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1 03 06 14 19 Ficha Técnica Propriedade: Centro de Formação Profissional de Água e Saneamento Editor: Jorge Manuel da Conceição Júnior Supervisão: Eunice Gilda Chirindja Djedje e Celestino Lucas Revisão: Lúcio Augusto Carvalho Muluana e Sidónio Cumbe Layout & Impressão: CIEDIMA, LDA. Financiamento: CFPAS Tiragem: 1500 exemplares Revista água: Registada sob o número 0883/FBM/91 SUMÁRIO Avenida do trabalho n° 1441 , Maputo Telefax: 21-405481 Cell: 82 310 5500 www.cfpas.co.mz Técnicos da AdeM capacitados em Canalização, Balanço Hídrico e Gestão de Perdas CFPAS Centro de Formação Profissional de Água e Saneamento Revista Água - Edição nº 45 | Dezembro de 2016 ÁGUA pela Gestão Racional de Água e Prevenção de Doenças Hídricas Técnicos das DPOPHRH’s e SDPI’s capacitados em Gestão de Contratos Estrutura Unificada da Rede de Circulação de Peças Sobressalentes Troca de Experiências entre Voluntários da JICA e o PROSUAS

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Ficha Técnica

Propriedade: Centro de Formação Pro� ssional de Água e Saneamento

Editor: Jorge Manuel da Conceição Júnior Supervisão: Eunice Gilda Chirindja Djedje e Celestino LucasRevisão: Lúcio Augusto Carvalho Muluana e Sidónio CumbeLayout & Impressão: CIEDIMA, LDA.Financiamento: CFPASTiragem: 1500 exemplaresRevista água: Registada sob o número 0883/FBM/91

SUMÁRIO

Avenida do trabalho n° 1441 , Maputo

• Telefax: 21-405481

• Cell: 82 310 5500

• www.cfpas.co.mz

Técnicos da AdeM capacitados em Canalização, Balanço Hídrico e Gestão de Perdas CFPAS

Centro de FormaçãoProfissional de Água

e Saneamento

Revista Água - Edição nº 45 | Dezembro de 2016ÁGUA

pela Gestão Racional de Água e Prevenção de Doenças H ídricas

Técnicos das DPOPHRH’s e SDPI’s capacitados em Gestão de Contratos

Estrutura Unifi cada da Rede de Circulação de Peças Sobressalentes

Troca de Experiências entre Voluntários da JICA e o PROSUAS

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EditorialEditorialEditorial

Eunice Gilda Chirindja DjedjeDirectora do CFPAS

O CFPAS cumpriu, mais uma vez, o seu papel como referência nacional,

na capacitação de técnicos, na área de Água e Saneamento. Neste contexto, o segundo semestre do corrente ano foi marcado pela realização de cursos de longa e curta duração, designadamente nas áreas de Gestão de Recursos Hídri-cos e de Abastecimento de Água e Sa-neamento. Nesta segunda metade do ano, no que tange à formação de longa duração, destaca-se o lançamento, para o mercado de trabalho, de 34 gestores operacionais de recursos hídricos e 13 técnicos básicos, nas componentes de abastecimento de água e saneamento.

Relativamente aos cursos de curta duração, há a realçar que foram capa-citados, pela nossa instituição, técnicos

Continuamos a referência do sector de Água e Saneamento, na capacitação de técnicos

PROGRAMA DE FORMAÇÃO 2017Curso Técnico de Nível Médio Nível de

ingressoDuração

Gestão Operacional de Recursos Hídricos (GORH) 10ª classe 3 anos (curso diurno) e 4 anos (curso nocturno)

Abastecimento de Água e Saneamento (AAS) 7ª classe 3 anos (curso diurno) e 4 anos (curso nocturno)

Gestão Operacional de Recursos Hídricos (GORH) 12ª classe 3 semestres (curso diurno) e 4 semestres (curso nocturno)

Diploma Profi ssional de Abastecimento de Água e Saneamento (DPAAS)

10ª classe 1 ano (curso diurno) e 3 semestres (curso nocturno)

Diploma Profi ssional de Participação e Educação Comunitária (DPPEC)

10ª classe 1 ano (curso diurno) e 3 semestres (curso nocturno)

Diploma Profi ssional de Contabilidade e Administra-ção (DPCA)

10ª classe 1 ano (curso diurno) e 3 semestres (curso nocturno)

Aulas práticas: Para além das aulas teóricas, os estudantes benefi ciam de aulas práticas em instituições do sector de Águas.Estágios: Os nossos fi nalistas estagiam em instituições do sector de Águas, no país.Infraestruturas: Biblioteca , Ofi cina de Bombas de Água, canalização, Motores e Eletricidade, para além de um espaço para a prática de Bombas. Para mais informações, dirija-se às instalações do CFPAS, na Avenida do Trabalho n° 1441, ou ligue para os seguintes contactos telefónicos:

Telefax: 21-405481 ou cell: 82 310 5500

provenientes das Direcções Provinciais de Obras Públicas, Habitação e Re-cursos Hídricos (DPOHRH), Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estru-turas(SDPI’s) de todo o país e ainda técnicos da Empresas Águas da Região de Maputo (AdeM), da Administra-ção de Infra-estruturas de Abastecimen-to de Água (AIAS) e do Fundo de Investimento do Património de Água (FIPAG). Concretamente, nesta últi-ma metade de 2016, os benefi ciários foram treinados nas vertentes de Cana-lização, Balanço Hídrico, Gestão de Perdas, Higiene e Segurança no Tra-balho, Operação e Manutenção de Equipamento Hidromecânico, Gestão de Contratos, Fiscalização de Obras e Noções de Abastecimento de Água. Estrategicamente, os cursos que envol-

viam participantes das províncias foram realizados, especifi camente nas regiões Sul (Maputo), Centro (Manica) e Norte (Nampula).

O anteriormente mencionado cons-tituiu uma ilustração cabal da nossa ca-pacidade e uma valiosa contribuição da nossa instituição, consubstanciada na disponibilização de mais técnicos forma-dos e preparados profi ssionalmente para o sector de água e saneamento.

Em nome da Direcção, dos tra-balhadores, professores e alunos do CFPAS, vai o nosso agradecimento às Empresas, Organizações e Instituições parceiras que recebem os nossos alunos fi nalistas, para efeitos de estágios pré-profi ssionais.

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CFPAS NO NOVO MILÉNIO

Técnicos da AdeM capacitados em Canalização, Balanço Hídrico e Gestão de Perdas

Aula prática de reparação de fugas de água

e tiveram aulas práticas de reparação e manutenção de diferentes tipos de válvulas, assentamento da tubagem e ligações domiciliárias.

O curso do Balanço Hídrico, que decorreu nas instalações do CFPAS, dotou os participantes de habilidades na identifi cação e reparação de fugas; diferenciação de perdas físicas e comer-ciais; quantifi cação da água não con-tabilizada e determinação de todas as componentes do Balanço Hídrico, nos Sistemas de Abastecimento de Água.

Os 2 cursos de Gestão de Per-das ministrados pelo CFPAS conta-ram, cada um, com 18 formandos. O primeiro decorreu nas instalações do CFPAS e benefi ciou técnicos de em-presas localizadas nas províncias de Ma-puto (Moamba e Namaacha), Gaza (Chibuto, Manjacaze e Mabalane) , Inhambane (Massinga e Inharrime) e Sofala (Nhamatanda). O segundo, realizado na Cidade de Nampula, nas instalações da DPOPHRH, teve a par-ticipação de formandos provenientes de empresas de Água localizadas nas

províncias de Cabo Delgado (distri-tos de Ancuabe, Mocímboa da Praia, Montepuez), Zambézia (distritos de Alto Mulócue, Mocuba, Ribáue, Mo-peia e Gurué), Nampula (Nametil ), Tete (Ulongue) e Sofala (Caia), para além de representantes das delegações da AIAS da Zambézia e Pemba.

Com a capacitação em Gestão de Perdas, os benefi ciários já são capa-zes de criar, medir e gerir uma Zona de Medição e Controlo (ZMC); reparar fugas; diferenciar perdas físicas das comerciais; quantifi car a água não contabilizada; criar uma base de dados, com recurso a ferramentas como GIS e akvofl ow (software para executar le-vantamentos) e produzir um plano de acção exequível.

Cinco técnicos da empresa AdeM participaram numa capacitação em canaliza-

ção, ministrada pela nossa instituição, que decorreu de 4 a 15 de julho do corrente ano e, no mesmo período, ou-tros 9 foram treinados em matéria de Balanço Hídrico. Por outro lado, de 11 a 15 de julho e de 15 a 19 de Agosto de 2016, um total de 36 técnicos da AIAS foram capacitados em Gestão de Perdas. Os três cursos tiveram uma componente teórica e outra prática.

No curso de canalização, os for-mandos aprenderam sobre ferramentas e equipamentos usados na canalização, diferentes tipos de tubos e respectivos acessórios. Foram abordadas, igualmen-te, ao longo da formação, a reparação e manutenção das condutas, assim como a operação e manutenção dos diferen-tes tipos de válvulas. Os formandos obtiveram, também, conhecimentos sobre a soldadura do tubo PP-R com a electrofusora, bem como sobre ope-ração e manutenção de motobombas

Formandos simulando a montagem de uma conduta usando tubo PP-R

Formandos efectuando uma ligação de água com o tubo PP-R

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No fi nal da for-mação, a nossa reportagem ouviu os depoimentos de alguns formandos que se mostraram entusiasmados com o que aprenderam (na teoria e na prática) e motiva-dos para aplicar os conhecimentos adquiridos.

• CanalizaçãoHorácio Carlos João, canalizador

da AdeM, afecto no posto da Ma-chava, considerou o curso bom, uma vez que aprendeu a fazer o lançamento (medidas) e reparação de condutas, bem como ligações domiciliárias de qua-lidade. A nossa fonte referiu que apren-deu a usar o tubo PP-R, a fazer balizas e a respectiva ligação das balizas, bem como a manusear a electrofusora (má-quina de soldar os tubos PP-R), para fazer as balizas. A terminar, Horácio acrescentou o seguinte: “Tivemos aulas de bombas de água, aprendemos como desmontar válvulas e já sabemos distin-guir válvulas que levam Empanque das que usam juntas”.

Por sua vez, Aurélio Nunes Tala, canalizador da AdeM, baseado no bairro de Laulane, destacou que apren-deu a fazer a perfuração do próprio

• Gestão de PerdasAndré Paulo Joaquim, da EN-

GEPESQUISA, uma empresa privada que gere o sistema de abastecimento de água de Nhamatanda, disse ter aprendido as desvantagens das perdas. Contou-nos que aprendeu a eliminar fugas nas casas, nas abraçadeiras e nas ligações de conduta para casa. Para prevenir as perdas, André revelou já saber que deve-se monitorar o abasteci-mento de água na rede, para se prevenir ou eliminar rapidamente as fugas. “Já conheço as peças a usar, para eliminar as fugas, como, por exemplo, a VG, que é uma válvula.

O depoente Evílio Asmal, gestor do Sistema de Abastecimento de Água do Bilene, afi rmou ter aprendido que, no balanço Hídrico, há dois componen-tes a ter em conta, designadamente a água produzida e a água facturada, mais a questão da divisão das perdas (físi-cas, reais e aparentes). Enfatizou que já sabe que é fundamental, por um lado, o tempo de resposta para a eliminação de fugas, para minimizar as perdas , e, por outro lado, potenciar a prevenção de fugas. “Estou preparado para gerir melhor o sistema de Abastecimento de Água”, disse Evílio, a terminar.

Aula prática de Gestão de Perdas

tubo e a limpeza e manutenção do arrolamento da própria bomba. Já Jor-dão José Rungo, outro canalizador da AdeM, considerou o curso útil, por-que os formandos aprenderam novas tecnologias que vão ajudar na redução de perdas, na empresa AdeM.

• Balanço HídricoSheila Manuel, técnica da AdeM,

formada em Gestão Operacional de Recursos Hídricos (GORH), no CFPAS, afi rmou ter aprofundado os conhecimentos sobre o Balanço Hídrico e perdas de água, a partir da captação até ao consumidor. “Aperfeiçoei, por exemplo, a interpretação do índice de perdas, em infraestruturas”, acrescentou Sheila. Por seu turno, Valente Augus-to, técnico da AdeM afecto na Área Operacional da Maxaquene, revelou ter aprendido a efectuar cálculos de perdas e da diferença entre pequenos e grandes sistemas de abastecimento de água, bem como a distinguir perdas aparentes, físicas e reais. “Com o cur-so, em vez de dependermos só de uma única colega, que é a Sheila, os forman-dos terão oportunidade de calcular as perdas, pessoalmente.”, disse Valente.

ECOS DOS CURSOS

CFPAS NO NOVO MILÉNIO

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CFPAS Treina Técnicos do FIPAG Região Norte

Depoimentos curtos sobre o impacto da formação“Aprendi que a manutenção é fundamental para um sistema de Abastecimento de Água. É minha intenção ajudar a gerir melhor o recurso água”.

“Com os conhecimentos adquiridos vou ajudar a resolver problemas de perdas, de ligações e de avarias na conduta adutora”.

“Aprendi como passar a mensagem do uso racional da água e como resolver o problema das fugas. Quero contribuir para o aumento da facturação e das receitas”.

O CFPAS integra um Consórcio, juntamente com a Universidade Poli-técnica, SNV e Vitens Evides Inter-nacional, no âmbito de um Programa de capacitação institucional, nas dife-rentes Áreas Operacionais (AO’s) do FIPAG, na Região Norte, nomeada-mente Nampula, Angoche, Cuamba, Nacala, Pemba e Lichinga, fi nanciado pela União Europeia. De referir que o programa iniciou em 2012 e tem o seu fi m previsto para o presente ano. Nes-te âmbito, a nossa instituição treinou, em Outubro do ano corrente, técnicos do FIPAG, em matérias ligadas à Hi-giene, Saúde e Segurança no Trabalho (HSST) e Operação e Manuten-ção de Equipamento Hidromecânico (OMEHM). De recordar que, antes destes cursos acontecerem, os técnicos do FIPAG, na região norte, foram ca-pacitados pelo CFPAS, na área de electricidade industrial.

Curso de Higiene e Segurança no Trabalho (HST)Técnicos do FIPAG da Região

Norte provenientes das cidades de Nampula, Nacala, Ilha de Moçambi-que, Pemba, Cuamba e Lichinga, be-nefi ciaram do curso de Higiene e Segu-rança no Trabalho (HST), ministrado pelo CFPAS, o qual teve lugar na cidade de Nampula. Em conversa com a nossa reportagem, António Agilo,

proveniente da Área Operacional de Lichinga e afecto no Departamento Técnico, na área eléctrica, explicou que a razão do curso foi o facto dos técnicos, por vezes, trabalharem fora das condições de segurança normais e, por isso, depararem-se com problemas de saúde, cuja origem se desconhecia. “Com esta capacitação, percebi que, afi nal de contas, o uso de equipamento de protecção individual é indispensável para um operador de máquinas evitar acidentes de trabalho”, reconheceu Agilo.

Aprendi a categorizar e evitar riscos… Por sua vez, Selimane Amade, che-

fe de Manutenção da AO de Nam-pula, reconheceu que aprendeu como categorizar e evitar os riscos resultantes da inobservância das normas de higiene e segurança no trabalho. “ Percebi que é importante investir em equipamento e na sinalização de locais de risco”, disse Selimane.

Aula prática de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho

CFPAS NO NOVO MILÉNIO

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Técnicos (Hidromecânicos e electri-cistas) do FIPAG da Região Norte, provenientes das AO’s de Nampula (cidade de Nampula, Angoche, Na-cala e Ilha de Moçambique), Cabo Delgado (Pemba) e Niassa (Cuamba e Lichinga), foram capacitados pelo CFPAS/VITENS, na componente de OMEHM. A formação potenciou os formandos, no concernente ao conheci-mento sobre as válvulas (função, carac-terística, tipo, operação, manutenção, reparação e instalação).

O que disseram os participantes Tendo em conta a importância dos

conteúdos ministrados no curso de OMEHM, a nossa reportagem ouviu alguns formandos que nos falaram da utilidade do treinamento.

Daniel Daimone Samo, chefe de Manutenção da AO de Cuamba, congratulou-se por ter elevado as suas capacidades para a manutenção de válvulas. Por outro lado, enalteceu a aprendizagem que teve, relativamente ao uso de equipamento apropriado para evitar perdas. A terminar, o nosso interlocutor revelou que passou a en-tender que, no âmbito do seu trabalho, é extremamente importante saber como planifi car as actividades de manutenção dos equipamentos, para garantir a sua

Dinis Doane, consultor do FIPAG da Região Norte, ladeado por Alberto Ngovene, técnico do CFPAS, recebendo uma mala de ferramentas, no fi nal do curso de OMEHM

Curso de OMEHMlongevidade.

Já Valentim Silvestre Valentim, téc-nico de Electricidade da AO de Nam-pula, preconiza que os formandos terão um melhor desempenho na gestão de perdas. “O módulo deu-nos uma visão de como montarmos as válvulas de for-ma correcta, evitando perdas de água”, acrescentou Valentim. Por seu turno, Etipito Momade, Chefe do Departa-mento Técnico da AO da Ilha de Mo-çambique, assumiu que aprendeu como fazer a planifi cação da manutenção e o alinhamento de bombas. “ Aprendi que, na elaboração do plano de manu-tenção, deve-se envolver os tomadores de decisão.”, acrescentou Etipito.

Técnicos das DPOPHRH’s e DPI’s capacitados em Gestão de Contratos

O CFPAS capacitou, em matéria de Gestão de Contratos, de 5 a 9 de Dezembro, nas províncias de Maputo (22), Manica (20) e Nampula (18), um total de 60 técnicos provenientes de SDPI’s e DPOPHRH’s das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, na zona sul; Manica, Tete, Sofala e Zambézia , no centro do país, e Nampula, Cabo Delgado e Niassa, na zona Norte. A formação teve como foco o Regulamento de Contratações Públicas.

Uma das sessões do curso de Gestão de Contratos

CFPAS NO NOVO MILÉNIO

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A voz dos formandosNo fi nal da formação realizada em

Maputo, Gil Rostino Banze, do SDPI de Chigubo, considerou a capacitação boa, pois foi treinado para conhecer um decreto novo (nº 5/2016 de 8 de Março), que tem a ver com a contrata-ção de Obras Públicas e fornecimento de bens ao Estado. De acordo com Gil, o treinamento vai ajudar no pro-cesso de contratação de obras, no dis-trito, no que diz respeito a contratos, processo de lançamento de concurso, avaliação do concurso, decisão, assim como a recomendação e até o próprio processo de adjudicação de obras.

1 Transformação Participativa para Higiene, Água e Saneamento.2 Saneamento Total Liderado pela Comunidade.

Sessão prática sobre a Bomba Afridev

Vinte e dois activistas do Progra-ma Governação Transparente para Água, Saneamento e Saúde (GoTAS) que operam nos distritos de Sanga, Chimbunila e Lago, foram capacitados pelo CFPAS, em matéria de Participação e Educação Comunitária (PEC), designadamente Metodologias Participativas, tais como PHAST1 e SANTOLIC2 e Bombas Manuais do tipo AFRIDEV. Os activistas foram igualmente formados no seguinte:

• Sustentabilidade de infraestru-turas;

• Opções de abastecimento de água;

• Supervisão e Fiscalização de Obras;

• Contratação de serviços;• Concursos de pequena dimen-

são; • Procurement; • Ciclo hidrológico; • Hidrogeologia de Moçambi-

que;

“ A formação vai ter um impacto na melhoria do abastecimento de água. A título de exemplo, no novo decreto, está lá o anúncio de posicionamento, que é um processo que consiste na chamada do empreiteiro para dizer qual é o ponto de situação dele sobre um determinado concurso. O empreiteiro é chamado e isso signifi ca transparência e prestação de contas”, elogiou Banze.

Por seu turno, Nércia Mavulula, da DPOPHRH de Gaza, considerou que o treinamento foi positivo, tendo em conta que o foco foi o estudo de um novo decreto em implementação, o qual traz aspectos diferentes, relativa-

mente ao decreto anterior, e esse facto vai ajudar a solucionar alguns aspectos ao nível do sector, na DPOPHRH de Gaza, concretamente no que tange aos procedimentos de contratação de em-preitadas para a obras públicas e bens e serviços, em geral.

“Já sei qual o papel do júri, dian-te dos procedimentos de contratação. Aprendi todas as modalidades de con-tratação, os regimes jurídicos de contra-tação e como preencher um documento do concurso de forma correcta”, con-cluiu Nércia.

Activistas do GoTAS treinados em No-ções de Abastecimento de Água e PEC

• Captação de Água Subterrâ-nea;

• Construção de furos a serem equipados com bombas ma-nuais;

• Avaliação de furos positivos, negativos e abandonados;

• Abordagem e interpretação de dados geofísicos.

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CFPAS treina técnicos em maté-ria de Planifi cação, Fiscalização de

Obras e Procurement

Vinte e quatro técnicos provenientes da Helvetas, DAS3 das DPOPHRH’s

e SDPI’s de Nampula e Cabo Del-gado foram capacitados, na cidade de Nampula, pelo CFPAS, em matéria de Planifi cação e Fiscalização de Obras de Abastecimento de Água e Procu-rement. A capacitação dotou os par-ticipantes de conhecimentos sobre o seguinte:

• Fiscalização do processo de abertura de furos de água;

• Identifi cação e análise de um problema;

3 Departamento de Água e Saneamento

Identifi cação de peças constituintes da Bomba Afridev

• Diferenciação entre monitoria e avaliação;

• Identifi cação das peças da Bomba Manual do tipo Afri-dev, seus requisitos técnicos de manutenção e implicações da não observância das reco-mendações técnicas;

• Supervisão do processo de abertura de furos a serem equi-pados com bombas manuais;

• Interpretação dos contratos de empreitadas, com clareza;

• Uso correcto de ferramentas para a monitoria e avaliação de programas e projectos.

Sessões práticasOs participantes, para além de

presenciarem a abertura de um furo, no distrito de Meconta, consolidaram os conhecimentos teóricos, na prática, no que tange a Operação e Manutenção de Bombas ( manuais e centrífugas); Nomenclatura das peças que compõem a bomba manual Afridev e as respecti-vas funções; aprenderam a efectuar o dimensionamento das varetas e Aces-sórios mais susceptíveis de avarias, bem como a fazer a sua avaliação, antes da sua montagem.

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Dois consultores contratados pelo PIREP4, para desenhar todo o Sistema de Certifi cação da Educação Profi ssio-nal, que inclui, entre outros aspectos, a certifi cação dos graduados e das qualifi -cações conferidas pelas marcas e ordens profi ssionais, acreditação das instituições de educação profi ssional e dos verifi ca-dores externos, escalou o CFPAS, no dia 13 de Dezembro, onde reuniu com uma equipa da nossa instituição, consti-

Graduados Gestores Operacionais de Recursos Hídricos

Trinta e quatro gestores operacionais de recursos hídricos foram graduados pela nossa instituição e estão agora dis-poníveis para enfrentar o mercado de emprego. Os técnicos recém-formados podem exercer a sua actividade em todas as empresas e organizações do sector de Água e Saneamento do país. Com efeito, os graduados estão habilitados a trabalhar nas áreas de Serviços de Hidrometria; Postos Hidroclimatológicos; Gestão de Barragens; Construção de Poços e Furos; Sistemas de Irrigação e Drenagem; Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água e Serviço de Processamento de Dados Hidrológicos.

4 Programa Integrado de Reforma da Educação Profi ssional.5 Centro Internacional de Estudos Pedagógicos da França.6 Centro de Estudos e Pesquisas e qualifi cações da França.

Consultores do PIREP recolhendo dados facultados pelos representantes do CFPAS

Equipa de consultores do PIREP escala CFPAS

tuída pelo Director Adjunto Administra-tivo e pelos chefes das secretarias geral e pedagógica, do centro de documenta-ção e das ofi cinas.

No encontro, os consultores, no-meadamente os senhores Pierre Home-rin, do CIEP5, e Matteo Sgarzi, do CEREQ6 inteiraram-se sobre os cursos ministrados pela nossa instituição, no que tange à certifi cação e qualifi cações dos mesmos. Paralelamente, os visitan-

tes, no âmbito da implementação do PIREP, que visa tornar a Educação Pro-fi ssional orientada para a demanda de trabalho, através da formação baseada em padrões de competência e cursos modulares e fl exíveis, providenciados por instituições de formação acreditadas para o efeito, orientaram o CFPAS relativamente aos procedimentos que pode seguir para se enquadrar na nova abordagem de formação profi ssional.

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Sétima Reunião do Comité de Supervisão do PROSUAS

A sétima reunião do Comité de Supervisão do Projecto de Promoção de Sustentabilidade no Abastecimento de Água, Higiene e Saneamento Rural (PROSUAS) constituiu um momento de prestação de contas e, sobretudo, de partilha de boas práticas, por parte do programa. Com efeito, no dia 3 de Agosto, na cidade de Lichinga, foram partilhadas muitas lições aprendidas que vão iluminar o Sector de Águas, no país, sobretudo na componente rural, no sentido de se refl ectir e delinear es-tratégias para o prosseguimento das ac-ções visando o incremento do abasteci-mento de água e saneamento e melhoria da saúde da população. O evento foi agraciado pela presença de Sua exce-lência o Governador da província do Niassa, Arlindo Chilundo, para além de representantes da JICA7 , pro-

7 Agência Japonesa de Cooperação Internacional 8 Direcção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento

Sua excelência Governador do Niassa, Arlindo Chilundo, intervindo na abertura do Comité de Supervisão do PROSUAS

venientes de Tóquio e Maputo, de técnicos provenientes da DNAAS8, CFPAS, SDPI’s do Niassa, Projecto GoTAS, entre outros.

Na ocasião, o representante da DPOPHRH do Niassa, Cassimo Aba-car, realçou a importância do encontro, que fez o balanço de 4 anos (2013 -2016) do PROSUAS, e a partilha de resultados, o que mostra a relevância do apoio dos parceiros.

Na sua Intervenção, o representan-te da DNAAS, Arlindo Correia, con-siderou o Comité um momento ímpar, para refl ectir e delinear estratégias para o prosseguimento das acções do sector de Águas. “O projecto constituiu uma mais-valia, porque não só trouxe fontes de água, omo deixou capacidade para podermos executar o que nos é exigido pelas nossas comunidades”, acrescentou

Correia.Já o director da JICA afi rmou que

o evento representou um grande mo-mento, para se entender melhor o alcan-ce do projecto, pois foi disponibilizada toda a tecnologia de abastecimento de água e saneamento e, para além da capacitação institucional, efectuou-se a promoção de higiene e saneamento e tudo foi compartilhado por todos os intervenientes. “O projecto, graças ao apoio de todos actores que operam no Abastecimento de Água e Saneamento (AAS), alcançou todos os indicadores e estamos satisfeitos com os resultados”, disse o director da JICA.

Por sua vez, no seu discurso de aber-tura ofi cial, o Governador endereçou, aos presentes, calorosas saudações de boas vindas ao Comité de supervisão do PROSUAS, no Niassa. Segundo o

COMUNICANDO

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orador, a reunião foi uma oportunidade para avaliar o grau de cumprimento das recomendações deixadas no 6° Comité de supervisão e ajudar na partilha de experiências e lições aprendidas a serem disseminadas pelos governos distritais representados no evento, por via da troca de experiências, para um desen-volvimento sustentável dos distritos. “Os resultados do PROSUAS são positivos, porque contribuiram para

9 Comités de Água e Saneamento

Saide Somane, do SDPI de Mavago, efectuando uma apresentação sobre o PROSUAS

aumentar, em 2,6%, a cobertura do AAS”, realçou o dirigente.

Prosseguindo, o timoneiro da pro-víncia expressou o seu apreço pelo facto do PROSUAS ter contribuido para o saneamento, através da cons-trução de blocos sanitários inclusivos e com sistema de lavagem das mãos, e parabenizou a JICA pelo trabalho que realizou e assumiu que resta ao governo garantir a sustentabilidade das infra-es-

truturas, através dos CAS’s9 formados e/ou reactivados, para que os mesmos reduzam drasticamente as avarias de fontes. A terminar, o governador da província do Niassa apelou os distritos a continuarem com o trabalho iniciado pelo PROSUAS, sobretudo no que tange à sensibilização das comunidades e à prevenção de actos de corrupção, no âmbito do abastecimento de água e saneamento.

Abastecimento de Água e Saneamento O cenário dos Distritos de Mavago, Muembe, Majune e Mandimba

Saíde Somane, do SDPI de Ma-vago, informou que, para se atingir o estatuto de comunidade LIFECA, a nível local, existem vários critérios, tais como latrinas com uso de tampas, água e sabão na proximidade, acrescentan-do que o distrito valoriza o papel da troca de experiências e da comunicação com as comunidades, para a partilha de mensagens sobre boas práticas nas componentes de água, saneamento, hi-giene e saúde. De acordo com Saíde, no concernente à operacionalização das fontes, no distrito, a taxa média é de 87%, em 2016, o que representa um crescimento de 27%, comparado a 2013. A apresentação do distrito de Muembe destacou o decréscimo do número de fontes avariadas de 2013 (14 fontes avariadas), para 2016 (só 1 fonte avariada), assim como a construção de 12 fontes, pelo PRO-SUAS, e 5, por parte do governo.

Sustentabilidade Na componente da Estrutura Unifi -

cada da Rede de Circulação de Peças Sobressalentes, no distrito de Mavago, de acordo com Saíde Somane foram al-cançados os seguintes resultados:

• Capacitados 5 mecânicos lo-cais (ML’s) e 1 comerciante local (CL);

• Identifi cadas e alocadas peças sobressalentes a 3 mecânicos locais e 1 CL com uma loja no distrito;

• CAS’s e comunidades infor-mados sobre a existência de peças no Distrito, através do material publicitário (Rádio, placas e panfl etos nos locais de venda);

• Relatórios dos vendedores de peças e técnicos dos SDPI apresentados, a partir da base até à província.

Já no distrito de Muembe, no âm-bito da sustentabilidade das fontes, El-ves Romão, técnico do SDPI, destacou a comunicação mensal que os técnicos dos SDPI têm com os vendedores de peças, no sentido de se monitorar os stocks e prevenir que haja rupturas que possam colocar em causa a manutenção das fontes. Na ocasião, Elves Romão informou os presentes que, antes, as peças eram vendidas no SDPI, mas agora a venda é feita por vendedores identifi cados localmente, o que reduziu o tempo de reparação das avarias.

COMUNICANDO

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Por sua vez, Amado Issufo, do SDPI de Majune, considera que a estrutura de peças sobressalentes, no distrito, está operacional, há reposição de stock, pois as peças sobressalentes são compradas na loja identifi cada e o fornecedor, a nível provincial, está em Lichinga. Quanto ao plano de acção para a sustentabilidade das fontes, Is-sufo explicou que cada localidade tem um mecânico formado para manter as funções operacionais e, a nível distrital, existe uma loja e as fontes têm CAS’s funcionais. “As comunidades estão a ser sensibilizadas para disponibilizarem o di-nheiro para as contribuições, de modo a poder-se adquirir peças sobressalentes para a reparação de avarias e garantir-se

Desafi os para a sustentabilidade do projecto Foi consensual, durante o evento, que a base para a sustentabilidade do projecto passa pelo seguinte: • Existência de empresas da área social capazes de responder às necessidades da população, em matéria de

Educação Comunitária;• Ligação escola-comunidade, para garantir a continuidade do trabalho que se fi zer com as nossas crianças;• Garantia de capacidade de reposição de peças sobressalentes;• Os líderes distritais assumirem-se como grandes promotores do abastecimento de água, saneamento e higiene.

10 Sistema de Informação Nacional sobre Água e Saneamento

o fornecimento de água”, disse a nossa fonte.

Capacitação para aoperacionalização do SINASNo que tange ao SINAS10 , Saíde

Somane, técnico do distrito de Mava-go, enumerou no âmbito do projecto, as seguintes actividades realizadas:

• Capacitação de técnicos e intervenientes do sector de Águas, em matéria de recolha e gestão de informação, preen-chimento de banco de dados de água e saneamento, habi-tações e monitoria das activi-

dades;• Capacitação entre distritos, na

potenciação de conhecimentos sobre o SINAS.

Ainda relativamente ao SINAS, Elves Romão reconheceu que, no dis-trito de Muembe, havia difi culdades no preenchimento dos modelos e que, com o projecto e a disponibilização de equipamento informático e transporte e as apresentações no Sistema de Infor-mação Geográfi ca (GIS, em inglês), a situação melhorou. “Os modelos são preenchidos ao nível das localidades e no tempo estabelecido. Trata-se de uma contribuição valiosa para o SI-NAS”, concluiu Romão.

COMUNICANDO

A capacidade de manutenção e reparação das fontes, aliada à disponibilidade de peças sobressalentes, são cruciais para a sustentabilidade do abastecimento de água rural

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Discursos de encerramento do Comité de Supervisão do PROSUAS

Director Provincial da Saúde intervindo durante o Comité de supervisão do PROSUAS

O Director da JICA mostrou-se maravilhado com os progressos, em ter-mos de desenvolvimento dos recursos humanos, e apelou que se expandissem as actividades do projecto para outros distritos, pois já existe capacidade para tal, mesmo sem o apoio da JICA, uma vez que foi transferida tecnologia e os técnicos locais aprenderam muito. “Tal-vez precisem de algum orçamento para continuar as actividades do projecto e devem pedir ao governo a alocação desse orçamento. Niassa é um grande exemplo, não só para Moçambique como para África”, disse o director da JICA, a terminar.

Dirigindo-se aos presentes, o Direc-tor Provincial da Saúde, José Alber-to Manuel, defendeu que o projecto trouxe algumas mudanças, nos locais onde foi implementado, uma vez que a

componente de sustentabilidade era o cancro desses locais, porque construia-se fontes de água, mas em pouco tem-po deixavam de funcionar. Na óptica do dirigente, a abordagem do PRO-SUAS permite que a comunidade, através do CAS, passe a fazer a gestão das fontes, por isso os resultados são satisfatórios. Outro aspecto destacado pelo dirigente foi a disponibilidade de peças sobressalentes e de mecânicos, localmente, o que facilita a reparação de avarias e reduz o tempo que a po-pulação fi caria sem água.

O projecto diminuiu os problemas de doenças diarreicas e ajudou na me-lhoria do atendimento (mais tempo de atendimento, porque há menos doen-tes) nas unidades sanitárias. “Sendo parte do governo, assumimos o com-promisso de agir de forma interventiva

para levar avante o projecto, a nível local, e levá-lo para outros locais”, pro-meteu o nosso interlocutor.

Na recta fi nal do encontro, o chefe do DAS11 do Niassa, em represen-tação do Director Provincial de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídri-cos, deu nota positiva ao evento e real-çou a necessidade de, a nível distrital, se elevar o nível organizacional, uma vez que se atingiu uma alta fasquia, com o projecto, no que tange à sustentabili-dade (Estrutura Unifi cada da Rede de Peças Sobressalentes). A terminar, in-centivou a continuação da troca de ex-periências entre os distritos e com outras províncias e exortou os administradores a assumirem a liderança do processo, de modo a promoverem o saneamento e a sustentabilidade do abastecimento de água.

112 Departamento de Água e Saneamento.

COMUNICANDO

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Estrutura Unifi cada da Rede de Circulação de Peças Sobressalentes

A voz dos mecânicos e vendedores locais

Para se inteirar do nível de operacionalidade da Estrutura Unifi cada da Rede de Circulação de Peças Sobressalentes, na perspectiva de sustentabilidade do abastecimento de água, a nossa reportagem ouviu alguns comerciantes e mecânicos dos distritos de Muembe, Majune e Mandimba.

Issufo Chaibo, mecânico local e vendedor de peças sobressalentes, no distrito de Muembe, contou que, pri-meiro, foi presidente do CAS de uma fonte e foi capacitado pelo SDPI, em 2007, para fazer a reparação de fontes de água, como mecânico local, tendo benefi ciado de uma nova capacitação, para fazer a operação, manutenção e reparação das fontes de água, incluindo avarias grossas. De referir que, depois da capacitação pelo SDPI, Issufo rece-beu um stock inicial de peças por ter sido seleccionado como vendedor de peças.

De acordo com Issufo, as peças sobressalentes para a comunidade são compradas na sua loja. “ A venda de peças não tem carácter lucrativo, é mais um serviço social, por isso vendo peças para ajudar a população, pois a água não pode faltar para o desenvolvimento das actividades, higiene pessoal e co-lectiva, consumo e alimentação”, enfa-tizou Chaibo.

Já o comerciante Angel Waite informou-nos que foi capacitado em Maio e começou a vender as peças no mesmo mês. Waite revelou que os CAS’s compram as peças nos mecâni-

cos locais e estes, por sua vez, com-pram as peças para a reposição do stock na sua loja, em Muembe, e ele, por seu turno, compra as peças na cidade de Lichinga, na loja do Sr. Asnur. Refere que tem pouco lucro, mas está compro-metido em vender peças sobressalentes, porque ajuda a população a ter água.

Contactado pela nossa reportagem, Quintino Uilesse, comerciante em Ma-june, disse que vende peças aos me-cânicos da localidade de Mecualo , no Posto Administrativo de Malanga. Quintino enumerou os centralizadores, solas, anéis de bombas, bobinas, válvu-la de pé, válvula para pistão plástico, vedante, incluindo casquilhos, como as peças mais vendidas. A nossa fonte disse ainda que as avarias estão a redu-zir, por isso a maioria das fontes estão operacionais.

Em Mandimba, conversamos com Benedito Aly, comerciante de peças, que informou que vende, todos os me-ses, solas, casquilhos, cola para tubo PVC, Cavilhas de biela e Cavilha de alavanca. “Tenho sempre stock e faço a reposição de peças em grande escala”, garantiu Aly.

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Issufo Chaibo, comerciante local, e parte das peças sobressalentes disponíveis na sua loja

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A informação que se segue resulta da conversa que a nossa reportagem manteve, na visita à Escola Primária de Mbalale, no distrito de Mandimba, com Pedro Raul Muchanga, fi scal de campo do PROSUAS, que nos falou sobre o saneamento escolar, nomeadamente a existência de blocos sanitários para meninos, meninas e funcionários (professores e pessoal administrativo).

• Blocos Sanitários (latri-nas melhoradas) inclu-sivos e com sistema de lavagem das mãos

Os blocos sanitários têm dois vasos, sendo 1 usado, até fi car cheio e logo tapado, e depois é que o outro vaso entra em acção. Paralelamente, a latrina possui um sistema de lavagem das mãos com dupla função: a mesma água usa-da para lavar as mãos é racionalizada na limpeza da drenagem da urina, no urinol. Com efeito, existe uma tubagem que sai do sistema de lavagem das mãos até ao urinol. As latrinas foram conce-bidas tendo em conta as pessoas com necessidades especiais e, na escola, foi instalada uma fonte de água que garante a funcionalidade do sistema de sanea-mento escolar. No fi m do trabalho de construção das latrinas, o PROSUAS deixou um guião para operação e ma-nutenção.

• O papel e constituição dos grupos de sanea-mento escolar

Para garantir a limpeza da latrina e dos arredores da escola, bem como o enchimento dos tanques de água, foram criados grupos de higiene escolar, cons-tituídos por professores e alunos da 3ª, 4ª e 5ª classes, em cada turma.

Promoção do saneamento As boas práticas aprendidas, em

matéria de saneamento do meio, são im-plementadas nas casas. Antes, o hábito era o fecalismo a céu aberto, mas, com edifi cação das latrinas escolares e a acti-

vidade intensa do PEC, nas comunida-des, estas começaram a construir latrinas e ganhou-se a consciência de que se deve lavar as mãos. Com a construção da fonte há uma redução considerável de doenças diarreicas.

Crianças desencadeam mudanças de comportamen-to, nas famílias…

O alvo do trabalho são as crianças, pois estas são mentoras de mudanças e levam o ensinamento até às suas casas, o que obriga os pais a ter latrinas. As crianças das 3ª, 4ª e 5ª Classes são envolvidas no saneamento e executam a limpeza das latrinas e os professores fazem o acompanhamento.

Educação comunitáriaAntes da entrega dos blocos sani-

tários, às escolas, faz-se um treinamento sobre o seu uso adequado, depois, os benefi ciários recebem o manual de instruções para a operação e manuten-ção e cria-se um núcleo de higiene e sa-neamento, que é composto por alunos, professores e membros da comunidade (pais das turmas).

Procedimentos de limpezaA limpeza é feita todos os dias.

Limpa-se, varre-se, lava-se os comparti-mentos e enche-se os tanques de água. A água é transportada em baldes, da fonte construída para os blocos sanitá-rios, ambos construídos na escola. Foi fornecido também um kit inicial comple-to de limpeza, a ser gerido e reposto pela escola, constituído por baldes, vassouras, sabão, escovas e canecas.

PROSUAS e o Saneamento Escolar

Duas Latrinas construídas na escola Primária de Mbalale, distrito de Mandimba

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Fumika Okane, perita do PRO-SUAS, considera que a Estrutura Uni-fi cada da Rede de Peças Sobressalentes (EURPS) promove a sustentabilidade do abastecimento de água, pois foi desenhada e adoptada por todos os intervenientes do sector, na província, incluindo o PROSUAS, e todos estão comprometidos com esta causa. A nos-sa interlocutora revelou que, nos distri-tos onde o PROSUAS opera, tanto os

comerciantes como os mecânicos locais já venderam o grosso do stock das pe-ças deixadas em Dezembro de 2015, exemplifi cando o caso do comerciante de Mandimba. Por outro lado, afi rmou que o tempo de espera para a repara-ção de avarias reduziu consideravelmen-te, devido ao facto dos mecânicos e vendedores de peças estarem baseados nos postos administrativos e, em alguns casos, nas localidades. “ Com a proxi-

midade das peças e das pessoas com capacidade de reparar as avarias já não se percorre mais de 50 km ou 100km para comprar peças sobressalentes. As reparações são mais baratas, já que não é necessário gastar dinheiro para o trans-porte e ajudas de custo da pessoa que vai comprar as peças, como acontecia no passado, o que promove a susten-tabilidade do abastecimento de água”, argumentou Okane.

Sustentabilidade do Abastecimento de Água

Fumika Okane, perita do PROSUAS, durante a visita dos voluntários da JICA ao distrito de Majune

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A Sustentabilidade seráum facto, no pós-PROSUAS…Segundo Okane, o PROSUAS é

um projecto de transmissão de conhe-cimento e tudo que faz, em todas as actividades, é a transmissão de conheci-mentos a todos os técnicos do distrito e todas as pessoas directamente en-volvidas no processo e, então, existirá capacidade sufi ciente, mesmo depois do fi m do PROSUAS, para se dar seguimento ao trabalho iniciado. “Os vendedores de peças estão capacitados para trabalhar com diferentes modelos de relatórios que são exigidos mensal-mente e que foram preparados pelo PROSUAS, em colaboração com o governo local”, completou Okane.

Outro indicador de sustentabili-dade da Estrutura Unifi cada da Rede de Peças, segundo a nossa fonte, é a capacidade dos técnicos dos SDPI’s, pois, tomando em consideração os trei-namentos sobre a estrutura, foi transmi-tido muito conhecimento, na teoria e na prática. “Percebemos que houve as-similação de conhecimento e o exemplo disso é que quem faz a monitoria são os técnicos e o PROSUAS supervisiona. Regista-se um progresso signifi cativo, do ponto de vista qualitativo, nomeada-mente nas competências dos técnicos

em consolidar e gerir a Estrutura”, rego-zijou-se Okane.

Contribuição da Estrutura Unifi cada, para o SINAS….

Na óptica de Okane, de alguma forma, com a estrutura funcional, a base de dados do SINAS é alimentada, uma vez que, quando o técnico do distrito recebe o relatório do mecânico local e do vendedor de peças e consta lá que reparou um determinado número de furos, já possui dados para rectifi car a informação disponível no SINAS.

“Apropriação” da Estru-tura Unifi cada de Venda de Peças Sobressalentes

Nas palavras de Okane, existe um sentido de posse e comprometimento, por parte dos governos distritais, que assumem a estrutura como sua e, por isso, devem continuar a efectuar moni-torias e a dar assistência técnica aos ven-dedores de peças, de modo a garantir a sustentabilidade do abastecimento de água. “ Neste âmbito, foi fi rmado um acordo entre o comerciante, o mecâni-co e o SDPI de cada distrito, no qual existem obrigações e deveres de cada actor, o que o facilita o comprometi-mento”, concluiu Okane.

Publicidade nas rádios co-munitárias, em português e nas línguas locais…

Okane deu a conhecer à nossa re-portagem que o PROSUAS, depois de entregar o stock inicial de peças, aos vendedores, para além da distribuição dos panfl etos publicitários ao nível do CAS, fez publicidade nas rádios co-munitárias de cada distrito, como forma de divulgar a existência dos vendedo-res, num período de três semanas e em quatro línguas: português, yao, macua e Nyanja.

A Estrutura Unifi cada da Rede de Circulação de Peças deve ser replicada….

Na visão de Okane, a estrutura é uma experiência que pode ser replica-da, porque o seu desenho é compatí-vel em qualquer província do país. “ o que é preciso é continuar-se a garantir que haja muito comprometimento, por parte do governo e dos parceiros de cooperação. “A nível provincial, que se capacitem as pessoas, se realizem al-gumas trocas de experiência, em matéria de venda de peças sobressalentes, bem como seminários sobre a estrutura de venda de peças, que envolvam toda a província”, recomendou a nossa inter-locutora.

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Cada Posto Administrativo com um mecânico local

De acordo com Shoichi Yokogi, chefe do PROSUAS, em cada um dos 7 distritos seleccionados, nomea-damente Mavago, Muembe, Majune, Mandimba, Metarica, Cuamba e Me-cula, existe um comerciante na vila-sede e alguns mecânicos locais que vendem peças sobressalentes, colocados em cada posto administrativo. Os SDPI’s seleccionaram os mecânicos locais, de modo que haja 1 mecânico local que venda peças sobressalentes próximo das comunidades.

Capacitação para a im-plementação da Estrutura Unifi cada de Venda de Peças Sobressalentes

O Projecto PROSUAS e o DAS da DPOPHRH do Niassa primeiro fi -zeram o treinamento sobre a venda e gestão de peças sobressalentes para os técnicos dos SDPI’s dos 7 distritos e,

Balanço do chefe do PROSUAS

Shoichi Yokogi, chefe do PROSUAS, intervindo num seminário, na DNAAS

depois, o SDPI fez o treinamento para todos os vendedores (comerciantes e mecânicos), em cada distrito. Os ven-dedores foram capacitados sobre todos os assuntos ligados ao estabelecimento, gestão e venda de peças sobressalentes.

Quais são as grandes li-ções de sustentabilidade do PROSUAS?

Para o chefe do PROSUAS, o al-cance da sustentabilidade depende do seguinte:

• Envolvimento muito forte da comunidade;

• O envolvimento do sector pri-vado de uma forma Win-Win (todos ganham);

• A operacionalização efi caz da Estrutura de Circulação de Pe-ças Sobressalentes;

• O envolvimento de todos os intervenientes da província, nomeadamente parceiros, go-verno, os próprios comercian-

tes e vendedores;• A criação de um mercado para

os vendedores de peças so-bressalentes;

• Sensibilização da comunidade para comprar as peças, nos locais de venda conhecidos;

• Técnicos dos distritos onde o PROSUAS opera treinarem técnicos de outros distritos, para nivelar os conhecimentos;

• O comprometimento muito forte da parte moçambicana, desde a comunidade, distrito, província e até o nível central – DNAAS;

• A capacitação de qualida-de ministrada pelo CFPAS aos técnicos das empresas da Área Social contratadas pelo PROSUAS, assim como aos técnicos dos distritos e da Pro-víncia.

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Troca de Experiências entre Voluntários da JICA e o PROSUAS

Voluntários da JICA tomando notas de detalhes das latrinas escolares.

Voluntários provenientes dos Ca-marões, Malawi, Ruanda, Uganda, Quénia, Moçambique e Japão, que tiveram a companhia de uma professora universitária japonesa e funcionários da JICA de Tóquio, colheram experiên-cias relacionadas com a construção de infraestruturas e sensibilização das co-munidades e envolvimento do sector privado. Os visitantes, acompanhados por técnicos dos SDPI de Mandimba, Majune, Muembe e Mavago, estive-ram nos distritos de Majune e Muem-be, especifi camente nas escolas de Icuvi e Lussengewe, e nas comunidades de Micoco e Chiumbe, onde receberam explicações dos activistas do PRO-SUAS sobre os CAS’s e o modelo

de gestão do abastecimento de água e saneamento e higiene escolar e co-munitária.

Voluntários observaram boas práticas de saneamento e de contribuições de famílias

Os visitantes constataram que, na comunidade de Micoco, todos têm latrinas e a estratégia usada pelo PRO-SUAS, para esse feito, foi o SAN-TOLIC, implementado pela empresa da área social Asa Consultores Lda. Por outro lado, os voluntários foram informados, pelas comunidades locais (distritos de Majune e Muembe), que o envolvimento dos líderes comunitários e visitas constantes à comunidade con-tribuíram para se eliminar a resistência à mudança. Relativamente à manutenção das fontes de água, os visitantes fi caram a saber que a pessoa que guarda os fundos das contribuições é alguém da confi ança da comunidade, neste caso uma senhora.

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UTSANANA é um projecto da SOLIDAR Suíça que aposta na melho-ria do nível de acesso a serviços bási-cos de abastecimento de água potável e saneamento, nas comunidades rurais dos distritos de Bárue e Macate, na província de Manica. O projecto tem como foco a reabilitação de 28 fontes e a construção de 22 novas fontes para o Abastecimento de Água Potável, Construção de Sanitários Públicos (4 sanitários duplos), Educação e Sensibi-lização Comunitária sobre Higiene/Sa-neamento do Meio (46 comunidades escolas) e Gestão e partilha de boas práticas.

O UTSANANA - SOLIDAR Suíça é patrocinado pelo governo Suí-ço e desenvolve as suas actividades, em coordenação com a DPOPHRH7 de Manica e os SDPI dos distritos bene-fi ciários.

SOLIDAR Suíça O que é?A SOLIDAR Suíça é uma organização não governamental fundada e patrocinada pelo partido Social-Democrata e

pela federação dos sindicatos suíços, há 76 anos atrás. Na sua criação, recebeu o nome de Organização Suíça de Entre Ajuda Operária – OSEO– , em homenagem aos seus fundadores.

Actividades A SOLIDAR Suíça apoia e realiza acções na Suíça e nos países em desenvolvimento. Na Suíça, apoia pessoas

desempregadas e refugiadas, oferecendo-as oportunidades de formação e de integração na sociedade e no exercício dos seus direitos. No âmbito da cooperação para o desenvolvimento, a SOLIDAR Suíça coopera com organizações não governamentais e governamentais locais, na América Latina, África, Europa do Leste e Ásia e, em caso de crises e desastres, presta assistência e ajuda humanitária em qualquer parte do mundo.

Grupo-alvo: Os grupos alvo mais importantes da SOLIDAR Suíça são aqueles constituídos por pessoas marginalizadas e mais

afectadas pela pobreza e descriminação. A cooperação da SOLIDAR Suíça oferece ajuda para auto-ajuda a tais pes-soas e suas organizações, por forma a que elas próprias promovam o seu desenvolvimento num ambiente democrático, participativo e de auto-determinação.

A Solidar Suíça elegeu o CFPAS como instituição parceira de formação, no treinamento dos seus técnicos que implementam o programa denominado UTSANANA.

7 Direcção Provincial de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos

UTSANANA: Um projecto que está a melhorar o acesso à água potável e saneamento,

na província de Manica

Abertura de uma nova fonte de água , no bairro da Mudança Localidade de Fudze, na sede do Posto Administrativo de Nhampassa

COMUNICANDO

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UTSANANA - Fase I (2013)

No âmbito do UTSANANA, em 2013, foi planifi cada a construção e a reabilitação de infra-estruturas de abas-tecimento de água, construção de sani-tários demonstrativos e a promoção da educação comunitária. Neste contexto, as províncias de Manica e Sofala be-nefi ciaram de 4.460.000,00MZM e 4.300.000,00MZM, respecti-vamente, para construírem, em cada distrito do projecto, 4 a 5 novas fon-tes, reparar 10 a 15 fontes avariadas, construir 5 sanitários, fazer actividades de PEC localizado e supervisão das ac-tividades, em cada distrito. Neste âm-bito, a província de Manica priorizou a construção de novas fontes, sanitários e actividades de PEC.

Em termos de realizações, no distri-to de Bárue, foram construídas 7 fontes de água novas , reabilitadas 6 fontes, construídos 6 sanitários e realizadas 19 acções de PEC localizado. Ainda no

distrito de Bárue, foram fi scalizados 7 novos furos e reabilitados 6 furos e 6 sanitários.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

– Fontes dispersas• Construção de novas

fontes e reabilitações A Província de Manica ultrapassou,

em 40%, a meta de novas fontes, por-que usou parte do valor que seria para a reparação e reabilitação das fontes avariadas. Assim, a meta nas reparações foi reduzida em 60%, para assegurar a construção de novas fontes. Em Chiba-bava, não se implementou o projecto, por razões de insegurança. No con-cernente ao distrito de Bárue, o que foi acordado entre a DPOHPRH de

Nova fonte de Água, no distrito de Bárue, província de Manica

Manica e a SOLIDAR Suíça, através de contratos assinados, mostra que o trabalho realizado foi um sucesso. De referir que a empreitada de novas fontes esteve a cargo da Hidrogeotécnica de Manica, enquanto a reparação/reabi-litação foi efectuada pela Associação Águas do Planalto.

• Saneamento do meioNesta componente, o projecto

Utsanana prioriza as escolas, centros de saúde e locais públicos para promo-ção de boas práticas de higiene, com a construção de latrinas demonstrativas e realização de palestras. Em Manica, o contrato foi assinado ao nível da DPOPHRH e cumpriu, em 100%, do constante no contrato e não do pla-nifi cado no projecto, porque o modelo concordado para construir é um pouco mais caro em relação aos modelos que vinham sendo construídos.

COMUNICANDO

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A ARBEC CONSTRUÇÕES mostrou capacidade na construção des-te tipo de obras (latrinas) e cada bloco é composto por dois compartimentos: “um com fossa e outro com urinol” e com condições de esvaziar a cova/fos-sa, quando estiver cheia, transcorrido o tempo recomendado para decomposi-ção, para se voltar a utilizar.

PEC e Sustentabilidade das fontes de água A Kulima, através da DPOPHRH

de Manica, foi contratada para prestar serviços de PEC nos locais a construir novas fontes e sanitários e a reabilitar. Neste âmbito, foram sensibilizadas 3567 pessoas, em 60 sessões de pro-moção e educação comunitária, no que tange ao saneamento do meio, em 13 comunidades, e 3017 alunos profes-sores em 18 sessões realizadas nas 3 escolas abrangidas pela construção de sanitários, no distrito de Bárue.

Para garantir a sustentabilidade das fontes de abastecimento de água, prosseguem os trabalhos de PEC, nas comunidades que benefi ciaram de novas

Sistema de lavagem das mãos na EPC de Nhanthuthu

fontes e de reabilitadas, assim como nas escolas que benefi ciaram de fontes de água e sanitários. Foram formados e revitalizados comités de água e núcleos de saúde, nas escolas. Em relação à ma-nutenção preventiva e de rotina, estão sendo feitos contactos, junto aos gover-nos locais e às DPOPHRH’s de Sofala e Manica, no sentido de se encontrar agentes que possam vender as peças o mais perto possível das comunidades.

ConstrangimentosDevido à situação de insegurança,

não se conseguiu implementar o pro-jecto, no distrito de Chibabava. Por motivo de escassez de tempo, para anunciar o concurso de execução das empreitadas, nos órgãos de informação, optou-se pelo concurso dirigido, acto que mina a transparência.

Principais resultados obti-dos e constatações

Apesar de não ter sido cumprido em 100% do planifi cado, quer em

relação às fontes de água, quer em sani-tários, devido à não implementação do projecto, em Chibabava, o ano 2013 foi bom pois a coordenação e a quali-dade das obras em Bárue foi boa.

As obras sob tutela das Direcções Provinciais das Obras Públicas, Habi-tação e Recursos Hídricos apresentam boa qualidade e a execução é rápida, todavia o custo é um pouco elevado, enquanto as obras tuteladas pelos SDPI são menos caras, mas pecam na quali-dade e tempo de execução, que tem sido extenso.

Principais desafi osEm 2013, continuava a ser um de-

safi o encontrar um modelo de sanitário de uso permanente, para o sector de educação, pois os modelos actualmente construídos, na sua maioria, depois de cheios, fi cam fora de uso, para sempre, o que compromete a sustentabilidade. O outro desafi o era o envolvimento do fi nanciador, no processo de contrata-ção, e, se possível, a sua inclusão nas assinaturas do contrato.

COMUNICANDO

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A segunda e a terceira fase do pro-jecto UTSANANA foram implemen-tadas em 2014 e 2015, respectiva-mente, pelas DPOPHRH de Manica e Sofala e SDPI’s dos distritos de Bárue e Chibabava. A segunda fase decorreu de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2014, tendo benefi ciado os distritos de Bárue, em Manica, e Chibabava, em Sofala. A terceira fase foi implemen-tada nos mesmos distritos, pelos gover-nos distritais’, em estreita coordenação com a Direcção Provincial de Obras Públicas Habitação e Recursos Hídri-cos. Neste período, o projecto criou condições para a sustentabilidade das fontes de água, com a constituição e capacitação de Comités de Gestão e Manutenção e sensibilização das comu-nidades benefi ciadas. As componentes contempladas na 2 ª e 3ª fase do pro-jecto Utsanana foram as seguintes:

• Reabilitação e cons-trução de fontes para o abastecimento de água potável

Nesta componente, em 2014, foram reabilitadas 9 fontes avariadas e construídas 4 novas fontes de água, nos distritos de Chibabava e Maca-te, nas províncias de Sofala e Manica, respectivamente, as quais benefi ciaram 10.905 pessoas , em Chibabava, e 2241, em Macate.

Já em 2015, benefi ciaram de rea-bilitação 28 fontes de água avariadas, sendo 14 em Bárue e o mesmo núme-ro em Macate. As acções de reabili-tação benefi ciaram 30.000 pesssoas, incluindo alunos, professores, utentes e pessoal de Centros de Saúde. Paralela-mente, foram construídas 16 fontes de água, 8 para cada distrito, 6 das quais para escolas, nos distritos de Bárue e Macate, obras que benefi ciaram cerca de 16.500 pessoas.

12 Comités de Água

UTSANANA Fases II(2014) e III (2015)

• Construção de sani-tários nas escolas e locais públicos

Em 2014, foi construído, no mercado de Muxúngue, 1 sa-nitário múltiplo com sistema de lavagem das mãos, benefi ciando 10.000 pessoas, entre vende-dores e clientes do mercado de Muxúngue, bem como pas-sageiros em trânsito. De referir que falta concluir a construção de um outro sanitário público, na sede do distrito de Chibabava. Em 2015, foram construídas 4 unidades sanitárias (2 na escola de Matamba, no distrito de Bárue e outras duas no Centro de Saúde de Nizazembe, no distrito de Macate).

• Educação e Sensibi-lização Comunitária, na área de Higiene e Saneamento

Neste ramo, em 2014, foram constituídos e capacitados 14 Comités de Água e Saneamento, que contem-plaram 140 membros: 80, em Chiba-bava, e 60, em Macate, respectiva-mente. Por outro lado, foram realizadas 84 sessões de educação e sensibiliza-ção que contemplaram 400 membros dos Comités de Água e activistas. Por sua vez, em 2015, foram revitalizados e capacitados 44 comités e 2 núcleos de água, saneamento e higiene, nas co-munidades e escolas abrangidas. Estas acções benefi ciaram 528 membros dos Comités, em Bárue e Macate, e resul-taram na criação de 5 novos postos de trabalho de promoção de educação comunitária-PEC. Paralelamente, foram realizadas cerca de 260 palestras, em 46 comunidades, para 46.500 pes-soas, incluindo alunos, professores e utentes dos Centros de Saúde.

• Monitoria e avaliação da implementação do projecto

O projecto visitou 40 comunida-des, onde fez o acompanhamento e supervisão do trabalho dos CdA’s e das brigadas de manutenção das fon-tes , nos distritos de Bárue, Macate e Chibabava. Estas acções cobriram 400 membros dos CdA’s12 e activistas.

• Gestão e Partilha de informação e boas práticas

Em 2015, foi realizada uma visita de troca de experiências, entre o pro-jecto UTSANANA da Solidar Suíça e o projecto ORATA, implementado pela Helvetas Swiss Intercooperation, que envolveu 13 elementos, entre membros de CdA’s, técnicos dos SDPI e da DPOPHRH e da Solidar Suíça.

O projecto visitou

40 comunidades, onde fez o acompanhamento e

supervisão do trabalho dos CdA’s e das brigadas de

manutenção das fontes...

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Fonte: A Informação foi fa-cultada por Zanga David Mero, assistente do projecto Utsanana, e adaptada por Jorge Júnior

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Conversa com o Coordenador da Solidar Suíça

Para nos inteirarmos dos progres-sos alcançados pelo Utsanana, a nos-sa reportagem conversou com Jorge Joaquim Lampião, Coordenador da Solidar Suíça, que fez uma resenha das diferentes fases do projecto.

Reabilitação e construção de fontes

Debruçando-se sobre o projecto que coordena, Jorge Lampião disse que, na primeira fase do projecto Ut-sanana (2011-2012), efectuou-se a reabilitação de 40 fontes e a cons-trução de 21 novas, na segunda fase (2013-2014), foram construídas 10 fontes novas e reabilitadas 27. Para a terceira fase, compreendendo o perío-do de 2015-2017, foram planifi ca-das 28 reabilitações e 22 novas fon-tes. As reabilitações foram concluídas com sucesso e no tempo programado, enquanto a última das novas fontes en-contra-se em execução.

O planifi cado foi supera-do...

O coordenador da Solidar Suíça destacou que o planifi cado nas 3 fa-ses foi superado, pois, das 52 fontes novas planifi cadas, foram construídas 57 fontes. “ Isto aconteceu porque, na primeira fase, em Chibabava, foram construídas 11 fontes, ao invés de 10. Segundo Lampião, tendo em conta a actual Política Nacional de Águas, que preconiza, como padrão, 300 pes-soas/fonte, o número de benefi ciários real tem duplicado, pois cada fonte benefi cia mais do que 700 pessoas e isto multiplicado por 57 faz disparar o número de benefi ciários.

O Coordenador da Solidar Suíça, Jorge Lampião

Construir Sistemas de Abastecimento de Água para aumentar a cobertura… Na óptica da nos-

sa fonte, o núme-ro excessivo de pessoas que se benefi ciam do mesmo furo sobrecarrega as bombas, mas essa é uma realidade ditada, na prática, contrariando as projecções do projecto Utsanana. “E o aspecto mais importante é que este cenário fez- nos pensar em converter, nas zonas onde a energia chega, as fon-tes manuais de abastecimento de água em PSAA. Em Chibabava e Maca-te, 7 fontes manuais viraram PSAA e benefi ciam muita gente, entre 2000 a 2500 pessoas e com probabilidades de ligações domiciliárias, em estudo, no distrito de Macate” disse Lampião.

Diferenças entre Utsana-na e outros projectos

Na visão de Lampião, o Utsanana difere de outros projectos, porque con-seguiu manter a actividade de PEC ao longo de todo o projecto, pois o pro-jecto considera que os CAS’s devem ter um acompanhamento, no mínimo, de 3 anos, para a sua consolidação.

Principais lições e reco-mendação

De acordo com o nosso interlocu-tor, tendo em conta o número elevado de fontes de água e considerando as oportunidades e o avanço real do país, é aconselhável transformar uma fonte manual e colocar um Sistema de Abas-

tecimento de Água. Uma outra lição é que, com um acompanhamento com vi-sitas mensais aos CAS’s, durante, pelo menos, 3 anos, é possível garantir uma melhor gestão e sustentabilidade das fontes. “A ideia é que o SDPI possa dar continuidade ao trabalho do pro-jecto, através dos seus técnicos, mas isso ainda não é possível, porque há falta de quadros e estamos a fazer mais advocacia para o apetrechamento dos SDPI’s, de modo a darem apoio até às localidades. Por isso, estamos a advo-car a favor da institucionalização de um PEC permanente ” acrescentou o nosso interlocutor.

Outra lição que se tira, segundo Jorge lampião, é que o projecto traba-lha em Consórcio e isso traz a experiên-cia de outros países, quanto à gestão de fontes, sejam manuais ou pequenos sistemas, e relativamente ao estabele-cimento de mecanismos de parcerias público-privados efi cazes, nos nossos países.

A terminar, o coordenador da Solidar Suíça, organização que vem implementando o projecto Utsanana, considera que, em todas as reuniões do GAS, a nível da província, dever-se-ia incluir os técnicos dos SDPI’s, porque são os actores principais, no terreno, algo que raramente acontece, presen-temente.

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