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índice
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ATUALIZAÇÃO MÉDICA
CASO CLÍNICO
AUTOIMUNIDADE
ASBAI SP-RJ
ALGORÍTMOS - COMPONENTES ALÉRGENOS
COMPONENTES ALÉRGENOS
PRINCIPAIS ALÉRGENOS
RELAÇÃO DE LABORATÓRIOS
Avanços em doenças das vias respiratórias superiores e imunoterapia a alérgenos em 2011
CCD
As novas diretrizes ESPGHAN para o diagnóstico da doença celíaca
SP: Asma: uma Síndrome
RJ: A importância do teste de contato atópico (TCA) no diagnóstico da Dermatite Atópica(DA)
State of the art and new horizons in the diagnoses and management of egg allergy
Tropomyosin IgE-positive results are a good predictor of shrimp allergy
Molecular characterization of Der p 10: a diagnostic marker for broad sensitization in
house dust mite allergy
Em 2012 o diagnóstico laboratorial está consolidando a
alergia molecular no Brasil. Novas proteínas estão em fase
de registro como, por exemplo, venenos de insetos, e mais
laboratórios têm os componentes em seu painel de exa-
mes. Isso implica em conveniência ao paciente e, como
consequência, menos transtorno ao clínico que deseja
fazer uso desta nova ferramenta. O nosso telefone (0800
551535) pode e deve ser utilizado como fonte de informa-
ção ao médico para que o paciente possa ser encaminhado
a um laboratório que tenha as proteínas conforme a soli-
citação desejada. É igualmente importante lembrar que os
componentes de alérgenos são reembolsados pela maio-
ria dos convênios médicos.
Também, a partir de abril, o ImmunoCAP® ISAC terá seu
acesso ampliado, com disponibilidade em diversas locali-
dades como em São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O conteúdo da ReCAPtulando contempla os mais recentes
estudos em alergia molecular e autoimunidade. Espera-
mos que o conteúdo seja útil. Sugestões e críticas são mui-
to importantes para atendermos melhor sua necessidade.
Por favor, enviem seus comentários para contato-br.idd@
thermofisher.com.
BOA LEITURA!
Fabio Arcuri
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ReCAPtulando é uma publicação bimestral oferecida pela Immuno
Diagnostics Division, da Thermo Fisher Scientific, e produzida pela
Editora Digital Graduando.
Editorial
4 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
revisando
A. H. Benhamou, J.-C. Caubet, P. A. Eigenmann, A. Nowak-Wegrzin, C. P. Marcos, M. Reche & A. Urisu
O melhor entendimento dos diversos aspectos de alergia
alimentar é, hoje, uma preocupação na literatura médica e
no dia a dia da prática médica. Neste contexto, a publicação
‘State of the art and new horizons in the diagnosis and manage-
ment of egg allergy’ (Allergy 2010; 65:283-9) contribui para
sedimentar conhecimentos relacionados à alergia ao ovo.
Os autores afirmam que o ovo, juntamente com o leite e o
amendoim, compõe a tríade dos alimentos mais relaciona-
dos à alergia alimentar nos primeiros anos de vida. Embora a
prevalência de alergia a ovo não seja exatamente conhecida
em todos os lugares do mundo estima-se que entre 1,3% e
1,7% das crianças apresentem alergia a este alimento. Des-
taca-se ainda que o ovo é o principal alimento envolvido na
fisiopatologia da dermatite atópica.
Os sintomas são precoces e as manifestações já começam
no primeiro ano de vida. Nos quadros IgE mediados, a pele
é o principal órgão acometido, em 90% dos casos. Nas mani-
festações mistas, o ovo está envolvido no desencadeamento
dos sintomas de dermatite atópica e esofagite eosinofílica.
Embora a anafilaxia por ovo seja rara, os autores recomen-
dam cuidado em pacientes com alergia alimentar e asma de
qualquer gravidade. Como se sabe, este é um poderoso fator
de risco à morte por anafilaxia. Uma peculiaridade do ovo é
que seu cozimento pode reduzir a alergenicidade. Não são
raros os casos de pacientes alérgicos a ovo que toleram pre-
parações em que este ingrediente se apresente cozido.
O ovo é rico em proteínas e na clara residem seus principais
alérgenos, destacando-se: ovomucóide (Gal d 1), ovoalbumi-
na (Gal d 2), ovotransferrina/conalbumina (Gal d 3) e liso-
zima (Gal d 4). Entre estes, a ovomucóide merece especial
destaque, pois: embora não seja o componente presente em
maior quantidade, certamente é o alérgeno mais dominante,
extremamente resistente ao aquecimento, às proteinases e
capaz de suscitar reação em diminutas quantidades.
A sensibilização, desenvolvimento de IgE específica, pode
ocorrer precocemente. Há relatos que especulam que a sen-
sibilização pode ter ocorrido via transplacentária ou pelo alei-
tamento materno. Tais suposições ganham corpo quando os
pacientes se sensibilizam ou desenvolvem sintomas sem que
sequer tenha ocorrido a ingestão do ovo. Os autores refor-
çam o que já é sabido: estar sensibilizado não é sinônimo de
desenvolvimento dos sintomas em contato com o ovo. Em
um estudo que envolveu a realização de teste de provocação
duplo-cego placebo controlado 52% dos pacientes sensibili-
zados desenvolveram sintomas após a provocação.
Pacientes sensibilizados a ovo apresentam maior risco de
desenvolvimento de alergia a amendoim, como foi demons-
trado no estudo britânico LEAP – ‘Learning Early about Peanut
Allergy’ – no qual cerca de 20% das crianças com dermatite
atópica e sensibilização a ovo desenvolveram sintomas de
ingestão ao amendoim.
Embora os mecanismos fisiopatológicos ainda não estejam
bem elucidados sabe-se que pacientes com sensibilização a
State of the art and new horizons in the diagnoses and management of egg allergy
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 5
ovo apresentam maior risco de desenvolvimento de alergias
respiratórias. O diagnóstico de alergia ao ovo se inicia com
uma adequada anamnese e a adequada confirmação deveria
ser feita através da realização dos testes duplo-cego placebo
controlado. Os autores reconhecem as dificuldades na reali-
zação deste teste. Trata-se de um exame que envolve riscos,
consome tempo, demanda adequada estrutura hospitalar e
custos não desprezíveis. Como não há uma uniformização no
procedimento ainda há dificuldades em se comparar resulta-
dos nos diferentes trabalhos na literatura.
A realização do teste de puntura (skin prick test) pode ser uma
arma útil no diagnóstico da alergia ao ovo quando combina-
do à anamnese. É fundamental que o teste seja realizado por
pessoa treinada em ambiente adequado com extratos padro-
nizados. Apresenta valor preditivo negativo (cerca de 90%),
mas baixo valor preditivo positivo, sendo, desta maneira, útil
para afastar a suspeição, mas não suficiente para confirmar
o diagnóstico. Não há muitos estudos correlacionando o ta-
manho da pápula obtida no teste com a presença de alergia,
mas nesta revisão foi citado trabalho de ‘Sporik et al’, que en-
contraram correlação de 100% entre alergia e pápula maior
ou igual a sete milímetros de diâmetro.
Testes in vitro para avaliação da IgE específica também po-
dem ser úteis no diagnóstico da alergia a ovo. São testes pre-
cisos, padronizados e reprodutíveis, podendo se estabelecer
uma correlação entre os valores de IgE e a chance de reação
ao alimento. Ao longo dos anos uma série de estudos tentou
estabelecer pontos de corte para diagnóstico de alergia ali-
mentar, incluindo o ovo. O que se observou é que estes pon-
tos podem ser bastante variados. Para ovo, ‘Sampson et al’ e
‘Ando et al’ concluíram que valores de IgE específica ≥7kU/L
confere 95% de chance do paciente ser alérgico ao ovo.
Para pacientes abaixo dos dois anos de idade, valores acima
de 2kU/L já conferem elevadas chances de reatividade clínica
ao ovo. Pacientes com alergia a ovo submetidos a uma dieta
de exclusão de ovo por dois anos que apresentem níveis de
IgE específica inferiores a 1,3kU/L têm grandes chances de
tolerância. Mesmo que mais estudos sejam necessários para
tentar estabelecer a importância destes pontos de corte, os
estudos permitiram inferir que quanto mais elevados os va-
lores de IgE específica, maiores as chances de alergia ao ovo.
Recentemente, a proteína ovomucóide tem sido avaliada
com bastante cuidado. A possibilidade da realização da IgE
específica contra alguns domínios desta proteína nos permi-
tiu entender que quanto maiores os valores de IgE específica
para ovomucóide, maior a chance de o paciente reagir a pe-
quenas quantidades de ovo, inclusive cozido e processado.
Avaliando os novos métodos laboratoriais diagnósticos
como o microarray ou a dosagem de IgG4 específica, abrem-
se novas possibilidades no diagnóstico de alergia a ovo ou
no desenvolvimento de tolerância. O estabelecimento de
uma razão entre IgE/IgG4 pode ser útil no desenvolvimento
de tolerância a ovo, embora os autores considerem a necessi-
dade de mais estudos para inferências mais precisas.
Os autores revisam as possibilidades de tratamento. Reco-
nhecem que embora, atualmente, o único tratamento seja
a remoção completa do alimento, a possibilidade de des-
senbilização oral deve ser olhada com cuidado. Os autores
ressaltam que há ainda um pequeno número de pacientes
avaliados, mas que resultados promissores já podem ser ob-
servados. Os pacientes passam a receber quantidades cres-
centes de proteína do ovo e devem permanecer recebendo
esta dose do alimento diariamente. Em alguns trabalhos ob-
servou-se a redução dos parâmetros de sensibilização como
níveis de IgE específica ou resposta do teste de puntura. Na
maior parte dos estudos, os pacientes devem permanecer
ingerindo pequenas quantidades do alimento até que se con-
firme que a tolerância foi atingida.
Alergia alimentar é um assunto promissor na literatura médi-
ca e alguns avanços com relação a alergia a ovo puderam ser
observados. As perspectivas futuras incluem:
• Aplicação dos métodos laboratoriais disponíveis para ava-
liação do desenvolvimento de tolerância
• Avaliação da eficácia dos métodos de dessensibilização
• Avaliação dos riscos de desenvolvimento de alergia a ou-
tros alimentos ou de sintomas respiratórios em pacientes
com alergia a ovo.
Comentário: Este artigo traz importantes reflexões sobre aler-
gia a ovo, que é um alérgeno importante no Brasil. Devemos
apenas, através de nossa experiência clinica e estudos, avaliar
se há aspectos que são peculiares da nossa população.
Referência: State of the art and new horizons in the diagnoses and man-
agement of egg allergy. Allergy 2010; 65: 283-289.
Artigo resumido e comentado: Dra. Ana Paula Moschione Castro (CRM
69.748SP), Especialista em Alergia e Imunologia pela Associação Brasilei-
ra de Alergia e Imunopatolgia, Médica assistente da Unidade de Alergia
e Imunologia, Instituto da Criança – HCFM/USP. Mestre e doutoranda em
Ciências da Saúde pela FMUSP.
6 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
revisando
Tropomyosin IgE-positive results are a good predictor of shrimp allergy C. Gámez, S. Sanchez-Garcıa, M. D. Ibanez, R. Lopez, E. Aguado, E. Lopez, B. Sastre, J. Sastre & V. del Pozo
INTRODUÇÃO
Alergia a crustáceos e moluscos é uma doença relativamente
comum e costuma ser persistente. Os pacientes alérgicos po-
dem experimentar uma série de sintomas que variam de leve
(síndrome oral de alergia) a grave (anafilaxia). O camarão é o
mais proeminente de todos os frutos do mar porque é o mais
extensamente consumido. Além disso está relacionado com
as reações mais graves, mesmo após inalação ou contato
cutâneo. O primeiro alérgeno principal identificado em crus-
táceos foi a tropomiosina. A sensibilização para tropomiosina
de camarão é encontrada em 80% dos pacientes alérgicos.
Mais tarde outros alérgenos foram caracterizados: argini-
na-Kinase, proteína sarcomplasmática ligadora de cálcio,
cadeia leve de miosina, Troponina C e triose-fosfato isome-
rase. Apesar de vários artigos sobre alérgenos de camarão
terem sido publicados nos últimos anos, são necessários
mais dados e ferramentas para oferecer um diagnóstico
preciso e compreender a evolução e o prognóstico da aler-
gia ao crustáceo. Na prática clínica diária, a IgE para tropo-
miosina de camarão pode dosada pelo ImmunoCAP. Além
disso, IgE para um painel de tropomiosinas de camarão Pen
a 1, Pen i 1, Pen m 1 podem ser avaliados usando o Im-
munoCAP ISAC, um sistema de testes que recentemente se
tornou comercialmente disponível.
OBJETIVO
Os objetivos dos autores foram: avaliar a determinação dos
anticorpos IgE no diagnóstico da alergia ao camarão; e estu-
dar a tropomiosina do camarão vermelho (Solenoceramelan-
tho) como um alérgeno novo e como uma proteína de reati-
vidade cruzada.
MÉTODOS
Foram estudados 45 indivíduos. Testes cutâneos de leitura
imediata foram realizados em todos os indivíduos. Além
disso, realizou-se a dosagem de IgE específica para: cama-
rão, tropomiosina recombinante e natural de camarão (rPen
a 1 e nPen m1); recombinante Der p 10; e Dermatophagoi-
despteronyssinus. As dosagens de IgE foram realizadas
através de ImmunoCAP e/ou immunoblotting. Testes de de-
sencadeamento oral, duplo cego, controlados por placebo,
foram realizados para confirmar o diagnóstico da alergia ao
camarão. Também foram realizados testes de inibição in vi-
tro para avaliar reatividade cruzada.
RESULTADOS
O diagnóstico de alergia ao camarão foi confirmado em
18 pacientes. Os testes cutâneos e as dosagens de IgE
para camarão foram positivos em todos os pacientes alér-
gicos ao camarão.
Na população estudada, o teste cutâneo para camarão foi
positivo em 100% do grupo de alérgicos a camarão e em
61% do grupo tolerante, que corrobora a elevada sensibili-
dade deste teste, porém com uma especificidade baixa (cer-
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 7
ca de 50%). Níveis semelhantes de sensibilidade foram ob-
servados para a dosagem da IgE para tropomiosina (rPen a
1), entretanto sua especificidade foi superior (77% vs 50%).
O valor preditivo positivo da IgE para tropomiosina (rPen
a 1) foi de 72% e o valor preditivo negativo foi de 91%. Os
pacientes do grupo de alérgicos a camarão tinham valores
significativamente mais elevados de IgE para camarão.
CONCLUSÃO
Níveis de IgE para tropomiosina fornecem um valor adi-
cional para o diagnóstico da alergia ao camarão. Alguns
alérgenos em extrato ácaro são reconhecidos por pacien-
tes que são alérgicos a camarão, apesar de sua relevância
clínica ainda ser desconhecida.
COMENTÁRIOS
Recentemente foi relatado que a detecção de IgE a tro-
pomiosina de camarão está relacionada com a presença
de alergia clínica a camarão em uma população brasileira
(Yang AC et al). Os autores encontraram uma história po-
sitiva, que associada a um resultado positivo de IgE para
tropomiosina de camarão resultou em desencadeamento
oral positivo em 100% dos pacientes, embora dois dos
oito pacientes tropomiosina-negativos tiveram desenca-
deamento positivo com camarão. Da mesma forma, um
histórico negativo associado com um resultado de teste
negativo de IgE para tropomiosina de camarão sempre
foi associado com um resultado negativo de desafio. No
estudo apresentado aqui, os autores publicaram resulta-
dos semelhantes ao medir IgE para rPen um 1 por Immu-
noCAP. Vale ressaltar que mesmo com IgE negativa para
tropomiosina, não podemos excluir a possibilidade de
alergia de camarão do paciente através da sensibilização
a outros alérgenos, principalmente diante de uma histó-
ria clínica consistente.
Artigo resumido e comentado: Dra. Ariana Campos Yang (CRM 95.235
– SP). Doutora em Ciências pela FMUSP. Médica assistente, coorde-
nadora no ambulatório de alergia alimentar e dermatite atópica do
Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de
São Paulo – FMUSP.
Referência: Tropomyosin IgE-positive results are a good predictor of
shrimp allergy. Allergy66 (2011) 1375–1383
8 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
revisando
Molecular characterization of Der p 10: a diagnostic marker for broad sensitization in house dust mite allergyY. Resch, M. Weghoferl, S. Seiberler, F. Horak, S. Scheiblhofer, B. Linhart, I. Swoboda, W. R. Thomas, J. Thalhamer, R. Valenta and S. Vrtala
INTRODUÇÃO
Os alérgenos de ácaros estão entre as causas mais comuns
da asma e rinite alérgica. A frequência de reconhecimento
IgE, atividade alergênica e relevância clínica dos alérgenos
dos ácaros, Der p 1 e Der p 2, têm sido bem investigadas.
Ambos alérgenos são reconhecidos por mais de 90% dos
pacientes alérgicos a ácaros e, portanto, considerados
como os alérgenos principais. Foram identificados mais de
20 outros alérgenos de ácaros, mas sua importância para
as alergias respiratórias tem sido apenas parcialmente es-
tudada. Entre estes alérgenos, Der p 10, a tropomiosina
tem despertado atenção por sua reatividade cruzada em
animais invertebrados, principalmente em frutos do mar.
Apesar do conhecimento da importância da tropomiosi-
na na alergia alimentar, o papel da tropomiosina de ácaro
(Der p 10) na alergia respiratória tem sido pouco estudado
por especialistas.
OBJETIVO
O objetivo dos autores foi expressar e purificar um recom-
binante de Der p 10 com reatividade IgE equivalente com
o Der p 10 natural e, então, avaliar sua reatividade IgE e
atividade alergênica em pacientes alérgicos ao ácaro.
MÉTODOS
O recombinante de Der p 10 foi expresso em Escherichia
coli, purificado e caracterizado por espectrometria de mas-
sa e dicroísmo circular. A reatividade IgE ao alérgeno rDer
p 10 foi testada em 1.322 pacientes alérgicos ao ácaro.
Foram determinados os perfis de sensibilização para seis
componentes alergênicos do Der p (Der p 1, 2, 5, 7, 10, 21)
e, então, foram estabelecidos dois subgrupos de pacien-
tes: Der p 10-positivos e Der p 10-negativos. A atividade
alergênica de Der p 10 foi avaliada em experimentos de
desgranulação de basófilo.
RESULTADOS
O recombinante de Der p 10 é uma proteína-hélice que
compartilha epítopos IgE com Der p 10 natural. Neste
estudo foi encontrada sensibilização para Der p 10 em
15,2% dos pacientes alérgicos ao ácaro. No subgrupo Der
p 10-negativo observou-se que os pacientes estavam sen-
sibilizados principalmente para Der p 1 e/ou Der p 2. Por
outro lado, os pacientes do subgrupo Der p 10-positivo es-
tavam sensibilizados a vários outros alérgenos do ácaro
além dos alérgenos principais (Der p 1, Der p 2), ou então
mostraram reatividade IgE seletiva para Der p 10. A ativi-
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 9
dade alergênica de Der p 10 foi geralmente baixa, mas foi
possível identificar pacientes que apresentavam alergia ao
ácaro nos quais a sensibilização ao Der p 10 era clinica-
mente relevante.
CONCLUSÃO
Der p 10 pode ser um marcador de diagnóstico em pacien-
tes com alergia a ácaros sugerindo adicional sensibilização
a outros alérgenos além de Der p 1 e Der p 2. Tais pacientes
poderiam exigir atenção quando a Imunoterapia alérgeno
específica é considerada.
COMENTÁRIOS
Os relatos de sensibilização para tropomiosina em indiví-
duos alérgicos a ácaro variam bastante, de 5% a 80%. Nes-
te estudo observou-se uma frequencia de sensibilização a
Der p 10 de 15,2%. O interessante foi que a avaliação da
reatividade para Der p 10 permitiu a identificação de dois
perfis distintos de sensibilização: um grupo de pacientes
alérgicos a ácaro sensibilizados basicamente para os alér-
genos principais Der p 1 e Der p 2 e negativos para tropo-
miosina; e outro grupo, que quando positivo para tropo-
miosina, apresentava também um perfil de sensibilização
mais amplo para outros componentes alergênicos. Como
os autores chamam a atenção, a imunoterapia com extrato
de ácaro tem padronização apenas para Der p 1 e Der p 2.
Portanto, conhecer o perfil de sensibilização do paciente
poderia auxiliar na seleção de pacientes com maior perfil
de bons respondedores ao tratamento imunoterápico.
Referência: Molecular characterization of Der p 10: a diagnostic
marker for broad sensitization in house dust mite allergy. Clinical &
Experimental Allergy, 41, 1468–1477
Artigo resumido e comentado: Dra. Ariana Campos Yang (CRM 95.235 –
SP) Doutora em Ciências pela FMUSP. Médica assistente, coordenado-
ra no ambulatório de alergia alimentar e dermatite atópica do Serviço
de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo
– FMUSP.
10 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
caso clínico
CCDDra. Renata Rodrigues Cocco (CRM 89.488 SP) – Mestre e Pesquisadora associada à Disciplina de Alergia e Imunologia da UNIFESP. Especialista em alergia alimentar pelo Mont Sinai Medical Center (NY) e Coordenadora do grupo de alergia alimentar da Sociedade Brasileira de Imunopatologia.
INTRODUÇÃO
A reatividade a múltiplos alérgenos em alguns pacientes é
um desafio comum na prática clínica. A explicação para a
polissensibilização conta com algumas hipóteses: 1 - sensibi-
lização independente a diferentes alérgenos; 2 - ligação não
específica da IgE (particularmente relevante quando a IgE
total é muito elevada); 3. reatividade cruzada consequente a
sequências homólogas entre alérgenos de diferentes fontes.
Pan-alérgenos são proteínas presentes em diversas fontes
(inalantes, alimentos, venenos de Hymenoptera, látex, etc)
responsáveis pela reatividade cruzada inter ou intra-espé-
cies. Profilinas, prolaminas, proteínas transportadoras de
lipídeos, tropomiosina e albumina sérica bovina são exem-
plos de pan-alérgenos capazes de levar à produção de an-
ticorpos IgE contra diversas fontes animais e/ou vegetais.
Os alérgenos encontrados no “reino vegetal” (pólens, ali-
mentos derivados de plantas, etc) são constituídos por glico-
proteínas, na qual uma porção proteica é diretamente ligada
a moléculas de carboidratos, estas últimas denominadas CCD
(“determinantes de reatividade cruzada dos carboidratos”). A
ruptura da membrana dos mastócitos e liberação de histami-
na está intimamente relacionada à ligação da IgE específica
à porção proteica da glicoproteína. Mas o encadeamento de
IgE às moléculas de carboidrato podem induzir ao aumento
do nível sérico das imunoglobulinas específicas. Sua relevân-
cia clínica, no entanto, permanece controversa.
A prevalência da IgE anti-CCD é descrita em cerca de 10% a
60% dos pacientes alérgicos a pólen. Apesar da falta de da-
dos epidemiológicos concretos sobre o índice de poliniza-
ção em alguns estados brasileiros, a presença de anticor-
pos IgE anti-CCD deve ser hipotetizada frente à presença
de IgE sérica específica para múltiplas fontes alergênicas,
especialmente entre alimentos derivados de plantas, pó-
lens e venenos de Hymenoptera.
O caso clínico a seguir retrata um exemplo de como se
podem interpretar exames laboratoriais à luz da história
clínica, em pacientes reativos a múltiplos alérgenos.
IDENTIFICAÇÃO
- J.S.V.S., 18 anos, branca, gênero feminino, natural e pro-
cedente de SP.
Q/D: Prurido e obstrução nasal desde a infância
HPMA: Paciente refere que desde a infância apresenta cons-
tantes e intensos sintomas nasais (prurido, coriza, obstrução
e espirros), associados a prurido ocular. Além disso, já havia
apresentado reação sistêmica (placas avermelhadas difusas,
edema periocular e falta de ar) após picada de abelha.
EXAME FÍSICO
BEG, corada, hidratada, levemente dispneica, afebril.
Aparelho cardiovascular: sem alterações.
Pulmão: MV+, bilateralmente, com sibilos esparsos e es-
tertores subcrepitantes em bases.
Cabeça e pescoço: hipertrofia de conchas nasais 3+/4+ bila-
teralmente, com palidez de mucosa nasal. Microadenome-
galia submandibular. Hiperemia de conjuntivas e presença
de pápulas macroscópicas em mucosas palpebrais.
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 11
Pele: xerótica, sem sinais de eczema ou fissuras.
AVALIAÇAO LABORATORIAL
-Teste de função pulmonar: normal
-Pesquisa de IgE específica (ImmunoCAP®):
D. pteronyssinus 8,2kU/L
D.farinae 7,5kU/L
Blomia tropicalis 3,1kU/L
Fungos (Mx1) 0,8kU/L
Gramíneas (Gx2) 27,1kU/L
Epitélio de cão 2,5kU/L
Epitélio de gato 1,2kU/L
Abelha 45,4kU/L
Formiga 6,9kU/L
IgE total 242U/mL
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
- Rinite alérgica persistente moderada-grave
- Asma intermitente
- Conjuntivite atópica
- Alergia a abelha (anafilaxia?)
- Reação adversa a sulfa
COMENTÁRIOS
A presença de sensibilização a múltiplos alérgenos levan-
tou a hipótese de polissensibilização inespecífica, talvez
consequente à presença de IgE a diferentes pan-alérgenos.
Para melhor investigação e conduta terapêutica, foi solici-
tado o ImmunoCAP® ISAC, cujos resultados são apresen-
tados a seguir:
12 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E CONDUTA TERAPÊUTICA
A presença de anticorpos IgE para CCD pode justificar os
níveis séricos de alérgenos como os pólens e o veneno de
abelha, sem necessária correlação com sintomas clínicos.
Apesar dos maiores níveis séricos para os pólens, optou-
se por iniciar imunoterapia específica para ácaros devido à
maior prevalência destes últimos em nosso meio.
Medicamentos sintomáticos foram prescritos (anti-his-
tamínicos e corticosteroide nasal), bem como adrenalina
auto-injetável para situações de exposição a insetos.
DISCUSSÃO
Apesar da grande diversidade na estrutura de carboidra-
tos, alguns perfis-padrão estão presentes nas glicoproteí-
nas de animais invertebrados e plantas. A bromelina, uti-
lizada no ImmunoCAP® ISAC, é um exemplo de CCD que
vem sendo amplamente estudado.
Desde o início dos anos 80, a presença de IgE direcionada
aos determinantes de carboidratos vem sendo descrita no
soro de pacientes alérgicos. A produção destes anticorpos
pode resultar da exposição a pólens ou venenos de insetos
(Hymenoptera).
Existem controvérsias a respeito da real relevância clínica
da IgE anti-CCD. Apesar de não permitir a positividade dos
testes cutâneos ou de sintomas clínicos, algumas evidên-
cias apontam para sua possível atividade na ruptura de
mastócitos. De qualquer forma, mais estudos são neces-
sários para a comprovação da reatividade clínica desen-
cadeada por IgE anti-CCD; até o momento, tais anticorpos
devem ser considerados apenas como potenciais fatores
de interferência nos resultados de IgE séricas específicas.
A interferência dos anticorpos IgE anti-CCD deve ser inves-
tigada nas seguintes situações:
1. Quando os testes in vitro não se correlacionam com a
história clínica;
2. Frente à presença de múltiplos resultados positivos para
o mesmo paciente;
caso clínico
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 13
3. Quando diferentes métodos laboratoriais in vitro apre-
sentarem resultado discrepante para o mesmo alérgeno;
4. Para três tipos de alérgenos: 1 - alimentos derivados de
plantas (frutas, vegetais, leguminosas como soja e amen-
doim); 2 - látex (sem exposição a fatores de risco ocupacio-
nais), 3 - venenos de insetos (abelha e vespa).
A polinose, especialmente em múltiplas espécies, é a
maior causa de interferência pela IgE anti-CCD.
O médico deve estar consciente sobre as possíveis situa-
ções em que fatores de interferência (CCD, pan-alérgenos)
podem interferir na interpretação dos resultados labora-
toriais. Mesmo sabendo que, isoladamente, os testes não
fazem diagnóstico de qualquer doença alérgica, a presença
de IgE contra porções de carboidratos cria o risco de se
estabelecer um falso diagnóstico para alergias a alimentos
derivados de plantas, látex e venenos de insetos, especial-
mente em pacientes sensibilizados a pólen. Tal falha pode
resultar em restrições dietéticas desnecessárias e/ou imu-
noterapia inapropriada.
Referências bibliográficas:
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elucidation of clinical relevance and implications for allergy diagnosis.
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14 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
atualização médica
Avanços em doenças das vias respiratórias superiores e imunoterapia a alérgenos em 2011 Joy Hsu, MD, Carol A. Saltoun, MD, and Pedro C. Avila, MD
RESUMO
Esta revisão tem o objetivo de apresentar uma atualização
de diferentes aspectos envolvidos no desenvolvimento refe-
rente a patologias de vias aéreas superiores e imunoterapia
a alérgenos destacando as observações mais relevantes.
As pesquisas de maior porte realizadas mostram que a ri-
nite alérgica (RA) é mais prevalente em mulheres do que
homens. Também sinalizam que o risco de apresentar RA
é menor para crianças pequenas para idade gestacional
quando há exposição precoce a outras crianças, convívio
em creches, com animais domésticos e/ou ambiente rural.
É importante ressaltar que os fatores epidemiológicos, de
forma geral, podem variar de acordo com o local e, portan-
to, não podem ser generalizados os achados e as recomen-
dações decorrentes destes.
Alguns resultados interessantes sugerem uma relação en-
tre níveis séricos de vitamina D e sintomas de rinite. Estas
observações são ainda controversas e precisam ser rea-
valiadas para que se possa chegar a conclusões definiti-
vas sobre esta questão. Outros aspectos abordados são
as evidências de que diferenças genéticas relacionadas ao
sistema imune inato e adaptativo podem contribuir para o
desenvolvimento de RA.
O conhecimento sobre mecanismos fisiopatológicos des-
tas doenças apresentou avanços importantes. Experimen-
tos realizados para mimetizar infecções virais sugerem que
o evento inicial nestes casos é o rompimento da barreira
epitelial que permite a difusão de alérgenos para a submu-
cosa com consequente desenvolvimento de RA.
Também foram observados progressos na área de diagnós-
tico. A provocação nasal com múltiplos alérgenos no mes-
mo dia revelou ser mais efetiva para a identificação de RA
do que os métodos usuais.
Novas opções para tratamento estão em testes. Anticorpos
monoclonais contra diferentes moléculas, direcionados a
citocinas e inibidores de degranulação de eosinófilos fo-
ram desenvolvidos e os testes iniciais revelam resultados
promissores. Outra opção terapêutica que tem sido bem
avaliada é o uso combinado de corticoide e descongestio-
nante nasal.
Em relação à rinosinusite crônica (RSC), inúmeros estudos
têm sido realizados para avaliar a participação da proteí-
na centrosomica 110 (Cp110) na fisiopatologia da doença e
os benefícios observados com a sua inibição. Além desta
proteína, outros fatores, tais como p63, p73 e CCL23, tam-
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 15
bém parecem estar implicados na patogênese da RSC. As
pesquisas na área de terapêutica, por sua vez, mostram
benefícios relacionados ao uso de corticoides tópicos, mas
nenhum efeito positivo resultante de tratamento com anti-
fúngicos tópicos ou sistêmicos.
Um dos principais temas desta revisão é a imunoterapia.
Inúmeros estudos têm sido realizados para esclarecer o
mecanismo de ação, avaliar os benefícios e principais
indicações da imunoterapia subcutânea (SCIT) e sublin-
gual (SLIT).
Estratégias para definir dose e duração de terapia, assim
como a segurança e eficácia de SCIT continuam sendo
foco de investigações. Os benefícios e o esquema de ma-
nutenção do tratamento dependem da patologia e do alér-
geno envolvido.
Por sua vez, a aplicação de SLIT ainda não é universalmente
aceita. Nos EUA, por exemplo, não é oficialmente permitida,
enquanto na Europa diversos estudos mostram resultados
bastante consistentes e baixo risco com a utilização desta
forma de terapia.
Efeitos muito positivos têm sido observados com o uso de
SCIT para Alternaria alternata no tratamento de crianças e
adolescentes. Bons resultados tem sido identificados com
SLIT em casos de alergia a pólen de gramíneas e de conjun-
tivite alérgica.
Na verdade, ainda faltam estudos bem desenhados que
confrontem as vantagens da SCIT: rápida resposta e grande
potência, com a segurança e conveniência da SLIT. A rela-
ção custo-benefício precisa ser mais bem definida para que
se possa estabelecer a abordagem terapêutica mais efetiva.
Certamente esta relação varia de acordo com o grupo de
estudo, com o alérgeno e o quadro clínico.
O grande número de variáveis envolvidas dificulta a rea-
lização e avaliação de estudos em imunoterapia. De toda
forma, os resultados são promissores e instigam a conti-
nuidade das pesquisas usando diversas abordagens, desde
modelos animais e avaliações laboratoriais até ensaios clí-
nicos de fasess I e II. Uma opção alternativa que merece ser
explorada é a efetividade, assim como os riscos observados
com o uso combinado de SCIT e SLIT.
Comentado por: Dra. Silvia Daher (CRM 26.794). Médica Alergista
Doutora em Imunologia e Alergia
Referência: J Allergy Clin Immunol Volume 129, number 3
16 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
ImmunoCAP® ISAC
Passo a passo do ensaio
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2012 | edição 47 | ReCAPtulando 17
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Leitura do chip Análise das imagens Resultado
18 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
autoimunidade
As novas diretrizes ESPGHAN1 para o diagnóstico da doença celíacaNos últimos 20 anos, tanto a percepção quanto o diagnóstico de doença celíaca (DC) mudaram. Em relação a estes desenvolvimentos, a ESPGHAN emitiu novas diretrizes para o diagnóstico de DC2.
Doença celíaca (DC): nova definição
“A DC é um distúrbio sistêmico imunomediado provoca-
do pelo glúten e prolaminas relacionadas em indivíduos
geneticamente suscetíveis e caracterizada pela presença
de uma combinação variável de manifestações clínicas de-
pendentes do glúten, anticorpos específicos de DC, hapló-
tipos HLA-DQ2 ou DQ8 e enteropatia”2.
Exame de DC: dois novos algoritmos
Visto que a DC pode se apresentar com uma grande varie-
dade de sintomas não específicos, a ESPGHAN recomen-
da o exame de dois grupos: crianças ou adolescentes com
sintomas ou sinais que sugerem DC (inclusive sintomas
atípicos) e crianças ou adolescentes assintomáticos com
doenças associadas à DC2 (veja tabelas Algoritmos 1 e 2).
Biópsia intestinal: não é mais o padrão ouro
Em contraste às diretrizes antigas, não apenas uma
lesão Marsh 3, mas também uma lesão Marsh 2, tem
sido agora aceita como compatível com DC. As caracte-
rísticas histológicas na DC podem ser irregulares e, em
uma pequena proporção de pacientes com DC, aparecer
apenas no bulbo duodenal. As alterações não são espe-
cíficas para DC e podem ser encontradas em outras en-
teropatias que não DC. Isto enfraquece o significado da
biópsia e simultaneamente agrega muito mais valor aos
marcadores sorológicos.
Exames sorológicos: suficientes para diagnóstico em de-
terminados casos
Se as titulações de anticorpo tTG IgA forem altas e o resulta-
do for confirmado, a DC pode ser agora diagnosticada sem
a realização de uma biópsia. Com base em exames soroló-
gicos de primeira linha (tTG IgA, IgA total, DGP IgG) foram
desenvolvidos dois novos algoritmos para os dois grupos
nos quais o exame é recomendado. Um múltiplo do limi-
te superior de normalidade (equivalente ao corte ótimo) do
exame tTG IgA é usado como valor decisivo para como pro-
ceder em seguida. Esta parte chave dos algoritmos foi de-
senvolvida com base nas experiências com o Celikey® (tTG
IgA) da Phadia, agora Thermo Fischer Scientific3.
Referências Bibliográficas: 1 European Society for Paediatric Gastroentero-
logy, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) 2 Husby S et al (2012). European
Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition guidelines
for the diagnosis of coeliac disease. JPGN 54: 136–160 3 Hill PG, Holmes
GKT (2008). Coeliac disease: a biopsy is not always necessary for diagnosis.
Aliment Pharmacol Ther 27, 572-577
O que é novo nas diretrizes:
• Doença celíaca: nova definição
• Exame de DC: dois novos algoritmos
• Biópsia intestinal: não é mais o padrão ouro
• Exames sorológicos: suficientes para diagnóstico em determinados casos
• Diagnóstico de DC: uma revolução na metodologia
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 19
Novas diretrizes ESPGHAN - dois novos algoritmos para o diagnóstico de doença celíaca:
Algoritmo 1: Para crianças ou adolescentes com sintomas ou sinais sugestivos de DC (incluindo sintomas atípicos).*
Algoritmo 2: Para crianças ou adolescentes assintomáticos com doenças associadas a DC*.
tTG IgA + IgA total ou DGP IgG
HLA (+ tTG IgA opcional)
Diagnóstico: não é DC
Diagnóstico: não é DC, nenhum risco para DC
Consulte um gastroenterologista
tTG IgA + IgA total ou DGP IgG
tTG IgA > 10x ULN**
tTG IgA > 3x ULN**
EMA + HLA
Biópsia EMA Diagnóstico: não é DC
ambos pos. EMA neg./ HLA pos.
Positivo
Biópsia
Biópsia
Biópsia
Diagnóstico: DC≥ Marsh 2:
Diagnóstico: DC
≥ Marsh 2:
Diagnóstico: DC
≥ Marsh 2:
Diagnóstico: DC
≥ Marsh 2:
Diagnóstico: DC
tTG IgA < 10x ULN**
ttTG IgA< 3x ULN** Negativo
* Crianças e adolescentes com sintomas e sinais de outra
forma não explicados de diarreia crônica ou intermitente,
deficiência de crescimento, perda de peso, crescimento
retardado, puberdade atrasada, amenorreia, anemia fer-
ropriva, náusea ou vômitos, dor, cólicas ou distensão ab-
dominal crônica, constipação crônica, fadiga crônica, es-
tomatite aftosa recorrente (aftas), exantema semelhante à
dermatite herpetiforme, fratura com traumas inadequados/
osteopenia/ osteoporose, bioquímica hepática anormal.
** ULN: limite superior de normalidade; melhor cut-off
* Crianças e adolescentes assintomáticos com maior risco de
DC, tais como pessoas com diabetes mellitus do tipo 1, sín-
drome de Down, doença autoimune da tireoide, síndrome de
Turner, síndrome de Williams, deficiência de IgA seletiva, do-
ença hepática autoimune e parentes de primeiro grau com DC.
** ULN: limite superior de normalidade; melhor cut-off
Diagnóstico de DC: uma revolução na metodologia
As novas diretrizes da ESPGHAN são um grande passo à frente no diagnóstico de DC. O seu objetivo é atingir uma alta precisão diagnóstica, ao
mesmo tempo em que reduz o ônus para os pacientes e suas famílias. Isto é obtido através da combinação de testes de anticorpos altamente
confiáveis (tTG IgA e DGP IgG) e teste genético, que torna o inconveniente e caro procedimento de biópsia duodenal obsoleto em muitos casos.
positivo negativo
positivo negativo
20 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
ASBAI SP
A asma é uma doença de alta prevalência, com média
mundial estimada em 10% e por isto um problema de
saúde pública, que vem despertando interesse crescente
da comunidade científica e dos profissionais da área de
saúde. Atualmente a asma é considerada uma síndrome,
ou ao menos uma doença com diversos fenótipos1,2,3. As
entidades clínicas que compõe esta síndrome têm em
comum: sintomas respiratórios intermitentes, obstrução
brônquica reversível, hiperreatividade brônquica e pro-
cesso inflamatório crônico com remodelamento das vias
aéreas. Nos estudos epidemiológicos e na prática clínica
os pacientes que apresentam estas características rece-
bem o diagnóstico de asma. Entretanto, nem todos têm a
mesma evolução e se adéquam completamente à aborda-
gem proposta pelos consensos. Por isto devem ser trata-
dos de maneira individualizada.
Após a revolução conceitual da medicina baseada em
evidências, com a elaboração de diversos consensos, ob-
servamos, mais recentemente, a preocupação de perso-
nalizarmos a medicina. Estes dois conceitos não são anta-
gônicos, pelo contrário, são complementares. A medicina
personalizada baseia-se no princípio de que o mesmo
estímulo externo (meio ambiente) causa reações diversas
(fenótipo) em diferentes indivíduos (genótipo).
Os dois principais fenótipos da asma, com características
nítidas e distintas, são a asma alérgica e a não alérgica.
Além da classificação segundo sua etiologia (alérgica,
não alérgica, associada a infecção, induzida pelo exer-
cício, exacerbada pela aspirina e ocupacional), a doença
também pode ser dividida de acordo com sua gravidade,
seu nível de controle, sua patologia (inflamação eosino-
fílica, ou neutrofílica), sua função pulmonar (obstrução
reversível, ou não), suas características clínicas (crianças
com sibilancia, pacientes com exacerbações frequentes),
entre outras classificações.
Pacientes com asma alérgica tendem a apresentar o início
dos sintomas mais precocemente, ter uma evolução mais
benigna, menor taxa de intolerância aos anti-inflamatórios
não esteroidais e normalmente relatam outras doenças
atópicas na história pessoal e familiar (Quadro 1). Suas
exacerbações estão caracteristicamente relacionadas à ex-
posição aos aeroalérgenos. Apresentam aumento sérico
de IgE total e específica, esta última podendo ser detecta-
da por exames in vivo (testes cutâneos de leitura imediata:
teste epicutâneo e intradérmico) e in vitro. Em alguns casos
mais raros, a IgE específica só é detectada no local onde
está ocorrendo o processo alérgico (entopia).
Em ambos fenótipos, geralmente existe uma inflamação
eosinofílica das vias aéreas, porém, pode-se observar uma
maior ocorrência de infiltração por neutrófilos na asma
não alérgica. Estudos têm detectado um aumento signifi-
cativo do número de neutrófilos no escarro induzido de en-
fermos com asma grave em relação aos que apresentavam
asma leve e a indivíduos normais sem doença. Os níveis
de interleucina 8 e mieloperoxidase de neutrófilo também
estão aumentados nestes pacientes. A inflamação neutro-
fílica também foi observada nas exacerbações agudas da
doença e na asma fatal de rápida evolução4.
A asma alérgica que tem evolução mais benigna, também
pode ser grave e de difícil controle. O estudo TENOR mostrou
que, na infância, o nível de IgE é um marcador de gravidade5.
Dr. Pedro Giavina-Bianchi (CRM 70584SP). Diretor Científico - ASBAI - Regional São Paulo. Professor Associado Livre Docente da disciplina de Imunologia Clínica e Alergia, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Asma: uma Síndrome
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 21
A alergia respiratória é um exemplo de reação de hiper-
sensibilidade do tipo I, na qual o alérgeno é apresentado
ao linfócito T que mediará uma resposta imune tipo Th2,
com formação de anticorpos do isotipo E. A IgE sintetiza-
da se liga a receptores de alta afinidade em basófilos e
mastócitos. Após esta etapa de sensibilização, em conta-
tos subseqüentes do organismo com o alérgeno, este irá
se unir a IgE da superfície das células, que serão ativadas.
Na reação de hipersensibilidade do tipo I, a ocorrência
de duas fases é bem característica, com uma fase ime-
diata em decorrência da desgranulação de mastócitos e
basófilos e uma fase tardia devido ao recrutamento por
quimiotaxia de outras células, como os eosinófilos, que
migram para o sítio inflamatório. Quando o processo se
torna crônico, há uma superposição destas fases.
Na verdade, a resposta imune é uma rede, com a atuação
de diversas células que se comunicam pela secreção de
citocinas e expressão de moléculas de adesão. Não exis-
te uma única célula ou um único mediador responsável
pela resposta alérgica. Estudo recente sugere, inclusive,
a existência de asma alérgica desencadeada por uma res-
posta Th2 que não depende do anticorpo IgE6.
Ao contrário da asma alérgica, cuja fisiopatogenia está
bem caracterizada, a etiologia e os mecanismos envolvi-
dos na asma não alérgica não estão elucidados. Alergia
desencadeada por antígenos desconhecidos (fungos), in-
fecção persistente (por clamídea, micoplasma, ou vírus) e
auto-imunidade são algumas teorias.
Em análise prospectiva de 300 pacientes encaminhados
consecutivamente ao Ambulatório do Serviço de Imuno-
logia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da FMUSP
com diagnóstico de rinite e asma, observou-se que 68,4%
dos pacientes apresentavam sensibilização a pelo menos
um aeroalérgeno, conforme demonstrado pelos testes
epicutâneos. Os alérgenos com maior taxa de sensibili-
zação foram, em ordem decrescente, os derivados dos
ácaros, das baratas e do gato7. Diferentemente da capital
22 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
ASBAI SP
CARACTERÍSTICA ALÉRGICA NÃO ALÉRGICA
Sinonímea Extrínseca Intrínseca
Início Precoce Tardio
Piora com Alérgenos + -
História Pessoal de Atopia + -
História Familiar de Atopia + -
Intolerância a AINE - +
Fisiopatogenia Hipersensibilidade tipo I Desconhecida
IgE total Elevada Normal
IgE específica + -
Eosinófilos (sangue/escarro) + + ou -
Evolução Melhor Pior
doença com o mesmo tratamento para todos pacientes.
Concluindo, a asma é uma doença heterogênea. A iden-
tificação de seus fenótipos e subfenótipos possibilita o
melhor entendimento da patofisiologia, da resposta tera-
pêutica e do prognóstico desta síndrome. O próximo pas-
so é definir quais são os fenótipos realmente relevantes.
Quadro 1: Diferenciação da asma alérgica e não alérgica.
Legenda: AINE – anti-inflamatório não esteroidal
paulista, na região sul do país os pólens são aeroalérge-
nos importantes.
A classificação das asma nos tipos alérgico e não alérgi-
co não é meramente conceitual, mas tem implicações no
prognóstico e tratamento. Por exemplo, o controle am-
biental é feito de maneira diferente, assim como o an-
ticorpo anti-IgE e a imunoterapia só estão indicados na
asma alérgica.
A asma de difícil controle também pode ser considerada
um fenótipo específico da doença e, conforme sugerido
pelo Consenso Latino-Americano sobre a Asma de Difícil
Controle, ela pode ser subdividida em outros fenótipos:
asma lábil I e II, resistente aos corticosteróides, depen-
dente de corticosteróides e quase fatal8. Além da resposta
a corticoterapia, o efeito dos broncodilatadores de longa
duração também varia de paciente para paciente, poden-
do ser benéfico ou maléfico.
Diversos fenótipos e modelos de classificação da asma fo-
ram propostos, mas não há concordância em um sistema
único, consistente, que englobe e diferencie os diversos
padrões da síndrome. Há um alto grau de subjetividade
e pouco embasamento científico na descrição de alguns
fenótipos. Ultimamente, na tentativa de aprimorar a iden-
tificação dos tipos da asma, a análise de clusters tem sido
utilizada. Nesta análise os pacientes são agrupados em
clusters de acordo com suas semelhanças. A metodologia
é baseada em algoritmos matemáticos computadoriza-
dos que avaliam múltiplas variáveis, sem interferências e
supervisão humana2,3,10. Outro conceito recente é o de en-
dotipos, que seriam os subtipos de uma entidade clínica
separados segundo seus mecanismos fisiopatológios11.
É importante salientar que a corticoterapia inalatória, que
infelizmente é subutilizada em diversos casos, foi um
grande avanço no tratamento da asma e propiciou a dimi-
nuição de sua morbimortalidade. Apesar desta evolução,
chegou a época de não pensarmos mais em uma única
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 23
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24 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
ASBAI RJ
A Dermatite Atópica (DA) é uma condição inflamatória
crônica da pele, pruriginosa, que se desenvolve preco-
cemente e é uma das doenças crônicas mais comuns da
infância1. Embora a etiologia da DA ainda não esteja escla-
recida, sabe-se que existe relação com fatores genéticos,
imunitários, ambientais, incluindo antígenos alimentares
e aeroalérgenos2.
Na DA, níveis elevados de IgE específica para aeroalérge-
nos são importantes fatores de risco, embora nem sempre
seja possível detectar uma relação causal. Os alérgenos
mais frequentemente envolvidos são ácaros, baratas, sali-
va e epitélio de animais (cães e gatos). Entre os ácaros, os
mais importantes são o Dermatophagoides pteronyssinus,
Dermatophagoides farinae e a Blomia tropicalis3.
Os estudos de TCA com aeroalérgenos foram iniciados com
Mitchell e colaboradores em 1982, e têm variado quanto à
metodologia4. As vias de sensibilização aos aeroalérgenos
são inalatória e cutânea. Após penetrar na pele, o antígeno
se liga ao complexo IgE ligado ao receptor FceRI das célu-
las de Langerhans, a qual apresenta o antígeno às células
Th2 alérgeno-específicas5,6. A presença de células de Lan-
gherans IgE positivas é um pré-requisito para um resulta-
do positivo no TCA6.
As similaridades macro e microscópica entre os sítios da
TCA e da DA, indicam que o TCA é um modelo válido de es-
tudo da inflamação alérgica da DA7. Diferentemente do teste
de contato convencional, o TCA parece ter um pico de rea-
ção com 48 horas e, após este período, a reação tende a di-
minuir5. A reação parece ser específica para pacientes com
DA sensibilizados, e não ocorre em indivíduos saudáveis7.
Na literatura há pouca informação a respeito de uma con-
centração ótima para TCA com inalantes. Niggemann e
colaboradores7 sugerem a realização do TCA com extrato
“in natura” e na concentração de 1:10 a fim de excluir re-
sultados falso-positivos por irritação local. Eles utilizaram
Finn Chambers com câmaras de 12 mm a fim de reduzir os
resultados falso-negativos7.
Aproximadamente 10% a 40% dos pacientes com DA
apresentam reações alérgicas contra antígenos alimen-
tares8. Os alimentos frequentemente implicados são leite
de vaca, ovo, soja e trigo9. A alergia a alimentos pode ser
identificada pela história clínica, teste cutâneo por puntura
e pesquisa de IgEs especificas séricas. O padrão ouro no
diagnóstico da alergia alimentar continua sendo o teste de
provocação oral duplo cego placebo controlado. Entretan-
to, há limitações quanto ao uso deste na prática clínica,
seja pelo custo, dificuldade de aplicação e interpretação, e
o risco de anafilaxia durante o teste.
Um teste cutâneo por puntura (TCP) positivo parece refle-
tir uma reação mediada por IgE ao antígeno testado, as-
Dra. Soloni Afra Pires Levy (CRM nº 52.16808-2), especialista pela ASBAI e médica do Hospital São Zacharias - Rio de Janeiro
A importância do teste de contato atópico (TCA) no diagnóstico da Dermatite Atópica(DA)
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 25
sim como a dosagem de IgE específica sérica e o teste de
provocação oral. Na ausência de uma reação clínica ime-
diata, o diagnóstico de alergia alimentar torna-se difícil.
Além disso, as reações imunológicas do tipo tardio são
pouco compreendidas.
O TCA parece ter relevância na investigação alergológica
de pacientes com suspeita de reação tardia, com ou sem
participação de Ig E9. Entretanto, a importância clínica das
reações positivas ao TCA ainda precisa ser comprovada e
padronizada. Em estudo realizado por Levy e cols. com an-
tígenos alimentares em crianças com DA, o TCA mostrou
ter valor diagnóstico em relação às reações de fase tardia
a alimentos (leite de vaca, ovo, soja, trigo), com elevada
especificidade, confirmando os casos suspeitos com a clí-
nica. Mostrou-se um teste específico e confiável ao compa-
rar com os resultados do grupo controle10.
O teste de contato atópico (TCA) pode ser um valoroso mé-
todo adicional na investigação da DA8,9,11,12.
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3. National Collaborating Centre for Women’s and Children’s Health (UK).
Atopic Eczema in Children: Management of atopic eczema in children from
birth up to the age of 12 years [Internet]. London: RCOG Press; 2007 Dec.
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4. Mitchell EB, Crow J, Chapman MD, Jouhal SS, Pope FM, Platts-Mills TA.
Basophils in allergen-induced path tests sites in atopic dermatitis. Lancet
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allergen concentrations: an approach to standardization. J Allergy Clin Immu-
nol 1995; 95: 677-84.
6. Langeveld-Wildschut EG, van Marion AM, Thepen T, Mudde GC, Bruijnzeel
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the atopy patch test. J Allergy Clin Immunol. 1995 Jul;96(1):66-73.
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IgE, the Skin Prick Test and the Atopy Patch test Compared with That of the
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and treatment. Allergy asthma Immunol Res 2009, 1(1):19-29.
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crianças com Dermatite Atópica. Anais Brasileiros de Dermatologia vol.
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mumopathol 2009;37(4):205-207
12. Jacob SE, Burk CJ, Connelly EA. Patch Testing: Another Steroid-Sparing
26 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
algorítmos . componentes de alérgenos
D. pteronyssinus (d1) + Der p 10 (d205)
Camarão (f24) + Pen a 1 (f351)
Clara de ovo (f1) + Ovomucóide (f233)
Fruta + Pru p1 (Pr-10) + Pru p3 (LTP)
Trigo (f4) + Tri a 19 ω-5 Gliadina (f416)
d1: pos / Der p 10 (d205): neg
f24: pos / Pen a 1 (f351): neg
f1: pos / Ovomucóide (f233): neg
Pru p1 (f419): negPru p3 (f420): neg
Fruta: pos
Pru p1 (f419): posPru p3 (f420): neg
Fruta: pos
Pru p1 (f419): pos/negPru p3 (f420): pos
Fruta: pos
f4: pos / ω-5 Gliadina (f416): neg
Risco diminuído de reatividade cruzada entre crustáceos,
moluscos e insetos (ex. barata)
Reações específicas ao camarãosão mais prováveis
Ausência de anticorpos IgE contraovomucóide indica tolerância ao ovo
cozido e receitas assadas que contém ovo como ingrediente
(ex: bolos e tortas)
Teste de reações cruzadas- Pru p4 (profilinas) f421- CCD (k202)- Outros alimentos vegetais
Baixo risco de reações severasimediatas ou induzidas porexercício devido ao trigo
Risco aumentado de reatividade cruzada entre ácaros, crustáceos,
moluscos e insetos (ex. barata)
Outros crustáceos, ácaros do póO anticorpo IgE contra a
tropomiosina pode causar reações aoutros mariscos, moluscos e aos
ácaros do pó e barata
Risco aumentado da sensibilização ao ovo
não regredir
Risco de SAO*Alimentos cozidos
frequentemente tolerados
Alto risco de reações severasimediatas ou induzidas porexercício devido ao trigo
d1: pos / Der p 10 (d205): pos
f24: pos / Pen a 1 (f351): pos
f1: pos / Ovomucóide (f233): pos
f4: pos / ω-5 Gliadina (f416): pos
Veja algoritmo do camarão
Risco de reaçõesgraves
* Síndrome da Alergia Oral
tropomiosina do ácaro
f420f419
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 27
D. pteronyssinus (d1) + Der p 10 (d205)
Trigo (f4) + Tri a 19 ω-5 Gliadina (f416)
principais componentes de alérgenos
PRINCIPAIS COMPONENTES DE ALÉRGENOS
COMPONENTES ALÉRGENOS ESPÉCIE - ESPECÍFICO
COMPONENTES COM REATIVIDADE CRUZADA
ALIMENTOS
AEROALÉRGENOS
código código
código código
f76
f422
f423
f424
f354
d202
f419
f420
f421
K202
t215
t216
t220
w211
g210
K218
K220
K222
o214
g212
K219
K221
K224
f351
e94
e204
e220
e221
e222
i208
f352
f427
f428
f425
f355
f426
f353
f77
d203
f78
d205
f334
f232
f431
f432
f416
f233
f323
K208
m219
K215
K217
i210
i211
i209
ALIMENTOS
OUTROS
ALIMENTOS
AEROALÉRGENOS
OUTROS
ALIMENTOS
rAsp f 2 (Aspergillus fumigatus)
rHev b 1 (Látex)
rHev b 3 (Látex)
rPol d 5 (Marimbondo)
rVes v 1, Fosfolipase A1 (Vespa)
rVes v 5 (Vespa)
* Em breve disponível no Brasil
nBos d 4, Alpha-lactalbumina (Leite)
rAra h 1 (Amendoim)
rAra h 2 (Amendoim)
rAra h 3 (Amendoim)
rBer e 1 (Castanha do Pará)
nDer p 1 (Dermatophagoides pteronyssius)
rPru p 1, PR-10 (Pêssego)
rPru p 3, LTP (Pêssego)
rPru p 4, Profilina (Pêssego)
nAna c 2, Bromelina (CCD)
rBet v 1, PR-10 (Bétula)
rBet v 2, Profilina (Bétula)
rBet v 4 (Bétula)
rPar j2 LTP (Parietária Judaica)
rPhl p 7 (Capim rabo-de-gato)
rHev b 5 (Látex)
rHev b 6.02 (Látex)
rHev b 9 (Látex)
MUXF3, Bromelina (CCD)
rPhl p 12, Profilina (Capim rabo-de-gato)
rHev b 6.01 (Látex)
rHev b 8, Profilina (Látex)
rHev b 11 (Látex)
rPen a 1, Tropomiosina (Camarão)
rFel d 1 (Gato)
nBos d 6, BSA (Vaca)
nFel d 2 Albumina sérica (Gato)
nCan f 3, Albumina sérica (Cão)
nSus s, Albumina sérica (Porco)
rApi m 1, Fosfolipase A2 (Abelha)
rAra h 8, PR-10 (Amendoim)
rAra h 9, LTP (Amendoim)
rCor a 1, PR-10 (Avelã)
rCor a 8, LTP (Avelã)
rCyp c 1, Parvalbumina (Carpa)
rGad c 1, Parvalbumina (Bacalhau)
rGly m 4, PR-10 (Soja)
nBos d 5, Beta-lactoglobulina (Leite)
rDer p 2 (Dermatophagoides pteronyssius)
nBos d 8, Caseína (Leite)
rDer p 10, Tropomiosina (Dermatophagoides pteronyssius)
nBos d, Lactoferrina (Leite)
nGal d 2, Ovalbumina (Ovo)
nGly m 5, Beta-conglycinin (Soja)
nGly m 6, Glycinin (Soja)
rTri a 19, Ômega-5 Gliadina (Trigo)
nGal d 1, Ovomucóide (Ovo)
nGal d 3, Conalbumina (Ovo)
nGal d 4, Lisozima (Ovo)
*
*
*
**
*
*
***
***
*
*
28 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
principais alérgenos
ORIGEM ANIMAL
ÁCAROS E PÓ DOMÉSTICO
DROGAS
GRUPOS DE TRIAGEM
GRUPOS DE TRIAGEM
ISOLADOS
ISOLADOS
ISOLADOS
Alimentos Infantis
(Clara de ovo - Leite - Peixe - Trigo - Amendoim - Soja)
Cereais (Trigo - Aveia - Milho - Gergelim - Trigo negro)
Frutos do Mar
(Peixe - Camarão - Mexilhão azul - Atum - Salmão)
Semente Oleaginosas
(Amendoim - Avelã - Castanha do Pará - Amêndoa - Côco)
Abacate
Abacaxi
Abóbora
Alho
Alpha - lactalbumina
Amêndoa
Amendoim
Arroz
Atum
Aveia
Avelã
Banana
Batata
Beta - lactoglobulina
Cabra, leite
Cacau
Camarão
Carangueijo
Caseína
Castanha do Pará
Cebola
Cenoura
Cereja
Côco
Corante vermelho carmim (E120) novo
Ervilha
Espinafre
Feijão Branco
Galinha, carne
Gergelim
Gluten
Kiwi
Lagosta
Laranja
Leite
Limão
Lula
fx5
fx3
fx2
fx1
f49
f91
f87
f37
f8
f44
f245
f1
f75
f3
f94
f95
f59
f26
f82
f81
f41
f61
f14
f25
f4
f11
f27
hx2
h2
d70
d201
d2
d3
d1
d73
c6
c5
c71
c73
c70
c1
c2
f96
f210
f225
f47
f76
f20
f13
f9
f40
f7
f17
f92
f35
f77
f300
f93
f24
f23
f78
f18
f48
f31
f242
f36
f340
f12
f214
f15
f83
f10
f79
f84
f80
f33
f2
f208
f58
Maçã
Manga
Melão
Mexilhão Azul
Milho
Morango
Ovo
Ovo, clara
Ovo, gema
Peixe
Pêra
Pêssego
Polvo
Porco, carne
Queijo (tipo Cam, Brie, Roqf)
Queijo (tipo cheddar)
Salmão
Sardinha
Soja
Tomate
Trigo
Trigo negro
Vaca, carne
Pó caseiro
Acarus siro
Blomia tropicalis
D. farinae
D. microceras
D. pteronyssinus
Glycyphagos domesticus
Amoxicilina
Ampicilina
Insulina bovina
Insulina humana
Insulina suína
Penicilina G
Penicilina V
Poeira doméstica
(D.pteronyssinus - D. farinae - Pó caseiro - Barata)
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 29
EPITÉLIOS
INSETOS
MISCELÂNIA
FUNGOS
PÓLENS DE ÁRVORES
PÓLENS DE GRAMÍNEAS
GRUPOS DE TRIAGEM
ISOLADOS
ISOLADOS
OUTROS
GRUPOS DE TRIAGEM
GRUPOS DE TRIAGEM
GRUPOS DE TRIAGEM
ISOLADOS
ISOLADOS
Epitélio de animais (Gato - Cão - Cavalo - Vaca)
Penas de Animais (Ganso - Galinha - Pato - Peru)
Fungos (Penicillium - Cladosporium - Aspergillus
Candida - Alternaria - Helminthosporium)
Caspa de cão
Cavalo
Cobaia
Galinha
Gato
Hamster
Vaca
Alternaria alternata
Aspergillus fumigatus
Candida albicans
Cladosporium herbarum
Penicillium notatum
Barata do esgoto
Barata Doméstica
Formiga Lava-pé
Mutuca
Pernilongo
Veneno de Abelha
Veneno de Marimbondo/ Vespa
Triagem para inalantes: poeira doméstica /
ácaros, epitélios de animais, fungos, polens
Algodão
Folha de tabaco
Látex
ex1
ex71
tx7
gx2
mx2
e5
e3
e6
e85
e1
e84
e4
m6
m3
m5
m2
m1
i206
i6
i70
i204
i71
i1
i4
o1
o201
k82
ImmunoCAP
Phadiatop
Pólens de Árvores (Olea europaea, Salix caprea,
Pinus strobus, Eucalyptus spp., Acacia longifolia,
Melaleuca leucadendron)
Gramíneas (Cynodon dactylon, Lolium perene,
Phleum pratense, Poa pratensis, Sorghum halepense,
Paspalum notatum)
30 ReCAPtulando | edição 47 | 2012
relação de laboratórios
SÃO PAULO
CAPITAL
AFIP - ASSOCIAÇÃO FUN. DE INCENTIVO À PSICOFARMACOLOGIA
AMICO - FOCCUS
BIESP
BIOCLÍNICO
CAMPANA
CDB - CENTRO DE DIAGNÓSTICOS BRASIL
CLUB DA
CRIESP
DELBONI
DIAG. MEDIAL SAÚDE - TOTAL LABORATÓRIO
FLEURY
HC
HOSP. ALBERT EINSTEIN
HOSP. CRUZ AZUL - LABCRAZ
HOSP. SÃO PAULO
HSPM
LABSOLUTION
ICR – INSTITUTO DA CRIANÇA
LAVOISIER
LEGO
NASA
SANTA CASA
SALOMÃO E ZOPPI
URP
AMICO - FOCCUS
ANA ROSA
MARICONDI
CDA - CENTRO DIAG. ANDRADE
QUAGLIA
TAJARA
BALAGUE CENTER
IDS
UNIMED
LAB. OSWALDO CRUZ - CENTRO
DELBONI
SÃO CARLOS
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
SOROCABA
TAUBATÉ
BERTIOGA
DIAG. MEDIAL SAÚDE - TOTAL LABORATÓRIO
FACULDADE DE MEDICINA DO ABC
FLEMING
FLEURY
JUNDIAÍ
MOGI-MIRIM
MOGI DAS CRUZES
NOVA ODESSA
OSASCO
PINDAMONHANGABA
PIRACICABA
RIBEIRÃO PRETO
SANTANA DO PARNAÍBA
LAB. HORMON
AMERICANA
LAVOISIER
PASTEUR
LAB. OSWALDO CRUZ
ROCHA LIMA
CAÇAPAVA
CAMPINAS
TECNOLAB
VANGUARD
BIOLÓGICO
NASA
SANCET
PRO-CONSULT
PASTEUR
DIAG. MEDIAL SAÚDE
LAB. OSWALDO CRUZ
PREVILAB
HOSP. DAS CLÍNICAS
LAB. BEHRING
PASTEUR
DIAG. MEDIAL SAÚDE
11 5908.7222
11 4208.1010
11 3016.8686
11 3285.2355
11 2853.9722
11 5908.7222
11 3049.6980
11 2853.9797
11 3049.6999
11 2101.6900
11 3179.0822
11 3069.6000
11 3747.1233
11 3399.3381
11 5576.4470
11 3208.2211
11 2661.8570
11 4301.0556
11 3047.4488
11 3016.8700
11 2090.0500
11 2176.7000
11 5576.7878
11 3882.7777
11 4208.1010
11 3579.8544
11 3049.6999
11 2101.6900
11 4993.5488
11 2164.5000
11 3179.0822
11 4433.3233
11 3047.4488
11 4229.3544
11 2824.3200
11 4435.7222
19 3462.2294
12 3653.2992
19 3255.3393
19 3734.3041
12 3662.3894
11 2101.6900
12 3132.3100
11 4521.9882
11 2090.0500
11 4727.7177
19 3862.8288
19 3466.4990
11 2101.6900
12 3642.1066
19 3429.6900
16 3602.1000
16 3877.4514
19 3455.1554
11 2101.6900
16 2107.0123
12 3931.4068
12 2138.9500
17 2136.7900
15 3237.7780
15 3331.6220
15 3222.3222
12 2123.9200
ABC
INTERIOR
LITORAL
HOSP. VERA CRUZ
CONFIANCE
CAMPOS DO JORDÃO
LAB. OSWALDO CRUZ
COTIA
DIAG. MEDIAL SAÚDE
PASTEUR
PASTEUR
CUBATÃO
PASTEUR
PRAIA GRANDE
13 3317.5786
GUARATINGUETÁ
GUARULHOS
LAB. OSWALDO CRUZ
DIAG. MEDIAL SAÚDE
NASA
JACAREÍ
LAB. OSWALDO CRUZ
11 2101.6900
11 2090.0500
12 3951.9475
13 3372.9652
13 3491.5898
13 4004.6999
13 4004.6999
13 3284.2300
13 3466.6770
32 3721.1412
31 3228.6200
31 3239.9058
31 3123.2858
CLUB DA
DELBONI
PASTEUR
PASTEUR
SANTOS
SÃO VICENTE
CLIN. SPARTHA - MURIAÉ
HERMES PARDINI - BELO HORIZONTE
HOSP. JOÃO PAULO II - FEHMIG - BELO HORIZONTE
LABREDE - BELO HORIZONTE
ESPIRITO SANTO
MINAS GERAIS
REGIÃO SUDESTE
34 3236.2002PNEUMOCENTER - UBERLÂNDIA
2012 | edição 47 | ReCAPtulando 31
ÁLVARO - CASCAVEL
CENTRO DE IMUNOLOGIA CLÍNICA - CURITIBA
CHAMPAGNAT - CURITIBA
FRISHMANN - CURITIBA
OSWALDO CRUZ - LONDRINA
SANTA BRÍGIDA - CURITIBA
SANTA CASA - CURITIBA
PARANÁ
PERNAMBUCO
PIAUÍ
SERGIPE
DISTRITO FEDERAL
GOIÁS
REGIÃO SUL
CERPE DIAGNÓSTICOS - OLINDA
MARCELO MAGALHÃES - OLINDA
PAULO LOUREIRO - OLINDA
EXAME - TERESINA
LAMAC - ARACAJÚ
UNIMED - ARACAJÚ
EXAME - BRASÍLIA
PASTEUR - BRASÍLIA
SABIN - BRASÍLIA
BRONSTEIN - RIO DE JANEIRO
CALL - RIO DE JANEIRO
CLUB DA - RIO DE JANEIRO
DAFLON - RIO DE JANEIRO
HÉLLION PÓVOA - RIO DE JANEIRO
HOSP. CLEMENTINO F. FILHO - RIO DE JANEIRO
HOSP. UNIV. GAFFRÉ E GUINLE - RIO DE JANEIRO
LÂMINA - RIO DE JANEIRO
MAIOLINO - RIO DE JANEIRO
PLÍNIO BACELAR - CAMP. DOS GOYTACAZES
SÉRGIO FRANCO - RIO DE JANEIRO
SANTA CATARINA
DONA HELENA - JOINVILLE
NÚCLEO - GOIÂNIA
BIOCLÍNICO - CAMPO GRANDE
MEDLABOR - PALMAS
CARLOS CHAGAS - CUIABÁ
CEDIC - CUIABÁ
CEDILAB - CUIABÁ
MATO GROSSO
MATO GROSSO DO SUL
TOCANTINS
21 2227.8080
21 2540.0598
21 2538.3842
21 3003.0339
21 3003.0338
21 2562.2673
21 2569.1620
21 2538.3939
21 3003.0340
22 2726.6000
21 2672.7070
45 3220.8011
41 3362.2129
41 3262.9723
41 4004.0103
43 3376.6100
41 3214.3872
41 4004.0106
51 3217.6868
51 3230.2469
51 3314.3838
47 3451.3408
47 3441.9760
48 4004.1300
42 3522.4888
UNIMED - JOINVILLE
VITA LÂMINA - FLORIANÓPOLIS
WILLY JUNG - PORTO UNIÃO
62 3223.5000
67 3317.2050
63 3215.7044
65 3901.4700
65 3319.3319
65 3315.3200
61 4004.3883
61 4004.9669
61 3329.8022
81 3416.9922
81 3231 0244
81 3003.7117
86 2106.5959
79 2107.9700
79 2107.5700
RIO DE JANEIRO
FALAICE - PORTO ALEGRE
HOSP. MÃE DE DEUS - PORTO ALEGRE
RIO GRANDE DO SUL
WEINMANN - PORTO ALEGRE
AMAZONAS
PARÁ
BAHIA
REGIÃO NORTE
REGIÃO NORDESTE
KENYA - MANAUS
AMARAL COSTA - BELÉM
PAULO AZEVEDO - BELÉM
DIAGNOSON - SALVADOR
LEME - SALVADOR
QUALITECH - SALVADOR
UFBA - ICS - SALVADOR
HUPES LABORATÓRIO CENTRAL - SALVADOR
92 3232.6145
91 4005.5000
91 4009.8899
71 2104.2000
71 3338.8500
71 3003.7117
71 3235.5367
71 3283.8000
CEARÁ
MARANHÃO
HOSP. INF. ALBERT SABIN - FORTALEZA
LAB PASTEUR - FORTALEZA
VICENTE LEMOS - CRATO
GASPAR - SÃO LUIS
85 3101.4200
85 3462.6000
88 3312.6757
98 3212.4488
83 3241.5451
PARAÍBA
ROSEANNE DORE - JOÃO PESSOA
REGIÃO CENTRO-OESTE
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