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ANEXO C – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS AÇÕES EXECUTADAS
C1 -‐ Relatório Final da Ação Executada
Identificação da Ação Título da Ação Enquadramento de corpos d'água em classes de usos e
Vazão Ambiental, com foco em áreas suscetíveis à desertificação, áreas úmidas e cursos de água regularizados.
Subtítulo Missão de técnicos da SRHU/MMA à Estados membros da União Européia para conhecer experiências sobre Enquadramento de corpos d'água em classes de usos e Vazão Ambiental
Introdução: Para cumprimento dessa ação, foram visitadas cinco instituições da Espanha e da França,
com o objetivo de conhecer experiências em vazão ambiental e enquadramento dos corpos d'água
em classes de usos. Essa é a última subação proposta no âmbito desta ação e, juntamente com as
etapas anteriores, servirá para agregar subsídios que auxiliem na elaboração de uma proposta para
implementação de vazão ambiental na gestão de recursos hídricos no Brasil.
Os resultados desta missão serão divulgados na forma de palestra na Secretaria de Recursos
Hídricos e Ambiente Urbano e durante a última Oficina sobre Enfoque Ecossistêmico na Gestão de
Recursos Hídricos, que encerrará um ciclo de quatro oficinas, realizadas pela SRHU.
Segue a programação da missão:
Segunda
09/11/09 Terça
10/11/09 Quarta 11/11/09
Quinta 12/11/09
Sexta 13/11/09
Sábado 14/11/09
Manhã Partida de Brasília/BR
Chegada à Barcelona/ES
Visita à Agencia Catalana del Agua
Visita a ALTT: Planta potabilizadora de Abrera.
Visita à Oficina de Planificación de la Confederación Hidrogràfica del Ebro em Zaragoza
Viagem de Barcelona - Paris/FR
Tarde Agencia Catalana del Agua
Visita a ALTT: Planta potabilizadora de Abrera.
Oficina de Planificación de la Confederación Hidrogràfica del Ebro: reunião sobre implementação de Vazão Ambiental na Bacia do Ebro
Chegada em Paris/FR
Domingo
15/11/09 Segunda 16/11/09
Terça 17/11/09
Quarta 18/11/09
Quinta 19/11/09
Sexta 20/11/09
Manhã Visita ao escritório regional da ONEMA em Montpellier
Office Nacional de l'eau et des milieux aquatiques (ONEMA), Paris
Visita à Agencia de Água da Bacia Hidrográfica Seine-Normandie, Paris.
Partida de Paris/FR
Chegada em Brasília/BR
Tarde ONEMA , Montpellier
ONEMA, Paris Agencia de Água da Bacia Hidrográfica Seine-Normandie, Paris.
Execução:
Dia 11/11/09
Instituição visitada: Agência Catalã de Águas, Barcelona.
No dia 11 de novembro fomos recebidos por Lorenzo Correa Lloreda, da Agência Catalã de
Águas, que ministrou a palestra intitulada “A política de água na Catalunha: Missão e
competências da Agência Catalã de Águas”.
Na palestra foi contextualizada a criação da Agência, que sempre esteve em consonância
com a Diretiva Quadro das Águas da União Européia (2000/60/CE), que se baseia em:
− Gestão integrada;
− Estado ecológico das águas;
− Racionalidade econômica dos usos; e
− Participação pública prévia à tomada de decisões.
Segundo Lorenzo, os princípios que regem a política e a gestão das águas na Catalunha são
os da sustentabilidade ambiental; da sustentabilidade do abastecimento de água para as atuais e
futuras demandas, da sustentabilidade econômica e da sustentabilidade social.
Como ações para implementar a política de águas na Catalunha, foram citados planos e
programas nas áreas de: saneamento e melhoria da qualidade das águas, recuperação ambiental dos
rios e controle de inundações, reúso de água, recuperação de aquíferos, dessalinização e apoio ao
abastecimento local.
Os recursos para financiamento de todas as ações são originários da cobrança pelo uso da
água ou por recursos da Comunidade Européia. Foi dito que para a implementação da Diretiva
Quadro Européia de Águas, até 2015, serão gastos 9,313 milhões de Euros, ou seja, 168 Euros por
habitante, ou ainda, 0,61% do PIB da Catalunha de 2007. Com isso, se prevê que na região se
concretize o bom estado das águas em 68% dos corpos d'água superficiais e 55% das águas
subterrâneas.
Posteriormente, foi proferida a palestra sobre “Vazão Ambiental: Definição e Implantação
na Catalunha”, pela técnica Mònica Bardina Martin, também da Agência Catalã de Águas.
Em sua apresentação, foi dito que no Decreto Real 907/2007, que regulamenta os
planejamentos hidrológicos na Espanha, as Vazões Ecológicas não se confundem como usuário de
água, mas deve ser considerado como restrição aos usuários propriamente ditos. Entretanto, o uso
prioritário é o abastecimento humano.
Os planos de recursos hídricos devem ter por objetivo atingir um bom estado ecológico dos
“domínios públicos hidráulicos” e a satisfação das demandas. E, conforme a Diretiva Quadro de
Águas, para atingir esse bom estado ecológico, devem ser propostas medidas que considerem a
composição, a abundância e a diversidade dos componentes biológicos dos sistemas fluviais, sejam
eles modificados ou sem alterações antrópicas.
Portanto os Planos devem garantir o bom estado ecológico em consonância com a satisfação
das demandas e racionalização dos usos em harmonia com o meio ambiente. Estes princípios
condicionam a autorização de uso dos recursos hídricos.
Neste contexto, um dos objetivos dos planos de recursos hídricos é justamente a garantia da
manutenção das vazões ecológicas.
Segundo a “Llei del PHN (10/2001)”, Vazões Ecológicas são aquelas que mantém pelo
menos a vida os peixes, que de maneira natural habitam ou poderiam habitar o rio, e a vegetação
ciliar.
Foi dito que a determinação da vazão ecológica depende do objeto a ser mantido (ciclos
biológicos, estrutura da vegetação ciliar, morfologia fluvial, hábitats, etc..). Há muitas metodologias
para determinação de vazão ecológica, mas na Catalunha, eles utilizam o QBM (método
hidrológico) e o IFIM (método hidrobiológico). Também foi mencionado que, antes do processo de
discussão com os setores interessados, a Agência determina uma margem de valores de vazão para
negociação. Essa seria uma interessante estratégia que minimizaria as tensões entre os setores de
meio ambiente e de usuários, que possuem interesses muitas vezes conflitantes.
Centro de Controle
Ao final da visita, pudemos conhecer o Centro de Controle, onde eles monitoram a
qualidade e quantidade dos recursos hídricos superficiais e aquíferos, assim como a pluviometria
em tempo real nas bacias hidrográficas da Catalunha. Verificamos a grande capacidade técnica e
física para desempenhar o trabalho, sendo disponíveis inúmeros pontos de monitoramento nas
bacias hidrográficas para as tomadas de decisão.
Dia 12/11/09
Instituição visitada: Planta Potabilizadora de Abrera
No dia 12 de novembro, nos dirigimos à “Planta Potabilizadora de Abrera”, uma estação de
tratamento de água potável localizada nas proximidades de Martorell. Na oportunidade foi proferida
uma apresentação sobre a história e o funcionamento da Estação, pelo técnico Joan Francesc Tous
Rubio e posteriormente conhecemos suas instalações.
O tratamento pelo qual a água passa conta com as seguintes fases:
− sedimentação;
− pré-oxidação com permanganato de potássio;
− contro do PH com dióxido de carbono;
− coagulação com policloreto de alumínio;
− adição de amido;
− decantação;
− desinfecção/oxidação com dióxido de cloro;
− filtração em filtro de areia;
− filtração em carvão ativado;
− eletrodiálise reversa; e
− cloração
Foi dito que este é o sistema mais moderno do mundo e que é capaz de purificar a água de
forma a eliminar todas as impurezas, inclusive vírus, com exceção de hormônios presentes na água.
A estação possui a capacidade instalada para tratar 1.300.000 m3/dia em um sistema modular, em
que as baterias de eletrodiálise reversa são postas em funcionamento somente quanto há demanda.
Com isso eles são capazes de abastecer cerca de 4,5 milhões de habitantes da região.
Notamos que existe preocupação com todo o processo que envolve o tratamento da água,
desde a captação até a distribuição, bem como as atividades meio e de sustentabilidade da Estação.
Por exemplo, o efluente produzido que não pode ser tratado é centrifugado, gerando uma grande
quantidade de lodo, que por sua vez possui um destino alternativo interessante: é matéria prima para
produção de cimento.
O sistema é economicamente deficitário. Além do valor pago pelas empresas responsáveis
pela distribuição pela água tratada, são necessários recursos do governo para se manter. Uma outra
fonte de financiamento do sistema é a venda de energia solar, que é produzida na própria área da
Estação.
Muitos dos produtos químicos utilizados no tratamento da água são produzidos no próprio
local, demonstrando mais uma vez a preocupação com a sustentabilidade do processo. Além disso,
toda a Estação de Tratamento possui apenas 7 técnicos especializados, refletindo o alto grau de
eficiência do sistema.
Durante as conversas com Joan foi mencionado que as empresas, ou grupos de empresas,
que produzem efluentes e os descartam nos rios devem possuir suas próprias estações de
tratamento. Ademais, há um controle por parte do governo e da sociedade sobre a qualidade destes
efluentes.
Dia 13/11/09
Instituição visitada: Confederacion del Rio Ebro, Zaragoza.
No dia 13 de novembro fomos à cidade de Zaragoza para visitar a Confederacion del Rio
Ebro.
Foi-nos apresentado o Sistema Automático de Informação Hidrológica (SAIH). Os dados são
atualizados a cada 15 minutos. O SAIH funciona durante 24 horas por dia.
Na Espanha existem os organismos de bacias intercomunitários e intracomunitários. A
Confederacion del Rio Ebro é um organismo intercomunitário e pertence ao Governo da Espanha.
A Agência Catalã de Águas é intracomunitário e pertence ao Governo da Comunidade Autônoma
da Catalunha.
A Bacia do Rio Ebro tem 80.000 km² e 3 milhões de pessoas. Na bacia, fazem concessão de
uso e autorização para os vertidos. A cobrança ocorre quando há obras, infraestrutura. O Rio Ebro
tem 1.000km de longitude, e uma vazão de 520 m³/s podendo chegar a 3.000 m³/s. Na semana
anterior a que chegamos lá, a vazão estava em 70 m³/s. Há enchimento dos reservatórios no outono
e no inverno, e esvaziamento durante o verão e primavera, quando há maior demanda por água por
causa do turismo. Envolve 9 comunidades autônomas. Eles gastam $ 5 milhões de euros por ano em
manutenção. A bacia possui zonas de alta pluviosidade, em especial no verão.
O abastecimento de Zaragoza vem de um reservatório na nascente do Ebro a 500km da
cidade.
Quanto ao controle da qualidade da água da bacia, eles analisam turbidez, oxigênio
dissolvido, condutividade, amônio, temperatura e pH. As análises são automáticas. As estações de
controle de qualidade estão abaixo de depuradoras ou acima de abastecimento.
Após a apresentação sobre o SAIH, tivemos uma reunião com o chefe da Área de Planos e
Estudos, o Sr. Miguel Garcia, sobre vazão ambiental especificamente.
Ele começou falando que é preciso muita prudência para implementar vazão ambiental na
gestão de recursos hídricos. Além disso, é preciso um Plano Metodológico e estudos técnicos
claros, e posterior negociação. É importante que vazão ambiental tenha legislação para dar suporte.
Em 1996, a vazão ambiental para a Bacia do Rio Ebro era baseada em cálculos estatísticos.
Em 2000, com a Diretiva Quadro Européia da Água, foi exigida a análise do bom estado ecológico
dos rios europeus por meio de bioindicadores. A Diretiva Quadro não obriga a adoção da vazão
ambiental pelos países europeus. É uma iniciativa da própria Espanha. A regulamentação do tema
na Espanha seguiu este cronograma:
2005: Definição de vazão ambiental.
2007: Regulamento Espanhol de Planejamento.
2008: Regulamento para determinar vazões ambientais (Instrução de Planificacion
Hidrologica).
Em questão de legislação, eles possuem “leis”, “decretos” e “ordens ministeriais”. Foi
publicada uma ordem ministerial (Ordem ARM/2656/2008 de 10 de setembro de 2008) sobre a
adoção de vazão ambiental para os rios espanhóis e ela precisou da aprovação do Conselho
Nacional de Água.
Será calculada a vazão ambiental para 55 trechos de rios da Bacia do Rio Ebro. Após o valor
estabelecido, será analisado o impacto da adoção dessa vazão nas atividades econômicas atuais e
futuras e explicado esses impactos para a sociedade e os usuários.
Foi desenvolvido um piloto na Espanha, na bacia do Rio Rupia em Valença, para embasar a
Ordem Ministerial 2656. A ordem é uma norma legal com uma metodologia. Na Espanha, o
Ministério do Meio Ambiente financiou as contratações de empresas para desenvolver os estudos de
vazão ambiental para todas as confederações de bacia hidrográfica.
Os estudos para o Ebro são para 2008-2010 e, como resultado preliminar, os rios grandes
têm apresentado, com métodos de cálculo biológicos, vazões menores que as definidas pelo cálculo
hidrológico. Para rios pequenos, tem acontecido o contrário. É muito importante que as vazões
ambientais estejam no Plano de Bacia.
Na ordem ministerial 2656 é ordenado que a vazão ambiental seja calculada para todas as
massas de água, mas isso tem se mostrado muito complicado. Então, a Confederacion del Ebro está
calculando em estações de controle (em 50 pontos), aplicando métodos biológicos (onde é possível)
e hidrológicos. Nos demais pontos da bacia, por enquanto, adotarão a vazão mínima.
A Ordem Ministerial determina que as vazões sejam para anos normais e anos secos. Nos
espaços protegidos e Rede Natura 2000 deve ser para anos normais. Não se pode aplicar a vazão
ambiental de anos secos nesses espaços. Determina também que a vazão ambiental deve ser
cumprida 90% das vezes e que em 2009 todas as bacias hidrográficas espanholas tenham seus
planos com as vazões ambientais determinadas.
O Sr. Garcia acredita que é importante não definir um valor de vazão ambiental, mas sim
uma faixa para que haja espaço à negociação. Disse que é importante saber de onde viria o dinheiro
para assegurar as vazões ambientais.
Perguntamos como foi a iniciativa para a adoção da vazão ambiental na gestão de recursos
hídricos na Espanha. Ele nos informou que foi vontade política da ministra da época que era ligada
ao movimento ambientalista. E enfatizou que a vontade política é uma ferramenta essencial, muito
importante para a adoção da vazão ambiental na gestão das águas de um país.
Foi uma reunião muito boa. Aprendemos bastante sobre a experiência deles e isso pode
contribuir em muito para nosso trabalho no Ministério do Meio Ambiente.
Dia 16/11/09
Instituição visitada: Escritório Regional da ONEMA, Montpellier.
No dia 16 de novembro de 2009 visitamos o Escritório Regional da ONEMA (Office
National de l'eau et des milieux aquatiques), em Montpellier.
Fomos recebidos, primeiramente, no Departamento de Meio Ambiente. Foi feita uma
apresentação sobre o SAGE (Schéma d'aménagement et de gestion des eaux) pela coordenadora
Géraldine Vacquier.
Ela dividiu a palestra em quatro partes: 1) O SAGE: Generalidades e o SAGE Lez-Mosson-
Etangs Palavasiens; 2) O SyBle; 3) Programa de ações do SAGE; 4) Ações e medidas: STEP Maera
e Natura 2000.
1) O SAGE: Generalidade e o SAGE Lez-Mosson-Etangs Palavasiens
Ela começou explicando o que era o Sage. O Sage foi criado pela lei de águas de 1992. Ele
se ocupa da gestão de uma pequena bacia, visando o equilíbrio entre a satisfação dos usuários com a
conservação do meio aquático. É uma ferramenta para o planejamento integrado da gestão de águas
para um horizonte de 10 anos com um quadro de ações e regras comuns. É um documento
elaborado por uma Comissão Local de Água (Commission Locale de l'Eau – CLE) e deve ser
aprovado pelo representante do governo no departamento. A CLE é composta por 53 membros,
representantes dos usuários de água, do governo e pelos representantes políticos locais. A gestão da
bacia se dá pelos Sages locais e, onde ele não existe, é feita por órgãos a nível nacional. O Sage é
como se fosse uma lei, um plano da bacia e deve ser seguido.
Ele é implementado em três fases: fase preliminar, fase de elaboração e fase da
implementação propriamente dita e de monitoramento. Na fase preliminar, tem-se a delimitação do
perímetro e a constituição da CLE. A fase de elaboração envolve o projeto do Sage e termina com
sua aprovação. Depois é a fase de implementar suas ações e monitorá-las.
No caso do Sage Lez-Mosson Etangs Palavasiens, a delimitação do perímetro ocorreu em
setembro de 1994, a constituição da CLE em dezembro de 1994 e sua aprovação se deu em julho de
2003. Fazem parte dele o Rio Lez, o Rio Mosson e a parte litorânea (mangue). Abrange 43 os
municípios e 746 km² de área. O Rio Mosson é afluente do Rio Lez. É uma água de ressurgência, de
boa qualidade. Antes, a água vinha à cidade naturalmente, mas hoje é preciso bombeamento. No rio
ocorre grande quantidade de deposição de sedimentos. Há muita poluição na área da bacia,
problemas com eutrofização na água, mas é também uma área muito importante para a
biodiversidade. A nascente do Rio Lez é uma área protegida pela Natura 2000. A pluviosidade é de
600 mm por ano concentrada após o verão. A água do oceano é aquecida no verão, evapora,
encontra a barreira de montanhas e origina as chuvas. A bacia é muito pequena e inunda rápido.
Hoje ocorre inundações onde não havia anteriormente.
A nascente do Lez abastece a cidade de Montpellier. A estação de tratamento de água foi
projetada para toda a cidade de Montpellier. A água precisava de um bom tratamento porque o Rio
Lez é um rio pequeno.
O Sage Lez-Mosson tem uma característica bastante urbana. É composto por 3 volumes: i)
diagnóstico do meio aquático; ii) Estratégia: 4 orientações fundamentais; iii) Medidas e ações para
atender aos objetivos.
Os objetivos são: i) necessidade de água potável até 2010; ii) qualidade da água; iii)
estiagem e barragens; iv) risco de inundações; v) desenvolvimento urbano e artificialização do
meio; vi) gestão dos sedimentos (há grande deposição de sedimentos no rio) / elevação dos níveis
dos reservatórios; vii) artificialização dos regimes hidrológicos. As quatro orientações fundamentais
são: i) Preservação ou melhoria dos recursos hídricos; ii) Redução do nível de risco de inundação;
iii) Preservação ou restauração do meio aquático, das zonas úmidas e de seus ecossistemas; iv)
Melhoria da informação e da formação, desenvolvimento de ações conjuntas.
Todas as decisões do Sage na bacia precisam da aprovação do prefeito. A documentação da
área de recursos hídricos e de urbanismo (como se fosse o “plano diretor”) devem ser compatíveis.
A CLE pode apoiar tecnicamente o prefeito, enviando parecer sobre o “Plano Diretor”. O Sage Lez-
Mosson será revisto em 2010.
− O SyBle
O SyBle coordena e financia o plano de ações do Sage. Visa garantir a coerência das ações
Há uma agência nacional que cobra pelos grandes poluidores e utilizadores de água e parte
desse recurso vai para o Syble.
− Programa de ações do SAGE
Eles desenvolvem um Programa de ações de Prevenção de Inundações. Vinte e dois mil
habitantes estão expostos ao risco de inundação.
Foi elaborado um Plano de Gestão para restaurar o leito e as margens do rio Lez. As ações
começaram em 2005 e atendem a 18 municípios. A queda de grandes árvores no rio cria barreiras
que se rompem repentinamente quando ocorre inundações.
Buscam a melhoria do conhecimento dos recursos hídricos, monitoramento das águas
superficiais e subterrâneas, e dos meios lacustres e marinhos. A ONEMA faz o acompanhamento
das espécies nos rios.
Há incentivo para a plantação de espécies xerófitas para reduzir a captação de água.
− Ações e medidas: STEP Maera e Natura 2000
A polícia da ONEMA também faz a fiscalização dos rios.
Eles disseram que provavelmente não conseguirão atingir a classe azul (bom estado
ecológico das águas) para todos os rios até 2015, então estão fixando um prazo maior para atingir
essa meta, mas todos os corpos de água (superficiais, subterrâneos) devem atingir a classe azul. A
vazão ambiental para o Lez-Mosson será definida até 2010.
Eles construíram um emissário submarino para lançar os efluentes tratado pois o rio não é
capaz de diluir os efluentes. Para compensar a vazão ambiental do Rio Lez, trazem água do Rio
Rhonê.
Após a palestra, visitamos a nascente artificial do Lez. Visitamos também um ponto
considerado Natura 2000 e alguns pontos onde é feito o monitoramento da qualidade do meio
aquático.
Essa parte da visita foi conduzida pelo técnico responsável pelos meios naturais.
Ele explicou que a Bacia Lez-Mosson engloba a parte Litoral Mediterrânea e uma parte mais
urbanizada (planície de Montpelier – 10 a 100m de altitude). A bacia é constituída por rochas
calcárias.
Hoje não sai água da nascente do rio Lez, só quando chove muito. Eles bombeiam água
subterrânea para o abastecimento da cidade. Toda a água para abastecimento é tratada.
Abastecimento de Montpelier:
O prefeito de Montpellier ordenou que a vazão no Rio Lez fosse 160 l/s. Tinha que ser essa
quantidade por causa de uma espécie de peixe endêmica da região, o Cottus petiti (Chabouz de
Lez). Esse número foi definido aleatoriamente. Agora serão feitos estudos para verificar qual é a
verdadeira vazão necessária para a sobrevivência do peixe. Esta espécie precisa de uma vazão
regular e de água fria. É uma espécie protegida pela Natura 2000 e, por isso, a área da nascente do
rio também é protegida. O peixe vive em 5 km do rio apenas. Foi descoberto em 1964. Há uma
seqüência de barragens que afetam a qualidade da água para a sobrevivência do peixe.
Um sério problema que afeta a biodiversidade da região é o camarão de Louisiana
(Procambarus clarkii), uma espécie invasora que abriga um fungo que contamina as espécies
naturais. Em 1900, houve uma doença que acabou com os camarões na Espanha e as pessoas
trouxeram essas espécies de camarões dos EUA. Esses camarões gostam de locais poluídos e
conseguiram chegar à França.
A captação de água no rio Lez já foi bastante elevada, o que causou o rebaixamento e a
fissura do terreno em Montpellier. Hoje eles retiram e utilizam uma parte da água do rio Rhonê.
Não há relação formal institucional entre ONEMA e Syble, mas eles trabalham juntos na
gestão dos rios da bacia e há pessoas da ONEMA que fiscalizam as ações do Syble.
A universidade não participa da CLE. Os usuários participam. A população, em geral,
participa das audiências públicas. As ONGs participam como usuários.
Para monitoramento, é feita pesca elétrica, com método padronizado em toda a França.
Na parte da tarde visitamos os trabalhos de gerenciamento hidráulico a jusante do Lez e na
região metropolitana de Montpellier com apresentação de Nicolas Zumbiehl.
Em Montpellier há grande risco de inundações. Uma grande área residencial foi construída
bem próxima à margem do Rio Lez e está sujeita a inundações. Estão construindo um canal para
que a água excendente da chuva que o rio Lez não consegue suportar seja desviada para ele,
evitando as inundações.
Esse canal segue o curso de um antigo braço do rio Lez que existia. E vai desembocar no
35 m – Limite de retirada de água
80m
mar. O canal ainda está em construção.
Dia 17/11/09
Instituição visitada: Escritório central da ONEMA (Office National de l'eau et des milieux
aquatiques), Paris.
Nesta visita, fomos recebidos por duas técnicas da ONEMA, representantes do departamento
de Relações Internacionais da instituição, Sra. Marie-Perrine Miossec e Sra. Anna Dupont.
Foi feita uma apresentação na qual foram destacados os principais fundamentos da Diretiva-
Quadro Européia da Água, o sistema de gestão de recursos hídricos na França, as funções da
ONEMA, os projetos apoiados e as principais atividades que estão sendo realizadas para atingir um
bom estado ecológico das águas na França.
A gestão de recursos hídricos na França é dividida em três esferas: Local, Bacias
Hidrográficas e União. Na esfera local, participam das discussões as autoridades locais,
representantes da União e os usuários com interesses naquela localidade, como agricultores,
industriais, etc. Essas discussões ocorrem nas Comissões Locais de Água.
A França é dividida em seis bacias hidrográficas (Artois-Picardie, Seine-Normandie, Loire-
Bretagne, Adour-Garonne, Rhone-Mediterrannee e Rhin-Meuse), mais os cinco departamentos
ultramarinos (Guadaloupe, Martinique, Guiana, Reunión e Mayotte). Cada bacia possui uma
Agência de Água, que é ligada ao Ministério da Ecologia, da Energia, do Desenvolvimento
Sustentável e do Mar, e financiada pela cobrança pelo uso da água em sua bacia. Essas agências são
responsáveis pela conservação da água, combate à poluição, informação para a população,
determinação de taxas pelo uso da água e definição dos investimentos a serem feitos com os
recursos arrecadados.
A União participa do processo por meio do Ministério e da ONEMA. A ONEMA –
Escritório Nacional de Água e Ambientes Aquáticos – tem por objetivo principal garantir a gestão
global, sustentável e equilibrada dos recursos hídricos, dos ecossistemas aquáticos, da pesca e da
aquicultura. Como ações, esta instituição é responsável pelo sistema de informação de recursos
hídricos, atua como “polícia da água e da pesca”, apoia projetos de pesquisas e desenvolve
programas de treinamento, sensibilização e informação da população. Possui nove escritórios
regionais e 77 departamentais. Participa da formulação dos planos de bacia e busca inserir os
fundamentos da Diretiva Quadro da Água nas diferentes esferas de gestão de recursos hídricos.
Além disso, foram apresentados e discutidos os princípios da Diretiva Quadro e as ações que
vêm sendo desenvolvidas na França para atingir o bom estado ecológico de seus corpos d'água até
2015, como preconiza a Diretiva. Esta Diretiva deve ser implementada em todos os Estados
Membros da União Européia e, além desta meta de melhorar ecologicamente os rios desses países,
ela determina que a gestão dos recursos hídricos tenha como unidade territorial as bacias
hidrográficas e que haja participação social nos processos decisórios. A gestão por bacia
hidrográfica existe na França desde 1964. A legislação francesa está regulamentada de acordo com
a Diretiva Quadro desde 2006, e define como premissas: defender o direito à água, desenvolver
mecanismos de adaptação às mudanças climáticas, promover reformas institucionais, prevenção da
poluição causada pela agricultura, gestão local consultiva dos recursos hídricos, fortalecimentos da
polícia das águas, transparência nos serviços de saneamento e reformas no sistema de pesca e
aquicultura.
Para atingir o bom estado ecológico dos corpos d'água, a França vem desenvolvendo
diversos estudos sobre o estágio em que se encontram seus rios e quanto custaria a recuperação
destes. Alguns desses estudos já foram concluídos e demonstraram que seria inviável
economicamente recuperar todos os corpos d'água da França até 2015, pois isto acarretaria uma
elevação muito significativa no custo da água para os usuários e consumidores. Portanto, a proposta
da França é negociar prazos com a União Européia, tecnicamente embasados pelos estudos
realizados, demonstrando o percentual dos rios que estarão recuperados até 2015, até 2021, e
finalizando 100% dos rios em bom estado ecológico até 2027. Além do apoio às pesquisas, outras
ferramentas utilizadas pela ONEMA para atingir esses objetivo são os incentivos dados a usuários
que apresentem boas práticas na utilização da água, e a punição aos mal-usuários, na forma de
sobretaxas e multas.
Dia 18/11/09
Instituição visitada: Agência de Água da Bacia Hidrográfica Seine-Normandie, Paris.
Foi realizada uma reunião na sede da Agência de Águas da Bacia Seine-Normandie, em
Nanterre, região no entorno de Paris, onde fomos recebidos pelo Diretor de Desenvolvimento
Sustentável da Agência, Sr. Jacques Bories, e pela Chefe do Departamento de Desenvolvimento
Sustentável da Agência, Sra. Liliane Chauffrey. Trata-se de uma das bacias hidrográficas mais
populosas da França, pois é onde se encontra a cidade de Paris.
Inicialmente, foi feita uma apresentação sobre a gestão integrada de recursos hídricos na
França, destacando-se o histórico da legislação francesa no tema e a distribuição de
responsabilidades entre as instituições envolvidas na gestão das águas. Posteriormente, foram
detalhadas as funções da Agência Seine-Normandie e as especificidades dessa bacia.
Participando da gestão de águas da bacia Seine-Normandie, existe um Comitê de Bacia
composto por 185 membros, dos quais 74 são representantes do poder local, 74 são representantes
dos setores usuários e 37 são representantes da União. Existem também um Conselho
Administrativo, responsável por definir as ações e o orçamento da agência. Cada bacia elabora um
plano de bacia, o qual deve conter um diagnóstico da bacia e os objetivos a serem alcançados. Esse
plano é aprovado pelo Comitê de Bacia.
As agências de água são responsáveis pela implementação de diversos programas definidos
na esfera nacional, sendo que os que estão em vigência fazem parte do ciclo 2007-2012. Um destes
programas é responsável pela recuperação dos corpos d'água e dos ecossistemas aquáticos e possui
um orçamento de 11,6 bilhões de euros para sua execução, dos quais 37% estão sob a coordenação
da agência Seine-Normandie. Esse montante é direcionado para construção de estações de
tratamento de água, depuradoras de efluentes e para auxiliar as indústrias a adquirirem tecnologias
menos poluentes.
Estudos realizados na bacia Seine-Normandie apontaram que, considerando as
possibilidades financeiras e tecnológicas, 60% dos corpos d'água superficiais e 30% da águas
subterrâneas desta bacia estarão em bom estado ecológico até 2015.
Além desta exposição, houve também uma apresentação sobre as zonas úmidas da França e
as atividades da agência nesta temática. Uma das principais ações da agência na proteção das zonas
úmidas é a aquisição de algumas dessas áreas, consideradas prioritárias, com o objetivo de financiar
projetos de preservação, conservação e recuperação dessas áreas.
Dificuldades / Obstáculos:
Não identificamos dificuldades importantes na realização desta missão. O contato prévio
com as instituições foi feito com relativa facilidade, não tendo sido conseguido contato com apenas
uma das instituições pretendidas, porém conseguimos substituição a contento.
Todas as instituições receberam nossa delegação de forma bastante cordial e pudemos
constatar o empenho com que prepararam a agenda de visitas, as reuniões e as apresentações
realizadas.
Outras grandes facilitadoras do processo foram as equipes do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão e da SOGES, responsáveis pelo Projeto Apoio aos Diálogos Setoriais, que
acompanharam de forma bastante próxima a execução da ação e garantiram o bom andamento da
mesma.
Conclusões Gerais/Ações futuras:
Estas visitas foram muito enriquecedoras para todas as partes, principalmente porque o
sistema de gestão de recursos hídricos no Brasil teve sua criação baseada no modelo de gestão
francês. Portanto, pudemos comparar e verificar semelhanças e diferenças importantes.
Um dos objetivos da missão era conhecer como os países europeus tratam do
enquadramento dos seus corpos d'água. Tivemos a feliz oportunidade de constatar que não há meta
que busque diferentes classes possíveis de qualidade dos rios, já que a Diretiva Quadro determina
que TODOS os corpos d'água devem alcançar um bom estado ecológico, e ainda estipula um prazo
para o cumprimento desse objetivo (2015). No Brasil, existem diferentes classes de qualidade de
água e nosso desafio é enquadrar cada rio em uma dessas classes, sendo aceitável um rio pertencer a
uma classe que não permite a manutenção do ecossistema aquático devido à baixa qualidade da
água.
Durante as conversas na Agência Catalã de Águas, foi constatada a importância da Diretiva
Quadro de Águas como motriz de diversas ações em prol da boa qualidade das águas na Europa. Ela
não é lei, mas funciona como tal, sendo impostas penalizações para aqueles Estados membros que
não a cumpram. A Diretiva possui metas bastante claras em relação à qualidade das águas, o que
impõe medidas firmes relacionadas à vazão ecológica e qualidade dos recursos hídricos, fortemente
relacionadas ao nosso instrumento de enquadramento dos corpos d'água, que deve possuir metas de
qualidade de água.
Observamos que há uma preocupação muito grande por parte dos governos sobre a
qualidade da água servida à população. Há garantia de que a água potável fornecida seja de boa
qualidade e isso só é possível porque o governo assume a responsabilidade, arcando com
investimentos e manutenção do sistema, que não é economicamente auto-sustentável.
Pudemos verificar também que, assim como no Brasil, os estudos para determinação da
vazão ambiental ainda estão iniciando na França e também sofrem com barreiras políticas e
conflitos de interesses. Entretanto, as instituições visitadas acreditam que a vazão ambiental
conquistará seu espaço como importante instrumento para o cumprimento da meta da Diretiva
Quadro. Na Espanha, os estudos já estão mais avançados e a utilização da vazão ambiental já está
prevista nos marcos legais. Aprender a forma como esta regulamentação se deu foi de grande valia
para nós, pois este processo será desencadeado no Brasil muito em breve.
Devido aos bons resultados obtidos nesta ação, a SRHU pretende continuar participando
deste projeto e manter os diálogos com Estados membros da União Européia. Os contatos feitos
durante a missão permitirão manter as instituições participantes em constante troca de experiências.
Como a Espanha está bastante avançada na elaboração dos estudos sobre vazão ambiental,
pretendemos acompanhar os resultados desses estudos e a negociação para sua implementação
efetiva.
Sendo 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade, acreditamos que os esforços para
aproximar e harmonizar a gestão de recursos hídricos da gestão ambiental e todos os temas
envolvidos nessa máxima estarão na agenda prioritária do Ministério do Meio Ambiente. Portanto,
as parcerias e o conhecimento advindo desta ação serão ricos embasadores de nossas ações futuras.
Contrapartida
Despesas consolidadas por
rubrica
Total Parceiros institucionais
(CONTRAPARTIDA)
Contribuição do projeto (CE)
R$ R$ % R$ % 1. Recursos humanos (vencimento dos técnicos)
6.608,00 (11 dias x 3 técnicos)
6.608,00 100% - -
2.Viagens - passagens - - 100% 3. Viagens - diárias 19.430,00 (230
euros/dia/técnico) - - 19.430,00 100%
4. Sub-total 30.000,00 5. Imprevistos (5%) - Total 30.000,00
OBS: Segue em anexo os contracheques dos técnicos que participaram da missão, referente ao mês
de novembro, como comprovante da contrapartida do Ministério do Meio Ambiente.