Resumos de Português: Felizmente há luar!

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Felizmente Há Luar! Drama narrativo, de caráter social, dentro dos princípios do teatro épico. Analisa criticamente a sociedade, mostrando a realidade com o objetivo de levar o espectador a tomar uma posição. Dualidade em Felizmente há Luar! Felizmente há Luar! Apresenta um caráter dual: reflete duas épocas (o Absolutismo do séc. XIX e a ditadura salazarista do séc. XX); é constituído por dois atos que se iniciam de forma semelhante , alertando assim o espetador para a necessidade de estar atento e manter uma atitude crítica; e as personagens estão agrupadas em dois núcleos dicotómicos Poder e Anti-Poder. Os atos I e II estão fortemente interligados, pois a ação narrada no ato II decorre em consequência da situação apresentada no ato I. Em ambos os atos, Gomes Freire (A figura central), mesmo ausente, surge como elemento estruturador da ação: são a sua condenação e execução que condicionam o comportamento das restantes personagens. Características: Exprime a revolta contra o poder despótico e mostra o direito e o dever da mulher e do homem de transformarem a sociedade. É entendida como uma alegoria politica. Sttau Monteiro remete o leitor/espectador para os problemas sociais e políticos de Portugal não apenas no início do século XIX e durante o regime ditatorial do século XX, mas para todos os regimes despóticos e situações repressivas. Existe um paralelismo entre a ação presente na peça e os contextos ideológico e sociológico do país. Há um mergulhador no passado onde se revisitam os acontecimentos históricos para levar o leitor/espectador a interpretar o presente e a refletir sobre a necessidade de lutar contra qualquer opressão. Graças à distanciação histórica, denúncia um ambiente político repressivo dos inícios do século XIX, para provocar a reflexão sobre um tempo de opressão e de censura que se repete no século XX. O monólogo inicial de Manuel, “ o mais consciente dos populares”, coloca-nos no contexto histórico da obra: invasões napoleónicas e proteção de Inglaterra; situação de repressão do povo pelos “senhores do Rossio”. Felizmente há Luar é uma obra intemporal que nos remete para a luta do ser humano contra a tirania, a injustiça e todas as formas de perseguição.

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Felizmente Há Luar!

Drama narrativo, de caráter social, dentro dos princípios do teatro épico. Analisa criticamente a sociedade, mostrando a realidade com o objetivo de levar o espectador a tomar uma posição.

Dualidade em Felizmente há Luar!

Felizmente há Luar! Apresenta um caráter dual: reflete duas épocas (o Absolutismo do séc. XIX e a ditadura salazarista do séc. XX); é constituído por dois atos que se iniciam de forma semelhante, alertando assim o espetador para a necessidade de estar atento e manter uma atitude crítica; e as personagens estão agrupadas em dois núcleos dicotómicos – Poder e Anti-Poder. Os atos I e II estão fortemente interligados, pois a ação narrada no ato II decorre em consequência da situação apresentada no ato I. Em ambos os atos, Gomes Freire (A figura central), mesmo ausente, surge como elemento estruturador da ação: são a sua condenação e execução que condicionam o comportamento das restantes personagens.

Características: Exprime a revolta contra o poder despótico e mostra o direito e o dever da mulher e do homem de

transformarem a sociedade. É entendida como uma alegoria politica. Sttau Monteiro remete o leitor/espectador para os

problemas sociais e políticos de Portugal não apenas no início do século XIX e durante o regime ditatorial do século XX, mas para todos os regimes despóticos e situações repressivas.

Existe um paralelismo entre a ação presente na peça e os contextos ideológico e sociológico do país. Há um mergulhador no passado onde se revisitam os acontecimentos históricos para levar o

leitor/espectador a interpretar o presente e a refletir sobre a necessidade de lutar contra qualquer opressão.

Graças à distanciação histórica, denúncia um ambiente político repressivo dos inícios do século XIX, para provocar a reflexão sobre um tempo de opressão e de censura que se repete no século XX.

O monólogo inicial de Manuel, “ o mais consciente dos populares”, coloca-nos no contexto histórico da obra: invasões napoleónicas e proteção de Inglaterra; situação de repressão do povo pelos “senhores do Rossio”.

Felizmente há Luar é uma obra intemporal que nos remete para a luta do ser humano contra a tirania, a injustiça e todas as formas de perseguição.

Narra a luta pela liberdade no início do século XIX e serve de pretexto para uma reflexão sobre a ditadura em Portugal no século XX. Todos os opressivos, e concretamente o regime salazarista, entre o inicio dos anos trinta e 1974, foram denunciados e contestados pelos artistas. A literatura, a música e outras artes foram o “veículo de protesto” contra a censura, contra a miséria.

Duplo significado da expressão “Felizmente há Luar!”

Para D. Miguel: O luar é favorável por permitir a visibilidade de um castigo prolongado que se pretende exemplar e dissuasor de qualquer ideia de revolta.

Para Matilde: O mesmo enunciado pronunciado por Matilde assume um significado totalmente distinto. Para ela, a morte de Gomes Freire constitui um incentivo à revolta contra a tirania dos opressores e é, por isso, importante que seja visível.

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As personagens:

Rei D. João VI - Casado com D. Carlota Joaquina. Aquando das Invasões Francesas, refugia-se com a Corte no Brasil, deixando em Lisboa uma regência incapaz de governar segundo novos ideais e de se impor ao crescente domínio político-militar de Inglaterra.

D. Carlota Joaquina - Rainha de Portugal Rei D. Miguel - Filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina. Encabeçou o movimento que se opunha

à implantação do liberalismo em Portugal. Foi exilado e, após a morte de D. João VI, regressou a Portugal e foi proclamado rei absoluto pelas Cortes (dando origem a uma guerra civil que opôs liberais e absolutistas). Com a vitória dos liberais, é expulso do trono e exilado.

Gomes Freire de Andrade - General português. Foi preso, acusado de ter participado na terceira invasão francesa. Ligado aos ideais progressistas e membro da Maçonaria, foi acusado de participar na conspiração de 1817, que punha em causa a ausência da Corte de D. João VI no Brasil, a presença militar inglesa no país e a grave situação económica que então se vivia. Os conspiradores, acusados de traição à pátria, foram queimados publicamente e Lisboa foi convidada a assistir. Foi aí enforcado e depois queimado. Mas o fermento da revolução estava lançado e iria dar fruto numa revolução liberal.

William Beresford - General Inglês, severo e disciplinador, enviado pela Grã-Bretanha para reorganizar o exército português (após a primeira invasão francesa). Foi depois nomeado generalíssimo do exército português e foi consolidando e aumentando os seus poderes. Rejeitava as novas ideias liberais, imaginava conspirações e reprimia-as severamente. Após rumores de uma conspiração que pretendia o regresso do rei e que se manifestava contrária à presença inglesa, mandou matar os conspiradores (entre eles Gomes Freire).

Matilde de Melo - A "companheira de todas as horas" do General Gomes Freire. Possuidora de uma densidade psicológica notável, aparece na obra não apenas como sonhadora, que sabe amar de verdade, mas a personagem que, corajosamente, desmascara a hipocrisia e reage contra o ódio e as injustiças. Ela acredita na transformação da situação de opressão em que o povo vive.

Elementos simbólicos

Diversos símbolos favorecem a compreensão da situação vivida e da esperança de alcançar a liberdade.

Saia verde

Oferecida pelo General a Matilde; Em vida, representa a esperança, a felicidade, a liberdade; Na morte, representa a alegria do reencontro com Gomes Freire, a tranquilidade, a esperança de que o

martírio do General dê os seus frutos.

A fogueira

Representa tanto a tristeza e a escuridão do presente como a esperança e a liberdade do futuro.

Os tambores

Símbolos da repressão provocam o modo e prenunciam a ambiência trágica da ação.

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A moeda de cinco réis

Símbolo do desrespeito dos mais poderosos em relação aos mais desfavorecidos; Represália de Manuel a Matilde.

A noite de luar

A noite representa a morte, o mal, a infelicidade. No entanto, a luz representa a vida, a saúde, a felicidade;

Para D. Miguel o luar permite que o clarão da fogueira atemorize todos aqueles que queiram lutar pela liberdade, funcionando como elemento dissuasor, purificando a sociedade de ideias “perigosas”;

Para Matilde, o luar permite que a morte do General e de todos os outros homens que o acompanham seja bem visível e, finalmente, se vá para a frente com a revolta contra o regime absolutista.-

Tempo da história – Séc. XIX – 1817 Tempo da escrita – Séc. XX – 1961 Conspirações internas; revolta contra a

presença da Corte no Brasil; influência do exército britânico – levaram à revolução liberal de 1820

Conspirações internas; principal irrupção da guerra colonial – mais tarde levaram à revolução do 25 de Abril

Regime absolutista e tirânico Regime ditatorial de Salazar Classes sociais fortemente

hierarquizadas; Classes dominantes com medo de perder

privilégios

Grande desigualdade entre as classes sociais;

Classes exploradoras, com reforço do seu poder

Classes sociais fortemente hierarquizadas;

Classes dominantes com medo de perder privilégios

Grande desigualdade entre as classes sociais;

Classes exploradoras, com reforço do seu poder

Povo oprimido e resignado; A “miséria, o medo e a ignorância”; Obscurantismo, mas “felizmente há luar”

Povo reprimido e explorado; Miséria, medo e analfabetismo; Obscurantismo, mas crença nas

mudanças Luta contra a opressão do regime; Manuel denuncia a opressão e a miséria

Luta contra o regime totalitário; Agitação social e política

Perseguições dos agentes de Beresford; As denúncias de Vicente, Andrade Corvo

e Morais Sarmento, que demonstram ser hipócritas e sem escrúpulos;

Censura à imprensa

Perseguições da PIDE; Denúncias dos chamados “bufos”, que

surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar;

Censura Severa repressão dos conspiradores; Processos sumários e pena de morte

Prisão e duras medidas de repressão e tortura;

Condenações sem provas Execução do General Gomos Freire Execução do general Humberto Delgado

(1965)