Resenha - Os Desafios de Ser Professor Hoje - Fernanda Gouveia
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CEFET-MG – Mestrado em Educação Tecnológica
Disciplina Isolada: Trabalho, Educação e Identidade Profissional
Docentes: Dra. Adriana Maria Tonini e Dra. Sabina Maura Silva
Discente: Fernanda Michelle Nicácio Silva Gouveia
RESENHA
I – OBRA
BIANCHETTI, Lucídio. et al. Transformações na educação e no trabalho - Os desafios de ser
professor(a) hoje. In: CUNHA, Daisy M. & LAUDARES, João Bosco (orgs.). Trabalho: Diálogos
multidisciplinares. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. p.178 a 203.
II – CREDENCIAIS DO AUTOR
O primeiro autor, Bianchetti é pedagogo e doutor em Educação pela PUC-SP, bolsista de
produtividade do CNPQ. Os demais autores são doutores, em educação e ciências sociais,
respectivamente.
III – CONCLUSÕES DA AUTORIA
A análise da educação e do trabalho no mundo contemporâneo fornece subsídios para a auto-reflexão,
em que o indivíduo mudando a si, e à sua rede social, contribui para a mudança social.
IV – DIGESTO/CONCLUSÃO DO AUTOR
- O artigo busca compreender as características dos desafios postos aos processos educacionais e ao
exercício da profissão docente no mundo contemporâneo.
- Entre os desafios estão a apreensão didática das novas tecnologias e as relações entre a s tecnologias
da informação e da comunicação e o trabalho docente, dentre outros.
- No campo de estudos educação e trabalho, são mapeados fatores de mudança social e seu impacto
no mundo do trabalho e no processo educativo (enquanto meio de formação profissional.) As
mudanças afetam até mesmo os referenciais teóricos em uso.
- Ocorrem alterações nas qualificações e competências docentes, nas estruturas curriculares dos cursos
de formação de professores, assim como nas formas e modalidades de exercício profissional.
- A obsolescência do conhecimento (3 anos em média) afeta ainda mais aos professores, cujo trabalho
é fazer as mediações científica, humanista e tecnológica, enfim, educacional, entre uma geração e
outra.
- Exige-se dos trabalhadores cada vez mais a capacidade de abstração. Todo o trabalho repetitivo está
em risco de se extinguir com a automatização e quem há por um lado a liberação de funções
repetitivas, por outro, não se fez seguir de compensações que permitam às pessoas viver com
dignidade.
- O discurso das competências e empregabilidade atribui aos próprios trabalhadores a tarefa de
continuar sendo “assimiláveis” por mercado cada vez mais restrito e sofisticado. A pressão decorrente
somatiza em doenças, junto à perda das referências sociais e de identidade, proporcionadas pelo
trabalho.
- Fim da correspondência entre diploma e emprego, e da ilusão de empregabilidade pelos méritos
decorrentes do processo de formação. As relações de poder demandas outras estratégias para o
emprego.
- A escola como instrumento de exclusão social. as novas tecnologias e as mudanças na educação e no
trabalho estão implicadas nas formas mais sutis de exclusão social e escolar.
- Há a exclusão da escola (indivíduos que deveriam e não frequentam a escola) e exclusão na escola
ou exclusão branda (percurso escolar longo e acidentado com diploma desvalorizado que não garante
adequação entre a chancela legal e o posto de trabalho ocupado). A atuação dos professores tem
impacto decisivo no processo de eliminação branda.
- A força da eliminação branda reside na aparência de equidade e na continuidade, assim como nos
mecanismos sociais que produzem a crença na legitimidade da escola.
- A escola funciona como espécie de caixa de ressonância, revelando os dilemas vividos pela
sociedade.
- Talvez nenhum outro setor de atuação seja tão dependente da presença de pessoas quanto o dos
profissionais da educação. A automatização não garante a manutenção e presença da dimensão
humana, seja no processo, seja no produto.
V – METODOLOGIA DA AUTORIA
Os autores utilizam o método sistêmico, em que o sistema educacional se vincula a outros sistemas, e
percebido como reflexo do próprio sistema social como um todo.
VI – QUADRO DE REFERÊNCIA DA AUTORIA
O Estruturalismo pode ser identificado a partir da análise do sistema social e sua relação de reflexo e
sustentação pelo sistema educacional.
VII – QUADRO DE REFERÊNCIA DO RESENHISTA
O resenhista se aproxima do materialismo histórico, dessa forma critica a postura estruturalista que
percebe o objeto como um sistema relacionado a outros e inserido no sistema social. Dessa forma há
uma noção de circularidade, contribuindo para manter - e não alterar - o funcionamento da estrutura
percebida.
VIII – CRÍTICA DO RESENHISTA
Os autores descrevem alterações no sistema social e seus reflexos no sistema educativo e profissional.
Estes últimos são analisados e percebidos como ressonantes do sistema social, portanto atribuem ao
sistema educacional o papel de manutenção do quadro vigente.
Concluem afirmando que as análises podem contribuir com “a autorreflexão do profissional da
educação convergindo para a tessitura de uma rede”. No entanto não indicam COMO tecer essa rede
diante das impossibilidades coletivas e políticas por eles analisadas. Dessa forma os autores cometem
situação similar àquela criticada no discurso de competências: lançam toda a responsabilidade sobre o
indivíduo.
IX – INDICAÇÕES
O texto contribui para analisar mudanças e desafios ao exercício da profissão de educador no mundo
contemporâneo. O mérito do artigo está muito mais em esclarecer o problema do que apontar
soluções. Texto indicado para uso crítico em cursos de formação continuada para profissionais da
educação.