[Resenha] O popular e o nacional - ORTIZ

5
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | ESCOLA DE ARTES, CIENCIAS E HUMANIDADES XXXXXX RESENHA: O popular e o nacional No Brasil, é a Ditadura que impulsiona o capitalismo e por conseguinte a modernização. Programa uma nova ordem social com o poder da mídia em suas mãos. Aquelas que fossem contra seus objetivos como a TV Excelsior e a Última Hora faliram ou passaram grandes dificuldades, enquanto as favoráveis como a TV Globo obtiveram sucesso. Fazer cultura não era mais o mesmo que fazer política. O “fazer cultura” implica em criação de uma cultura pública. Neste caso, com o poder militar brasileiro como principal interessado, uma com foco na integração nacional; seria necessário então uma cultura de massas. Esta seria um meio de ajustar os indivíduos à sociedade, pois mostraria um tipo ideal de comportamento a ser alcançado; a ascendência do mercado só ajudaria. É no século XIX que a “cultura” se transforma em objeto de consumo. O mercado, mais forte, exigia profissionais de facto. Os novos produtores culturais tinham que separar suas visões culturais das políticas. Assim, a ideia do nacional se tornava sujeita ao mercado ao invés de certos agentes políticos/artísticos.

description

O popular e o nacional, resenha

Transcript of [Resenha] O popular e o nacional - ORTIZ

UNIVERSIDADE DE SO PAULO | ESCOLA DE ARTES, CIENCIAS E HUMANIDADESXXXXXX

RESENHA: O popular e o nacionalNo Brasil, a Ditadura que impulsiona o capitalismo e por conseguinte a modernizao. Programa uma nova ordem social com o poder da mdia em suas mos. Aquelas que fossem contra seus objetivos como a TV Excelsior e a ltima Hora faliram ou passaram grandes dificuldades, enquanto as favorveis como a TV Globo obtiveram sucesso.Fazer cultura no era mais o mesmo que fazer poltica. O fazer cultura implica em criao de uma cultura pblica. Neste caso, com o poder militar brasileiro como principal interessado, uma com foco na integrao nacional; seria necessrio ento uma cultura de massas. Esta seria um meio de ajustar os indivduos sociedade, pois mostraria um tipo ideal de comportamento a ser alcanado; a ascendncia do mercado s ajudaria. no sculo XIX que a cultura se transforma em objeto de consumo. O mercado, mais forte, exigia profissionais de facto. Os novos produtores culturais tinham que separar suas vises culturais das polticas. Assim, a ideia do nacional se tornava sujeita ao mercado ao invs de certos agentes polticos/artsticos. Tal acontecimento pode ser aludido mudana do perfil dos biografados dos EUA na dcada de 1920. Se antes o homem de ao era o foco, em meados desta dcada o homem do entretenimento tomou seu lugar, virando o novo arqutipo de heri popular o homem passivo em vez do ativo. Durante a Ditadura Brasileira, a possibilidade do econmico no significa a existncia da poltica, e a indstria da cultura ligada ao movimento de despolitizao da massa. Com o surgimento da cultura de mercado, o jornal se tornou empresarial em detrimento de poltico; para Ortiz (2001), outrora se outorgasse a uma misso, o jornalismo agora se subjugava a demanda popular, segundo os princpios do mercado.Com a efetiva participao da ditadura, a despolitizao da massa acontece tambm em meio poltico, quando antes era apenas no mercado. Tal como em mudanas desse tipo, a sociedade teve que se adaptar nova cultura; aqueles que no conseguiram ou no se contentaram, principalmente a juventude brasileira do perodo, criaram uma contracultura caracterizada por:

nfase no alienado, que busca na droga, no misticismo ou na psicanlise, a forma de expressar sua individualidade; desarticulao do discurso, retificao da linguagem, o que equivaleria a uma desvalorizao do conhecimento racional; recusa em se encarar o elemento poltico. (ORTIZ, 2001, p.158).

Segundo Ortiz (2001), para a cultura popular de massa existir necessrio que o prprio conceito se redefina. Isso implica em resoluo da problemtica da cultura nacional-popular, geralmente buscada atravs:1) De estudos folclricos; mtodo particularmente forte em lugares perifricos aos centros de poderes sociais-econmicos, uma vez que tentam compensar a falta de poder politico pelo cultural da regio; 2) De ao poltica direcionadas as massas; foca-se a conscientizao das suas prprias condies sociais.A ascenso do mercado modifica a problemtica para a cultura do mercado-consumo. Isso se mostra quando a televiso brasileira, j consolidada em mercado nacional, trabalha em prol da conquista do mercado regional. Criando pequenas grades horrias com focos locais, mas priorizando grades nacionais, a televiso altera a prpria identidade do telespectador: o novo Ser local somente existe quando vinculado realidade do mercado nacional. (ORTIZ, 2001). No algo to diferente do ocorrido no cinema brasileiro da dcada de 1970: recm-sado do Cinema Novo (onde a tcnica era de difcil aceitao popular) o cinema se voltou ao mercado, a um tipo de entretenimento que o pblico carecia o regional.O campo cultural s comea a mudar quando volta-se ao realismo, algo lgico no sentido de que para o homem burgus as batalhas psicolgicas so muito mais interessantes do que os acasos do romantismo de outros tempos, e isso o que o realismo oferece. Mas no Brasil, antes disso ou para isso, h ainda o problema da construo da realidade brasileira a ser resolvido, pois mal se adaptava os produtos importados s condies nacionais.Isso comea pouco a pouco a mudar atravs da fotonovela, e s passa de fato televiso quando acontece no teatro. Finalmente havia no Brasil contedo feito por brasileiros para brasileiros com a realidade existente no Brasil. Um processo que muda o olhar crtico da obra.Quando determinada mdia passa por esse processo de transformao deixa de ser totalmente alienada no sentido de desencaixada do ambiente e passa a possuir algumas obras boas. No entanto, nem sempre os crticos concordam no que bom. Nesses casos, o fator do realismo pesa ao lado da demanda do mercado ao contrrio das velhas frmulas do passado ao menos que a demanda seja essa tentando aumentar ao mximo possvel o mercado consumidor. As diferentes posies dos crticos decorrem de suas diferentes ideologias intelectuais.Se a indstria da cultura de carter nacional se consolidou, a efetivao da identidade brasileira significa a no mais existncia de alienao no realismo nacional-popular. Para Ortiz (2011), como isso no verdade, os atuais intelectuais do nacional-popular usam um discurso que no condiz com o atual perodo histrico. Sendo assim, so incapazes de ter conscincia crtica da sociedade em que vivem.BibliografiaORTIZ, Renato. O popular e o nacional. In: A moderna tradio brasileira. So Paulo: Brasiliense, 2001, p.149-181.