Resenha Ideologia Alemã

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Resenha Ideologia Alemã. Na obra “A Ideologia Alemã” os filósofos Marx e Engels põe em questão as idéias de reforma da humanidade dos neo- hegelianos. Para eles, ao contrário de Hegel, a base das ideias é o mundo real, o mundo sensorial e não o da subjetividade. Ainda ao contrário de Hegel, acreditam que o movimento dialético (chamado de materialismo dialético) deve partir do concreto e não do conceito (saindo do concreto real para o concreto pensado). Os filósofos defendem um projeto de emancipação real da humanidade, o desenvolvimento da sociedade através do conhecimento (devemos conhecer para transformar). Marx e Engels acreditavam que as formas de representação coletivas deviam ser estudadas com base no cotidiano, ou seja, nas relações sociais (sociedade). Dessa maneira eles contradizem Feuerbach (que afirmava a existência do ser humano como um ser passivo) dizendo que existe a sensibilidade ativa do homem. Nesse sentido, utilizam o trabalho como centro para a análise que realizaram. Mostram o surgimento do Estado como um conflito entre o interesse individual e o coletivo, esse conflito foi consequência da divisão do trabalho. Afirmam que o Estado sempre representa o interesse de uma determinada classe e que são as condições materiais que vão determinar a estrutura de classes e a forma política. A grande utopia que podemos perceber na obra é o ideal de socialização dos meios de produção e da política. Isso seria possível através da tomada e controle do Estado, essa tomada podendo ser por via armada. No entanto, mesmo com o proletariado no poder, o Estado será ilegítimo, visto que vai continuar a defender um interesse e este é colocado como se fosse o interesse geral da sociedade. É nisso que se constitui o conflito entre classes. Os Filósofos acreditavam que a revolução era a única possibilidade para se fundar uma nova sociedade, essa revolução seria a

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Resenha feita para disciplina de introdução a ciências sociais sobre a ideologia alemã

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Resenha Ideologia Alemã.

Na obra “A Ideologia Alemã” os filósofos Marx e Engels põe em questão as idéias de reforma da humanidade dos neo-hegelianos. Para eles, ao contrário de Hegel, a base das ideias é o mundo real, o mundo sensorial e não o da subjetividade. Ainda ao contrário de Hegel, acreditam que o movimento dialético (chamado de materialismo dialético) deve partir do concreto e não do conceito (saindo do concreto real para o concreto pensado). Os filósofos defendem um projeto de emancipação real da humanidade, o desenvolvimento da sociedade através do conhecimento (devemos conhecer para transformar). Marx e Engels acreditavam que as formas de representação coletivas deviam ser estudadas com base no cotidiano, ou seja, nas relações sociais (sociedade). Dessa maneira eles contradizem Feuerbach (que afirmava a existência do ser humano como um ser passivo) dizendo que existe a sensibilidade ativa do homem. Nesse sentido, utilizam o trabalho como centro para a análise que realizaram. Mostram o surgimento do Estado como um conflito entre o interesse individual e o coletivo, esse conflito foi consequência da divisão do trabalho. Afirmam que o Estado sempre representa o interesse de uma determinada classe e que são as condições materiais que vão determinar a estrutura de classes e a forma política. A grande utopia que podemos perceber na obra é o ideal de socialização dos meios de produção e da política. Isso seria possível através da tomada e controle do Estado, essa tomada podendo ser por via armada. No entanto, mesmo com o proletariado no poder, o Estado será ilegítimo, visto que vai continuar a defender um interesse e este é colocado como se fosse o interesse geral da sociedade. É nisso que se constitui o conflito entre classes. Os Filósofos acreditavam que a revolução era a única possibilidade para se fundar uma nova sociedade, essa revolução seria a autotransformação do homem. É relevante entender o surgimento do Estado para compreender as relações de classe e consequentemente o trabalho. O que acredito ser de mais importante no estudo da obra é a análise que os autores fazem do trabalho, da produção material, especialmente da mais-valia, pois é a partir desse conhecimento que podemos compreender essa diferença de classes. Para que o homem possa realizar sua história precisa, obviamente, viver, mas para que isso seja possível é necessário que ele tenha condições de ter comida, bebida, moradia, roupas, etc. Para que isso seja concretizado é preciso que haja produção da vida material (para suprir tais necessidades) e para isso o homem transforma a natureza. Ele exerce sua atividade prática sobre a natureza e daí obtém os meios materiais necessários a sua existência. Retomando a teoria da mais-valia, esta significava que o dinheiro não gera dinheiro, o que gera lucro é o trabalho. A mais-valia é exatamente o valor que é gerado pelo trabalho, mas que não é repassado para o trabalhador. Essa

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relação entre capitalista e assalariado é o que possibilita a existência de uma relação social chamada de capital, relação esta que só existe devido a mais-valia. Aquele que possui os meios de produção se beneficia do trabalho alheio pelo fato de que o outro só possui a força de trabalho. Aqueles que detêm o capital, os capitalistas, formam uma classe dominante e a massa da população constitui a classe operária (ou proletariado). Essas duas classes dependem uma da outra (os trabalhadores precisam do salário e os detentores do capital precisam da mão-de-obra), essa dependência não é equilibrada, pois é uma relação de exploração, já que os empregadores se apropriam do lucro produzido através do trabalho dos operários. Em um dia de trabalho, por exemplo, os proletariados produzem mais do que os empregadores precisam para compensar seus gastos e contratação. Esse excedente é o lucro, a mais-valia, que o explorador utiliza para seu próprio proveito. Dessa maneira, as relações de propriedade são a base das desigualdades sociais, visto que a divisão do trabalho criou homens que trabalham para os outros (utilizando os meios dos outros) e homens que não trabalham porque possuem os meios e podem fazer os outros trabalharem para si (empregadores). Podemos perceber que o principal fundamento da história, para os autores, é a atividade humana, a práxis e o trabalho. Através desse fundamento o ser social produz a si mesmo. As contribuições de Marx e Engels na atualidade são relevantes, podemos citar o exemplo do trabalho como uma relação contraditória, pois ao mesmo tempo em que nega ao homem cria possibilidades para a emancipação social. Essa é uma contradição que é colocada na sociabilidade. Com relação ao novo materialismo de Max e Engels podemos perceber que é revolucionário, pois perdeu o caráter especulativo da dialética de Hegel. Outra grande ideia é a inevitável revolução dos trabalhadores para derrubar o sistema capitalista e introduzir uma ordem sem classes. É importante compreender com essa leitura que a dominação não deve ser vista como algo pronto e acabado na sociedade, pois ela é constituída em um processo social. Considero que a principal contribuição de Marx e Engels, daquela época aos dias atuais, é a ideia de que o capitalismo desempenha papel fundamental na criação da sociedade que vivemos. Os referidos filósofos acreditavam que a história humana é a história das relações dos homens entre si e com a natureza. Para que essas duas relações sejam possíveis existe um elemento essencial de mediação: o trabalho. Este dita o modo pelo qual as sociedades humanas se estruturam. O conhecimento desta obra é fundamental no sentido de compreendermos as grandes transformações dos modos de produção pelas quais a história da humanidade passou (modo escravista, feudal e capitalista). Referências Bibliográficas JUNIOR, Justino de Sousa. Marx e a crítica da educação. Da expressão liberal-democrática à crise regressivo-destrutiva do Capital. Aparecida-SP. Idéias &

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Letras, 2010. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. Tradução: Luis Cláudio de Castro e Costa. São Paulo, Martins Fontes, 1998. VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo, Editora Ática, 2007.