Resenha Psicoterapia de Grupo e Psicodrama Introdução à Teoria e à Práxis.

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MORENO, J. L. Psicoterapia de Grupo e Psicodrama: Introdução à Teoria e à Práxis. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1974, p. 19- 38. A psicoterapia de grupo é mais antiga do que a individual: como exemplo encontram-se as danças rituais dos primitivos, “o conselho dos anciãos”, o conselho de guerra das tribos indígenas, o coro (precursor do drama grego), o trabalho com grupos de criminosos ou outros banidos da sociedade desenvolvido nos conventos, entre outros. Ela possui em sua origem, três raízes: é um ramo da Medicina, da Sociologia e da Religião. A psicoterapia de grupo baseada em diagnóstico foi possível, apenas, através da sociometria, por meio da qual as estruturas do grupo puderam ser apreendidas cientificamente. A pesquisa sociométrica foi a base de uma ciência diagnóstica dos grupos normais e patológicos. O início da psicoterapia de grupo científica se deu em 1931, com o termo “terapia” em ênfase, para diferenciar de uma análise psicológica ou sociológica. Moreno de 1910 a 1914 começou a formar grupos de crianças nos jardins de Viena, em 1913 e 1914 trabalhou grupos de discussão com prostitutas de Spittelberg e suas observações e estudos em um campo de refugiados em Muttendorf de 1915 a 1917, contribuíram para o nascimento da psicoterapia de grupo, cuja semente foi concebida na Europa, embora tenha nascido na América do Norte. A verdadeira psicoterapia de grupo consiste de sessões terapêuticas, nas quais três ou mais pessoas que tomam parte

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MORENO, J. L. Psicoterapia de Grupo e Psicodrama: Introdução à Teoria e à Práxis. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1974, p. 19-38.

A psicoterapia de grupo é mais antiga do que a individual: como exemplo encontram-

se as danças rituais dos primitivos, “o conselho dos anciãos”, o conselho de guerra das tribos

indígenas, o coro (precursor do drama grego), o trabalho com grupos de criminosos ou outros

banidos da sociedade desenvolvido nos conventos, entre outros. Ela possui em sua origem,

três raízes: é um ramo da Medicina, da Sociologia e da Religião.

A psicoterapia de grupo baseada em diagnóstico foi possível, apenas, através da

sociometria, por meio da qual as estruturas do grupo puderam ser apreendidas

cientificamente. A pesquisa sociométrica foi a base de uma ciência diagnóstica dos grupos

normais e patológicos. O início da psicoterapia de grupo científica se deu em 1931, com o

termo “terapia” em ênfase, para diferenciar de uma análise psicológica ou sociológica.

Moreno de 1910 a 1914 começou a formar grupos de crianças nos jardins de Viena,

em 1913 e 1914 trabalhou grupos de discussão com prostitutas de Spittelberg e suas

observações e estudos em um campo de refugiados em Muttendorf de 1915 a 1917,

contribuíram para o nascimento da psicoterapia de grupo, cuja semente foi concebida na

Europa, embora tenha nascido na América do Norte.

A verdadeira psicoterapia de grupo consiste de sessões terapêuticas, nas quais três ou

mais pessoas que tomam parte esforçam-se para resolver problemas comuns. Há grupos

naturais (ex. família) com sessões que se realizam onde as pessoas vivem e atuam; e grupos

sintéticos (ex. pacientes), cujas sessões se realizam em uma clínica ou em um consultório

médico e os membros são estranhos uns aos outros e seu relacionamento mútuo é novo. O

grupo necessitará de um cenário abstrato e de um espaço concreto no qual as interações

podem ocorrer livremente. A sala pode ter um estrado para o terapeuta e os pacientes sentam-

se em semicírculo em cadeiras ou no chão, em uma conversa livre ou um teatro terapêutico

com palco. A sala deve ser cuidadosamente preparada antes da sessão.

A psicoterapia de grupo apresenta o princípio da interação terapêutica com influência

mútua de seus membros, o princípio da espontaneidade, importante por razões terapêuticas e

diagnósticas, e caráter direto e imediato da interação do grupo. Portanto, compreende e

integra o processo psicodinâmico do indivíduo, tratando ao mesmo tempo todos os indivíduos

e o grupo todo. O grupo tem a sua estrutura social própria com processos individuais

independentes. No processo a “tele” é muito importante e o diretor, além da experiência de

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analista, deve desenvolver uma forma particular de “personalidade de grupo”, com calor,

empatia e expansão emotiva.

São princípios diagnósticos para a terapia de grupo: cada grupo tem uma base oficial e

uma sóciométrica, uma estrutura consciente e inconsciente; desenvolve-se segundo leis

sóciogenéticas; atração e rejeição entre indivíduos e grupos segue a lei sociodinâmica; há

líderes populares, poderosos e isolados; há grupos centrados no líder, centrados no próprio

grupo e grupos sem líderes; cada grupo tem uma determinada coesão.

No entanto, o passo decisivo para o desenvolvimento da psicoterapia de grupo foi o

psicodrama. Embora vestígios do psicodrama já se apresentassem em civilizações primitivas,

foi com Moreno que surgiu a partir de 1921, com a fundação do “Teatro de Improvisação”

próximo à ópera de Viena, por meio das propriedades terapêuticas, com representação de

papéis que se adaptavam cuidadosamente às situações conflitivas. Tais propriedades

terapêuticas ocorriam não apenas nos atores ou pessoas que representavam os papéis, mas

também no público que assistia ao espetáculo. Outro acontecimento que deu impulso à

difusão universal da psicoterapia de grupo e conduziu à fundação de um Comitê Internacional

de Psicoterapia de Grupo foi o Congresso de Terapeutas de Grupo que ocorreu em 1932.

As bases da psicoterapia de grupo foram criadas entre 1925 e 1940, porém até o ano

de 1935, Moreno era o único a utilizar os novos métodos sob o nome de terapia ou

psicoterapia de grupo. Depois de 1940, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial, a

psicoterapia de grupo se expandiu amplamente nos Estados Unidos, alastrando-se

posteriormente para a Grã-Bretanha e Europa.

“O fundamento da psicoterapia de grupo é a doutrina da interação terapêutica. O

fundamento do psicodrama é o princípio da espontaneidade criadora, a participação

desinibida de todos os membros do grupo na produção dramática e a catarse ativa”

(MORENO, 1974, p.38).