterioso para as outras

pessoas e disputado até mesmoentre eles, assim como ainda hábudistas na Ásia estudando umtranscendentalismo misteriosopara os outros e disputado atémesmo entre eles. Haveriaainda apolonianos inteligentesaparentemente adorando odeus-sol mas explicando que naverdade eles adoram o princípiodivino, assim como ainda há naÁsia zoroastrianosaparentemente adorando o solmas explicando que estãoadorando a divindade. Haveriaainda dionisíacos dançandoselvagemente nas montanhas,assim como ainda há na Ásiaderviches dançandoselvagemente no deserto.Haveria ainda multidões indo àsfestas dos deuses... e haveriamuitos deuses para serem

adorados, como há na Ásia,ainda pagã... Haveria aindasacrifícios humanos secretos aMoloque, assim como ainda hána Ásia sacrifícios humanossecretos à deusa Kali. Haveria

ainda muita feitiçaria, e boaparte dessa feitiçaria seriamagia negra. Haveria aindamuita admiração por Sêneca, emuita imitação de Nero, assimcomo na Ásia os elevadosepigramas de Confúciocoexistiram com as torturaschinesas. (3)

Talvez Chesterton nuncatenha chegado a perceber quesuas palavras eram proféticas. Acivilização ocidental há muito jácaminhava a passos largos paraum quadroimpressionantementesemelhante ao pintado por ele,um quadro que hoje é areprodução fiel da religiosidade

moderna. O que Chesterton nãopreviu foi que o chamado neo-paganismo teria característicasmuito piores que as do antigopaganismo — a cosmovisãoreligiosa da antigüidade quehavia sido posta de lado com osurgimento da igreja e aconversão da Europa aocristianismo. A casa foi varrida,mas, como nas palavras de

Cristo relatadas por Mateus, oúltimo estado tornou-se pior doque o primeiro (Mt 12.43-45).

I. Ascensão e Queda do neo-paganismo (e algumas questõesmetodológicas)

Uma das principaiscaracterísticas da chamada EraModerna (sécs.16 –20) foi osurgimento do neo-paganismo,cuja decadência estamos hojeassistindo naquilo que tem-sechamado de "Nova Era". Esse"movimento" religioso não é,portanto, genuinamente novo, enem é na verdade ummovimento, e, acima de tudo,não é de fato pós-moderno,como alguns têm sugerido. Opós-modernismo implica em iralém do beco sem saída damodernidade e inclusive da

típica religiosidade moderna..(4) A chamada Nova Era podeser tudo menos pós-moderna.Pelo contrário, ela émoderníssima. Mas, nesta fasede transição em que estamos

vivendo, ela representa omodernismo não no seuapogeu, mas sim na sua maiscompleta decadência. (5)

O neo-paganismo não énovidade. Trata-se, paracomeço de conversa, darecuperação e apropriação damentalidade religiosa da

antigüidade pré-cristã. Comoironicamente sugeriuChesterton, "trata-se de umaprofunda verdade que o mundoantigo era mais moderno que omundo cristão." (6) Isto é, aIdade Moderna está maispróxima do paganismo que docristianismo. Além disso, o neo-paganismo não é novo porqueesta recuperação e apropriação

tiveram início há seis séculosatrás, no princípio da chamadaIdade Moderna. Os primeiros aestarem envolvidos nesseprocesso de reapropriação dopaganismo foram os humanistasdos séculos XV e XVI. Numaatividade genuinamentearqueológica, esses pensadorese filólogos dedicaram suas vidasà recuperação da literatura e

cultura da antigüidade greco-romana. (7) Essa atividade nãoé condenável per se.. Porém,uma vez levada a cabo, permitiua reapropriação da mentalidadepagã por parte dos eruditoseuropeus da época quesentiam-se insatisfeitos com ocristianismo e a religiosidadeque lhes era oferecida. Emparte, essa insatisfação écompreensível, uma vez que aigreja da época vivia talvez amaior crise espiritual de suahistória. Mas nem todos oshumanistas sentiram-se atraídospela religiosidade pagã. Muitosconsideraram mais sensato lutarpor uma reforma eclesiástica eansiar por um avivamentoespiritual. Tanto o avivamentoquanto a reforma vieram por fima acontecer, fruto, em grande

parte, do esforço dessesmesmos pioneiros humanistas.Nesse sentido, os líderes daReforma Protestante tambémeram humanistas, sem deixaremde ser cristãos. (8) A verdade,

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porém, é que a semente do neo-paganismo foi igualmentelançada nos campos daintelectualidade européia, e osprimeiros frutos maduros dessasemeadura foram colhidos nosséculos subseqüentes, dandopor fim início ao movimentointelectual conhecido pelo nome

de Iluminismo.O Iluminismo do século

XVIII representou oestabelecimento definitivo doneo-paganismo como o idealintelectual por excelência damodernidade. (9) Todos os maisimportantes pensadoresiluministas ou rejeitaram ocristianismo por completo,trocando-o por uma mentalidade

religiosa pagã (Diderot,D‘Holbach, Hume), ouprocuraram adaptar a fé cristãàs concepções helenistasrecém-recuperadas eassimiladas, produzindoheterodoxias gritantes como odeísmo (John Locke, JohnToland, Voltaire, La Metrie ) e ateologia kantiana. (10) Amaçonaria é outra aberração

neo-pagã que teve origem noiluminismo francês. Tanto osteóricos da Revolução Francesaquanto os "Pais" federalistasamericanos, teóricos daRevolução Americana, estavamalicerçados na filosofiailuminista e no neo-paganismo.O Modernismo havia chegadoao seu apogeu. Os séculossubseqüentes, XIX e XX,assistiriam a partir de então aolento declínio da modernidade(o marxismo e o existencialismomarcam, por exemplo, e deformas diferentes, esse declíno).Entretanto, nunca o declínio doneo-paganismo esteve tãoevidente quanto agora, em queele se manifesta em suasformas mais cruas e vulgares,nos diferentes componentesdesse conglomerado de noções

religiosas pagãs que chamamosde Nova Era. Cabe-nos,portanto, enquanto pensadorescristãos, compreender anatureza do neo-paganismo, umaspecto importante da história

da teologia moderna, e tambémda realidade diária destestempos de transição em queestamos vivendo.

A Nova Era é, sem dúvida,um fenômeno cultural, mas nãoé propriamente uma religião,uma nova organização religiosa;não possui líderes explícitos,

membros, estrutura hierárquica,estatutos, confissão de fé, etc.Diferentemente do que muitoslivros evangélicos popularesquerem nos fazer crer, a NovaEra não é tampouco umaconspiração secreta. (11) Estetipo de sensacionalismoevangélico patrocinado pelaliderança de nossas igrejas,estimulado por outra falácia

teológica chamada "batalhaespiritual", possui um graveefeito nocivo. (12) Nós, cristãos,passamos a lutar contra uminimigo inexistente, umfantasma, uma ficção da nossaimaginação, em vez deenfrentarmos a verdadeira hordaque nos cerca. A miscelâniachamada Nova Era é compostade manifestações neo-pagãs

diferentes umas das outras, quevão desde popularizações dereligiões orientais como ohinduísmo, o budismo e otaoísmo, até as mais crassassuperstições pagãs comoastrologia, o poder curativo doscristais, adivinhações enecromancia. Nós, brasileiros,muito antes de importarmos dosEstados Unidos o conceito deNova Era, já estávamos hámuito tempo acostumados comas formas mais decadentes dareligiosidade moderna, pois oespiritismo é um excelenteexemplo de neo-paganismo. Doponto de vista apologético, cadauma dessas manifestações neo-pagãs deve ser combatida ederrotada individualmente, enão como uma amálgamainforme e uma abstração, como

freqüentemente tem acontecido.Isso não significa, por outro

lado, que o fenômeno nãopossa ser analisado do ponto devista antropológico, filosófico outeológico. Sem dúvida, cabe-nos

buscar compreender o neo-paganismo em termosgenéricos. Isso não écontraditório, pois esta análisenão tem por objetivo a mistura ea confusão das diferentesmanifestações neo-pagãs sobum mesmo rótulo e osubseqüente confronto

apologético com esta quimera,este monstro de Frankenstein,composto de partes juntadas dediferentes corpos e origens.Essa "arqueologiaepistemológica" (13) implica emdescobrir as pressuposiçõesfundamentais do fenômeno, eproduzir dessa maneira umarsenal de noções filosóficas eteológicas que possam de fato

auxiliar no combate específico eindividual dessas diferentesexpressões religiosas neo-pagãs. (14)

II. O Paganismo, o Neo-Paganismo e a Fé Cristã:Esboço de um EstudoComparativo

A religiosidade pagã nadamais é que o espírito humano

submetido à força da gravidade,isto é, limitado a um estado demínima resistência. Em outrapalavras, é a religiosidadehumana no seu estado natural,sofrendo a pressão e o impactoda Queda em toda a suainteireza. (15) O termo"paganismo" vem da palavralatina pagani que significa"camponeses" ou "gente docampo, do interior". O termopagani ganhou a conotaçãoatual porque esses camponesesforam os últimos a seconverterem ao cristianismoapós sua instituição no séculoIV como religião oficial doImpério Romano, e os últimos aabandonarem as crenças epráticas da religiosidade greco-romana. (16) É curioso notarque, inversamente, o neo-

paganismo teve origem nascidades, e até hoje é nosgrandes centros urbanos e nospaíses mais desenvolvidos queo mesmo encontra maioraceitação e menos resistência.

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É um erro pensar que opaganismo é uma grande tolice,que nada tem de aproveitável(ainda que o decadente neo-paganismo às vezes nos deixeessa impressão). Chestertonresume brilhantemente ahistória espiritual dahumanidade em uma de suas

frases mais famosas: "Opaganismo era a melhor coisaque havia no mundo; e a fécristã surgiu, e era melhor ainda.E tudo o mais depois disso temsido comparativamente pior epequeno." (17) Como sugereRist, (18) Agostinho, assimcomo muitos outros intelectuaisconvertidos ao cristianismo nosprimeiros séculos da era cristã,

"viu sua conversão não tantocomo uma substituição mascomo uma expansão e umenriquecimento de suasposições anteriores." (19) Hápelo menos três elementos nopaganismo pré-cristão que ofazem respeitável: (i) um sensode piedade, (ii) uma moralidadeobjetiva e absoluta, e (iii) umsenso de transcendência, de

percepção do divino e derespeito em face do misterioso.(20) O cristianismo resgatou oque o paganismo possuía demelhor à luz da revelaçãodivina, num lento processo queteve início no primeiro século eseguiu-se até o fim da IdadeMédia. (21) No neo-paganismodo nosso tempo esseselementos desapareceram, e oque sobra é o invólucro, asuperfície, a superstição vazia eirracional. O neo-paganismo é,portanto, não somente um anti-cristianismo mas também umanti-paganismo, por incrível quepareça. Analisemos cada umdestes elementos isoladamente.

A. PiedadeO senso de piedade (latim

pietas) a que estamos nos

referindo refere-se ao instintoreligioso natural de respeito aalgo maior que o ser humano.Isto implica na humildade de sereconhecer como partesubordinada do grande

processo e esquema universal.Vemos o reflexo dessamentalidade no neo-paganismona adoção do chamado modelonewtoniano. (22) O resultadodisso no paganismo daantigüidade era umareligiosidade em que a palavrade ordem era moderação (grego

sophrosyne), (23) expressa nafrase "nada em demasia"inscrita em todos os templos deApolo, junto ao famoso"conhece-te a ti mesmo" (24) (omesmo sentimento aparece naexpressão aristotélica in mediovirtus). (25) As religiões pagãsda Ásia na sua maioria aindamantém esta tradição dereverência, de reticência e de

moderação. A civilizaçãoocidental não pratica nemcompreende essa reverência eo neo-paganismo, portanto,difere do seu ancestral nesteimportante aspecto. Aocontrário, o neo-paganismodiviniza o homem, é a religiãodo homem como o novo deus,pregando "o valor infinito do serhumano" e "a autonomia do

pensamento crítico." (26) O neo-paganismo confunde-se,portanto, com o humanismocontemporâneo, o qual setransformou em uma quase-religiã o. (27) No movimento daNova Era, que se trata do neo-paganismo em avançado estadode putrefação, o humanismo semanifesta de forma mais crassa,como, por exemplo, no fato deque quase todas as práticas,terapias e crenças da Nova Erasão voltadas para o bem-estardo ser humano, para o seuaperfeiçoamento, para o seuconforto e prazer. Além disso,há o pressuposto implícito emtodas as diferentesmanifestações neo-pagãs deque o ser humano é capaz deresolver os seus problemasespirituais por si mesmo,

através de exercícios,meditação ou utilização"racional" (ou irracional) deobjetos naturais como plantas ecristais.

É evidente que um retorno

mais fiel ao paganismo daantigüidade não seria a soluçãopara a busca religiosa do serhumano moderno, e muitomenos do ser humano pós-moderno. Apenas a fé cristãpossui aquilo que o ser humanonecessita e busca. A piedadecristã não é somente superior à

piedade pagã (piedade estaque, como dissemos, o neo-paganismo não possui), mas éuma piedade qualitativamentediferente. Um aspectofundamental da piedade cristãestá em reconhecer-se comocriatura diante do Criador.Qualquer piedade que torneopaca a distinção entre oCriador e as criaturas é

inerentemente incompatível coma piedade cristã. Como afirmouChesterton, a natureza não éminha mãe; na verdade, ela éminha irmã, como diziaFrancisco de Assis. Maisimportante que isso é o fato deque a piedade cristã assumecomo pressuposto a verdadeteológica do pecado original. Oser humano não é apenas um

ser corrompido até o maisprofundo do seu ser, mas étambém corrompido em todosos aspectos do seu ser,inclusive sua razão, que sofreos chamados efeitos noéticosdo pecado. Nossa razão não éconfiável, somosconstantemente condicionadospelos impulsos recebidos domeio em que vivemos, e somosigualmente impulsionados porinstintos inconscientes sobre osquais não temos qualquercontrole. Mas a diferença cruciale primordial entre a piedadecristã e a piedade pagã está nacerteza cristã de que não hánada que um ser humano possafazer para obter o favor divino. Apiedade pagã tem comoelemento fundamental o esforçohumano para obter o favor

divino por meio de sacrifícios,rituais e promessas..Infelizmente muitos cristãosdeixam-se iludir pelamentalidade pagã que continuainfluenciando a igreja, levando

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muitos a abraçar umacosmovisão pagã, ainda quesob o disfarce de elementoscristãos. A piedade cristã tem,como ponto de partida, o render-se diante da soberania divina, otornar-se receptáculo da graçadivina imerecidamenteoutorgada àqueles que

humildemente se aproximam deDeus em um ato dearrependimento pelo pecado,contrição sincera e confiança noperdão divino.

B. MoralidadeO que chamamos, a seguir,

de moralidade objetiva eabsoluta, refere-se ao fato deque os antigos pagãos que

levavam a sério o seupaganismo insistiam naexistência de leis moraisinquestionáveis, inegociáveis epermanentes. Essas leis moraiseram vistas como naturais,evidentes na natureza dascoisas, descobertas e nãocriadas pelo homem. O neo-paganismo procurou resgataressa moralidade racionalista

pagã, levá-la às últimasconseqüências e adaptá-la àrealidade da vida moderna.Esse extremo racionalismoacabou se revertendo em umirracionalismo, e por fim tornou-se relativista, subjetivista epragmático, chegando-selentamente à conclusão de queo ser humano cria suas própriasleis morais, e que estas variamconforme o tempo e a cultura.Os valores morais de umindivíduo não podem serconsiderados errados, pois nãoexiste um padrão ou normaabsolutos que determinem ocerto e o errado em questõeséticas. A grande imoralidade doponto de vista neo-pagão é  justamente dizer que algo émoralmente errado.. O grandeerro é dizer que algum tipo de

comportamento é errado. Oúnico absoluto é que não háabsolutos. A única coisa quedeve levar alguém a sentir-seculpado é essa mesma pessoasentir-se culpada por algo.

Este relativismo moral dehoje em dia é o correspondentemoderno do politeísmo daantigüidade. O que estáverdadeiramente por trás dessagrande variedade demoralidades, de bens morais, éuma enorme variedade dedeuses modernos: o sucesso, a

felicidade, o sexo, o dinheiro e oprogresso, por exemplo. O neo-paganismo é, portanto, nãoapenas uma forma dehumanismo (de divinização doser humano), mas também umaforma de politeísmo idólatra emque cada ser humano torna-seum deus, um absoluto sagrado,transmissor em vez de receptorda lei moral. (28)

Mas isso não significa queum retorno à moralidade pré-cristã é a resposta.. Essa aliás,tem sido a proposta da filosofiamoderna racionalista no últimostrezentos anos. (29) A éticacristã compartilha daobjetividade e da absolutividadecaracterísticas da ética pagã(que o neo-paganismo nãopossui), mas as semelhanças

terminam aí. É bem verdade quea ética cristã tem sofrido a máinfluência da filosofiaracionalista, e tem adquiridodessa forma uma similaridade àética pagã maior do que érecomendável. Mas sob oprisma correto percebe-se queos pontos de vista pagãos ecristãos são radicalmentediferentes. Enquanto a éticaracionalista encontra seufundamento na supremacia e naautonomia da razão humana, aética cristã fundamenta-se narevelação especial de Deus, nasEscrituras Sagradas. A éticaracionalista, quando teísta,sugere que Deus aprova certaatitude ou comportamentohumanos porque eles são bonsem si mesmos. Creio que a éticacristã deve opor-se a esta

cosmovisão e sugerir o oposto,isto é, que uma certa atitude oucomportamento humanos sãobons porque Deus os aprova.Essa inversão ilustra a naturezaessencialmente diversa e em

certo sentido oposta das éticascristã e clássica-pagã.

C. ReligiosidadeFinalmente, o senso de

transcendência a que emseguida nos referimos é omaravilhar-se diante do mistério,que levava o pagão pré-cristão

ao ato de adoração. No mundomoderno, o sentido, o instinto ea prática da adoração per seentraram em declínio. Nacivilização ocidental é cada vezmenor o número de pessoasque adoram seja quem ou o quefor. Mesmo em nossas igrejastemos visto essa influêncianefasta do neo-paganismo,levando nossas comunidades a

adotar liturgias em que osentimento de reverência cedelugar à descontração e o bem-estar do adorador torna-se maisimportante que sua contrição ededicação. Os efeitos se fazempresentes também na teologiamoderna, em que as doutrinassão desmitologizadas,desmiraculizadas edesdivinizadas. Assim, até

mesmo teólogos cristãostornaram-se adeptos damentalidade moderna neo-pagã,uma vez que o neo-paganismo,diferentemente do velhopaganismo da antigüidade,abandonou a crença nosobrenatural e no transcendentee tornou-se naturalista eimanentista. Aos poucos areligiosidade neo-pagã foi-setornando, portanto, não somenteuma forma de humanismodisfarçado e uma re-ediçãopiorada do politeísmo, mastambém uma forma popular depanteísmo. O panteísmo popularmoderno é uma religiosidademuito confortável em que Deusé transformado numa espéciede "força" à la Guerra nasEstrelas, disponível sempre quenecessário, mas que não

incomoda. (30) É convenientepara os seres humanos verem-se como "bolhas da grandeespuma divina" em vez decompreenderem- se como filhosrebeldes de um Pai divino e

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  justo, desesperadamentecarentes de se reconciliaremcom Ele, e absolutamenteimpotentes no que se refere aessa condição espiritual.. Opanteísmo rejeita qualquer idéiaque se assemelhe ao conceitobíblico de pecado porquepecado implica em separação

entre Deus e o pecador (Rm3.19-20; 5.12; 8.7-8; 11..32), eninguém pode estar separadoda totalidade. Por isso, nãopode haver temor de Deus sobuma perspectiva panteísta..Portanto, do ponto de vista neo-pagão, o que a Bíblia chama de"princípio da sabedoria" (Pv 1.6)é aquilo que precisa sererradicado das mentes acima de

tudo..A solução, portanto, não seencontra em uma apropriaçãomais cautelosa ou mais exatado paganismo clássico pré-cristão. Apenas a fé cristãpossui as respostas para osproblemas práticos, teóricos ereligiosos do mundo de hoje. Osenso de transcendência dopaganismo não pode ser visto

como equivalente ao senso detranscendência cristão. Esteúltimo é qualitativamentediferente daquele. Não é à toaque a mais explicitamente pagãde todas as heterodoxiasmodernas, o deísmo, seja umateologia que enfatize atranscendência divina ao preçoda imanência divina. A fé cristãortodoxa rejeita ambas asopções radicais detranscendência (deísmo) e deimanência (teologia liberal doséculo XIX) das correntesteológicas que buscaram asíntese do paganismo com ocristianismo. A conclusão a quese chega é que o neo-paganismo acaba por cair, ouno racionalismo, ou noirracionalismo. Os grandespensadores cristãos dos últimos

séculos, percebendo essaterrível encruzilhada, insistiramna necessidade de enfatizar atotalidade humana, de salientaro fato de que o ser humanoprecisa ser compreendido em

sua inteireza, sem ser dividido,fracionado, compartimentalizado. O ser humano não é apenasrazão, ou emoção, ou vontade,ou corpo, ou espírito. O serhumano é um todo, e só podeser compreendido corretamentese visto como um todo. Minhaopinião é que teorias

dicotomistas ou tricotomistassão racionalismos que devemser rejeitados. Afirmando aunidade do ser humano, e assimultâneas e completastranscendência e imanência deDeus, o cristianismo não deixaespaço para noções panteístas,e se mostra superior tanto aopaganismo quanto ao neo-paganismo.

Post-ScriptumComo afirmei no início, a

chamada Nova Era não é umaconspiração. Mas na unificaçãodos inimigos da fé cristã, asaber, panteísmo, politeísmo ehumanismo, unificação estalevada a cabo pelo neo-paganismo, pode-se perceber aestratégia do inferno, que

todavia não pode prevalecercontra a Igreja. Pelo contrário, éa Igreja que está por lhearrombar as portas (Mt 16.18).No Calvário, quando as forçasanti-cristãs dos mundos grego,romano e hebreu se uniram nacrucificação de Cristo (fato estesimbolicamente representado naacusação contra Cristo afixadana cruz, escrita em três línguas:Lc 23.38; Jo 19..19-20), o triunfodo mal foi também a derrota domal, e a morte do Filho de Deussignificou a redenção do serhumano (ver Cl 1.13-14). Nósestávamos condenados pelasnossas transgressões, e Deusnos deu vida em Cristo,perdoando-nos nossos delitos,"tendo cancelado o escrito dedívida que era contra nós e queconstava de ordenanças, o qual

nos era prejudicial, removeu-ointeiramente, encravando-o nacruz; e, despojando osprincipados e as potestades,publicamente os expôs aodesprezo, triunfando sobre eles

na cruz" (Cl 2.13-15).Certamente, o neo-paganismode nossos dias estará em brevetão morto e enterrado quanto ovelho paganismo dos antigosestá hoje. E o Deus revelado emJesus Cristo , aquEle quepronunciou a primeira palavra,terá novamente a última palavra.

"Eu sou o Alfa e o Ômega, diz oSenhor Deus, aquele que é, queera, e que há de vir, o Todo-poderoso" (Ap 1.8). _________________ 

NOTAS DO TEXTO

1 G. K. Chesterton (1874-1936) é um autor que precisa ser mais l ido no Brasil.Chesterton era um grande amigo de C. S.Lewis. Seus livros ensinam como se faz 

filosofia cristã de primeira qualidade e foram algumas das melhores respostas cristãs ao pensamento moderno. Eu recomendo, por exemplo, os livros Orthodoxy (Nova York: Doubleday, 1990 [1908]), Heretics (Londres: G. Lane, 1905) e The Everlasting Man (San Francisco: Ignatius Press, 1993 [1925]).

2 Chesterton, The Everlasting Man, 237.

3 Ibid., 237-38. Minha tradução.

4 Para saber mais sobre o chamado pós- modernismo, ver Stanley J. Grenz, Pós- modernismo: Um Guia para Entender a Filosofia do Nosso Tempo (São Paulo: Vida 

Nova, 1997). Esse livro é uma boa introdução ao assunto. Outros livros que podem ser de auxílio nesse complicado tema filosófico e cultural são: Brian D.Ingraffia, Postmodern Theory and Biblical Theology (Cambridge, Inglaterra: Cambridge University Press, 1995), especialmente pp.167ss.; J. Richard Middleton e Brian J.Walsh, Truth Is Stranger than It Used to Be (Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press,1995), especialmente a primeira parte, pp.7-84; David S. Dockery, ed., The Challenge of Postmodernism (Wheaton, Illinois: BridgePoint, 1995); e Gene Edward Veith,Jr., Postmodern Times (Wheaton: Crossway,

1995). Ver também o meu artigo "A Morte e a Morte da Modernidade: Quão Pós- moderno é o Posmodernismo? " Fides Reformata 1:2 (Julho-Dezembro 1996), 59- 70.

5 O que se chama de modernismo é a cosmovisão que prevaleceu durante os últimos três séculos, caracterizada pelo seu cientificismo, historicismo, racionalismo, e otimismo humanista, entre outras coisas.Ver Robert B. Pippin, Modernism as a Philosophical Problem (Oxford: Blackwell,1991).

6 Chesterton, Orthodoxy, 259. Minha 

tradução.

7 Ver Peter Gay, The Enlightenment: The Rise of Modern Paganism (Nova York: W.W. Norton & Company, 1966), 256- 321. Ateoria básica de Peter Gay serviu também de base para este artigo, isto é, que "o iluminismo foi uma mistura volátil de 

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classicismo, impiedade, e ciência; les philosophes, resumindo, eram pagãos modernos." Ibid., 8.

8 Os especialistas divergem, contudo,quanto ao relacionamento e envolvimento entre humanistas e reformadores, e se seria historicamente correto considerar estes um sub-grupo daqueles. Ver, por exemplo, os estudos do erudito calvinista tcheco Josef Boh atec sobre esse assunto : Die  Religionsphilosophi e Kants, 1938,

reimpresso em 1966.9 Confira Gay, The Enlightenment, 3-27.

10 Ver Immanuel Kant, Religion within the Limits of Reason Alone (Nova York: Harper Torchbooks, 1960).

11 Ver, por exemplo, as populares obras de ficção de Frank Peretti (e.g., Este Mundo Tenebroso), e livros como : John Bevere,The Bait of Satan (Orlando: Creation House,1994) e Bob Larson, Straight Answers on the New Age (Nashville: Nelson Publishers,1989). Não que estes livros sejam imprestáveis, ou que seus autores sejam 

charlatães. Mas há uma atitude que me parece errada entre os chamados "profetas da desgraça" do evangelicalismo americano,uma vontade de formular teorias místicas e maniqueístas de conspiração e de uma espécie de "ocultismo cristão" que co nsidero heterodoxo e prejudicial para a saúde espiritual da igreja.

12 Para saber mais sobre o tema "batalha espiritual," ver o livro de David Powlison,Power Encounters: Reclaiming Spiritual Warfare (Grand Rapids: Baker, 1995) e também o livro de Augustus Nicodemus G.Lopes, O que Você Precisa Saber sobre 

Batalha Espiritual (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997).

13 Ainda que eu esteja aqui fazendo uso da expressão cunhada pelo pensador pós- moderno Michel Foucault em Arqueologia do Conhecimento, isso não significa que estou adotando ipsis litteris o método do filósofo francês, que por sinal possui boas qualidades..

14 O método aqui adotado enquadra-se melhor dentro da tradição estabelecida pelo f ilósofo calvinista holandês Herman Dooyeweerd. Ver, por exemplo, Roots of the Western Culture (Toronto: Wedge 

Publishing Foundation, 1979).

15 Ver o capítulo "Christianity and the New Paganism," em Peter Kreeft , Fundamentals of the Faith: Essays in Christian Apologetics (San Francisco: Ignatius Press, 1988), 102.

16 Ibid.

17 Citado por Kreeft, Fundamentals of the Faith, 102. Minha tradução. Ver o capítulo "The Escap e from Pa ga nism," em Chesterton, The Everlasting Man, 232-49, e o capítulo " Authority and the Adventurer," em Orthodoxy, 141-60.

18 John M. Rist, estudioso de Agostinho e professor na Universidade de Toronto,Canadá, é uma das maiores autoridades vivas sobre o pensamento do celebrado bispo de Hipona.

19 John M. Rist, Augustine: Ancient Thought Baptized (Cambridge, Inglaterra: Cambridge 

University Press, 1994), 12. Minha tradução.. Eu creio, todavia, que é inadequado interpretar a experiência de conversão dessa forma. Ainda que haja uma inegável continuidade, a conversão implica numa completa transformação do indivíduo no mais íntimo do seu ser, e toda continuidade que ocorrer tem que ser interpretada à luz dessa  transformação essencial. Na vida do próprio Agostinho podemos ver como toda a bagagem trazida do paganismo recebeu em suas mãos uma nova significação. Mas a continuidade existe, e talvez a melhor forma de explicá-la é perceber que a conversão representa,não um giro de 180 graus, mas sim um giro de 360 graus, isto é, a vida prossegue, e o indivíduo inicia, após sua conversão, um longo processo de reavaliação de suas idéias e concepções através do qual ele redimensiona sua existência.

20 Kreeft, Fundamentals of the Faith,102-106.

21 Uma das questões mais controvertidas da história da teologia refere-se 

  justamente ao grau de penetração e influência das idéias pagãs durante a construção do edifício teórico da teologia cristã. Não existem respostas fáceis para esse complexo problema. Muito do que há de melhor na teologia conservadora dos últimos trezentos anos representa um esforço no sentido de procurar uma aproximação maior e mais pura ao ensino das Escrituras, livre dos preconceitos e distorções provocados pela influência pagã na igreja e na teologia cristã desde 

o primeiro século até os nossos dias.

22 John Locke e Isaac Newton foram os mais importantes mentores do iluminismo.Todavia, eles funcionaram mais como ícones, símbolos de uma revolução do pensamento que propriamente uma influência concreta em termos de idéias que muitas vezes não eram conhecidas ou eram mal compreendidas. Ver, por exemplo, o excelente estudo de Gerd Buchdahl, The Image of Newton and Locke in the Age of Reason (Londres: Sheed & Ward, 1961). A física  

newtoniana teve de qualquer modo um papel importante no iluminismo servindo de inspiração e paradigma para todas as áreas do conhecimento. Boas introduções para os aspectos gerais do pensamento newtoniano, e boas biografias de Newton (o método biográfico ajuda bastante aqueles que, como eu, têm dificuldades de compreender as nuances da física newtoniana), são Louis T. More, Isaac Newton: A Biography (Nova York: Dover,1962); J. D. North, Isaac Newton (Oxford: Oxford University Press, 1967); Richard S. Westfall, The Life of Isaac Newton (Cambridge, Ingl.: Cambridge University 

Press, 1993); A. Rupert Hall, Isaac Newton: Adventurer in Thought (Oxford: Blackwell, 1992); Frank E. Manuel, The Religion of Isaac Newton (Oxford: Clarendon Press, 1974) e I. Bernard Cohen, The Newtonian Revolution (Cambridge, Ingl.: Cambridge University Press).

23 Ver os diálogos de Platão,especialmente Mênon e Êutifron.

24 O famoso gnothi seauton de Sócrates.

25 Ver Aristóteles, Ética a Nicômaco.Como sugere Chesterton, "o paganismo declarava que a virtude estava no equilíbrio; o cristianismo declarou que a virtude está no conflito: a colisão de duas paixões aparentemente opostas".Orthodoxy, 92. "São Francisco, ao louvar tudo que é bom, conseguia ser um otimista mais exagerado que Walt Whitman. São Jerônimo, ao condenar toda maldade, era capaz de pintar um quadro ainda mais escuro do que Schopenhauer. " Ibid., 96. "O leão se deitará com o cordeiro. Mas note que este texto tem sido interpretado de forma muito suave. Nós somos constantemente assegurados por nossas tendências tolstoyanas que, quando o leão se deita com o cordeiro, ele se torna igual a um cordeiro. Mas isso é uma anexação brutal e um imperialismo da parte do cordeiro.

Isso é apenas o cordeiro absorvendo o leão em vez de o leão comendo o cordeiro. O verdadeiro enigma é: pode o leão se deitar ao lado do cordeiro e todavia manter toda sua ferocidade real? Esse é o enigma que a igreja tentou resolver; esse é o milagre que ela alcançou." Ibid., 98.

26 Gay, The Enlightenment, 226.

27 O conceito de quase-religiõ es foi criado nos anos 60 pelo teólogo neoliberal Paul Tillich para referir-se a fenômenos secularistas, como, por 

exemplo, o marxismo, o nazismo, o humanismo e o cientificismo.

28 Ver, por exemplo, o volume de ensaios sobre cristianismo e cultura editado por Os Guinness e John Seel, No God but God: Breaking with the Idols of our Age (Chicago: Moody Press, 1992).

29 A ética moderna em geral tem privilegiado uma metodologia racionalista.Tanto a ética deontológica de Kant e seus seguidores, quanto a ética utilitarista dos ingleses Bentham e Stuart Mill são 

calcadas na ética pagã, e desconhecem a noção de uma ética baseada na revelação especial de Deus. Os pressupostos básicos por trás das éticas racionalistas são a supremacia e a autonomia da razão humana.

30 Ver a crítica que o celebrado pensador cristão inglês C. S. Lewis já fazia nos anos 40 a essa mentalidade em seu livro Miracles (Nova York: Macmillan, 1947).

Ricardo Quadros Gôuvea é ministro presbit eriano e tem o grau de  

Mestrado em Teologia pelo  Westminster Theological Seminary, em Filadélfia, Estados Unidos, onde atualmente conclui o seu doutorado (Ph.D.) na mesma área.

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A mesopotâmia é

conhecida como sendo oberço da civilização, pois énessa região que ahumanidade começou. AliAdão e Eva foram formados.O relato bíblico do livro deGênesis nos fornece umasérie de descriçõesgeográficas, ricas emdetalhes, servindo como uma

preciosa fonte de pesquisas einformações que podemajudar o estudante a localizarlugares e comprovarhistórias.

Eu acredito que esse fatoocorre devido a intenção queo escritor e o autor (Moisés eDeus) têm a intenção demostrar a veracidade erealidade dos fatos e eventosdescritos no livro.

É importante notar queem toda a Bíblia, de Gênesisaté o Apocalipse, sempreocorreu uma preocupação dese detalhar os fatos, para queo leitor pudesse acreditar nasua veracidade.

No caso do Éden, muitasinformações geográficas são

dadas, e serão comentadas aseguir.

Mesopotâmia é umapalavra de origem grega esignifica: ―entre rios‖. Essenome foi dado devido aregião está localizada entredois dos principais rios daregião, o Tigre e o Eufrates. Éum oásis em meio a uma

região desértica.O texto bíblico deGênesis 2 nos dáinformações importantescomo:1. Do Éden nascia um rio

que se dividia em quatro

braços: Pisom, Giom, Tigre eo Eufrates;2. A etimologia (origem) daspalavras usadas;3. Terras e lugares citadosno texto;

É importante observarque o texto de Gênesis,escrito por Moisés, foidesenvolvido apenas após o

Dilúvio. Isto nos faz relembrarque antes da Torre de Babel,e consequentemente antesdo Dilúvio todo o globo falavao mesmo idioma, todavia, asexpressões citadas no livrode Gênesis, com relação aoÉden, têm sua origem emoutros idiomas, que não ohebraico. Isso é de umaimportância fundamental,como iremos ver.

Alguns nomes sãocitados no texto (Gn 2:8-14):

• ÉdenNome que possui duas

origens: a forma Suméria deÉden que quer dizer:"estepe", ou "campo aberto",ou o Semítico, denotando:

"luxo" ou "delícia";• Jardim

Localizado ao Leste doÉden. Observe que o jardimera apenas uma parteterritorial dentro da regiãodenominada Éden;• Um Rio

Não denominado, vindode fora do jardim e regando-

o, dividindo-se em quatrobraços;• Pisom

Primeira divisão do rioprincipal que vem até a terrade Havilá;

• Havilá

Terra ou distrito;• Giom

Segunda divisão do rioprincipal que vem até a terrade Cuxe;• Cuxe

Etiópia (Cuxe emhebraico). Uma terra oudistrito;• Tigre

Terceira divisão do rioprincipal que vem até a terrada Assíria;• Assíria

(Asshur em hebraico);• Eufrates

Quarta divisão do rioprincipal.

Os lugares citados notexto recebiam outros nomes,no período pré-diluviano, masesses nomes não sãoutilizados por Moisés. Osnomes utilizados pelo escritoreram os nomes modernos –da época. Eram os nomes doperíodo pós-diluviano. Então,uma pergunta nos vem àmente: Por que isso ocorreu?

A resposta é simples:

porque o autor queria que osleitores conseguissemidentificar o local para ter acerteza da veracidade dotexto.

Os lugares citados notexto recebiam outros nomes,no período pré-diluviano, masesses nomes não sãoutilizados por Moisés. Os

nomes utilizados pelo escritoreram os nomes modernos –da época. Eram os nomes doperíodo pós-diluviano. Então,uma pergunta nos vem àmente: Por que isso ocorreu?

“E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôsali o homem que tinha formado” (Gênesis 2:8)

Robson T. Fernandes

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A resposta é simples:porque o autor queria que osleitores conseguissemidentificar o local para ter acerteza da veracidade dotexto.

Vejamos algunsexemplos:

"Assíria" (hebraico,Asshur) é um nome que oshebreus deram e que seorigina de Asshur um filho deSem, nascido depois doDilúvio (Gn10:22). Então, noconceito hebraico o nomenão existia antes do Dilúvio.

"Havilá" é um nome pós-diluviano (Gn 10:29).

"Etiópia" (Cush, ou Cuxe – Gn l0:6). Nome dado apóso dilúvio, originário do neto deNoé, Cuxe, e filho de Cam.

Isso é uma evidênciaforte de que o escritor estavausando nomes conhecidos naépoca. Esse é um fato deimportância fundamental poismostra conclusivamente que

ao usar nomes conhecidos oescritor tinha a intenção queos leitores da épocaconseguissem entender comclareza a mensagem ereconhecer geograficamentea localização do Éden. Daí aevidência conclusiva de que olugar (Éden) era real. Se oescritor não tivesse aintenção de que o Éden fosse

localizado, identificado, nãoteria dado tantas informaçõesgeográficas a respeito nemtão pouco teria usado osnomes conhecidos no

período.Precisamos entender,

ainda, que o jardim do Édenfoi destruído com o Dilúvio,mas o local denominadobiblicamente de Édencontinuava lá, não o jardim,mas o local.

Observe o fato de que oprofeta Ezequiel usou o nomeÉden para se referir a umalocalidade existente em seusdias, em Ezequiel 27:23.Segundo esse texto o profetaEzequiel localiza o Éden naregião conhecida comoBabilônia.Na Bíblia, o jardim do Édennão é só o nome do lugar

onde Adão e Eva viveram,mas também umarepresentação metafórica doJardim de Deus, isto é, olugar onde Yahweh mora: Is51:3; Ez 28:12-15, 31:8-18.

A localização exata doJardim do Éden permaneceum mistério, todavia, o textode Gênesis 2:8 afirma que

Deus plantou o "jardim noÉden, da bando do Oriente",isto é, no Leste.

Essa afirmação apontapara um lugar ao leste deCanaã, que também possuíaquatro rios: o Pisom, o Giom,o Tigre e o Eufrates (vv. 10-14).

O Tigre e o Eufrates

como sabemos hoje em dia,sem sombra de dúvida, osdois rios da Mesopotâmia quepossui o seu curso inalteradoainda hoje. O Giom(possivelmente o hebraicopara "esguichar") e Pisom(normalmente entendidocomo sendo uma forma doverbo semítico "pular paracima") são mais difíceis de se

identificar.Muitos estudantes

acreditam que o Giom é o rioNilo, e que Cuxe é associadocom Nubia, ao sul do Egito.

Se esta associação estivessecorreta, todo o restante dadescrição do local do Édennão poderia fazer o menorsentido, porque nenhuma partedessa região converge com oTigre e o Eufrates.

Outros identificam Cuxecomo a terra dos Cassitas, aoleste do Tigre, também

conhecido como Cuxe duranteos tempos antigos. Esta teoriafaz um sentido geográficomelhor. Finalmente, ainda háoutra posição de algunsestudantes que acham que oGiom e o Pisom eram canaisou afluentes do Tigre eEufrates.

Há alguns anos umaequipe de pesquisadoresconseguiu através de satélitetirar algumas fotos quemostram o leito de dois rios degrande porte juntos ao Tigre eao Eufrates, que acredita-setratar do Giom e do Pisom.

Essa mesma região éconhecida pela sua terra detom avermelhado. Ointeressante é que o texto

bíblico relata que naquelelugar Deus fez o homem do póda terra (Gn 2:7) e pôs nele onome de Adão. É importantesaber que a palavra Adão, nohebraico, significa: ―Vermelho‖.

Assim sendo, localiza-se oÉden na região daMesopotâmia, exatamentecomo o relato bíblico descreve,e o jardim do Éden ao Leste,

contudo, o local exato do  jardim não se sabe ao certo,mas as evidências históricas egeográficas são indiscutíveis.

Um dia ele esteve ali.

MesopotâmiaLeitos dos dois rios localizados por satélite

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