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RENATA WASSOLER CASAGRANDE PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: A ATUA~iio DO PSICOPEDAGOGO CURITIBA 2001

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RENATA WASSOLER CASAGRANDE

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: A ATUA~iio DO PSICOPEDAGOGO

CURITIBA

2001

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RENATA WASSOLER CASAGRANDE

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: A ATUACAO DO PSICOPEDAGOGO

Monografia apresentada paraobteO/;;ao do titulo deespecializac;ao no CUrso de P6s-gradu8c;ao em Psicopedagogia 9,.0Centro de Pesquisa e Extensao daUniversidade Tuiuti do Parana.

Orientadora: Laura Bianca Monti

J (

CURITIBA

2001

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SUMARIO

RESUMO ..

INTRODUc;:Ao ............................ 01

. iii

CAPiTULO 1 - ALGUMAS CONSIDERAC;:OES SOBRE A APRENDIZAGEM

E SUAS DlFICUlDADES ..

1.1 Visao Geral das Dificuldades de Aprendizagern ..

CAPiTULO 2 - A ATUAc;:Ao DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DOS

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ..

2.1 Problemas de Afetividade ..

2.2 Problemas de Audibiliza<;ao ..

2.3 Problemas da Fala ...

2.4 Problemas com a Leitura ..

2.5 Problemas com a Escrita ..

2.6 Problemas de Aritmetica,.

2.7 Problemas Psicomotores ..

2.8 Problemas de Conduta ..

CONClUsAo ..

'/. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .

. .. .. 03

..04

. 14

....20

. 22

.......23

. 26

. 28

. 29

. 29

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. 37

. .40

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RESUMO

Varios estudos tern mostrado que as problemas de aprendizagem, quandonao diagnosticados competentemente, acabam per conduzir 0 aluno ao fracassoescolar. Entre as causas para esta fata encontrarn-se a familia que paraee ignorar aexistencia de problemas, a escola que prefere fadar 0 aluno aD fracasso aD inv8S deencaminha-Io aD piscopedagogo, metodologias inadequadas, professores que naGestao preparados para trabalhar as diferentes caracteristicas dos alunos al8m dosfatores socia is. Compreender a importancia da 8gaO do psicopedagogo Frente aosproblemas de aprendizagem foi 0 objetivo basico deste trabalho. Para chegar a estaobjetivo, utilizou-se a pesquisa bibliogn3fica de autores pertinentes ao assunto taiscomo, seaz (1987), WEISS (1998), BRAGA (1988) e tantos outros. Esses autorespossibilitaram 0 conhecimentos dos principais problemas de aprendizagem e decomo devem ser tratados. Possibilitaram ainda, a analise do papel que 0psicopedagogo deve desempenhar junto aos professores, familias e principal mentejunto ao aprendente. A pesquisa demonstrou que e preciso investir nesseprofissional, bem como em instrumentos e ayoes que consigam diagnosticar e trataresses problemas, para que os alunos consigam alcanyar 0 sucesso escolar.

iii

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INTRODUC;:AO

o ato educativo e um processo de pensamento e 8yeo que envolve 0 aluno,

sua famIlia e sua escola. Entretanto, a postura de certos profissionais com crianCY8s

que "nao desempenham bern" suas tarefas e li90e5, aeaba par refon;;ar ainda mais 0

seu desempenho, "desincentivando-as" e fadando-as aD fracasso.

E muito comum atribuir a propria crian98 e/au sua familia as causas do

fracasso na escola. Muitas vezes porem, essas causas encontram-se na propria

escola.

A existencia de problemas que dificultam a aprendizagem nem sempre epercebida nem pelas familias, nem pelo professor. Dai a necessidade da 8980 do

psicapedagaga junla aa aluna.

A escala, como canal institucionalizado para a educa~o formal de uma forma

abrangente, e definida como necessidade imperiosa dos povos civllizados.

Entretanto, muitas vezes ela tem tida uma postura de indiferenga frente as

necessidades dos seus alunos, preferindo culpar os paiS pelos fracasso escolar do

que colocar urn profissional com a devida competencia para a detecc;:ao de

problemas.

Per outro lado, os professores, em sua maiaria, quase sempre nivelarn 0

ensino a urn mesmo padrao, esquecendo-se de observar as diferengas individuals,

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seja na bagagem de conhecimentos que a aluno traz para a sala de aula, seja nas

diferentes dificuldades que cada um apresenta.

As diferentes reac;oes familiares tambem chamam a atenc;.ao para estudar 0

problema, buscando questionar a situa~o das dificuldades de aprendizagem e a

ac;ao do psicopedagogo.

Assim, justifica-se a escolha deste tema, em que S8 acredita relevancia e

atualidade.

Para chegar as passlveis solug6es, pretendeu-se atingir as seguintes

objetivos:

• Caracterizar a trabalho do psicopedagogo em sua interven980 junto a

professores e familia, face aDs problemas de aprendizagem.

• Apresentar as principais problemas de aprendizagem.

• Analisar provaveis encaminhamentos sobre a problematica em questao.

Para atingir estes abjetivQs, este trabalho foi dividido em dois capitulos

distintos, al9m desta introdu98o e da conclusao. 0 primeiro capitulo traz algumas

considerayoes sobre a aprendizagem e suas dificuldades e 0 segundo, refere-se a

atuac;ao do psicopedagogo diante dos problemas de aprendizagem, trazendo alguns

casas clinicos que exemplificam a sua atuayao.

Espera-se de alguma forma, contribuir para a soluy80 de um problema tao

relevante como este que ora apresentado.

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CAPiTULO I - ALGUMAS CONSIDERA«OES SOBRE A APRENDIZAGEM E

SUAS DIFICUlDADES

Segundo BARONE (1998) a aprendizagem lem papel fundamental na

constituiyao do sujeito humano, mas ela nao e instintiva como nos animais, ela eapreendida e intermediada primeiro pel a mae, depois pelos demais representantes

da cultura (professor, livros, meiDs de comunic8<;ao, etc.). Mas 0 que vern a S8r

aprendizagem?

Aprendizagem e a res posta coerente e 16gica dada a nossas indagar;6es.

Esta presente em nossa vida diaria e a todo momento a exercitamos, usanda 0

raciodnio, criando hipoteses, escolhendo solur;oes (nem sempre certas) para

resolver nossas necessidades. Ela, geralmente, e adquirida par meio de

conhecimento da cultura acumulada pela humanidade, pela intuivao 169ica ou

estetic8, pel a vivencia emotiva, pela abservac;ao e reflexao sobre 0 meio em que

vivemos (SA VIAN I, 1996).

Par ser adquirida, significa entao, mudanc;a do comportamento resultante da

experiencia. E produto da maturac;ao e de experiencia da crianc;a. Como afirma

MASINI (2000, p. 18) a aprendizagem " .. evidencia a passagem de uma etapa de

desenvolvimento para uma outra mais avanc;ada, com ganhos na autonomia das

proprias agoes e relagoes com outras pessoas, com objetos e situa90es"

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Na escola, a aprendizagem faz parte de urn processo denominado ensina-

aprendizagem que envolve a relac;:ao professor-aluno. E urn processo que parte do

principia de que "todo ser humane e modificavel", IS50 implica no desenvolvimento

da crianc;a, na sua transformaC;3o de urn ser em estado bruto para urn ser elaborado,

preparado para a pratica social. A escola e a facilitadora da construC;:3o do

conhecimento da crian,a (FONSECA, 1998, p. 40).

Para Jean PIAGET, citado por DAVIS & OLIVEIRA, (1983) a aprendizagem

depende do desenvolvimento.

Para esse estudioso, 0 conhecimento e construfdo de uma forma aberta e

gradativa, de maneira que exista sempre uma abertura em que urn conhecimento

propicie Dutro. IS50 S8 da par meio de fases hierarquicas caracterizadas pel a

presenc;a de estruturas bern definidas. Quando as estruturas nao 58 encontram bern

definidas e sinal de que existem problemas que dificultam a aprendizagem.

1.1 Visao Geral das Dificuldades de Aprendizagem

Segundo PARENTE & RANNA (1987), as dificuldades apresentadas na

aprendizagem sao decorrentes do proc8ssa do desenvolvimento e crescimento do

individua, como por exemplo, um ambiente inadequado para 0 desenvolvimento,

suas condi90es de vida, alguns aspectos de saude, problemas somaticos ou

pSicossomaticos. Ja para BLOS (1994) as dificuldades representam a falta de

enquadramento do individuo ao mundo.

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As dificuldades pOrlam, podem estar na propria escola. 0 ambito da institui980

educativa e urn contexto importante para ser analisado quando S8 detecta

problemas de aprendizagem. Quando urn atuno com desenvolvimento normal

comec;ar a baixar sua produc;ao, e sinal que a instituic;ao, em urn dos seus ambitos,

asta causando urn problema a crianya. Muitas vezes, exige-se mais do que 0 aluno

pode responder. A distflncia, nac reconhecida, entre a realidade do aluno e 0 que S8

ens ina pode levar urn aluno a deixar de responder a aprendizagem. A crianc;a

precisa ser estimulada e uma das maneiras de estimula-Ia e levar a aprendizagem

para perto do seu proprio conteudo.

WEtSS (1999) explica que, muitas vezes 0 proprio sistema de avalial'ao e

respons<ivel pelo surgimento de problemas de aprendizagem, pois s6 leva em

consideraC;8o 0 prod uta final como expressao cabal e definitiva do que 0 aluno

aprendeu ou deixou de aprender. Quer dizer, a prova e 0 unico instrumento para

medir a aprendizagem.

A relayao professor -aluno e um dos aspectos mais importantes do processo

ensino-aprendizagem. Do tipo de vinculo estabelecido entre 0 professor e 0 aluno

muito dependera a evolw;eo da aprendizagem.

BOHOSLAVSKY, citado por PATTO, (1981, p. 321), aponta tres tipos de

vlnculos basicos entre as pessoas: de dependencia, como a relayeo entre pais e

filhos; de cooperac;§.o ou mutualidade, como a relac;ao entre marido e mulher ou

entre irmao e irma; e de competic;ao entre todas as pessoas.

A relac;ao entre professor e aluno tern se caracterizado como do tipo

de pendente, sendo 0 de pendente 0 aluno, pois e 0 professor quem regula 0 tempo,

o espal'o e os papeis da relal'80.

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Com 0 vinculo professor-aluno do tipo dependente cria-s8 uma verticalidade

na relar;ao, levando 0 aluno a submeter-se ao autoritarismo. Ao inves de cooperar

com 0 professor, aceita-o como 0 dono do saber.

A relacyao de aprendizagem deveria, entretanto, ter 0 senti do de "estar entre",

colocando-se 0 conhecimento no centro da rela~ao, situando 0 objeto a ser

aprendido entre os que ensinam e as que aprendem.

Entretanto, 0 sistema de ens ina tern permanecido conservador, resistindo asmudanr;:8S. As modificac;6es que costumam acontecer sao meras reformas e

melhoramentos, nao chegam a S8 constituir em modificac;6es do sistema. Com isso,

o professor nao consegue ter uma relac;ao de mutualidade para com a aluno. Tanto

como a aluno ele precisa da motiva<;ao que pode estar dentro dele propria. A

motiva<;ao pode transformar a professor de mero repassador de conteudos para

alguem que ensina a pensar.

o professor deve ter a compet€mcia de promover um ser humano capaz de

entender e de assumir suas atividades com a sentido de uma autentica praxis, mas

isso nao pode se dar por meia das formas tradicionais que ainda hoje impregnam a

ensino, traduzidas no vinculo professor-aluno.

Ate as dias de hoje, os alunas egressos de escolas tradicionais via de regra,

nao sabem se comunicar, nao assumem posigoes par medo do ridiculo, sao

tradicionalistas e submissos aos padroes socia is. As atitudes do professor tern

sid a semelhantes aos pad roes vigentes na sociedade. Essas atitudes traduzem uma

rela<;ao professor-aluno mais de violencia que de amor. Isso se explica porque, ao

impor aos seus alunos um determinado comportamento, um determinado

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conhecimento, sem aceitar a relaC;8o de cooperay8o, sle esta agindo com violencia e

nao com democracia (BOHOSLAVSKY, In: PATTO, 1981).

Nesse clima, 0 ato educativo torna-S8 urn ato de agressao, com 0 aluno

dependente e submisso ao professor, que nao aceita mudany8s nessa relac;8o. Mas

e urna dependencia e urna submissao camufladas sob a egide da construy80 do

conhecimento. Essa construy80 impliea direitos nao 56 sobre a realidade que possa

ser conhecida e modificada como tambem sobre as pessoas. Se 0 aluno esta

construindo 0 seu conhecimento, por meio dele deve poder modifiear as eoisas,

inclusive 0 modo como S8 relaciona com 0 professor.

Nessa rei 8980, a agressao assume formas diretas e indiretas. E direta quando

o professor porta-s8 como superior ao aluno, com poder sobre ele. Mas 0 professor

leva desvantagem, distanciando 0 aluno e criando com ele um conflito interpessoa1.

E indireta quando ele demonstra que 0 aluno depende de sua sabedoria, portando-

se como se 0 aluno fosse incapaz de alcanga-Ia.

o conflito entre 0 professor e 0 aluno torna-se, assim, latente. 0 proprio ato

de ensinar denota conflito. 0 ato educativo ao inves de ter 0 senti do de mostrar,

fazer ver, ampliar perspectivas, toma 0 sentido de reter, distorcer, controlar, eclipsar,

obscurecer e parcializar 0 conhecimento, assumindo 0 aspecto de rito

(BOHOSLAVSKY, In PATTO,1981).

Esse ritual aeirna explicado, se caracteriza como uma especie de iniciag8o,

que perdura desde que 0 aluno entra na escola prirnaria ate sair da universidade. Ha

rituais em que a agressao supera ° amor, outros nos quais a pas sag em de uma

nova situ8yao baseia-se no ocultamento, na parcializay8o, na renuncia a pedayos de

si proprio, rituais nos quais se encobre sistematicamente a maneira pela qual se

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procura adequar 0 individuo a urn estado de eoisas em que ele deve S8 limitar a ser

urn mere executor a decis6es.

Dessa maneira, a 8980 educativa toma formas de restri<;8o, primeiro porque

consiste na exclusao da vida civil (0 aluno e 56 aluno, nao deve fazer parte da

sDciedade como urn todD); em segundo lugar porque formando especialistas

fragmenta 0 conhecimento e em ultimo lugar porque perpetua mod os de ser. Ao

contrario disso, a ac;ao educativa deve ser capaz de levar 0 aluno a pensar e a

exercer a reflexao critiea aD inves de apenas repetir 0 que 0 professor ensinou. lsto

deve estar inerente a func;ao do docente.

Os conflitos entre professor e aluno constituem empecilhos no processo

ensino-aprendizagem, mas Quiros (alares tambem contribuem, como as

caracteristicas individuais dos alunos, 0 despreparo do professor e da escola em

lidar com as diferengas ou professores sobrecarregados que precisam aproveitar 0

tempo da aula para outras tarefas como a de corrigir provas au redagoes.

Alem disso as condi96es de ensino estao geralmente planejadas de maneira a

preyer alunos com comportamentos basicos ja instalados e com urn ritmo de

aprendizagem tal que possam dominar todo 0 programa dentro do prazo previsto

(BOHOSLAVSKY, In: PATIO, 1981)

Alem disso a professor tern sido treinado para trabalhar com alunos da faixa-

media, isto e, alunos que ja chegam a escola com um repert6rio medio de

conhecimentos. Nos cursos de preparagao de professores, sequer e levantada a

questaa de problemas de aprendizagem. Assim, os prafessores se deparam com

uma realidade muito diferente daquela para que foram preparados, impedindo uma

perfeita interay80 professor-aluno. Isso e tao verdadeiro que ja no inicio do ana a

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professor "ja sa be" quais as alunos que serao reprovados, recebendo entaD

tratamento diferenciado e sendo considerado um "mau aluno"

Os cursos universitarios de formayao de professores distanciam mais ainda 0

professor da realidade do aluno. Via de regra, as academicos acham que saem das

universidades preparados para aceitarem a realidade com naturalidade, e nisto

pode-s8 incluir as problemas de aprendizagem. Quando S8 deparam com eles nao

sabem como trata-Ios (SILVA, 1980).

Alem disso, os objetivos dos curriculos nao sao planejados em cima de urn

aluno concreto, e sim, sabre urn aluno "ideal", considerado "normal", isto e,

estudantes com capacidades para usufruir de toda a experiencia escolar. Os que

nao S8 enquadram nesse tipo, passam a ser considerados "atrasados", "carentes",

"preguic;:osos", etc

Ora, a capacidade mental das pessoas pode ser estimulada e 0

psicopedagogo pode contribuir para isso. Segundo VYGOTSKY (1991), a meio

social e fator decisivo no seu processo de desenvolvimento. A escola, apresenta-se

assim, como meio de estimulag;3o da capacidade mental do aluno. GRAMSCI, citado

par NOS ELLA, (1992, p. 97) afirma que "Todo homem deve ser ajudado no seu

desenvolvimento daquilo que ja possui latente, sem coen;ao, deixando operar as

forc;:as espontimeas da natureza ... " Para isso, e preciso professores melhor

treinados.

A aC;:80do professor tem que ser coesa com as outras func;:6es desenvolvidas

na escola - direc;:ao, supervisao e orienta<;ao. A<;6es isoladas caem no vazio. Como

bern diz GARCIA:

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Desde a matricula, aos horarios, a organizaqao das turmas e escolha dosprofessores para cada turma, aD planejamento, a grade curricular, a se/egaode conteudos, aos materiais didaficos, aos criferios de avaliaqao, a relaqao daescola com as familias, a fe/agaO da escola com a comunidade da qual asa/unos {8zem parte, as relaqoes internas na escoJa, a arrumaqao das salas deaula, as metod%gias e atividades selecionadas, a merenda, aD uniforme, aD

recreio e Ii forma, Ii organizaqao da limpeza da escola, tudo, enfim, queaconteee na esco/a, faci/ita au dificulfa a aprendizagem de cada a/uno(GARCIA, sid).

Oessa maneira, a escola torna-S8 participativa e em rela9ao aos alunos e ao

professor conseguira urn born relacionamento com eles, pais, do contrario, podem

surgir inumeros problemas de aprendizagem que, S8 nao fcrem detectados, poderao

afetar 0 aluno par toda a sua vida.

o mais comum poram, a atribuir os problemas de aprendizagem a familia,

como por exemplo, problemas referentes a afetividade.

A afetividade a um dos aspectos relevantes no processo de construc;:ao do

conhecimento da crianc;:a e sua falta pode apresentar-se como um dos problemas

que podera inibir a aprendizagem.

Na crianc;:a, ata a segunda infancia, a a afetividade que domina a sua vida e a

ao fim desse periodo que estara estabelecida a grau de afetividade que ela tera

na vida adulta. Par ser daminante na crianya, favorece a aprendizagem, acarrendo

uma relac;:ao entre a aprendizagem e a afetividade. Ela e a alicerce para a

construc;:ao dos conhecimentos. Crianc;:a com problemas afetivos, via de regra sao

portadoras de inibic;:6es e bloqueios intelectuais. Ao contrario, crianc;:as que possuem

uma boa relac;:ao afetiva, tern seu desenvolvimento intelectual facilitado.

A ausencia de afetividade pode transformar-s8 em disturbio, sendo um deles

a baixa auto-estima, que, par sua vez ira afetar a aprendizagem.

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A auto-e5lima e 0 sentimento valorativQ que 0 individuo passui em relaC;Bo a

si mesma. Sua formaC;8o e urn processD lento, que 58 desenvolve a partir das

experiencias pessoais da crianya e da relac;aocom os Quiros no seu comportamento

inicial. A maneira como as Qulras pessoas reagem ao seu comportamento,

aprovando-o ou desaprovando-o, determina 0 tipo de auto-85lima que a crianc;a

desenvolvera. Assim, a auto-85lima esla estreitamente relacionada com a familia e 0

meio ambiente, incluindo antecedentes econ6micos e sociais.

JERSILD, (1997, p. 138) afirma que:

..se uma crianqa e aceita, aprovada, respeitada e estimada por aquilo que e,estara sendo auxiliada no sentido de adquirir uma atitude de auto-aceitaqiio e(espeito par si mesma. Mas se a depreciam, acusam ou rejeitam, as atitudesda crianqa, em relaqao a si propria, tem probabilidade de se tornaremdesfavoraveis, e ela tendera a S8 julgar tal como e julgada pelos outros.

Assim, a auto-estima apresenta implicagoes no contexto educacional, pOisna

sala de aula, professor e alunos constituem um grupo e entre eles se estabelecem

intensas relagoes, que sao acompanhadas par enunciagoes que colaboram na

elaboragao da auto-estima do aluno.

A pratica educacional demonstra que as alunos com a menor nivel de

rendimento fazem um julgamento pouco satisfatorio de si mesmos como alunos:

dizem-se incapazes de realizar as tarefas e quando elas se tornam complexas

desistem ou se recusam a realiza-Ias.

Ao justificarem a recusa por meio da incapacidade de realizar tarefas, os

alunos deixam transparecer a imagem negativa que fazem de si mesmos perante a

escola

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Dessa forma, nao S8 pode ignorar que paralelamente ao processo ensino-

aprendizagem, ocorre urn outro processo: a aluno que nao apresenta urn born

desempenho na aprendizagem, vai percebendo 0 quanta e incapaz e inferior aos

outros que alcanyam bam desempenho.

As experi€mcias de fracasso escolar levarn 0 aluno a S8 perceber como

menes capaz conduzindo-o a urn sentimento de desvaloriz89ao para consigo mesma

o que, par sua vez, aumenta a possibilidade de novas fracassos.

Assim, evidencia-se que urn baixo nivel de auto-9stima pode influenciar

grandemente para com 0 fracasso escolar do aluno. 0 case abaixo descrito explicar

melhor esse problema.

J. B., do sexo masculino, com idade de 12 anos, cursando a 6a serie, tinha

como queixa a insegurang8, as notas baixas e dificuldade em se colocar na sala de

aula. Esta ultima queixa vinha lhe causando muitos transtornos, pais ele naa

conseguia fazer perguntas as professores, referente as duvidas sobre a materia

dada, trabalhos e provas. Foi entao submetido a uma avalia<;:aa psicopedag6gica

para verificar quais eram as suas reais dificuldades. Ao final da investigayao, fal

verificado que J. B. nao apresentava nenhuma dificuldade intelectual, visomatora ou

cognitiva. Isso quer dizer que 0 menino tinha toda e qualquer passibilidade de S8 sair

bem na escola. Porem, a nivel academica, apresentava certa dificuldade na

Matematica, alem de um leve problema na fala. A nivel emocional, era visivel a sua

inseguran<;:a, pois para tudo ele precisava de confirma<;:ao 8 asseguramento. Para

8xemplificar: ele nao conseguia 8scolher um jogo sozinho, nao S8 colocava em sala

de aula, nao fazia amizades com crian<;:8s da sua idade. Os seus amigos eram as

mesmos de seu irmao mais novo.

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B. amenizasse sua dificuldade em Matematica e sua inseguranc;a em se expor na

sala de aula. Tambem foi trabalhada com ele, a questao nao ter seus pr6prios

amigos, 0 que muito a ajudou a melhorar sua auto-estima e sentir-se mais seguro no

ambiente escolar.

Qutros problemas influem no processo de aprendizagem. 56 para citar: a

hipeartividade; a audibiliza<;;:ao; problemas da ordem das condutas motoras como a

lateralidade, a disgrafia, as tiques; problemas ligados a linguagem como a afasia, a

dislexia, a disortografia, a gagueira e 0 mutismo; a discalculia; e problemas

associ ados a func;6es cognitivas e ao comportamento.

E born lembrar que as problemas de comportamento costumam ser vistas a

parte do processo educacional, isto 13, nao sao considerados como disturbio, mas

sim, problemas de educa<;;:ao.

Todos esses problemas vao exigir a atuac;ao do psicopedagogo, que devera

oferecer subsidios te6ricos e praticos para que 0 aluno possa encarar com maior

seguranc;a a ato de aprender. Para isso ele lan<;;:aramao de recursa$ para detectar,

prevenir au remediar os problemas.

Os recursos, segundo PELOSI, (1998, p. 82) sao

tarmas de interaqao usadas pelo psicapedagago para tentar mudar aorganizaq8o de um campo cuja estrutura au dinamica se configurouinadequadamente, cabendo lembrar que lais recursos nao se esgotam nessaenumeraqaa. 0 psicapedagoga pade lanqar maa de autras tarmas deinteraqao em sua prc3ticacom um aprendente.

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Oiante do exposto, percebe-se a necessidade da atuac;ao do

psicopedagogo,u ... entendendo-a como uma area interessada em investigar a relagao

da crian<;a cem 0 conhecimento" (SOUZA, 1996, p. 113).

CAPiTULO 2 - A ATUA<;:AO DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DOS PROBLEMAS

DE APRENDIZAGEM

A psicopedagogia tem ao seu encargo, a responsabilidade de melhor

compreender 0 processo de aprendizagem, com uma 8980 prevent iva de evitar 0

surgimento de problemas au de trata-Ios quando jil instalados. Ela e en tao, uma

pratica que S8 desenvolve a partir do interior da institui9ao educativa, podendo

adquirir uma fei<;ao clinica ou preventiva. Segundo CAVICCHIA, s6 a fun<;ao

preventiva ja justifica atu8980 do psicopedagogo junto a escola, pois ajuda a

detectar possiveis problemas que poderiam atrapalhar a aprendizagem da crianya.

(CAVICCHIA, citado por SISTO et ai, 1996).

Segundo BEYER (1996, p. 7), a psicopedagogia e tao importante para 0

desenvolvimento da crian~ quanta a pedagogia, pols ambas tern como principal

tarefa prom over 0 pleno desenvolvimento infantil. Mas diferente do pedagogo, que

tern sua a<;ao voltada diretamente ao processo de ensino-aprendizagem, 0

psicodagogo situa-se como urn mediador entre a escola, a famflia e 0 aluno,

identificando os possfveis problemas que a crianr;:a enfrenta para a construr;:ao do

seu conhecimento, e procurando sana-los.

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No capitulo anterior foram apresentados alguns dos principais problemas que

levarn 0 aluno aD fracasso escolar. Verificou-se, tambem, que esses problemas

podem ter origem na familia ou na pr6pria instituic;8.o escolar, dificultando a processo

de aprendizado do aluno

Sanar essas dificuldades e de responsabilidade da escola. Par issa, 0 que

ela, escola, tern feita para contornar as problemas de aprendizagem toma maior

dimensa.o. A prime ira iniciativa deve ser a de melhor preparar seus professores para

lidar com as alunos e seus problemas. A segunda, objeto deste estudo, e a

aproximaC;8o de urn psicopedagogo, profissional apta a, S8 nao exterminar, pelo

menos diagnosticar 0 problema corretamente, encaminhando 0 paciente aD

profissional competente.

Assim, S8 0 problema for de baixa estima au de hiperatividade, a

encaminhamento devera ser feito ao psicologo; problemas da fala e de linguagem,

devem ser encaminhados ao fonoaudiologo; problema de audic;ao, primeiro devem

ser encaminhados ao medico otorrinolaringologista para depois, encaminhar ao

fonoaudiologico; problemas de coordenac;ao motora fina devem ser encaminhados

para a psicmotricista e problemas fisicos ao fisioterapeuta.

o diagnostico e um processo que envolve toda a vida do aluno e deve ser

feito por faixa etaria. Par meio de um processo de investigac;ao, a psicopedagogo

intervem junto a paciente, familias e professores, detectando e tentando resolver as

problemas, alem de encaminhar os problemas mais especificos ao profissional

competente.

Para fazer urn diagnostico 0 psicopedagogo deve envolver tanto a aluno,

como a familia e a escola. Qualquer diagnostico deve ser feito par meio de

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entrevistas com a aluno, com a familia e com 0 professor. Entretanto, segundo

WEISS, cilado por GOMES (1998), pode-se ainda realizar sess6es ludicas,

testagens, provas operat6rias, entrevistas com a equipe da escola e com Qutros

profissionais e analise da produc;ao do aJuno em sala de aula.

o diagn6stico leva 0 psicopedagogo a perceber, unir, separar, contar,

integrar, desmanchar, criar e destruir. Cada uma dessas palavras tern signific89ao

especial. Perceber, diz respeito ao problemas propria mente dito. Unir, refere-S8 a

integrar 0 aluno junto 80 professor, junto aos colegas e junto a familia. Separar eisolar 0 problema; contar significa relatar a familia e ao professor 0 que 58 passa

com 0 aluno; integrar tern 0 mesma sentido de unir; desmanchar e sanar 0 problema;

criar significa proporcionar a criany8, sitU890es de aprendizagem e destruir tern

tam bern a mesmo sentido de desmanchar, isto e, levar a crianc;a ao aprendizado.

Para crianc;as pre-escolares, diagnosticar as dificuldades de aprendizagem,

que tern origem na familia, todo cuidado e pouco, pais pode ferir susceptibilidades e

prejudicar mais ainda a crianc;a.

Como afirma MACEDO (1998, p. 199)

... qualquer diagnostico infantil deve ser cauteloso, sobretudo em lermos denao estigmatizar a crianqa, criando barreiras a sua superaqao,sobretudo pe/a dificuldade de aceita,ao da familia, a culpabiliza9ao dacrian,a ou da propria familia, e pelo processo de desenvolvimento em curso.

Tambem importante e conseguir 0 apoio da familia e dos professores.

Mas como identificar a dificuldade da crianc;a e onde ela se encontra? A

avalia<;iio psicopedag6gica e 0 meio pelo qual 0 psicopedagogo levanta hip6teses

diagnosticas sabre a que acontece com a crian<;a.

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crian9a), observac;oes e testagens. Nessa investigac;ao, deve-se avaliar cinco nfveis,

a saber: intelectual, visomotor, cognitiv~, emocional, academico e sensorial. Nela, 0

avaliador vai conseguir entender 0 que esta acontecendo com a crianc;a e em que

area esta a dificuldade. Por exemplo: uma crianc;a de oito anos, apresenta

dificuldade em ser alfabetizada. Apcs a avaliagao, p6de-se verificar que ela nao

apresentava prontidao para a alfabetizac;ao. Isso quer dizer que ela esta imatura

emocionalmente, que nao apresenta os conceitos basicos para as atividades

necessarias (Ieitura e escrita) possam ser realizadas. Nesse caso, a crianc;a tera que

ser submetida a um trabalho psicopedagogico, desenvolvendo-se conceitos que Ihe

sao necessarios para a alfabetizaC;ao.

Todo cuidado e pouco quando a crianc;a ainda nao foi alfabetiza.

Affabetizar e penetrar num novo mundo, e mudar a eixo referencial da vida. Etransformaqao faa grande como a pOSiq80 erefa aos 12 meses au inicia datala aos 24 meses. 0 dominio da lingua escrita da a crian,a uma autonomiaao mesmo prazerosa e assustadora (WEISS, 1996, p. 170)

Para a crian<;a, ser alfabetizada significa cresci mento, desenvolvimento. Isso

pode trazer -Ihe conflito pois, ao mesmo tempo que gosta da depend en cia tambem

gosta de aprender e tornar-se independente. 0 conflito pode gerar algum disturbio

nao compreendido pelo professor. Cabe ao psicopedagogo detectar esse disturbio,

corrigindo-o antes de comprometer a aprendizagem do aluno.

o psicopedagogo deve trabalhar em parceria com a escola, para tornar 0

desenvolvimento da crianc;a 0 mais eficaz possive!. Professor e psicopedagogo

devem permanecer atentos nos pontos em que ela apresenta melhora e nos que

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nao apresenta. A participa<;Elo da familia tambem e muito importante. Em casas em

que a participag80 da familia e ativa, 0 desenvolvimento da crianc;.8 e muito mais

rapido do que uma em que a familia fica alheia.

Para S8 entender a importancia da familia no tratamento, 0 primeiro passo e

fazer urn feedback quanta as caracterfsticas dos padroes familiares, tais como:

hierarquia, expectativas, limites e fronteiras.

A hierarquia diz respeito ao processo de tamada de decis6es e das relagoes

intra-familiares. Se as decis6es costumam ser tamadas vertical mente, isto e, apenas

pelos pais, as filhos propendem a ser submissos. Da mesma forma S8 a rela<;ao

entre sles e de autoritarismo, os filhos S8 tornam introspectivDS, podendo gerar

mutismo, baixa auta-estima e problemas de identidade.

Nesses casas, a psicopedagogo tera que trabalhar primeiro a familia, pais

trabalhanda s6 com a crian9a, 0 processa terapeutico e muito mais lento e

complicado. Vale lembrar que a crian9a faz parte de urn sistema chamada familia,

que tern suas pr6prias leis e costumes.

MACEDO (1998), explica que dentro da familia existem limites e fronteiras, e

antes de agir, a psicopedagogo devera pesquisar a capacidade das pais dizerem

naa e ate onde as filhos podem contar com eles, sem chegar a permissividade.

Crian9as que nao estao acostumadas a auvirem um naa e a fazerem tudo a que

querem tem problemas de camportamenta em sala de aula. Nao aceitam a

autoridade do professor e nao respeitam seus calegas. A interven9ao do

psicapedagogo tambem nesse caso, devera ser iniciada pel a familia. 0 caso abaixo

exemplifica essas afirma90es.

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Uma menina de 12 anos (M.T.), cursando a 6a serie de urn colegio particular,

apresentou queixa de falta de limites, desobediencia e dificuldades na Matematica.

Ap6s urna avaliayao psicopedag6gica pode-s8 verificar urna certa dificuldade na

materia aeima reterida, alem de dificuldades na dinamica familiar, quanta

acoloca9ao de limites sobre a filha. Essa familia, desconhece a hierarquia, pois a

mae S8 coloca no mesma nfvel da tilha, tratando-a como urna irma, como ela mesma

diz. M. 1. nao respeila as pais, nem as professores, colegas de aula au amigos. 0

Irabalho do psicopedagogo procurou abranger primeiro, as dificuldades em

Matematica, 0 que ja foi sanado. Agora, esta sendo trabalhado a questao dos

limites, por meio de sess6es individuais, sessoes de orientayao com os pais e com a

esco1a, de como a equipe pedagogica deve agir com essa menina,

As expeetativas dizem respeito ao que os pais esperam dos fithos. Muitas

vezes, etes esperam demais e eotocam uma carga de expectativas muito grande

sobre os fithos gerando urn excesso de ansiedade que prejudica a aprendizagem.

Em erian9as ja alfabetizadas, um dos motivos que pode causar problemas na

aprendizagem e a passagem de atividades individuais para eoletivas. 0 professor,

desprovido de sensibllidade, agrupa crianc;as muito diferentes entre si, gerando

eonflitos que, por sua vez, podem transformar-se em disturbios. Em seu diagnostico,

o psicopedagogo podera detectar e corrigir esse problema.

Para adolescentes, 0 diagnostico pode ser feito por meio da observa9ao em

sala de aula, pois 0 adolescente ja apresenta tra,os fortes de sua personalidade, ja

tem sua identidade formada, facilitando a detecc;:ao de problemas. A observa,ao

permite verifiear 0 relaeionamento do aluno com os eolegas, com 0 professor e

mesma com 0 proeessa ensino-aprendizagem. "Observar [ ..] a crianc;a em um

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conjunto de atividades variadas e com niveis diversos de sOlicitaqao pode nos dar

uma id,Jiamais rica e fiel de suas caracterislicas intelectuais" (OLIVEIRA, 1996, p.

44). Alem disso, a observagao poden, permitir a revisao do sistema didiltico adotado

e conc!uir S8 0 problema esta no aluno au nesse sistema.

Entretanto, para que 0 psicopedagogo seja solicitado e necessaria que 0

professor seja sensibilizado sobre sua importimci8. A detecgao de problemas de

aprendizagem caracteriza-se entaD, como urn trabalho de equipe, no qual 0

professor tern a iniciativa e 0 psicopedago a finalidade do trabalho, mas ambos com

urn objetivo comum que e 0 de deixar a criang8 apta para a construC;80 do seu

conhecimento.

A observ8gElo permitira a diagnostico de problemas na area comportamental,

intelectual, de linguagem, de fala, de audigao, entre outras. 0 tipo de problema

porem, 56 podera ser detectado num trabalho individual, junto ao aluno.

o diagnostico permitira a detecyao de problemas especificos, como os que

foram elencados no capitulo anterior.

Os mais comuns dos problemas de aprendizagem e alguns encaminhamentos

tornados pelo psicopedagogo, encontram-se a seguir.

2.1 Problemas de Afetividade

A afetividade e urn fen6rneno psiquico que compreende as emoyoes em geral

e e a base de estruturayao da conduta e das reayoes dos individuos. Ela domina 0

individuo desde a esfera instintiva ate a sensibilidade corporal aonde sao originadas

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as sens8c;oes de prazer e de dar, que correspondem as sens8c;oes de agradavel e

desagradavel.

Tern urna grande amplitude, atingindo urn vasto dominic da atividade pessoal,

influenciando as emoc;oes e os sentimentos que reagem diretamente no humor da

pesso8. Influi ainda na percepr;ao, na memoria, no pensamento, na vontade e nas

890es, alem de apresentar-se como urn componente essencial da harmonia entre os

individuos e do equilibrio da personalidade.

Na crianc;:a, ate a segunda infimcia, e a afetividade que domina a sua vida, e eao fim desse perfodo que estara estabelecido 0 grau de afetividade que ela tera na

vida adulta. Par ser dominante na crianC;8, favoreee a aprendizagem, ocorrendo urna

rela<;ao entre a aprendizagem e a alelividade. Ela e 0 alicerce para a constru<;ao dos

conhecimentos. Crianc;a com problemas afetivos, via de regra sao portadoras de

inibic;oes, bloqueios intelectuais e aguc;ada agressividade. Ao contrckio, crianc;as que

possuem uma boa relac;ao afetiva, tern seu desenvolvirnento intelectual facilitado.

A afetividade e urn des aspectos relevantes no processo de construc;ao do

conhecimento da crian<;a. Como alirma FREIRE (1996), 0 prolessor nao deve ter

medo de demonstrar sua afetividade ao aluno, pois isso e uma maneira de lhe dar

abertura, de selar um compromisso com 0 aluno, numa pratica especifica do ser

humano.

Quando a crian<;a apresenta problemas de aletividade e importante que 0

psicopedagogo proceda uma investigaC;ae previa da estrutura familiar do aluno.

Constatando que 0 problema e mesmo de lalta de aleto, 0 profissional deve tomar

providencias para que esse aluno tenha cuidados afetuosos individualizados,

atenc;ao, desvel0, ambiente alegre e divertido, ate mesmo nos momentos de

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recreagao, para nao correr 0 risco de deixa-lo isolado, sem poder aproveitar as

possibilidades oferecidas pelo momento.

2.2 Problemas de Audibiliza~ao

Criang8s com problemas de audiC;8o tern uma das suas capacidades

sensoria is comprometidas ~ a audit;ao. Quanta maior foi 0 seu rebaixamento

auditiv~, maior sera 0 seu grau de surdez e, conseqOentemente, manor sera a sua

capacidade de comUniC8C;8.o. Por sua vez, a capacidade de comunic8c;ao implica

diretamente na aprendizagem. Para levar crianc;as com problemas auditivos a uma

aprendizagem bern sucedida, e preciso uma agae conjunta entre a escola e a

familia, devendo utilizar-s8 de todos as recursos disponiveis para que 0 trabalho

educativo de frutos,

Para diagnosticar problemas auditivos sao aplicados testes especificos. Se 0

problema for identificado como surdez (total ou parcial) ou encaminhamento devera

ser para 0 medico. Se nao for 0 caso de surdez, 0 teste do psicopedagogo acusara,

entre outros, problemas de discriminaryao fanatica, a habilidade tonica-vocal, a

memoria de frases, numeros e tatos, bem como a identificaC;ao de conceitos.

Nesses casas, se a intervenC;ao do psicopedagogo ocorrer ainda nas primeiras

series, a intervenc;ao tera efeito preventivo. Se ja estiver instalada, sera do tipo

remediativo.

Esses fatores sao relacionados entre si, e se nao forem diagnosticados e

tratactos, comprometerao 0 processo ensino-aprendizagem.

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2.3 Problemas da Fala

• Dislalia

Refere-s8 a amissao, substituiC;80, diston;ao ou acrescimo de sons na palavra

falada (MONTI, aposlila) .

• Gagueira

Segundo GARCiA (1998, p. 76), "A gagueira e considerada como urn

transtorno caracterizado pela presenC;8 de repetic;6es ou prolongamentos freqOentes

dos sons ou das sflabas, criando dificuldades na fluidez da fala". A gagueira pode

provocar medo da crianya em 58 expressar e ansiedade que atrapalham a fluidez da

fala, sendo esses os principais motivQs para a dificuldade na leitura. Com a casa a

seguir sera passive I exemplificar a gagueira.

Uma menina de 5 anos, R. B., que freqOenta 0 jardim II de uma escolar

particular, foi apresentada para atendimento com a queixa de que comec;ou a

arrastar a voz, chegando a ficar gaga. IS50 teria comegado a ocorrer desde que

houve um incendio em casa, RB. tern mais uma irma de 8 anos que tambem, ap6s

esse acontecimento apresentou problemas na escolas, abaixando suas notas.

Oesde que os sintomas de gagueira apareceram a mae levou-a ao pediatra e

ao psiquiatra, que Ihe deram remedios para dormir. Quando a mae percebeu que 0

problema da filha era de fundo emocional, diz que come<you a trata-Ia com mais

calma e mais carinho, porem a menina chorava e gaguejava quando era tratada

energicamente.

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Atraves da anamnese, alguns fates foram levados em considerag8o. Antes do

incendio, R. B. nao era de falar muito, mas nao gaguejava. Trocava as ]etras como r

par I. No dia seguinte ao incemdio, aD falar ja comec;ou a gaguejar. A mae relatau

que ela chupa chupeta e comec;ou a roer as unhas. Sua sociabilidade e normal,

brinca com a irma e com uma vizinha de quatro anos que 905ta muito de brincar com

ela. Na escola, a professora relatou que ela e carinhosa e participativa, mas timida.

A vida familiar e boa, Segundo a mae, nao podiam ser mais felizes. 0 marida,

musica, e uma pessoa muito respons8vel com 0 trabalho, entregancto-o sempre no

prazo, mas em casa, as vezes esquece-se das responsabilidades como paL Ja a

mae, e mais rfgida com as filhas, nao deixa passar nada, cada uma tern suas

responsabilidades, como par exemplo, a de arrumar 0 quarto.

Foi feita uma avaliagao psicopedag6gica, na qual R. B. apresentou 0 aspecto

intelectual normal, como tambem 0 visomotor. Demonstrou dificuldades na fala, nao

apenas a gagueira, mas troca letra quando fala. Chegou-se a hipotese diagnostica

de gagueira emocional. A indicagao para 0 caso foi de atendimento socioterapico,

para poder trabalhar a ansiedade surgida apos 0 fato ocorrido em casa, e

fonoterapia, par causa da troca de letras na fala.

• Afasia

Com origem de disturbios no funcionamento cerebral, a afasia se caracteriza,

segundo JOSE & COELHO (1990, p. 58), ".. por falhas na compreensao e na

expressao verbais, relacionadas a insuficiencia de vocabulario, rna retengao verbal,

gramatica deficiente a anormal, escolha equivocada de palavras~.

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A atasia S8 caracteriza tanto como disturbio da fala como da escrita. Urna de

suas causas e 0 aeidente vascular cerebral (AVe) au "derrame" que resulta em leSaD

do cerebra. Quando a linguagem e prejudicada, a lesac quase sempre esta

localizada no hemisferio esquerdo au dominante. 0 casa abaixo exemplifiea melhor

a atasia.

Urn menino de sete anos, X. G. H., cujo pai de 32 anos e conferente e cuja

mae, de 29 anos e dona de casa, vern para a terapia com a queixa de que naD fala e

ninguem entende 0 que ele quer. Ate aos quatro anos nao fazia nenhum barulho e

nao gritava. Depois, come90u a falar mas ninguem compreendia 0 que ele dizia.

Agora, can segue dizer algumas palavras que as pessoas de casa entendem, mas as

de fora nao. Fai relatado ainda, que X. G. H. e muito nervoso e teimoso. Fora isso,

ele e normal, segundo as pais.

Na anamnese foi verificado que a gesta.yao fai normal, a naa ser par urn

tombo que a mae teve aos oito meses de gravidez. 0 parto foi normal. Aos tres anos

teve terror noturna - levantava e fieava parada. As vezes, andava, pegava as

coisas, mudava de lugar. 0 desenvolvimenta mator fai normal. 0 ambiente familiar

nao e muito bom. 0 pai e nervaso, bate e reclama de tudo.

Foi realizada uma avalia<;ao psicopedag6gica em que se detectou que seu

nivel intelectual esta bern abaixa da media esperada. Ap6s a avaliagaa, 0 menino foi

encaminhado para uma fonoaudi610ga que fez testes com ele, mas que nao

apresentou deficit auditivo. A hip6tese diagnostica e de afasia. No momenta atual,

ele esta sendo atendido tanto no aspecta psicapedag6gico como no fonoterapico.

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• Mutismo

Ainda segundo os autores aeirna referendados, 0 motivo "8 a incapacidade de

articular palavras, geralmente decorrente de transtornos do sistema nervoso central,

atingindo a formulac;:ao e a coordenac;:8.o das ideias e impedindo a sua transmissao

em forma de comunica9ao verbal" (1990, p. 44).

• Disartria

E um poblema de articulac;:ao das palavras, dificultando as movimentos

necessarios a emissao verbal (MONTI, apostila).

Esses problemas, para serem diagnosticados necessitam da intervenC;:8o do

fonoaudi61ogo para levantar informac;:oes mais precisas. Uma vez percebido pelo

psicopedagogo, seu trabalho inicial e 0 cantata com 0 fonoaudi6logo. Neste casa,

sua intervenc;:8.o e a de intermediar 0 trabaJho do profissional especffico com a escola

e a familia.

2.4 Problema com a Leitura e Escrita

• Dislexia

Crian<;:as com problemas de dislexia nao costumam ter transtornos motores

nem sensoriais, mas pod em ter problemas psicol6gicos e estes, serem as causas do

problema principal, isto e, 0 atraso na aprendizagem da leitura e da escrita. Pode

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ainda, ter origem visual ou auditiva. Entretanto, como afirma REBOLO, (2000), nao

e urn problema irreversivel, como exemplifica 0 aeaso descrito a seguir.

R. H., do sexo masculino, com nove anos, cursando a 3a serie em uma escola

particular, apresenta a queixa de que sua leitura e pessima, escreve errado e nao

con segue interpretar 0 que Ie. Fa; feita uma avalia~o psicopedagogica, chegando·

S8 a seguinte hip6tese diagnostica: dificuldade na lecto-escrita, au seja, dislexia e

disortografia. Esse menino apresentava nivel intelectual e visomotor normais. E born

lembrar que para que uma crian~a seja dish~xica, ela lem que apresentar Ires

principais caracteristicas: idade (tern que ter de oito anos e meio para mais), nivel

intelectual na media ou aeirna da media esperada para a idade e ex peri en cia e

ainda, ser alfabetizada.

as erras ortograficos que essa crian<;a apresentava nao eram os aceitaveis para

a 3a serie. Sua leitura era muito pausada e sem automatiza<;ao e apresentou muitas

dificuldades na interpretayao oral e escrita.

Foram indicadas sess6es psicopedagogicas, pais era necessario que fosse

trabalhada sua parte emocional, uma vez que R. H. encontrava-se insegura e com

sua estima rebaixada, por nao se achar capaz. A escola tambem foi orientada, com

explica<;6es de que R. H. necessitava de muita leitura e atividades envolvendo a

oralidade, na qual ela apresenta maior seguran<;8. As atividades escritas deveriam

se preocupar mais com 0 conteudo do que com ° acerto ortografico. Em anexo,

estao as exemplos da escrita desse menino, conseguidos na avalia<;ao

psicopedag6gica.

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2.5 Problemas com a Escrita

• Disortografia

A disortografia e a incapacidade da crian98 em transcrever corretamente a

linguagem oral, levando-a a tracas ortograficas e a confusao de letras. 0 case

apresentado na dislexia tambem serve como exemplo de disorlografia (MONTI,

apostila).

• Disgrafia

A disgrafia e urn problema de escrita que consiste em apresentar dificuldades

na escrita ou ainda, dificuldades para escrever 0 que pensa. Segundo WHITAKER;

MARTINEZ & MASSAIS (2000) as causas da disgrafia dificilmente sao isoladas. Elas

vern associadas a fatares maturativDS, afetivos e pedagogicos, e par isso, na

interven9.3o, e preciso considerar as particularidades de cada urn.

Problemas como esses S8 naG fcrem diagnosticadas podem levar a crianc;a a

escrever a minima essencial para a sua sobrevivencia na escola. A interven980 do

psicopedagogo deve ser Feita logo no inicio da escolariz898o, isto e, nas primeiras

produ,oes da erian,a, para permitir 0 seu progresso natural, facilitando-Ihe 0

ingresso as regras e convem;6es de usa social da escrita.

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2.6 Problemas de Aritmetica

• Discalculia

Como 0 pr6prio nome sugere, a discalculia refere-s8 a dificuldade em

aprender aritmetica, apresentando incapacidade para estabelecer correspondencia

urn a urn, fazer contagem com sentido, associar sfmbolos auditivos e visuais,

compreender 0 princfpia da conserv8gao de quantidade e executar operagoes

aritmeticas.

2.7 Problemas pSicomotores

• Lateralidade

A lateriz8gao e urn problema que, apesar da origem pSicomotora, pode ser

resultado de compens8c;:oes ou disfungoes cerebrais.

• Instabilidade pSicomotora

Esse tipo de problema pode resultar em instabilidade emocional e intelectual,

falta de atengEio e concentraC;:8o, atividade muscular continua e falta de coordenayao

geral e de coordenayao fina (JOSE & COELHO, 1990).

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Debilidade pSicomotora

Segundo JOSE & COELHO (1990), crian,as que apresenta debilidade

psicomotora podem apresentar disturbios de linguagem, habitos manipuladores,

tremores na lingua, disciplina dificil, ateng80 deficiente, dificuldades de realizar

movimentos finos, afetividade comprometida, sonolencia, isolamento social e

dificuldades na aprendizagem da [eitura, escrita e aritmetica.

• Inibi~aopsicomotara

Semelhante ao problema aeirna levantado, na inibig80 pSicomotora, existe

ainda a presenC;:8 constante da ansiedade, 0 que pode prejudicar a crian~ na hara

de fazer a prova. (JOSE & COELHO, 1990).

• Impericia

Ainda segundo as autores aeirna citados, a imperlcia nao tern rela9E1o com a

intelige!ncia, mas apresenta dificuldades na coordenag8o motora fina, quebra de

abjetas, letra irregular, mavimentos rigidas e alto indice de fadiga.

Em todos esses casas, apos 0 dianostico, a crian~a deve ser atendida

individual mente, e ser encaminhada ao fisioterapeuta.

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2.8 Problemas de Conduta

• Falta de Auto-Estima

A baixa estima pede ser originada ou acentuada pela pr6pria instituiyEio

escolar, principal mente pela atuac;ao do professor. Urn dos exemplos que podem ser

citados e 0 nao aproveitamento, pelo professor, da bagagem cultural e da vivencia

propria da crian98. Se 0 professor procurar impor seu proprio padrao 80 aluno, isso

provocara uma ruptura interna levando-o a subestimar todo 0 seu mundo anterior. A

crian98 perde a base de suas raizes, nega sua vida anterior e baixa sua auto-8stima.

Quando 0 problema e decorrente de problemas da familia, a crian98 nao 58

valoriz8, nao valoriza 0 que ela constroi, sente-s8 abandonada

Nesse caso, 0 Irabalho do psicopedagogo dever;; incluir 0 professor, pois,

segundo SCOZ (1994), a figura do professor e muito importante para que 0 aluno

construa a sua auto-estima. 0 trabalho do psicopedagogo, deve incluir uma

orienta<;ao ao professor, para que ele consiga compreender 0 mundo do seu aluno e

estabele<;a situa<;oes de aprendizagem que contemple esse mundo. Por sua vez, 0

professor deve incentivar a independencia do aluno, levando-o a realizar tarefas que

necessitem de iniciativas e criatividade, lembrando que a aprendizagem que permite

o desenvolvimento da criatividade, paralelamente ao conhecimento em si, trabalha 0

ser humano de forma mats integrada, pais esta preocupada com todas as rela<;6es

que este possa realizar durante a a9.30 de aprender.

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Uma dessas relac;oes e a da vida do aluno na escola com a sua vida em

familia. Havendo ruptura entre ambas, a crianc;a deixa de aprender e baixa sua auto-

8stima.

Se, no entanto, 0 problema vern de casa, anda junto com Dutro problema - 0

da afetividade. Nesse casa, a trabalha da psicapedagaga devera ser realizada junta

a familia.

• Hiperatividade

A hiperatividade pode ser classificada em tres modalidade: "verdadeiraft

,

situacional e reacional.

Na modalidade "verdadeira" MO indivfduo herd a geneticamente uma tendencia

a normalidade biol6gica quanta a 8<;.30 das monoaminas que regulam a transmissao

do impulso nerVDSD. 0 sofrimento au trauma perinatal agiriam como desencadeantes

da sindrome, nestes individuas geneticamente predispostos" (BRAGA, 1998, p. 26).

De acordo com a autora citada aeirna, em sua observac;ao, 0 psicopedagogo

pod era observar, em individuos com essa modalidade de hiperatividade intense

nivel de atividade motora; baixo nivel de aten9ao/concentra9ao; reduzido nivel de

persistemcia; irregularidade de habitos; baixo limiar sensorial; e labilidade de humor.

A segunda modalidade refere-se a rea<;oes situacionais a estressores

biologicos. Quer dizer, 0 comportamento hiperativo do individuo pede ser

desencadeade par algum agente toxica-alimentar au par alguma patolagia. Esse e

um casa de encaminhamento medico, pois se trata de comportamento momentaneo

(BRAGA,1998).

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A Dutra modalidade, a "reacional", de cunha emocional. Eta pode facilmente

ser diagnosticada, pois 0 comportamento da crianC;8 a denuncia. A crianya com esse

tipo de hiperatividade nao consegue ficar quieta, esta sempre S8 movimentando pela

sala, mexendo nas eoisas e nas pessoas, a que incomoda colegas e professores. E

urn casa a 5er tratado individual mente pelo psicopedagogo, cujo resultado devera

ser 0 de levar 0 paciente a percepr;ao de si mesma, como alguem capaz de realizar

tarefas e de valorizar a atividade de Qutras pessoas. 0 casa abaixD, demonstra 0

que oearre com a hiperatividade.

o menino J, F., de oito anos, adotivD, cursando a 3a serie de um coleQio

particular, apresenta a queixa de que e muito agitado e nao para um minuto sequer.

Nao eonsegue se ater em tarefas muito longas e apresenta falta de limites e de

aten,iio.

Na primeira sessao com a psieopedagoga J. F. disse: "me sinto a pior pessoa

do mundo quando fayo essas eoisas. Todo mundo fica com raiva de mim .. ninguem

gosta de mim ... "

Essas queixas vern da familia, da escola e da igreja que ele freqOenta. A

professora relata que e muito difieil trabalhar com ele em sal a de aula, pois nao a

respeita e sempre a enfrenta. A todo momenta se mexa na eadeira ou para pegar

emprestado a apontador do colega, ou porque derrubou pela terceira vez a lapis no

chao, au ainda levanta-se e fica andando pela sala. Isso tudo, fora agitagao quando

fica sentado. 0 relaeionamento com os eolegas e urn tanto dificil, pois J. F. quer

impor suas vontades e se os colegas nao aceitarem, ele os agride fisicamente.

Chegou mesmo a dar um soeo no estomago de Uma menina.

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Em casa, as pais reclamam que ele nao consegue S8 organizar em nada que

e seu, nem com as brinquedos. A mae relata que J. F. e agressivo, agitado e nao

abedees as suas ordens. Muitas vezes, chegou a chuta-Ia e ate a cuspir-Ihe, porque

nao queria fazer a que havra sido mandado. 0 pai diz que com ele J. F. tern urn

pouco mais de respeito, mas que e mUlto difieil ele obedecer real mente. Segundo a

mae, muitas vezes ela perde a paciencia e aeaba Ihe batendo.

o relacionamento com as crian98s da vizinhant;8 tambem e difieil, ocorrendo

brigas freqOentes

Foi entaD, realizada uma avaliayao psicopedag6gica em que S8 verificQu que

o paciente naG apresenta dificuldades no aspecto intelectual, cognitiv~ ou

pedag6gico. Porem, em relat;80 ao aspecto visomotor, apresenta dificuldades na

motricidade fina e na parte de planejamento e organizac;:ao. E uma crianc;:a que nao

tem os limites interiorizados, sendo 0 seu limiar de frustrac;:ao muito baixo. Nao se

acha capaz de realizar as tarefas, agindo com inseguranc;:a, 0 que de nota uma auto-

estima rebaixada. Percebe-se ainda, um deficit significativo de atenc;:ao, 0 que pode

prejudic8-lo na parte escolar em relac;:ao aos conteudos apresentados.

Foi indicado psicoterapia para que fosse trabalhada a questao dos limites, da

inseguranc;:a e da auto-estima. Tambem foi indicada a psicomotricidade, para que

fosse trabalhada a questao da dificuldade na motricidade fina. A escola foi orientada

para colocar limites em J. F., fazendo contratos que ele pudesse cumprir. Urn

exemplo e a questao dele se levantar varias V8zes da carteira, durante a aula. Se

ele conseguisse ficar sentado, seria ajudante da professora no dia seguinte. Isso

fazia com que ele S8 senti sse util e capaz.

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Foram feitas sess6es individuais com J. F., com as pais, apenas com a mae e

sessoes de orientac;:ao com as pais, que foram as sess6es de orientar;:3o. Urn dos

pontcs vistas em uma sessao foi a questao da organiz8r;:8o de SU8S eoisas, que a

mae ja estava cansada de arrumar. J. F. tinha urn tempo par dia para brincar, mas

ele teria que arrumar seus brinquedos, pais do contrario, ficaria sem brincar no dia

seguinte. Sabre a questao de dormir ceda, tambem era uma tortura. Segundo as

pais, J. F. nunca dormia cedo. Os pais estabeleceram urn horario para ele dormir,

que teria que ser cumprido, pOis senaa ficaria sem assistir seu programa preferido

na manh§ seguinte.

Nas sess6es de orientaCY8o, discutiu-se sabre a importfmcia da disciplina e da

retina com horarios e com regras, sempre muito bern estabelecidos e que ele

pudesse cumprir. J. F. foi encaminhado para um neuropediatra, sendo medicado por

causa do deficit de atenc;ao, 0 que muito a ajudou na questao da agitac;ao.

J. F. eomec;ou a ficar mais disciplinado, a respeitar e a obedeeer os limites

impastos. Isso comec;ou a acontecer tambem em casa, pois os pais foram

trabalhados para falar a mesma lingua do filho, quer dizer, urn nao devia

desautorizar 0 outro. Ele pas sou a se sentir mais aeeitos pelos grupos que

frequentava e, automatieamente, sua auto-estima aumentou.

Uma etapa importante do trabalho realizado pelo psicopedagogo, em

quaJquer um dos problemas acima levantados, e relacionar 0 problema com a escola

e a familia. A familia deve fiear ao par do problema levantado e essa eomunieac;ao,

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pais ao enfrentar a realidade de que seu filho tern dificuldade em uma area

importante como a escola deve fazer usa de mecanismos de regulagao para aeeitar

e superar a crise (MACEDO, 1998)

Quanta a instituic;ao, ela deve ser a primeira a apoiar 0 trabalho do

psicopedagogo. Como ja referendado, as vezes a problema e causado pela propria

escola 0 que pode levar a crianC;8 a sentif aversao par e18. Ao detectar problemas, 0

professor deve ter a sensibilidade de evocar a trabalho do psipedagogo, agindo junto

com 81e, compreendendo-o em toda a sua extensao e sensibilizando-se com a

crianc;a. Conscientizado de que seu papel e 0 de prom over meiDs que facilitem a

aprendizagem, ele ira apoiar 0 trabalho do psicopedago, compreendendo-o como

urn trabalho integrador entre 0 aluno, a escola e a familia, facilitando as soluc;:6es. 0

psicopedagogo, por outro lado, nao deve se esquecer nunca de que 0 objeto do seu

trabalho e 0 sujeito que aprende e par isso, nao deve poupar meios para que a

aprendizagem se efetue.

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CONCLUSAO

Este trabalho trouxe algumas conclus6es que faZ8m refletir sabre a

importancia da escola na vida das pessoas e de como e importante a 8980 eficaz do

pSicopedagogo para prevenir problemas de aprendizagem.

Em primeiro lugar, pode-s8 dizer, com certeza, que a ineficiente formag8o de

protessores e em parte responsavel pela talta de detecyao de problemas de

aprendizagem.

Em segundo lugar, ficou caracterizado que, a escola, cabe a iniciativa da 89aO

preventiva frente a problemas de aprendizagem, uma vez que ela tern par fung80

social a transformag8o das pessoas, devendo dar -Ihes condir;oes de exercer a sua

cidadania plena.

E neste contexto, a ayao do psicopedagogo taz-se muito importante, pois ele

S8 caracteriza com urn intermediador do processo pedagogico e principal articulador

das perplexidades escola I familia I crianc;:a, de cuja interac;:ao dependera a exito do

processo.

Cabe portanto ao psicopedagogo, a primeira iniciativa, qual seja, a de

conscientizar a equipe pedag6gica da necessidade de uma ac;:ao conjunta com

vistas a prevenir e remediar as problemas de aprendizagem.

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Quanta as provc3veis 8yoes remediativas au, pelo menos, preventivas dos

problemas de aprendizagem, fica comprovado neste trabalho, que dependera do

diagnostico levantado pelo psicopedagogo.

Entretanto, para a exito de seu trabalho, e necessaria 0 apoio de todos os

profissionais da escola, bern como das famllias dos alunos caracterizados com

dificuldades de aprendizagem, pois a a<;ao conjunta pressup6e um trabalho de

reciprocidade, de mutualidade e de interayEio de conhecimentos, possibilitando

assim, a comunic8gElo, que e a base do trabalho de equipe. Os profissionais de

educ8y80, devem contribuir com os seus conhecimentos tecnico-cientfficos, cada urn

em sua area, questionando, opinando e discutindo a melhor forma de atu8r em

rela<;ao a determinada a<;ao. Essa intera<;ao pode ser obtida por meio do

psicopedagogo, em seu cantata com professores, familias e principal mente junto ao

aprendente.

Por meio de sua intervenC;8o, na qual toda a equipe participa ativamente, 0

psicopedagogo vera produtivo 0 processo pedag6gico desencadeado pel a escola.

Assim, as recomendac;oes que podem ser deixadas para concluir este

trabalho, dirigem-se, primeiro, aos professores, no senti do de melhor se preparar

para enfrentar 0 quotidiano da sala de aula, um quotidiano que nao pode ser

nivelado par padroes sociais, mas sim, pel as diferenc;as individuais dos alunos.

Em segundo lugar, a escola como um todo, no senti do de se preparar para a

detecC;ao de problemas de aprendizagem antes de fadar seus alunos ao fracasso

escolar.

Nao se pode deixar de registrar tambem, a importancia da familia no

tratamento, pois sem sua ajuda 0 trabalho do psicopedagogo nao tera bons

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resultados. Afinal, e a familia que leva a crianC;8 para as atendimentos, que a ajuda a

seguir as orientayaes dos profissionais, que sistematiza as 896e5, seguindo ela

propria algumas orientac;6es.

Urn aspecto muito importante da familia, esta relacionado aos problemas de

conduta. Uma crianc;a precisa de limites, de ratina e de disciplinamento. Essas

orientac;6es, comec;am em casa, para depois continuar na escoJa. Sem a iniciac;ao

da casa, dificilmente 0 professor conseguira trabalhar esses aspectos no aluno.

Assim, para que a aprendizagem possa realmente S8 efetivar, torna-S8

necessaria uma compatibilizac;ao entre as 8c;oes da familia e da escola, e do

psicopedagogo quando sao detectados problemas. Do contrario, 0 fracasso sera

iminente.

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