Revista 25 anos SITRAEMG

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anos REVISTA SITRAEMG Edição Comemorativa Fevereiro / 2014

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Trabalho realizado para o SITRAEMG em 2013.

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REVISTA SITRAEMGEdição Comemorativa

Fevereiro / 2014

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Editorial

Janis Joplin, cantora e compositora norte-americana, morreu aos 27 anos, mesma idade com que também nos deixaram seus compatriotas Jimi Hendrix, cantor, compositor e gênio da guitarra, e Jim Morrison, cantor, compositor e poeta, mais conhecido como

vocalista da banda The Doors. James Dean, outro norte-americano, célebre ator que atuou em filmes como “Juventude Transviada”, viveu apenas 24 anos. No Brasil, podemos citar o cantor e compositor Noel Rosa, que faleceu aos 26, o poeta Castro Alves, que se foi ainda aos 24, ou o romancista Álvares de Azevedo, aos 20. São centenas - talvez milhares - de figuras geniais que, infelizmente, partiram cedo. “Existe nessa terra o equilíbrio natural...”, alenta-nos a canção “A vida por um fio”, do Ira!.

Por outro lado, a humanidade teve a felicidade de ter ao seu lado, por mais de um século, a genialidade do arquiteto Oscar Niemeyer, que viveu 104 anos, ou por quase isso, o espírito libertário do líder negro e presidente da África do Sul Nelson Mandela, responsável pelo fim do regime de segregação racial (apartheid) no país sul-africano, morto em dezembro passado, aos 95 anos. O pintor e escultor espanhol Pablo Picasso morreu aos 91. O escritor português José Saramago se foi aos 87, mesma idade completada em agosto último pelo líder da revolução e do povo cubano Fidel Castro, que ainda vive entre nós. “Tempo, tem-po, tempo, tempo...”, filosofou Caetano Veloso.

Longevidade que não tiveram a sorte de ter, por exemplo, o ditador fascista italiano Benito Mussolini, falecido aos 61 anos, e Adolf Hitler, austríaco de nascimento e ditador nazis-ta na Alemanha, que teria se suicidado aos 55. Também, não dá nem para imaginá-los cente-nários, espalhando o terror mundo afora. “Vai passar...”, tranquilizou-nos Chico Buarque.

“O homem faz o seu nome através dos seus atos”, disse alguém certa vez, despreten-siosamente, mas com grande propriedade. Na ciência, na arte, na literatura, no esporte, na religião, na política, é com suas ações que também as instituições, assim como as pesso-as, vão se imortalizando ao longo da história. Independentemente da longevidade que alcan-cem. Levam-se em conta, sim, a persistência, a perseverança, a sede de realização, a intensi-dade.

A história, como as canções

Nos últimos 25 anos, comemoramos a queda de ditadu-ras. Por outro lado, vimos fragilizar-se a utopia do comu-nismo; presenciamos o florescer e frutificar do neoliberalis-mo, o nome moderno para o capitalismo, que se reafirmou devastadoramente, devorando sonhos. “O crime de rico, a lei o cobre/O Estado esmaga o oprimido/Não há direi-tos para o pobre/Ao rico tudo é permitido”, alerta-nos “A Internacional”, o imortalizado hino que embala a luta da classe trabalhadora desde que foi concebido pelo francês Eugène Pottier, em 1871.

Impuseram-nos perdas mil: ambientais, trabalhistas, à li-vre manifestação, à verdadeira informação. A ditadura civil; o famigerado capital. Mas nós resistimos. E avançamos firmes e prontos para a luta. O socialismo, acredite, não morreu. “À opressão não mais sujeitos/Somos iguais todos os seres/Não mais deveres sem direitos/Não mais direitos sem deve-res (...) Para sair desse antro estreito/Façamos nós por nossas mãos/Tudo o que a nós nos diz respeito”, reanima-nos “A Internacional”.

Os primeiros 25 anos do nosso Sindicato se passaram, colegas servidores do Judiciário Federal. Vamos partir para os próximos 25 anos firmes, hirtos, resolutos, “caminhando e cantando/e seguindo a canção...”, como nos ensinou Geraldo Vandré.

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DIRETORIA EXECUTIVA

Coordenadores GeraisAdriana Corrêa Valentino

Hebe-Del Kader Batista BicalhoLúcia Maria Bernardes de Freitas

Coordenadores de FinançasArtalide Lopes Cunha

José Francisco Rodrigues

Coordenadores ExecutivosCarlos Humberto Rodrigues

Débora Melo MansurFernando Guetti

Hélio Ferreira DiogoOsmar Souto

Coordenadores RegionaisAldemar Simões

Eliézer GrangeiroIclemir Costa

Líliam LyrioMarisa CamposRaimundo Alves

Edição e ReportagensGenerosa Gonçalves – Mtb 13265Gil Carlos Dias – Mtb 01759Janaina Rochido – Mtb 13878

Projeto Gráfico e DiagramaçãoFlávio Faustino

ImpressãoGráfica Silva Lara

Tiragem5.000 exemplares

EspecificaçõesCapa: Papel Couchê liso 230g -Laminação fosca e verniz localizadoMiolo: Papel Couchê liso 115g

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Edição comemorativa – Fevereiro/2014

SITRAEMG – Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federalno Estado de Minas Gerais

Rua Euclides da Cunha, 14 - Prado – CEP 30.411-170Belo Horizonte – Minas Gerais

(31)4501-1500 ou 0800.283.4302

www.sitraemg.org.br / [email protected] / twitter: @sitraemg

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Sumário

Base SindicalDa Justiça do Trabalho ao MPU e, hoje, exclusivamente do Judiciário Federal ............ 7

Como fundaram o SITRAEMGA história contada por alguns de seus fundadores .................................................................. 8

Filiados com bom tempo de casa ....................................................................................................... 10

MobilizaçõesLutas heróicas levaram a categoria a grandes conquistas .................................................. 12

Plano de carreira: a luta mais antiga e mais atual da categoria .......................................... 13

Greves, paralisações, grandes manifestações ........................................................................... 14

Palavra dos servidoresSindicato: voz forte de uma Categoria Unida – Sônia Maria Peres de Oliveira ......... 20

“Servidores públicos terão salários reduzidos de forma escalonada em 2014” – Nestor Santiago ...................................................................................................................................... 22

Dias, meses, anos...Palestras, debates e integração com a categoria .................................................................... 24

Direitos difusosO capital falou mais alto, mas conseguimos livrar o Brasil da Alca ............................... 28

A casa do servidorCrescendo junto com o SITRAEMG ................................................................................................ 30

Linha do tempoNas palavras dos presidentes, a trajetória do SITRAEMG nesses 25 anos ............... 32

Palavra dos parceiros O que dizem os companheiros de caminhada ............................................................................. 39

O SITRAEMG no cenário nacionalCom a palavra, os coordenadores gerais da Fenajufe ............................................................ 41

EntretenimentoNem só de lutas é feito um sindicato .............................................................................................. 43

Nossos colaboradoresPessoas que dão o suporte para o funcionamento dessa engrenagem sindical ....... 52

A mais antiga: Lídia Palhares ............................................................................................................ 53

Agradecimentos ...................................................................................................................................... 54

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U m grupo de servidores do TRT da 3ª Região fundou o SITRAEMG em 22 de fevereiro de 1989. Foi durante assembleia realizada na Sala Multimeios do TRT, no 11º andar do prédio da

rua Curitiba, 835, em Belo Horizonte. Além de aprovar, por aclamação, a fundação do Sindicato dos Servidores da Justiça do Trabalho do Estado de Minas Gerais e seu estatuto, elaborado pela Comissão de Sindicalização, a assembleia elegeu, também por aclamação, uma diretoria “provisória” para a entidade.

Conforme relatado em ata, a assembleia foi presidida por Carlos Wagner Caldeira Garzon, secretariado pelos colegas Genderson Silveira Lisboa, José Marcos da Silva e Jean Nery Álvares Coutinho. Para a diretoria provisó-ria, foram eleitos Paulo Roberto dos Santos (presidente), Carlos Wagner Caldeira Garzon (secretário) e Aloysio Quintão Bello de Oliveira (tesou-reiro). Também assinaram a ata da assembleia de fundação do Sindicato os seguintes servidores: Alice Soares Safar, Antônio Carlos Rodrigues Filho, Cid Freitas, Daniel Bueno Catele, Edilberto Bernardes Ferreira, Heloísa Helena de Vasconcelos Silva, Luiz Fernando Rodrigues Gomes, Maria Francisca Honorato, Neiva Ananias e Ricardo Amaral Silva.

“A diretoria provisória deve conduzir os destinos do SITRAEMG e mar-car novas eleições num prazo máximo de 60 dias”, determinava o estatuto do Sindicato. No entanto, a primeira eleição efetiva ocorreria somente em 25 de abril de 1991, com Paulo Roberto dos Santos mantido na presidência. Antes disso, em assembleia realizada em 12/12/1989, era aprovada a amplia-ção da base sindical da entidade, com a inclusão dos servidores das Justiças Eleitoral, Federal e Militar. Inicialmente vinculado à Fenastra (Federação Nacional das Associações de Servidores da Justiça do Trabalho), o sindicato mineiro participou do congresso de fundação e tornou-se um dos primeiros filiados da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União), em 8 de dezembro de 1992.

Ata da AGE de 12/03/1995 registra a adesão também dos servidores do Ministério Público da União (MPU) à base do SITRAEMG, que passa então a denominar-se Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal e do Ministério Público da União no Estado de Minas Gerais. Com a desvinculação destes, no final de 2001, o Sindicato ganhou sua denominação atual, a partir de junho de 2002, de Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de Minas Gerais.

Foram presidentes do SITRAEMG: Paulo Roberto dos Santos (1989/1991), Carlos Athayde Viegas Valadares (1991/1993, 1995/1997 e 1997/2000) Sandra Cintra de Souza (1993/1995), Lúcia Maria Bernardes de Freitas (2000/2003), Sônia Peres de Oliveira (2003/2005 e 2007/2009), Carlos Antônio Ferreira (2005/2007) e Alexandre Brandi Harry (2009/2011). Reforma estatutária aprovada em 2010 mudou o sistema de gestão da entidade, de presi-dencialismo para colegiado. A atual Diretoria Executiva (2011/2014) é a primeira eleita sob esse novo sistema, tendo à frente, com o mesmo poder de decisão, os coordenadores gerais Adriana Corrêa Valentino, Hebe-Del Kader Batista Bicalho e Lúcia Maria Bernardes de Freitas.

Da Justiça do Trabalho ao MPU e, hoje, exclusivamente do Judiciário Federal

Base sindical

Alice Soares Safar, primeira secretária do SITRAEMG, recebe o registro sindical das mãos de Dorothéa Werneck, ex-ministra do Trabalho e

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C arlos Wagner Caldeira Garzon, que presidiu a Comissão de sindicalização e a as-sembleia de fundação, e tornou-se o primeiro vice-presidente do SITRAEMG, é hoje aposentado pelo TRT, residente na cidade de São Sebastião do Paraíso

(MG). Segundo ele, a ideia de criar um sindicato surgiu de ambos os administradores do TRT-3, à época, o juiz do trabalho Renato Moreira Figueiredo, presidente, e Cassius

Drummond, diretor geral. “Foram eles que deram o pon-tapé inicial e nos apoiaram em tudo”, relembra Garzon, informando que os administradores do Tribunal eram “homens de visão e de mente aberta”.

Garzon explica que o grupo de servidores que abra-çou a causa pela criação do Sindicato não tinha nenhu-ma experiência com o assunto e contaram com o apoio do diretor geral do Tribunal e da Asttter (Associação dos Servidores do Tribunal do Trabalho da Terceira Região). “Participamos de alguns eventos sobre sindicalização, inclusive com viagem a Brasília, onde ‘tomamos um ba-nho’ sobre o assunto. Eu tomava café da manhã falando sobre sindicato, almoçava sindicato e jantava sindicato”, brinca, informando que ficou até com a barba grande, descobrindo assim o porquê de os sindicalistas não fa-zerem a barba. “É porque não dá tempo”, explica. Em seus relatos, Garzon conta que sempre andava com uma pastinha debaixo do braço e que realizavam muitas reu-niões semanais, trocando ideias com presidentes de sin-dicatos. Eram sempre bem recebidos e auxiliados com

informações e conselhos sobre como criar o sindicato. Segundo ele, muitos destes eram juízes classistas e tinham enorme prazer em ajudar. “Destaco o presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, à época, Haldane Ribeiro Teixeira, juiz classis-ta de primeira linha, a quem muito devemos pelo seu apoio e incentivo”, aponta.

A história contada por algunsdos seus fundadores

Como fundaram o SITRAEMG

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Carlos Wagner Garzon, presidente da assembleia de criação do Sindicato e primeiro vice-presidente da entidade

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Dificuldades

S egundo Garzon, àquela época, falar sobre sindicato no prédio da Getúlio Vargas assustava todos os colegas: “Lembro-me que entrei em um gabinete e as funcionárias, apavoradas, me pergun-taram: ‘Carlinhos, o Dr. Renato sabe o que você está fazendo? ’ Este era o sentimento comum”.

O aposentado acredita que era o medo “do novo”, e as pessoas tinham receio de que o assunto pudesse não agradar a Administração. “Foi muito difícil ir quebrando o gelo e abrir caminho; éramos vistos como revolucionários, mas tínhamos o respaldo da Administração e aí as pessoas foram perdendo o medo”, conta.

Outro fundador do SITRAEMG, José Marcos da Silva, 2º secretário, que já foi delegado de base do Sindicato e hoje é diretor de Secretaria da Vara Trabalhista de Araçuaí-MG, também relata as primei-ras e principais dificuldades encontradas para fundar o Sindicato. “Foi difícil conscientizar os servidores da importância de se criar um instrumento para a defesa de nossos interesses”, disse, relembrando como tam-bém foi difícil buscar as primeiras filiações. “Foi um trabalho de corpo a corpo, tentando convencer o maior número possível de servidores a abraçarem a ideia”, de-talha.

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José Marcos da Silva, 2º secretário da assembleia que aprovou a fundação do SITRAEMG

SatisfaçõesSaber que estavam fazendo a coisa certa e útil

para a categoria e receber incentivos de alguns ju-ízes mais conscientes e de advogados que diziam “vão em frente; o que estão fazendo é novo e pode ser feito”, foram, com certeza, o que levaram o gru-po de servidores à satisfação de continuar na luta pela criação do Sindicato. Assim, chamaram a ca-tegoria para uma assembleia - a de fundação. Para José Marcos, a grande satisfação foi ver as pessoas se filiando e construindo o SITRAEMG.

Assembleia de fundação

O presidente da assembleia de fundação do Sindicato, Carlos Garzon, explica que ela foi um pou-co tumultuada, “porque os colegas servidores - mili-tantes políticos - queriam atrapalhar, com o intuito de se apossar do Sindicato”. Mas, segundo ele, a cate-goria foi e encheu o auditório da FAFICH (UFMG) que ficava em frente ao antigo prédio TRT da Rua

Curitiba, em Belo Horizonte. Discutiram o assunto, enfrentaram os militantes políticos e, “no grito” fundaram o Sindicato. Por que no grito? Garzon responde que é porque eles – os militantes - queriam anular a assembleia. “Foi preciso rejeitar propostas e cassar a palavra deles”, explica.

Ao final da assembleia, Garzon informa que fez a seguinte pergunta: quem está de acordo com a fundação do nosso sindicato permaneça sentado como está. “Pronto. Fundou-se o Sindicato por unanimidade, pois não deu tempo de ninguém levantar para contestar. Dei por encerrada a assembleia, e a ‘porrada’ quase comeu”, relembra o primeiro vice-presidente do SITRAEMG, orgulhoso por saber que estavam certos, pois o Sindicato completa ago-ra 25 anos. “Essa é a prova de que estávamos no caminho certo. Plantamos uma semente para o futuro”, constata.

Segundo Garzon, o grupo tinha pressa em criar o Sindicato, pois, no mês seguinte, março, já poderiam iniciar a arrecadação sindical, o que aconteceu e permitiu que a entidade nascesse forte e independente, além da compra da sua primeira sede. “Tive a honra de registrar o SITRAEMG no Cartório de Registros. Era como se fosse um filho; também, depois de tanto trabalho que deu para ‘nascer’”, recorda-se, com satisfação.

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Edna Lúcia de Assis, vice-presidente do SITRAEMG, atualmente lotada

na 4ª VT de Betim

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Aguinaldo Neves da Rocha Júnior, servidor da Vara Única da Justiça Federal

em São João Del-Rei

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Para que uma entidade de classe se torne forte e representativa, é de suma importância que a categoria faça parte desse corpo, onde a filiação e participação efetiva nas atividades promovidas pelo Sindicato, nesse caso, são aspectos fundamentais para o fortalecimento da entidade. Nesse sentido, o SITRAEMG

conversou com alguns filiados acerca do assunto

Filiados com bom tempo de Casa

P ara Edna Lúcia de Assis, servidora do TRT, lotada na cidade de Betim, e ex--vice-presidente do SITRAEMG em duas

gestões – 1993/1995 e 2000/2003 -, filiar-se é con-fiar, acreditar nos objetivos propostos. “Se você confia, você se filia”, ensina, informando que essa ação ajuda a alcançar os objetivos. “É gratificante chegar lá na frente e saber: eu participei! E saber mesmo. Não importa que os outros saibam, basta você saber; é uma coisa interna, pessoal!”, testemu-nha. Edna participou mais efetivamente da vida do Sindicato quando fez parte da sua diretoria – períodos citados acima –, assumindo a vice-presi-dência. A primeira vez, na década de 90, pouco tempo após a unificação, quando o Sindicato pas-sou a representar, além dos servidores da Justiça do Trabalho, também os das Justiças Federal, Eleitoral e Militar. Também naquela época, a sindicalista foi diretora jurídica -1995-1997. Ainda no seu currí-culo sindical, foi delegada de base por Contagem e pela 3ª Vara Trabalhista de Betim. “Neste período, nossas lutas, no geral, eram por melhores índices de aumentos lineares de salário - que ocorriam sempre em janeiro; e nos diversos tribunais, por melhores condições de trabalho – além, é claro, de inten-sa campanha de filiação - esta com pleno êxito, já que, ao final da década de 90, tínhamos índices de filiação além da nossa própria expectativa”, destaca a filiada, parabenizando o SITRAEMG pelo seu 25º aniversário e salientando: “se o Sindicato so-mos todos nós, na luta, que todos nós tenhamos consciência da nossa importância e responsabilida-de, nas conquistas e nas derrotas destes 25 anos, para chegarmos aos 50 anos com muito mais so-lidez!”.

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C om a mesma opinião de Edna, Aguinaldo Neves da Rocha Júnior, servidor da Justiça Federal de São João del-Rei, diz acreditar que a filiação ao Sindicato é uma decisão fundamental para demonstrar a força da categoria à sociedade. Para ele, a representatividade sindical é um dos cri-

térios que a Administração leva em conta durante a negociação coletiva, ou seja, quanto maior, melhores as possibilidades de êxito. “Alguns servidores podem achar que, mesmo não sendo filiados, serão beneficiados pela negociação do Sindicato com a Administração Pública. Estão equivocados”, alerta, advertindo que um sindicato sem filiados é uma entidade sem voz e, portanto, sem peso para defender os interesses da cate-goria. “Mais filiados, melhores chances na negociação; menos filiados, piores as condições de negociação”,

destaca. Aguinaldo afirma que, na JF de São João del Rei, ele é o único filiado e que, por isso, é sempre procu-rado pelos colegas para saberem as novidades e se novas ações judiciais estão sendo propostas pelo Sindicato. O servidor lembra que, nas últimas paralisações, realizadas em prol do reajuste salarial, ele convocou os colegas para reuniões, organizou manifestações na porta da subseção e convidou colegas de outros órgãos (Vara do Trabalho, MPF e Cartórios Eleitorais) para manifestação em praça pública.

Suely Maria Silva Reis, recém-aposentada pela Justiça Militar, na cidade de Juiz de Fora, acredita que a impor-tância da filiação não se dá apenas para o fortalecimento da categoria, mas também para a proteção do servidor. “Fui diretora de base por um período e pude estar em Brasília quando da aprovação de um dos nossos PCSs”, exemplifica a filiada, parabenizando o SITRAEMG, com votos de fortalecimento, pelos seus 25 anos.

“Indiscutível a importância da filiação”. Esta é a ava-

Heloísa Lomônaco, aposentada pela Justiça Eleitoral de Belo Horizonte

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Suely Maria Silva Reis, aposentada pela JM/Juiz de Fora

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liação da aposentada Heloísa Lomônaco, que há bastan-te tempo atua no Sindicato, já tendo feito parte de três diretorias. Para ela, é de conhecimento que muitos dos direitos da categoria só se concretizam quando se luta por eles. “A luta que o Sindicato trava não é fácil; ti-vemos perdas, mas também muitos ganhos, resultantes da luta de poucos, para beneficiar toda uma categoria”, aponta Lomônaco, reclamando da falta de interesse de alguns servidores que não participam de nenhuma ati-vidade sindical, ignoram a realidade dos fatos e ainda perguntam “o que o Sindicato está fazendo em relação a isto ou àquilo?” Dentre as variadas atividades sindicais, destaca-se a participação da aposentada nas inúmeras caravanas a Brasília, sobretudo, na votação e marchas contra a reforma da Previdência - 2003, assim como no julgamento da contribuição previdenciária dos inativos, pelo STF, em reuniões dos coletivos jurídicos, visitas ao interior, reuniões do MOSAP, congressos, reuniões am-pliadas da Federação e atos de greve.

“Parabéns, SITRAEMG. Você merece comemorar. Foram 25 anos de muitas lutas, vitórias e conquistas. Quando de sua fundação, era pequeno. Engatinhou, cresceu e realizou seu sonho: você tem uma bonita sede. Conta com muitos filiados. Mas, não se esqueça, foi preciso coragem, dedicação e abnegação de seus dirigen-tes. Parabéns a todos que acreditaram em você! Vá em frente!”, finaliza a filiada, parabenizando o Sindicato.

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Lutas heróicas levaram a categoria a grandes conquistas

Mobilizações

É sempre pertinente rememorar a história dos servidores do Judiciário Federal para que aqueles que acabam de chegar à insti-

tuição sintam que a substantiva melhora na situação de penúria vivida pelos mais antigos, até o início dos anos 1990, tornou-se possível graças à intensa e per-sistente luta da categoria.

Naquele momento, os vencimentos não atin-giam o salário mínimo. E os governos que se su-cediam, inspirados pelo neoliberalismo e monitora-dos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, impunham sistematicamente polí-ticas de arrocho salarial, retirada de direitos, redução do Estado e dos serviços públicos, e, para sufocar a reação do funcionalismo, a intimidação dos movi-mentos grevistas. Política que ficou mais evidente e forte a partir da primeira gestão do expresidente Fernando Henrique Cardoso, iniciada em 1995. Ao longo de seus dois mandatos (95/98 e 99/02), FHC fez aprovar pelo menos duas reformas de terrível impacto no serviço público e para o fun-cionalismo: a administrativa, pela Emenda Constitucional nº 19/98, e a da previdência, pela EC nº 20/98. Para se ter uma ideia dos estragos promovidos pelo governo tucano, até meados de 2001, os servidores públicos já contabilizavam a perda de pelo menos 56 direitos. Além disso, encaminhou ao Congresso Nacional uma série de proposições de lei com o intuito de ampliar ainda mais a derrocada dos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público.

Vieram os governos petistas (Lula, 2005/2006 e 2007/2010, e Dilma, 2011 até hoje), cujo partido antes estivera ao lado da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e das minorias, e mantiveram com fervor a políti-ca neoliberal. Em 11 anos, já promoveram duas reformas da previdência (as EC 41/2003 e 47/2003, estabelecendo, por meio destas, o tempo de contribuição, idade mínima e regras de transição para a aposentadoria, a contribuição previdenciária dos aposentados e pensionistas, fim da pari-dade e outras perdas) e, por último, instituiram a previdên-cia complementar. Além disso, os petistas fizeram aprovar a reforma do Judiciário (EC nº 45/04), imposta pelo FMI e Banco Mundial, através do Documento 319, com mu-danças visando garantir segurança jurídica para as grandes empresas transnacionais que viessem a se instalar no Brasil. Uma das novidades dessa emenda foi a criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cuja principal preocupação é estabelecer metas e mais metas a serem cumpridas por um quadro cada vez mais reduzido de servidores nos tribunais.

PCS, URV e muitas outras vitórias

O descaso dos governos e a perseguição implacável, ao invés de desanimarem o funcionalismo, o impulsionaram a buscar a reversão da situação. Atos públicos e passeatas, que lotaram praças, ruas e avenidas, além de paralisações e greves memoráveis, foram a tônica e uma constante nas lutas da categoria nos últimos 25 anos. E renderam grandes conquistas. As principais delas: aprovações dos três Planos de Cargos e Salários (o PCS-1, pela Lei 9.421/96; o PCS-2, pela Lei 10.475/02; e o PCS-3, pela Lei 11.416/06). Houve, também, os aumentos da Gratificação de Atividade Judiciária (pelas Leis 10.944/04 e 12.664/12), além do “ar-rastão” (movimentação extraordinária), pagamento das dife-renças decorrentes da URV (principal e juros) e a incorpo-ração dos quintos, conquistas alcançadas a partir de grandes e duradouras batalhas nas esferas político-sindical e judicial.

Passeata em 31 de agosto de 2012, em Belo Horizonte: da Justiça Federal ao TRE-MG, centenas de servidores pelo PCS-4

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U ma avalanche de protestos e atos públi-cos organizados pelo SITRAEMG nos últimos 25 anos: contra o arrocho sala-

rial e por uma política salarial para os servidores do PJF; por isonomia com os servidores do Executivo, plano de carreira, contra o “paraquedismo” (ocu-pação de cargos por não concursados), pelo fim dos juízes classistas, contra a extinção da Justiça do Trabalho, pela manutenção dos concursos internos para ascensão profissional, estabilidade, aumento do auxílio creche; contra a corrupção, irregulari-dades administrativas e nepotismo; contra o corte de até 80% das vantagens obtidas com ascensão profissional (93); luta por 105% de reposição sa-larial (94), corpo a corpo no Congresso pedindo apoio à pauta de reivindicações e contra a reforma de Estado e ato em frente ao STF (julho e agosto de 95); pela data-base; contra o desmantelamento do serviço público; campanha pelo arrastão (movi-mentação extraordinária); contra a retirada de 56 direitos dos servidores, que já haviam sido conta-

bilizados até meados de 2001, no governo FHC; manifestações em BH e interior contra a reforma da previdência; contra a PEC 334/96 (nepotismo) e a PEC 2/03 (trem da alegria); campanha pelos passivos, em 2007, rei-niciada em 2009, e pela jornada de 6 horas; cam-panha de valorização do servidor, campanhas de sindicalização; levanta-mento de demandas junto aos servidores dos tribu-

nais; ações de indenização por desvio de função, contra a Resolução 88 do CNJ (que aumentou a jornada); vários atos públicos desde 2009, passeatas, mobili-zações na capital e interior, pelo PCS 4, e, por último, pelo aumento da GAJ; contra a implantação da RA 63, do CSJT, na JT; pela isonomia entre chefes de cartórios (aguardando votação no Congresso); recentemente, contra o aumento do Pro Social (plano de saúde dos servidores da JF); pela aposentadoria especial para oficiais de justiça, agentes de segurança e portadores de deficiência; contra

Seminário sobre Plano de Carreira, em outubro de 2008, no Sindicato

Plano de carreira: a luta mais antiga e atual da

categoria

Nos últimos 25 anos, os servidores do Judiciário Federal em Minas, liderados pelo SITRAEMG, ao lado da Fenajufe e da cate-goria, em âmbito nacional, ou por meio de sua assessoria jurídica, conseguiram, ainda, a limitação da cobrança do PSSS a 2% da remuneração, para os servidores do TRT; exoneração de parentes de juízes do TRT não concursados; progressão e promoção para os servidores; impedimento da extin-ção de cinco VTs em Minas e da aprovação do PLP 549/09 (congelamento salarial); aprovação da EC 73, que cria o TRF de Minas; e muitas outras vitórias.

O SITRAEMG também sempre esteve na linha de vanguarda nas áreas da tecnolo-gia e da comunicação. Foi um dos primeiros sindicatos da categoria a criar sua página na internet, a oferecer o sistema de banda lar-ga de navegação para os filiados e a utilizar softwares livres (programas gratuitos) nos computadores de sua sede. Além da pági-na na internet, possui um perfil no Twitter, edita o jornal institucional, boletins e outras publicações impressas, desde sua fundação, e, em 2007, instalou sua Rádio Web, com programação diária e ao vivo.

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Greves, paralisações, grandes manifestações

07/02/95Paralisação de 2 horas: contra a política de governo de FHC para os servidores públicos

30/01/96 Paralisação de 24 horas: contra a política

salarial de FHC e reformas Administrativa e da Previdência

1º/04/96Paralisação de 24 horas: contra as

mentiras de FHC – enterro simbólico de FHC e ministros da área econômica

24/09/97Sindicato organiza protestos de 1000 dias sem reajuste salarial: entrega de pizzas nos tribunais – Pizzaria FHC

a forma equivocada com que está sendo implantado o PJe-JT (Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho); pela saúde e qualidade de vida do servidor; atualmente, em âmbito nacional, contra o congela-mento salarial e pela pauta emergencial junto ao STF – antecipação da última parcela da GAJ, reenquadra-mento da Lei 12.774/2012 (incorporação e retroativo), empenho do STF pela aprovação do PL 319/07, definição da data-base, aumento dos valores de repasse para auxílio saúde e quitação dos passivos, criação de uma comissão interdisciplinar para elaboração do plano de carreira e discussão pertinente com os servidores, para que finalmente deslanche uma definição sobre a carreira da categoria. Quanto ao plano de carreira, trata-se de uma bandeira defendida pelos servidores desde o início da década de 1990. Por resistência dos go-vernos, foi substituída pelos PCS’s e aumentos da GAJ ao longo dos anos, mas a categoria já está retomando o debate com o propósito de defendê-la, intransigentemente, até sua aprovação final.

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22/08/01Paralisação de 24 horas, de advertência, pela pauta da categoria

28/03/01

Paralisação pelos 11,98% da URV

22 e 24/04/02Paralisações, em diversos estados, pelo PCS

Jun/03Marcha em Brasília contra a reforma

da Previdência - 30 mil pessoas

8 a 10/06/03Atos em BH e interior contra

a reforma da Previdência

29/05/02Aprovado na Câmara, depois de 44 dias

de greve, o PCS 2

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Edição Comemorativa - Fevereiro/2014

11/06/03

Marcha em Brasília contra a reforma da Previdência - SITRAEMG presente

17/07/03

Início da greve contra a reforma da

Previdência

06/08/03

Marcha contra a reforma da Previdência:

mais de 70 mil servidores em Brasília

Jan/06Paralisação de 24 horas pelo PCS

26 e 27/04/06Paralisações de 2 horas pelo PCS

03/05/06

Início da greve que vai até a aprovação

do PCS na CFT da Câmara, em 17/05/2006

05 a 26/05/06Nova greve pelo PCS, mantendo-se, ao

final, o “estado de greve”

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Edição Comemorativa - Fevereiro/2014

26/03/10

SITRAEMG no Pleno do TRT que

decidiu manter as 5 VTs ameaçadas

de extinção

21/05/10

Grande passeata do TRE à Justiça Federal, animada por banda de

música e artistas circenses

11/06/10

30 dias em greve: em ato em frente ao TRT

da Getúlio Vargas, servidores comemoram

a data com bolo e cantando “parabéns”

09/07/10Depois de 60 dias, greve é suspensa, início de corpo a corpo em Brasília e

“apagão” em BH e interior

22/11/10Greve de 24 horas – ato em frente ao TRE

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06/07/11

Paralisação de 2 horas, pelo PCS

10/08/11Noite de vigília em frente ao STF, pela aprovação do PCS na CTASP e contra o

PLP 1992/2007 (previdência complementar)

29/09/11

Paralisação de 24 horas, pelo PCS

25/11/11Passeata da Justiça Federal ao prédio do TRE

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20/04/12SITRAEMG, OAB, Assojaf/MG e Ajufemg organizam ato em frente à Justiça Federal, pela criação do TRF de Minas

04 e 05/07/12Apagão nos prédios dos cartórios eleitorais em BH e interior, e servidores deliberam pelo “estado de greve”

31/07Ato Unificado dos SPFs em BH, em frente à Receita Federal - servidores

pedem: “Negocia, Dilma” Ago/12Greve pelo PCS, de 20/08 a 04/09 – ato

em frente à Justiça Federal, em BH

Dez/2012Em lugar do PCS, Congresso aprova o

PL 4363/12, de aumento da GAJFotos: Arquivo SITRAEMG

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Edição Comemorativa - Fevereiro/2014

E m 2014, o SITRAEMG chega a um quarto de século caminhando, lutando e cantando as canções que embalaram

a categoria que o criou e tem nele sua principal organização representativa. Logo depois da pro-mulgação da Constituição Cidadã, que guindou os servidores públicos à condição de Trabalhadores, permitindo sua sindicalização e o direito de gre-ve. Acho importante lembrar isso, principalmen-te agora, que a categoria vem recebendo sangue novo com os últimos concur-sos. Enquanto o sindicalismo no Brasil tem história de um século, ao servidor público só foi reconhecido esse direito em 1988. Somos jovens, temos muita estrada pela frente, mi-nha gente. Agora, cabe aos jo-vens servidores abraçarem essa causa e, junto com aqueles que já estão na trilha, buscarem o fortalecimento de nossa repre-sentação.

Concluída a organiza-ção sindical, o servidor e seus sindicatos se viram de cara com o grande Leviatã do Neoliberalismo, que promoveu graves ataques aos direitos do funcionalis-mo impondo a aprovação das emendas 19 e 20, em 1998, e outras mudanças legislativas que retiraram 56 direitos dos servidores. Nessa primeira década, o

servidor viu que não teria refresco. Além dessa agressão avassaladora aos seus direitos, conhecemos o congelamen-to salarial e o confisco monetário dos planos econômicos (confisco Collor, Plano Verão, Plano Real...). Nessa oca-sião combatidos com protestos e greves históricos, a cate-goria mostrou que não foge à luta e é boa de briga. Várias vezes tivemos de ir à greve, remédio mais forte ao alcance da classe trabalhadora, para impedir o agravamento das perdas salariais. Foram greves memoráveis e vitoriosas.

Sindicato: voz forte de uma Categoria Unida

Sônia Maria Peres de Oliveira

“O SITRAEMG se revigora a cada batalha travada, a cada direção

que passa, a cada servidor que se filia”

Palavra dos servidores

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A lém do combate a essa usurpação de direi-tos, o Sindicato tra-

vou outra luta importante con-tra o câncer do nepotismo. O SITRAEMG foi implacável e deu o exemplo, mudando seu estatuto para impedir que isso ocorresse em seu quadro de funcionários. Felizmente, fomos vencedores com a publicação de Súmula do STF que impede a prática. Além dessa ação fundamental contra o nepotismo, o SITRAEMG esteve à frente da luta contra o aumento da jornada de trabalho, o adoeci-mento no trabalho, o super endi-vidamento da categoria e todas as formas de assédio moral sofridas pelo servidor em seu dia a dia de labor.

O SITRAEMG está sempre atento às necessidades da cate-goria que representa, tendo como norte a conquista de melhores condições salariais e de qualidade de vida no trabalho. De momento, vivemos a necessidade de um plano de carrei-ra, com critérios claros e objetivos para progres-são e valorização do servidor ao longo de sua vida laboral; lutamos pela justa jornada de 6 horas e pela recuperação do nível salarial, que está muito abaixo dos nos-sos colegas dos outros poderes, e contra as várias formas de assédio, de nepotismo e de adoecimento. Essas bandeiras merecem luta sem trégua, vigilância constante, pois elas não morrem; estão sempre à espreita, esperando oportunidade de darem o bote.

O Sindicato é o pronto-socor-ro do filiado, é o que fala em seu nome, o que não aceita pressões, investiga as denúncias recebidas, denuncia irregularidades cometi-das. Nessa hora, quem fala e age não sou eu ou você, mas a voz forte de uma Categoria Unida. Quando vejo um filiado, ao me-nor descontentamento, querer se desfiliar, servidores nomea-dos há mais de ano ainda não filiados, confesso, fico perplexa! Nunca tive dúvida: sindicalização é item de primeira necessidade. Se você não aparecer na sede do Sindicato, ele está defendendo seus interesses; se você não par-ticipar de nada, ele está lutando por seus direitos; se você não con-corda com a atual administração, candidate-se; se quiser sugerir ou posicionar-se, participe!

O SITRAEMG se revigora a cada batalha travada, a cada dire-ção que passa, a cada servidor que se filia. Juntos, Sindicato e cate-goria seguem interagindo entre si e com a sociedade civil, avançan-do rumo a um futuro melhor para a categoria e para o Brasil. Como madeira de lei, o passar dos anos não envelhece o Sindicato nem tira sua utilidade. Segue se mo-dernizando e se adaptando aos novos tempos. No início é flor do campo; depois, árvore frondosa; mais tarde, cadeira sólida e con-fortável. QUE VENHAM OS PRÓXIMOS 25 ANOS!

Sônia Maria Peres de Oliveira, servidora da Justiça do Trabalho, é diretora de base em Juiz de Fora e ex-

presidente do SITRAEMG (2003-2005 e 2007-2009).

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“Servidores públicos terão salários reduzidos de forma escalonada em 2014”

Nestor Santiago

A notícia estampada no título acima é ver-dadeira e consta do orçamento de 2014, aprovado pelo Congresso, que impôs a

redução dos salários dos servidores públicos, de forma escalonada, a fim a reduzir o déficit público. A redução vai de 2,5 % a 12%, conforme o valor da remuneração.

É isto mesmo. Mas, calma. Embora verdadeira, esta nova lei não se aplica aos brasileiros, mas aos servidores portugueses, conforme foi estampado na capa de todos os jornais de Portugal. Lá, em razão da crise econômica que assola o país, o go-verno, acolhendo orientação do FMI, conseguiu aprovar no Congresso a lei orçamentária de 2014 reduzindo progressivamente a remuneração dos servidores públicos.

Trago de propósito essa notícia para ilustrar a que ponto tem chegado a postu-ra equivocada do Estado em sacrificar o servidor público sempre que uma crise econô-mica atinge ou ameaça atin-gir um país.

No Brasil não é diferente. O servidor público tem sido alvo incessante dos últimos governos, esco-lhido que foi para ser o inimigo público do Estado,

responsável por qualquer cri-se econômico-financeira que o país atravesse ou venha a atravessar.

No final da década de 1980 e início da de 1990, Fernando Collor de Melo conseguiu que os holofotes da mídia brasileira se voltas-sem para ele ao bradar, com punho cerrado, que era ur-gente acabar com os “mara-jás” do serviço público, ver-

dadeiros ratos que roíam as finanças do Estado e se locupletavam com salários nababescos e privilégios incalculáveis. Foi a partir dessa retórica que Collor conquistou a simpatia popular e elegeu-se presi-dente do Brasil. Fato é que o estigma de “marajá” caiu no gosto popular e foi copiado por muitos po-líticos desde então.

Palavra dos servidores

“Nosso desafio passa pela busca da valorização do serviço público, para que a sociedade entenda que não se constrói cidadania sem um serviço

público eficiente e de qualidade”

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N ão foi diferente no governo Fernando Henrique Cardoso,

que embora não tenha colocado alcunha no servidor público, agiu junto ao Congresso Nacional para extinguir diversos direitos e garantias do servidor. Não é de-mais lembrar que FHC tinha ao seu lado, além da população, a mídia, o Congresso e o STF.

Em seguida, coroando a luta de toda uma geração, consegui-mos eleger Luiz Inácio Lula da Silva, acreditando que a esperança venceria o medo e que dias me-lhores viriam para o povo brasi-leiro, incluindo o servidor públi-co, que vinha sendo massacrado pela imprensa e pelos governos anteriores. Lula sucumbiu ao po-der e também cuidou de mutilar direitos dos servidores públicos, impondo, com o aval do STF, a absurda contribuição previdenci-ária sobre os proventos dos apo-sentados, entre outros prejuízos.

Em 2012, nós, servidores públicos federais, fomos às ruas reclamar melhores condições de trabalho e alguma reposição sa-larial, como foi o nosso caso, no Judiciário, de 6 anos sem reajuste.

O governo Dilma, tendo ao seu lado a opinião pública, o Legislativo e o STF, tentou, no Congresso, impor o congelamen-to no nosso salário. E, repetindo a estratégia de Collor, nos transfor-mou de “marajás” em “sangues--azuis”. Não bastasse, conseguiu nos enfiar goela abaixo o fim da aposentaria integral.

Ao iniciar esse texto com a notícia sobre a redução progres-siva dos salários dos servidores de Portugal, quis apenas chamar atenção da nossa categoria para a necessidade de estarmos perma-nentemente em estado de aler-ta com as ações e manobras dos governos que buscam debitar na conta do servidor público eventu-al crise econômica que possa vir a ocorrer no país.

A política de reajuste zero ou abaixo da inflação, intentada por Dilma, leva à redução do salário real do trabalhador e, da mes-ma forma como ocorre hoje em Portugal, fará com que tenhamos uma redução gradativa de salário.

Recentemente, Dilma fe-chou acordo com seus aliados no Congresso Nacional no sentido de vedar qualquer possibilidade de impacto nas contas públicas até o ano de 2014. De outro flan-co, o projeto de lei sobre direito de greve, do senador Romero Jucá (PMDB/RR), estipula o percen-tual de 50% do número mínimo de servidores em plantão. E nessa mesma linha, recentemente veio a público o ministro do STF Luiz Fux dizer que permitir o direito de greve ao servidor é um “desati-no”, uma “demagogia”.

Nestor Santiago, servidor da Justiça Federal em Belo Horizonte

Diante desse quadro, o que te-mos pela frente?

Acredito muito que precisamos superar diferenças, aparar arestas e buscar a união da categoria para juntos planejarmos nossas ações.

Sempre apostei e acreditei na união e na luta como instrumen-tos para fazermos valer nossos direitos. Penso que é preciso re-sistirmos, para que não tenhamos o mesmo destino que os compa-nheiros da terra de Camões.

Nosso grande desafio passa, inexoravelmente, pela busca da valorização do serviço público, fa-zendo com que a população com-preenda a importância do servidor no dia a dia da sociedade, entenda que não se constrói a verdadeira cidadania, ou um país humano, sem um serviço público eficiente e de qualidade.

Para isso, nosso primeiro passo é conscientizar e convencer o ser-vidor de sua própria importância como peça chave para a constru-ção de um grande país, ao passo que, paralelamente, encontre for-mas de traduzir esse sentimento para a população.

Devemos sair do papel de ví-timas e nos colocar como prota-gonistas de uma luta em prol de um serviço público de qualidade e da valorização do servidor. Afinal, somos nós, servidores públicos, que verdadeiramente carregamos o piano.

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Palestras, debates e integraçãocom a categoria

Dias, meses, anos...

A o longo de 25 anos de história, o Sindicato procurou sempre aproximar-se dos seus filiados orga-nizando eventos que os unissem para troca de experiências, para o debate, aprimoramento profis-sional e ampliação dos conhecimentos, a partir de palestras sobre temas diversos, para decidirem

sobre importantes questões pertinentes à própria entidade e à categoria e para definirem pautas de reivin-dicações e estratégias de lutas. Além de centenas de assembleias gerais, já foram realizados nove congressos ordinários, três congressos extraordinários e inúmeras reuniões do Conselho Deliberativo.

I Congresso Extraordinário do SITRAEMG – 2001, em Araxá-MG

I Congresso Ordinário do SITRAEMG – 1992, em Araxá-MG

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trais, exibição de filmes, apresentações musicais, saraus e show com o can-tor Vander Lee na inau-guração de sua sede atu-al; a 1ª Feira Cultural do SITRAEMG, em 2006; comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, Dia Internacional da Mulher, Dia do Servidor; Dia Nacional dos Aposentados; lan-çamento do livro “Flor do Lácio”, com textos dos vencedores do con-curso de mesmo nome; palestras sobre meio am-

biente, assédio moral, Lesões por Esforços Repetitivos (LER), desvio de função, nepotismo, terceirização e vários outros te-mas; recepção em sua sede a cônsules de Cuba e da Venezuela, recentemente.

F oram promovidos, ainda: dezenas de encontros estaduais dos aposentados e pensionistas, de di-retores de secretarias e chefes de cartórios, dos

agentes de segurança e dos oficiais de justiça (estadual e da região sudeste), dos servidores da Justiça Eleitoral, de assessores e assistentes de magistrados; seminários sobre revisão constitucional, organização por local de trabalho, questões dos aposentados e pensionistas, qualidade de vida e responsabilidade social no serviço público, qua-lidade de vida no trabalho, gestão financeira e projeto de vida (juntamente com a Coopjus); chás e reuniões mensais de confraternização e de-bate dos aposentados e pensionistas; reuniões com segmentos da cate-goria; cursos de forma-ção sindical, oratória, organização por local de trabalho, concep-ção e práticas sindicais, aquecedor solar e até de origami e etiquetas; oficinas de coletor so-lar, culinária e outras; encenação de peças tea- IV Congresso Ordinário do SITRAEMG – 1998, em Caxambu-MG

V Congresso Ordinário do SITRAEMG – 2000, em Cachoeira do Campo-MG

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VI Congresso Ordinário do SITRAEMG – 2003, em BH-MG

VII Congresso Ordinário do SITRAEMG – 2005, em BH-MG

V isando estreitar o contato com os servidores lotados fora do entorno da capital, foram realizados diversos encontros regionais, em várias regiões do estado, com debates sobre temas importantes, além de uma assembleia geral extraordinária em Juiz de Fora, em

2009, e centenas de visitas aos locais de trabalho, em todos os tribunais, em quase todos os recantos de Minas. Outra medida também visando essa aproximação foi a instalação dos “quiosqueatitudes” (espaços de atendimento aos servidores) dentro de unidades dos tribunais na capital e várias cidades do interior, entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000.

O Sindicato também esteve presente em todos os congressos, plenárias, reuniões ampliadas e eventos e atividades de mobilização promovidos pela Fenajufe, em Brasília e outros estados, assim como ajudou a organizar também os realizados em Minas; em eventos dos aposentados promovidos pelo Mosap, pela Câmara e pelo Senado; em eventos de iniciativa da Coopjus, Assojaf/MG, Asttter, Astremg e Fenassojaf; em debates sobre direito internacional, direito sindical e direito do trabalho, em Minas; em sessões de homenagem aos 80 anos da Justiça Eleitoral, em 2012, aos 70 anos da CLT, em 2013, e muitos outros; em debates promovidos por outros sindicatos do Judiciário Federal e da Justiça mineira e outras categorias.

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1ª Feira Cultural do SITRAEMG – 2006, na sede do Sindicato

Encontro Estadual sobre Assuntos de Aposentadoria – 2002, em Belo Horizonte-MG

III Congresso Extraordinário do SITRAEMG – 2013, em Caeté (MG)

Fotos: Arquivo SITRAEMG

IX Congresso Ordinário do SITRAEMG – 2012, em Jaboticatubas-MG

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O capital falou mais alto, mas conseguimos livrar o Brasil da Alca

Direitos difusos

F oram muitas as causas sociais, ambientais, pela soberania nacional, cidadania e igualdade das minorias, pela moralidade e probidade administrativas, pelos direitos do consumidor e várias outras bandeiras de interesse geral dos cida-

dãos brasileiros, e mesmo estrangeiros, abraçadas pelo Sindicato, ao lado dos servidores do Judiciário Federal e outras instituições e categorias, ao longo dessas duas décadas e meia de sua existência.

Infelizmente, apesar da luta incessante e incansável, a ambição desenfreada do ca-pital, aliada à ajuda determinante da porção conservadora e inescrupulosa da política nacional, poucas vitórias foram alcançadas nessas batalhas. Que, ainda assim, foram ou continuam sendo de extrema importância para o país ou para Minas. Uma das grandes vitórias foi o veto à entrada do Brasil na Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O governo Fernando Henrique Cardoso direcionava o país para o autoextermínio comer-cial dominado pelo governo norte-americano, mas Lula, em um dos poucos compro-missos assumidos com a nação antes de se eleger e efetivamente cumpridos, fez arquivar a proposição de lei que selava a adesão do país à entidade. O SITRAEMG foi contra a adesão à Alca em várias matérias publicadas em suas mídias, em manifestações e promo-vendo, também nos tribunais federais em Minas, o plebiscito nacional que apontou, em todo o pais, 10 milhões de brasileiros dizendo “não” a esse despropósito.

Outras batalhas vitoriosas nessa seara: não permissão do uso da Base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos; mudanças na legislação eleitoral que culminaram, por exemplo, na Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de condenados em segunda instância da Justiça em eleições para o Executivo e Legislativo. Parcialmente, houve êxito na campanha pela realização de CPI e audi-toria da dívida pública brasileira. A CPI, que foi instalada em 1998, apontou uma série de irregularidades na contratação e ampliação da dívida e indicou a necessidade de realização da auditoria. Porém, providências não foram tomadas, mas o Sindicato, que participou de várias manifestações nesse sentido e do ple-biscito nacional da dívida, continua levando as informações sobre o assunto em palestras incluídas nos eventos que promove, mostran-do tais irregularidades e que a destinação de quase metade do orçamento com o pagamen-to apenas dos juros da dívida compromete o orçamento da União e dos estados com os projetos sociais, o serviço público e os salários e condições de trabalho dos servidores.

Campanha pela anulação da privatização da CVRD - 2007,em BH-MG

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Sempre ao lado dos cidadãos

O SITRAEMG esteve e continua junto da sociedade nas manifestações pela punição aos envolvidos no quádruplo assassinato de servidores do Ministério do Trabalho, em 2004, episódio que tornou-se conhecido como Chacina de Unaí, e marcou presença nos atos que cobraram empenho do governo federal para que fosse encontrado o

engenheiro mineiro João José Vasconcelos Júnior, irmão de uma servidora do TRT em Juiz de Fora, sequestrado por grupos rebeldes no Iraque em 2005 e localizado morto somente em 2007, e nos atos anuais do Dia dos Excluídos.

No seu jornal institucional - que já se chamou O Trabalhador Judiciário e SITRAEMG Informa, e atualmente denomina--se Jornal do SITRAEMG –, em sua página na internet, nos noticiários da Rádio Web SITRAEMG, e no programa televisivo Conexão Solidária e revista Servidor em Foco, editados no período de 2007 a 2009, a entidade tem abraçado inúmeras outras causas de interesse dos cidadãos, visando garantir os direitos, por exemplo, dos negros, da mulher, dos ho-mossexuais, do acesso dos palestinos aos territórios de seu povo ocupados por Israel, e contra a hegemonia po-lítico-econômica norte-americana. Sempre contribuiu para a coleta seletiva de lixo, para a coleta de pilhas e baterias e outras campanhas de preservação do meio ambiente, e, ainda, pela redução das tarifas de energia, pela democratização e regulamentação da comunica-ção, pela reforma política. Participou de quase todas as edições do Fórum Social Mundial e do Fórum Social Brasileiro, realizado em Belo Horizonte, em novembro de 2003, e sempre apoiou as lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Contra as privatizações e atransposição do São Francisco

O Sindicato condenou veementemente as privati-zações promovidas por FHC. Participou de atos públicos e do plebiscito pela anulação da “doa-

ção” da Companhia Vale do Rio Doce, em 2007, e poste-riormente pela manutenção daquele nome, que infelizmente acabaria se transformando em apenas Vale, exatamente para afastar a pecha de estatal entregue “de bandeja” à iniciativa privada. Durante os sucessivos governos petistas, tem se ma-nifestado contra as “concessões” públicas, por considerar que elas apenas dão outra denominação para as “privatizações”, mas significam a mesma coisa, ou seja: o desmantelamento do patrimônio público e o desrespeito à soberania nacional. Em 2007, o Sindicato lançou a campanha contra a trans-posição do rio São Francisco. Infelizmente, o governo Lula, do qual os brasileiros, incluindo os servidores do Judiciário, esperavam posição contrária, decidiu, em vez de promover a revitalização do rio, jogar bilhões no famigerado projeto de

transposição de suas águas, optando pela destruição do rio da integração nacional em favor do agronegócio e em detri-mento dos pequenos produtores e das populações ribeirinhas. Passados cinco anos do início das obras, triplicaram-se os gastos e o que se vê, hoje, são trechos e mais trechos abandonados, cursos desviados ligando nada a lugar nenhum. Além disso, o Sindicato manifestou-se contrário à contratação de empresa norte-americana para instalação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), em razão de esquema de corrupção que envolvia a negociação e por questões de soberania e segurança nacional.

Fotos: Arquivo SITRAEMG

Marcha nacional contra a transposição dorio São Francisco – 2008, em Brasília-DF

SITRAEMG presente em ato público pela punição dos envolvidosna Chacina de Unaí - 2013, em BH

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Crescendo junto com o SITRAEMG

A casa do servidor

A sede do SITRAEMG, ponto de encontro dos servidores do Judiciário Federal em Minas, nem sempre foi a espaçosa casa de três andares no bairro Prado, em Belo Horizonte. Seu “berço” foi uma sala na casa de Alice Soares Safar, a primeira secretária da primeira diretoria, em 1989, conforme conta a própria servidora, que

trabalha no TRT-3.

Já no ano seguinte, em 1990, porém, o SITRAEMG instalou-se no prédio que seria sua casa durante 15 anos - o Edifício Benjamim Couto, localizado na rua Carijós, 141, no Centro de Belo Horizonte. A construção de 1951, com seus 12 imponentes andares para a época, recebeu o Sindicato nas salas 501 e 502 durante a gestão de Paulo Roberto Santos, primeiro presidente eleito da entidade.

Mais tarde, em 1997, Carlos Athayde Viegas aumentou a sede agregando as salas 205 a 208, num sinal claro que o SITRAEMG estava em franca expansão. Quatro anos depois, em 2001, mais duas salas somaram-se ao conjunto – a 507 e 508, compradas da Associação Brasileira de Enfermagem. As duas salas possibi-litaram a construção de um pequeno auditório, proporcionando mais conforto aos filiados. Hoje, 25 anos depois, o espaço que o SITRAEMG ocupava no Edifício Benjamim Couto abriga ou-tros dois sindicatos – o Sindicato dos Oficiais Marceneiros em Belo Horizonte (Sindmar) e o Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos (Sintect) - e alguns consultórios médicos.

Cópia de material de divulgação do edifício de 1951, onde funcionou a primeira sede do SITRAEMG, e a sede de hoje: sempre em busca de melhorar

Mesmo pequena, sede da Rua Carijóscontava até com um auditório

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M ais quatro anos se passaram até que o SITRAEMG fizesse nova mudança de sede, já para a que o abriga hoje,

no Prado. A espaçosa casa foi comprada na primei-ra gestão de Sônia Peres, em 2005, com o acompa-nhamento de uma comissão formada por quatro servidores – esta comissão estabeleceu os critérios para a aquisição do imóvel e realizou visitas para indicar três opções de imóveis para compra.

Depois de dois meses de trabalho, a casa de 470m², inserida em um terreno de 1000m², foi adquirida. A localização, inclusive, foi pensada para estar o mais próximo possível dos principais prédios das Justiças Federal, Eleitoral e Trabalhista, facilitando o deslocamento dos filiados. Na atu-al sede os frequentadores contam, também, com um estacionamento e um auditório com mais de 100 lugares. A inauguração da casa foi realizada na gestão seguinte à de Sônia, com Carlos Antônio Ferreira, o Ovo, como presidente. Foram quatro dias de atividades comemorativas em agosto de 2005 que contaram com uma solenidade oficial (em que também foram apresentados os membros daquela diretoria, na época recém-eleita); palestra, sessão comentada de cinema e, para encerrar a pro-gramação, um show com o cantor e compositor mineiro Vander Lee.

Foi no final da segunda gestão de Sônia Peres, em janeiro de 2009, que começaram as obras para reforma da casa e construção do terceiro andar, que hoje abriga a Assessoria de Comunicação, a Assessoria Jurídica e o setor Financeiro. A conclu-são das obras e inauguração do último andar foram realizadas já na gestão de Alexandre Brandi Harry, em outubro de 2009. A festa para abrir oficialmen-te o terceiro andar ofereceu aos filiados um coque-tel e uma exposição de arte com trabalhos dos ser-vidores, em evento que também comemorou o Dia do Servidor Público daquele ano.

Atualmente, a sede oferece todo o conforto a quem vem ao Sindicato e é totalmente acessível para pessoas com deficiência e com dificuldade de locomoção. Os salões, a cozinha, os jardins e o au-ditório da entidade já receberam reuniões de vários segmentos e categorias, oficinas de culinária, artes e bricolagem, feiras, festas e apresentações de mú-sica, dança e teatro – um espaço completo para o servidor se sentir em casa!

Reformas na casa do Prado buscaram dar mais conforto para os servidores e demais visitantes

Fotos: Arquivo SITRAEMG

A partir da esquerda: os servidores Enilson Fonseca, Antônio Pina, José Lembi, Jorge Machado, Gilvane Moreira e Juarez dos Reis fizeram parte da comissão

responsável por indicar imóveis para serem a nova sede do SITRAEMG

A inauguração do terceiro andar da atual sede contou com exposição de artes dos servidores

Enfim, Prado

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Nas palavras dos presidentes, a trajetória do SITRAEMG nesses 25 anos

Linha do tempo

E m 25 anos, foram nove diretores. Nove pessoas que doaram seu tempo e colocaram à prova toda a sua capacidade de conciliar, divergir, conversar e decidir – às vezes mais de uma vez. Nove pessoas que presidiram o SITRAEMG (sendo três coordenadores gerais na atual gestão) e, com suas histó-

rias, ajudam a montar o mosaico da luta que a entidade empreende desde 1989.

Paulo Roberto dos Santos, hoje assessor no gabinete de um desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3), lembra-se bem do começo de tudo, em fevereiro de 89, logo depois que a Constituição Federal de 1988 permitiu aos servidores públicos se sindicalizarem. Santos, que foi o primeiro presidente do Sindicato mineiro, diz que o SITRAEMG nasceu de uma vontade coletiva, “numa onda que varria todo o país, como um ‘tsunami’ da categoria dos servidores públicos, levando-os a se organizarem para defenderem os interesses específicos dos trabalhadores no serviço público”. No início, o SITRAEMG congregava apenas servidores da Justiça do Trabalho.

Segundo o ex-presidente, a gestação do SITRAEMG teve uma participação importante da Asttter, cujo presidente era o diretor-geral do TRT-3 na época, Cassius Drummond. Esse papel deu-se na compreensão da diferença entre o lugar e as funções do próprio Tribunal, da Associação (assistencial e recreativa) e o papel próprio de uma entidade sindical de luta pelos interesses da categoria. “Essa visão permitiu que as entidades se apoiassem mutuamente e não colidissem em seus papéis, compreendendo a grande importância que cada uma tinha para os servidores, cada uma cumprindo os seus papéis e objetivos gerais e específicos”, explica.

Paulo Roberto hoje e na Semana de Mobilização do SITRAEMG, em 1991, entre Patrus Ananias (à esquerda - na época vereador de Belo Horizonte) e Cassius Drummond, presidente da Asttter:

fundadores sempre souberam que o SITRAEMG seria grande

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Sandra, hoje aposentada do TRE-MG, e em 1995, com um grupo de servidores mineiros – incluindo Carlos Athayde e Edna Lúcia de Assis, também ex-membros de diretorias do Sindicato - e o diretor geral do STJ, em Brasília: período de poucas verbas e poucos funcionários, mas muitas atividades

O servidor lembra que, desde o início, os fundadores do Sindicato tinham a crença de que o SITRAEMG se tornaria cada vez maior, mais forte e essencial como defensor dos servidores do Judiciário no esta-do. Sobre esses pioneiros na história da entidade sindical, ele é só elogios: “tive o privilégio de fazer

parte de uma diretoria composta por servidores altamente comprometidos com os ideais sindicalistas. Eu fui, apenas, mais um nesta equipe competente que construiu as bases do SITRAEMG e conduziu o processo de for-mação e consolidação de sua existência”. Embora tenha sido um desafio ser o primeiro presidente de um sindicato recém-criado, o ex-sindicalista conclui que a “efervescência” das mobilizações por melhorias que varriam o país na época e o apoio recebido dos pares tornaram a experiência “extremamente gratificante e enriquecedora”.

Paulo Roberto dirigiu o SITRAEMG até 1991. Após um período de um ano e meio com Carlos Athayde Valadares Viegas (que era o vice de Paulo Roberto) à frente do Sindicato, Sandra Cintra de Souza, vice de Carlos Athayde, assumiu. Hoje servidora aposentada do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Sandra não tinha nenhuma experiência na militância sindical (o mais próximo disso foi a Presidência da Astremg, onde permaneceu, ocupando diferentes cargos, por sete anos) e acompanhou de perto a expansão da base da entidade para a Justiça Eleitoral, Justiça Federal e Justiça Militar.

Ela conta que começou a frequentar as reuniões do Sindicato para conhecer melhor a proposta e, então, mu-nida de mais informações, levou a ideia para o TRE. “A casa [o TRE] então permitiu que eu reunisse um grande numero de servidores, e esses servidores, ouvindo as falas da diretoria, decidiram-se por também ampliar a base do Sindicato. Isso foi um processo muito grande, que demandou muita conversa, muito esclarecimento”, relembra, em uma época em que a categoria ainda estava se conscientizando da importância de ter um sindicato.

A gestão de Sandra Cintra enfrentou grandes desafios, fossem de ordem doméstica ou nacional. Ela recorda-se de que era uma época em que, pelo SITRAEMG ainda estar se estruturando, “faltava tudo”: mais funcionários, ad-vogados, dinheiro. Sandra também cita o trabalho que o Sindicato teve para manter um bom relacionamento com as administrações dos tribunais. Além disso, como a Fenajufe estava sendo criada – processo do qual o Sindicato mineiro participou ativamente -, também era necessário ir com frequência a Brasília, outra grande demanda.

No entanto, o maior desafio de Sandra à frente do SITRAEMG foi por conta do Estatuto do Servidor Público. “Na época, a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com uma ação contra a ascensão dos servidores feita pelos tribunais, conforme a Constituição de 88. Os servidores ficaram muito assustados, pois perderiam muitos direitos, e essa foi uma luta que abraçamos”, recorda-se. Outra batalha de grande repercussão – inclusive na imprensa nacio-nal – foi a que pediu o fim dos juízes classistas – para a qual o SITRAEMG teve apoio, inclusive, das associações de magistrados. Para se ter uma ideia da pressão, Sandra acrescenta: “Muitos colegas [da categoria] também queriam ser classistas. Então, imagine a dificuldade”.

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Carlos Athayde, hoje, e em 1996, em ato público em frente ao TRT: crescimento do número de filiados e muitas atividades lúdicas para mostrar todo o “estrago” de FHC para os servidores

Hoje como coordenadora-geral do SITRAEMG, a oficiala de justiça aposentada do TRT Lúcia Maria Bernardes de Freitas já esteve à frente do SITRAEMG outra vez, quando foi presidente da entidade entre os anos 2000 e 2003. Era uma época diferente, com uma esquerda unida e várias manifestações contra o governo neoliberal de FHC, como ela própria define. “Em Minas tivemos uma greve de 45 dias, onde os tribunais realmente pararam. Tínhamos concentrações com assembleias nas portas dos principais tribunais todos os dias e fizemos uma grande passeata da Justiça Federal até o Tribunal Regional Eleitoral”, relembra.

Lúcia Bernardes considera um momento de destaque a mobilização em Brasília, que reuniu juízes e servidores. “Foi uma grande marcha, lutando pelo mesmo fim, diante da ameaça de se extinguir a Justiça do Trabalho”, comenta a sindicalista, que também cita as várias paralisações em BH e em Brasília pelo pa-gamento da URV, passivo dos servidores do TRT. “Também vimos crescer a participação dos aposentados, esta força grisalha que está nas diretorias do Sindicato, em todos os movimentos de paralisação e nas greves, participando ativamente”, acrescenta Lúcia, para quem a categoria, naquela época, “viveu muito bem o lema daquela Diretoria, que era ‘União, coragem e luta’”.

S e antes, entre 91 e 92, era vice de Carlos Athayde, em 1995 Sandra Cintra “devolveu-lhe” a Presidência, cargo em que permaneceu até 2000. Nesse período, o SITRAEMG experimentou um “boom” de filiações e a entrada do Ministério Público da União na base, onde permaneceria até

2001. Com Athayde, o Sindicato também criou as assessorias jurídica e de comunicação, a página na internet e o jornal “O Trabalhador Judiciário” (atual Jornal do SITRAEMG) – ambos acompanham a categoria até hoje, sempre atualizados.

A gestão de Athayde deu-se em um período sombrio para os servidores públicos federais, com Fernando Henrique Cardoso e sua política de cortes de direitos na Presidência da República. Do lado de cá, havia uma forte oposição contando com praticamente todos os partidos de esquerda e entidades de trabalhadores. Os atos públicos nesse período traziam muitas atividades lúdicas e caricaturas diversas de FHC, algo bastante marcante na época. Vale citar que, no curto período entre a saída de Athayde do cargo e a posse da cha-pa de Lúcia Bernardes, Lêda Maria das Graças Silveira Santos assumiu a presidência interinamente do SITRAEMG.

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Lúcia Bernardes já passou duas vezes pela diretoria do SITRAEMG e de várias outras entidades de servidores do Judiciário. Acima, em 2002, ela fala à categoria durante a greve pelo PCS: momento de união e com muitos servidores na rua clamando por seus direitos

Sônia Peres, além do marcante aspecto cultural de suas gestões, também levou o SITRAEMG a grandes mobilizações, inclusive em Brasília – como essa, contra a reforma da Previdência, em

2003, na qual também estava Lúcia Bernardes, duas vezes na direção do Sindicato

A oficiala de justiça do TRT em Juiz de Fora Sônia Maria Peres de Oliveira foi outra pessoa que doou seu tempo e sua força para o SITRAEMG mais de uma vez. A primeira, em 2003, cuja marca foi a aquisição da atual sede do Sindicato, no Prado; e a segunda, em 2007, tendo como

um dos destaques a realização de uma grande campanha de valorização do servidor. A primeira gestão de Sônia também transcorreu no calor da luta pelo PCS 3, já no governo Lula, quando também aconteceu a luta contra a reforma da Previdência, e a segunda, já durante o pagamento desse reajuste. “Cada PCS foi obtido com muita batalha, atos, idas e vindas a Brasília e greves. Se a categoria não mostrar força e atitude, a cantilena dos governos é sempre a mesma: ‘não tem sobra no orçamento, haverá grande impacto sobre as contas públicas, causará déficit nas contas do governo etc..’”, reforça Sônia.

Sobre a reforma da Previdência, promovida por meio da Emenda Constitucional 41/2003 – que hoje está sob suspeita de ter sido realizada via compra de votos -, a oficiala chama a atenção para uma tendência mundial de retirar garantias previdenciárias dos trabalhadores, especialmente do funcionalismo público. “Os que ingressaram nos últimos concursos já estão tendo de lidar com o tal Fundo Previdenciário, ainda frágil e de futuro incerto. É preciso estarmos sempre alertas! A categoria não pode abandonar as bandeiras da Integralidade e da Paridade”, adverte.

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Carlos Antônio Ferreira, o Ovo, ficou marcado pela gestão parceira de movimentos e causas sociais, mas também por mobilizações pelo PCS 3 e pelo investimento em comunicação. Acima,

no centro da mesa, Ovo durante o VII Congresso do SITRAEMG, em 2005

A s duas passagens de Sônia Peres pela Presidência do Sindicato também tiveram um forte viés cultu-ral e de interação com o servidor. Foi durante sua segunda gestão que a Rádio Web SITRAEMG, inaugurada no mandato anterior, de Carlos Antônio Ferreira, ganhou uma grade diária de pro-

gramação, e foi editada a revista trimestral “Servidor em Foco”, com reportagens de fôlego sobre cultura, história, cidadania, além de entrevistas e matérias sobre as lutas da categoria. Também foi promovido um concurso literário, de grande sucesso entre os servidores. “Isso refletiu um momento muito fértil da socieda-de. Assim, abordamos temas atuais como assédio moral, reciclagem e sustentabilidade, transposição do rio São Francisco”, explica a ex-presidente. A comunicação, para Sônia, era um dos desafios de um sindicato. Para enfrentá-lo, sua gestão utilizou várias mídias, já que a categoria é muito diversa: “A comunicação tem de ser via de mão dupla. É preciso ouvir a categoria e informá-la; o sindicato tem de estar sempre dialogando com seu filiado; parece simples, mas não é fácil”, esclarece.

Entre as duas gestões de Sônia Peres, quem esteve à frente do SITRAEMG foi o servidor do TRT Carlos Antônio Ferreira, mais conhecido de toda categoria como Ovo. Entre os anos de 2005 e 2007, enquanto foi presidente, ele acompanhou a fase final de mobilização e a aprovação do PCS 3. A aprovação desse PCS deu-se com o apoio, inclusive, dos juízes, normalmente vistos com cautela pela categoria - mas a construção, ao fim, foi coletiva, sendo uma vitória de todos, segundo Ovo. “Somente com o esforço con-junto, de todos, indistintamente, é que conseguimos as vitórias tão almejadas pelos servidores. Para mim, ter um PCS aprovado em minha gestão ou de qualquer outro colega tem o mesmo sentido, tendo em vista que a vitória é do conjunto, do coletivo da categoria”, defende.

A gestão de Ovo também foi, como a de Sônia, muito marcada pelo envolvimento do SITRAEMG com a comunicação, cultura e cidadania, tendo mantido várias parcerias com movimentos sociais. Para o ex-dirigente, um sindicato não pode se ater somente a questões fisiológicas. “Estamos inseridos em uma cidade, estado e país, onde existem diversos problemas, para os quais podemos dar uma contribuição, por menor que seja. E uma contribuição pequena, somada a outra contribuição pequena, somadas a tantas outras contribuições pequenas podem, quem sabe, mudar a realidade”, avalia.

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Após mais uma gestão de Sônia Peres, a chapa encabeçada por Alexandre Brandi Harry, servidor do TRE em Belo Horizonte, foi eleita para dirigir o Sindicato de 2009 a 2011. Com uma proposta de enfren-tamento às administrações dos tribunais e ao governo federal, a gestão ampliou o atendimento da Assessoria Jurídica, terminou as obras do terceiro andar do SITRAEMG e promoveu a reinauguração da sede, em conjunto com a comemoração do Dia do Servidor Público, em outubro de 2009. Foi também nessa gestão que a categoria aprovou a reforma estatutária, dentro da qual o Sindicato passaria a ser dirigido por uma coordenadoria composta por três pessoas e com mandato não mais de dois anos, mas de três.

De marcante nesta gestão, Brandi também cita o começo do pagamento da URV aos servidores do TRT e a mobilização pelo envio do anteprojeto de lei do PCS 4 do Supremo Tribunal Federal (STF) para o Congresso Nacional, onde se tornou o PL 6613/2009. Entre dezenas de atos públicos, paralisações e idas a Brasília, “foram 60 dias de greve em período eleitoral e sem corte de ponto”, como frisa o próprio Brandi. Sobre a lenta tramitação do projeto no Congresso – que culminou com um indigesto reajuste de apenas 15,8% sobre a Gratificação Judiciária (GAJ) no final de 2012, o ex-presidente é enfático: “Fizemos o que poderia ser feito. Só não avançamos mais porque encontramos grandes dificuldades no enfrentamento com o patronato, que, a meu ver, não é somente o governo, mas também a cúpula do Judiciário, que é o braço direito deste patronato”.

Alexandre Brandi assumiu a Presidência do Sindicato com uma proposta de enfrentamento do patronato – a campanha pela manutenção da jornada de trabalho de 6 horas no TRT foi uma das

grandes causas de sua gestão

F oi nessa época que nasceu o programa de TV “Conexão Solidária”, que foi até a segunda gestão de Sônia Peres. O programa era uma parceria entre vários sindicatos como mais um canal de interlocu-ção com os servidores e a sociedade. Para isso, inclusive, o SITRAEMG investiu bastante em mídias

alternativas, que, de acordo com Carlos Antônio Ferreira, eram um contraponto à mídia tradicional, que denigre a categoria dos servidores públicos sempre que pode. “Infelizmente, os veículos de mídia tradicionais não são isentos: têm um lado, o dos poderosos. Os sindicatos podem, e devem, no meu entender, tentar sempre, e cada vez mais, promover veículos alternativos para combater essa via unívoca e dar voz a quem não possui”, acredita o servidor do TRT.

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C om a mudança estatutária, em 2011 assume a primeira gestão colegiada do SITRAEMG, tendo como coordenadores gerais Adriana Corrêa Valentino (agora servidora aposentada do TRE), Lúcia Maria Bernardes de Freitas (ex-coordenadora da Fenajufe, pela segunda vez à frente do Sindicato e

hoje aposentada do TRT) e Hebe-Del Kader Batista Bicalho (servidor da Justiça Federal e ex-coordenador da Fenajufe). A gestão dos três termina em 2014, com a retomada do mandato de três anos – que eles consideram o ideal. “Com dois anos, a diretoria não consegue fazer quase nada, pois seis meses é o mínimo para conhecer o próprio Sindicato, as administrações dos tribunais e as reivindicações. Se tiver greve, então, aí é que não dá para fazer quase nada mesmo, muito menos as importantes visitas aos filiados do interior”, avalia Lúcia.

A coordenação assumiu o SITRAEMG em um momento que eles classificaram como de muita desunião entre os servidores, com a categoria minada por lutas partidárias. Para Lúcia Bernardes, esse tipo de disputa afeta profundamente o objetivo das lutas: “para enfrentarmos este governo, que só muda de roupa e nomes, mas continua a nos desvalorizar sempre, só a união entre todos os servidores trará de volta a nossa dignidade, que está bem dilacerada, bem como nosso espaço dentro da sociedade, nossa recuperação financeira e nossa valorização como pessoas humanas”.

Lúcia Bernardes, Hebe-Del Kader e Adriana Valentino acreditam que o desafio do SITRAEMG daqui para a frente é um só: “batalhar por um projeto que vise vencer a atual política neoliberal, passando por uma organização ampla dos servidores públicos federais, deixando de lado o fanatismo partidário, o egoísmo, e fazendo sobressair a união e a conscientização de todos de que só a mobilização consegue manter os nossos direitos e conquistar outros”.

Hebe-Del, Lúcia e Adriana formam a primeira diretoria colegiada do SITRAEMG – “estreia” contou com muitas mobilizações pelo PCS 4, como a deflagração da greve por tempo indeterminado,

em agosto de 2012

A primeira gestão colegiada

Fotos: Arquivo SITRAEMG, arquivo pessoal e cedidas

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“O SITRAEMG exerce um importante papel na luta pelos direitos dos servidores da Justiça Trabalhista e dos órgãos do Judiciário Federal. Em 1989, quando ocupa-va o cargo de diretor-geral no TRT, apoiei e auxiliei na criação do Sindicato por

acreditar em sua relevância. Há 25 anos, o SITRAEMG exerce a representatividade do servidor com louvor. Foram muitas conquistas determinantes que contribuíram para a valorização da categoria. Após mais de duas décadas de trabalho, o Sindicato obteve inúme-ros sucessos na busca por melhores salários e condições de trabalho. No passado, alguns dirigentes da Asttter e do SITRAEMG chegaram a pensar na possibilidade de fu-são entre as duas instituições. Entretanto, creio que cada entidade tem seu papel a desempenhar tendo em vista seus objetivos e filosofia de trabalho. Embora com carac-terísticas distintas, a Asttter e o SITRAEMG mantêm uma relação de harmonia, o que permite a promoção de projetos em parceria. Juntos, realizamos atividades com o objetivo de promover a qualidade de vida do servidor. Felicito o SITRAEMG por seus 25 anos de existência e desejo que a entidade continue a luta, com êxito, pelos direitos dos servidores.”

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Cassius Vinícius Bahia de Magalhães Drummond, presidente da Asttter

O que dizem os companheirosde caminhada

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“25 anos de SITRAEMG. Comparo sua criação com o nascimento de um filho. Entidade criada pela vontade de pesso-

as, que teve trajetória marcada por muita luta, aprendi-zado e algumas inevitáveis tristezas, mas trilhando sempre o bom caminho, com seus filiados, defendendo seus direi-tos e sonhando sempre. Desejo ao SITRAEMG o que de-sejo ao meu filho do meio, que também tem 25 anos: vida longa, muito trabalho, muitas vitórias e alegria.”

Cláudio César Victral Amaro, presidente da Assojaf-MG

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“O relacionamento entre o Sicoob Coopjus e o SITRAEMG vem desde a origem do Sindicato, em 1989. Nesses 25 anos,

as duas entidades trabalharam com justiça, igualdade e honestidade pelo desenvolvimento socioeconômico e bem-estar dos servidores do Poder Judiciário Federal em Minas Gerais. O SITRAEMG sempre atuou na de-fesa de nossos direitos, lutando constantemente por no-vas conquistas e melhorias. Por isso, o Sicoob Coopjus orgulha-se dessa parceria e de fazer parte da construção dessa história vitoriosa. Esperamos trabalhar juntos por muitos e muitos anos em prol da qualidade de vida de nossos servidores. Parabéns, SITRAEMG!”

Antônio Cláudio dos Santos Rosa, presidente da Sicoob Coopjus

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“A Astremg e o SITRAEMG sempre foram parceiros. As duas entidades representam os servidores do TRE-MG (o SITRAEMG, também os outros órgãos do Judiciário Federal), cada uma com o seu objetivo,

mas sempre com o interesse comum, que é o servidor. A Astremg sempre tentando proporcionar uma integração dos servidores e o SITRAEMG lutando pelos direitos desses mesmos servidores. E é esse o objetivo que une as duas entidades: o servidor. É muito bom saber que o SITRAEMG completa 25 anos, tempo de muitas vitórias e conquistas para nós servidores. Ainda virão muitos anos de luta, mas o SITRAEMG, que sempre foi forte como seus servidores que são representados, es-tará firme com este seu objetivo definido. E a Astremg acompanhando, para comemorar com seus associados as conquistas do SITRAEMG. Afinal, esta parceria já existe há muito tempo, uma vez que a Astremg tam-bém está completando 25 anos.”

Frederico Gomes Jabbur, presidente da Astremg

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O SITRAEMG nocenário nacional

“O SITRAEMG tem uma importân-cia estratégica para o momento em que vivemos. Estamos dian-

te de uma transformação radical do modelo de Judiciário no Brasil. A reestruturação produtiva já colocada em prática pelo CNJ, em que o Pje é apenas a ponta do processo. A terceirização to-mará conta dos cargos de técnicos, encolhendo a categoria, impondo um processo brutal de inten-sificação do trabalho que responde a um modelo produtivista, que não se alinha com os interesses cidadãos e, sim, com a economia de mercado. Tampouco responde a uma melhoria das condi-ções salariais e de trabalho para os servidores do Judiciário Federal. É nessa realidade, hoje pos-ta, que volto a afirmar a posição estratégica do SITRAEMG no cenário nacional. Sem consciên-cia dessa realidade, que já entrou na nossa porta, não seremos capazes de mudar o plano imposto a nós; e se não mudarmos, teremos um futuro di-fícil pela frente. Um sindicato com o tamanho e

capacidade de formulação como o SITRAEMG precisa arregaçar as mangas e buscar envolver a categoria nesse debate. Aqui pelo Sul, sempre dizemos que ‘não está morto quem peleia’. Por isso, nunca foi tão necessário termos sindicatos fortes e, tenho certeza, o SITRAEMG estará à frente dessa luta que pode transformar esse período de tantas incertezas e preocupantes perspectivas num momento de profundo debate sobre que Judiciário queremos para nós e para os cidadãos brasileiros. Que consigamos envolver a sociedade nesse debate e conquistar uma efetiva democratização do Judiciário brasileiro, nossa carreira e a melhoria das condições e qualidade de vida no trabalho. Parabéns, SITRAEMG!”

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Mara Weber

Com a palavra, os coordenadores gerais da Fenajufe

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“H istoricamente, o SITRAEMG tem uma im-portância enorme no cenário da organização dos trabalhadores do Judiciário Federal, por-

que participou da criação da Fenastra, teve papel destacado na fundação da Fenajufe e sempre esteve presente nos fóruns nacionais. Gosto muito do SITRAEMG porque, indepen-dentemente da direção, ele preserva o modo mineiro de fazer política e acho isso muito importante. Esse modo ponderado e prudente de se somar às lutas tem uma importância muito grande, porque, em um processo de mobilização dos servi-dores em todo o país, Minas acaba sendo referência. Devido ao tamanho do Sindicato – é um dos maiores entre todos os que representam a categoria nos estados - e a essa forma de construir a política, muitos estados acabam se balizando pela posição do SITRAEMG. Essas características, e o fato

de estar presente em praticamente todas as gestões da Fenajufe, desde a antiga Fenastra, já deixam transparecer a importância desse Sindicato no cenário nacional.”

Adilson Rodrigues

Ramiro López

“S audando o SITRAEMG e os bravos lutadores mineiros que vêm se doando e construindo a sua história ao longo destes 25 anos de sua fundação,

queremos registrar nossa honra e satisfação de ter comparti-lhado de momentos e passagens importantes desta caminhada ao longo dos últimos 18 anos, quando pisamos pela primeira vez o solo de Minas para participar de atividade sindical da categoria, com a realização do II Congresso da Fenajufe, nos idos de 1995, e, desde então, voltamos a esta terra inú-meras vezes, para participar e ajudar em diferentes tarefas tocadas pelo SITRAEMG, como organização de greves, pas-seatas, encontros, congressos e reuniões com a administração dos tribunais para tratar de temas de interesse dos servidores. Vimos o fortalecimento do SITRAEMG e a presença mar-cante e determinada da ‘mineirada’, como carinhosamente gosto de chamar a categoria local, nas inúmeras greves, atos e passeatas convocados pela nossa Federação. Finalizando, queremos registrar nossa grande honra em poder compartilhar da caminhada e esforço de organização e consolidação do SITRAEMG ao longo da maior parte desses seus 25 anos de fundação, expressando nossa gratidão pelos muitos aprendizados e amizades que acumulamos nesta terra de muitas montanhas e tão belos horizontes. Vida longa aos que sonham e ousam lutar! Parabéns a todos! Parabéns, SITRAEMG!”

Joana

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Joana

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EntretenimentoNem só de lutas é feito um sindicato...

O principal objetivo de um sindicato, seja ele da iniciativa pública ou privada, é lutar pelos direi-tos dos trabalhadores e pela manutenção daqueles já adquiridos. Nesse sentido, o SITRAEMG possui um grande histórico de batalhas – algumas delas já vencidas e outras em curso. Porém,

pensando no entretenimento e na socialização dos seus filiados, o Sindicato, de longa data, busca a realiza-ção de diversas atividades socioculturais. Entre elas, podem-se destacar as tradicionais reuniões mensais dos aposentados e encontros desse segmento; homenagens ao Dia do Servidor Público e ao Dia Internacional da Mulher; festas natalinas; feiras culturais, além dos inúmeros saraus, que contaram e contam com poesias, músicas, noites dançantes etc..

Encontros e reuniões de aposentados e pensionistas

As reuniões mensais dos aposentados e pensionistas já são tradicionais no Sindicato. Nos últimos anos es-ses encontros vêm acontecendo mensalmente na sede da entidade e também fora dela - como as excursões para Inhotim, em Brumadinho (MG), a Diamantina e Rio Acima, também cidades mineiras - trazendo aos filiados, dentre outras, as informações acerca das principais lutas da categoria; palestras sobre saúde, finanças e qualidade de vida, e confraternização em comemoração dos aniver-sários de cada mês. Para mostrar a importância da par-ticipação desse segmento nas lutas de toda a categoria, pode-se observar que esses encontros já acontecem há muitos anos.

“Uma tarde em Minas”, nome simbólico atribuído ao “I Encontro dos Servidores Públicos Aposentados do Poder Judiciário Federal e Ministério

Público da União em Minas” – Minas II, setembro de 1997

Muitas histórias para contar de uma parcela da categoria que muito fez e continua fazendo em defesa dos direitos dos servidores do Judiciário. Por isso, o SITRAEMG, ao longo de sua história busca valorizar, cada dia mais, os aposentados e pensionistas que compõem a base do Sindicato, realizando reuniões periódicas e encontros do segmento.

Em julho de 1998, cerca de 40 filiados do segmento participaram de uma confraternização denominada “Final de tarde amistoso”, encontro realizado no Café Concerto Savassi. Em 2001, mais uma confraternização desses servidores, um happy hour realizado no Catarina Café (Shopping Diamond Mall), reuniu cerca de 30 pessoas e, em 2003, o “Chá de Confraternização”, realizado no restaurante Guignard, que levou aproximada-mente 80.

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Fotos: Arquivo SITRAEMG

Aposentados e pensionistas durante encontro

em Diamantina – 1999

Encontro Estadual dos Aposentados – 2000

Passeio do grupo de aposentados e pensionistas ao Centro de

Arte Comtemporânea Inhotim – Brumadinho, 2008

Uma das reuniões mensais que acontecemno SITRAEMG – 2013

Encontro Estadual dos Aposentados – BH, 2002

Encontro Estadual dos Aposentados – Ouro Preto, 2008

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P ara a atual coordenadora do Núcleo de Aposentados e Pensionistas do SITRAEMG, Artalide Lopes Cunha, cada confraternização mensal realizada pelo

SITRAEMG faz surgir demonstração de autoestima, de apre-ço e solidariedade uns pelos outros. “O conceito que ouvi em uma das muitas palestras sobre preparação para a aposenta-doria, um pijama desbotado e largo povoava as imagens que insistiam em me atormentar. Para afastá-las, lancei mão da convivência com meus pares, ouvindo, conversando e exerci-tando”, declara a coordenadora sindical, destacando os talen-tos escondidos e inovações na construção e formas de lutas pelos direitos, através de intercâmbio e experiência de quem tanto já doou para um serviço público digno de qualidade. “O tempo não para, não para não. Aposentados sim, inativos jamais”, enfatiza.

I clemir Costa da Fonseca, também aposentada e coorde-nadora regional do SITRAEMG, representando a enti-dade na cidade de Teófilo Otoni e região, acredita que

para a classe trabalhadora é de fundamental importância a fi-liação junto à entidade classista. “Nós, servidores do Judiciário Federal em Minas Gerais, devemos, todos, nos conscientizar da importância da filiação, pois, temos o SITRAEMG há 25 anos pleiteando direitos e promovendo educação sindical”, diz a co-ordenadora, destacando a necessidade de união entre os servido-res a fim de tornar a entidade cada vez mais forte. Referindo-se à participação dos aposentados e pensionistas em atividades do Sindicato, Iclemir destaca a participação desse segmento nas di-versas atividades de luta; nos Encontros Regionais; congressos; nas reuniões do Mosap, em Brasília (DF); e nas tradicionais reu-niões mensais realizadas pelo Sindicato. “São nesses momentos que tomamos conhecimento de como anda nossas reivindica-ções, além das confraternizações.

Artalide Lopes Cunha, coordenadora do Núcleo de

Aposentados do SITRAEMG

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Coordenador Regional do SITRAEMG, Raimundo Alves

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Iclemir Costa, também coordenadora regional do Sindicato

“Se a filiação sindical, em geral, é impor-tante para a mobilização e defesa dos direitos da categoria, a participação

dos aposentados e pensionistas é especialmente importante por dar ainda mais força e repre-sentatividade ao sindicato”, diz o coordenador regional do SITRAEMG Raimundo Alves, apo-sentado pela Justiça Militar, e muito atuante nas mobilizações do SITRAEMG. Para ele, os apo-sentados e pensionistas podem, ainda, levar sua experiência e sua vivência às discussões durante as reuniões. “Além disso, os ativos serão os apo-sentados de amanhã e, se não aprenderem co-nosco, poderão, no futuro, enfrentar ainda mais dificuldades do que enfrentamos agora”, avisa o coordenador sindical.

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Dia do Servidor Público

C omemorado oficialmente no dia 28 de outubro, a data sempre foi lembrada pelo Sindicato e comemorada junto aos servidores mineiros. Em 1995, ainda nos primeiros anos de vida do SITRAEMG, os servidores tinham motivos de sobra para não come-

morarem a data, pois temiam o desemprego, por causa da instabilidade e descrédito do governo federal, à época, FHC . Viviam apreensivos frente às medidas neoliberais e ao arrocho salarial. Mas, mesmo assim, a data foi registrada. Os servidores receberam, como forma de comemoração ao Dia do Servidor Público, uma apresentação do grupo teatral “Companhia Mineira de Mysterius e Novidades”, que desenvolveu esquete sobre os vários problemas dos servidores como os baixos salários, nepotismo, além da perspectiva de uma aposentadoria falida. O esquete recebeu o nome de “Para bom empregador ½ palavra basta!”, e foi apresentado em frente aos prédios do TRT, TRE, Justiça Federal e Procuradoria Geral.

Integrantes do grupo teatral “Companhia Mineira de Mysteriuse Novidades” – BH, 1995

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Palestras, homenagens e festa no Barroca Tênis Clube marcam a Semana do Servidor de 1997

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“E , no entanto é preciso cantar...” Foi com esse pequeno trecho da letra da música “Marcha de Quarta-Feira de Cinzas”, de

Vinícius de Moraes, que o SITRAEMG, em seu Jornal “O Trabalhador Judiciário”, de outubro de 1997, enunciou as comemorações ao Dia do Servidor Público. Naquele ano, apesar do tratamento do governo, o SITRAEMG, junto com a Asttter e TRT preparam uma programação especial para os servidores que incluiu palestras, expo-sições, happy hour , além de um baile no Barroca Tênis Clube. Em 2001, também em parceria com associações e alguns órgãos do Judiciário, o SITRAEMG promo-veu a “Semana do Servidor Público” com apresentações artísticas, exposições de pintura, fotografia, cerâmica, música, oficinas sobre meditação, jardinagem e terapias.

No ano de 2005, o Dia do Servidor Público reu-niu cerca de 140 pessoas na sede do Sindicato, onde os presentes curtiram as performances dos servidores-can-tores Diza Franco, Marcelo Camargo, Cid Olimpio e a dupla Marcelo & Timóteo. A programação ainda contou com dois documentários apresentados no audi-tório do SITRAEMG: “Surplus” – sobre os malefícios da cultura consumista – e outro sobre o surgimento do software livre. No ano seguinte, em 2006, seguido de um coquetel, os presentes apreciaram uma exposição de produtos artesanais, além do lançamento do livro “Balança, mas não cai”, do filiado aposentado José Henrique Diniz.

A atual sede do SITRAEMG teve finalizada, em 2009, uma grande reforma, que contou com a amplia-ção do seu terceiro andar. Na ocasião, no mês de home-nagem ao servidor público, a entidade preparou uma programação que contou com debates, assembleia, ex-posição de arte e a reinauguração da nova Casa.

Nos últimos anos, as comemorações tam-bém foram realizadas em grande estilo e com a Casa cheia. 2011 contou com apresenta-ção do Coral do SITRAEMG, o “Arte Em Canto”, e apresentação da peça teatral “Doce Traição”, escrita e dirigida pelo filiado Lauro Higino, da Justiça Militar, de Juiz de Fora. E em 2013 foram oferecidos aos servidores um culto ecumênico, realizado no saguão do TRT, da Rua Goitacases, e mais uma exposi-ção de arte, o “Salão de Arte Comemorativo ao Dia do Servidor – integração através da Arte”, com apresentação do coral Acordos e Acordes do TRT, e em seguida, coquetel.

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Em 2006: Palestra, músicas, coquetel , exposições de produtos artesanais e de alimentos orgânicos,

além de lançamento do livro “Balança mais não cai”, do filiado José Henrique Diniz

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Servidor Público é homenageado com a exposição do “Salão de Arte Comemorativo ao Dia do Servidor – integração através da Arte” - 2013

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Dia Internacional da Mulher

Servidoras recebem orientações e cuidados para o tratamento estético – 2003

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Em parceria com Sinjus-MG e Serjusmig, SITRAEMG homenageia as servidoras do Judiciário pela data – Março 2009

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C omemora-do no dia 8 de Março,

o SITRAEMG vem presenteando, de algu-ma forma, as mulheres

guerreiras do Judiciário Federal mineiro. Em 2003, o Sindicato fechou parceria com uma clí-nica de estética que teve como principal objetivo orientar as servidoras, por meio de profissio-nais disponíveis em quiosques nos tribunais, sobre a importância do cuidado estético como medida de saúde. Na oportunidade, as participantes puderam conhecer, a novidade em técnica de massagem: o Quick Massage, técnica mui-to utilizada para alívio de tensão muscular e de dores, ativando a circulação.

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Auditório cheio no dia do evento

Coordenadora e funcionárias do SITRAEMG, durante apresentação de peça teatral dedicada às mulheres do Judiciário – Março 2012

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E m 2006, o SITRAEMG pro-moveu, em parce-

ria com o Instituto Helena Greco, uma programação especial em sua sede, duran-te uma semana: o seminá-rio: “Mulher - transformação social e transformação individual” e exibição dos filmes: Cabra marcado para morrer; Que bom te ver viva; Filhas do Vento; Negação do Brasil; Maria Cheia de Graça; Retrato de Tereza; Piqueteras e Mensageiras da Luz, parteiras da Amazônia. Já em 2008, a data foi comemo-rada com um coquetel e lançamento da primeira edição da revista Servidor em Foco, produzida pela Assessoria de Comunicação do Sindicato – esta publicação contou com mais três edições.

Em 2009, em parceria com o Sinjus-MG e Serjusmig (representantes dos servidores da justiça estadual em 1ª e 2ª instâncias), o SITRAEMG ofereceu uma palestra com a jornalista e escritora Leila Ferreira, com o tema de um dos seus livros, “Mulheres, porque será que elas...?” , no auditório do

Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em BH. Na ocasião, Leila Ferreira falou sobre as principais mudanças em re-lação às mulheres nos dias atuais. Segundo ela, as mu-lheres ainda têm um longo caminho a percorrer. Nas duas últimas homenagens às mulheres – 2012 e 2013 – foram apresentados pales-tras, filme e peça teatral, se-guidos por um coquetel.

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E teve muito mais...

D entre outros eventos, saraus, carregados de poesias, músicas e noites dançan-tes; cineclube; noite cultural; apresentação de literatura de cordel; jogos da Copa do Mundo, em ritmo junino; shows musicais com artistas filiados; feira

cultural; concurso de fotografias; “Sábado em Casa”, evento no Sindicato que reuniu ofi-cinas, programação infantil, feira de livros e música, e o Concurso Literário Flor do Lácio, que reuniu contos e poemas de vários filiados, reunidos todos, posteriormente, em um único livro; festas natalinas e de comemoração aos 15 e 20 anos do SITRAEMG.

SITRAEMG comemorando seus 15 anos - 2004

Confraternização de fim de ano – 2001

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Confraternização natalina em 2012...

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1º Arraiá do SITRAEMG: em Belo Horizonte - 2008

20 anos do SITRAEMG: no Chevrolet Hall, em BH, cerca de 1.500

pessoas; show com a Banda Bartucada, de Diamantina

Fotos: Arquivo SITRAEMG

1ª Feira Cultural do SITRAEMG - 2006

... e 2013

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Filiados e funcionários no auditório do SITRAEMG,

assistindo ao jogo do Brasil – Copa do Mundo, junho 2010

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Nossos Colaboradores

Pessoas que dão o suporte para o funcionamento dessa engrenagem sindical

Equipe de funcionários do SITRAEMG: em pé, Janete, Gil Carlos, Margareth, Adriana Rolim, Janaina, Generosa, Clever, Leopoldo, Viviane,

Igor, Lucilene, Rosângela, Adriana Maura e Alexandre; assentados, Andrea, Cássia, Livia, Émerson, Flávio, Glória e Lídia

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E la trabalhara antes no setor de pessoal de um escritório de contabilidade. Chegou

ao SITRAEMG em dezembro de 1995, durante o segundo mandato do presidente Carlos Athayde Valadares Viegas. Havia apenas sete funcionários. Passaram-se várias diretorias e, pouco mais de 18 anos depois, Lídia Palhares é a mais antiga da Casa.

Ao longo de quase duas décadas, trabalhando internamente ou nas ruas, participando das mobilizações, Lídia vivenciou grandes momentos da luta da categoria, o que sempre a deixou empol-gada. Muitos lhe trazem especiais recor-dações. Só para citar alguns exemplos, destaca os protestos pelos “1000 dias sem reajuste”, em setembro de 1997, com a distribuição de pizzas à população (nas famosas Pizzarias FHC), em frente aos tribunais; a manifestação em que houve encenação teatral com atores mas-carados de FHC e membros de sua equi-pe econômica de governo, na campanha salarial de 1997; e a marcha pela aprova-ção do PCS2, em 2002. Sobre a marcha, frisa: “Foi emocionante estar no meio de tanta gente com o mesmo objetivo”.

Para ela, as mobilizações de 15 anos atrás eram mais ‘fáceis’. “Os servidores estavam sempre dispostos a participar. Agora, apesar do avanço das informa-ções, está mais difícil convencê-los (sobre a importância da mobilização)”, salienta.

Constante quebra de rotina

T raçando um paralelo entre os estilos de trabalho dentro de uma empresa e de uma enti-

dade sindical, Lídia observa que, na pri-meira situação, a jornada corre sem mui-

A mais antiga: Lídia Palhares, mais de 18 anos no SITRAEMG e na luta dos servidores

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tas novidades, enquanto, na segunda, há uma constante quebra de rotina. “Em uma empresa, normalmente so-mos gerenciados pelo chefe de setor, a quem devemos levar qualquer tipo de assunto. A rotina só se altera em caso de mudanças na legislação. No sindi-cato, ocorrem sempre mobilizações e passeatas, por causa das mudanças nas leis ou pelo não cumprimento de acordos (por parte dos tribunais ou do governo)”, detalha, ponderando que essa quebra de rotina, embora gere mais cobranças sobre os funcionários da entidade, tem também seu lado po-sitivo, pois, na sua opinião, sair da mesmice é extremamente saudável e permite às pessoas ampliarem seus círculos de amizades.

Nesses mais de 18 anos de convivência com a atividade sindical, a funcio-nária do SITRAEMG diz que o que mais a motiva é o ambiente de trabalho. “As pessoas são mais comprometidas com o serviço. Chefes e funcionários estão sempre focados nos mesmos objetivos”, pontua, completando que o que mais traz apreensão aos funcionários é a mudança de diretorias. “É um momento em que os funcionários do sindicato são alvo de cobranças e críticas. Quem ‘está’ se candidatando acha que estamos comprometidos com a diretoria do momento. E olha que somos comprometidos é com o sindicato”, relata.

Muitas histórias

F iliada ao Sitesemg, sindicato que representa os trabalhadores de en-tidades sindicais, Lídia diz que procura sempre se informar sobre as questões de interesse da sua categoria e participar das assembleias e mo-

bilizações. Avalia, porém, que o movimento sindical, em geral, passa por um momento de “enfraquecimento”, mas precisa se reanimar para o consequente fortalecimento das entidades e das categorias e suas lutas.

Como de praxe, anos de permanência no mesmo local de trabalho são o in-dicativo de muitas histórias para contar. Lídia diz ter muitas, mas a mais latente em sua memória é uma surpresa que, certa vez, os funcionários do Sindicato decidiram preparar para homenagear um colega aniversariante. Com a intenção de “pregar uma peça” no homenageado, o grupo contratou um carro de som com aquela mensagem pública escandalosa, que virou “febre” anos atrás, e sele-cionou músicas de Reginaldo Rossi, Wanderley Cardoso, Amado Batista, Jerry Adriani, cantores considerados bregas. Mas foram os organizadores da surpresa que acabaram surpreendidos. “Quem ficou com ‘cara de tacho’ fomos nós, pois ele adorou. Disse que sempre gostou desse tipo de música. Foi muita gozação”, lembra-se, às gargalhadas, a funcionária mais antiga do SITRAEMG.

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AgradecimentosDedicamos essa publicação a todos os servidores do Poder Judiciário

Federal em Minas Gerais, funcionários da entidade e àqueles que, de al-guma forma, contribuíram para o nascimento, crescimento, engrandeci-mento e fortalecimento do SITRAEMG, estejam eles conosco agora ou in memoriam, seja como engajados participantes das lutas abraçadas pela nossa entidade, seja como dirigentes, conselheiros fiscais ou diretores de base, seja como parceiros de primeira hora nas batalhas que renderam as mais expressivas conquistas para a nossa categoria.

A todos, também os nossos parabéns e sinceros agradecimentos por terem caminhado ao lado do nosso Sindicato ao longo desses 25 anos de história.

Muito obrigado!

Diretoria Executiva – Gestão 2011/2014

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Rua Euclides da Cunha, 14 - Prado - Belo Horizonte/MG - Cep.: 30411-170Telefone: 0800-283-4302 / Telefax: (31) 4501-1500

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