Retratos de vida - HIAS · Relatos de vivências ou experiências sobre o significado do hospital...

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Retratos de vida Relatos de vivências ou experiências sobre o significado do hospital para as pessoas Esta edição de Retratos de Vida foi preparada no final do ano, com a proximidade das festas de Na- tal e Ano Novo. Portanto, vou aqui me remeter a estas marcantes datas. Com o Natal renovamos Cristo em nós e celebramos o amor como força universal e imprescindível para o ser humano. Com o Ano Novo, celebramos a vida, a passagem para uma nova etapa e acabamos com nos reme- ter ao tempo, ao ano ou aos anos que passaram, aos que estão por vir e como estamos nesse per- curso, o que almejamos para adiante. Pois é com o tempo que vou conversar neste texto. Em uma mesa de um café imaginário vamos, eu e o tempo, lembrar do HIAS. Mas, através do que poderei evocar histórias de momentos, de longos intervalos de vida? E eis que me chega às mãos imagens e palavras que falam de quatro dos nossos tantos profissionais. Quatro pessoas que no seu percurso de tempo, a cada ano passado e a cada ano novo tinham o HIAS como personagem da suas lembranças, emoções e sonhos. MUITOS ANOS, MUITAS VIDAS E HISTÓRIAS MANY YEARS, MANY LIVES, MANY STORIES TO TELL Anice Holanda Nunes Maia 1 Selma Maria Pinheiro de Oliveira Souza 2 1. Psicóloga Clínica e Hospitalar. Especialista em Psicologia Clínica. Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Infantil Albert Sabin. Professora da Faculdade Católica Rainha do Sertão, em Quixadá. 2. Especialista em Organização e Administração de Centros de Informção pela Universidade de Brasília. Bibliotecária do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS). Neste hospital cujas luzes não se apagam; neste lugar de pessoas que trabalham para a vida, o Natal e o Ano Novo são especiais. Nestas datas aqui há trabalho, preces, celebrações, festas, muitas estrelinhas acesas, árvores e enfeites para colorir de entusiasmo, fé e esperança as crianças e as mães. Os profissionais homenageados nesta sessão têm muitas lembranças de fim de ano, tendo como pano de fundo o cenário acima descrito. Daria até um livro. E justamente por isso, por terem tantos anos, tantas palavras guardadas nas caixinhas da emoção e da memória, onde o HIAS se confunde com suas próprias vidas é que os chamamos a compor a galeria de retratos. Este lugar que vem também acolher a história de uma jovem que encontrou no HIAS uma referência que a fez acreditar na força das pessoas empenhadas em ser solidárias umas com as outras. Que aprendamos com suas narrativas e que desejemos a eles e a todos que fazem o HIAS um feliz 2011. 116 Rev. Saúde Criança Adolesc., 3 (1): 116-123, jan./jun., 2011

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Retratos de vida

Relatos de vivências ou experiências sobre o significado do hospital para as pessoas

Esta edição de Retratos de Vida foi preparada no final do ano, com a proximidade das festas de Na-tal e Ano Novo. Portanto, vou aqui me remeter a estas marcantes datas. Com o Natal renovamos Cristo em nós e celebramos o amor como força universal e imprescindível para o ser humano. Com o Ano Novo, celebramos a vida, a passagem para uma nova etapa e acabamos com nos reme-ter ao tempo, ao ano ou aos anos que passaram, aos que estão por vir e como estamos nesse per-curso, o que almejamos para adiante.

Pois é com o tempo que vou conversar neste texto. Em uma mesa de um café imaginário vamos, eu e o tempo, lembrar do HIAS. Mas, através do que poderei evocar histórias de momentos, de longos intervalos de vida? E eis que me chega às mãos imagens e palavras que falam de quatro dos nossos tantos profissionais. Quatro pessoas que no seu percurso de tempo, a cada ano passado e a cada ano novo tinham o HIAS como personagem da suas lembranças, emoções e sonhos.

MUITOS ANOS, MUITAS VIDAS E HISTÓRIAS

MANy yEARS, MANy lIVES, MANy STORIES TO TEll

Anice Holanda Nunes Maia1

Selma Maria Pinheiro de Oliveira Souza2

1. Psicóloga Clínica e Hospitalar. Especialista em Psicologia Clínica. Coordenadora do Serviço de Psicologia

do Hospital Infantil Albert Sabin. Professora da Faculdade Católica Rainha do Sertão, em Quixadá.2. Especialista em Organização e Administração de Centros de Informção pela Universidade de Brasília. Bibliotecária

do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS).

Neste hospital cujas luzes não se apagam; neste lugar de pessoas que trabalham para a vida, o Natal e o Ano Novo são especiais. Nestas datas aqui há trabalho, preces, celebrações, festas, muitas estrelinhas acesas, árvores e enfeites para colorir de entusiasmo, fé e esperança as crianças e as mães.

Os profissionais homenageados nesta sessão têm muitas lembranças de fim de ano, tendo como pano de fundo o cenário acima descrito. Daria até um livro. E justamente por isso, por terem tantos anos, tantas palavras guardadas nas caixinhas da emoção e da memória, onde o HIAS se confunde com suas próprias vidas é que os chamamos a compor a galeria de retratos. Este lugar que vem também acolher a história de uma jovem que encontrou no HIAS uma referência que a fez acreditar na força das pessoas empenhadas em ser solidárias umas com as outras. Que aprendamos com suas narrativas e que desejemos a eles e a todos que fazem o HIAS um feliz 2011.

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José NILO DOURADO é traumatologista e ortope-dista pediátrico do Hospital Infantil Albert Sabin, Instituto José Frota e Hospital Batista Memorial. É, ainda, membro da Sociedade Brasileira de Traumatologia e Ortopedia, Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Patologias da Coluna e da Sociedade Brasilei-ra de Medicina Física e Reabilitação. Concluiu o curso de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará em 1976, ano em que o HIAS foi inaugurado. Iniciou suas ativida-des no nesse hospital em maio de 1980, vindo

Dr. Nilo Dourado

do Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, onde se iniciou como preceptor em Traumato-Ortopedia. No HIAS, deu continuidade a essa atividade for-madora e aqui implantou a residência nessa es-pecialidade no HIAS e no Instituto Dr. José Frota, sendo pioneiro no Ceará. Pela sua preceptoria já passaram cerca de duzentos residentes. Tem contribuído significativamente para a melhoria da qualidade de vida de muitas crianças e adultos, como Célia Regina, que já completou mais de 50 anos com osteogênese imperfeita, sendo acom-panhada pelo mesmo com muita dedicação.

Maia AHN, Souza SMPO

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Revista: Como foi a sua história no HIAS?Nilo Dourado: Eu fui admitido no Albert Sabin em 15 de maio de 1980 e foi uma grande ansiedade em participar desse grupo. Eu vim de Brasília do Hospital Sara Kubitschek, uma instituição onde nós tratavamos muito bem as crianças. Após re-ceber um convite do Távora, decidi vir para Forta-leza, até porque eu sou daqui do Ceará. A minha locação aqui no Albert Sabin foi através da Se-cretaria de Saúde e foi tão bom participar desse grupo. É impressionante como as coisas foram boas até hoje.

Revista: Quais as marcas dessa história na sua vida pessoal e profissional? Nilo Dourado: É importantíssimo você lidar com criança e também lidar com a essência da Ortope-dia que na etimologia da palavra quer dizer tratar as deformidades da criança. Isso é muito impor-tante, porque não só a gente pode fazer um bem enorme a essas crianças como também a gente se satisfaz com isso. Quando a gente faz um bem a um ser humano e, principalmente às crianças evitando que elas sofram, pra nós é uma coisa muito importante, muito boa.

Revista: Quais os pontos importantes que você vê no HIAS? Nilo Dourado: Eu vejo o Hospital Infantil Albert Sabin crescer, crescer, crescer e crescer em qua-lidade; se Deus quiser esse crescimento vai ser

muito maior ainda. Outro ponto importante que eu vejo aqui é que esse hospital é um centro de in-clusão de conhecimento para toda a comunidade de Fortaleza e do Ceará. E o mais importante é que esse o conhecimento é transmitido aos outros médicos, aos residentes e até a outros médicos de outros locais que venham a participar.

Revista: O que significa para você fazer parte do HIAS?Nilo Dourado: É muito orgulho pra mim poder participar do Hospital Infantil Albert Sabin. Todos os diretores me apoiaram bastante; todos os dire-tores são bastante compreensivos. É sinônimo de orgulho pra mim participar do Albert Sabin.

Revista: Como você vê o HIAS no futuro?Nilo Dourado: Eu acredito que o Albert Sabin, ape-sar de ser muito bom, tem muita coisa pra ganhar ainda. Acho até que as autoridades deveriam se dedicar mais ao Albert Sabin, isso porque o HIAS é um celeiro de patologias. É uma fonte de conhe-cimento para todo profissional; para a ortopedia é fantástico. Eu vivia dizendo aos diretores que o Albert Sabin é uma fonte enorme de conhecimen-to, porque a cada ambulatório que eu fazia nós conseguíamos identificar 14, 15 e às vezes até 20 patologias diferentes. Então, isso quase não existe com facilidade em qualquer outro hospital, talvez do Nordeste.

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Dra. IELDA foi diretora do Hospital Infantil de For-taleza no fim da década de 50, ainda no antigo en-dereço, quando funcionava na Avenida Olavo Bilac. Em 1974 foi convidada pelo Dr. Lúcio Alcântara, governador do Estado, à época, para coordenar o processo de ativação da nova unidade pediátrica, Hospital Infantil de Fortaleza no seu novo ende-reço, o que aceitou prontamente o desafio. Dra. Ielda tornou-se a primeira diretora do HIF na nova sede e iniciou os trabalhos para ativação da nova unidade do HIF que tiveram início em meados de 1974, antes mesmo de concluídas as obras do novo hospital. Foram quase dois anos demanda-dos para as atividades de preparação com visitas à abertura do hospital à comunidade cearense.

Dra. Ielda Alcântara

Dra. Ielda Alcântara e sua comissão trabalharam diuturnamente nos meses que antecederam a inauguração do hospital para que tudo fosse leva-do a contento. Simulações de atendimentos foram exaustivamente repetidas para que não houvesse falhas nos processos delineados. Grandes reali-zações ocorreram no período que esteve à frente (1976-1978) como a ampliação da assistência do hospital com a criação dos serviços de Tisiologia, Residência Médica, Cirurgia Pediátrica e Cardio-logia. Foi na gestão de Dra. Ielda que o hospital mudou o seu nome para Hospital Infantil Albert Sabin mediante a visita do ilustre médico Dr. Al-bert Sabin.

Maia AHN, Souza SMPO

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Revista: Como foi a sua história no HIAS?Ielda Alcântara: Minha história no HIAS foi um acaso. Eu fui secretária de saúde no governo de Lúcio Alcântara que é meu parente. Ele me pediu ajuda para implantar um hospital infantil, por eu ser uma pessoa da confiança dele, não por mé-rito. Ele me daria uma equipe muito competente e aí nós tocaríamos a obra com toda perfeição. Então ele me ofereceu a Dra. Maria de Castro Fei-tosa, Dra. Isolda Parente, Dra. Valdenúsia Maria de Barros Moreira e o Sr. João César Isaias, que era almoxarife. E assim nós começamos, os cinco, a construir um hospital infantil.

Revista: Quais as marcas dessa história na sua vida pessoal e profissional? Ielda Alcântara: Os desafios foram assim, na mi-nha inexperiência passei para a condição de ser

perita em administração hospitalar, pela dedica-ção, pelo esforço de realizar uma obra que era um sonho do Dr. Lúcio. Aproveitei a ocasião para me incluir nesse sonho, me esforcei e penso que fiz tudo de coração.

Revista: O que significa para você fazer parte do HIAS?Ielda Alcântara: Ah, significa muita coisa. Foi uma parte da minha vida que ficou marcada, a obra grandiosa, bonita, estruturalmente e profis-sionalmente, e eu represento cada tijolinho desta obra.

Revista: Como você vê o HIAS no futuro?Ielda Alcântara: Vejo como um marco brilhante, um hospital de realce que vai dar nome e fama para a Pediatria do Ceará.

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REGINA Helena Cordeiro Leitão é agente admi-nistrativo e ingressou no HIAS em 1979 onde foi trabalhar no Setor de Pessoal como datilógrafa. Cinco anos depois foi convidada para trabalhar no Programa “Viva Criança” onde secretariou a equipe multiprofissional do mesmo por dois anos. Há cerca de quatorze anos, Regina se fixou no seu posto de trabalho preferido, que é a recep-ção do HIAS. Considera que esse lugar é o “início de tudo”, o “cartão de visita” da instituição para onde, em primeiro lugar, afluem as tantas pesso-as que vêm tratar de diversos assuntos. São pais e mães recém chegados, preocupados em saber por onde começar a assistência. São familiares visitantes, ansiosos por informações acerca de

Regina Helena Cordeiro Leitão

parentes internados, além de funcionários de ou-tras unidades de saúde em busca dos usuários dos seus municípios. Como hospital-escola que é, no HIAS, diariamente, Regina e seus colegas da recepção acolhem e orientam dezenas de es-tudantes em busca dos locais das aulas, visitas e reuniões de ensino ou pesquisa. Além desse pú-blico, os visitantes externos também se apóiam nas informações da recepção para bem chegar aos seus destinos. Trabalhando de segunda a sexta, manhã e tarde, Regina vai, com seus com-panheiros, fazendo a linha de frente do HIAS, com gosto, alegria e vontade de bem receber os que aqui chegam.

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Maria EVANIR Araújo tem dezenove anos. É natu-ral de Jijoca de Jericoacoara. Mora em Fortaleza há cerca de um ano e meio, onde é cuidadora de uma senhora idosa, trabalho este do qual demons-tra gostar muito e pelo qual agradece à funcioná-ria Marluce que foi quem lhe proporcionou essa oportunidade. Está estudando através do Progra-ma Pró-Jovem Urbano por meio do qual concluirá o ensino fundamental.

Sua história de vida, desde o nascimento, foi mar-cada pelo fato de ser portadora de fenda palatina e lábio leporino. Com aguda sensibilidade, Evanir descreve a percepção se si e do mundo na condi-ção de uma criança de que se descobre diferente: “com o passar dos anos eu fui entendendo as coi-sas. Ia para a escola e aí começou o preconceito dos colegas, e o medo de ficar perto de mim, as-sim eu ficava muito triste pois só as minhas irmãs tinha amigas e eu não”.

A sequência da sua tocante carta, que foi a forma de expressão dessa paciente do HIAS para esta seção da revista mostra a complexidade do aces-so aos serviços de saúde, inclusive elucidando o

Maria Evanir Araújo

quão importante é a abordagem de questões fa-miliares e sociais. Pois, no seu caso o peso do preconceito e da desinformação em sua família foi considerável.

Quando estava com seis anos, por meio de fami-liares mais distantes e apoio de político do seu município, Evanir teve então o seu primeiro conta-to com a Operação Sorriso. Por causa de intercor-rências clínicas, ainda não foi dessa vez a cirurgia e o tratamento reabilitadores. Em 1998, enfim, ela operou o lábio e desde então não mais se desligou do Núcleo de Atendimento Integral ao Fissurado – NAIF do HIAS, sendo umas das pacientes mais antigas.

Constantemente enfrentando problemas familia-res, Evanir se tornou obstinada em superá-los e em encontrar no apoio dos profissionais do HIAS uma verdadeira fonte de afeto, apoio e oportuni-dades para transformar as dificuldades em pers-pectivas novas de vida. Seu depoimento revela o impacto positivo de uma atenção humanizada sobre a vida de uma pessoa-paciente.

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A presente história mostra a co-responsabilização de uma equipe e o engajamento da mesma para com os aspectos psicossociais das pessoas de quem cuida, ajudando a paciente em questão a compor uma rede de apoio e sentido de vida.

Pelas próprias palavras da paciente, a expressão da marca do HIAS na sua vida está assinalada pela simplicidade e beleza do gesto de agrade-cimento, no qual se destaca muito mais o afeto do que o cuidado técnico empreendido. As pa-lavras de Evanir em sua emocionante carta vêm nos lembrar que, quando a memória central de uma instituição de saúde está ligada ao bem estar emocional, não é porque faltou lembrança para as tecnologias médicas, fazendo falta à narrativa. Do contrário, nos revela que as tecnologias leves ou

tecnologias humanas recobriram os cuidados téc-nicos tornando-se a roupagem da sua essência. Palavras da paciente: “ E hoje eu faço o tratamen-to fonaudiológico com ele [Dr. Léo] que é uma pessoa muito simpática, alegre e brincalhão. E hoje eu agradeço a todos que tanto me ajudaram, principalmente a Marluce, ao Dr. Ferreira, que se tornou outro anjo na minha vida, pois toda vida ele foi simpático e alegre e uma pessoa admirável. Ele sempre que me ver me pergunta: está tudo bem, moça? E eu respondo: tudo ótimo e ele sempre que passa por mim me elogia”[...] E eu fico muito feliz com isso [...] Eu também quero agradecer à prima do meu pai, a Natália, Dra. Raquel, Dr. Tei-xeira, Dra. Eveline, Dra. Regina Celi, Dra. Noele, Dr. Léo, Dra. Odete e a todos os funcionários que trabalham nesse hospital maravilhoso”.

CORRESPONDÊNCIA:

Anice Holanda Nunes MaiaE-mail: [email protected]

Conflito de Interesse: Não declarado

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