Relatório Visita ETE
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Felipe Vieira Duarte
Karoline Rodrigues Costa
Lorena Aparecida Nóia Menezes
Maria Luíza Alves
Relatório de Visita Técnica
ETE – Vespasiano
Microbiologia Aplicada à Engenharia Ambiental
Professora: Vera Lúcia dos Santos
Belo Horizonte
14 de Maio de 2014
1. INTRODUÇÃO
O relatório a seguir apresenta uma descrição das atividades desenvolvidas durante a
visita técnica, realizada pela disciplina de Microbiologia Aplicada à Engenharia
Ambiental, à Estação de Tratamento de Esgoto - ETE Vespasiano, localizada no
município de Vespasiano – MG.
Chegada à ETE: 9h10
Visita aos setores: Todas as etapas do tratamento de esgoto
Término da visita: 11h10
2. ETE Vespasiano – COPASA-MG
A empresa responsável pela ETE Vespasiano é a Companhia de Saneamento de
Minas Gerais (COPASA-MG), empresa de economia mista responsável pelo
saneamento do estado de Minas Gerais, trabalhando com planejamento estratégico,
combate às perdas de água, inovações tecnológicas entre outros tópicos relacionados ao
saneamento (http://www.copasa.com.br/).
Na natureza, existe o fenômeno chamado autodepuração, que é a capacidade do
corpo hídrico de "regenerar" suas águas por processos naturais. Quando a carga de
poluentes é maior que a capacidade de autodepuração, o rio ou lago se torna poluído. As
ETE's nada mais são que mecanismos autodepuradores artificiais, que realizam o
mesmo procedimento, porém em larga escala e em menos tempo (Sperling, 2007).
De acordo com dados fornecidos pelo funcionário da empresa, a ETE Vespasiano
opera há 26 anos no município, utilizando o método de tratamento de lodo ativado. Esse
método tem como principal característica a não utilização de produtos químicos sendo,
portanto, um tratamento totalmente biológico. O sistema de tratamento utilizado na ETE
opera atualmente com 90% de rendimento, diferentemente do sistema que utiliza
reatores anaeróbios, que possui 70% de eficácia.
O curso d’água receptor do efluente de esgoto tratado da ETE Vespasiano é o
Ribeirão da Mata que faz parte da Bacia do Rio das Velhas (Figura 1).
Figura 1 – Bacia hidrográfica do Ribeirão da Mata
Fonte: Projeto Manuelzão, 2010
3. DESENVOLVIMENTO
Chegando à ETE Vespasiano, fomos recepcionados pelo funcionário Antônio, que
nos apresentou a história da ETE, além de alguns dados como a capacidade da estação,
locais de onde vem o esgoto bruto e custo por metro cúbico tratado. Observamos
também um esquema com as diferentes etapas do tratamento de esgoto (Figura 2), que
foram conhecidos na visita e serão descritos a seguir.
Figura 2 – Etapas do processo de lodo ativado da ETE Vespasiano.
O tratamento tem início nas redes coletoras (Figura 3), que tratam-se de tubulações
que recebem os esgotos gerados nas residências, estabelecimentos comerciais e
industriais.
Figura 3 – Esquema da rede coletora de esgoto
Posteriormente esse esgoto é conduzido à estação de tratamento através de uma
tubulação denominada emissários, que corresponde à rede de maior diâmetro do
sistema. Em seguida, o esgoto é levado até uma elevatória (Figura 4), que é uma
estação de recalque concebida para bombear os esgotos de uma cota inferior para pontos
mais elevados. No caso da ETE Vespasiano o nome da elevatória é fórum, devido a
proximidade com o fórum localizado a 500 metros da estação.
Figura 4 – Elevatória da ETE Vespasiano
Depois desses passos iniciais é feita a remoção de sólidos grosseiros através de
Grade de Barras (Figura 5). O material grosseiro de dimensões maiores do que o
espaçamento livre entre as barras é retido. A sua remoção é efeituada manualmente,
pois nessa ETE são recolhidas cerca de 25kg de lixo por dia. A remoção é importante
pois tais resíduos podem causar problemas como refluxo nas redes. O sólido grosseiro é
pesado e levado para o aterro de Macaúbas, onde o operador pesa e acondiciona este
material em local apropriado.
Figura 5 – Grade de barras da ETE Vespasiano
Já a remoção dos sólidos finos, consiste na retirada de areia através da
sedimentação. Na ETE Vespasiano são retiradas em média 4 toneladas de areia
semanalmente ou mensalmente, dependendo da época do ano. A remoção é necessária
para evitar o desgaste prematuro dos equipamentos. A areia removida é levada para a
ETE Arrudas onde é posteriormente enterrada. Após a remoção da areia, o esgoto passa
por um medidor de vazão, que tem a função de verificar a velocidade do esgoto, afim de
controlar a vazão com que chega a ETE, para que não seja muito elevada, podendo
causar danos. Após esse tratamento preliminar, o esgoto é lançado nos tanques de
aeração para que ocorra o tratamento biológico do efluente (Figura 6). Os tanques tem
por função a remoção da matéria orgânica por meio de reações bioquímicas realizadas
por microrganismos aeróbios (bactérias, protozoários, fungos etc). A base de todo o
processo biológico é o contato efetivo entre esses organismos e o material orgânico
contido nos efluentes, através da mistura homogênea do esgoto, fornecendo oxigênio
para que esse possa ser utilizado como alimento pelos microrganismos. Os
microrganismos convertem a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular
(crescimento e reprodução dos microrganismos). Na ETE Vespasiano os motores do
tanque possuem potência de 25 cavalos e operam de acordo com a necessidade de
funcionamento da estação.
Figura 6 – Tanques de aeração da ETE Vespasiano
Após o tratamento biológico, o efluente passa pelo decantador (Figura 7), na qual o
esgoto flui vagarosamente afim de permitir que os sólidos em suspensão, que
apresentam densidade maior do que a do líquido, possam sedimentar gradualmente no
fundo. Após a sedimentação do lodo primário, a comporta é aberta com a finalidade de
que o líquido, que está localizado na parte de cima do decantador, possa sair em direção
a rede de distribuição.
Figura 7 – Decantador da ETE Vespasiano
Depois da passagem pelo decantador primário, o esgoto passa pela fase de
distribuição que segue para a fase de decantação drenante. Essa etapa exerce um papel
fundamental no processo de lodos ativados, já que é a responsável pela separação dos
sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração, permitindo, assim, a saída de um
efluente clarificado, e a sedimentação dos sólidos em suspensão no fundo do
decantador, o que possibilita o retorno de parte do lodo. O efluente do tanque de aeração
é submetido à decantação, onde o lodo ativado é separado, voltando para o tanque de
aeração (controle biológico).
O retorno do lodo é necessário para suprir o tanque de aeração com uma quantidade
suficiente de matéria orgânica que contribui para a manutenção de microrganismos e
mantêm uma relação alimento/microrganismo capaz de decompor com maior eficiência
o material orgânico. O efluente líquido oriundo do decantador drenante é descartado
diretamente para o corpo receptor. O lodo em excesso é posteriormente despejado em
uma caçamba, para que em seguida possa ser transportado para o aterro sanitário de
Macaúbas, localizado em Sabará.
4. CONCLUSÃO
Diante de todas as informações obtidas na visita em relação ao tratamento de esgoto
e ao sistema de tratamento de lodo ativado, foi possível ressaltar a importância do
tratamento de esgoto para a saúde da população e do meio ambiente. A importância do
seu desempenho ambiental tem repercussões locais, envolvendo solo, ar e corpo d'água
que recebe o efluente tratado, pois envolve um dos principais ciclos de vida, que é o da
água, fundamental para manutenção da saúde do seres vivos e pelo equilíbrio ecológico
do meio ambiente. Além disso, vale salientar que apesar de ter grande eficiência o
sistema de lodo ativado apresenta alto custo operacional, e por isso, dependendo da
demanda e necessidade do local pode ser substituido pelo reator anaeróbico de fluxo
ascendente (UASB), que tem menor eficiência, porém custo operacional mais baixo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bacia Hidrográfica do Ribeirão da Mata e se entorno. Bases Cartográficas do Projeto
Manuelzão. Disponível em:
<http://www.revistageonorte.ufam.edu.br/attachments/009_CABECEIRAS%20DE
%20DRENAGEM%20DO%20RIBEIR%C3%83O%20DA%20MATA%20%28MG
%29%20E%20SUAS%20RELA%C3%87%C3%95ES%20COM%20AS%20SUPERF
%C3%8DCIES%20DE%20APLANAMENTO%20DE%20KING
%20%281956%29.pdf. Acesso em 14 de maio de 2014.
Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA). A Empresa. Disponível em:
http://www.copasa.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=3 Acesso em 14 de maio de
2014.
Lodos Ativados. Unicamp, 2013. Disponível em:
http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/lodosativados.html. Acesso em 14 de maio de
2014.
SPERLING, M. V. Estudos e modelagem da qualidade da água de rios. Belo Horizonte:
ed. UFMG. 2007.