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RESISTÊNCIA E DIFICULDADE DOS ALUNOS À LEITURA EM LÍNGUA
INGLESA NAS TURMAS DO 9º ANO DE ESCOLAS DE ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO DA CIDADE AREIA/PB.
PEREIRA, Érika Maria Elias1
RESUMO
Ultimamente a prática da leitura tem causado muita preocupação nos professores de língua inglesa, seja
do Ensino público ou privado, pois ainda hoje encontramos no alunado certa resistência à leitura
principalmente em língua inglesa. Neste contexto, tal trabalho objetiva identificar os motivos que levam os alunos a resistência da leitura mesmo ao término do Ensino Fundamental, como também mostrar a
importância da leitura no meio familiar, além de descobrir quais as dificuldades enfrentadas pelos alunos
na leitura em língua inglesa. A pesquisa ação foi realizada nas turmas do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Álvaro Machado e na Escolinha Educacional Risco e
Rabisco, sendo respectivamente Ensino Público e Privado, situadas na cidade de Areia – PB. Para coleta
de dados foi utilizado um questionário contendo 10 questões relacionadas aos principais motivos intra e
extra-escolares que possam estar associados à resistência ou desinteresse pela leitura. Segundo os alunos, verificou-se como motivo extra-escolar do desinteresse pela leitura, a ausência da leitura de textos pelos
pais na infância dos mesmos, tanto no ensino público, quanto no ensino privado, e entre os motivos intra-
escolares do desinteresse pela leitura em língua inglesa destaca-se a falta de bons livros no ensino
privado; e a falta do gosto pela leitura no ensino público.
PALAVRAS-CHAVE: Resistência à leitura. Língua Inglesa. Desinteresse. Ensino público. Ensino
privado.
ABSTRACT
Lately reading practice has caused much concern in the English language teachers, whether public or
private high school because the pupils still find some resistance to reading primarily in English. In this
context, this paper aims to identify the reasons that lead students to read the same resistance at the end of
elementary school, but also show the importance of reading in the family, and find out what the difficulties faced by students in reading in English. The action research was carried out in the 9th grade
classes of Elementary Education of the State School for elementary and high School Álvaro Machado and
the Reality Educational Risk and Scribble, and Public and Private Education respectively, located in the
city of Areia – PB. For data collection we used a questionnaire containing 10 questions related to the main reasons within and outside the school that may be associated with resistance or disinterest in
reading. According to students, it was found out of school as a reason to the lack of interest in reading, the
absence of the reading of texts by the same parents in childhood, both in public education, and in private
education, and among the reasons for intra-school's lack of interest reading in English highlights the lack of good books in the private sector, and the lack of taste for reading in public schools.
KEYWORDS: Resistance to reading. English Language. Disinterest. Public education. Private education.
1 Aluna do curso Licenciatura Específica em Inglês da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA-PB.
E-mail:[email protected]
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INTRODUÇÃO
Atualmente, encontramos o cenário educacional um tanto quanto defasado, no
que diz respeito à leitura. Segundo Infante (2000, p.57), “leitura é o meio de que
dispomos para adquirir informações e desenvolver reflexões críticas sobre a realidade”.
A leitura e compreensão de textos estão diretamente relacionadas com a formação de
cidadãos críticos. Permitindo assim, não só o exercício do poder individual de análise,
como também da tomada de decisão, além de possibilitar um entendimento mais amplo
da realidade, quanto mais se lê e se compreende, maior será o entendimento dos fatos e
a compreensão do mundo (Oliveira et al, 2007).
No entanto, professores e educadores encontram ainda hoje, mesmo ao término
do ensino fundamental, grandes dificuldades e resistências por parte dos alunos à
leitura, seja ela na Língua Estrangeira (Inglês) e/ou até mesmo na sua própria Língua
Materna (Português – brasileiro). Dentre essas dificuldades podemos citar vários fatores
ligados ao ambiente escolar ou aqueles relacionados ao próprio aluno e aos seus
familiares. Estudo realizado por Fini & Calsa (2006) atribuem a culpa pelo baixo
rendimento a características do próprio aluno e de seu ambiente.
No ambiente escolar uma das variáveis causativas é um ensino de língua pautado
nas concepções: língua como representação do pensamento e língua como código onde
o texto pressupõe um leitor passivo, limitando a leitura a um processo de decifração de
códigos linguísticos como processo de compreensão (VIEIRA E MOTTER, 2008).
Já entre os fatores extra-escolares, um dos que mais interfere no interesse pela
leitura são as relações familiares, como o hábito frequente de leitura pelos pais e
parentes, que inconscientemente acabam incentivando seus filhos. Além disso, o grau
de alfabetização dos pais influencia diretamente nos hábitos dos filhos, e segundo
Santos e Maciel (2008) “muitos dos alunos têm na escola a única fonte de incentivo
para ler e escrever, sendo necessário, sobretudo que estas sejam práticas atraentes e
dinâmicas”.
O incentivo à leitura desempenha um dos fundamentais e essenciais meios de
acesso ao conhecimento, ajudando assim a formar cidadãos críticos. Porém, esse
conhecimento tem que ser transmitido de forma que o aluno interaja com o conteúdo e
faça suas inferências com o meio em que vive, ou melhor, que sinta o prazer de viajar,
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de adquirir novos conhecimentos, novas culturas, costumes ou simplesmente pelo fato
de viajar no mundo imaginário, fictício, verídico. Para que não haja uma aversão a
leitura, mas sim o prazer pela mesma.
Embora as disciplinas de Língua Portuguesa (Língua Materna) e de Língua
Estrangeira (Inglês), sejam as disciplinas mais cobradas no contexto escolar, a leitura
também se faz presente em todas as outras disciplinas e principalmente no convívio
social, como afirma Bakhtin: “o homem não nasce só como organismo biológico
abstrato, precisando também de um nascimento social” (BAKHTIN, 1998 apud
OLIVEIRA et al., 2002, p.16).
Então, devemos incentivar os nossos alunos a leitura desde os primeiros anos da
sua vida escolar, partindo de temas que lhes favoreça a imaginação e que contribuam
para o acesso aos temas que lhe tragam conhecimentos culturais. O grau de dificuldades
do texto deve avançar gradativamente e o aluno deve procurar fazer da leitura um hábito
freqüente e permanente, (SCHÜTZ, 2003, p.3), para que eles não se frustrem
posteriormente quando houver a necessidade de ler, seja para uma avaliação do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM), do vestibular ou até mesmo para concursos.
O estudo da língua inglesa no âmbito escolar, anteriormente, era apenas como
mais uma disciplina onde se estudava gramática sem contextualização, ou seja, o
método da gramática-tradução, isso contribuía para o desinteresse pela leitura. Aliado a
isso, o tema e o tamanho dos textos utilizados em sala de aula intensificam essa falta de
interesse. Conforme Schültz (2006), o exercício da leitura em inglês deve-se iniciar a
partir de textos com vocabulário reduzido, de preferência com uso moderado de
expressões idiomáticas, regionalismos e palavras difíceis. Posteriormente,
gradativamente o grau de complexidade dos textos será aumentando até que eles
consigam por si só ler e compreender o conteúdo abordado.
Neste contexto, tal trabalho objetiva identificar os motivos que levam os alunos
a resistência a leitura mesmo ao término do Ensino Fundamental das Escolas de Ensino
Público e Privado da cidade de Areia – PB, como também mostrar a importância da
leitura no convívio familiar, além de descobrir quais as dificuldades enfrentadas pelos
alunos na leitura em língua inglesa.
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1 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
Para formação de cidadãos críticos, a leitura desempenha função essencial, partindo
inicialmente da vivência familiar, passando pela escola, chegando até a vida social.
Assim, o primeiro estímulo para a leitura seria o convívio familiar, que pode ser
iniciada com uma simples narração de contos infantis. Como afirma Silva (1983, p.57):
Esse potencial de leitura desponta em termos de conhecimento e ação a partir
do momento em que a criança recebe estímulos socioambientais dentro de
relações familiares e sociais específicas [...], ler X não ler depende,
fundamentalmente, das incitações do meio sociocultural.
Não podemos desconsiderar o ambiente de convívio dos alunos, pois a
aprendizagem sempre acontece no relacionamento entre pessoas, pois “não há como
aprender e apreender o mundo se não existir o outro” (Vygotsky, 1991 apud BOCK et
al., 1999, p.124). Como já dizia Freire (1984, p.11): “a leitura do mundo precede à
leitura da palavra. Para Yunes (2003, p. 37), ler significa:
Uma descoberta, mudar de horizontes, interagir com o real, interpretá-lo,
compreendê-lo e decidir sobre ele. Ler é, pois interrogar as palavras, duvidar
delas; ampliá-las. Deste contato, desta troca nasce o prazer de conhecer, de imaginar, de inventar a vida. O ato de ler é um ato de sensibilidade e da
inteligência, da compreensão e da comunhão com o mundo: expandimos o
estar no mundo, alcançamos esferas de conhecimento antes não
experimentadas e, no dizer de Aristóteles, nos comovemos ampliamos a condição humana.
Segundo Suassuna (1995) apud Gomes & Souza (2010, p. 4), quando o aluno ler
sem prazer sem o exercício da crítica, sem imaginação, quando não faz da leitura uma
descoberta, um ato de conhecimento, quando somente reproduz, nos exercícios a
palavra lida do outro, consequentemente não poderá intervir sobre aquilo que
historicamente está posto. Portanto, devem-se formar leitores capazes de ler
criticamente, aptos para interferir na realidade em que estão inseridos.
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2.1 Dificuldades de Leitura no Ensino Fundamental
A leitura é considerada como uma habilidade complexa, na qual intervém uma
série de processos cognitivos – lingüísticos de distintos níveis, cujo inicio é um estímulo
visual e cujo final deve ser a decodificação do mesmo e sua compreensão (Mendonça,
2007).
Entre os alunos do ensino fundamental é notório que grande parte costuma ler o
que os interessa, dificultando o processo de aprendizagem. Aliado a isso, ainda existe
um número considerável de professores utilizando uma metodologia de ensino
ultrapassada, como se nada tivesse mudado no sistema educacional atual, ou seja, são
puramente “gramatiqueiros”, não considerando as mudanças ocorridas, sustentados
pelos avanços dos estudos linguísticos e didáticos. Segundo Brisa Teixeira (2007), esses
não “são” considerados professores, esses “estão” professores.
2.2 Dificuldades de Leitura em Língua Inglesa
A língua inglesa é a principal língua usada para comunicação internacional e,
por isso, é o idioma estudado por um maior número de brasileiros. Nas escolas, está
inserida como disciplina obrigatória da grade curricular.
Uma das maiores dificuldades dos alunos na leitura em Língua Inglesa é a
tradução literal – ao pé da letra, feita por muitas vezes pelo uso contínuo do dicionário,
devemos instigá-los a imaginação. Além disso, muitos professores utilizam métodos
inadequados na prática de ensino, interferindo negativamente no aprendizado dessa
língua tão importante na atualidade, desta forma o processo de aprendizagem do aluno,
no tocante a um melhor desenvolvimento acerca das habilidades
linguísticas/comunicativas do idioma inglês.
Em contrapartida, outros professores utilizam metodologias mais satisfatórias
ao ensino/aprendizagem da língua inglesa, pautadas principalmente na contextualização
do tema abordado na aula aumentando o interesse dos alunos. No entanto, mesmo com
as novas abordagens de ensino, os alunos do ensino fundamental de escolas públicas
apresentam maiores dificuldades na leitura de língua inglesa quando comparado ao
ensino privado. Conforme Dias (2006), após uma entrevista a um dos pais “na escola
pública, a língua inglesa é ensinada apenas para enganar.”
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A escola pública passa por um processo de descrédito. Depoimentos de pessoas
que participaram da pesquisa de Santos (2006: 127) caracterizam o educador de língua
inglesa como sendo um profissional que se torna “invisível”, cuja ausência é pouco
notada, pois, apenas se enquadra no já desalentador ensino-aprendizagem de inglês em
escolas públicas.
Neste cenário de precariedade, professores e alunos sentem-se isolados,
abandonados na função de repassar conhecimento como também de aprender inglês,
sem que os órgãos competentes contribuam para a mudança de visão que muitos têm do
ensino público. Por essa razão, o ensino de língua inglesa vem com o passar do tempo
procurando reformular sua estrutura, com o objetivo de propiciar um conteúdo mais
quantitativo, como também dar maior ênfase ao qualitativo, que por muito tempo ficou
esquecido em todo o sistema educacional.
As novas orientações curriculares propostas para a língua estrangeira poderiam
estar pautadas na retomada do debate sobre a função educacional do ensino de língua
inglesa no ensino fundamental, descrevendo sua importância, possibilitando a formação
de uma sociedade crítica.
Assim, a importância da aquisição de uma língua estrangeira, vai muito além
de apenas capacitar o educando a utilizar uma língua que não é a sua para se comunicar.
O ensino/aprendizagem está envolto a outras questões como inclusão, exclusão,
construção de identidade e conceito de cidadania.
2.3 Importância e Resistência da Leitura para Aprendizagem do Estudante
A leitura na atualidade é uma ferramenta de fundamental importância para que
possamos compreender os fatos, como também possibilitar uma visão de mundo ainda
maior. A partir da leitura é que desenvolvemos a escrita e também nosso modo de falar,
pois, a observância das letras transcritas é disponibilizada em nosso inconsciente e que
pode ser posteriormente utilizada quando exigida.
Neste aspecto, quanto mais lemos melhoramos nosso linguajar como também
nosso modo de escrever contribuindo para a melhora de nossa dicção e compreensão de
textos.
A leitura em língua inglesa se faz necessária, pois contribui para aquisição de
novos conhecimentos, em vários âmbitos, seja científico ou cultural isso se justifica
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pelo predomínio da língua inglesa em se tocando do idioma mais estudado em um
mundo globalizado o qual estamos inseridos.
Nesse processo de aquisição da leitura em língua inglesa é de suma
importância numa sociedade cada vez mais competitiva que exige cada vez mais do
cidadão qualificação profissional para o desempenho de certas atividades.
Ai se insere o aprendizado da língua inglesa no tocante a leitura para que
possamos ser considerado uma sociedade bilíngue, ou seja, que possamos além da nossa
língua materna aprender outra língua e que possa nos propiciar a comunicação em outra
língua que no caso a maioria sempre determina para a aprendizagem o inglês.
Contudo em muitos dos casos ainda encontramos certas resistência a leitura em
língua inglesa por ser considerada de difícil entendimento para alguns como também
desnecessária já que a sua maioria a considera não importante para a sua vida social.
Além disso, encontramos vários fatores como: a falta de incentivo em âmbito
familiar e escolar para a sua aprendizagem como também metodologias não eficientes
muitas vezes utilizadas pelos próprios professores para a aprendizagem dos alunos.
Outro problema constatado para a aprendizagem refere-se aos livros didáticos
utilizados que não propiciam um aumento tanto do interesse como o gosto da leitura do
inglês ficando a sua compreensão digo a leitura apenas direcionada apenas para se
passar de ano.
Todo o processo de leitura neste caso direcionado a leitura da língua inglesa
deve ser revisto para que se possa a partir dai propiciar ao aluno um maior interesse pela
leitura como também diminuir gradativamente a resistência a leitura da mesma.
Neste processo é necessária a participação não só da escola mais em um
contexto geral de pais e professores no tocante a incentivar o aluno a prática da leitura
da língua inglesa.
METODOLOGIA
É um procedimento sistemático e formal cujo objetivo é encontrar as respostas para problemas mediante o emprego de técnicas científicas que permitam descobrir
novos fatos ou dados, relações ou leis em qualquer campo do conhecimento. É uma explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método
(caminho) do trabalho de pesquisa.
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Tipo de Pesquisa
A pesquisa é caracterizada como pesquisa ação, a qual Thiollent (1996) define
como sendo:
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo.
Características do Local da Pesquisa
A pesquisa foi realizada em duas instituições de Ensino: Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio Álvaro Machado e Escolinha Educacional Risco e
Rabisco, sendo respectivamente Ensino Público e Privado, situadas na cidade de Areia -
PB, localizada a 130 km da capital João Pessoa/PB.
A turma da Instituição Pública é formada por 12 alunos com faixa etária entre
14 e 17 anos de idade. Já na Instituição Privada possui 14 alunos com faixa etária entre
13 e 16 anos.
Coleta e Análise dos Dados
A leitura proporciona-nos a capacidade de interpretação, por isso, ela deve ser
estimulada desde a infância, no convívio familiar e nas escolas sejam públicas ou
privadas, pois, através dela é que teremos uma população bem informada e crítica.
Certamente, se você não tem hábito de ler na sua própria língua materna, também não
terá na língua inglesa ou em outro idioma. No entanto, se você foi acostumado e
incentivado a leitura desde a infância, você terá curiosidade de ler em outros idiomas,
principalmente em língua inglesa, por ser tida como língua universal.
Na coleta dos dados foi utilizado um questionário contendo 10 questões, sendo
3 abertas e 7 fechadas, contendo perguntas relacionadas aos principais motivos intra e
extra-escolares mais comuns que possam estar associados à resistência ou desinteresse
pela leitura. Participaram da presente pesquisa 10 alunos do Ensino Público e 13 alunos
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do Ensino Privado, pois na data prevista faltaram 2 alunos do Ensino Público e 1 aluno
do Ensino Privado por motivos particulares.
A aplicação ocorreu de forma coletiva, em cada sala de aula, em horário
previamente agendado em cada instituição de ensino no mês de Abril de 2012. Os
alunos (participantes) foram informados acerca dos objetivos da pesquisa, bem como o
fato da atividade não ser considerada para a nota da disciplina. De uma forma geral, a
aplicação durou aproximadamente 15 minutos em cada sala de aula.
RESULTADOS
Após a análise do questionário, foi possível identificar vários motivos extra e
intra-escolares que podem influenciar diretamente no desinteresse pela leitura e
compreensão de textos em língua inglesa. Esses resultados são descritos a seguir.
Motivos Extra-Escolares do Desinteresse pela Leitura
Ao analisar cada questão abordada no questionário foi possível observar que o
grau de escolaridade dos pais (Figura 1) pode influenciar o interesse e motivação pela
leitura, quer seja na língua materna ou na inglesa.
No ensino público foi possível observar a baixa escolaridade dos pais dos alunos
entrevistados. Sendo constatado que 70% das mães e 40% dos pais não completaram o
ensino fundamental, além disso, 40% dos pais são analfabetos.
Em relação ao ensino privado, foi constatado como nível mais baixo de
escolaridade, o ensino fundamental incompleto (6º ao 9º ano). Além disso, 46% das
mães e dos pais possuem o ensino superior.
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Figura 1 - Grau de Escolaridade dos pais dos alunos (participantes) da pesquisa.
Ao analisar as questões 3 e 4 do questionário (Figura 2), foi possível observar
que quando os pais gostam de ler, estimulam seus filhos através da leitura na infância.
No ensino público, é possível observar que apenas 10% dos pais dos alunos
(participantes) gostam de ler, do restante 40% não gosta e 50% não são alfabetizados.
Esse resultado corrobora com o outro quesito abordado aos entrevistados (alunos), que
disseram que 90% dos pais não liam para eles na infância. No entanto, 46% dos filhos
adquiriram o gosto pela leitura em sala de aula. Assim, um hábito tão simples como o
de ler para os filhos na infância, pode estimular ou não o desenvolvimento desse hábito
nos mesmos.
No ensino privado, os pais possuem um grau de escolaridade mais elevado
quando comparado aos pais dos alunos da escola de ensino público, pois foi constatado
que 78% dos pais gostam de ler. Consequentemente, 78% desses pais liam para seus
filhos na infância e 70% desses filhos, adquiriram o hábito pela leitura, portanto, gostam
de ler.
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Figura 2 - Gosto pela leitura apresentado pelos pais e seus filhos e incentivo à Leitura na Infância dos alunos (participantes) da pesquisa.
4.2 Motivos Intra-Escolares do Desinteresse pela Leitura
No Ensino Público, 90% dos alunos disseram que gostam da disciplina de
Inglês, porém como não foram instigados à leitura quando crianças, 50% dos mesmos
citam como principal motivo de desinteresse pela leitura em Inglês a própria falta do
gosto pela mesma e 30% dos alunos relatam que não foram acostumados a ler, (Figura –
3).
No Ensino privado 85% dos alunos gostam da disciplina de Inglês, no entanto,
39% relacionam o desinteresse pela leitura em inglês à falta de bons livros, outros 23%
atribuem à falta de dinamismo; e os outros 15% dos alunos afirmam que não gostam da
disciplina de Inglês, porque não gostam de ler.
Alguns dos motivos mais relevantes no desinteresse pela leitura em língua
inglesa é o simples fato dos próprios alunos não gostarem de ler ou não terem livros que
despertem seu interesse (Figura – 3), refletindo nas causas que interferem na disposição
dos alunos quanto à leitura em língua inglesa. Para a grande maioria, a falta de gosto
pela leitura é preponderante, já que os mesmos não têm o hábito de ler desde a infância.
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Figura 3 - Gosto pela disciplina de Inglês; Motivos do desinteresse pela leitura em Inglês.
DISCUSSÃO
A leitura é importante para o desenvolvimento humano. Sendo necessária por ter
o poder de transformar desde a concepção intrínseca do indivíduo, até mesmo a
sociedade e o ambiente o qual convivemos. Sabemos que a relação de desigualdade
quanto ao grau de escolaridade dos pais dos alunos de Ensino Público em comparação
aos do Ensino Privado, vem desde a estrutura familiar. Pois, muitos dos pais dos alunos
do ensino público não foram incentivados a ler por seus pais e muitos nem sequer são
alfabetizados, uma vez que, a maioria tinha como obrigação ajudar seus pais em
trabalhos para o sustento familiar.
A leitura é a base fundamental para formação de cidadãos críticos capazes de
perceber e saber diferenciar o que lhe é bom ou não. Muitos são os motivos que afastam
os alunos do hábito de leitura, porém esses alunos precisão ser alertados quanto à
importância da leitura. Segundo Freire (1998), “eles precisam ser conscientizados da
sua condição de vida e trabalho em que estão inseridos, pois este ato é um dos meios
pelos quais lhes será possibilitado à participação na luta pela melhoria de vida”.
De acordo com os relatórios de pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2008),
“em pleno século XXI a maioria da população que é capaz de ler (2/3) assume que não
lê com frequência, prefere assistir televisão, ouvir música; se comunicar pela oralidade.
O restante (1/3) lê jornais e revistas e deixa de lado os livros”.
Precisamos incentivar os alunos a leitura e esse incentivo deve iniciar no meio
familiar, passando pela escola, nesta o incentivo deve ser feito por meio de leituras
atrativas através de gibis, textos da internet, ou seja, uma diversidade de gêneros
textuais.
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Para muitos alunos, a leitura é algo muito difícil porque, para eles, ela não faz
sentido, notamos que os alunos associam as dificuldades de compreensão ao
desconhecimento de palavras do texto e que a atividade de leitura em Língua
Estrangeira está associada à atividade de tradução. Conforme Kleiman (2000), “a leitura
em sala de aula tem sido uma atividade árida e tortuosa de decifração e nada tem a ver
com uma atividade prazerosa”.
No entanto, através da leitura aprimoramos o nosso vocabulário e saberemos
utilizá-lo com clareza e objetividade, conhecemos ou simplesmente viajamos por meio
de outras culturas, costumes. Aprender e/ou ensinar é segundo Jordão (2007), “ter
consciência da própria cultura e da do outro”.
A aprendizagem da língua Inglesa é fundamental, principalmente por ser a
língua “universal”, essencial ao mundo globalizado. Consequentemente, uma disciplina
fundamental ao ensino público e/ou privado. Ler é garantir a liberdade e direito de
expressão obtendo igualdade diante da sociedade.
Sandroni (1986 apud BORTOLOM et al. p. 11) afirma que “para ler é preciso
gostar de ler.” E gostando de ler você vai querer ler em qualquer outro idioma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da pesquisa, verificamos dois grupos principais de motivos pela
falta de interesse pela leitura em língua inglesa: os motivos extra e os intra-escolares.
Entre os motivos extra-escolares do desinteresse pela leitura, destaca-se a falta da leitura
de textos na infância dos filhos, tanto no ensino público, quanto no ensino privado. Dos
motivos intra-escolares do desinteresse pela falta de leitura em língua inglesa destaca-se
a falta de bons livros no ensino privado; e a falta de gosto pela leitura no ensino público.
A ausência do hábito familiar pela leitura nos alunos do ensino público influenciou na
obtenção do gosto pela leitura dos filhos (alunos participantes).
No entanto, percebemos quanto á leitura é importante por ter o poder de nos
informar e tornar-nos cidadãos críticos. Porém, ela é mais eficaz quando iniciada no
meio familiar, ainda na infância, pois nesta fase as crianças são mais vulneráveis às
influências por gostarem de imitar os adultos, então ela torna-se hábito. Independente
de qualquer outro motivo para o aluno gostar de ler em língua inglesa, ele precisa ter o
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hábito de ler e ser motivado á tal prática tendo consciência de que essa atitude pode
fornecer-lhes conhecimento e transformá-lo em uma pessoa consciente e crítica.
Para termos uma geração de futuros leitores precisamos incentivar o contato com
a leitura o quanto antes. Devemos iniciar em casa mesmo, ainda com as crianças,
passando pelas escolas (públicas ou privadas), com crianças e adolescentes para
formarmos futuros adultos leitores que, por terem adquirido esse hábito saudável, o
transmitirão a seus filhos. Com isto, além de melhorarmos o desempenho escolar dos
alunos, teremos uma população com um melhor nível cultural.
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