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Responsável pelo Conteúdo:

Profa. Esp. Débora Cabrera Novaes

Revisão Textual:

Profa. Vera Lidia de Sa Cicaroni

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Nesta unidade vamos conhecer os conceitos de História, Educação e Pedagogia e as

diversas tendências do pensamento educacional, relacionando a história de vida e o contexto

histórico no qual viveram os autores estudados, para compreender a sua concepção de

mundo e de educação dentro da época em que estão inseridos.

Faremos também algumas indicações importantes de leitura para que você

compreenda melhor o que procuramos apresentar no texto. Não deixe de fazer essas leituras,

com certeza você irá achá-las bem interessantes!

A Importância da História da Educação

Renascimento – Reforma - Século XVI

História da Educação

Nesta unidade, vamos abordar os temas relacionados às concepções

de História, Educação e de Pedagogia, estudando suas

interdependências dentro do contexto histórico, político, econômico e

social e refletindo sobre a importância de estudar a História da

Educação para a formação do pedagogo

Renascimento: Humanismo - Séculos XV E XVI

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Existe apenas um tipo de Educação ou existem vários tipos de Educação?

A relação entre Homem, Educação, Trabalho e História pode ser interpretada da

seguinte forma:

a História é a interpretação da ação transformadora do homem através do tempo;

o Trabalho é a ação transformadora do homem sobre a natureza;

a Educação é a ação transformadora do conhecimento.

Existem vários tipos de Educação. Quando se pensa em Educação, imagina-se, em um

primeiro momento, uma sala de aula com alunos e professores interagindo. É certo ou errado

pensar dessa forma? O que você pensa sobre o assunto?

Na realidade a Educação existe em todos os lugares e acontece a todo tempo. Ela é

livre e pode ser expressa por meio de gestos, modos de agir, problematização de ideias,

crenças, trabalho, família. Contemplando-a dentro de âmbito maior, verifica-se que a

Educação se desenvolve de acordo com a geração e a cultura em que o indivíduo está

inserido.

Muitas vezes a Educação se processa associada à cultura de um povo. Antigamente a

Educação era passada entre gerações através de exemplos de comportamentos e crenças que

seguiam as tradições. Por exemplo: embora os índios não possuíssem escolas nas tribos, os

ensinamentos dos antepassados eram transmitidos para os mais novos; por meio desse tipo de

Educação o conhecimento era repassado de geração para geração. Sob esse ponto de vista,

pode-se dizer que a Educação é um ponto chave dentro da produção de crenças e está

intrinsecamente ligada à cultura de cada sociedade.

Entretanto é preciso considerar também a

existência da Educação com vistas ao

desenvolvimento intelectual. Nesse caso, podemos

falar sobre a Educação dada nas escolas, que é

mais sistematizada, imposta por um sistema

centralizador de poder, e que, muitas vezes, utiliza

esse poder para controlar o saber e, assim,

reforçar a desigualdade social.

Fonte: http://www.reemediagoo.com

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Conceito de Educação segundo a LDB 9394/ 96:

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de

ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade

civil e nas manifestações culturais”

Examinando o assunto, é possível discutir a importância da História para a Educação e

concluir que, na verdade, é a de denunciar as formas ideológicas que utilizam a Educação

como instrumento de poder. É através da História da Educação que podemos analisar e

questionar a realidade educacional, por meio de investigações e estudos, tornando, assim, a

ação educacional mais clara e transparente. Somente agindo de forma reflexiva, criticando os

valores novos e os decadentes, teremos condições para responder a questões como: ”Que tipo

de homem queremos formar?”

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O homem é feito de tempo, ou seja, o homem

faz a história e é feito de história. Conhecer o homem

é uma forma de situá-lo no tempo e no espaço,

acompanhado de seus costumes, línguas e valores

próprios do espaço e do tempo em que está inserido.

A Educação deve ser concebida em um sentido mais amplo do que aquele que

imaginamos. Ela está presente em vários aspectos de nossa vida, e é preciso ter ciência de que

existem vários tipos de educação que atuam sobre o ser humano. Nós recebemos educação

desde que nascemos, nos mais simples ensinamentos, mas ela também pode ocorrer de forma

sistematizada ou intelectualizada; o importante é que sempre deverá estar de acordo com a

cultura em que estamos inseridos.

De acordo com Brandão,

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as

pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença,

aquilo que é comunitário, como bem, como trabalho ou como vida, é também

uma geração do modo de vida dos grupos sociais. (BRANDÃO, p25)

A Educação participa do processo de produção de crenças e ideias, envolvendo as

trocas e contribuindo para a formação dos grupos sociais.

Fonte: http\\.www.fotofree.com

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Pedagogia

É a ação do homem quando ele transmite ou modifica a herança cultural de forma

crítica, ou seja, a pedagogia pode ser entendida como uma teoria crítica da Educação.

História

História é uma palavra de origem grega, que

significa investigação, informação.

“A história é um profeta com o olhar voltado para trás:

pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será”.

(Eduardo Galeano)

O primeiro recurso de que a História se valeu para explicar fatos e os aspectos gerais

da condição humana foi o mito, relato simbólico transmitido pela tradição oral. Por exemplo:

nas sociedades tribais da África, não existiam investigações e o conceito de História era

apenas passado de geração para geração, dentro de um mesmo contexto. Eles acreditavam

que os fenômenos eram criação dos mitos, atribuída a deuses. Assim como os índios,

acreditavam e cultuavam os seus deuses, entre eles o Sol, a Lua, o trovão, etc.

As crianças, nessas sociedades, aprendiam imitando o comportamento dos adultos nas

atividades diárias e nas cerimônias dos rituais.

Para esses povos, os acontecimentos da vida da comunidade não eram significativos,

porque eles relacionavam o passado aos tempos primordiais, em que os deuses realizavam

seus feitos extraordinários. Vendo por esse olhar, fazer história é recontar os mitos.

Nessas sociedades os adultos ocupavam-se da caça e da pesca, do pastoreio e da

agricultura, e as crianças aprendiam “para a vida e por meio da vida”, sem que houvesse

alguém destinado a ensiná-las, pois o saber era universal e todos os membros da tribo tinham

o mesmo conhecimento.

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O homem primitivo era guerreiro por sua natureza, e daí decorriam os valores

apreciados pela comunidade e que eram objetos da educação.

Com as transformações ocorridas nas tribos, como a invenção dos barcos, por

exemplo, surgia a necessidade de certa especialização, pois a construção de um barco

implicava em conhecimentos não adquiridos pela e em sociedade. Dessa forma foi preciso

que alguém aprendesse a construir esse barco. Assim, o saber passou a não ser mais universal,

mas, sim, um privilégio de quem aprendeu a construir o barco.

Os gregos também acreditavam na concepção dos deuses como criadores e condutores

do destino do homem. Na sociedade grega cultivavam-se diversas religiões.

Para melhor entender a história da Grécia, ela pode ser dividida em quatro períodos.

1- Tempos Homéricos (Séc. XII ao VIII a. C.)

Aristocracia proprietária de terras;

Sistema escravista.

2- Período Arcaico (Séc. VIII e VI a. C.)

Período marcado pela aparição da filosofia, que surge como uma forma de

problematizar e discutir a realidade, e não questioná-la através do mito, “Deuses”.

Sócrates

Os principais filósofos : Sócrates, Platão e Aristóteles.

Surgimento das cidades-estados, também

denominadas “Polis”.

10% da população participavam da democracia.

Fonte:

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Socrates

_Louvre.jpg

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3- Período Clássico (Séc. IV e V a.c)

Apogeu da civilização Grega;

Surgimento da Escrita e da Escola;

Criação da arte e da literatura;

Surgimento dos sofistas – denominados professores da sabedoria, que, por

exigirem remuneração para ensinar, não eram bem vistos pelos filósofos.

4- Período Helenístico (Séc. III e II a.c)

Junção entre Grécia e Roma;

Apropriação, pelos romanos, do território e da cultura grega após a morte de

Alexandre, em 323 a.C.;

Conhecimentos como gramática, filosofia, geometria, aritmética, música são

passados como educação.

A Pedagogia Grega e a Concepção de Educação para os Filósofos

O termo “pedagogo”, de origem grega, tem a seguinte explicação etimológica:

Paidagogos

Pai (criança), dagogos (conduzir)

Refere-se ao escravo que acompanhava a criança à escola.

A educação grega estava voltada, em um primeiro momento, para o desenvolvimento

do belo, para a formação do indivíduo de acordo com o ideal de beleza, priorizando a

educação física direcionada para os esportes.

Com a aparição dos filósofos, surgiram alguns questionamentos sobre a existência

humana. Após se descobrir que o homem seria capaz de projetar o seu próprio destino, a

preocupação voltou-se para a formação desse homem.

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Os filósofos gregos pensavam em algumas questões importantes sobre a Educação.

Sócrates, por exemplo, questionava os seguintes aspectos:

O que é melhor ensinar?

Como é melhor ensinar?

Para que ensinar?

Para Sócrates, a sabedoria começava com o reconhecimento da própria ignorância, e

isso ele reflete na sua famosa frase:

“Só sei que nada sei.”

Sócrates não deixou nenhuma obra escrita; quem escreveu sua trajetória foi Platão, seu

amigo e discípulo. Sócrates acreditava que, para absorver o conhecimento, seria necessário

definir rigorosamente o que se fala, através dos conceitos. Exemplo: para se compreender o

enunciado “Diante dos atos de coragem”, é preciso descobrir o que é coragem, e, quando isso

se dá, chegamos à definição do seu conceito; só, então, compreendemos o seu significado.

Para ele, a Educação deve estar voltada para a vida moral; o diálogo; a capacidade de pensar;

a análise do conteúdo.

Já Platão acreditava que a educação não serviria apenas se alcançar o conhecimento

de fora para dentro, mas também para despertar, no indivíduo, o que ele já sabia.

Para Aristóteles, a Educação tinha a finalidade de ajudar o homem a alcançar a

plenitude e a realização do seu ser; ele acreditava que o elemento essencial para se

desenvolver a Educação devia estar na natureza, no hábito e na razão.

Com base nessa reflexão, os gregos descobriram a especificação histórica e iniciaram

um processo no qual pensavam em escrever somente o que achavam ser verdade.

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A história passou a ser vista como mestra da vida, levando os homens a

compreenderem o seu próprio destino, ou seja, o homem era entendido como resultado da

produção da sua própria cultura.

“O homem se insere no tempo: o presente humano não se esgota na ação que

realiza, mas adquire sentido pelo passado e pelo futuro”. (Aranha, 1996)

Em 323 a.C., os romanos apropriaram-se do território e da cultura

grega. Vamos entender como foi esse processo.

A Educação Romana

A história de Roma pode ser dividida em três períodos políticos:

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Colosseum_in_Rome,_Italy_-_April_2007.jpg

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1- Realeza (de 753 a 509 a.C.)

Desenvolvimento do comércio;

Realeza em que os reis tinham uma vida mais rural;

Substituição da posse de terra pela propriedade privada e surgimento da divisão

de classes (plebeus e aristocratas);

Aristocracia de nascimento denominada (patrícios);

Aristocracia determinada pela riqueza, através do enriquecimento dos plebeus. Os

plebeus eram os camponeses, comerciantes, artesãos.

2- República (de 509 a 27 a. C.)

Os patrícios no comando de cargos políticos;

O enriquecimento da plebe;

A criação das escolas elementares, que recebiam as crianças dos 7 aos 12 anos;

Educação mais moral que intelectual;

3- Império (de 27 a.C. a 476 d.C.)

Desenvolvimento cultural e urbano;

No século I a. C., estímulo à criação de escolas municipais em todo o Império, por

iniciativa do Estado.

Aparição do cristianismo, destinado apenas aos escravos e plebeus;

Em 313, permissão para o culto ao cristianismo;

Final do séc. IV, estabelecimento do cristianismo como religião oficial;

Educação no Império: privilégio da elite dominante;

Objetivo do conhecimento estabelecido: dar respostas a questões práticas da

sociedade;

Educação heróico–patrícia: preparação do guerreiro, aos 16 anos, com o

encaminhamento do jovem para a formação militar ou política;

Decadência do Império.

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Idade Média

Fonte: http://openphoto.net

A FORMAÇÃO DO HOMEM DE FÉ

Com a decadência do Império, a religião passou a predominar, exercendo

influência política e espiritual

Período de mil anos (de 476 a 1453);

Alta Idade Média (período em que surge à formação religiosa e começa existir a

razão);

Baixa Idade Média (burgueses viviam nas cidades, chamadas “burgos”,

denominação da qual se origina o termo “burguês”, que significa o homem da

cidade);

O escravismo e o feudalismo;

Predomínio da agricultura e do artesanato;

A Sociedade: na Idade Média, a nobreza era composta por Marqueses, Condes,

Viscondes, Barões e Cavalheiros;

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A Educação

Os monges eram os únicos letrados; foram eles os responsáveis pelas traduções das obras

gregas, que foram escondidas pela Igreja.

Para os Servos, destinava-se uma formação cristã, com base na poesia, história e música.

A Pedagogia e a Religião

Filosofia dos padres da Igreja, que perdurou do séc. II ao V. Duas filosofias

predominaram nesse período: a Filosofia “Patrística” e a Filosofia “Escolástica”.

A Filosofia “Patrística” é a filosofia elaborada pelos padres da Igreja.

A Pedagogia era traduzida através da religião, formando os homens iluminados, ou

seja, os bons cristãos.

A educação surgiu com um único fundamento: o da salvação da alma para a vida

eterna.

A principal figura desse período foi Santo Agostinho (354-430).

Para Santo Agostinho, o saber não é transmitido ao aluno, pois a verdade é uma

experiência que não vem do exterior, mas sim de dentro de cada um. Toda educação é uma

autoeducação, possibilitada pela iluminação divina.

A Filosofia “Escolástica”: escolas cristãs - do séc. IX a XIV.

O termo “escolástico” vem de “escola”, “autoridade – Papa”.

Era o início do período das trevas.

A Escolástica é a mais alta expressão da filosofia cristã medieval.

O método escolástico era constituído por: leitura, comentários, questões, discussões

sobre o livro sagrado: a “Bíblia”.

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“Os parâmetros de educação na Idade Média se fundam na concepção do

homem como criatura divina, de passagem pela Terra e que devem cuidar, em

primeiro lugar, da salvação da alma e da vida eterna” (Arruda, 1996, p. 73).

A principal figura deste período foi São Tomás de Aquino (1225 -1274). Para ele, a

Educação é uma atividade que torna realidade aquilo que é potencial, processo que o próprio

educando desenvolve com o auxílio do mestre, atualizando as suas próprias potencialidades.

RENASCIMENTO – REFORMA - Século XVI

O espírito renovador manifesta-se, na religião, através de Martinho Lutero (1483-

1546), e faz surgir, na Alemanha, a Reforma Protestante, com ideais de mudanças.

Martinho Lutero (1483-1546) nasceu em uma modesta família de mineradores, seguiu

seus estudos religiosos num mosteiro agostiniano, porém, em uma viagem à Itália, em 1510,

ficou impressionado com a corrupção dominante nas esferas de poder do clero. A

repugnância por tudo o que viu fê-lo afastar-se da Igreja Católica.

Em 1517, publicou 95 teses sobre os abusos e as pretensões da Igreja oficial, iniciando

uma tormentosa relação com Roma.

A Reforma valorizava a religiosidade interior e o princípio da liberdade de leitura do

texto sagrado, resultando, para todo cristão, a posse de instrumentos elementares de cultura e

a necessidade de difundir essa posse em nível popular.

O objetivo era o de estabelecer um vínculo direto entre Deus e o fiel.

Em sua base, havia certa aversão pela hierarquia eclesiástica, considerada responsável

pela desordem disciplinar e pela corrupção que dominava a Igreja em Roma;

Martinho Lutero recebia o apoio dos nobres que estavam interessados no confisco do

clero.

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A Educação tornou-se importante instrumento para a divulgação da Reforma.

Lutero priorizou a gratuidade da instrução para todos, defendendo uma educação

pública, sob responsabilidade do Estado. Propunha uma Educação através de jogos,

exercícios físicos, música (seus corais tornaram-se famosos), e recomendava o estudo da

matemática e da história além de valorizar a literatura.

“Se não existissem nem a alma nem o Paraíso nem o Inferno, e ainda se não

se deve levar em consideração apenas as questões temporais, haveria

igualmente necessidade de boas escolas masculinas e femininas, e isso para

poder dispor de homens capazes de governar bem e mulheres em condições

de conduzir bem suas casas.” (Martinho Lutero)

Para Lutero, a lei de Deus não podia ser mantida através de punhos e armas, mas

apenas com a cabeça e com os livros.

Contra-Reforma

Com a ruptura realizada pelos protestantes, mais precisamente por Martinho Lutero, a

Igreja Católica procurou meios para reverter o quadro, pois estava perdendo os seus fiéis.

Através de uma eleição, o Papa Paulo III Farnese convocou um concílio, chamado

Concílio de Trento (1546-1563), com o intento de dar corpo às reivindicações. Esse Concílio

reafirmava os princípios da fé e a supremacia Papal e determinava a criação de seminários

para formar padres.

O Concílio procurou determinar alguns pontos essenciais para a Igreja, como estudos

bíblicos e teológico-filosóficos, com o objetivo de desenvolver as ordens religiosas.

O objetivo era frear o avanço da heresia protestante e propagar a religião católica nos

países do Novo Mundo.

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Esse movimento teve grande influência tanto cultural quanto pedagógica, pois a Igreja

passou a dar importância não só à educação eclesiástica, mas também à educação dos jovens

descendentes dos grupos dirigentes.

O elemento mais importante da Pedagogia, na Contrarreforma, foi a proliferação de

modelos de colégios e internatos espalhados pelo mundo. As ordens iniciaram com 144 e

chegaram a 1749 colégios.

Em 1534, foi fundada a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola (1491-1556), um

militar espanhol que, ao recuperar-se de um ferimento ocasionado em uma batalha, colocou-

se a serviço da fé.

A Pedagogia dos Jesuítas estava voltada ao preparo rigoroso da mente (memorização)

e direcionava a formação para o magistério através de manuais, normas e informações

bibliográficas.

Em 1550, foi fundado o Colégio Romano, para a formação do mestre. O resultado

dessa experiência definiu-se através do documento “Organização dos Planos de estudos”,

chamado Ratio Studiorum. Um trecho desse documento mostra o manual de regras:

“Repetições em casa. Todos os dias, exceto os sábados, os dias feriados e os

festivos, designe uma hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim

se exercitem as inteligências e melhor se esclareçam as dificuldades ocorrentes.

Assim um ou dois sejam avisados com antecedência para repetir a lição de

memória, mas só por um quarto de hora; em seguida um ou dois formulem

objeções e outros tantos respondam; se ainda sobrar tempo, proponham-se

dúvidas. E para que sobre, procure o professor”. (Franca, 1952, p.145).

Não davam importância à história, à geografia e à matemática, pois consideravam

ciências vãs.

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“Exclui-se da educação os conhecimentos históricos e os científicos, a

menos que a história fosse deturpada de tal forma que ficasse

irreconhecível ou a ciência fosse tão superficial, que mais parecesse uma

brincadeira de salão”. (PONCE)

Do fim do século XVI até o início do século XVIII, ninguém se atreveu a discordar da

Companhia de Jesus.

Em 1549, através de Manuel da Nóbrega, a Companhia de Jesus chegou a Salvador

com o objetivo de criar a escola de ler e escrever, promover a catequese dos índios e propiciar

educação aos filhos de colonos e formação de novos sacerdotes e da elite intelectual.

Por interesses políticos, os jesuítas foram expulsos de vários países, e o Papa Clemente

XIV extinguiu a Companhia de Jesus em 1773.

O Sistema educacional sofreu uma desestabilização, porque os jesuítas possuíam

muitos colégios.

RENASCIMENTO: HUMANISMO - Séculos XV e XVI

Época de transição – educação, religião, ciência, produção filosófica

A Renascença europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVI e tem

esse nome por representar a retomada dos valores greco-romanos.

Houve uma retomada das fontes da cultura grega, sem a intermediação dos

comentadores da Igreja.

A curiosidade era aguçada para a observação direta dos fatos, com redobrado interesse

pelo corpo e pela natureza.

Foram ampliados os conhecimentos da anatomia, na medicina, com a prática da

dissecação de cadáveres humanos, até então proibida pela Igreja.

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Intensificou-se a criação nas artes em geral, como pintura, arquitetura, escultura e

literatura.

A Itália destacou-se como centro da nova produção cultural.

Esse período da história distinguiu-se pela busca da individualidade, caracterizada pelo

poder da razão de cada um para estabelecer seu próprio caminho.

O homem foi buscar, na ciência, a explicação para a sua existência, buscando

fundamento em uma cultura mais rica de conhecimentos, acesso à qual, na Idade Média, lhe

foi negado.

A educação procurou bases não religiosas, a fim de se tornar instrumento adequado

para a difusão dos valores burgueses.

Dentro do movimento humanístico destacam-se:

Juan Luis Vives (1492-1540) - Humanista espanhol, que lecionou na Universidade

de Oxford e escreveu uma copiosa obra pedagógica. Seu principal trabalho foi o Tratado do

Ensino.

Embora tivesse escrito sobre a educação da mulher, considerava fundamental sua

presença no lar.

Recomendava o cuidado com o corpo e a atenção com o aspecto psicológico no

ensino.

Reconhecia a importância da observação dos fatos e da ação como meio de

aprendizagem

Erasmo de Rotterdam (1467-1536) - De origem holandesa, apesar de ser cristão

pertencente à ordem dos Agostinianos, criticou severamente a Igreja corrupta e autoritária.

Erasmo buscou, nos clássicos, as fontes da sabedoria grega, embora não desprezasse a

ciência.

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Defendia o respeito e o amadurecimento da criança e por isso criticava a educação

vigente, excessivamente severa. Recomendava o cuidado com a graduação do ensino e o

abandono das práticas de castigos corporais. Para Erasmo, as crianças deveriam aprender se

divertindo, sem a preocupação com resultados imediatos.

François Rabelais (1494-1553) - Frade beneditino e médico francês.

Buscou resgatar o saber greco-latino, com igual cuidado pelos estudos da ciência, e

criticou a tradição escolástica de maneira irônica e saborosa.

Rabelais não escreveu uma obra propriamente pedagógica, mas, nos romances

satíricos Gargantua e Pantagruel, deixou transparecer suas ideias a respeito da Educação.

Michel de Montaigne (1533-1592) - Nasceu no castelo de Montaigne, propriedade

da sua família; pertencia a uma família francesa da burguesia enriquecida com a posse de

terras e propriedades, conseguindo, assim, um título de nobreza.

Montaigne lia com facilidade as obras latinas. Ao descrever a si próprio e refletir sobre

suas experiências, traçou o perfil da natureza humana, apresentando o homem com suas

interrogações, dúvidas e contradições, o que encaminhou seu pensamento para certo

ceticismo.

Ceticismo é uma doutrina segundo a qual o homem nada pode conhecer com certeza;

os céticos concluem pela suspensão do juízo e pela dúvida permanente.

“Só nos esforçamos por guarnecer a memória, deixando de lado, e vazios,

juízo e consciência. Assim como os pássaros vão, às vezes, em busca de grão

que trazem aos filhotes sem sequer sentir-lhe o gosto, vão nossos mestres

pilhando a ciência nos livros e a trazendo na ponta da língua tão somente para

vomitá-la e lançá-la ao vento. Tudo se submeterá ao exame da criança e nada

se lhe enfiará na cabeça por simples autoridade e crédito”. (Montaigne, 1972.

p. 71-78)

Pode-se perceber, em seu trabalho, a defesa de uma vida laica, diferente do que

ensinavam os monges da Idade Média.

Na esfera da Educação, Montaigne critica o trabalho com a memória.

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A Importância da História da Educação

Através dessa visão histórica, foi possível verificar que a trajetória da Educação passa

por vários contextos, em sua maioria relacionados com a política do período em que estão

inseridos, portanto uma das principais ideias, ao se estudar a história da Educação, é situá-la

dentro dos períodos históricos, para que se possa entender o processo educacional, uma vez

que este sempre se vincula à política de cada período.

Sendo assim podemos dizer que a Educação é um ato político, porque é intencional.

Como exemplo, podemos mencionar como o tema da abolição dos escravos foi tratado em

diferentes períodos. Durante muito tempo, a escola tradicional ensinou que a abolição dos

escravos foi fruto da ação dos abolicionistas (geralmente brancos) que culminou com a

assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pela qual a princesa Isabel outorga a

liberdade aos negros. Não havia nenhuma menção à ação de Zumbi e de seus companheiros

nos Quilombos dos Palmares, nem a centenas de outros gestos de rebeldia que

desapareceram da memória do país como “irrelevantes”. Hoje esse quadro já foi revisto e

Zumbi está presente em muitos livros didáticos. O objetivo é justamente este: que façamos

uma reflexão crítica desse ensino histórico,

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A importância da HISTÓRIA para a Educação é a de denunciar as formas ideológicas

que utilizam a Educação como instrumento de poder.

Dessa forma, podemos levantar questionamentos e elaborar análises da realidade

educacional, por meio de investigações, tornando, assim, a ação educacional mais clara.

A história nos traz o conhecimento dos fatos antigos e dos novos, dando-nos

ferramentas para que a ideia de uma educação inovadora não fique apenas no papel, não

seja apenas uma intenção e, sim, uma reforma concreta para a educação atual.

A importância do estudo da história, para o pedagogo, está justamente na identificação

dessas fases, para que se possa entender os fatos ocorridos no passado e como eles afetam o

nosso presente, e, através desse entendimento, aprender o que é possível fazer no sentido de

contribuir para que, no futuro, possamos ter a Educação tão sonhada por todos, que vise a

uma transformação social.

O estudo da História da Educação implica na investigação de ordem econômica,

política e social do país, pois é dessa forma que vamos compreender a problemática

educacional.

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A bibliografia e os filmes indicados nesta unidade auxiliarão no entendimento dos temas

abordados.

É importante que a leitura da bibliografia indicada seja da obra original.

Indicação de leitura: capítulo I: “Educação, educações aprender com o índio”. In: BRANDÃO.

C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2005.

Bibliografia:

BRANDÃO. C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2005.

NEGRÃO, Ana Maria, M. O método pedagógico dos jesuítas: o Ratio

Studiorum. Rev. Bras. Educ., Ago 2000, no.14, p.154-157. ISSN

1413-2478. Disponível em: http://ref.scielo.org/fx28mb

Filmografia:

1- O nome da Rosa. Disponível em:

http://www.youtube.com/user/stelaup

2- Martinho Lutero. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=eezenm7Tlps

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ARANHA, M.L. A história da educação e da pedagogia: Geral e Brasil. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRANDÃO. C. R. O que é educação. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2005. CAMBI, F. História da pedagogia. São Paulo: UNESP, 1999. FRANCA S.J., Leonel. O método pedagógico dos jesuítas: o "Ratio Studiorum": Introdução e Tradução. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1952. PONCE, A. A educação do homem burguês In Educação e Luta de classes. 20ª ed. São Paulo: Corte, 2003. p. 113-149.

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