RESUMO – Introdução Bíblica - Mercado Adventista b. Conceito da Intuição – A Bíblia não...

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SUMÁRIO

O CARÁTER DA BÍBLIA E A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO ........................... .3

A INSPIRAÇÃO DOS DOIS TESTAMENTOS ......................................................... 7

EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA ........................................................ 13

O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON NO A.T. .......................... 18

O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON DO N.T. .......................... 23

AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA ........................................................ 28

OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS DA BÍBLIA ...................................................... 31

O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA TEXTUAL ............................................. 39

TRADUÇÕES E BÍBLIAS ARAMAICAS, SIRÍACAS,

LATINAS, GREGAS E AFINS ................................................................................... 45

TRADUÇÕES MODERNAS ....................................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 57

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O CARÁTER DA BÍBLIA E A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO

A Bíblia é um livro singular. Um dos livros mais antigos do mundo é o bestseller

mundial por excelência. Produto do mundo oriental antigo que moldou o mundo ocidental

moderno.

A palavra Bíblia (livro) entrou para as línguas modernas por intermédio da língua

francesa, passando primeiro pelo latim Bíblia, com origem no grego Biblos.

Os Dois Testamentos

O A.T. foi escrito pela comunidade judaica e por ela preservado por mais ou menos 3

milênios e meio. O N.T. foi composto pelos discípulos de Cristo ao longo de século I d.C.

A palavra testamento, que seria mais bem traduzida por “aliança” é tradução de

palavras hebraicas e gregas que significam “pacto ou acordo” celebrado entre duas partes. Na

realidade as Escrituras em si não são a Aliança (ou o Testamento) propriamente dita, mas o

registro e o desenrolar dos fatos que envolveram a aliança de Deus e Seu povo no AT e tem

continuidade no NT. Quando o povo não foi fiel, quebrou a aliança, esta foi anulada para eles.

Perderam a fé em Deus e o rejeitaram, mas Deus continuou estendendo Sua graça, a aliança

de salvação, que foi a mesma sempre, através do Cordeiro prometido no AT e revelado no NT

– através do Filho de Deus. Porém, durante todo esse processo de aceitação e de rejeição da

aliança com Deus por parte dos que ouviram Seu evangelho, as Escrituras (AT e NT) jamais

perderam seu valor e autoridade. Não se deve confundir as Escrituras que contém a aliança

abolida com a própria aliança. Todas as mensagens centrais do AT encontram a sua realidade

no NT e a base do NT está no AT. Um não mantém sua força sem o outro.

A Bíblia divide-se comumente em oito seções, quatro do A.T. e quatro do N.T.

O A.T. divide-se em: a Lei (Pentateuco) – 5 livros / História - 12 livros / Poesia – 5 livros /

Profetas – 17 livros.

O N.T. divide-se em: Evangelhos – 4 livros / História – 1 livro / Epístolas – 21 livros /

Profecia – 1 livro.

A divisão do A.T. em quatro seções baseia-se na disposição dos livros por tópicos,

com origem na tradução das escrituras sagradas para o grego. Essa tradução, conhecida como

a versão dos Septuaginta (LXX), foi iniciada no século III a.C. A Bíblia judaica não segue

esta divisão tópica dos livros em quatro partes, antes se emprega uma divisão de três partes; a

Lei (Tora), os Profetas e os Escritos.

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As Bíblias antigas não era dividida em capítulos e versículos. Para facilitar, Stephen Langton

dividiu a Bíblia em capítulos em 1227 d.C. e Robert Stephanus acrescentou a divisão em

versículos em 1551.

Inspiração da Bíblia

“Toda escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,

para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm. 3:16).

Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Heb. 1:1): mediante anjos,

visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens

mediante os profetas, as palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus. A

definição teológica da inspiração contém três elementos essenciais: a causalidade divina, a

mediação profética e a autoridade escrita.

A causalidade divina - Deus é a fonte primordial da inspiração da Bíblia.

A mediação profética - os profetas que escreveram as escrituras não eram autômatos, mas

com seus estilos literários e seus vocabulários individuais, Deus usou personalidades humanas

para comunicar posições divinas.

A Autoridade escrita - o produto final da autoridade divina em operação por meio dos

profetas é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia.

Distinções Importantes

Inspiração diz respeito à exposição da verdade, ou seja, é o meio que Deus usou para falar ao

homem através da Bíblia dando autoridade escrita.

A Revelação é o fato da comunicação divina, ou seja, é o que Deus revela através da profecia.

Iluminação é a devida compreensão dessa verdade descoberta, ou seja, é a compreensão dos

escritos.

Resumindo, a Bíblia é um livro incomum. Compõe-se de dois testamentos formados de 66

livros, os quais declaram ou comprovam a inspiração divina. Ela possui a absoluta autoridade

de Deus, para formar o pensamento e a vida cristã. Isso significa que tudo quanto a Bíblia

ensina constitui tribunal de apelação infalível para o cristão.

A Natureza da Inspiração

Durante quase dezoito séculos, a idéia sobre a inspiração da Bíblia não foi

questionada de forma que viesse a causar prejuízos para a igreja e a própria Bíblia. Contudo,

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com o desenvolvimento de conceitos modernistas e existencialistas na sociedade, a idéia de

inspiração bíblica dividiu-se em três grandes teorias. São elas:

1. Ortodoxia – A Bíblia é a Palavra de Deus

Defendem que a Bíblia é realmente o registro escrito inspirado por Deus. Possui duas

correntes de pensamento:

a. Ditado Verbal – A Bíblia foi ditada por Deus palavra por palavra.

b. Conceitos Inspirados – Deus deu aos profetas a inspiração dos conceitos e

os homens exprimiram em termos humanos, segundo seus próprios estilos.

Os autores do livro, “Introdução Bíblica”, William Nix e Norman Geisler, defendem

o caráter ortodoxo da inspiração bíblica, isto é, eles defendem que a Bíblia é a palavra de

Deus. Porém, crêem na idéia que a Bíblia foi ditada palavra por palavra, ou seja, conceito

verbal.

No livro Nisto Cremos, é possível encontrar a posição oficial da Igreja Adventista do

Sétimo Dia quanto a inspiração bíblica que a define como conceitual. Os homens sãos

inspirados e enchidos de pensamentos pelo Espírito que também os capacita a registrar a

mensagem. Embora usando a linguagem, estilo e recursos humanos a Bíblia é a Palavra de

Deus.

A singularidade das Escrituras baseia-se em sua origem e fonte. Os autores bíblicos

destacaram freqüentemente o fato de que não eram os originadores de suas mensagens. Eles

as recebiam das fontes divinas. Através da revelação divina, eles haviam sido habilitados a

“ver” estas verdades (Isa. 1:1; Amós 1:1; Miq. 1:1; Hab. 1:1; Jer. 38:21). Os escritores

bíblicos indicaram o Espírito Santo como sendo a fonte de suas revelações. Ele Se

comunicava com o povo através dos profetas (Nee. 9:30; Zac. 7:12). Davi declarou: “O

Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a Sua palavra está na minha língua” (II Sam.

23:2). Ezequiel escreveu: “Então, entrou em mim o Espírito”, “caiu, pois, sobre mim o

Espírito do Senhor”, “depois, o Espírito de Deus me levantou” (Ezeq. 2:2; 11:5 e 24). E

Miquéias testificou: “Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor” (Miq. 3:8). O

Novo Testamento reconhece o papel desempenhado pelo Espírito Santo na produção do

Antigo Testamento. Jesus disse que Davi fora inspirado pelo Santo Espírito (Mar. 12:36).

Semelhantemente, Paulo percebeu que o Espírito Santo falara “através de Isaías” (Atos

28:25). Pedro salientou o fato de que o Espírito Santo não operara por intermédio de uns

poucos homens selecionados, e sim através de todos os profetas (I Ped. 1:10 e 11; II

Ped.1:21). Por vezes a figura do autor humano desaparece completamente, e apenas o

verdadeiro autor – o Santo Espírito – passa a falar: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo”;

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“querendo com isto dar a entender o Espírito Santo...” (Heb. 3:7; 9:8). São inúmeras as

evidências bíblicas de que o autor da Bíblia é o próprio Deus. Quanto à inspiração, Paulo

mostra que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino” (II Tim. 3:16). A

palavra grega theopneustos, aqui traduzida como “inspirada”, significa literalmente “soprada

pr Deus”. Deus “soprou” a verdade nas mentes dos homens, os quais expressaram estas

mesmas verdades em suas próprias palavras, que foram consolidadas nas Escrituras. Portanto,

inspiração é o processo através do qual Deus comunica Sua verdade eterna. A revelação

divina foi concedida através da inspiração de Deus, ou – conforme Pedro menciona, tendo em

mente a revelação profética – “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo

Espírito Santo” (II Ped. 1:21). Eles traduziram estas revelações em linguagem humana com

todas as limitações e imperfeições de que esta se acha revestida, mas ainda assim aquele era o

testemunho de Deus. Os homens – não as palavras – foram inspirados. Percebe-se neste ponto

que a Igreja Adventista diverge de outros quanto ao pensamento de que os homens não são

inspirados. Na verdade, a idéia bíblica é que a verdadeira inspiração não tira a individualidade

do escritor, pelo contrário, o profeta ainda dispunha da faculdade de utilizar seu próprio estilo

e palavras para dizer as coisas. Isso significa que a Bíblia “não é a maneira de pensar e

exprimir - se de Deus” diz Ellen White em Mensagens Escolhidas, vol. 1, 21. Ela também

afirma: “A inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio

homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos. As palavras,

porém, recebem o cunho da mente individual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem

como Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade humanas; assim as declarações do

homem são a Palavra de Deus”. É verdade que existe uma exceção à regra, quando fala-se

sobre os Dez Mandamentos, cujas palavras foram ditadas e escritas pelo próprio Deus.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia concorda com a definição de inspiração

conceitual, onde Deus mostrou Sua mensagem ao escritor ou profeta, e este, movido pelo

Espírito, exprimiu as verdades eternas e divinas em seu próprio estilo e contexto em que vivia.

2. Modernismo – A Bíblia contém a Palavra de Deus

Esta teoria defende a idéia de que certas partes da Bíblia são inspiradas e divinas,

mas outras são meramente humanas e apresentam erros. E é dividida em dois conceitos

também:

a. Conceito da Iluminação – Iluminação religiosa concedida por Deus a apenas

determinados autores.

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b. Conceito da Intuição – A Bíblia não é um registro divino, não passando apenas de

uma caderneta de rascunho dos judeus para registro de lendas e histórias sem valor histórico.

3. Neo-Ortodoxia – A Bíblia torna-se a Palavra de Deus

A Bíblia torna-se a Palavra de Deus mediante um encontro pessoal entre Deus e o

homem. Ela possui duas visões:

a. Visão Demitizante – A Bíblia foi elaborada com trajes mitológicos, e que a tarefa

do crente é despi-la de seus mitos e descobrir o conhecimento existencial que ela possui.

b. Encontro Pessoal – A Bíblia é uma revelação divina a pessoas do passado e não a

Palavra de Deus. Porém, quando o homem moderno necessita de algo, basta apenas ir até a

“revelação” e este terá um encontro pessoal com seu Deus.

Ensino Bíblico Sobre Inspiração

a. A Inspiração é o processo pelo qual Deus comunica Sua verdade eterna – II Tim.

3:16

Diz a Bíblia que tais verdades vieram da parte de Deus – Êx.24:4; II Sam.23:2;

Jer.26:2; Mat.4:4,7; Luc.24:27,44; I Cor.2:13; Apo.22:19; Mat.5:18

b. A Inspiração é Plena – II Tim. 3:16

Toda a Bíblia recebeu total e plena autoridade divina.

c. A Inspiração Atribui Autoridade – João 10:35

A Bíblia provém de Deus e está envolta na autoridade divina que o próprio Deus lhe

concedeu.

Implicações da Doutrina Bíblica da Inspiração

a. O AT e o NT estão em pé de igualdade quanto a sua inspiração.

b. A inspiração compreende vários estilos literários e diversas fontes

c. Inspiração pressupõe inerrância, isto é, não contém erros de ordem doutrinária que

venham interferir na salvação do homem. Todavia, houve erros na reprodução dos textos ou

cópias, as quais são vistas nas variantes, nas omissões e interpolações feitas pelos escribas.

A INSPIRAÇÃO DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS

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O Antigo Testamento vindica para si a inspiração divina. Cada profeta, depois de

Moisés, acrescentou seus escritos sagrados à coleção existente. Aliás, o segredo da inspiração

do Antigo Testamento está na função profética de seus escritores.

O profeta era o porta-voz de Deus, assim chamado de homem de Deus (1Rs. 12:22),

servo do Senhor (1Rs. 14:18), mensageiro do Senhor (Is. 42:19), vidente (Os. 9:7), homem do

Espírito (Ez. 3:17). Acima de todas as designações, entretanto, sobressai a de “profeta”, ou

seja, o porta-voz de Deus. O profeta era aquele que dava a saber o que Deus lhe havia

revelado, assim os profetas de Deus deveriam falar somente aquilo que o Senhor lhes

ordenasse.

Os falsos profetas eram identificados graças às suas profecias falsas e pela falta de

confirmação miraculosa. Sempre ficou bem claro na função do profeta de Deus que o que

dizia era palavra da parte de Deus, sendo assim, qualquer que errasse em suas profecias não

poderiam ser chamados de profetas de Deus.

Havia várias maneiras de comprovar se o pretendente era ou não um profeta de Deus.

- Os escritores do Antigo Testamento eram profetas. A pessoa era denominada

profeta por título ou por função. Nem todos eram profetas por ter estudado para isso, mas

todos possuíam o dom da profecia. Davi, a quem se atribui a criação de quase metade dos

salmos, exercia a função de rei. Moisés, o grande legislador e libertador de Israel, é

denominado profeta (Dt. 18:15; Os. 12:13).

- Manteve-se um registro oficial dos escritores proféticos. Parece que houve

continuidade de profetas, e cada um acrescentava seu próprio livro aos escritos proféticos

anteriores.

Samuel fundou uma escola de profetas (1Sm. 19:20), cujos alunos mais tarde se

chamariam “filhos dos profetas” (2Rs. 2:3).

De acordo com Ezequiel (13:9), havia um registro oficial dos verdadeiros profetas de

Deus.

Reivindicações Específicas do AT a Favor de Sua Inspiração

- A inspiração da lei de Moisés. Nas Crônicas, os registros mosaicos são tidos por

“livros da lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés” (2Cr. 34:14). O consenso unânime

do Antigo Testamento é que os livros de Moisés foram outorgados pelo próprio Deus.

- A inspiração dos profetas. Segundo a atual divisão do Antigo Testamento, feita

pelos judeus, os livros dos profetas abrangem os antigos profetas (Josué, Juízes, Samuel e

Reis) e os profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os doze profetas

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menores).Também esses vindicam autoridade divina. De Isaías até Malaquias, o leitor é

literalmente bombardeado por expressões reveladoras da autoridade divina.

- A inspiração dos escritos. É provável que o Antigo Testamento originariamente

tivesse apenas duas divisões básicas: a lei e os profetas. Esta última seção seria dividida

posteriormente em profetas e escritos. Salmos, o primeiro livro dessa coleção, foi escrito em

grande parte por Davi, que dizia que seus salmos lhe haviam sido dados pelo Espírito (2Sm.

23:2). Do início ao fim, a doutrina da inspiração do Antigo Testamento está solidamente

instalada em numerosos trechos, os quais sustentam sua origem divina.

Referências do Novo Testamento à Inspiração do Antigo Testamento

No Novo Testamento, há referências à inspiração de determinadas partes ou seções

do Antigo Testamento. Finalmente, há citações de livros específicos do cânon judaico.

O Novo Testamento reconhece a inspiração do Antigo Testamento de muitas

maneiras. Às vezes, o Novo Testamento usa expressões como “Escrituras”, “Palavra de

Deus”, “a lei”, “os profetas”, “a lei e os profetas” e “oráculos de Deus”.

- Escrituras - para referir-se à coleção de escritos judaicos dotados de autoridade

divina. Disse Jesus: “ A Escritura não pode ser anulada” (Jo. 10:35). Nessas e em muitas

outras referências o Novo Testamento reconhece que o Antigo Testamento como um todo são

escritos inspirados por Deus.

- Palavra de Deus é expressão que aparece menos comumente, mas talvez seja a

alusão mais forte à inspiração divina do Antigo Testamento. Em Marcos 7:13 Jesus acusou os

fariseus de invalidar “a palavra de Deus”, e empregou a expressão como sinônimo de

“Escrituras”.

- Lei - em geral é palavra que se refere ao Antigo Testamento como forma abreviada

de “lei de Moisés’’. Em João 10:34 provavelmente é um desses casos mais significativos.

-A Lei e os profetas - Jesus usou essa expressão duas vezes em seu famoso sermão

(Mt. 5:17; 7:12), afirmando ter vindo à terra a fim de cumprir “a lei e os profetas”, os quais

jamais haveriam de passar.

Os profetas - Na verdade, o titulo “profetas” é usado em paralelo com a expressão

“lei e os profetas” (Lc. 24:25, 27), referindo-se claramente a todo o Antigo Testamento.

- Oráculos de Deus - Em certa passagem, declara-se a necessidade de alguém

“ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus” (Hb. 5:12).

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- Está escrito - é expressão que se encontra mais de noventa vezes no Novo

Testamento. Eis alguns exemplos: “ Por que, pois está escrito que o Filho do homem deve

sofrer muito e ser rejeitado?” (Mc. 9:12; cf. 14:21).

- Para que se cumprissem as Escrituras - é expressão encontrada com muita

freqüência no Novo Testamento em referência ao Antigo Testamento como um todo. Jesus

disse “ que era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito” na Lei, nos

Profetas e nos Salmos (Lc. 24:44).

Referências do Novo Testamento a Livros Específicos do Antigo Testamento

Dos 22 livros do cânon judaico mencionados por Josefo (Contra Ápion, I, 8), cerca

de 18 são citados no Novo Testamento como autorizados. Não se encontram menções a

Juízes, a Crônicas, a Ester e ao Cântico dos Cânticos, ainda que haja referências a

acontecimentos de Juízes (Hb 11:32) e de Crônicas (Mt. 23:35; 2Cr. 24:20). Pode haver uma

alusão a Cânticos 4:15 na referência que Jesus faz a “águas vivas” (Jo. 4:10), assim também, a

provável referência à Festa do Purim, de Ester 9, em João 5:1, ou a similaridade entre

Apocalipse 11:10 e Ester 9:22.

A criação do homem em Gênesis (1:27) é citada por Jesus em Mateus 19:4, 5.

Deuteronômio é um dos livros mais citados do Antigo testamento (Mt. 4:4,7 e 4:7). O livro de

Salmos é outro do Antigo Testamento que se menciona com muita freqüência (At. 2:34 e 35).

Isaias é muito citado no Novo (Lc.4:18 e 19). Lamentações, anexo a Jeremias na relação dos

22 livros da Bíblia hebraica, é mencionado em Mateus 27:30.

Daniel é identificado pelo nome do sermão profético, pregado por Jesus (Mt. 24:15;

cf. Dn 9:27; 11:31), e Mateus 21:30 reflete Daniel 7:13.

As referências mais numerosas e significativas quanto à genuinidade e à inspiração

divina do Antigo Testamento vêm dos lábios do próprio Jesus, o próprio Antigo Testamento

reivindica a própria inspiração. E o Novo Testamento a confirma de modo maravilhoso.

A Inspiração do Novo Testamento

Os apóstolos e profetas do Novo Testamento não hesitaram em classificar seus

escritos como inspirados, ao lado do Antigo Testamento. Seus livros eram respeitados,

colecionados e circulavam na igreja primitiva como Escrituras Sagradas. O que Jesus declarou

a respeito do Antigo Testamento, o Senhor prometeu também quanto ao Novo Testamento.

Há dois movimentos básicos na compreensão das reivindicações do Novo

Testamento a respeito de sua inspiração. Primeiramente temos a promessa de Cristo de que o

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Espírito Santo guiaria os discípulos no ensino de suas verdades; que constituem o

fundamento da igreja. Em segundo lugar, há o cumprimento aclamado disso no ensino

apostólico e nos Escritos do Novo Testamento.

Cristo nunca escreveu um livro, mas confirmou a autoridade do Antigo Testamento e

a promessa de inspiração para o Novo Testamento. Na comissão dos doze, Ele lhes prometeu

a direção do Espírito Santo (Mt.10:19-20; cf. Lc.12:11-12). No envio dos setenta em Lucas

10:9, Jesus afirma que é chegado a vós o reino de Deus. No sermão do monte das oliveiras,

Jesus reafirma a promessa da presença do Espírito Santo em seus discípulos (Mc 13:11). Nos

ensinos durante a última Ceia, Jesus promete a presença do Consolador (Jo. 14:26). Na grande

comissão Jesus fez a seus discípulos a promessa de que teriam toda autoridade nos céus e na

terra para realizar a tarefa (Mt. 28:19-20).

A Promessa de Cristo Reivindicada pelos Discípulos

Lucas afirma estar dando prosseguimento ao ensino de Cristo de forma exata em seu

relato (At. 1:1; cf. Lc. 1:3-4). E vemos a primeira igreja se caracterizando pela devoção ao

ensino dos apóstolos (At. 2:42). Ao lado do Antigo Testamento, os 27 livros do Novo

Testamento são considerados inspirados e dotados de autoridade divina, visto que só eles são

verdadeiramente apostólicos e proféticos.

Na comparação entre o Novo e o Antigo Testamento, Paulo reconheceu a inspiração

do Antigo Testamento (2Tm.3:16) chamando-o de Escrituras, e no Novo Testamento,

menciona também o evangelho de Lucas, chamando-o de Escritura (1Tm.5:18, citando

Lc.10:7). Na verdade, em outra passagem o apóstolo Paulo atribui a seus próprios escritos à

mesma autoridade das Escrituras (1Tm.4:11-13).

No próprio texto dos livros do Novo Testamento existem numerosos indícios de sua

autoridade divina. Os Evangelhos apresentam-se como registros autorizados do cumprimento

do Antigo Testamento a respeito de Cristo (cf. Mt.1:22; 2:15-17; Mc1:2). Isso reivindica de

forma direta nos livros do Novo Testamento sua inspiração e autoridade divina.

Apoio à Reivindicação de Inspiração do Novo Testamento

Há dois tipos de evidências que demonstram haver total apoio á reivindicação de que

o Novo Testamento faz acerca de sua inspiração divina. Uma delas acha-se dentro do próprio

Novo Testamento; a outra, inicia-se com os pais da igreja que seguiram os apóstolos. O fato

de que os livros eram lidos, citados, colecionados, e passados de mão em mão dentro da igreja

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da época, assegura-nos que eram tidos como proféticos ou divinamente inspirados desde o

começo da Igreja de Cristo. Paulo admoestou a Timóteo que persistisse “em ler, exortar e

ensinar” (1Tm.4:13) as Escrituras.

A circulação dos livros do Novo Testamento mencionado em Cl.4:16, revela outro

fato muito importante. Aos livros escritos para uma igreja tencionavam ser de valor para

outras igrejas também, e por isso, circulavam para a leitura pública. Esses escritos circulavam

entre as igrejas, eram lidos, copiados e colecionados pelas igrejas do Novo Testamento, sendo

colocados ao lado do cânon do Antigo Testamento sem serem questionados, tidos também

como Escritos inspirados.

Apoio à Reivindicação da Inspiração Dentro da Igreja Primitiva

Todos os autores do Novo Testamento são mencionados pelo menos por um pai

apostólico por terem autoridade divina. Esses pais vieram uma ou duas gerações após o

encerramento do Novo Testamento (I.E.,antes de 150 d.c.). Na verdade eles representavam o

vínculo ininterrupto da reivindicação do Novo Testamento a favor de sua inspiração divina,

desde os tempos apostólicos, passando pela fundação da igreja e, sem quebra nem

interrupção, pelos séculos e milênios que se seguiram.

Os primeiros Pais da Igreja, como Clemente de Roma, que em sua epístola aos

Coríntios (C.95-97), chama os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) “Escrituras”; e

Pais da Igreja de época posterior como Clemente de Alexandria (C.150-215) classifica os dois

Testamentos como igualmente inspirados por Deus e com a mesma autoridade divina,

dizendo: “as Escrituras {...} na lei, nos profetas e, além dessas, no abençoado Evangelho {...}

são válidas por causa de sua autoridade onipotente.” (STRÔMATA {seleções}, 2, 408-9).

É desnecessário prosseguir. Basta-nos salientar, nesta altura, que a doutrina ortodoxa

da inspiração do Novo Testamento teve continuidade ao longo dos séculos, passando pela

Idade Media, chegando à Reforma e penetrando no período Moderno da história da Igreja.

Em resumo, portanto, a inspiração do Novo Testamento baseia-se na promessa de

Cristo de que seus discípulos seriam dirigidos pelo Espírito em seus ensinos a respeito do

Senhor. Os discípulos creram nessa promessa e a assimilaram , havendo claros indícios de

que os próprios autores do Novo Testamento, bem como os de sua época , reconheceram o

cumprimento dessas promessas. Criam que o Novo Testamento havia sido divinamente

inspirado, pelo que, desde os primórdios nos registros cristãos, tem havido apoio unânime à

doutrina da inspiração do Novo Testamento, em igualdade de condições com o Antigo

Testamento.

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EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

Reivindicar que a Bíblia é inspirada por Deus é uma coisa, mas comprovar é algo

bem diferente. Outrossim, não podemos confundir inspiração da Bíblia com inspiração

poética, pois a inspiração atribuída à Bíblia diz respeito à autoridade dada por Deus quanto

aos seus ensinos, que, por sua vez, formam a vida e o pensamento do crente.

A palavra inspiração significa “soprada por Deus”, ou “que passou pelo hálito de

Deus”. É o processo mediante o qual os Escritos Sagrados foram revestidos de autoridade

divina no que concerne a doutrina e a prática (2Tm 3.16,17). Os escritores foram movidos

pelo Espírito Santo, e por isso a inspiração se dá quando registram mensagens sopradas por

Deus.

Os três elementos da inspiração. O primeiro é a causa: Deus que a origina, pois a

motivação primária dos escritos inspirados é o desejo de Deus comunicar-se com o ser

humano. O segundo é a mediação humana, pois Deus faz uso do ser humano para transmitir a

sua mensagem, e o terceiro é a autoridade Divina, pois as palavras dos profetas são revestidas

de autoridade Divina - é a palavra de Deus.

Características dos Escritos Inspirados

A inspiração é conceitual: Deus fala ao profeta, dando-lhe idéias e pensamentos e o

profeta, por sua vez, emprega seu vocabulário e estilo próprio. A inspiração é plena

(completa): a inspiração não é apenas em partes, mas total, pois Paulo diz: “TODA a escritura

é divinamente inspirada”. A inspiração é inerrante, no sentido de que o que a Bíblia transmite

como mensagem de salvação é isento de erro.

Evidência Interna da Inspiração da Bíblia.

A Bíblia se autoconfirma, pois fala com autoridade própria. O próprio Jesus ensinava

“como tendo autoridade” (Mc. 1:22). Ela fala por si mesma, semelhante à expressão “Assim

diz o Senhor”. As palavras da Bíblia não precisam ser defendidas, mas ouvidas, e assim ela

defende sua própria autoridade.

Testemunho do Espírito Santo. O Espírito Santo não só dá testemunho ao

crente de que este é Filho de Deus (Rm 8:16), mas também afirma que a Bíblia é a Palavra de

Deus (II Pe 1:20, 21).

Capacidade transformadora da Bíblia. (leia Hb 4:12) milhares e milhares têm

experimentado esse poder. Viciados em drogas têm sido curados pela palavra, o ódio tem

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cedido lugar ao amor, os entristecidos recebem conforto, os pecadores são repreendidos, e os

negligentes são exortados, tudo isso pela leitura da Palavra de Deus.

Unidade da Bíblia. Sendo constituída de 66 livros escritos ao longo de 1500

anos, por cerca de 40 autores, em diversas línguas, com centenas de tópicos, é muito mais do

que mero acidente que a Bíblia apresente espantosa unidade temática. Assim a unidade da

Bíblia adveio de algo que estava fora do alcance de seus autores humanos.

Evidência Externa da Inspiração da Bíblia.

Historicidade da Bíblia. Existem duas espécies principais de apoio da história

bíblica: Os artefatos arqueológicos e os documentos escritos. No que diz respeito aos artefatos

desenterrados, nenhuma descoberta arqueológica invalidou o relato bíblico. Aliás, grande

parte da antiga crítica à Bíblia foi firmemente refutada pelas descobertas arqueológicas que

demonstraram a existência da escrita nos dias de Moisés, a história e a cronologia dos reis de

Israel e até mesmo a existência dos hititas, povo até pouco só mencionado na Bíblia. A Bíblia

é o livro do mundo antigo mais bem documentado que existe.

Testemunho de Cristo. O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus. As

evidências escriturísticas revelam irrefutavelmente que Jesus confirmou a autoridade divina

da Bíblia. O texto do Evangelho revela que JESUS era homem de integridade e verdade. Se o

que Jesus ensinou é verdade, e Jesus ensinou que a Bíblia é inspirada, segue-se que é verdade

que a Bíblia é inspirada por Deus.

A profecia. Até o presente momento, nenhuma profecia incondicional da Bíblia a

respeito de acontecimentos previstos ficou sem cumprimento. Centenas de predições, algumas

delas feitas centenas de anos antes de se cumprirem, concretizaram-se literalmente. A época

do nascimento de Jesus (Dn 9), a cidade em que ele haveria de nascer (Mq 5:2) e a naturezas

de sua concepção e nascimento (Is 7:14) foram preditos no Antigo Testamento bem como a

exata quantidade de moedas de prata que seria seu preço. O nome e a obra de Ciro previstos

em Isaías cerca de duzentos anos antes de seu aparecimento (Is 44-45). Outras profecias,

como a do enfraquecimento de desaparecimento de nações; a destruição de cidades antigas

com a garantia de que não seriam reedificadas (Nínive e Edom entre outras) e a

impossibilidade de sua reconstrução; o avanço na pregação do evangelho; a trajetória da

igreja e os problemas que enfrentaria preditos nos evangelhos, epístolas e no apocalipse; o

milagreirismo como marca registrada do engano dos últimos dias; a secularização paralela ã

falsa piedade no mundo cristão são evidência de profecias cumpridas.

A influência da Bíblia. Nenhum outro livro tem sido disseminado, nem

exercido tão forte influência sobre o mundo do que a Bíblia. A Bíblia foi traduzida em mais

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de mil línguas, abrangendo mais de 90% da população mundial. Os bestsellers que tem vindo

em segundo lugar, nunca chegam perto do primeiro lugar, a Bíblia. As escrituras têm

influenciado mais a civilização que qualquer outro livro ou combinação de livros do mundo.

A Bíblia apresenta ao homem os mais elevados ideais que já pautaram a civilização.

A indestrutibilidade da Bíblia. A Bíblia tem sofrido muitos ataques. No

entanto, tem resistido a todos os ataques e a todos os atacantes. Diocleciano tentou exterminá-

la (c.303 d.C.); no entanto não conseguiu. Prosseguem os ataques da parte de alguns

cientistas, de alguns psicólogos e de alguns líderes políticos, mas a Bíblia permanece ilesa,

indestrutível. A Bíblia continua mais forte do que nunca, depois desses ataques. Assim se

manifesta a seu respeito o Senhor Jesus: “passarão o céu e terra, mais as minhas palavras não

passarão” (Mc 13:31).

A integridade de seus autores. Quando homens sadios mentalmente, dotados de

reconhecida integridade moral, reivindicam inspiração divina e oferecem como evidência o

fato de haverem mantido comunicações com o Cristo ressurreto, todas as pessoas de boa fé,

que buscam a verdade, precisam reconhecer a realidade desses fatos. Em suma, a honestidade

dos escritores da Bíblia constitui comprovante da autoridade bíblica que reveste seus escritos.

As Características da Canonicidade

O que é canonicidade? Como um livro chega a ser aceito como sagrado ou vindo de

Deus? Que diremos a respeito dos chamados livros ausentes? São questões que abordaremos

nesta seção.

Canonicidade e Formação da Bíblia

Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que

nos foram dados por inspiração de Deus. Há, portanto, dois processos complementares, porém

distintos aí implicados: reconhecimento da sacralidade e procedência dos escritos e sua

compilação.

A palavra cânon deriva do grego Kanon (cana, régua), que por sua vez se origina do

hebraico Kaneh (ou qaneh), palavra do Antigo Testamento que significa “vara ou cana de

medir” (Ez. 40:3 a 5). Contudo a palavra adquiriu também um sentido metafórico, sendo

empregada para definir normas ou padrões que servem para regular e medir. Os significados

possíveis mais comuns para o termo kanon são:

1. Cana;

2. Vara longa para tomar medidas (usada por pedreiros e carpinteiros);

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3. Normas e padrões para regular e medir;

4. Regra de fé;

5. Ordenamento religioso (geralmente no plural, “cânones”);

6. Parte da liturgia;

7. Elenco dos santos católicos;

8. Escrituras Sagradas.

Esta última acepção foi utilizada pela primeira vez para o NT por Atanásio, bispo de

Alexandria, no ano de 367 d.C., sendo já comum essa acepção da palavra kanon no século IV

“tanto nas igrejas do Oriente quanto nas do Ocidente, como se pode constatar na leitura das

obras de Gregório, Priciliano, Rufino, Santo Agostinho e São Jerônimo”.(SÁNCHEZ. 1998,

p. 156).

O Cânon bíblico, segundo Sánchez (1998), é o catálogo de livros considerados

normativos para os crentes e que, portanto, pertencem, com todo direito, às coleções incluídas

no Antigo Testamento e no Novo. “O cânon da Bíblia delimita os livros que os crentes têm

considerado como inspirados por Deus para transmitir a revelação divina à humanidade, ou

seja, estabelece os limites entre o divino e o mundo: apresenta a revelação de Deus de forma

escrita”.(SÁNCHEZ, 1998, p. 155).

Concepções Equivocadas Sobre o que Determina a Canonicidade

1. A idade determina a canonicidade. Essa concepção erra o alvo duplamente.

Primeiro, muitos livros antiqüíssimos, como Os Livros dos Justos e o Livro das Guerras do

Senhor, nunca foram aceitos no cânon. Segundo, alguns livros foram inseridos no cânon

imediatamente, a exemplo dos livros de Moisés (Dt. 31:24-26) e Jeremias (Dn. 9:2).

2. O hebraico determina a canonicidade. Nem todos os livros redigidos em

hebraico foram aceitos, como no caso dos livros apócrifos e de outros documentos (Js. 10:13)

enquanto algumas partes de Daniel e Esdras foram escritas em aramaico. A língua hebraica

em si não era sagrada.

3. Acordo com a Torá. Não é a Torá que determina a canonicidade de um livro,

antes, o fator que determinava a canonicidade da Torá era o mesmo que determinaria o de

todas as Escrituras Sagradas. Em outras palavras: o considerar a Torá como medida de todas

as coisas não explica quem deu canonicidade à Torá. Além disso, muitos textos estavam de

acordo com a Torá, mas jamais foram aceitos como inspirados, a exemplo do Talmude e o

Midrash.

4. O valor religioso determina a canonicidade. Nem todos os livros que possuem

valor espiritual são automaticamente canônicos, como alguns tesouros da literatura judaico-

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cristã, dos quais alguns são apócrifos. Não podemos confundir causa e efeito. Não é o valor de

um livro que determina sua autoridade divina, mas é autoridade divina que determina seu

valor.

Idéia Básica para Compreender Canonicidade

Deus é quem dá autoridade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam. Sejam

quais forem às medidas usadas pela igreja para descobrir com exatidão a autoridade canônica,

jamais se deve dizer que são essas medidas que a determinam. Só Deus pode conceder a um

livro autoridade absoluta. A Ele compete a inspiração que investe a mensagem de autoridade,

a nós o reconhecimento e aceitação, ou seja, inclusão do cânon sagrado e consideração como

regra de fé e prática.

Princípios para Identificar um Livro Canônico

Não devemos imaginar uma comissão de Pais da Igreja carregando pilhas e livros

para análise. O processo de canonização era muito natural. Algumas características, contudo,

eram mais claras que outras, como no caso das mensagens dadas por profetas reconhecidos e

honrados. Outras características, porém, eram mais implícitas, requerendo certo tempo para

determinar a canonicidade de um livro. “É muito difícil determinar com precisão os critérios

que foram aplicados para estabelecer a canonicidade dos livros. Alguns estudiosos supuseram,

que entre os critérios se encontravam o caráter legal dos escritos e a idéia que foram

inspirados por Deus”.(SANCHEZ, 1998, p. 160).

Há cinco critérios básicos que parecem perpassar o processo de canonização dos

livros que foram incluídos na Bíblia:

1. Autoridade de um livro. Expressões como “assim diz o Senhor” a revelam.

Tais expressões ficam mais implícitas nos livros históricos, mas os livros proféticos estão

repletos de frases tais como “o Senhor me disse” e “a palavra do Senhor veio a mim”. Os

livros que não tinham nenhuma reivindicação de procederem de Deus eram rejeitados como

canônicos. O livro de Ester, por exemplo, foi inicialmente questionado como canônico, porém

aceito posteriormente pelos judeus.

2. Autoridade Profética de um livro. A palavra de Deus só foi entregue a seu povo

mediante os profetas de Deus. Todos os autores bíblicos tinham um dom ou função profética,

embora nem todos tenham sido profetas por ocupação (Hb. 1:1).

3. Confiabilidade de um livro. Todo e qualquer livro que contenha erros factuais

ou doutrinários (segundo o julgamento de revelações anteriores), não pode ter sido inspirado

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por Deus. Não pode haver incoerência nas palavras divinas. Por esse motivo foi rejeitada

grande parte dos livros Apócrifos. Suas anomalias históricas e heresias teológicas fizeram

com que fossem rejeitados.

4. A natureza dinâmica de um livro. A capacidade de um texto para transformar

vidas. A palavra de Deus é viva e eficaz (Hb. 4:12). Alguns livros foram postos de lado, pois

não conduziam os crente ao crescimento na verdade de Jesus Cristo.

5. A aceitação de um livro. A marca final de um documento escrito e autorizado é

o seu reconhecimento pelo povo de Deus a quem estava destinado. Quando muitos não davam

pronto reconhecimento às mensagens dos profetas, Deus assumia a defesa de tais textos, como

nos casos de Moisés desafiado por Coré, ou Elias desafiado pelos profetas de Baal.

“A questão de poder ou não a falta de confiabilidade afastar a confirmação de um

livro profético é puramente hipotética. Nenhum livro concedido por Deus pode ser falso”.

(GEISLER e NIX, 1997, p. 71).

O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON NO A.T.

A história da canonização da Bíblia é incrivelmente fascinante trata-se de um livro

escrito e coligido ao longo de quase 2 mil anos, sem que cada autor estivesse consciente de

como sua contribuição, como seu título se enquadraria no plano global.

Deus inspirou os livros, o povo original de Deus reconheceu-os e os colecionou.

Os três passos mas importantes no processo de canonização são: Inspiração de Deus,

foi Ele quem deu o primeiro passo no processo de canonização. Outro passo é o

reconhecimento por parte do povo de Deus, a partir do momento que o livro fosse copiado e

circulado com credencias da comunidade dos crentes passava a pertencer ao cânon. O último

passo era a preservação da coleção de livros pelo povo de Deus, os escritos eram preservados

na Arca (Dt 31:26), as palavras de Samuel foram colocadas “num livro”, e o pôs perante o

Senhor (I Sm 10:25).

A diferença entre os livros canônicos e os apócrifos é que os canônicos são

normativos (tem autoridade). É importante ressaltar que “os autores bíblicos testificam que o

seu testemunho não se origina com eles próprios , mas que suas mensagens vem diretamente

de Deus”.(Nisto Cremos, 26). Os livros inspirados exercem autoridades sobre os crentes, os

não inspirados poderão ter algum valor devocional ou para edificação espiritual, mas jamais

poderão ser usados para definir doutrinas.

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O Desenvolvimento do Canôn

O fator significativo foi a coleção dos livros proféticos. Tais livros foram

preservados como inscritos divinos autorizados.

Desde o início, os inscritos proféticos foram reunidos e reverenciados como escritos

sagrados, autorizados, de inspiração divina. As leis de Moisés foram preservadas ao lado da

arca, no tabernáculo de Deus (Dt 31:24-26) e mais tarde, no templo (II reis 22:08) Josué

acrescentou suas palavras “no livro da lei de Deus”. Então tomou uma grande pedra e erigiu

junto ao Santuário de Senhor” (Js 24:26). Samuel informou os israelitas a respeito dos deveres

de seu rei “ e escreveu-o no livro e pos perante o Senhor .

De acordo com Ezequiel, havia um registro oficial de profetas e seus escritos no

templo (Ez 13:09) Daniel refere-se aos “livros” que continham a “lei de Moisés” e os

“profetas” (Dn 9:2,6,11). Os autores dos livros de Reis e Crônicas estavam cientes da

existência de muitos livros escritos pelos profetas que narravam toda a história anterior ao

exílio babilônico.

Esta evidência de uma coleção progressiva de livros proféticos se confirma pelo uso

específico de escritos de profetas antigos que viriam mais tarde. Os livros de Moisés são

citados por todo o Antigo Testamento desde Josué (Js 1:17) até Malaquias (Ml 4:04), em

Juízes (Jz 1:21-28) há referencias a Josué e os acontecimentos narrados no seu livro. Os livros

de Reis citam Davi conforme narrados no livro de Samuel (I Reis 3:14), Daniel cita Jeremias

(Jr 9:02), o profeta Jonas cita partes de muitos salmos (Jn 2), Ezequiel menciona Jó e Daniel

(Ez 14:14-20).

Nem todos os livros de determinadas épocas são mencionados em livros da época

posterior; todavia há menções suficientes para demonstrar que existiu uma coleção de livros

divinamente inspirados dotados de uma autoridade divina, que os profetas subseqüentes

faziam uso, citando-os em suas profecias. Houve pois uma coleção crescente de escritos

proféticos: o Antigo Testamento em formação, cada profeta que surgia ligava sua história aos

da história existente, narrada pelos seus predecessores, formando uma corrente contínua de

livros.

A evidência de que o cânon do Antigo Testamento se conclui com os profetas. Até

agora mostrou-se que as Escrituras Hebraicas como um todo haviam sido coligidas em duas

grandes seções: Os cinco livros de Moisés e os dezessete (ou dezenove) profetas que

sucederam Moisés. Demonstrou-se que houve continuidade nas escrituras destes profetas,

cada profeta apoiou-se na autoridade dos escritos anteriores e acrescentou sua contribuição à

crescente coleção das escrituras sagradas.

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Na época de Neemias (400 a. C.) a sucessão profética havia produzido e coligido os

22 livros do Cânon hebraico. Não havia uma terceira seção do Cânon, escrita e reconhecida

naquela época (que pudesse ser usada para dar apoio aos apócrifos). As evidências são:

1 – Não se tem certeza sobre o alegado concílio judeu de Jâmnia (90 dC.), época em

que supostamente a terceira seção de escritos teria sido canonizada. Para o judeu não houve

um concílio autorizado. Assim, não houve canonização de livros em Jâmnia.

2 – O livro de Daniel, que na opinião da alta crítica pertencia à seção dos escritos

porquanto era lido como um livro mais recente e não profético havia sido relacionado por

Josefo entre os livros dos profetas e a referência que Jesus fez a Daniel como profeta

confirmam isso;

3 – O Novo Testamento cita quase todos os livros do Cânon Hebraico mesmo os

chamados escritos;

4 – O livro dos Salmos, relacionado à terceira seção por Josefo, fazia parte dos

profetas. Jesus usou a expressão “Moisés e os profetas e [ ...] salmos” num paralelismo com a

expressão “ Moisés e os profetas”;

5 – De acordo com Josefo e com o Talmude a sucessão dos profetas encerrou-se com

Malaquias nos dias de Neemias (c. 400 a. C.);

Mas o fato é que o Cânon completo do Antigo Testamento é mencionado sempre

como “a lei e os profetas”.

A Extensão do Cânon do Antigo Testamento

Por volta do século IV a.C o cânon hebraico já estava formado contendo 22 livros.

(39 de nossa Bíblia). Mas, estudiosos de eras posteriores levantaram questionamento sobre

determinados livros que se candidataram à canonicidade.

A discussão originou uma terminologia técnica da seguinte forma:

-Homologoumena (falar comum), livros aceitos por todos.

-Antilegomena (falar contra), livros questionados.

-Pseudepígrafo (falso nome), livros rejeitados por todos.

-Apócrifo (oculto, escondido, duvidoso), livros aceitos por alguns.

Os Homologoumena do AT

A canonicidade de alguns livros jamais foi questionada por nenhum dos grandes

rabis da comunidade judaica, entre estes estão 34 dos 39 livros do Antigo Testamento que

podem ser classificados como Homologoumena.

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Os Antilegomena do AT

Já vimos que dos 39 livros 34 foram aceitos por todos (homologoumena).

Os outros questionados (antilegomena) são: Cânticos dos Cânticos, Eclesiastes,

Ester, Ezequiel, Provérbios. Cada um se tornou controvertido por motivos diferentes, que

seriam:

-Cânticos dos Cânticos - seria muito sensual.

-Eclesiastes - teria um conteúdo cético.

-Ester –ausência do nome de Deus.

-Ezequiel – seria anti-mosaico.

-Provérbios – os provérbios se contradiziam entre si.

Todos estes questionamentos devia-se a interpretação e não a canonicidade e a

inspiração. Assim sendo, logo foram aceitos como inspirados.

Pseudepigrafos do AT

Grande número de documentos religiosos espúrios circulavam entre a antiga

comunidade hebraica - eram conhecidos como pseudepigrafo.

Comumente se colocava o nome (epigrafe) do autor no livro. Estes documentos eram

atribuídos a pessoas que não o tinham escrito, ou seja, o nome (epigrafe) era pseudo (falsos)

nomes falsos ou falsos autores. O nome referia-se a serem escritos falsos.

A maior parte surge de tradições e fantasias religiosas. Com freqüência sua origem

estava em especulações espirituais, em assuntos que não ficaram claro nas Escrituras

Canônicas, como, por exemplo, a ressurreição de Moisés, que deu origem ao livro Ascensão

de Moisés, o livro de Enoque que fala deste patriarca, etc.

No entanto nem tudo nestes escritos são falsos, existe verdade neles e estas são

citadas por autores bíblicos como Paulo que fala sobre Janes e Jambres (II Tm 3:8), e Judas

sobre a ressurreição de Moisés (Jd 14,15), o fato de serem citados não lhes confere autoridade

como inspirados.

Lista de alguns pseudepígrafos

O Livro do Jubileu

Epístola de Aristéia

O Livro de Adão e Eva

O Martírio de Isaías

O Oráculo Sibilino

Assunção de Moises

2Enoque

2Baruque

Pirque e Abote

A História de Aicar

Salmos de Salomão

Salmo 151

Fragmentos de uma obra de

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1Enoque

Testamento dos Doze

Patriarcas

3Baruque

3Macabeus

4Macabeus

Sadoque

Apócrifos do AT

Apócrifo quer dizer, escondido, oculto, duvidoso. Eles preenchem a lacuna ente

Malaquias e Mateus. Compreende dois ou três séculos a.C. Alguns livros apócrifos são

aceitos pelos católicos como canônicos, e são usados para sustentar pontos doutrinários. Eles

são rejeitados como canônicos pelos protestantes e judeus mas aceitos por estes como fonte de

valor histórico e religioso.

Que os livros apócrifos não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:

1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.

2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.

3. A maior parte dos primeiros Pais da Igreja rejeitou sua canonicidade.

4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos se não no final do século IV.

5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente

os livros apócrifos.

6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma rejeitaram os

livros apócrifos.

7. Nenhuma Igreja Ortodoxa Grega, Anglicana ou Protestante, até a presente data,

reconhece os apócrifo como inspirados e canônicos no sentido integral destas palavras.

Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade,

verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte:

1. Os apócrifos não reivindicam serem proféticos.

2. Não detêm a autoridade de Deus.

3. Contem erros históricos (v.Tobias 1.3-5 e 14.11), e graves heresias teológicas,

como oração pelos mortos (2 Macabeus 12.45[46]; 4,).

4. Há evidente ausência de profecia.

5. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.

6. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados,

recusou-os terminantemente.

Seja qual for o valor que se lhe atribui, fica evidente que a Igreja como um todo

nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.

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Lista de alguns Apócrifos

Sabedoria de Salomão

Eclesiastico (Siraque)

Tobias

Judite

1Esdras

1Macabeus

2Macabeus

Baruque

Epistola de Jeremias

2Esdras

Adições a Ester

Oração de Azarias

Suzana

Bel e o Dragão

Oração de Manassés

O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON DO N.T.

Desde o começo, o cristianismo era uma religião internacional e não havia

comunidade profética fechada que recebia livros inspirados que os coligisse em

determinado lugar. Isso fez com que os livros apostólicos demorassem um pouco até se

tornarem universalmente aceitos. Quando os 27 livros canônicos do Novo Testamento

foram finalmente aceitos e reconhecidos pela comunidade cristã, não mais houve

movimentos para acrescentar ou eliminar livros.

Durante os quatro primeiros séculos, várias forças contribuíram para que o

mundo cristão da antiguidade providenciasse o reconhecimento oficial dos 27 livros

canônicos do Novo Testamento. Destacamos três estímulos principais:

1. Estímulo eclesiástico: havia necessidade de saber que livros deveriam

ser lidos nas igrejas e quais deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras de

pessoas convertidas.

2. Estímulo teológico: tinha como causa a necessidade de se definir quais

livros deveriam ser usados para ensinar as doutrinas com autoridade divina.

3. Estímulo político, caracterizado pela influência política. As perseguições

de Diocleciano (c. 302-305) foi um forte motivo para definir a lista dos livros canônicos

e assim preservá-los.

Existe fortes evidências a mostrar que os primeiros cristãos coligiram e

preservaram os livros inspirados do Novo Testamento. Alguns desses livros foram

copiados e circularam entre as igrejas primitivas. Existem também evidências

neotestamentárias de um cânon crescente, na Ásia Oriental (1Pedro), na Ásia Ocidental

(Apocalipse) e até mesmo na Europa (Romanos), e outros. Por haver grande diversidade

geográfica de origens e destinatários, é compreensível que nem todas as igrejas

haveriam de possuir, de imediato, as cópias de todos os livros inspirados do Novo

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Testamento. Devido aos problemas de transportes e de comunicação. Apesar de tão

grande dificuldade, a igreja primitiva começou de imediato a coligir todos os escritos

apostólicos que pudessem autenticar.

- Seleção dos livros fidedignos: desde o início, existiram escritos falsos em

circulação. João informa-nos que Jesus fez muitos outros sinais “que não estão escritos

neste livro” (João 20:30), visto que, se todos fossem escritos, “cuido que nem ainda o

mundo todo poderia conter os livros que seriam escritos” (João 21:25). Enquanto as

testemunhas oculares da vida e ressurreição de Cristo estivessem vivas, tudo poderia

sujeitar-se à autoridade do ensino e da tradição oral dos apóstolos. Em resumo, existem

muitas evidências de que no seio da igreja do século I havia um processo seletivo em

operação, submetida ao ensino apostólico. Tal fonte primordial de autoridade apostólica

era o cânon, mediante o qual a igreja escolheu os escritos aos quais obedeceria.

- Leitura de livros autorizados: outro sinal de que o processo da canonização

do Novo Testamento teve início na igreja do século I foi a prática da leitura pública

oficial dos livros apostólicos. Tal leitura das palavras autorizadas de Deus era um

costume antigo. Todas as igrejas no tempo e no espaço teriam a obrigação de lê-las, e, à

medida que as igrejas iam recebendo, lendo e coligindo essas cartas, cheias de

autoridade divina, lançavam os alicerces de uma coleção crescente de documentos

inspirados.

- A circulação e compilação dos livros: já havia nos tempos do Novo

Testamento algo parecido com uma declaração do cânon das Sagradas Escrituras,

circulando pelas igrejas. Não há dúvidas de que as primeiras cópias das Escrituras

surgiram dessa prática de fazer que circulassem as cartas apostólicas. Com o passar do

tempo, mais e mais congregações desejavam ter sua compilação para as leituras

regulares e para os estudos, ao lado das Escrituras do Antigo Testamento. Logo de

início as primeiras igrejas foram exortadas a selecionar apenas os escritos apostólicos

fidedignos. Já pelo final do século I, todos os 27 livros do Novo Testamento haviam

sido recebidos e reconhecidos pelas igrejas cristãs. O cânon estava completo, e todos os

livros haviam sido reconhecidos pelos crentes de outros lugares.

A Confirmação da Compilação Oficial dos Livros Canônicos

Evidencia-se de várias maneiras a confirmação da canonicidade do Novo

Testamento. Logo após a era dos apóstolos, vê-se nos primeiros escritos dos Pais da

Igreja o reconhecimento da inspiração de todos os 27 livros. Em apoio ao testemunho

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dos apóstolos temos as antigas versões, as listas canônicas e os pronunciamentos dos

concílios eclesiásticos. Todos juntos constituem elo histórico de reconhecimento desde

a concepção do cânon, nos dias dos apóstolos, até a confirmação irrevogável da igreja

universal, em fins do século IV.

O processo de coligir os escritos apostólicos confiáveis iniciou-se nos tempos

do Novo Testamento. No século II houve exame desses escritos mediante a citação da

autoridade divina de cada um desses 27 livros do Novo Testamento. No século III, as

dúvidas e objeções a respeito de determinados livros prosseguiram, culminando nas

decisões dos Pais da Igreja e dos concílios influentes do século IV. A partir de então, ao

longo dos séculos, a igreja vem sustentando a canonicidade desses 27 livros.

A Extensão do Cânon do Novo Testamento

Hoje o Novo Testamento como o temos, está completo e é aceito por todos os

cristãos, mas alguns ainda se perguntam: Será que tudo isto é verdade? Será que alguma

coisa não foi acrescentada ou omitida? Neste estudo falaremos sobre a extensão do

Cânon do Novo Testamento e tentaremos responder a algumas perguntas como: quais

teriam sido precisamente os livros do cânon do NT, que foram objetados pela Igreja?

Com base em que tiveram sua aceitação definitiva? E o que dizer dos livros apócrifos e

os pseudepígrafos. Essas perguntas são o ponto de partida dessa seção.

Os livros aceitos por todos – homologoumenas do NT

Como o Antigo Testamento, a maioria dos livros do NT foi aceita pela igreja

logo de início, por todos os pais da Igreja e aparece na maior parte das traduções e

cânones da Igreja primitiva. Dos 27 livros do NT 20 deles foram aceitos por todos. Os

que tinham objeções e não entraram na lista dos homologoumena foram: Hebreus,

Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse. Outros três livros, Filemom, 1 Pedro e 1

João às vezes ficam de fora do reconhecimento, no entanto é melhor dizer que foram

omitidos, não questionados.

Os livros rejeitados por todos – Pseudepígrafos do NT

Surgiram durante os séculos II e III e eram, totalmente absurdos, heréticos e

espúrios, praticamente nenhum Pai da Igreja, ou cânon, ou concílio aceitou tais livros

como canônicos, pois, eram cheios de erros e ensinos gnósticos, docetas e ascéticos.

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Os Gnósticos eram uma seita filosófica que não acreditava na encarnação de

Cristo por acharem que a matéria é má. Já os Docetas ensinavam a divindade de Cristo,

porém, negavam sua humanidade. Os Monofisistas Ascéticos diziam que Cristo possuía

apenas uma natureza, uma fusão do divino com o humano. Esses livros traziam uma

tendência mórbida e doentia de dar apoio a idiossincrasias doutrinárias, mediante

fraudes aparentemente piedosas.

O numero desses livros é difícil de ser apurado, no século XIX Fótio havia

relacionado 280 obras divididas em quatro partes das quais podemos citar:

Evangelhos:

O evangelho de Tomé (séc. I); dos Ebionitas (séc. II); um falso evangelho de

Pedro (séc. II); o proto-evangelho de Tiago (séc. II); os evangelhos dos Egípcios (séc.

II) o evangelho do carpinteiro José e outros como um evangelho de um pseudo Mateus

do século V.

Atos:

Os atos de Pedro; de João; de André; de Tomé; os atos de Paulo; de Matias,

Felipe e Tadeu.

Epistolas:

A carta atribuída ao nosso Senhor, uma suposta resposta de Jesus a um pedido

de cura de alguém, dizia que Jesus enviaria alguém após a sua ressurreição; a carta

perdida aos corintios; a carta de Paulo aos laodicensses e outras.

Apocalipses:

De Pedro; de Paulo; de Tomé, Estevão, o segundo apocalipse de Tiago; o

apocalipse de Messos e o de Dositeu.

Outras três obras de cunho gnóstico do século III foram descobertas em 1946,

em Nag-hammadi no Egito: o livro secreto de João; tradições de Matias; e o Diálogo do

Salvador.

Todos estes foram rejeitados por seus falhos ensinos e por não apresentarem

nenhum valor devocional, sendo apenas históricos, revelando somente as crenças de

seus autores.

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Os Livros Questionados por Alguns – Antilegomena do NT

Estes foram questionados somente enquanto não chegavam a todas a igrejas,

mas, logo que isso se deu foram aceitos por todos os Pais da Igreja, sendo também desta

forma canonizados. Foram eles os livros seguintes:

1. Tiago – devido a alegada justificação pelas obras e não afirmar ser apóstolo. As

igrejas originais, contudo, sabiam da procedência apostólica e a justificação pelas

obras foi erro de interpretação.

2. Hebreus - por não se identificar explicitamente como apostólico e não se declarar o

autor. A igreja finalmente o aceitou como sendo de Paulo e o conteúdo reivindicou

sua autoridade apostólica.

3. 2 Pedro – pela diferença de estilo com 1 Pedro. Essa objeção foi resolvida devido ao

conhecimento de que I Pedro foi resultado de um escriba (secretário) o que

interferiu no estilo e os temas serem petrinos de fato.

4. 1 e 2 João – não identificou-se como apóstolo e circulou pouco no início. As

dúvidas não sobreviveram devido a que Policarpo, discípulo de João, entre outros,

aceitou como sendo do apóstolo. Além disso os temas e estilo são joaninos e o

termo presbítero era o título dos apóstolos (I Pedro 5:1; Atos 1:20) e o termo

apóstolo denotava o Dom (Efésios 4:11).

5. Judas – por uma citação e uma referência a dois pseudoepígrafos. A citação de

outras fontes não canonizava tais fontes, apenas destacava verdades incrustradas

nesses outros livros. Além disso Paulo e outros autores bíblicos usam citações e

recursos literários não bíblicos. (Atos 17:28; I Cor. 15:33; Tito 1:12)

6. Apocalipse – devido ao ensino do milênio no capítulo 20. O fato de ser um dos

primeiros livros que tinham sido aceitos pelos primeiros pais da igreja e se encontrar

mencionado como aceito nas primeiras produções literárias da igreja (Didaquê; O

Pastor; Cânon Muratoriano) forneceu a base para o fim do questionamento.

Todos esses livros após uma cuidadosa investigação foram aceitos como canônicos uma

vez que todas as objeções foram refutadas e as dúvidas sanadas.

Os Livros Aceitos por Alguns – Os Apócrifos do NT

A distinção que se faz entre os apócrifos do NT, tentando insinuar sua

canonicidade, e os pseudepígrafos não é autorizada, pois apenas alguns apócrifos eram

aceitos em algumas comunidades enquanto em outras eram rejeitados, a isto Alexander

Souter chamou de “uma canonicidade temporal e local”. Diversas razões fizeram com

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que estes livros tivessem mais importância do que os pseudepígrafos e assim fizessem

parte das bibliotecas devocionais e homiléticas das igrejas primitivas. 1) esses livros

revelam o ensino da igreja do século II; 2) fornecem documentação da aceitação dos 27

livros canônicos do NT e 3) fornecem outras informações da igreja primitiva no que

concerne a sua doutrina e liturgia.

Esses livros não são fáceis de serem enumerados, contudo tentaremos formular

uma lista:

A Epístola de Pseudo-Barnabé; uma Epístola aos Corintios; a Homilia Antiga,

chamada de Segunda Epístola de Clemente; o Pastor de Hermas; o Didaquê, ou ensino

dos doze discípulos; Apocalipse de Pedro; Atos de Paulo; Carta aos Laodiceanos; o

fragmento Muratório; o Evangelho Segundo os Hebreus; a Epístola de Policarpo aos

Filipenses e Sete Epístolas de Inácio.

Concluindo este estudo podemos dizer que a grande maioria dos livros do NT,

jamais sofreram polêmicas quanto à inspiração, os que foram questionados, o foram por

pouco tempo e todos os que a igreja rejeitou foram sendo separados do cânon, portanto,

os 27 livros que compõem o NT são sem dúvida alguma, fiéis e confiáveis e, portanto

merecedores de total confiança.

AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA

Visto que a Bíblia vem passando por quase dois mil anos de transmissão

através de cópias de cópias, é razoável que se pergunte se a Bíblia que dispomos hoje,

constitui uma reprodução exata dos textos hebraicos e gregos. Afinal será que sofreu

alguma alteração neste longo processo de transmissão?

A fim de responder a esta pergunta e tratar melhor este assunto, faremos uso da

ciência da crítica textual que analisa as línguas, os materiais da Bíblia bem como as

evidências dos próprios manuscritos.

A importância das línguas escritas: nos tempos bíblicos Deus usou diversos

meios em várias ocasiões para comunicar sua vontade ao povo. Por exemplo, usou anjos

(Gn 18,19; Ap 22:8-21), o lançar sorte, além de Urim e do Tumim (Ex 28:30; Pv

16:33), voz da consciência (Rm 2:15) e da criação (Sl 19: 1-6). Além disso Deus usou

vozes audíveis (I Sm 3) e milagres diretos ( Jz 6: 36-40). Porém esses métodos sofriam

limitações e deficiências quando comparadas a outros meios de comunicação de

maiores amplitudes e melhores recursos.

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Seria incorreto afirmar que os métodos não eram bons, no entanto havia um

caminho mais excelente, através do qual Deus decidiu comunicar aos homens de

maneira permanente por todas as eras, por meio da escrita. Vantagens deste método:

Preciso, ou seja, (claramente entendido pelo autor e facilmente assimilado pelo

leitor).

Permanente (pode preservar o pensamento ou a expressão sem que o percamos

por lapso da memória, ou por vacilação mental).

Objetivo (por ser objetiva, a escrita têm caráter definitivo e combate a má

interpretação e má transmissão da mensagem).

Disseminação (outra vantagem da língua escrita sobre as demais, é a fácil

propagação).

Línguas em que a Bíblia Foi Escrita

As línguas utilizadas na escrita do Antigo Testamento foram o hebraico e o

aramaico da família Semítica (Ed 4:7-6:18; 7:12-26 e Dn 2:4-7:28). E a língua do Novo

Testamento é predominantemente o grego, da família indo-européia.

Apesar de Jesus e seus discípulos falarem o aramaico (sua língua materna) e o

hebraico influenciar mediante expressões idiomáticas e o latim ter emprestado muitas

palavras como: tribuno, legião, centurião, o Novo Testamento foi escrito em grego, pois

esta era a língua quase universal da época.

O Desenvolvimento das Línguas Escritas

Até chegarmos ao alfabeto desenvolvido pelos fenícios durante o II milênio

a.C. passou-se por três estágios: Os pictogramas (figuras que representavam seres

humanos ou animais como o boi, o leão, etc); os ideogramas (figuras que representavam

idéias em vez de pessoas e objetos, exemplo: a águia representava o poder, o boi a

força) e os fonogramas (figuras que representavam sons em vez de objetos ou idéias.

Exemplo: o desenho de uma boca poderia representar o verbo falar e uma perna o verbo

andar).

Conclui-se que Moisés “mais ou menos 1450 anos a.C.”, e os demais autores

da Bíblia escreveram na época em que a humanidade estava “alfabetizada”, ou melhor

dizendo, podia comunicar seus pensamentos por escrito.

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Os Materiais e os Instrumentos da Escrita

Os autores das escrituras empregaram os mesmos materiais em uso no mundo

antigo. Por exemplo: as tabuinhas de barro (Jr 17:13), as pedras (Ex 24:12; 32:15, 16),

o papiro (Ap 5:1, II Jo 12), velino, pergaminho e couro (Jr 36:23), o metal (Ex 28:36;

Mt 22:19,20), a cera (Is 8:1; 30:8, Lc 1:16), as pedras preciosas (Ex 39:6-14), os cacos

de louça (Jó 2:8). O linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, mas não se tem

indícios de ter sido usado na escrita bíblica.

Entre os vários instrumentos usados para que se produzissem os registros

escritos nos materiais mencionados acima estava: o estilo (instrumento com formato em

pontalete triangular, Gn 17:1), o cinzel (usado para fazer escrito em pedra, Js 8:31,32)

conhecido como “pena de ferro”, a pena (para escrever em papiro III Jo 13), o canivete

(Jr 36:23) e a tinta.

A Preparação e a Preservação dos Manuscritos

Os escritos originais, autênticos, chamados autógrafos, escritos pelos profetas

ou seus secretários não mais existem. Por essa razão precisaram ser reconstituídos a

partir de manuscritos e versões primitivas do texto da Bíblia.

Manuscritos do Antigo Testamento foram retirados de cópias das escrituras que

datam da era do Talmude (c. 300 a.C. 500 d.C). Nesta época houve uma grande

reprodução de cópias dos escritos sagrados que deram origem aos rolos das sinagogas e

as cópias particulares. Os rolos das sinagogas ou escritos sagrados foram escritos sob

regras rigorosas, e eram lidos apenas em cultos, reuniões públicas e nas festas anuais. Já

as cópias particulares foram escritas com grande cuidado, mas não sob regras tão

rigorosas quanto as que regiam a confecção das cópias das sinagogas, e eram poucos os

que possuíam uma coleção completa do Antigo Testamento.

O Novo Testamento provavelmente foi escrito em rolos de papiro entre os anos

de 50 a 100 d.C. E por volta do início do II século introduziram-se códices de papiro

mas estes também eram perecíveis. As cópias do Novo Testamento só foram produzidas

sistematicamente após a perseguição romana e as principais cópias impressas tornaram-

se disponíveis após a reforma protestante.

Por não haver registros de datas nos manuscritos, para se apurar a idade dos

mesmos, recorre-se aos métodos que avaliam:

Os materiais empregados na confecção dos mesmos (peles, papiros, velino e o

pergaminho).

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O tamanho da letra e forma, por exemplo, as letras hebraicas em formato de

garfo prevalecem até a época de Neemias (c.444 a.C.), já as letras quadradas passaram a

serem usadas após o ano 200 d.C.

A pontuação passou a ser usada em maior quantidade durante o século VI

pelos escribas e ao redor do século VIII passam a ser empregados não só os espaços

mas, também o ponto-final, a vírgula, o ponto-e-vírgula, acentos e mais tarde a

interrogação. Este longo processo completou-se por volta do século X.

As divisões do texto (usadas desde o Antigo Testamento em alguns livros,

como o de Lamentações e Salmos 119). Porém, a Torá foi dividida em 54 seções

durante o cativeiro babilônico. Mas foi durante o período da reforma que o Antigo

Testamento começou a seguir a divisão em capítulos pelos protestantes, e só depois de

900 d.C começou a padronizar-se a divisão em versículos. Após várias modificações

durante um longo período de tempo a primeira Bíblia que empregou a divisão atual de

capítulos e versículos foi a Bíblia inglesa de Genebra em 1560.

Fatores diversos, outros fatores diversos estão presentes no processo de

datação de um manuscrito: tamanho e formato das letras, a ornamentação do

manuscrito, grafia das palavras, a cor da tinta, a textura e a cor do pergaminho.

OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS DA BÍBLIA

Dentre os vários fatores que tornam a Bíblia um livro singular, digno de

aceitação e confiança, é o caráter da preservação dos seus manuscritos. Somente o Novo

Testamento, possui mais de cinco mil (5.000) manuscritos, alguns datam desde o

primeiro século, e seguem uma genealogia perfeita nas eras que se seguiram, com

intervalos de menos de 100 anos, de um manuscrito para o outro.

Por outro lado, os livros clássicos da Grécia e de Roma, (que são livros

históricos e religiosos do mundo antigo), possuem uma quantidade baixíssima de

manuscritos em relação à Bíblia. A Ilíada de Homero, considerada a obra antiga com

maior quantidade de manuscritos, tem apenas 643 exemplares; da História de Roma, de

Tito Lívio, restaram apenas 20 exemplares; da obra Guerras Gálicas, de César, conhece-

se apenas nove ou dez manuscritos. Das Obras de Tácito, só foram encontrados dois

manuscritos, e nestes manuscritos existem brechas de 900 a 1000 anos de um

documento para o outro. O que é interessante, e ao mesmo tempo preocupante, é o fato

e que essas histórias antigas são ensinadas em faculdades sem nenhuma contestação,

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sem qualquer espírito crítico ou observações irônicas relativas à sua autenticidade e

confiabilidade, e sem levar em conta o exame dos manuscritos, mas simplesmente são

aceitos pacificamente como verdade histórica.

Isto nos leva a concluir que a Bíblia não é aceita pelos céticos, não pela sua

historicidade, mas por puro preconceito evidenciado em “reportagens” e

“documentários” na mídia e especialmente em revistas sensacionalistas cujo principal

objetivo é vender, atraindo público pela curiosidade e de quebra disseminando a

ideologia da incredulidade como se sustentando em “pesquisa”.

Os Manuscritos do Antigo Testamento

Existem menos exemplares em relação ao Novo Testamento. Isso é

compreensível devido a alguns fatores:

O primeiro e o mais óbvio é a própria antiguidade dos manuscritos, e a

sua degradação natural.

Outro fator é a constante deportação dos israelitas, que eram levados para

outras terras. Somente de 1800 a 1948 d.C., Jerusalém foi conquistada 47 vezes.

Outro fator responsável pela escassez de manuscritos do A.T. foi a lei

sagrada dos escribas, de que os manuscritos gastos pelo uso ou com erros fossem

destruídos e enterrados.

Os principais trechos hebraicos foram copiados durante o período massorético,

(os massoretas eram escribas judeus), eles tinham um cuidado muito grande ao fazerem

suas cópias. Segundo o Talmude, (tradição judaica), só determinados tipos de papel

podiam ser usados, tanto a escrita como a forma, eram controladas por leis rígidas, um

único erro era motivo para rasgar toda cópia. Desta forma os manuscritos que temos

hoje, são bem conservados e com pouquíssimas variantes entre os manuscritos.

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Os Rolos do Mar Morto

Até à descoberta de manuscritos bíblicos nas cavernas de Qumrã, perto do Mar

Morto, o mais velho manuscrito do Antigo Testamento era o

Codex dos Profetas de Leningrado, que

datava do século X de nossa era.

Rolos do Mar Morto é o nome

dado aos documentos encontrados na

região do Mar Morto, em Israel, no ano

de 1947. Um jovem beduíno de nome Mahamed Dib que estava tomando conta de um

rebanho de ovelhas, foi à procura de uma de suas ovelhas que estava perdida, com

receio de entrar nas cavernas da região, jogou uma pedra para que a ovelha fizesse

algum barulho, mais em vez da ovelha ele ouviu o barulho de um vaso de cerâmica se

quebrando. Receoso de entrar por causa de animais, foi chamar outros companheiros

para ver o que tinha no interior da caverna. Quando encontraram os vasos, pensaram

que tinham encontrado um tesouro, mas qual não foi sua decepção, quando viram que

eram apenas velhos pergaminhos. Sem saber o tamanho da descoberta que tinham feito

e pensando em ganhar algum dinheiro, venderam aos negociantes de antiguidades de

Belém. Um bispo sírio ortodoxo que passava, ao ver os pergaminhos, comprou boa

parte dos rolos. Em fevereiro de 1948, os rolos do bispo sírio foram levados à Escola

Americana de Pesquisa Oriental em Jerusalém para que sua autenticidade fosse

averiguada.

Após várias análises, seu valor foi reconhecido pelo jovem professor John C.

Trever. Foram enviadas cópias ao Dr. W. F. Albright, maior autoridade em paleografia

hebraica. Após verificar cuidadosamente, ele confirmou o julgamento de Trever e o

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cumprimentou pela “maior descoberta dos tempos modernos”. Foi então que o Prof.

Millar Burrows, diretor da Escola na época, fez o anúncio oficial à imprensa mundial

em 11 de abril de 1948.

Estes pergaminhos são os escritos de uma comunidade que viveu nos arredores do

Mar Morto aproximadamente entre os anos 150 a.C. a 70 a.D. Alguns manuscritos

datam de antes de 100 a.C. Entre os documentos encontrados estavam partes dos

livros do Velho Testamento, com exceção de Ester. O dado mais importante é que

foi encontrada uma cópia completa do Livro de Isaías.

A importância desta descoberta arqueológica é que os últimos textos bíblicos

encontrados por arqueólogos datam do ano 900 a.D., mais ou menos 1400 anos depois

que o Antigo Testamento possuía todos os livros que hoje o compõem. Este período de

tempo foi apontado como motivo de questionamento sobre a veracidade do texto

bíblico, uma vez que não se tinha nenhum documento da época que pudesse corroborar

com os textos bíblicos. Segundo os céticos, o texto original da Bíblia teria sofrido

alterações ao longo dos tempos, um período de 500 anos. Com a descoberta dos

Pergaminhos do Mar Morto, os cientistas agora averiguaram que os textos bíblicos

encontrados tinham os mesmos textos da Bíblia, o que confirma que o texto

sagrado continua basicamente inalterado.

Antes desta descoberta, os céticos afirmavam que o livro de Isaías, com todas as

uas profecias sobre o Messias, foi escrito depois do Novo Testamento com o objetivo de

afirmar e justificar Jesus Cristo como Deus. Os Pergaminhos do Mar Morto provam

que Isaías foi escrito antes do Novo Testamento e que as profecias escritas no livro

mostram que Deus é verdadeiramente o autor da Bíblia Sagrada.

Os pergaminhos de Isaías estão em exibição em Jerusalém.

Quanto às datas dos manuscritos e sua confiabilidade, existem várias evidências

que os tornam confiáveis:

Testes através de carbono 14 datam entre 168 a.C. – 233 d.C.

A Paleografia (estudos da escrita antiga e seus materiais) datam alguns

manuscritos antes de 100 a.C.

A arqueologia, mediante o estudo das cerâmicas encontradas nas grutas,

diz que é da era Helenística (150 – 163 a.C), e da era romana (63 – 100 d.C).

Os rolos fornecem espantosa confirmação da fidelidade do texto

massorético usado para a tradução das Bíblias modernas.

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Mostra que existem pouquíssimas alterações do texto, num período

aproximado de 1.000 anos.

Como já foi mencionado, o Novo Testamento possui uma multiplicidade de

manuscritos, que são escritos em Grego, e se dividem em categorias:

Os papiros → Datam do séc. I e II, quando o cristianismo ainda era

ilegal. Eram os materiais mais baratos, existem cerca de 26 manuscritos em papiro.

Unciais → Escritos em velino e em pergaminho nos séc. IV e V. Existem

cerca de 297 unciais. Eram dispostos em códices (forma de livro), sendo os mais

conhecidos: Códice Vaticano, Sinaítico, Alexandrino, Beza, entre outros, nos quais se

acha praticamente todos os livros do Novo Testamento.

Minúsculo → Eram manuscritos e lecionários escritos em relevo, (do séc.

IX – XV). Existem cerca de 4. 643 minúsculos.

Todos estes manuscritos estão em acervos históricos, em museus espalhados

por todo mundo. A cada ano pesquisadores estudam e se maravilham com a

conservação histórica do texto bíblico, e com sua linha contínua de transmissão.

Podemos afirmar com absoluta certeza, através dos manuscritos existentes, que

a Bíblia que hoje usamos, é a mesma que os Pais da Igreja primitiva usavam. E o

mesmo livro capaz de conduzir a Jesus que é “o caminho a verdade e a vida” (João

14:6), sendo a regra de fé para qualquer pessoa.

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Outros Testemunhos de Apoio ao Texto Bíblico

Os Papiros Não Bíblicos

O Novo Testamento é um exemplo lúcido de linguagem coloquial do século I.

Descobriram que o Novo Testamento não havia sido escrito numa “linguagem perfeita”,

como alguns pais latinos da igreja haviam presumido, mas que em seu vocabulário,

sintaxe e estilo, o Novo Testamento realmente é um registro do grego coloquial do

século I. Além disso, descobriram entre os papiros não bíblicos o pano de fundo que

constituía os antecedentes religiosos e culturais do século I.

Saliente-se o fato de que o Novo Testamento não foi escrito numa, por assim

dizer, língua do Espírito Santo. Em vez disso, havia sido escrito no grego comum,

comercial, do mundo romano, a língua do povo e dos mercados mundiais. Além disso,

os estilos da sintaxe e o vocabulário de Paulo, bem como os estilos de outros autores

eram amplamente utilizados no século I. Esses fatos nos levam a crer que, se o grego do

Novo Testamento era a língua comum do século I, segue-se que o Novo Testamento

deve ter sido escrito no século I.

Os Papiros Bíblicos

Um grupo de livros não canônicos foi descoberto entre os papiros. Uma

comparação de seu conteúdo com o do texto canônico revela sua natureza apócrifa.

Pouca dúvida deve existir de que tais dizeres apresentem um apelo local, possivelmente

herético; no entanto, deram origem a várias coleções de “dizeres” que refletem a

experiência religiosa popular dos séculos I e II.

Ostrácos

Os ostrácos são cacos de cerâmica freqüentemente utilizados como material de

escrita entre as classes mais pobres da antiguidade. Essas peças de cerâmica

permaneceram negligenciadas pelos estudiosos durante muito tempo, mas haveriam de

lançar mais luz ao texto bíblico.

As Inscrições

A larga distribuição e a grande variedade de inscrições antigas não só atestam a

existência dos textos bíblicos na época, mas também a importância deles. Há

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abundantes gravações em paredes, pilares, moedas, monumentos e outros lugares que

tem sido preservadas como testemunhas do texto do Novo Testamento.

Os Lecionários

Outra testemunha do texto do Novo Testamento que em geral tem sido

subvalorizada são os numerosos lecionários (livros usados no culto da igreja), que

continham textos selecionados para leitura, tirados da própria Bíblia. A maior parte

desses manuais teria surgido talvez entre os séculos VII e XII, e deles sobreviveram

dezenas de folhas e fragmentos, datados dos séculos IV e VI.

É preciso que se admita que os lecionários têm apenas valor secundário no

estabelecimento do texto genuíno do Novo Testamento. No entanto, desempenham

papel importante na compreenção de passagens específicas das escrituras.

As Remissões Patrísticas ao Texto Bíblico

O estudioso da crítica textual dispõe de citações patrísticas das escrituras que o

ajudam na busca do verdadeiro texto. Os pais que fizeram tais remissões e citações

viveram nos primeiros séculos da igreja. O fato de terem estado ao lado dos apóstolos e

terem usado os textos fornece informações a respeito da área, da data e do tipo exato do

texto largamente utilizado pela Igreja Primitiva.

A Época dos Pais da Igreja

Visto que o cânon do Antigo Testamento foi encerrado e reconhecido antes da

época de Cristo, a atitude dos Pais da Igreja Primitiva pode ser sintetizada da seguinte

maneira, nas palavras de B. F. Westcott: “Continuam a considerar o Antigo testamento

um registro completo e duradouro da revelação de Deus. Num ponto notável eles

levaram essa crença mais longe do que antes. Com eles, a individualidade de vários

escritores entra em segundo plano. Praticamente consideravam o livro todo uma

declaração divina só”.

Todos os 27 livros do Novo Testamento foram escritos e copiados, começando

a ser distribuídos entre as igrejas antes de encerrar-se o século I. Na primeira metade do

século II, os escritos apostólicos tornaram-se conhecidos mais genericamente e

circulavam com maior amplitude. Na segunda metade do século II, os livros do Novo

Testamento eram amplamente reconhecidos como Escrituras Sagradas, da mesma forma

que foram os do Antigo Testamento.

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Durante o século III, os livros do Novo Testamento foram coligidos para

formar um catálogo único de “livros reconhecidos”, mas separados dos escritos cristãos

de outra natureza.

Quando raiou o século IV, o cânon do Novo Testamento já estava confirmado e

reconhecido.

Que Fizeram os Primeiros Pais da Igreja?

É verdade que o testemunho dos pais primitivos ocorreu bem cedo. Aliás, esse

testemunho é mais antigo que os melhores códices, todavia, não é confiável sempre.

A importância desse trabalho pode ser resumida em quatro vantagens obtidas:

mostram a história do texto do Novo Testamento, apresentam as melhores evidências

quanto ao Cânon do Novo testamento, fornecem um meio de datar os manuscritos do

Novo Testamento e ajudam a precisar a época em que as traduções, as versões e as

revisões do Novo Testamento ocorreram.

Quem Foram os Principais Pais da Igreja?

Durante algum tempo, antes do Concílio de Nicéia (325), havia três amplas

classes de escritores patrísticos: os Pais Apostólicos (70-150), os Pais Antenicenos

(150-300), os Pais Nicenos e os Pais Pós-nicenos (300-430). Seus escritos deram

tremendo apoio ao surgimento do cânon do Novo Testamento.

Citação dos Livros do Novo Testamento Pelos Pais da Igreja

Ao redor do final do século I, cerca de 14 livros do Novo Testamento haviam

sido citados. Por volta de 110 d.C. já havia dezenove livros reconhecidos por citação.

Dentro de mais quarenta anos (150 d.c.), todos os livros já eram reconhecidos por

citação. A maior parte dos 27 livros foi reconhecida muitas vezes por vários Pais da

Igreja, ainda no século I.

Citações de Versículos do Novo Testamento Pelos Pais da igreja

Não só os Pais Primitivos da igreja citaram os 27 livros do Novo Testamento,

mas citaram quase todos os versículos de todos os 27 livros. Cinco pais, de Ireneu a

Eusébio, fizeram quase 36.000 citações do Novo Testamento. O fato espantoso é que o

Novo Testamento poderia ser reconhecido simplesmente a partir das citações feitas ao

longo de duzentos anos após ter sido redigido.

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O Testemunho Oriundo dos Antigos Escritos Apócrifos

Os nomes desses livros apócrifos, com seus alegados autores apostólicos, são

uma imitação muito visível dos livros genuínos, escritos pelos apóstolos do Novo

Testamento. Existe com freqüência uma dependência literária e doutrinária dos livros

canônicos, refletida nos falsos escritos. O estilo e o gênero literário imitam os livros do

século I. Alguns desses livros são semelhantes em conteúdo aos livros bíblicos. Alguns

dos livros gnósticos do século III, de Nag-Hammadi, no Egito, citaram vários livros do

Novo Testamento.

O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA TEXTUAL

Distinção Entre a Alta e a Baixa Crítica

Levantou-se muita confusão e controvérsia em torno da questão da “alta”

crítica e da “baixa” crítica da Bíblia. Parte dessa controvérsia resultou da má

compreensão do termo crítica que, em seu sentido gramatical, diz respeito meramente

ao exercício do julgamento da própria Bíblia. Importa ressaltar que os títulos atribuídos

a esses dois tipos de crítica nada têm que ver com sua importância.

A Alta e a Baixa Crítica

Quando se aplica o julgamento dos estudiosos à autenticidade do texto bíblico,

este julgamento se chama alta crítica ou crítica histórica. O assunto desse tipo de

julgamento dos especialistas diz respeito à data do texto, seu estilo literário, sua

estrutura, sua historicidade e sua autoria.

Já quando o julgamento dos estudiosos se aplica à confiabilidade do texto

bíblico ela é classificada como baixa crítica ou crítica textual. Esta aplica-se à forma ou

ao texto da Bíblia, numa tentativa de restaurar o original; não devendo ser confundida

com a alta crítica visto que estuda a forma das palavras de um documento e não seu

valor documental.

Os estudiosos que se interessam por obter o original de um texto, mediante a

aplicação de certos critérios ou padrões de qualidade, são críticos textuais. Em geral, o

trabalho desses homens é construtivo, e sua atitude básica, positiva. Já os que usam

esses critérios para tentar destruir o texto são “descobridores de defeitos”, apenas se

interessam por encontrar falhas, e seu trabalho é basicamente negativo e destrutivo.

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Visto que muitos dos que abraçaram a alta crítica investiram muito tempo e

energia no estudo da crítica textual, tem havido uma tendência para que se classifiquem

todos os críticos textuais com o termo “modernistas”, críticos destrutivos ou críticos

apegados à “alta crítica”. Desaprovar meramente a crítica ou críticos porque certos

críticos da “alta crítica” empregaram esse método em seu trabalho dificilmente

representa uma posição justificável, digna de ser defendida. A questão mais importante

não é se a crítica é alta ou baixa, mas se é sadia, ortodoxa.

O Desenvolvimento Histórico da Crítica Textual

A história do texto da Bíblia na igreja pode ser dividida em vários períodos, de

modo especial com referência ao Novo Testamento, são eles:

O Período de Reduplicação (até 325)

A partir do século III a.C. os estudiosos de Alexandria tentaram restaurar os

textos dos poetas e pensadores gregos. Foi nesse centro cultural que a versão do Antigo

Testamento chamada Septuaginta (LXX) veio à luz. Entre cerca de 280 a 150 a.C.

Entende-se que essa cidade seria o centro de atividade intelectual, na tentativa de

restaurar o texto da Bíblia antes de 325. Todavia, não houve basicamente nenhuma

crítica textual verdadeira do Novo Testamento durante esses séculos. Foi, antes, um

período de reduplicações de manuscritos, em vez de avaliação de textos.

As cópias dos autógrafos (até 150), feitas em papiro, vieram a perder-se com o

tempo. Mas antes de perecer foram providencialmente recopiadas, e circularam pelas

igrejas. As primeiras cópias foram feitas ao redor de 95 d.C., logo depois de os originais

terem sido produzidos.

Conquanto houvesse muitas cópias dos autógrafos, no início nem todas tinham

a mesma boa qualidade, visto que, tão logo começaram a serem feitas, erros e lapsos de

escrita foram-se imiscuindo. A qualidade de uma cópia dependia da capacidade do

escriba, sendo mais caras as cópias de grande exatidão.

As cópias das cópias (150-325) ocorreram quando o período apostólico estava

chegando ao fim e as perseguições contra a igreja foram-se tornando cada vez mais

generalizadas. Devido o perigo iminente de ficar sem seu Livro Sagrado, os cristãos

começaram a copiar quaisquer manuscritos que possuíssem, com a maior rapidez

possível. Visto que os escribas corriam o perigo de serem perseguidos, caso fossem

apanhados, as Escrituras freqüentemente eram copiadas por “amadores”, e não por

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“profissionais”, isto é, pelos próprios membros da igreja. Numa situação como esta, era

mais fácil os erros penetraram no texto.

O Período de Padronização (325-1500)

Depois da igreja ter-se libertado da ameaça de perseguição, logo após a

promulgação do Édito de Milão (313), sua influência se fez sentir no processo de cópia

dos manuscritos da Bíblia.

Quando o imperador Constantino escreveu a Eusébio de Cesaréia dando-lhes

instruções para que providenciasse 50 exemplares das escrituras cristãs, iniciou-se o

período de padronização do texto, quando o Novo Testamento começou a ser copiado

com todo cuidado e fidelidade, a partir dos manuscritos existentes.

Em decorrência do precedente criado por Constantino, grande número de

manuscritos foram copiados ao longo da Idade Média. Visto que assim se desenvolveu a

padronização do texto, houve pouca necessidade de classificar, avaliar e criticar os

primeiros manuscritos no Novo Testamento. Durante esse período, pela introdução do

papel e da imprensa, tornou-se possível a total padronização do texto, havendo grande

número de exemplares mais ou menos idênticos.

O Período de Cristalização (1500-1648)

No período da Reforma, o texto bíblico entrou no período de cristalização,

assumindo a forma impressa em lugar da manuscrita. Evidenciaram-se esforços no

sentido de se publicarem textos impressos da Bíblia com a maior precisão possível.

Com freqüência esses textos eram publicados em várias línguas simultaneamente,

incluindo títulos como a Poliglota Complutense, a Poliglota de Antuérpia, a Poliglota de

Paris e a Poliglota de Londres.

O Período de Crítica e de Revisão (1648 até o presente)

No encerramento da era da Reforma, a Bíblia passou por um período de crítica

e de revisão que, na verdade, se compõe de três períodos curtos. Cada sub-período

caracteriza-se por uma fase importante de crítica e de revisão. Foram períodos de

preparação, de progresso e de purificação; sendo que todas essas fases foram mais

construtivas do que destrutivas.

O período de preparação (1648-1831) caracterizou-se pela reunião e pela

classificação de textos bíblicos. Em 1707, John Mill, reimprimiu o texto de Estéfano, de

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1550, e acrescentou cerca de 30 mil variantes tiradas de quase 100 manuscritos. Essa

obra foi uma contribuição monumental para os estudiosos subseqüentes, porque lhes

proporcionou uma base ampla de evidências textuais confiáveis.

Johan Jakob Griesbach classificou os manuscritos do Novo Testamento em 3

grupos (Alexandrinos, Ocidentais e Bizantinos), e lançou os alicerces de todo o trabalho

subseqüente do Novo Testamento grego.

Johannes Martin Augustinin Scholz acrescentou 616 novos manuscritos ao

crescente corpo de textos disponíveis e salientou, pela primeira vez, a importância de

atribuir providência geográfica, que estaria representado por diversos manuscritos.

O período de progresso (1831-1881) é aquele em que surgiu a crítica

construtiva, que se salientou no agrupamento de textos. O rompimento com o texto

recebido se fez mediante homens como Karl Lachman (1793-1851), que publicou o

primeiro Novo Testamento grego inteiramente baseado num texto crítico e na avaliação

dos textos paralelos, ou variantes textuais; Lobegott Friedrich Constantin Von

Tischendorf (1815-1874), que procurou, descobriu e publicou manuscritos e textos

críticos; Henry Alford (1810-1871), que escreveu numerosos comentários.

O período de purificação (1881 até o presente) testemunhou a reação contra a

teoria de Westcott e de Hort, que destronaram o texto recebido e eliminaram a

possibilidade de seguimento de outros textos que seriam utilizáveis na crítica textual. Os

principais componentes do texto crítico foram Burgon e Scrivener, estando entre os seus

maiores defensores Bernard Weiss (1827-1918), Alexander Souter (1873-1949) e

outros. Os argumentos contra o texto crítico podem ser resumidos da seguinte forma: 1)

o texto tradicional utilizado pela igreja durante 1500 anos deve ser correto por sua

durabilidade; 2) o texto tradicional possuía centenas de manuscritos que lhe eram

favoráveis, enquanto o texto crítico só possuía uns poucos dos primitivos e 3) o texto

tradicional é melhor porque é mais antigo.

A Recuperação do Texto Bíblico

O Problema da Crítica Textual

Norman Geisler e Willian Nix em seu livro Introdução à Bíblia procura

mostrar que o problema da crítica textual gira em torno de quatro questões básicas:

autenticidade e confiabilidade, evidências dos manuscritos e as variantes e então

procura analisá-los separadamente, como veremos.

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- Autenticidade: é o tempo que se emprega na crítica textual referindo-se à

verdade sobre a origem de um documento; se este realmente procede da fonte ou autor

que se atribui ou é verdadeiramente obra do escritor que se alega.

- Confiabilidade: refere-se à verdade dos fatos ou dos conteúdos dos

documentos da Bíblia. Um livro pode ser autêntico sem ser confiável ou ainda pode ser

confiável sem ser autêntico; o interesse está na integridade do texto com base em sua

credibilidade ou autenticidade.

Evidências dos Manuscritos

Antigo Testamento: o Antigo Testamento sobreviveu e chegou até nós em

alguns manuscritos completos datados a partir do Séc. IX d.C. Há, entretanto,

abundantes razões para que acreditemos que essas cópias são boas. As poucas variantes

existentes, a grande harmonia entre a LXX e o texto massorético, as escrupulosas regras

dos escribas, a similaridade de passagens paralelas do Antigo Testamento, a

confirmação arqueológica de minúcias históricas do texto, os milhares de manuscritos

Cairo Geneza e a confirmação do texto hebraico com os rolos do Mar Morto.

As Variantes

As variantes do Antigo Testamento são raras por diversas razões: havia uma

única tradução importante de manuscritos, as cópias eram produzidas por escribas

oficiais que seguiam regras rigorosas, os massoretas destruíam todas as cópias com

erros ou variantes.

Os rolos do Mar Morto confirmaram o texto massorético, pois um confirma a

integridade do outro, sempre que há divergência, os rolos do Mar Morto apóiam o texto

da Septuaginta (LXX), estes rolos revelam a existência de três outros tipos de textos:

proto-massorético, proto-sepuaginta e proto-samaritano. O texto massorético é

considerado básico, pois se baseia em traduções do texto hebraico.

As variantes do Novo Testamento são mais abundantes do que as do Antigo

Testamento, pois cada vez que se descobre um manuscrito novo aumenta o número

bruto de variantes. Se uma única palavra for escrita erroneamente em 3.000 manuscritos

diferentes são contados com 3.000 variantes, sendo que em nossos dias existem cerca de

200.000 variantes.

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Para se compreender o texto correto original é necessário examinar de que

formas essas variantes se introduziram no texto. Há dois tipos de erros: os não-

intencionais e os intencionais.

Os não-intencionais surgem da imperfeição natural do ser humano, como por

exemplo os erros de vista (divisão errônea, omissão de letras, palavras e até linhas

inteiras, inversão de duas ou mais). Outro problema é que as letras do hebraico também

são usadas com números. Também havia erros de audição que ocorriam quando era

ditado o texto por um escriba e outro escrevia. Havia também os erros de memória e os

erros de julgamento que ocorriam devido a má iluminação ambiental. Já os erros de

grafia aconteciam quando o escriba escrevia de modo pouco definido ou impreciso.

Já os erros intencionais poderiam ter sido motivados por boas intenções. As

mudanças litúrgicas que são pequenas alterações no início de uma passagem, ocorriam

só para o uso no culto. As mudanças harmonizacionais ocorriam quando o escriba

tentava harmonizar um relato num documento com passagem correspondente de outro

documento. As mudanças sincréticas resultam da combinação ou da mistura de duas ou

mais variantes e cria-se um único texto. As mudanças doutrinárias foram introduzidas

com vistas na ortodoxia, mas é importante que se ressalte, porém, que nenhuma doutrina

cristã baseia-se num texto sob objeção e todo estudioso do Novo Testamento precisa

estar consciente da iniqüidade que é alterar um texto sagrado.

Quando se comparam as variantes com textos de outros livros seculares (como

os clássicos) chegamos à conclusão de que o Novo Testamento tem 99% de pureza, o

que põe as evidências da integridade do Novo Testamento fora de questão. Apenas

quarenta linhas do Novo Testamento inspiram dúvidas, ou seja, apenas 1%.

O Novo Testamento não só sobreviveu em um número maior de manuscritos

do que qualquer outro da antiguidade como também sobreviveu de forma mais pura do

que quaisquer outras obras grandiosas, sagradas ou não.

Os Princípios da Crítica Textual

- Evidências externas

Distribui-se em três variedades básicas:

- Cronológicas: Trata da data do tipo de texto, não à data do próprio manuscrito

sendo os mais antigos preferidos;

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- Geográficas: Testemunhos independentes mais distantes em acordo ente si.

No apoio a uma variante devem ser preferidos os testemunhos que tem proximidade ou

relacionamento maior;

- Genealógicas: Das quatro famílias textuais a Alexandrina é considerada a

família mais confiável, sendo a bizantina a mais pobre de todas. O verdadeiro texto é o

dos manuscritos que em geral se mostram mais fiéis a seu próprio tipo de texto, o que

difere dos demais tipos de texto e o que é diferente da família textual bizantina ou o que

caracteriza melhor o tipo de texto a que pertencem os manuscritos em questão.

- Evidências internas: As evidências internas classificam-se em duas

variedades básicas: A transcripcional e a intrínseca. A evidência transcripcional baseia-

se em quatro assertivas genéricas: o texto mais difícil é preferido, de modo especial se

for sensato; o texto mais curto é preferido, a menos que tenha surgido por omissão

acidental de algumas linhas, devendo-se preferir o texto verbalmente mais dissonante

das passagens paralelas e deve-se preferir a expressão gramatical, expressão ou termos

menos refinados.

A evidência intrínseca depende da probabilidade daquilo que o autor

provavelmente escreveu. É determinado pelo estilo do autor ao longo do livro, pelo

contexto imediato da passagem, pela harmonia do texto com o ensino do autor em

outras passagens e pela influência do contexto geral do autor.

Em geral, a evidência externa é mais importante que a interna, visto ser mais

objetiva; deve-se, porém, levar em conta tanto a evidência externa quando a evidência

interna, na avaliação do texto.

TRADUÇÕES E BÍBLIAS ARAMAICAS, SIRÍACAS, LATINAS, GREGAS E

AFINS

A transmissão da revelação da parte de Deus para nós gira em torno de três

desenvolvimentos históricos significativos:

1. a invenção da escrita antes de 3000 a.C.

2. os inícios das traduções antes de 200 a. C.

3. os desenvolvimentos da imprensa antes de 1600 d.C.

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Tradução, Tradução Literal e Transliteração:

1. Tradução: é simplesmente a transposição de uma composição literária

de uma língua para outra

2. Tradução literal: é uma tentativa de expressar, com toda fidelidade

possível e o máximo de exatidão, o sentido das palavras originais do texto que está

sendo traduzido. Trata-se de uma transcrição textual, palavra por palavra.

3. Transliteração: é uma versão das letras de um texto em certa língua para

as letras correspondentes de outra língua.

Versão, Revisão, Versão Revista e Paráfrase ou Comentário:

Esses termos têm estreito relacionamento entre si, tecnicamente falando:

1. Versão é uma tradução da língua original para outra língua, ainda que

comumente se negligencie essa distinção. A versão envolve a língua original de

determinado manuscrito, Ex.: The Rheims-Douay Bible e a King James

2. Revisão, ou versão revista, é termo usado para descrever certas

traduções, em geral feitas a partir das línguas originais, que foram cuidadosamente e

sistematicamente revistas.

3. Paráfrase ou comentário; é uma tradução “livre” ou “solta”. O

objetivo é que se traduza a idéia, e não as palavras. Daí que a paráfrase é mais uma

interpretação que uma tradução literal do texto.

Distinções

O próprio processo de traduzir a Bíblia é indício da vitalidade de que ela goza

no seio do povo de Deus. Na Igreja Primitiva, as atividades missionárias eram

acompanhadas por diversas traduções da Bíblia em outras línguas. As traduções mais

antigas continham trechos do Antigo Testamento e às vezes também do Novo.

Apareceram antes do período dos concílios da igreja (c. 350 d.C.), abarcando obras

como: o Pentateuco Samaritano, os Targuns aramaicos, o Talmude, o Midrash e a

Septuaginta (LXX).

Propósitos das Traduções

Os principais propósitos das traduções são:

1. Transmissão da mensagem universal bíblica àqueles que não possuem

acesso aos originais.

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2. Testemunho adicional da veracidade dos originais.

3. Auxílio missionário, possibilitando a evangelização dos povos em

diversas línguas.

4. Unificação dos idiomas, como é o caso da língua alemã, utilizada por

Lutero na sua tradução da Bíblia que serviu para unificar o alemão.

Pentateuco Samaritano

O pentateuco samaritano pode ter-se originado no período de Neemias, no

tempo em que se reedificou Jerusalém. Não sendo na verdade uma tradução, nem

versão, mostra a necessidade do estudo cuidadoso para que se chegue ao verdadeiro

texto das Escrituras. Essa obra foi, de fato, uma porção manuscrita do texto do próprio

Pentateuco.

Apesar de os samaritanos existirem como nação israelita do norte com capital

em Samaria (I Reis 16:24) desde o reinado de Onri (880-874 AC), a religião samaritana

como sistema separado de adoração na verdade data da expulsão do neto do sumo-

sacerdote, em cerca de 432 a.C. Por essa época, um exemplar da Torá pode ter sido

levado a Samaria e colocado no templo que havia sido construído no monte Gerizim,

em Siquém (Nablus), onde se estabelecera um sacerdócio rival. Essa data no século V

pode explicar tanto o texto paleo-hebraico, quanto a dupla categorização ou divisão do

Pentateuco samaritano em Lei e livros não canônicos, pois os reis assírios impuseram

uma miscigenação racial ao povo conquistado naquela região. Esse apego samaritano a

Torá e o isolamento desse povo, separado dos judeus, resultou em que a Lei foi

submetida a uma tradição textual à parte. O manuscrito mais antigo data do século XIV

(rolo chamado abisa). A Biblioteca Pública de Nova Iorque abriga um exemplar que

data de cerca de 1232.

Depois da descoberta, o texto samaritano foi aclamado como superior ao

massorético, o que não veio a ser confirmado posteriormente. No texto samaritano o

monte Gerizim é o centro de adoração, e não a cidade de Jerusalém, com acréscimos aos

relatos de Êxodo 20:2-7 e Deuteronômio 5:6-21. Apesar de que em alguns pontos o

Pentateuco Samaritano concorda com a Septuaginta ambas em discordância com o

texto massorético, provavelmente porque trazem o texto original. Existe no texto

samaritano tendências culturais na ambientação hebraica, como inserções sectárias,

repetições das ordens de Deus, impulsos no sentido de modernizar certas formas verbais

antigas e tentativas de simplificar as partes mais difíceis da redação hebraica.

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Targuns Aramaicos

Há evidências de que os escribas, já nos tempos de Esdras (Ne 8:1-8), estavam

escrevendo paráfrase das escrituras hebraicas em aramaico. Não estavam produzindo

traduções, mas textos explicativos da linguagem arcaica da Torá. Os mais antigos

targuns aramaicos provavelmente foram escritos na Palestina, durante o século II d.C.,

embora haja evidências de alguns textos aramaicos de um período pré-cristão.

Talmude

A lei judaica é baseada nos ensinamentos diretamente transmitidos por Deus a

Moisés, no monte Sinai, de duas formas: uma escrita, de onde surgiu o Pentateuco e

outra oral, dada também por Moisés aos sábios daquela geração, que por sua vez

transmitiram às gerações subseqüentes, sem existência de um registro escrito.

Por ocasião da dispersão dos Judeus (diáspora), resultante da destruição do

Segundo Templo, os rabinos sentiram a necessidade de registrar as tradições orais de

forma escrita, para que não se perdessem. Por volta do século II de nossa era, os

Tanaítas (Tanaim) levaram esta tarefa adiante constituindo, assim, a Mishná. Segundo

Champlin (1995, p. 397), a Mishná é um substantivo que deriva do verbo grego que

significa “repetir” ou “estudar”. A Mishná foi exaustivamente estudada nas academias

de Jerusalém e da Babilônia pelos diversos Amoritas (Amoraim), dando origem a dois

corpos de comentários da Mishná chamados Gemara , um escrito na Palestina o outro

em Babilônia. A palavra deriva do termo aramaico gemar, que significa “estudar”,

“ensinar”. Na Gemara encontramos diálogos orais dos rabinos, enquanto discutiam

sobre a conduta correta a ser adotada, baseada na lei mosaica. Quando estas discussões

chegavam a um consenso, eram chamadas de Halachah.

O conjunto de Mishná e Gemara constitui o Talmude, que de acordo com o

local em que foi criada a Gemara, se denomina Talmude de Jerusalém ou Talmude

Babilônico, tendo este sido concluído no século VI e melhor elaborado que aquele,

devido às vantagens de estudo no ambiente babilônico. Conforme Champlin (1995,

p.398) somente no século VIII d.C. que apareceu a primeira menção a um Talmude

completo e definitivo, totalizando 50 volumes. Em suma, o Talmude é uma coletânea de

preceitos rabínicos, de decisões legais e de comentários sobre a legislação judaica.

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Midrash

A palavra assim transliterada para letras latinas significa “buscar”,

“investigar”, com a raiz do termo hebraico darash, “sondar”. O Midrash é uma

explicação rabínica do AT, datado de mais ou menos 100 até 300 d.C. e apresenta-se de

duas formas básicas: O hagadá, que eram as exposições bíblicas sobre questões

práticas, éticas e devocionais e incluía questões homiléticas, onde o propósito era

exortar e não legislar. Por ter a forma de um comentário que explica versículo após

versículo o texto sagrado, difere-se dos Targuns, que eram paráfrases dos textos

bíblicos. As mais importantes obras dessa categoria são a Midrash Rabboth, que

comenta sobre o Pentateuco inteiro e os cinco rolos (Cantares, Rute, Lamentações,

Eclesiastes e Ester) e a obra de Rav Kanana (homilias acerca dos dias santos e outras

ocasiões especiais). A outra forma é o halaka, palavra que significa “regra”, “lei” e trata

das explicações da lei mosaica, procurando esclarecer melhor a sua aplicação na vida

cotidiana ou deduzir novas diretrizes práticas. Os livros mais importantes desse tipo são

o Michilta (palavra aramaica que significa “tratado”), e que comenta sobre o livro

canônico de Êxodo; a Sefer (que significa “livro”) sobre Levítico e a Sefer sobre

Números e Deuteronômio. Os comentários dos rabinos tinham por finalidade definir as

leis, dar-lhes aplicação universal e, de modo geral, elucidar as Sagradas Escrituras.

Traduções Siríacas

A língua siríaca (aramaico) era a língua comum do povo judeu nas ruas na

época de Jesus. Presume-se, portanto, que o aramaico era utilizado pelos judeus que

viviam na Síria. Com o movimento crescente da igreja, saindo da Síria por meio do

desenvolvimento do trabalho missionário, fez-se necessário uma versão da Bíblia

própria para essa região. Surgiram a partir de então algumas versões siríacas do AT e

também do NT.

Veremos agora algumas das traduções siríacas:

Siríaca Peshita – o texto do AT deriva de um texto surgido em meados do

século II ou início do III, baseado no texto massorético e revisado a fim de conformar-se

com a LXX. Já o texto do NT, ao ser revisado no século V por Rabbula, bispo de

Edessa, sofreu algumas alterações para aproximar-se mais dos manuscritos gregos que

na época eram usados em Constantinopla.

Diatessaron de Taciano – o Diatessaron (lit., através dos quatro) foi uma

obra onde Taciano produziu uma harmonia dos evangelhos. Foi abolida por Rabbula e

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Teodoreto, bispo de Ciro, em 423. Para substituir o Diatessaron, Teodoreto apresentou

uma outra tradução dos Evangelhos dos Quatro Evangelistas.

Versão Siro-Hexaplárica - o texto Siro-Hexaplárico do Antigo

Testamento era uma tradução siríaca que ocupava a Quinta coluna das páginas da obra

de Orígenes intitulada Héxapla. Embora fosse traduzida por volta de 616 por Paulo,

bispo de Tela, essa obra na verdade jamais criou raízes nas igrejas siríacas.

Traduções Secundárias

Ainda que o Pentateuco Samaritano , o Talmude, e os mais antigos manuscritos

do Midrash houvessem sido escritos em paleo-hebraico, com caracteres hebraicos, e,

por isso, nem chegam a qualificar-se como traduções, provêem toda uma base para os

trabalhos posteriores de tradução, pois fazem que as Escrituras fiquem disponíveis ao

povo de Deus. As traduções secundárias têm pouco mérito textual, mas dão indicação

da vitalidade básica das missões cristãs e do desejo de novos crentes de terem a Palavra

de Deus em suas próprias línguas.

As principais traduções secundárias foram: as traduções nestorianas, as

traduções arábicas (feitas após o surgimento do islamismo) e as traduções para o antigo

persa, que tem pouco valor para a crítica textual.

Traduções Gregas e Afins

Os lideres do judaísmo em Alexandria produziram uma versão modelar do

Antigo Testamento em língua grega conhecida pelo nome de Septuaginta (LXX),

palavra grega que significa setenta. Embora esse termo se aplique só ao Pentateuco essa

palavra viria a denotar a tradução de todo o Antigo Testamento.

Com exceção do Pentateuco, o resto do Antigo Testamento foi traduzido

durante o século II e III a.C. Uma carta de Ciristéia a Filocrátes fala da obra. Apesar das

qualidades nas traduções dos Setenta não serem as mesmas e haverem questões mais

graves como: diferenças do texto massorético, e outros em que os rolos do Mar Morto

concordam com a Septuaginta em oposição ao texto hebraico, não se pode dizer que a

Septuaginta não é confiável, pois em geral ela é fiel ao texto massorético como também

são fiéis os textos do mar morto. Um exemplo é que Isaias 53 tem 166 palavras, e

somente 17 entram em questão, sendo que não passam de questão de grafia, mudanças

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estilísticas e uma palavra acrescentada que é “luz”, que assim como os outros casos não

alteram o sentido do texto.

Existiram outras versões gregas que surgiram devido a critica dos judeus nos

primeiros séculos, que foram:

Versão de Áquila (c.130-150 d.C). Ele produziu uma nova tradução

grega para o Antigo Testamento a partir do texto hebraico. O texto de Áquila veio a

tornar-se a versão grega oficial do Antigo Testamento.

Revisão de Teodócio (c.150-185). Sua revisão é mais livre do que a

versão de Áquila, e algumas passagens substituem algumas das expressões antigas da

LXX.

Revisão de Símaco (c.185-200). O objetivo do trabalho de Símaco era

produzir uma tradução idiomática do texto para o grego. Ele se preocupou com o

sentido, não com a tradução.

Hexáplas de Orígenes (c.240-250). Devido às divergências entre os

manuscritos e discrepâncias existentes entre o texto hebraico e da LXX, e das várias

tentativas de revisar as traduções gregas, Orígenes fez uma revisão para unificar os

textos hebraicos e gregos.

O Hexáplas (composto de seis partes), dividia-se em seis colunas paralelas,

cada coluna continham uma versão particular do Antigo Testamento. Ele também

produziu um trabalho separado chamado Tétrapla, que eram os próprios Hexáplas, em

que ele omitia as colunas um e dois.

Devido sua critica textual descobriu-se muitas corrupções omissões, adições e

transposições nas cópias das LXX de sua época.

Outras recensões da LXX. No início do século IV, Eusébio e Panfílio

publicaram suas próprias edições da quinta coluna de Orígenes, Hesíquio fez uma

recensão que só se preservou em citações, e as obras de Crisóstomo (407) e Teodoreto

(444) podem ser usadas a fim de recuperar outra recenção do Antigo Testamento.

Essas duas revisões acopladas as obras de Áquila, de Teodócio, Símaco e de

Orígines, deram aos cristãos o Novo Testamento grego no norte da Síria, na Ásia

Menor, na Grécia, no Egito, e em áreas de Jerusalém e da Cesaréia, antes da época de

Jerônimo (340-420 AD).

As traduções dos textos bíblicos da língua grega foram feitos principalmente

para que todos os povos conhecessem a vontade de Deus, assim como aconteceu no dia

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de Pentecostes (At 2:9-11), certamente essas mesmas pessoas precisariam ler o texto

sagrado e proclamar a fé cristã. Vejamos algumas traduções do texto grego:

Copta – as primeiras traduções da língua grega para o copta, foram feitas no

Egito, estendendo a influência cristã para os egípcios aborígines. Já no alto Egito

predominava o dialético saídico (séc. III e IV), mas no baixo Egito predominava o

boaírico (séc. IV), no Médio Egito existiam dois tipos de dialetos, que eram o faiúmico

e acmímico (séc. IV).

Etíope – ao chegar no Egito o cristianismo também penetrou na Etiópia, sendo

necessária uma tradução bíblica para aquele idioma, muitos estudiosos acreditam que

não se fez a tradução do puro texto grego, mas que continham variantes das traduções

coptas e árabes ou até mesmo siríacas. As traduções da Bíblia etíope começaram entre o

século IV ao VII.

Gótica – os escritos góticos pertencem às tribos germânicas. A Bíblia do

grego para o gótico foi traduzida pelo bispo Wulfila, sendo criado por ele mesmo o

alfabeto gótico e a forma escrita dessa língua. O gótico à semelhança do copta é uma

língua escrita que se formou com o propósito de escrever as Escrituras Sagradas na

língua do povo. Os manuscritos datam do século V e VI.

Armênia – a primeira tradução armênia do Antigo Testamento foi executado

no séc.V e revela a marcante influencia exercida pela tradução Assíria chamada Pechita.

Existem duas tradições básicas quanto à tradução armênia. A primeira diz que Mesrobe

(m.439), soldado que se tornou missionário, criou um novo alfabeto a fim de ajudar

Saaque (Isaque o Grande, 390 – 439) a traduzir a Bíblia do texto grego. A segunda

tradição afirma que sua tradução baseou-se num texto siríaco. Existem ainda 1300

versões armênias, por isso ela é chamada “a rainha das versões”.

Geórgia (Ibérica) – o alfabeto georgiano, à semelhança do armênio e do

gótico, foi criado expressamente para o registro da Bíblia, quando receberam a

mensagem no século IV.

Traduções Latinas e Afins

O cristianismo ocidental produziu apenas uma grandiosa tradução da Bíblia,

que foi transmitida ao longo de toda Idade Média: a Vulgata Latina, de Jerônimo.

Outros estudiosos já haviam traduzido as Escrituras para o latim, antes de

Jerônimo, mas, a fim de obtermos uma compreensão melhor de sua façanha, vamos

examinar essas traduções anteriores.

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Por ocasião da morte de Átalo III (133 a.C.), o reino de Pérgamo, submeteu-se

a Roma e, por volta de 63 a.C., todo o Oriente foi incorporado ao Império Romano. A

língua latina acompanhou esse crescimento do Estado Romano e espalhou-se como

idioma militar do Oriente Próximo.

A partir do século I a. C., verdadeiramente todos os caminhos iam dar em

Roma. O latim tornou-se a língua comum do povo. A presença intrusa dos soldados

romanos no Oriente Próximo fez que o latim se tornasse a língua militar e comercial

(embora não a língua oficial) do Oriente. Na Itália, de modo especial em Roma, o povo

era bilíngüe. Durante os primeiros anos da igreja, os cristãos de Roma em geral falavam

grego, como demonstram as cartas de Paulo e as de Clemente. Só mais tarde é que os

cristãos romanos começaram a usar o latim como língua de comunicação escrita.

As Traduções Para o Latim Antigo

Embora o latim fosse a língua oficial, a língua comum do Ocidente, o grego

manteve sua posição de língua literária de Roma e do Ocidente até o século III.

Uma das mais antigas traduções conhecidas das Escrituras hebraicas, no Ocidente, foi

aquela conhecida pela alcunha de Antiga latina, redigida antes de 200 d.C.

A versão do Novo Testamento também chamada Antiga latina é assunto

completamente diferente. Sobreviveram dessa obra cerca de 27 manuscritos dos

evangelhos, mais 7 do livro de Atos, 6 das cartas paulinas e alguns fragmentos das

cartas gerais e do Apocalipse.

A Vulgata Latina

Os numerosos textos da Antiga latina que apareceram ao redor da segunda

metade do século IV induziram a uma situação intolerável. Em virtude desse problema,

Dâmaso, bispo de Roma (366-384 a. D.), providenciou uma revisão de texto da Antiga

Latina. O resultado desse esforço chama-se Vulgata latina.

Havia muita confusão a respeito dos textos latinos da Bíblia.Tal diversidade

advinha do fato de o Antigo Testamento latino ser na verdade uma tradução da LXX; o

Novo Testamento havia sido traduzido em ocasiões informais, não-oficiais.

O Autor da Vulgata Latina

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Sofrônio Eusébio Jerônimo (c.340-420 a.D.) nascera de pais cristãos, em Estridão, na

Dalmácia. Havia sido educado na escola local até sua ida a Roma, com a idade de doze

anos.

Jerônimo recebeu a incumbência em 382 e iniciou seu trabalho quase

imediatamente. A pedido de Dâmaso, introduziu uma ligeira revisão nos evangelhos,

completada em 383.

Pouca atenção deu aos apócrifos; só com grande relutância produziu uma

tradução apressada de algumas passagens de Judite, de Tobias e do resto de Ester, mais

as adições de Daniel - antes de morrer.

Nos primeiros anos dessa tradução, Agostinho e a grande maioria das

autoridades eclesiásticas influentes opuseram-se à tradução por não se fundamentar na

LXX.

A Vulgata passou a ser o texto modelar da Bíblia, reconhecido extra-

oficialmente, em toda a Idade Média. Somente no Concílio de Trento (1546-1563),

entretanto, foi oficialmente elevada àquela posição pela Igreja Católica Romana .

Em toda a idade média, tentaram-se nos monastérios várias revisões do texto

da Vulgata. Isso gerou acúmulo de mais de 8000 manuscritos da Vulgata.

Em 1604, publicou-se uma nova edição da Vulgata, confiável, conhecida como

edição sixtino-clementina.

TRADUÇÕES MODERNAS

A Bíblia em Português

Todo cristão de língua portuguesa deve, eventualmente, ter uma certa

curiosidade e desejo em saber como chegou até nós a Bíblia na nossa língua materna.

Alguns personagens devem ser destacados pelo acesso à palavra de Deus em nossas

idioma:

Período das Traduções Parciais

1. D. Diniz, (1279-1325), foi ele a primeira pessoa a traduzir para a língua portuguesa

o texto bíblico, tornando possível o acesso à palavra de Deus em português.

Tomando como base à vulgata latina traduziu os 20 primeiros capítulos do livro de

Gênesis.

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2. D. João II (1385-1433) incentivou os grandes letrados a traduzir os evangelhos, os

atos dos Apóstolos e as Epístolas Paulinas, o próprio D.João II traduziu o livro de

Salmos.

3. Valentim Fernandes fez a primeira harmonia dos evangelhos na língua portuguesa

em 1495.

4. D. Eleonora, esposa de D. João II, pagou todas as despesas e custas para que se

publicasse os evangelhos, o livro de atos e as epistolas de Tiago, Pedro, João e

Judas, que foram traduzidas por frei Bernardo de Brinega.

5. Outras traduções importantes.

Os quatros evangelhos traduzidos em Portugal pelo Pe. Luiz Brandão

No início do século XIX a tradução dos evangelhos de Mateus e

Marcos pelo Pe. Antonio Ribeiro.

Estas foram às traduções parciais da Bíblia em português e sofreram grande

oposição por parte da igreja católica romana que “amaldiçoou todos que conservassem

consigo essas „traduções da Bíblia em idioma vulgar‟, conforme as denominavam.”

Período das Traduções Totais

João Ferreira de Almeida, nascido em 1628, na cidade de Torres de Tavares,

próximo de Lisboa, foi em viagem para o sudoeste asiático. Quando estava nesta região

converteu-se do catolicismo para a fé evangélica e começou a pregar no Ceilão e em

outras regiões.

Quando tinha 17 anos começou a traduzir a Bíblia para o Português, mas por

um descuido, perdeu os seus escritos, e por volta do ano de 1648, recomeçou a tradução

novamente.

Conhecedor do Grego e do Hebraico, utIlizou-se dos manuscritos dessas

línguas, servindo-se de outras fontes que o auxiliaram, como as Bíblias em Holandês,

Francês e Italiano, a em Latim (Vulgata ). Em 1676 terminou seu trabalho, entretanto

somente em 1681, na cidade de Amsterdam, foi que surgiu o Novo Testamento em

Português. Muitos erros foram detectados neste primeiro momento, tanto por Almeida

como pelo seu revisor, Ribeiro dos Santos. Completada esta etapa, Almeida começou a

traduzir o Antigo Testamento, até a sua morte no dia 06/08/1691, tendo traduzido os

livros do Antigo Testamento até o livro de Ezequiel no capitulo 41:21. Sua obra foi

finalizada pelo Pastor Jacobus op den Akker, de Batávia em 1753.

Outras traduções foram importantes as quais destacamos:

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a) A Bíblia de Rahmeyer (inédita).

b) A Tradução de Figueiredo, (sete volumes em 1919) saiu em um único

volume em 1821.

A Bíblia no Brasil

Entre as traduções parciais feitas no Brasil destacam-se as seguintes:

1. A Bíblia de Nazaré 1847, traduzida pelo Frei Joaquim de Nossa Senhora de

Nazaré, esta Bíblia chegou a ser muito usada, e tinha como características algumas

notas que criticavam as Bíblias protestantes.

2. Harpa de Israel 1898, uma tradução dos salmos.

3. Evangelho de Mateus 1909 Pe.Santana

4. Novo Testamento pelo Pe. Humberto Rohden que traduziu diretamente do

Grego e foi publicado pela cruzada da Boa esperança.

A Bíblia completa teve diversas traduções, mas destacaremos as seguintes:

1. Bíblia para o português baseado nos manuscritos utilizado por Almeida.

2. Pe. Matos Soares traduziu a Bíblia baseando-se na vulgata, e em 1970

surgiu a Bíblia mais popular entre os católicos que acompanha além dos textos

sagrados, notas que apóiam os dogmas católicos

3. Em 1902 as Sociedades Bíblicas patrocinam a nova tradução da Almeida.

Em 1948, organiza-se a Sociedade Bíblica do Brasil, e através de um estudo profundo

dos textos de Almeida surge no Brasil a edição Revista e atualizada, sendo esta uma das

mais apreciadas pelos cristãos.

4. 1988 - surgiu a tradução na linguagem de hoje, pela SBB, que tem como

finalidade oferecer a Bíblia e uma linguagem comum.

5. 1990 - a Editora vida lança a edição contemporânea da Bíblia traduzida por

Almeida.

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Obs.: Este resumo recebeu uma contribuição maior do livro Introdução Bíblica de

autoria de Norman Geisler e William Nix citados na bibliografia.