RelatórioPraticoFisiologiaES22.docx
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Índice
Introdução................................................................................................................................2
Metodologia.............................................................................................................................8
1) Protocolo de Astrand & Rhyming.................................................................8
2) Protocolo YMCA....................................................................................................11
3) Protocolo de Rockport......................................................................................14
4) Protocolo de Wingate........................................................................................15
5) Protocolo de RAST..............................................................................................17
Resultados..............................................................................................................................19
Testes Submáximos........................................................................................................19
Testes Supramáximos....................................................................................................22
Discussão de resultados....................................................................................................23
Protocolos submáximos.................................................................................................23
Protocolos Supramáximos............................................................................................26
Conclusão...............................................................................................................................27
Introdução
O principal objectivo do grupo é a determinação do volume máximo
de oxigénio ( VO2 máx ) que um atleta consegue captar do ar, fixar na
hemoglobina, transportá-lo aos tecidos em actividade e utilizá-lo
para gerar trabalho dinâmico, cíclico e ritmíco, essencialmente nos
músculos, até à “exaustão” através de 5 exames. Outro objectivo é a
determinação da Potência anaeróbia aláctica máxima. Os exames utilizados
foram os de Astrand e YMCA para testes submáximos, Wingate para testes
supramáximos e Rockport e RAST (Running-based Anaerobic Sprint Test )
para testes, respectivamente, submáximo e supramáximo de terreno.
Tendo 3 dos exames sido realizados em ergómetros, a primeira coisa
a fazer é definir Ergometria em si. Portanto, Ergometria estuda o trabalho,
mais concretamente o trabalho realizado pelo ser humano, ou seja, no
exercício o ser humano tem que produzir trabalho para se mover, uma força
num determinado momento que por sua vez provoca dispêndio energético.
Para medir o trabalho temos os ergómetros, instrumentos próprios da
ergonomia como o cicloergómetro ou passadeira ergométrica, que
quantificam esse trabalho e temos o cardiofrequencímetro e o
esfigmomanómetro que medem respectivamente a frequência cardíaca e a
pressão arterial, variáveis do trabalho interno. Através destas variáveis
podemos determinar a capacidade funcional do indivíduo, a sua capacidade
de adaptação ao exercício e também determinar a sua eficiência. Outro
factor importante a definir é a delta eficiência, a relação entre a eficiência
mecânica e a economia de cada um. Quanto melhor for esse factor, melhor
é a adaptação dos músculos à alteração de trabalho e menos energia gasta
o indivíduo.
Após estas definições temos que saber que tipo de exames usar, que
é definido pela intensidade, duração do teste e características do indivíduo,
mas antes de usar qualquer exame é preciso saber como funciona o
indivíduo em repouso, essencialmente valores como pressão arterial
sistólica, pressão arterial diastólica e frequência cardíaca. Depois de saber
isto, podemos passar para os diferentes tipos de exames, o submáximo,
onde o esforço equivale a uma potência inferior à potência determinada
pelo VO2 máx e se determina a relação entre a frequência cardíaca e o VO2
tabelado durante o exercicio, máximo, onde o esforço equivale a uma
potência igual à potência determinada pelo VO2 máx e supramáximo onde o
esforço equivale a uma potência superior à potência determinada pelo VO2
máx. Este último exame apenas permite o atleta atingir este tipo de
potência por um periodo de tempo muito curto devido ao stress que cria no
organismo do indivíduo. Relaciona a potência anaeróbia aláctica máxima e
média com valores das mesmas potências tabeladas para atribuir um
percentil ao indivíduo, percentil esse que mostra se está abaixo, acima ou
ao mesmo nível da média da população. Noonan ,V. e Dean, E. ( 2000 )
dizem que “We believe that there is a need for standardized submaximal
ergometer tests for people with musculoskeletal limitations, people who
have impaired balance, people who are overweight, people who are unable
to walk on a treadmill for other reasons, and for people who require close
monitoring during exercise.”1. Outro ponto importante de definir é fadiga
fisiológica como o decréscimo da performance provocada pelo trabalho e
que é reversível com a recuperação. Esta fadiga é comum após a aplicação
dos exames mas pode ser treinada, um indivíduo mais treinado tem menor
fadiga, logo baixa menos a potência a que ocorre o exercicio. É necessário
portanto aplicar uma recuperação, passiva ou activa dependendo do que se
quer, prevenir o mau estar do indivíduo ou verificar valores de retorno ao
repouso. O treino da atleta vai melhorar a sua recuperação também,
Segundo Carey, D. G. e Richardson, M. T. ( 2003 ) “It has also been
demonstrated to be associated with recovery time in intermittent events of
high intensity, attenuating the decline in performance due to fatigue.”.2
Outro assunto relevante é o tipo de vias energéticas a stressar
metabolicamente, existindo três: a aeróbia, a anaeróbia láctica e anaeróbia
aláctica podendo ser distinguidas pelo tipo de metabolismo energético e
substrato que cada uma usa. A via aeróbia é conhecida pela via para
percorrer grandes distâncias e ser usada durante muito tempo pois vai
buscar as reservas lipídicas juntamente com a utilização de oxigénio, é
portanto a mais lenta na resintese de ATP mas a também aquela com maior
capacidade de longevidade . As vias anaeróbias, como o nome indica, não
carecem da utilização de oxigénio, focando-se a láctica na produção de
energia através da degradação da glicose com a consequência da produção
de ácido pirúvico que se vai transformar em lactacto posteriormente -
substância que altera o pH dos músculos e pode provocar dor. Esta via é
principalmente solicitada em esforços de curta duração , onde o consumo
de oxigénio não consegue assegurar toda o aporte exigido, tendo em conta
as quantidades de energia requerida – especialmente em desportos
colectivos, com esforços de carácter intermitente. Já a anaeróbia aláctica
abdica tanto do uso de oxigénio, como de glicose como método de resintese
de ATP. Recorrendo portanto à fosfocreatina, substância armazenada nas
reservas do músculo em pequenas quantidades. Esta via é de longe a mais
célere, permitindo a obtenção muito rápida de ATP, sem a produção de
ácido láctico.A principal limitação desta via prende-se com a escassez das
reservas e consequentemente a sua curta duração. É uma via usada
essencialmente nos 100m ou outras actividades que requiram o output de
grandes quantidades de potência em pouco tempo. Na verdade qualquer
desporto/actividade física usa todas as vias, mas existe sempre a
predominância de umas em relação às outras. Por fim a definição de
conceitos cruciais como : limiar anaeróbio que reflecte a capacidade do
organismo conseguir manter a via energética aeróbia, como principal fonte
de recursos energéticos; potência láctica, que se caracteriza como a
incidência na via anaeróbia láctica com a maior velocidade possível
produzindo a maior quantidade de energia possível no menor espaço
temporal ; e tolerância láctica que representa a resistência química que o
organismo possui ao ácido láctico, e respectiva eficácia dos processos de
remoção do citado . Qualquer uma destas vias ou componentes pode ser
melhorada com o treino do indivíduo, quanto mais treino, melhor estas vias
e componentes. Quanto melhor a via e limiar anaeróbio melhor vai ser a
adaptação do individuo a cargas supramáximas e quanto melhor for a via
aeróbia, melhor vai ser a resposta a exames submáximos e máximos .
Limiar anaeróbio também é definido por Ignjatović A., Hofmann, P. e
Radovanović, D. como “It is defined as the physiological point during
exercise at which muscular lactate production exceeds the rate of lactate
oxidation, and as a result, lactate shows up in the system and may be
balanced or not, depending on the intensity of the exercise”.3
A decisão entre um exame submáximo e supramáximo ocorre através
da incidência que cada um destes tem no organismo do indivíduo, enquanto
o supramáximo tem uma forte incidência na via anaeróbia e na fadiga do
atleta, podendo inclusive levar a problemas como indigestão ou
tonturas/desmaios, e medindo essencialmente potências anaeróbias, o
submáximo tem maior incidência na via aeróbia, pouca incidência na fadiga
e estima, com um erro consideravelmente baixo, o VO2 máx que por sua
vez vai indicar a capacidade cardiorespiratória do indivíduo. Os materiais
necessários para qualquer um destes protocolos de teste, são de
relativamente fácil acesso, pois em caso de falta de acesso ao
cicloergómetro, estes podem sempre ser realizados em pistas com
distâncias pré definidas, maximizando a sua facilidade de uso.
Sendo o objectivo determinar o VO2 máx vamos usar variáveis, como
o trabalho produzido, o tempo de duração da prova e a carga aplicada nos
diferentes exames. O VO2 máx está directamente associado à resistência
cardiorespiratória e as diferenças deste valor de um indivíduo para outro
está relacionado ao débito cardíaco, variável associada à capacidade
funcional do coração. Os valores de VO2máx estão associados a factores
como peso, altura, composição corporal, idade, género, factores genéticos e
especialmente, periodicidade e esspecificidade do exercicio físico. Os teste
apenas nos vão conceder uma estimativa do VO2 máx e essa estimativa é
feita através da extrapolação da resposta fisiológico do indivíduo a uma
certa potência, sendo a relação mais comum através da frequência
cardíaca, após o exame submáximo.
Passando agora à descrição dos parâmetros fisiológicos, vamos
começar pela frequência cardíaca que corresponde ao número de sistóles
do coração por minuto (bpm). Os valores normais para este parâmetro
estão entre 60 bpm e 100 bpm, sendo o normal à volta de 80 bpm. Abaixo
de 60 bpm caracteriza-se como bradicárdia, bastante comum em indivíduos
treinados e acima de 100 caracteriza-se como taquicárdia, que já
representa uma gama perigosa de valores. Dos factores que podem afectar
a frequência cardíaca, os mais importantes são a idade, massa corporal
( com associação ao tamanho do coração) e o treino. Quanto mais treino o
indivíduo tiver, menor vai ser a sua frequência cardíaca de repouso - como
resposta do sistema autónomo parasssimpática ao estímulo constante do
sistema simpático - enquanto que quanto mais velho ou quanto menor for
uma coração de um indivíduo, mais baixa vai ser a sua frequência cardíaca
máxima. Esta frequência cardíaca máxima é normalmente determinada
pela expressão : 220 – idade ( anos ).Esta fórmula é segura mas ainda tem
um erro considerável ( ±10 bpm ) como é também abordado por Tanaka, H.,
Monahan, K. D. e Seals D. R., “HR max is often estimated using the age-
predicted equat ion o f 220 -
a g e . H o w e v e r , t h e v a l i d i t y o f t h e age-predicted HR max
equation has not been established, particularly in a study sample
that included an adequate number of older adults (e.g., ≥60 years of
age).”4 e por isso mencionámos outras 3 fórmulas : 205 – ( 0,7 x idade )
para pessoas sedentárias; 208 – ( 0,7 x idade ) para pessoas saudáveis e
209 – ( 0,7 x idade ) para pessoas treinadas. A frequência cardíaca tende a
aumenar bastante com o exercício e dai ser importante controlá-la de modo
a que não passe este valor máximo por motivos de segurança. Também,
com o treino e com o tempo, o organismo tende a adaptar-se à intensidade
do exercício. Esta adaptação são pré requisito para os exames submáximos
que se denomina por estado estacionário entre os 2 últimos minutos, ou
seja, um equílibrio fisiológico a nivel do organismo de tal forma que a
frequência cardíaca se mantivesse relativamente constante ( ± 5 bpm ).
Outro parâmetro importante é o débito cardíaco pois também este é
um bom indicador do VO2 máx. Débito cardíaco corresponde à quantidade
de sangue bombeada pelo coração em 1 minuto e representa o produto da
frequência cardíaca pelo volume sistólico . Normalmente em repouso este
valor costuma rondar os 5L e em exercício à volta dos 25L de sangue.
Quanto maior for o débito cardíaco, maior vai ser o VO2 máx . Nesta relação
directa, pode inferir-se que uma maior quantidade de sangue circula por
todo o organismo, no mesmo período temporal correspondendo a um maior
aporte de oxigénio às células.
Relativamente à pressão arterial, esta consiste no produto do fluxo de
sangue que circula num vaso pela resistência a que este mesmo fluxo está
sujeito pelo mesmo ( Lei de Poiseuille ) . Por conseguinte, esta resistência
depende do comprimento do vaso sanguíneo, da viscosidade sanguínea e
do raio do vaso. Este parâmetro é crucial,tendo em conta que indica a
condição do coração a nível de pré-carga, inotropismo e pós-carga. Pré-
carga pois esta relaciona-se com o retorno venoso onde vão participar a
bomba muscular - trabalho mecânico dos músculos que comprimem/dilatam
as veias potenciando o retorno venoso - a bomba respiratória que se
estabelece nas diferenças de pressão no tórax e diafragma - tendo em
conta a posição do corpo – quando mais horizontl, melhor é o retorno
venoso pois não se tem gravidade a vencer. A nível de inotropismo este
indica-nos a força contráctil do miocárdio através da diferença entre o
volume sistólico e diastólico final. E pós-carga, que indica a resistência
vascular periférica provocada pela alteração do raio das arteríolas através
dos esfincteres pré-capilares. Por fim associamos à pressão arterial sistólica
a força contráctil do miocárdio devido à quantidade de sangue que é
bombeada na sístole. Associámos à pressão arterial diastólica a resistência
periférica devido à quantidade de sangue que chega ao miocárdio na
diástole e finalmente, associámos a pressão de pulso à diferença entre
estas duas últimas pressões e pressão arterial média a um terço da pressão
de pulso mais a pressão arterial diastólica ( 13
(PAS−PAD )+PAD ). Os valores
de pressão arterial sistólica e diastólico normais estão, respecticamente,
entre 100/60 a 140/90, acima destes valores é considerada Hipertensão de
grau I e acima de 160/100 Hipertensão de grau II , que representa um
indicador negativo à prática de actividade física. Abaixo de
100/60 ,consideramos Hipotensão. Também estes níveis de pressão arterial
podem ser treinados e segundo o estudo de Pescatello, L. S., et al ( 1991 ):
“Although the minimum amount of exercise needed to accrue health
benefits such as decreased blood pressure has yet to be defined, low-
intensity exercise (40-50% maximum Vo2) appears to be as effective as
moderate intensity exercise (70% maximum Vo2) in reducing blood
pressure for the 7 hours after exercise in mildly hypertensive men.”5.
Outros dois parâmetros são a potência interna, que é definida pelo
consumo de oxigénio em função do tempo ( taxa de consumo de O2 ) e
potência externa que é o produto da resistência que se tem aplicada ao
indivíduo pela velocidade ( cadência ) do exercicio, como por exemplo Rpm.
Chegámos à mecânica ventilatória, que são as trocas gasosas entre o
ar do ambiente com o ar do interior dos nossos pulmões. Esta ar é captado
pela boca ou cavidade nasal, passando pelos cornentos, dirigindo-se para a
faringe, laringe, traqueia, pulmões, bronquíolos e por fim alvéolos que
realizam as trocas de gases com o sangue. Existe uma zona condução que
não realiza trocas gasosas com o sangue e é constituida pela traqueia,
pulmões e bronquíolos principais, secundários e terciários e existe uma zona
de respiração onde existe trocas gasosas, constituida desde os bronquíolos
respiratórios até aos alvéolos. Isto para podermos definir espaço morto
fisiológico que é o conjunto do espaço morto anatómico e o alveolar e
corresponde ao preenchimento de zonas de condução e dos alvéolos que
não são usados em repouso respectivamente. No espaço morto fisiológico
existem perdas de oxigénio, pois o único que é realmente utilizado é no
volume alveolar, entre os alvéolos e o sangue. Na mecânica ventilatória
temos a Inspiração ( trazer ar para dentro dos pulmões ) e a Expiração
( fazer sair ar dos pulmões ) e ambas utilizam a parede abdominal e o
diafragma Em esforço vão ser precisos mais músculos como os intercostais
externos para a inspiração e os intercostais internos para a expiração. Tanto
a inspiração como a expiração tem volumes definidos assim como os
próprios pulmões também tem volumes que são medidos e capacidades que
são calculadas. Começando pelo volume corrente, este é o volume normal
entre uma inspiração e uma expiração ( ± 600 ml ), o volume de reserva
inspiratório é o volume máximo de oxigénio que conseguimos obter com
uma inspiração após respiração eupneica ( ± 3000 ml ), o volume de
reserva expiratório que é o volume máximo de oxigénio que conseguimos
fazer sair com uma expiração após respiração eupneica ( ± 1200 ml ) e por
fim volume residual que é o volume que está sempre presente nos pulmões
que nos garante o funcionamento mínimo do organismo, este volume além
de não se conseguir expirar voluntariamente pois é o que garante a nossa
própria vida também não consegue ser medido, apenas calculado ( ± 1200
ml ). Depois temos as capacidades, a capacidade vital que é a soma do
volume corrente com o volume de reserva inspiratório e expiratório e
representa a nossa capacidade máxima respiratória ( ± 4800 ml ), a
capacidade pulmonar total que é a soma da capacidade vital com o volume
residual e representa a capacidade máxima de ar que os nossos pulmões
conseguem albergar ( ± 6000 ml ) e por fim a capacidade residual funcional
que é a soma do volume de reserva expiratório com o volume ( ± 2400 ml).
Por fim chegamos à Ventilação que é caracterizada pelo produto do volume
corrente com a frequência respiratória e por sua vez o volume corrente é a
soma do volume alveolar om o volume do espaço morto fisiológico que
ambos já foram descrevidos anteriormente. Portanto se temos uma média
de 500 ml de volume corrente e 15 rpm de frequência respiratória
chegamos à conclusão que temos uma ventilação de 7500 ml/min e se
pensarmos que dos 500 do volume corrente 150 correspondem ao espaço
morto fisiológico, temos que perdemos 2250 ml/min ( 15 rpm x 150 ml ) na
zona de condução, tendo apenas um aproveitamento de cerca de 70% do ar
que inspiramos. Para um exame submáximo temos que tanto o volume
corrente como a frequência respiratória aumentam, para uma maior
ventilação, para um exame máximo apenas sobe a frequência respiratória e
para um exame supramáximo temos que o volume corrente baixa e que a
frequência respiratória aumenta bastante. Os indivíduos treinados
apresentam uma maior eficiência ventilatória do que os não treinados, o
que significa que a quantidade de ar ventilado para o mesmo VO2 é menor.
O último parâmetro a ser abordado vai ser o Quociente respiratório
que representa o quociente entre o dióxido de carbono produzido e o
oxigénio consumido. Estes valores podem indicar-nos o tipo de substrato
energético que está a ser utilizado para a produção de energia, pode
determinar o número de kcal que é usado por minuto e pode determinar a
eficiência respiratória e energética do sistema. Para confirmar isto temos as
afirmações de Çolak, R. e Ozcelik, O. que dizem: “During steady-state of
moderate intensity exercise tests, respiratory quotient (RQ) provides an
accurate reflection of body substrate utilisation. The body and muscle RQ
can be estimated from the increase of CO 2 output relative to the increase
in O 2 uptake” e ainda dizem :“Substrate utilization of the exercising muscle
can be affected by the fitness of the subjects and trained subjects can
utilize more fatty acids than unfit one for a given level of work rate”6 o que
prova as vantagens do treino também neste parâmetro.
Metodologia7
Para a realização do relatório foram feitas 5 experiências: Avaliação
Submáxima - Protocolo de Astrand & Rhyming, YMCA, Rockport ; Avaliação
Supramáxima – Protocolo de Wingate e RAST.
1) Protocolo de Astrand & Rhyming
Trata-se de uma avaliação submáxima e não pretende avaliar os gases
expirados do sujeito, apenas serve para estimar o VO2Máx. Na avaliação
submáxima interrompe-se a experiência antes da exaustão. O protocolo é,
por isso, duplamente indirecto, fundamentado em ensaios de laboratório a
grande escala.
A experiência baseia-se no estabelecimento entre a Frequência Cardíaca
(FC) medida a uma dada potência de esforço e uma escala de VO2Máx.
Requer uma Frequência Cardíaca no Estado Estacionário, ou seja, esta não
pode variar mais de 5 bpm em 2 minutos sucessivos, pelo que requer
também uma intensidade submáxima adequada.
Este é um método genérico aplicável a indivíduos jovens e saudáveis,
apresentando um erro entre 10% e 15%, erro aceitável para controlos de
rotina. Qualquer situação especial tem de ser criteriosamente estudada e
proceder às adaptações necessárias, nomeadamente no que concerne às
questões de segurança.
Os materiais utilizados na realização do teste foram um cicloergómetro
(Monark 828 E), um cardiofrequêncímetro, um esfigmomanómetro e três
assistentes.
Pressupostos associados ao teste
Para a realização do teste teve que se assumir uma série de
pressupostos.
Primeiro, admitiu-se que todos os sujeitos com a mesma idade têm a
mesma FC de repouso e FC máxima. A FC da população em geral tem um
desvio-padrão de cerca de +/- 5% (ex: +/- 10 a 200bpm) e decresce cerca
de 10 bpm/década, acima dos trinta anos (daí a razão para o factor de
correcção idade).
Em seguida, assume-se que o gráfico (função) é linear até ao nível
máximo, o que não é normalmente o caso devido à natureza assimptótica
da curva nos níveis mais elevados.
Também se admitiu que existe uma relação linear entre o VO2Máx e a
potência (taxa de trabalho). No entanto, isto pode não ser verdadeiro devido
a diferenças de eficiência mecânica entre sujeitos (+/- 6%, Astrand &
Rodahl, 1986).
Por último, assumiu-se que o consumo máximo de oxigénio ocorre
simultaneamente com a FC máxima.
Classificação
A classificação do teste é de Intensidade submáxima, Potência
constante e sem intervalos, executada num Cicloergómetro, por um método
Duplamente Indirecto.
Objectivo
O objectivo do teste é a obtenção de estado estacionário fisiológico para
a FC (variação < 5 bpm) nos últimos 2 minutos de teste para posterior
estimativa de VO2Máx corrigido para a idade, sendo que o teste tem de ter
pelo menos 6 minutos de duração.
Como o sujeito é do sexo masculino e activo, começou-se com uma
resistência inicial de 100W (Anexo 5), para atingir um estado estacionário
fisiológico entre 120 e 170 bom. Sabendo que para homens activos a
resistência inicial podia ir até 150W, a escolha para a carga por defeito é o
facto de evitar que o avaliado exceda os 170 bpm para o protocolo não ser
inválido.
Procedimentos do protocolo de Astrand
Pré-prova:
Para a realização do protocolo são necessárias 3 horas de jejum líquido e
sólido e, habitualmente, 24h sem cafeína pois os componentes desta são
taquicárdicos, afectando o teste.
Aplicou-se o Par-Q (Anexo 1). O sujeito disse a sua massa corporal e
inseriu-se no ergómetro, em conjunto com idade e sexo.
Ajustou-se o ergómetro (selim, guiador, resistência de teste) e explicou-
se brevemente o teste.
Instruiu-se quanto à posição do tronco (vertical, ajustar o guiador),
quanto à estabilização da bacia (sem oscilação, força nos abdominais, por
exemplo) e para evitar variar cadência.
Registou-se a FC repouso, em que o sujeito permaneceu em silêncio e
numa posição sentada durante 5 minutos. Posteriormente registou-se a
Pressão arterial (PA) até 3 medições pós-5 min de repouso e se em 2
medições sucessivas tiver menos de 5 mmHg de diferença pode-se usar a
média desses dois valores, se não for o caso faz-se mais uma medição e
regista-se o valor através da média das duas medições mais próximas entre
si.
Por último fez-se a explicação da escala de Borg (Anexo 2).
Resumo de dados a recolher pré-prova (Anexo 3)
Durante a Prova:
Ao longo do teste deve-se manter silêncio. Utilizou-se a folha de registo
do protocolo para anotar os dados (Anexo 4).
O sujeito começou a pedalar a 100W (2kg) durante 2 minutos para ajuste
da resistência até provocar uma 120 < FC < 170 bpm.
Como a resistência não foi suficiente para provocar o aumento da FC,
aumentou-se a resistência para 150W (3kg).
Registou-se a FC a cada minuto do teste.
O teste só termina se existir estado estacionário (EE) da FC nos 2 últimos
minutos de teste. Como não se verificou, prosseguiu o teste mais um
minuto, onde se verificou EE.
Registou-se a PAS e PAD no último minuto do teste, de modo a saber se
o sujeito tem uma hipertensão em esforço. Muito importante pois se isso se
verificar, predispõe a que a pessoa passe a ser hipertensa em repouso.
O teste teve a duração de 7 minutos a partir do momento em que atingiu
uma FC superior a 120 bpm.
Aplicou-se a escala de Borg no último minuto do teste (em sintonia com
o registo da PA).
Ao longo do teste aconselhou-se a manutenção da cadência constante e
verificou-se a posição vertical do tronco.
Pós-prova:
Fez-se uma recuperação activa durante 1 minuto em roda livre.
Realizou-se a média dos 2 últimos minutos de FC (6º e 7º minuto de
prova).
Consultou-se a tabela de Astrand: Estimativa de VO2Máx (Anexo 6).
Procedeu-se aos cálculos do VO2Máx relativo = VO2Máx / massa da pessoa.
Este valor é o que se usa para classificar se o sujeito é sedentário ou não.
Em seguida, ajustou-se pelo factor de correcção inerente ao grupo
etário, através da consulta da tabela: Factor de correcção para estimativa
de VO2Máx (Anexo 7) – aplicou-se o factor por defeito, ou seja, o valor abaixo
da idade, e fez-se os cálculos do VO2Máx ajustado = VO2Máx relativo x Factor.
Por último, utilizou-se o VO2Máx relativo para qualificação do nível de
aptidão cardio-respiratória e fez-se a interpretação dos resultados (Anexo
8).
2) Protocolo YMCA
Trata-se de uma avaliação submáxima de esforço e não pretende avaliar
os gases expirados do sujeito, apenas serve para estimar o VO2Máx. Na
avaliação submáxima interrompe-se a experiência antes da exaustão. O
protocolo é, por isso, duplamente indirecto, fundamentado em ensaios de
laboratório a grande escala.
A experiência baseia-se no estabelecimento de correspondências entre a
Frequência Cardíaca (FC) medida a 3 ou 4 potências de esforço e uma
extrapolação para estimativa do VO2Máx, recorrendo a uma equação de
regressão linear entre a potência e a FC. O teste individualiza a sucessão de
resistências tendo por base a resposta a um patamar genérico de 25 W.
Para estimar o VO2Máx individual utiliza a equação metabólica do ACSM.
Este protocolo tem vantagens em relação aos de Astrand, visto que
individualiza as cargas aos sujeitos que fazem o teste, e são utilizadas 3
potências que permitem obter três pontos e construir uma recta e ter um
declive, ao passo que o de Astrand só é utilizada uma potência.
Este é um protocolo genérico aplicável a indivíduos jovens e saudáveis,
apresentando um erro aproximado de 7%, (melhor do que o teste de
Astrand). Qualquer situação especial tem de ser criteriosamente estudada e
proceder às adaptações necessárias, nomeadamente no que concerne às
questões de segurança.
Só pode dar valores relativamente válidos se as pessoas avaliadas forem
absolutamente saudáveis, não se podendo avaliar pessoas doentes com
este teste, assim como pessoas que usam beta-bloqueantes. Estes baixam a
FC, fazendo com que em exercício esta não suba e assumimos que é uma
pessoa treinada quando não é.
De forma a aplicar este teste de avaliação os seguintes recursos foram
essenciais: Cicloergómetro (Monark 828 E), cardiofrequêncímetro,
cronómetro e três assistentes.
Pressupostos associados ao teste
Os pressupostos associados são iguais aos do protocolo de Astrand.
Classificação
A classificação do teste é de intensidade submáxima, potência
progressiva por patamares e sem intervalos, executada num
cicloergómetro, por um método duplamente indirecto.
Objectivo
O objectivo do teste é a obtenção de estado estacionário (EE) fisiológico
para a FC (variação < 5 bpm) nos últimos 2 minutos de cada patamar do
teste, sendo que o teste tem 3 ou 4 patamares de, pelo menos, 3 minutos.
No entanto, nem sempre se consegue obter EE em 3 minutos, pelo que se
prolonga o teste mais 1 minuto, sem aumentar a carga. Posteriormente, faz-
se o tratamento dos dados para extrapolação do VO2Máx.
Procedimentos do protocolo de YMCA
Pré-prova:
Para a realização do protocolo são necessárias 3 horas de jejum líquido e
sólido e, habitualmente, 24h sem cafeína pois os componentes desta são
taquicárdicos, afectando o teste.
Aplicou-se o Par-Q (Anexo 1). O sujeito disse a sua massa corporal e
inseriu-se no ergómetro, em conjunto com idade e sexo.
Ajustou-se o ergómetro (selim, guiador, resistência de teste) e explicou-
se brevemente o teste.
Instruiu-se quanto à posição do tronco (vertical, ajustar o guiador),
quanto à estabilização da bacia (sem oscilação, força nos abdominais, por
exemplo), para evitar variar cadência e para ter atenção ao metrónomo no
verde.
Registou-se a FC repouso, em que o sujeito permaneceu em silêncio e
numa posição sentada durante 5 minutos. Posteriormente registou-se a
Pressão arterial (PA) até 3 medições pós-5 min de repouso e se em 2
medições sucessivas tiver menos de 5 mmHg de diferença pode-se usar a
média desses dois valores, se não for o caso faz-se mais uma medição e
regista-se o valor através da média das duas medições mais próximas entre
si.
Fez-se a explicação da escala de Borg (Anexo 2).
Em seguida fez-se a estimativa para a FC máxima pela fórmula de Sid
Robinson (220 - idade) e calculou-se 85% da FC máxima. Este último cálculo
vai ser vir como valor de referência à interrupção do teste, sendo que no
último estadio, o avaliado deve atingir 85% da FC máxima (com tolerância
10bpm).
Por último relembrou-se a progressão do protocolo. (Anexo 9)
Resumo de dados a recolher pré-prova (Anexo 3)
Durante a prova:
Regulou-se a primeira intensidade de trabalho para 150 kgm/min, ou
seja, 25W (0,5 kg).
O avaliado deu, assim, início ao 1º estadio, onde pedalou durante 3
minutos. Registou-se a FC a cada minuto e no 3º minuto como existiu
steady-state registou-se a PAS e PAD.
Procedeu-se ao 2º estadio regulando a intensidade para 750 kgm/min,
ou seja, 125W (2,5 kg). Registou-se a FC a cada minuto e como no 3º
minuto não existiu steady-state válido, prolongou-se o estadio por mais um
minuto. No 4º minuto do estadio verificou-se steady-state e registou-se a
PAS e PAD.
Em seguida, regulou-se a intensidade para 900 kgm/min, ou seja, 150W
(3kg), e deu-se início ao 3º estadio. Registou-se a FC a cada minuto e no 3º
minuto como existiu steady-state registou-se a PAS e PAD.
Por fim, regulou-se a intensidade para 1050 kgm/min, ou seja, 175W
(3,5kg), e deu-se início ao 4º e último estadio. Registou-se a FC a cada
minuto e como no 3º minuto não existiu steady-state válido, prolongou-se o
estadio por mais um minuto. No 4º minuto do estadio verificou-se steady-
state e registou-se a PAS e PAD.
Aplicou-se a escala de Borg no último minuto de cada estadio do teste
(em sintonia com o registo da PA).
Ao longo do teste aconselhou-se a manutenção da cadência constante e
assegurou-se a posição vertical do tronco.
Pós-prova:
Como atingiu os 85% da FC máxima estimada, efectuaram-se três
minutos de recuperação passiva para determinação da FC de recuperação
no 2º minuto.
Realizou-se a média dos 2 últimos minutos de FC no penúltimo e último
patamar e, em seguida, estimou-se o VO2 submáximo do penúltimo e último
patamar - Penúltima Intensidade (SM1) e Última Intensidade (SM2) -
(Anexo 10).
Calculou-se o declive (b) da relação VO2 e FC submáximos - (Anexo 11)
Extrapolou-se o VO2Máx em função da FC máxima (Anexo 12)
Por fim, utilizou-se a tabela de percentis para interpretar os resultados
(Anexo 13)
3) Protocolo de Rockport
Trata-se de uma avaliação submáxima de esforço e não pretende avaliar
os gases expirados do sujeito, apenas serve para estimar o VO2Máx. Na
avaliação submáxima interrompe-se a experiência antes da exaustão. O
protocolo é, por isso, duplamente indirecto.
O protocolo de Rockport é particularmente aplicável a indivíduos
sedentários, mas não aos quais evidenciem claras contra-indicações para a
referida avaliação.
A fiabilidade dos resultados depende em grande parte do rigor do
avaliador na condução e aplicação do protocolo, dos níveis de motivação do
avaliado e da sua familiaridade com o protocolo de avaliação.
Diversas publicações comprovam a válida correlação entre VO2Máx
estimado pelo protocolo de VO2Máx analisado por medição directa de
consumos.
De forma a aplicar este teste de avaliação são essenciais os seguintes
meios/recursos: Pista de 400 metros, cronómetro e pelo menos um
assistente.
Classificação
A classificação do teste é de intensidade submáxima, potência
constante e sem intervalos, executada numa pista de 400 metros, por um
método duplamente indirecto.
Objectivo
O objectivo deste protocolo é monitorizar a evolução da FC do sujeito,
extrapolando posteriormente o VO2Máx do avaliado, calculado pela fórmula
enunciada no “Pós-prova”.
Procedimentos do protocolo de Rockport
Pré-prova:
Para a realização do protocolo são necessárias 3 horas de jejum líquido e
sólido e, habitualmente, 24h sem cafeína pois os componentes desta são
taquicárdicos, afectando o teste. Também se teve em conta a selecção de
um dia sem vento e chuva.
Aplicou-se o Par-Q (Anexo 1) e o sujeito disse a sua massa corporal.
Resumo de dados a recolher pré-prova (Anexo 3)
Durante a prova:
O avaliado percorreu uma milha (1609 metros) com uma cadência de
marcha acelerada tanto quanto possível.
Registou-se a duração do tempo dispendido para percorrer a distância
acima definida e imediatamente após a conclusão do protocolo registou-se
a FC do avaliado.
Pós-prova:
Após a conclusão do protocolo determinou-se o VO2Máx por recurso à
fórmula seguidamente apresentada:
132.853 – (0.0769 x Massa Corporal) – (0.3877 x Idade) + (6.315 x
Género) – (3.2649 x Duração) – (0.1565 x Frequência Cardíaca).
Em que:
- Peso em libras (1 kg = 2.205 lbs).
- Género Masculino = 1 e Género Feminino = 0.
- Duração expressa em minutos e centésimas de minuto.
- FC em bpm.
- Idade em anos.
4) Protocolo de Wingate
Trata-se de uma avaliação supramáxima de esforço, ou seja, num curto
espaço de tempo debita uma potência superior à potência do VO2Máx.
Uma vez que a potência resulta do produto entre a força e a velocidade,
os resultados do teste dependem, em larga escala, da resistência
seleccionada para a aplicação do mesmo. Para cada sujeito existe, assim,
uma resistência “ideal” que resultará no melhor rendimento possível ao
longo da execução do teste. Um pressuposto associado ao teste é o de que
existe uma relação de proporcionalidade entre massa corporal e massa
muscular, pelo que para a selecção da resistência “ideal” considera-se a
massa corporal do executante (kg). Esta relação, no entanto, não é válida
para indivíduos doentes, como por exemplo obesidade mórbida, distrofia
muscular ou atrofia muscular significativa.
O teste permite avaliar 3 índices: Potência anaeróbia aláctica
(corresponde à potência máxima e são os primeiros 5 segundos debitados
no teste. Depende da síntese de ATP à custa do fosfato e da fosfocreatina);
Capacidade anaeróbia láctica (corresponde à potência média e é indicador
da potência da via glicolítica, ou seja, mais glicose traduz mais potência
média); e Índice de fadiga anaeróbia (corresponde à diferença da potência
máxima e potência mínima durante o período do teste). Com base nos
resultados permite prescrever o treino para o sujeito, como por exemplo,
prescrever repetições para melhoria da resistência de curta duração -
potência anaeróbia láctica.
O índice de fadiga anaeróbia pode ser expresso em Watt/seg ou em
valores percentuais (%). Quando o índice de fadiga excede os 60% ou
10W/s, indica que o sujeito revela pouca tolerância ao ácido láctico.
Os materiais utilizados na realização do teste foram um cicloergómetro
(Monark 894 E Ergomedic Peak Bike), um cardio-frequencimetro e pelo
menos um assistente.
Classificação
A classificação do teste é de intensidade supramáxima, potência
constante e sem intervalos, executada num cicloergómetro, por um método
indirecto.
Objectivo
O objectivo do teste é a avaliação do rendimento anaeróbio do músculo-
esquelético. Consiste, por isso, numa tarefa de cicloergómetro em que o
sujeito deve pedalar a uma velocidade máxima contra uma resistência
externa aplicada à roda de inércia do ergómetro.
Procedimentos do protocolo de Wingate
Pré-prova:
Para a realização do protocolo são necessárias 3 horas de jejum líquido e
sólido e, habitualmente, 24h sem cafeína pois os componentes desta são
taquicárdicos, afectando o teste.
Aplicou-se o Par-Q (Anexo 1) e o sujeito disse a sua massa corporal e
inseriu-se no ergómetro, em conjunto com idade e sexo. Através do peso
referido pelo sujeito calculou-se a carga a aplicar no cicloergómetro
multiplicando o peso pelo factor apropriado à pessoa (Anexo 14). Aplicou-se,
no teste, um factor de 0.080 correspondente a ‘Homem Adulto Atleta’.
Fez-se a medição da FC de repouso, em que o sujeito permaneceu
imóvel durante 5 minutos em silêncio e registou-se a FC mais baixa.
Ajustou-se o ergómetro (selim, guiador, resistência de teste) e explicou-
se brevemente o teste.
Instruiu-se quanto à posição do tronco (vertical, ajustar o guiador),
quanto à estabilização da bacia (sem oscilação, força nos abdominais, por
exemplo), para evitar variar cadência e para ter atenção ao metrónomo no
verde.
Resumo de dados a recolher pré-prova (Anexo 3)
Durante a prova:
Fez-se um aquecimento curto (3 min) a 100 W (2 kg) com uma cadência
de 50 RPM a pedalar, visto que o teste é dedicado às vias anaeróbias e
estas são curtas. Nos últimos 10 segundos de cada minuto fez-se
acelerações para 120 RPM durante 5 a 8 segundos. O objectivo do
aquecimento curto foi elevar a FC entre 150 bpm e 160 bpm. Em seguida
fez-se uma recuperação passiva de 1 minuto.
Posteriormente atingiu a cadência máxima em 5-8 segundos e depois
fez-se cair a carga (5 kg) na roda de inércia. Continuou a pedalar o mais
rápido possível durante 30 segundos e quando acabou levantou-se o peso.
Pós-prova:
Fez-se recuperação activa a 100W (1 kg) durante 2 minutos.
Registou-se os valores de potência máxima e potência média do sujeito
e, em seguida, comparou-se os valores com os valores da tabela (Anexo 15)
5) Protocolo de RAST
O protocolo de RAST é semelhante ao de Wingate, na medida em que
ambos permitem avaliar 3 índices: Potência Máxima, Potência Média e
Índice de fadiga anaeróbia.
A grande diferença entre eles é a especificidade da população-alvo.
Enquanto o Wingate é mais específico para ciclistas por se realizar num
cicloergómetro, o RAST é mais específico para atletas em que a corrida é a
base da sua modalidade por se realizar numa pista.
A pista tem vantagens e desvantagens em relação ao cicloergómetro.
Das vantagens realça-se o custo que é diminuído e a facilidade de aplicação
por não ter equipamentos que requeiram conhecimentos específicos,
comparativamente com o cicloergómetro. Das desvantagens, realça-se a
fiabilidade, visto que na pista são os auxiliares a registar os tempos i no
cicloergómetro é este, havendo mais erro. Também vai depender do
objectivo em análise, visto que no cicloergómetro há isolamento dos
membros inferiores e mais estabilização da bacia, enquanto na pista há o
peso do sujeito a actuar por completo.
A fiabilidade dos resultados depende em grande parte do rigor do
avaliador na condução e aplicação do protocolo, dos níveis de motivação do
avaliado e da sua familiaridade com o protocolo de avaliação.
Os materiais utilizados na realização do teste foram uma pista de 400
metros com uma medida de 35 metros assinalada, um cronómetro e pelo
menos três assistentes.
Classificação
A classificação do teste é de intensidade supramáxima, potência
constante e com intervalos, executada numa pista de 400 metros, por um
método indirecto.
Objectivo
O objectivo do teste é a avaliação do rendimento anaeróbio. Consiste,
por isso, numa tarefa em que o sujeito deve correr a uma velocidade
máxima.
Procedimentos do protocolo de RAST
Pré-prova:
Para a realização do protocolo são necessárias 3 horas de jejum líquido e
sólido e, habitualmente, 24h sem cafeína pois os componentes desta são
taquicárdicos, afectando o teste. Também se teve em conta a selecção de
um dia sem vento e chuva.
Aplicou-se o Par-Q (Anexo 1) e o sujeito disse a sua massa corporal.
Mediu-se 35 metros na pista, mais 5 metros de cada lado, pelos quais o
sujeito devia passar, para forçar a reduzir apenas a velocidade depois de
passar os 35 metros. A marcar os 35 metros ficaram 2 assistentes, 1 de
cada lado a contar os 10 segundos de intervalo entre os sprints. O
assistente com o cronómetro preparou-se ligeiramente a meio.
Resumo de dados a recolher pré-prova (Anexo 3)
Durante a prova:
O avaliado fez um aquecimento de cerca de 5 a 10 minutos, com duas
voltas à pista e uma série de exercícios dinâmicos.
Colocou-se em posição de partida, e quando partiu deu-se início à
contagem do tempo. O avaliador, situado ligeiramente a meio, acompanhou
o movimento do avaliado o mais possível, durante os sprints.
O sujeito fez no total 6 sprints de 35 metros, com um intervalo de 10
segundos entre cada.
Pós-prova:
Registou-se os tempos de cada sprint.
Calculou-se a Potência de cada sprint através da fórmula: Potência =
Massa Corporal x Distância2 / Tempo3.
Determinou-se a potência máxima e a mínima, e calculou-se a potência
média.
Por último, calculou-se o Índice de fadiga com recurso à fórmula:
(Potência Máxima – Potência Mínima) / Tempo total dos 6 sprints. Um índice
de fadiga superior a 10 indica que o sujeito deve melhorar a sua tolerância
ao lactato, e inferior a 10 indica que este tem uma boa capacidade
anaeróbica.
Resultados
Aqui apresentaremos os resultados obtidos pelo Indivíduo em estudo (Júlio
César), nos diferentes teste ergométricos realizados (Astrand, YMCA,
Rockport, Wingate, RAAST).
O sujeito tem 20 anos (01/12/1992); pesa 62 Kg; mede 1,75 e é um
indivíduo físicamente activo.
Testes Submáximos
Protocolo de Astrand
Este protoclo tem como objectivo a determinação do VO2 máximo
indirectamente, calculando o VO2 máximo através de uma intensidade de
esforço submáxima. O sujeito comeu 2 horas 30 minutos antes do teste,
dormiu 5 horas e 30 minutos, estavam 23 graus Celsius, o selim do
ergómetro estava no nível 10, a sua frequência cardíaca em repouso foi 42
bpm, a pressão arterial em respouso foi 122/50 mmHg, e o teste começou
às 13 horas e 15 minutos.
O teste começou com uma resistência externa de 100 Watts (2kg) e teve
oito minutos de duração, mas apenas se registou a frequência cardíaca a
partir do segundo minuto, uma vez que nos dois primeiros minutos o sujeito
não atingiu os 120bpm, por isso aumentou-se a resistêcia externa para
150Watts (3kg).
A frequência cardíaca no primeiro minuto do teste foi de 141bpm ± 1, no
segundo minuto foi de 145bpm ± 1, no terceiro minuto foi de 148bpm ± 1,
no quarto minuto foi de 156bpm ± 1, no quinto minuto foi de 163bpm ± 1, e
no sexto minuto foi de 162 bpm ± 1.
1º min-uto
2º min-uto
3º min-uto
4º min-uto
5º min-uto
6º min-uto
Frequência Cardíaca (bpm)
141 145 148 156 163 163
132.5137.5142.5147.5152.5157.5162.5
Frequência Cardíaca (bpm)
Fig .1 – Relação entre FC e tempo durante o teste de Astrand
O sujeito acusou o nível 15, na escala de percepção subjectiva de esforço de
Borg.
A pressão arterial após a realização do teste era de 188/72mmHg.
O VO2 máximo absoluto estimado do sujeito no fim da aplicação do teste foi
2.8L. , uma vez que o sujeito tem 20 anos o factor de correcção é um, o
VO2 máximo relativo predito do sujeito foi 45,16 ml. .
Protocolo YMCA
Este protoclo tem como objectivo a determinação do VO2 máximo
indirectamente, calculando o VO2 máximo através de uma intensidade de
esforço submáxima. O sujeito comeu 2 horas 30 minutos antes do teste,
dormiu 6 horas e 30 minutos, estavam 22 graus Celsius, o selim do
ergómetro estava no nível 10, a sua frequência cardíaca em repouso foi 48
bpm, a pressão arterial em respouso foi 118/69 mmHg, e o teste começou
às 13 horas e 10 minutos.
A frequência cardíaca máxima determinada a partir de uma fórmula de de
Karvonen (FC máx= 220-idade do sujeito) foi 200bpm, e por consequência
85% da FC max foi 170bpm.
O teste iniciou-se num patamar de esforço genérico com uma resitência
externa de 25W(0,5kg) e as frequências cardiacas observadas foram 78
bpm±1 no primeiro minuto, 81bpm±1 no segundo minuto, 76bpm±1, e a
pressão arterial observada no terceiro minuto foi 138/70mmHg. No segundo
patamar de esforço a resistência externa foi 125W(2,5kg) as frequências
cardíacas observadas foram 118bpm±1 no primeiro minuto, 131bpm± no
segundo minuto, 144 bpm±1 no terceiro minuto e 144bpm±1 no quarto
minuto, a pressão arterial observada no terceiro minuto foi 182/70mmHg.
No terceiro patamar de esforço a resistência externa foi 150W (3kg) as
frequências cardíacas observadas foram 153bpm±1 no primeiro minuto,
159bpm±1 no segundo minuto e 163bpm±1 no terceiro minuto, a pressão
arterial observada no terceiro minuto foi 192/70mmHg. Por fim no quarto
patamar de esforço a resistência foi 175W(3,5kg) as frequências carcíacas
observada foi 169bpm±1 no primeiro minuto, 172bpm±1 no segundo
minuto, 178 bpm±1 no terceiro minuto e 178bpm±1 no quarto minuto, a
pressão arterial observada no terceiro minuto foi 194/64mmHg.
O sujeito acusou no segundo, terceiro e quarto patamar de esforço,
respectivamente, 2 , 16 e 18 na escala de percepção subjectiva de esforço
de Borg.
Alguns patamares tiveram quatro minutos, porque do segundo para o
terceiro minuto não se obteve o estado estacionário.
Estimou-se o VO2 max, no penúltimo e no último patamar de esforço, 33,13
e 37,48 respectivamente; no seguimento calculou-se o declive da relação
“VO2 estimado/FC medidas”, 0,24; e finalmente estimou-se o VO2 max,
42,52ml . . .
Procedeu-se então à recuperação passiva do sujeito. Observou-se uma
recuperação de 66 bpm ±1 em 2 minutos.
25 W 125W 150W 175W
020406080
100120140160180200
FC (Bpm)
Fig.2 – Relações entre a FC e Potência;
FC cardíaca e consumo de O2 (respectivamente) no teste de YMCA
Protocolo de Rockport
Este protocolo tem como objectivo a determinação do VO2 max através de
uma intensidade de esforço submáxima. O sujeito comeu 3 horas antes do
teste, dormiu 8 horas, a sua frequência cardíaca em repouso era de 42 bpm,
e o teste começou às 13 horas e 51 minutos.
O sujeito realizou o teste num total de 13 minutos 07 segundos e 19
centésimos de segundo, e com uma frequência cardíaca de 122bpm±1.
O VO2 max predito obtido através das fórmulas acima citadas foi 58,77ml.
.
81 Bpm 144 Bpm 163 Bpm 178 Bpm
0
5
10
15
20
25
30
35
40
VO2 (ml/kg/min)
Testes Supramáximos
Protocolo de Wingate
O protocolo de Wingate tem como objectivo determinar a potência
anaeróbia aláctica, a capacidade anaeróbia, e a fadiga anaeróbia. O sujeito
comeu 3 horas antes do teste, dormiu 5 horas e 30 minutos, estavam 23
graus Celsius, o selim do ergómetro estava no nível 10, a sua frequência
cardíaca em repouso era de 42 bpm, a pressão arterial em respouso era de
122/50 mmHg, e o teste começou às 13 horas e 35 minutos.
A resistência externa aplicada no ciclo ergómetro foi de 4,96 ≈ 5 kg, o que
corresponde 8% da massa corporal do sujeito.
Após a aplicação do protocolo, o softwear determinou a potência máxima do
sujeito 854,33W ou 13,78W/Kg; a potência média 551,75W ou 8,90W/Kg e
o índice de fadiga 89,60% ou 25,51W/s.
Por fim foram comparados os resultados com a tabela de percentis do
protocolo de Wingate, e concluímos que o sujeito estava acima do percentil
90 tanto na potência máxima, como na potência média.
Potência máxima 854,33W (13,78W/Kg)
Potência média 551,75W (8,90W/Kg)
Índice de fadiga 89,60% (25,51W/s)
Tabela 1 – Resultados do teste Wingate
Protocolo RAST
Este teste tem como objectivo a determinação da potência anaeróbia
máxima, média e o índice de fadiga de um indivíduo. O sujeito comeu 2
horas e 30 minutos antes do teste, dormiu 8 horas, a temperatura foram 20
graus Celsius e o teste começou às 12 horas e 30 minutos.
O sujeito concluiu o primeiro sprint em 4 segundos e 67 centésimos,
concluiu o segundo em 4 segundo e 10 centésimos, concluiu o terceiro em 4
segundos e 92 centésimos, concluiu o quarto em 5 segundos e 7
centésimos, concluiu o quinto em 4 segundos e 95 centésimos, e concluiu o
sexto em 5 segundos e 23 centésimos.
Foi calculada a potência para cada sprint pela fórmula presente no
protocolo, e os resultados foram sprint 1-745,72W; sprint 2-1101,98W;
sprint 3-637,72W; sprint 4-582,77W; sprint 5 – 626,19W; sprint 6-530,91W.
Foi calculado também, através de fórmulas presentes no protocolo, a
potência média-704,21W e o índex de fadiga-35W. , além disso os
resultados indicam-nos a potência máxima-1101,98W e mínima-530,91W.
Potência máxima 1101,98W
Potência média 704,21W
Potência mínima 530,91W
Índice de fadiga 35W.
Tabela 2 – Resultados do teste RAST
Discussão de resultados
Protocolos submáximos
Astrand – Ryhming
O consumo máximo de oxigénio pode ser predito com razoável precisão a
partir de testes individualizados de esforço submáximo , em cicloergómetro
, através de equações de regressão, revelando por conseguinte valores 10 a
15% inferiores aos obtidos em passadeira 8. Adicionalmente, estudos
anteriores revelaram que cadências entre 50 e 80 rpm ( rotações por
minuto ) são ideiais para a predição do VO2máx 9, nestas condições.
Tendo em conta que o protocolo de Astrand-Ryhming 10 assume uma
relação linear entre a frequência cardíaca ( FC ) e consumo de oxigénio,
servindo-se da resposta da FC a uma potência submáxima de exercício num
cicloergómetro para extrapolar o VO2max, existe um erro padrão de 0,42
L.min-1 , ou 5,6 mL.kg-1.min-1 11 que tendencialmente resulta numa
subestimação do valor de VO2máx12. Supõe-se que tal se deva tanto à
utilização do cicloergómetro – que suporta todo o peso corporal, minorando
a potência do trabalho exercido, ainda que segundo Wasserman and Whipp 13 , a influência da massa corporal seja mantida, devido ao custo de O2
necessário para mover pernas com maior massa – como de potências de
trabalho constantes e de baixa gama, pouco especificas ao sujeito
analisado.
Relativamente ao sujeito testado verificou-se o mais baixo valor de VO2máx
predito : 45,16 ml.kg−1.min−1, colocando-o na categoria média , segundo a
tabela ( anexo 8 )..
Protocolo YMCA
Outro teste similar comummente utilizado para avaliação do VO2máx, a
partir da resposta da FC a um esforço submáximo é o protocolo delineado
pela YMCA. Apesar da FC de resposta a uma determinada potência de
trabalho reflectir a capacidade de produção de trabalho do indivíduo,
impõem-se limitações na utilização da FC como única variável independente
para a estimativa do VO2máx. Concomitantemente, existe ainda outro
factor de forte influência, que se encontra na assunção da FC máxima para
o sujeito, utilizando apenas a idade como único preditor – estudos
apresentam desvios padrão de 10-15 bpm/min , relativamente à FC máxima
estimada pela idade14 - resultando em possível factor de erro, tendo em
conta que tanto o indicador FC85% (85% da FC máxima ), como a FC
máxima utilizada directamente nos cálculos do protocolo, podem estar
ligeiramente equivocados.
No entanto, este teste apresenta predições mais precisas, derivadas do
facto de este protocolo possuir uma vertente individualizada – com os
diversos níveis, adequados à resposta inicial do sujeito à potência genérica
de 25W, no SM1.
Supomos também que alguma precisão possa derivar do facto de alguns
estadios de potência terem sido mantidos por mais de 3 minutos – em
especial do último estadio, utilizado directamente para predição do
VO2máx, reforçado também pelo resultado de 18 na escala de Borg –
evidenciando uma maior percepção de esforço por parte do sujeito;
Tomando o resultado final de 42,52ml . . ., e comparando com a
tabela de percentis do protocolo YMCA (anexo 13) temos que o individuo se
encontra entre o percentil 50 e 60 , relativamente ao VO2máx.
A fim de comparar a taxa de recuperação da FC relativamente ao padrão
saudável - descida de no mínimo 42 bpm após 2º minuto de recuperação 15–
efectuámos uma recuperação passiva de 3 minutos . Período na qual o
nosso sujeito apresentou uma descida de 62 bpm , revelando um padrão de
reactivação parassimpático saudável. Caso tal não acontecesse, diversos
estudos anteriores revelaram existir uma propabilidade maior – 2/3 – de
eventos súbitos cardiovasculares.
Notavelmente, ambos os protocolos anteriores recorrem a um padrão de
movimentos que não se enquadram na actividade física efectuada
regularmente pelo nosso sujeito, o que constituem um factor de crítica e de
radicação de erro.
Teste de Rockport
Este protocolo de teste visa a predizer o VO2máx, baseando também ele na
resposta da FC a um esforço de intensidade submáxima. A adição aos
protocolos anteriores é o facto de este protocolo ter sido inicialmente
concebido para a análise de indivíduos inactivos fisicamente , ou com lesões
derivadas de impacto, impedindo a realização de corrida; e de ser
necessário apenas material relativamente básico, para a sua realização;
Para além do acima referido, o padrão motor familiar, origina um teste de
fácil aplicação.
Não obstante a facilidade de realização, o estudo foi concebido para adultos
entre os 30 e os 79 anos , resultando numa sobrestimação do VO2máx,
quando aplicado a indivíduos de idade inferior e com condição física activa16
, como é o caso do nosso sujeito.
Tal como mencionado e tomando em conta o resultado obtido de 58,77
ml.kg-1.min-1 – colocando na categoria “muito alto” ( anexo 8 ), é
claramente visível a sobrestimação do valor de VO2máx do sujeito,
originada pela limitação do protocolo acima exposta.
Wingate
O teste de Wingate é utilizado para mostrar três indicadores: o pico de
potência anaeróbia, capacidade anaeróbia e índice de fadiga1718. Estes três
valores têm sido relatados como factores importantes para os desportos
rápidos, com esforços de grande potência. Eventos como o sprint,
dependem fortemente de vias de energia anaeróbia durante a sua
execução, o que nos leva a acreditar que um maior desempenho num teste
de Wingate pode prever o sucesso desses eventos. O nosso sujeito teve um
pico de potência anaeróbia de 854,33W ou 13,78W/Kg, uma potência média
551,75W ou 8,90W/Kg e uma taxa de perda de potência 89,60% ou
25,51W/s. Depois de comparado com a tabela de percentis referente aos
valores do teste de Wingate, o nosso sujeito estava situado acima do
percentil 90. O nosso sujeito tem uma potência anaeróbia muito acima da
média, verifica-se também que o sujeito tem um índice de fadiga muito
grande que equivale a 89,60% ou 25,51 W/s, ou seja o sujeito tem
intolerância muito grande a este tipo de esforço, e não o consegue manter
por muito tempo. Podemos então deduzir que numa situação de esforço
predominantemente anaeróbio, o sujeito consegue produzir uma
quantidade de trabalho bastante significativa, mas não a consegue manter.
O valor muito alto do índice de fadiga pode ser especulado pelo facto de o
sujeito ter realizado o teste de Astrand para um esforço submáximo alguns
minutos antes e a sua capacidade de manter a potência possa ter sido
alterada. Aliado ao facto do sujeito ter abandonado a prática de esforços
anaeróbios significativos.
Uma vez que o teste de Wingate stressa a via metabólica glicolítica, o
consumo de glícidos antes do teste varia a quantidade de glícidos presentes
no sangue para ser utilizado por esta via metabólica e por isso também
pode variar o output de potência. As horas de sono é outra variável que
pode influenciar o rendimento do sujeito, uma vez que este dormiu menos
horas do que as aconselháveis (entre 7 a 9 horas19) também pode variar
tanto o output de potência como o índice de fadiga.
No entanto podemos considerar válidos os resultados do teste uma
vez que este tem uma fiabilidade entre 0.90 e 0.97, e tem sido utilizado
para avaliar crianças, adolescentes e adultos com níveis de actividade física
entre o “sedentário” e o “muito activo”.
Protocolos Supramáximos
RAST
O teste RAST é também utilizado para mostrar três indicadores:
potência anaeróbia máxima, média e o índice de fadiga de um indivíduo e a
sua população alvo são atletas de endurance, ou atletas que pratiquem
desportos com um componente de endurance muito grande e atletas de
sprint. O teste RAST tem a vantagem de medir a capacidade anaeróbia, com
movimentos de corrida familiares na grande maioria dos desportos. Mais
uma vez podemos correlacionar os resultados deste teste com o possível
rendimento numa prova que requeira um esforço maioritariamente
anaeróbio. Observámos no nosso sujeito uma potência máxima de
1101,98W; uma potência média de 704,21W e um índice de fadiga de
35W. . Podemos então deduzir que o nosso sujeito tem uma potência
máxima acima da média, uma vez que a potência máxima observada é
maior que a observada no teste de Wingate, tal como a potência média e o
índice de fadiga.
Como já referido anteriormente, o facto do teste RAST medir a
capacidade anaeróbia, com movimentos de corrida familiares na grande
maioria dos desportos, e sendo o nosso sujeito um ex-atleta da prova de
1500 metros e um individuo que pratica Futsal periodicamente, pode
explicar a melhoria no rendimento, tanto na potência máxima como na
potência média20. O índice de fadiga apresentado pode ser explicado devido
ao facto do sujeito ter realizado o teste de Wingate no dia anterior
precedido de uma aula de Ginástica Rítmica além disso, demonstra que o
sujeito tem uma grande intolerância láctica e tem uma grande dificuldade
em manter a potência em esforços de cariz anaeróbio.
O RAST apresenta também a desvantagem de ser medido apenas
pelo responsável de
monitorização e o erro humano também poderá ter influenciado todos os
valores acima referidos. No entanto podemos considerar os valores fiáveis
uma vez que existe uma grande correlação entre o teste RAST e o teste de
Wingate e visto que os valores obtidos nos respectivos não se encontram
em termos totalmente dispares.
Conclusão
Realizamos os testes ao nosso sujeito ( Júlio César ), um indivíduo que
não está no seu pico de forma, visto que deixou de ser muito activo a partir
do momento em que abandou a prática atletismo (sensivelmente 2 anos),
sendo agora um individuo activo que treina com alguma frequência
intercalado com uns jogos de futsal. Os testes consistiram em três
submáximos e dois supramáximos realizados nas imediações da Faculdade
de Motricidade Humana e Jamor.
Realizados os testes, e com os resultados discutidos concluímos que
existe uma relação linear entre a frequência cardíaca, o consumo de
oxigénio e a carga utilizada, uma vez que com o aumento da carga, a
frequência cardíaca aumenta, aumentando proporcionalmente também o
consumo de oxigénio. Adaptando esta proporcionalidade ao nosso atleta,
verificamos que o Júlio tem os valores de VO2 máx e os limiares anaeróbios
médios altos resultantes da sua actividade física frequente e do seu
passado como atleta de 1500m.
No geral é lícito de concluir que apesar da miríade de protocolos de
testes existentes, é essencial que perante uma avaliação prévia se
determine qual o melhor protocolo a seguir, tendo em conta as
características do sujeito a testar, de forma a garantir tanto a segurança do
dito, como de uma maior acuidade de resultados.
Tal acuidade de resultados garante que o teste possa avaliar a
condição do sujeito no parâmetro determinado, e auxiliar na constituição de
um futuro plano de treino equilibrado e com cunho individualizado.
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Referências
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ANEXOS
Anexo 1 - PAR-Q
Anexo 2 – Escala de Borg
Instruções: 1) “Qual o valor de Borg?”2) O sujeito aponta o valor e o avaliador repete o valor para verificar (Nota:
Deve-se classificar sinceramente o valor);3) Objectivo: Avaliar uma sensação global de fadiga (aspectos ventilatórios) e
não uma dor localizada.
Anexo 3 – Resumo de dados a recolher pré-prova
1) Nome2) Idade (data de nascimento)3) FC repouso4) Prática regular de exercício5) Sono6) Alimentação
7) Doenças8) Outras contra-indicações9) Condições de realização da prova (hora de aplicação do teste). 10) Temperatura (ideal entre 22 e 24ºC)11) Humidade (ideal entre 45 e 55%)12) Ajustamento ao ergómetro13) Procedimentos de segurança (PA < 160/100 mmHg)
Anexo 4 – Folha de registo do Protocolo de Astrand
Anexo 5 – Tabela de Resistência inicial para o teste de Astrand
Condição Resistência InicialPessoas Descondicionadas 50 WHomens Activos 100W - 150WMulheres Activas 75W – 100W
Anexo 6 – Tabela de Estimativa de VO2Máx.
Anexo 7 - Factor de correcção para estimativa de VO2Máx
Anexo 8 – Valores normativos para VO2Máxi em função do sexo e idade
Anexo 9 – Progressão do protocolo de YMCA
Anexo 10 – Cálculos da Penúltima Intensidade (SM1) e da Última Intensidade (SM2)
SM1
SM2
Anexo 11 – Cálculo do declive (b) da relação VO2 e FC submáximos
Anexo 12 - VO2Máx em função da FC máxima
Anexo 13 - Tabela de percentis para interpretação dos resultados (YMCA)
Anexo 14 – Factores para selecção de cargas no teste de Wingate
Anexo 15 – Valores normativos para a comparação do teste anaeróbico de Wingate