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Os Maias | Eça de Queirós www.mundocultural.com.br - Análises Literárias Panorama de Os Maias: um inquérito da sociedade portuguesa Introdução Resumo da obra Personagens Tempo Espaço Foco Narrativo Ideologia Créditos Clique sobre o item desejado

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Os Maias | Eça de Queirós

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Panorama de Os Maias: um inquérito da sociedadeportuguesa

Introdução

Resumo da obra

Personagens

Tempo

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Foco Narrativo

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Créditos

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IntroduçãoO romance “Episódios da vida romântica” ou, como é mais conhecido, “Os Maias”, foi publicadoem 1888 e é considerado como a mais bem acabada obra de Eça de Queirós. Voltada para a altasociedade Lisboeta, Os Maias faz parte de uma trilogia que, junto com “O Crime do Padre Amaro”e “Primo Basílio”, foram denominadas por Eça de Queirós como “Cenas da vida portuguesa, já quenelas o autor examina a alta e pobre sociedade Lisboeta. As críticas contidas nessas obras,segundo Eça, tinham a intenção de corrigir a hipocrisia daquela sociedade viciosamente burguesa.

Os Maias tem como tema principal o caso do incesto inconsciente entre Carlos da Maia e MadameCastro Gomes, que na verdade é Maria Eduarda, irmã desaparecida de Carlos. A história sedesenvolve, basicamente, em duas linhas de ação: a primeira, entorno do amor incestuoso deCarlos e Maria Eduarda; e, a Segunda, sobre a vida desregrada e ociosa da burguesia Lisboeta.

Os Maias, seja pelo lado polêmico, devido ao tema abordado, seja como documento social, aindahoje mantém uma enorme força crítica, pois continua a instigar a consciência do leitor, promovendoo questionamento e a reflexão.

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Resumo da obraA narrativa inicia-se tendo como pano de fundo a descrição da reforma da imponente casa doRamalhete, antiga residência dos Maias em Lisboa. A casa havia sido fechada por D. Afonsoquando esse fora viver na Quinta(1) de Santa Olávia.Afonso da Maia, resolveu regressar à antiga morada de seus antepassados quando soube queCarlos, seu neto, estava voltando de Coimbra, onde acabara de se formar em Medicina. Certo deque Carlos, após viver anos sob a agitação de Coimbra, Paris e Londres, preferiria morar emLisboa, cidade melhor preparada para acolher um jovem médico e mais propícia para a instalaçãode um consultório, Afonso decide retornar a Lisboa e preparar o Ramalhete para receber seu neto,último descendente da fidalguia dos Maias.

Em meio às lembranças dos antepassados do velho D. Afonso, o narrador faz um flash back e,dessa forma, apresenta ao leitor a trágica história daquela família. Os Maias, “fidalgos da Beira” etradicionais membros da sociedade de Benfica, eram uma família pouco numerosa, pelo queconsta, Caetano da Maia teve apenas um filho: Afonso. Esse, por sua vez, seguiu o exemplo dopai e produziu apenas um rebento: Pedro.

Pedro da Maia, ao contrário do que pretendia seu pai, foi educado “De acordo com padrõesromânticos”. Crescera a beira da saia da mãe, D, Maria Eduarda Runa, e dentro dos preceitos daIgreja. Quando adulto, tornou-se um homem frágil e melancólico, sentimento esse que é acentuadocom a morte da mãe, a qual Pedro era demasiadamente ligado. Para o narrador da obra, Pedro éa composição caricatural da fraqueza dos Românticos, que encontravam na morte a saídapara desilusões da vida.

Toda a soturnidade desse personagem é quebrada com a chegada de Maria Monforte - ou a“Negreira” – como a jovem era mais conhecida pela burguesia da época, em virtude de ela ser filhade um traficante de escravos. Após corteja-la, Pedro, mesmo contra a vontade de seu pai, casa-secom ela. Esse matrimônio não agrada a Afonso da Maia, que não perdoa a desobediência dePedro. No entanto, Pedro parece ter encontrado a felicidade, mesmo diante da propensão àinfidelidade de sua esposa.

Dos momentos felizes do casal, nasceram dois filhos: Maria Eduarda e Carlos. Após o nascimentodo último, a “negreira” Maria Monforte desenvolve ainda mais a sua tendência ao adultério, masnão o concretiza com nenhum homem daquela sociedade, pois neles faltava um elementofundamental: a arte da sedução.

1- Quinta - grande propriedade rústica, com casa de habitação.

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No entanto, não demorou muito para que surgisse um homem que tivesse a chama para que abela Maria Monforte traísse o ingênuo marido. Esse homem é Tancredo, um napolitano queafirmava ser um príncipe italiano e que procurava em Portugal um local para fugir da perseguiçãode seus algozes.

A infiel Negreira consumou a traição fugindo com o sedutor Tancredo. Na fuga, ela leva consigo afilha, Maria Eduarda, deixando Carlos com o marido. Pedro, inconformado, não com a traição emsi, pois poderia perdoar sua esposa, mas com a fuga de sua amada, suicida-se.

Carlos cresce ao lado de seu avô, convicto da morte de sua mãe e de sua irmã. Não tendo apossibilidade de educar Pedro dentro de seus moldes, Afonso da maia toma para si aresponsabilidade de educar o jovem Carlos. Esse, então, é doutrinado nos padrões britânicos.

Mais tarde, Carlos vai a Coimbra estudar medicina. Lá conhece João da Ega, que transforma-se nofiel escudeiro do jovem Maia. (Parece que há uma maior adesão afetiva do narrador com essepersonagem. Ega caracteriza-se por ser um revolucionário, porém, inofensivo. Essa visão“simpática” também aparece em outros personagens, como por exemplo Afonso da Maia. Emcontra partida , o narrador apresenta Dâmaso Salcede, um pretensioso sedutor de mulheres, deforma sarcástica e Eusebiozinho como sendo um produto da debilidade moral e física doRomantismo.)

Após forma-se em medicina, Carlos da Maia retorna a Lisboa e passa a exercer sua profissãoapenas por gosto e não por obrigação. Também com relação a vida o seu procedimento é omesmo, pois em decorrência de uma sociedade desprovida de motivação científica e culturais, nãose fixa em nada.

O jovem da Maia, conheceu muitas mulheres em sua estada em Coimbra, o mesmo ocorrendo emLisboa. Seus casos amoroso quase sempre eram com mulheres casadas ou com prostitutas. Apósalguns encontros amorosos com a condessa Gouvarinho, conhece Madame Castro Gomes, quepor sua vez rompe com Castro Gomes, o qual não era oficialmente seu marido, para ir viver comCarlos da Maia.

O casal aguardava apenas a morte de D. Afonso, que não aprovava essa união para se casarem.No entanto, Joaquim Guimarães, um jornalista idoso, entrega a João da Ega uma caixa dedocumentos a ele confiada por Maria Monforte, em Paris, para ser entregue a Carlos e a sua Irmã.Ega lê os documentos contidos na caixa e, aterrorizado, mostra-os a Carlos, que enfim descobreque Madame Castro Gomes é, na verdade, sua irmã. Carlos, ainda desnorteado, volta a encontrar-se com a irmã, numa atitude incestuosa, porém já consciente.

Surpreendido com o reaparecimento da neta, que surgia como amante do próprio irmão, Afonso daMaia morre. A situação entre os dois só é solucionada após o funeral: Maria Eduarda, com aidentidade esclarecida, vai para Paris e lá se casa; Carlos viaja para a América e Japão nacompanhia de Ega. Mais tarde, Carlos acaba fixando residência também em Paris, onde passa ater uma vida ociosa. Dez anos depois, ao retornar a Portugal, o estilo de vida dos dois amigoscontinua o mesmo, resultando em uma visão desencantada da realidade, que marcou asproduções artísticas do século XIX.

No final da obra ocorre um diálogo entre Carlos e Ega, no qual Carlos faz uma reflexão sobre ateoria da vida:

Ega diz: “- E que somos nós? – Exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde oexame de Latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelosentimento, e não pela razão...”Carlos Responde:“- Resumo: não vale a pena viver...”

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Essa frase parece que o aproxima dos ideais românticos de seu pai, porém, é em Carlos que Eçade Queirós demonstra a falência da instituição do casamento. Carlos protagoniza vários episódiosde adultério, o que mostra a descrença do autor quanto a fidelidade conjugal.

Carlos ainda diz a Ega:“...Ao menos assentamos a teoria definitiva da existência. Com efeito, não vale a pena fazer umesforço, correr com ânsia para coisa alguma.”

Completou Ega:

“- Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder...”

A seguir, os dois amigos saem correndo desesperadamente para tomar uma condução.

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Personagens

Protagonistas: Carlos da Maia e Maria Eduarda.

Carlos “tinha sido educado com uma vara de ferro”. Ao contrário de seu pai ele era apaixonadopela ciência e pelas mulheres e, sem dúvida pelo diletantismo, ou seja, aquele que exerce suaprofissão apenas por gosto e não por obrigação. Carlos era um homem fruto de seu meio. O autorda Obra usa esse personagem para contrapor-se aos ideais românticos e, assim, mostrar osvalores Realistas.

Maria Eduarda é uma mulher que viveu ao lado de um obscuro brasileiro. Ao retornar a Lisboaconhece e torna-se amante de Carlos, mantendo com esse, mesmo de forma inconsciente, umarelação incestuosa, uma vez que os dois são irmãos. Essa relação denúncia a hipocrisia doscostumes burgueses. Carlos e Eduarda protagonizam inúmeras cenas de adultério e triângulosamorosos, elementos esses, sempre presentes nas obras Realistas.

Antagonista: A hipocrisia da sociedade burguesa

Secundários: Afonso da Maia, Maria Monforte, Damaso Salcede, Villaça, e Joaquim CastroGomes.

Tipos:

Eusebiozinho – representa a fraqueza moral e física dos Românticos.

Pedro – típico personagem dos romances Românticos, pois procura na morte a solução para suasdesilusões.

Craft – representa a influência britânica sobre a subserviente sociedade portuguesa.

João da Ega - melhor amigo de Carlos. Era ateu, poeta satânico e possuía uma rebeldia inócua.Conforme afirma o narrador, ele era o maior “demagogo que jamais aparecera nas sociedadehumanas”. João da Ega é o representante das novas tendências da sociedade da época. Era umintelectual revolucionário, porém, inofensivo. Odiava os Românticos.

Alencar – poeta romântico, amante de Vitor Hugo. Era fiel e extremamente honesto.

Esses personagens apresentam as típicas características da burguesia Lisboeta da época. Muitosdeles são vistos de uma forma quase caricatural pelo autor e, dessa maneira, Eça de Queirós,baseado nos vícios desses elementos critica as fraquezas da subserviente sociedade portuguesa.

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Tempo: Prevalece na obra o tempo Cronológico, pois toda a história desenvolve-se numaseqüência linear. O Autor ainda usa o recurso do Flash Back para revelar a história da famíliaMaia.

Espaço: Prevalece na obra os espaços fechados. Por meio desse tipo de espaço pode-seobservar toda a hipocrisia da sociedade. São nos espaços fechados que o autor apresenta suascríticas a uma sociedade da qual o adultério e os falsos votos religiosos constituem-se em atosrotineiros.

Foco Narrativo: 3ª pessoa. Eça de Queirós utiliza o narrador para explicar suas opiniões sobre asituação social portuguesa da época. Há uma latente preocupação com o ambiente social. Onarrador não faz muitas interferências no enredo ao apresentar as relações entre os personagens.Isso é tão dinâmico que os próprios personagens acabam explicando os fatos. Em outras ocasiõeso narrador é tão onisciente que pode até expressar a consciência dos personagens e aindaprocura defender a razão nas ações dos personagens, em detrimento da emoção.

Ideologia: Os Maias guardam a estrutura polêmica e dialética presente no projeto do romanceRealista. São evidentes as oposições postas em jogo, que esquematizam a ação e as paixões dospersonagens. Assim, manifestadamente, no âmbito das discussões estéticas e culturais travadasno livro, coloca-se, de um lado a formação universal, cética e modernizante da nova geração(representada por Carlos e Ega) contra o Romantismo sentimental e um tanto patético do poetaromântico Alencar.

Além da dualidade entre o moderno, concretizado na forma inglesa de instrução, adepta do ar livree da ginástica, com as inutilidades dos dogmas religiosos, representados por beatasressentidas, padres desonestos e seminaristas amantes dos prazeres da carne, no romance aindapode ser observado, no âmbito político-social, o confronto entre o conservadorismo dominanteem Portugal, arrastado por uma gente provinciana e de espírito mesquinho, com as idéiasrevolucionárias e tendências libertárias dos principais países europeus.

Por ser uma obra que levou dez anos para ser composta, “Os maias”, apresentam incontáveisposições confrontantes, que não puderam ser esgotadas nesse estudo. Há nessa obra um mistode “romance de tese” com “romance de formação” que se contrapõem com um pano de fundoquase naturalista da estupidez local. Contudo, o projeto Realista não chega a prevalecer porque anarrativa ocupa-se demasiadamente com uma intriga tipicamente romanesca.

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Créditos

Elaboração: Prof. Antônio Carlos Pinho

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