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TPGfolitécnieo
1 daGuardaPoIyeehnieo! Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Licenciatura em Farmácia
Relatório Profissional 1
Antonieta Eusébio Mango Fernandes
junho 12015
Escola Superior de Saúde da Guarda
Instituto Politécnico da Guarda
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
4º ANO / 2º SEMESTRE
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
PROFISSIONAL II
Antonieta Eusébio Mango Fernandes
Guarda
Junho|2015
Escola Superior de Saúde da Guarda
Instituto Politécnico da Guarda
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
4º ANO / 2º SEMESTRE
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
PROFISSIONAL II
ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA
RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM FARMÁCIA
ANTONIETA EUSÉBIO MANGO FERNANDES
ORIENTADOR: ANDRÉ RICARDO DOS SANTOS ARAÚJO PEREIRA
SUPERVISOR: RAQUEL CRISTINA MACEDO MAIA
Guarda
Junho|2015
No decurso deste período de estágio foi essencial o auxílio e a disponibilidade de um coletivo
muito importante de pessoas. Muito especialmente tenho a agradecer à Farmácia Moderna,
por me ter permitido realizar este estágio nas suas instalações, á sua equipa de profissionais
que muito cedo se disponibilizou a prestar toda a atenção, confiança e apoio para comigo,
tornando este novo período de aprendizagem enriquecedor e valioso.
Aos meus colegas de estágio que durante vários meses partilharam comigo uma etapa de
ensino e trabalho, a nossa amizade e entreajuda enriqueceu-me como pessoa e futura
profissional de saúde.
A todas estas pessoas e também ao docente e meu supervisor de estágio, o Prof. André
Ricardo Araújo Pereira, que esteve sempre ao dispor de qualquer dúvida ou dificuldade, um
sincero
Muito Obrigada
LISTA DE ACRÓNIMOS
ADSE – Direção Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração
Pública;
AIM – Autorização de Introdução no Mercado;
ANF – Associação Nacional de Farmácias;
DCI – Denominação Comum Internacional;
FEFO – First expired, First Out;
FC – Farmácia Comunitária;
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P;
IMC – Índice de Massa Corporal;
IRS- Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares;
IVA – Imposto de Valor Acrescentado;
MG – Medicamento Genérico;
MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica;
MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica;
MSRM-E – Medicamento Sujeito a Receita Médica Especial;
PVA- Preço de Venda Autorizado;
PVF – Preço de Venda à Farmácia;
PVP – Preço de Venda ao Público;
SNS – Serviço Nacional de Saúde;
SAMS - Serviços de Assistência Médico Social;
TF – Técnico de Farmácia;
UC – Unidade Curricular;
VALORMED – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos.
ÍNDICE INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 7
1- CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA MODERNA ..................................................................... 9
1.1- INSTALAÇÕES FÍSICAS E RECURSOS HUMANOS ................................................................ 9
1.2- SERVIÇOS PRESTADOS ............................................................................................................ 14
1.3- SISTEMA INFORMÁTICO – 4DIGITALCARE ® ..................................................................... 14
2 - GESTÃO DE STOCKS ................................................................................................................... 15
2.1- AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ........................... 16
2.2 - RECEÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE
SAÚDE ................................................................................................................................................. 17
2.3 - CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE .............................................................................. 20
2.4 - DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS ............................................................... 20
3 - MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ..................................................... 21
3.1- MEDICAMENTOS GENÉRICOS ................................................................................................ 22
3.2- MEDICAMENTOS ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS ............................................... 22
3.3- PRODUTOS FITOTERÁPICOS ................................................................................................... 23
3.4 – MEDICAMENTOS E PRODUTOS HOMEOPÁTICOS ........................................................... 23
3.5 - PRODUTOS DE COSMÉTICA E HIGIENE CORPORAL ........................................................ 24
3.6 – MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE USO VETERINÁRIO ................................................. 24
4 - DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ........................... 24
4.1- DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA .................................... 25
4.2 - DISPENSA DE PRODUTOS DO PROTOCOLO DA DIABETES MELLITUS ......................... 29
4.3 - PLANOS DE COMPARTICIPAÇÃO DE MEDICAMENTOS .................................................. 29
4.4 - DISPENSA E ACONSELHAMENTO DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA
MÉDICA ............................................................................................................................................... 31
5 - OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA ............................................ 33
5.1 - AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ................................................................................. 34
5.2 - CONTROLO DO PESO E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL ................................................. 35
5.3 - AVALIAÇÃO DA GLICÉMIA ................................................................................................... 36
5.4 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL TOTAL ............................................................................... 37
5.5 - AVALIAÇÃO DE TRIGLICÉRIDOS ......................................................................................... 38
5.6 - ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS INJETÁVEIS ...................................................... 38
5.7 - VALORMED ............................................................................................................................... 39
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 42
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Balcões de atendimento individualizado…………………………..….10
Figura 2- Zona de armazenamento de MSRM por DCI……………………….…11
Figura 3- Frigorífico de armazenamento de medicamentos e produtos
termolábeis……………………………………………………………………….12
Figura 4- Sistema Informático da Farmácia Moderna…………………………...15
Figura 5- Gabinete privativo de atendimento da Farmácia Moderna……………33
Figura 6- Contentor do VALORMED……………………………………………39
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Regime de Comparticipação Geral de medicamentos……………….….…..30
Tabela 2- Regime de Comparticipação Especial de Medicamentos………………...…30
Tabela 3- Classificação dos valores da Pressão Arterial……………………………….34
Tabela 4- Classificação referência do IMC no adulto………………………….……….35
Tabela 5- Classificação referência do IMC do idoso…………………………..………..35
Tabela 6- Valores de referência da glicose no sangue em jejum………………………..36
Tabela 7- Valores de referência da glicose no sangue após refeição…………………….36
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO I- RECEÇÃO INFORMÁTICA DE ENCOMENDAS……………………… 44
ANEXO II- DEVOLUÇÃO INFORMÁTICA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS.. 45
7
INTRODUÇÃO
O Estágio Profissional II, inserido no segundo semestre do quarto ano do curso de
Farmácia 1º Ciclo, é de índole curricular obrigatória e constitui uma vertente essencial na
formação profissional, em que a aprendizagem se desenvolve no seio de uma equipa
multidisciplinar e em contacto direto com o utente. Pretende-se com a vertente prática desta
unidade curricular (UC) aliar as aprendizagens adquiridas ao longo dos quatro anos da
licenciatura ao desenvolvimento de novos conhecimentos de índole profissional adquiridos no
contexto da Farmácia Comunitária( FC). Como tal, a finalidade da realização deste Estágio
compreende os seguintes objetivos gerais [1]:
Preparar o estudante para dar respostas às exigências da sociedade,
Promover a socialização e a integração profissional,
Aplicar os princípios éticos e deontológicos subjacentes à profissão,
Desenvolver e avaliar planos de intervenção adequadamente integrados numa
equipa multidisciplinar,
Responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e
flexibilidade,
Favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que vão sendo
desenvolvidas ao longo do curso, de modo a que o estudante vá ao encontro
das competências necessárias no âmbito da sua formação;
A componente prática da unidade curricular de Estágio Profissional II, em contexto de
Farmácia Comunitária, foi realizada na Farmácia Moderna, localizada na cidade de Aveiro, e
teve uma duração total de 500 horas, compreendidas entre o dia 2 de março e 12 de junho de
2015. A coordenação do estágio esteve a cargo do docente André Ricardo Araújo Pereira e
orientação no local de estágio a cargo da Técnica de Farmácia (TF) Raquel Maia com o
auxílio e intervenção da restante equipa técnica da Farmácia Moderna.
O principal objetivo da farmácia comunitária é a cedência de medicamentos em
condições que possam minimizar os riscos do uso dos medicamentos e que permitam a
avaliação dos resultados clínicos dos medicamentos de modo a que possa ser reduzida a
elevada morbi-mortalidade associada aos medicamentos [2]. A profissão de TF faz parte
integrante da carreira de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica e carateriza-se pelo
8
desenvolvimento de atividades inseridas no circuito do medicamento. Fazem parte das
competências de um TF em Farmácia Comunitária [3]:
Assegurar a aquisição e receção de medicamentos e produtos de saúde,
Proceder ao armazenamento segundo normas que promovam a qualidade e
segurança,
Aplicar as técnicas necessárias à produção de medicamentos manipulados,
Proceder à correta dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, com
base na interpretação da prescrição terapêutica,
Avaliar a dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica, fornecendo
o aconselhamento técnico e científico necessários à correta utilização do
medicamento,
Prestar informações e/ou aconselhamento ao doente/utente sobre o uso racional
de medicamentos e outros produtos;
Em termos gerais, o TF na FC é responsável pelo conceção, planeamento,
organização, aplicação e avaliação de todas as fases do circuito do medicamento e produtos de
saúde, assegurando a sua qualidade, num espaço de intervenção próprio e autónomo.
Tendo por base os objetivos gerais propostos para a realização do Estágio Profissional
II, bem como as componentes técnico-científicas inerentes à farmácia comunitária, o presente
relatório irá consistir num texto informativo-expositivo em que a metodologia descritiva foi
baseada nos procedimentos internos em que participei na Farmácia Moderna, nos
conhecimentos teórico - práticos apreendidos durante o plano de curso e nas explicações
teóricas cedidas pelos profissionais que me acompanharam durante a vertente prática do
Estágio Profissional II.
9
1- CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA MODERNA
Situada no centro histórico da cidade de Aveiro, a Farmácia Moderna é uma Farmácia
de dimensões amplas e modernas e composta por uma equipa de profissionais dinâmica e
multidisciplinar. Graças à sua localização privilegiada, como também ao seu constante
crescimento esta farmácia tem uma grande afluência de utentes, que vão desde os fidelizados
aos grandes grupos de turistas que têm como paragem obrigatória as ruas e praças que
envolvem a farmácia.
A Farmácia Moderna encontra-se aberta ao público nos dias úteis entre as 9h e as
19h30, sem interrupção para almoço, e nos sábados entres as 9h e as 13 horas, encerrando aos
domingos. Seguindo um acordo estabelecido com as restantes farmácias da cidade de Aveiro,
a farmácia encontra-se de serviço permanente de 15 em 15 dias, sendo que no dia de serviço
está aberta ininterruptamente entre as 9 h e as 24 horas, período após o qual permanece um TF
no interior que pode ser contatado em caso de urgência, até às 9 horas do dia seguinte [4].
Para garantir a segurança do TF que está a cargo de permanecer no interior da farmácia, após
as 24 horas o atendimento é realizado através do postigo de atendimento.
1.1- INSTALAÇÕES FÍSICAS E RECURSOS HUMANOS
No exterior do edifício da farmácia, esta encontra-se identificada de forma visível por
um letreiro digital com a inscrição do nome da farmácia e o símbolo da “cruz verde”, sendo
que, estes permanecem iluminados sempre que a farmácia se encontra aberta. Ainda na zona
exterior da farmácia encontra-se também uma placa que identifica o diretor técnico e o
horário de funcionamento da farmácia bem como o calendário das farmácias que irão estar de
serviço. Com uma porta de entrada ampla e livre de obstáculos que impeçam a entrada, a
Farmácia Moderna segue assim a legislação que demanda que as farmácias comunitárias
garantam a acessibilidade a todos os utentes e que disponham de condições que permitam o
acesso de cidadãos portadores de deficiência às suas instalações [5].
Ocupando um espaço que se abrange a dois pisos, a Farmácia Moderna encontra-se
dividida em cinco grandes áreas distintas e devidamente equipadas:
a) Zona de atendimento geral ao público;
10
b) Zona de Gestão de Stocks;
c) Armazém de produto excedentes;
d) Gabinetes de atendimento personalizado;
e) Laboratório.
Também no interior das instalações existe um Gabinete da Direção Técnica, uma zona de
vestiário e instalações sanitárias. A Farmácia Moderna possui em todas as suas divisões uma
iluminação ampla e uma ventilação agradável, oferecendo assim tanto aos seus utentes como
à sua equipa de profissionais um ambiente agradável, espaçoso e acolhedor, seguindo assim o
Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto, relativo às divisões e suas condições de farmácias
comunitárias [6].
a) Zona de atendimento geral ao público
A área de atendimento geral é uma área bastante ampla, onde graças a um sistema de ar
condicionado regularmente controlado, existe uma ventilação agradável durante todo o dia.
Desde a entrada até aos três principais balcões de atendimento o utente passa por uma
zona de espera, equipada com bancos para tornar a espera mais confortável, uma ampla área
em que estão expostos vários lineares de produtos de dermocosmética e um balcão para
atendimento personalizado desses mesmos produtos. Seguidamente encontra-se uma zona de
lazer para crianças, vários lineares de produtos capilares, podologia, puericultura, higiene
bucodentária, higiene íntima, veterinária, fitoterapia, suplementos naturais e dietéticos e
homeopatia. Nesta vasta e composta área não só o utente informa-se sobre vários produtos
como também é indiretamente influenciado a comprar por impulso.
Na zona de atendimento individualizado (Figura 1) existem três balcões com os respetivos
terminais informáticos, impressoras e leitores óticos de códigos de barras, terminais
Multibanco® e um CashGuard® ( uma caixa para recolha do numerário automática).
11
Figura 1: Balcões de atendimento individualizado
É na zona de atendimento individualizado que é disponibilizada ao utente informação
acerca do medicamento e outros produtos de saúde, como a posologia, a duração do
tratamento, as contraindicações, a via de administração e o modo de utilização. Atrás dos
balcões encontram-se vários lineares, onde estão expostos Medicamentos Não Sujeitos a
Receita Médica (MNSRM), suplementos alimentares, vitamínicos e dietéticos, homeopáticos,
entre outros. Estes lineares são alterados sazonalmente de acordo com fatores como a
mudança de estações, a rotação dos produtos ou a introdução de uma nova imagem de um
certo produto.
b) Zona de Gestão de Stocks
Nesta área, imediatamente por detrás da zona de atendimento, permitindo assim uma
minimização do tempo de recolha e dispensa dos medicamentos, encontram-se armazenados
os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), agrupados por formas farmacêuticas e
organizadas por ordem alfabética de Denominação Comum Internacional (DCI) da substância
ativa numa zona de prateleiras (Figura 2), e por nome comercial noutra zona de armário de
gavetas deslizantes.
Figura 2: Zona de armazenamento de MSRM por DCI
É de referir que existem gavetas destinadas, exclusivamente, a fórmulas farmacêuticas
orais sólidas, a soluções para aplicação nasal e auricular, a medicamentos de uso vaginal, a
supositórios, a sistemas transdérmicos, a pomadas, géis e cremes, a pós/granulados para uso
12
oral, a soluções/suspensões para uso oral e formas líquidas acondicionadas em ampolas, a
colírios, géis e pomadas oftálmicas, a soluções injetáveis, a estupefacientes e psicotrópicos e a
tiras e lancetas para medição de glicémia. Aqui também se encontra um frigorífico (Figura 3),
onde estão armazenados os produtos termolábeis, com temperatura controlada por dispositivo
eletrónico, sendo que estes produtos devem estar acondicionados num ambiente entre os 2-
8ºC.
Figura 3: Frigorífico de armazenamento de medicamentos e produtos termolábeis
É também na zona de gestão de stock que ocorre o processamento e receção de
encomendas, estando a área apetrechada com dois terminais informáticos com a respetiva
impressora e leitor ótico, telefones, fax, e fotocopiadora. Existem aqui dois balcões para o
processamento e receção de encomendas, análise da faturação e etiquetagem de produtos.
c) Armazém de produtos excedentes
Esta zona de armazenamento, destinada aos excedentes, dos produtos que não cabem
nos lineares, gavetas deslizantes e nas prateleiras dos genéricos, é a área geralmente destinada
a medicamentos e outros produtos de saúde que são encomendados em grandes quantidades.
Devido às grandes dimensões da farmácia e à grande afluência de utentes que ali vão, esta
possui muitos produtos, sendo que esta área de armazenamento de produtos excedentes se
estende a mais duas divisões.
13
d) Gabinetes de atendimento personalizado
A Farmácia Moderna possui dois gabinetes de atendimento individualizado sendo que
um dos gabinetes se encontra afeto à área de atendimento geral ao público, e onde são feitas,
sempre que solicitadas, avaliações da pressão arterial, níveis de glicémia, colesterol total e
triglicéridos. Neste espaço também se faz a administração de medicamentos injetáveis. O
outro gabinete, localizado imediatamente atrás da zona de gestão de stocks é onde se realizam
consultas de osteopatia ou rastreios que ocorrem na farmácia. Ambos os gabinetes estão
munidos de todo o material necessário para a realização de todos estes atendimentos
personalizados.
e) Laboratório
O laboratório encontra-se num espaço adjacente à zona de gestão de stocks e contém
uma bancada e um lavatório contíguo. Sobre a bancada encontra-se uma balança digital.
Atualmente e devido a vários fatores, onde se inclui o amplo crescimento da indústria
farmacêutica, o papel das farmácias comunitárias na manipulação de medicamentos diminuiu
consideravelmente. Na Farmácia Moderna sempre que é solicitado um manipulado, este é
enviado a outra farmácia que se encarrega dessa manipulação.
Tido como um estabelecimento de referência, o bom funcionamento da Farmácia
Moderna assenta sobre uma equipa profissional adequada, quer em número quer em
qualidade. Responsável pela Direção Técnica está o também proprietário da farmácia, Dr.º
Fernando Luís Seabra de Bastos, apoiado por uma equipa de seis profissionais: um
farmacêutico adjunto, três TF’s, uma auxiliar técnica e uma auxiliar de limpeza. É da
responsabilidade do pessoal técnico farmacêutico assegurar a terapêutica medicamentosa dos
utentes, assim como, a qualidade e segurança dos medicamentos. Afeto a esta equipa, existe
também um conjunto de profissionais que cedem serviços semanais mas essenciais ao bom
funcionamento da Farmácia Moderna, sendo este grupo constituído por uma nutricionista,
uma terapeuta da fala, uma podologista e uma enfermeira especialista em osteopatia.
14
1.2- SERVIÇOS PRESTADOS
A Farmácia Moderna tem como principal função a dispensa e aconselhamento
farmacoterapêutico aos utentes. Passa também como objetivo fulcral desta farmácia oferecer à
comunidade o máximo de serviços e iniciativas de modo a estimular a promoção da saúde.
A Portaria nº1429/2007, de 2 de novembro, prevê quais os serviços que as farmácias
comunitárias podem prestar aos utentes no âmbito da promoção da saúde e bem-estar [7]. A
Farmácia Moderna oferece serviços de determinação dos parâmetros bioquímicos e
fisiológicos dos utentes como medição da glicémia, colesterol total e determinação/avaliação
do peso e do índice de massa corporal (IMC). A medição dos parâmetros bioquímicos é de
extrema importância na medida em que é uma ferramenta essencial na monitorização da saúde
e permite diagnosticar e prevenir doenças que de outra forma não seriam detetáveis. Perante o
resultado destas medições o TF pode indicar alterações nos hábitos e estilos de vida do
indivíduo e, quando se aplicar, incentivar a adesão à terapêutica já instituída. Também são
feitas administração de injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação,
como a vacina da Influenza e da Hepatite A. A Farmácia Moderna também oferece consultas
semanais ou quinzenais de podologia, nutrição, e osteopatia.
1.3- SISTEMA INFORMÁTICO – 4DIGITALCARE ®
Na Farmácia Moderna está implementado desde fevereiro de 2015 o sistema
informático 4DigitalCare (Figura 4). Seguindo a norma do manual das Boas Praticas
Farmacêuticas em Farmácia Comunitária que sugere que equipamentos utilizados pela
farmácia no processamento e registo de dados devem entre vários aspetos ser concebidos,
implementados e validados de forma a evitar erros e a respeitar a confidencialidade dos dados
e estar documentados e adequados ao uso [8], o 4Digitalcare foi desenvolvido para facilitar a
atividade farmacêutica estando acessível na maioria dos terminais informáticos da farmácia,
permitindo assim, uma otimização da gestão de stocks, uma gestão racional do medicamento,
ao mesmo tempo que cede informação relacionada com os medicamentos de uma forma
rápida e prática.
15
Figura 4: Sistema Informático da Farmácia Moderna
Este software é um programa bastante completo que permite a elaboração de um
elevado número de tarefas, desde efetuar e rececionar encomendas (Anexo I), consultas de
stocks existentes, realizar e comunicar devoluções, controlar prazos de validade,
disponibilizar informação relativa aos medicamentos e produtos de saúde disponíveis na
farmácia como verificações de interações entre medicamentos, indicações terapêuticas e
efeitos secundários dos mesmos, passando pela realização de várias receitas na mesma venda.
Em suma, o 4DigitalCare® constitui um instrumento de suporte ao profissional de farmácia
para uma prática centrada no utente ao facilitar o atendimento e aconselhamento aos utentes e
ao permitir gerir o medicamento em todas as fases do circuito, desde a sua entrada no stock
até à sua dispensa.
2 - GESTÃO DE STOCKS
Uma boa organização, gestão e controlo de stocks é um processo fundamental para o
bom funcionamento de uma farmácia comunitária pois sem esta não se pode garantir a
terapêutica do utente. Na gestão de stocks em farmácia comunitária, pretende-se em primeiro
lugar garantir a disponibilidade e a funcionalidade dos produtos, na quantidade pretendida e
com a qualidade, eficácia e eficiência desejadas.
16
Em suma para que a gestão do stock em farmácia comunitária seja otimizada há a ter
em consideração aspetos como o perfil e necessidades dos utentes, a rotatividade dos produtos
e a relação custo/benefício.
2.1- AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE
A aquisição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos é feita a partir de
fornecedores, que dependendo de fatores como as quantidades e as vantagens económicas
podem ser laboratórios farmacêuticos ou armazenistas, que fazem a ligação entre os
laboratórios e as farmácias. A Farmácia Moderna tem como principais fornecedores os
armazenistas Cooprofar®, Plural® e Alliance HealthCare®, sendo que estes três se
caraterizam por fornecer as encomendas de forma rápida, sem a exigência de quantidades
mínimas, e permitem um contato direto por telefone para retirar dúvidas ou fazer encomendas
instantâneas. Devido à proximidade dos armazéns, o principal fornecedor da Farmácia
Moderna é a Cooprofar®, o que garante uma melhor gestão no tempo de entrega, uma maior
facilidade de gestão de devoluções e de contato para resolução de problemas que possam
surgir. São feitas quatro encomendas diárias para este fornecedor, uma ao início da manhã,
outra ao final da manhã e outra a meio da tarde e ainda outra ao final do dia, que são
realizadas, informaticamente e de acordo com o consumo diário da farmácia e stocks mínimos
e máximos específicos de cada produto. É também possível realizar encomendas instantâneas
através dos gadgets onlines da Cooprofar® e da Plural® ou por telefone, no caso de produtos
pedidos muito raramente. As encomendas instantâneas permitem uma maior comodidade,
pois podem ser feitas enquanto se procede ao atendimento.
No que diz respeito a encomendas feitas a laboratórios produtores, estas incluem a
compra de MSRM, MNSRM, produtos cosméticos e de higiene corporal, puericultura ou
produtos esgotados nos restantes fornecedores. Embora os laboratórios possuam preços mais
baixos, o que permite uma margem de lucro maior, a entrega pode ser tardia e existe também
a desvantagem de certos laboratórios exigirem quantidades mínimas. As encomendas são
efetuadas diretamente ao representante comercial do laboratório pelo TF responsável pelas
compras, em função das necessidades da farmácia e das condições apresentadas pelo próprio
laboratório. Outra forma de adquirir medicamentos e outros produtos de saúde é através de
delegados de informação médica que visitam a farmácia regularmente, mediante agendamento
com o responsável das compras, proporcionando ações de formação sobre os produtos, em
17
termos de vendas e informação técnica e científica. Sempre que um medicamento se encontra
indisponível no mercado ou a sua entrega é demorada e este é preciso com urgência recorre-se
aos empréstimos entre farmácias.
2.2 - RECEÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS
DE SAÚDE
Aquando a receção de encomendas os medicamentos e outros produtos de saúde
chegam à farmácia devidamente acondicionados em contentores selados, e acompanhados no
seu interior por uma fatura e/ou guia de remessa original e o seu duplicado. Caso haja
produtos termolábeis na encomenda estes vêm obrigatoriamente acondicionados em caixas de
esferovite com termoacumuladores, que mantêm os medicamentos nas temperaturas
adequadas de frio. No ato da receção, os medicamentos termolábeis são os primeiros a ser
conferidos e imediatamente armazenados no frigorífico.
Sempre que na encomenda se encontram medicamentos estupefacientes e
psicotrópicos, esta além da fatura (original e duplicado), vem acompanhada de uma requisição
de substâncias e suas preparações [9]. O duplicado deste documento deve ser rubricado,
identificado pelo número de inscrição na Ordem dos Farmacêuticos, e carimbado pelo Diretor
Técnico e reencaminhado para o fornecedor, sendo que o original deverá permanecer na
farmácia arquivado por um período de três anos.
Ainda no que diz respeito à conferência de encomendas, esta passa também por
verificar o estado de conservação dos produtos, como por exemplo:
Condições de armazenamento;
Existência de embalagens danificadas;
Controlo dos prazos de validade;
Verificação se os produtos entregues estão de acordo com os produtos pedidos
e com os que foram debitados, tendo em conta dados como: o nome comercial,
a dosagem, a forma farmacêutica, a dimensão da embalagem e o número de
embalagens.
Sempre que se verificar algum tipo de anomalia ou erro, ou seja identificada alguma
não conformidade em qualquer uma destas situações, a farmácia procede à emissão de uma
nota de devolução ao fornecedor respetivo. Posteriormente, a farmácia irá proceder à
regularização da devolução de acordo com a resposta do fornecedor.
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Os contentores que chegam à farmácia vindo dos fornecedores estão devidamente
identificados com o nome da farmácia destinatária, um código de barras e um código
numérico. No interior dos contentores juntamente com a encomenda encontra-se original e
duplicado da fatura ou da guia de remessa. Na fatura vem obrigatoriamente descritos as
seguintes informações:
Nome e morada do fornecedor,
Número da fatura,
Data e hora de emissão da fatura,
Nome, morada e número fiscal de identificação (NIF) da farmácia de destino,
Designação e código dos produtos,
Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao Público (PVP), Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA),
Valor total da encomenda com e sem IVA,
Produtos em falta e respetiva justificação, que por norma é “produto esgotado”.
O original da fatura é arquivado numa pasta para o efeito, e no final do mês o
contabilista faz o seu levantamento e processamento. Para efeitos de conferência da
encomenda é utilizado o duplicado da fatura tendo em atenção se a quantidade enviada
corresponde à quantidade recebida, verificando todos os parâmetros descritos na fatura, desde
a identificação do fornecedor, o número da fatura, os códigos atribuídos aos produtos de
saúde, a designação, dosagem e forma farmacêutica dos medicamentos, os descontos
atribuídos, passando pelos preços e pelo valor de IVA. É necessário ter uma atenção extra aos
preços atribuídos, uma vez que os MSRM apresentam o preço marcado, conforme a lei em
vigor, à taxa de IVA de 6% mas os MNSRM muitas vezes vêm sem PVP tabelado, nesse tipo
de situações no caso dos produtos não tabelados, deve ser introduzido na ficha do produto o
preço de custo e a margem de comercialização. Através destes parâmetros, o programa
4DigitalCare® calcula automaticamente o PVP do produto. As etiquetas destes produtos são
então emitidas no final da receção da encomenda, contendo todas as informações necessárias
à sua identificação como nome do produto, a forma de apresentação, o preço, o Código
Nacional do produto (CNPEM) [10] ou o código interno atribuído pela farmácia e o código de
barras.
O programa 4DigitalCare permite fazer receções automáticas ou diretas de
encomendas, as primeiras caracterizam-se por serem receções de encomendas diárias feitas
19
pelo programa ao fornecedor através de uma análise ao stock existente e à rotação dos
produtos, enquanto que as receções diretas são relativas a encomendas instantâneas feitas ao
longo do dia ou por pedido de clientes de produtos que raramente se encomendam, ou por
fornecedores que não sejam os principais regularmente usados. No ato da receção de
encomenda, seleciona-se a aplicação de receção de encomendas no programa, indica-se o
fornecedor e o tipo de encomenda (automática ou direta) e à medida que se dá entrada dos
produtos, através da leitura ótica dos códigos de barras, deve-se confirmar sempre com o
parâmetros da fatura anteriormente referidos, sendo que o prazo de validade dos mesmos é um
fator muito importante. Se os produtos em questão não existirem em stock, deve introduzir-se
o seu prazo de validade de acordo com o que é encontrado na embalagem e no caso de duas
embalagens do mesmo produto com prazos de validade diferentes, deve introduzir-se a data
mais próxima do término.
Depois de serem introduzidos no programa todos os produtos, e depois de
regularizados os preços líquidos e acertadas as margens dos medicamentos procede-se à
finalização da receção em que se introduz o número e data de emissão da fatura, e se a
quantidade de produtos introduzidos e o valor total da encomenda correspondem ao que veio
faturado procede-se ao fecho da receção que irá ficar guardada no sistema informático para
posteriormente ser verificada aquando o fecho da faturação no final do mês.
Aquando o fim do processo de conferência e receção de encomendas segue-se o
armazenamento das mesmas. Na Farmácia Moderna os objetivos do armazenamento passam
por garantir a estabilidade e a acessibilidade dos medicamentos de modo a que o serviço
prestado ao utente seja rápido, eficaz e de qualidade. Para garantir que tal se verifique,
durante o armazenamento é necessário:
Aprovisionar os medicamentos e produtos de saúde em condições de humidade
(inferior a 60%), temperatura (inferior a 25ºC), e luminosidade adequadas às
suas características;
O local de armazenamento deve ser de fácil acessibilidade e permitir que o
produto esteja bem visível;
De acordo com as suas caraterísticas termolábeis ( no frigorífico);
Caso sejam medicamentos estupefacientes e psicotrópicos devem ser
armazenados imediatamente após a sua receção, em armário exclusivo e não
identificado, restringindo-se assim o seu acesso;
20
Deve ser respeitada a regra First Expired First Out (FEFO), isto é, ao serem
armazenados devem ser estar á frente os produtos com o prazo de validade
mais curto, de modo a serem vendidos primeiro;
Os MSRM deverão estar fora do alcance do utente, em gavetas ou armários
reservados, onde apenas a equipa farmacêutica possa ter acesso. O seu
armazenamento é feito por ordem alfabética, tendo em conta o DCI dos
medicamentos genéricos e o nome comercial dos medicamentos de marca e por
ordem crescente de dosagem.
2.3 - CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE
Para que todos os medicamentos e outros produtos de saúde sejam dispensados em
conformidade é necessário haver um controlo por parte da farmácia comunitária de todos os
produtos existentes em stock, de forma a garantir a qualidade, segurança e eficácia dos
mesmos. No final de cada mês é emitido uma listagem a partir do sistema informático de
todos os produtos cujo prazo validade expira nos três meses seguintes. Nesta lista, onde
constam por ordem alfabética todos os produtos anteriormente referidos, existe ainda os
códigos de identificação, a quantidade em stock e o prazo de validade respetivo. É realizada
uma conferência para verificar se os produtos que constam desta lista têm na realidade prazos
de validade coincidentes com o relatório fornecido pelo sistema informático. Caso se
verifique que sim, estes devem ser retirados do stock e realizada uma nota de devolução para
que estes sejam devolvidos, se aplicável, ao fornecedor, se pelo contrário o prazo de validade
real não seja coincidente com a que está na listagem deve-se corrigir o prazo para que não
existam produtos em stock com prazos de validade incorretas.
2.4 - DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
A devolução de produtos por parte da farmácia ao fornecedor pode acontecer por uma
variedade de razões. Como já foi referido anteriormente, sempre que na conferência e receção
de encomendas se verifique uma não conformidade (o produto foi enviado por engano, o
produto não corresponde ao pedido, embalagem incompleta, embalagem danificada, prazo de
validade muito curto, etc), ou seja quando a responsabilidade do erro é do fornecedor, os
21
produtos em questão são registados numa nota de devolução para que sejam devolvidos.
Porém existem outras ocasiões em que é possível realizar a devolução de produtos
farmacêuticos, como por exemplo aquando o controlo de validades se encontram produtos
com prazo de validade curto.
Uma vez detetados os produtos a serem devolvidos devem ser imediatamente retirados
do stock, caso já estejam aprovisionados, e colocados num caixote destinado aos produtos em
vias de devolução. Paralelamente é feita uma Nota de Devolução, informaticamente pelo
sistema 4DigitalCare®, onde constam a identificação da farmácia, identificação e respetivo
código dos produtos , quantidade do produto, motivo da devolução e fornecedor ou
distribuidor respetivo (ANEXO II). Esta nota de devolução é impressa em triplicado, sendo
que duas cópias são enviadas para o fornecedor enquanto uma é arquivada na farmácia em
pasta própria. Após o envio dos produtos e das cópias da nota de devolução ao fornecedor,
este analisa se pretende aceitar a devolução da farmácia. A regularização da devolução de
acordo com a resposta do fornecedor pode ser feita das seguintes formas.
Não-aceitação da devolução e reenvio á farmácia,
Aceitação da devolução e emissão de uma nota de crédito,
Aceitação da devolução e troca de produtos por outros de igual valor,
Aceitação da devolução e troca de produtos pelos mesmos nas devidas
condições.
Quando o produto devolvido é reenviado á farmácia, dá-se baixa informática deste no
stock através de um acerto de stock e ao fim do mês o produto é levado para o VALORMED.
3 - MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE
Um dos principais objetivos da atividade farmacêutica em contexto de farmácia
comunitária é a promoção da saúde na comunidade. Para que haja uma promoção da saúde é
essencial que os profissionais de saúde da farmácia comunitária implementem uma política de
uso racional de uso de medicamentos, e pratiquem um papel de pedagogia acerca dos
medicamentos e outros produtos de saúde para com o utente.
Entende-se como medicamento “(…) qualquer substância simples ou complexa que,
quando aplicada no interior ou exterior do ser humano ou do animal possa produzir efeito
22
curativo ou preventivo de doenças e dos seus sintomas. O medicamento pode ser utilizado
para diagnóstico ou para restaurar, corrigir ou modificar funções orgânicas.”[11]
3.1- MEDICAMENTOS GENÉRICOS
Identificados pela sigla (MG), inserida na embalagem exterior do medicamento, os
medicamentos genéricos são medicamentos com a mesma substância ativa, forma
farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de
marca registrada, que serviu de referência. Apresentam a mesma segurança e eficácia do
medicamento de referência, traduzida na demonstração de bioequivalência, através de estudos
de biodisponibilidade, mas uma vez que no seu fabrico foram dispensadas a apresentação de
ensaios pré-clínicos e clínicos desde que demonstrada a sua bioequivalência, e uma vez que
contêm substâncias ativas amplamente investigadas cuja patente já expirou, no seu preço não
se repercute nenhum gasto proveniente da investigação original, fazendo com que estes sejam
significativamente mais baratos do que o medicamento de referência. Na Farmácia Moderna é
visível uma aderência enorme por parte dos utentes a este tipo de medicamentos, visto está
que a poupança em medicamentos é uma vantagem enorme para a população.
3.2- MEDICAMENTOS ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS
Denominam-se medicamentos estupefacientes e psicotrópicos todos os medicamentos
que tenham na sua composição substâncias ativas que provoquem alterações psíquicas e
físicas e que causem um estado generalizado de apatia, entorpecimento e prostração.
Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são substâncias extremamente
importantes, utilizados na terapêutica de diversas doenças, algumas com elevada incidência na
população. São várias as suas aplicações, uma vez que atuam diretamente sobre o sistema
nervoso central, logo com impacto em todo o organismo humano. É também por terem ação
direta no sistema nervoso central que podem induzir habituação, e até dependência física ou
psíquica, bem como perigosos riscos de sobredosagem. Associado a estes riscos para a saúde
do utente estão a contrafação que têm contribuído para o uso ilícito deste tipo de
medicamentos. Dadas as particularidades deste tipo de substâncias, a sua prescrição para fins
clínicos e a sua dispensa está sujeita a legislação apertada e a vigilância do INFARMED.
23
Todos os medicamentos que contenham estas substâncias controladas, só podem ser
dispensados pelo profissional de farmácia mediante apresentação de receita médica especial e
na Farmácia Moderna encontram-se armazenados em local próprio, afastados dos restantes
medicamentos, e com acesso restrito.
3.3- PRODUTOS FITOTERÁPICOS
A Fitoterapia pode ser definida como “terapêutica à base de plantas”, em suma, a
ciência que estuda a utilização dos produtos de origem vegetal com finalidade terapêutica, e
de prevenção, atenuação ou tratamento de um estado patológico [12]. Produtos Fitoterápicos
têm exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas,
uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas
em associação com uma ou mais preparações à base de plantas [11]. Esta modalidade
terapêutica é procurada principalmente por pessoas que preferem uma alternativa natural a
situações ou patologias não graves recorrentes. Na Farmácia Moderna existe uma grande
oferta de produtos Fitoterápicos cuja ação terapêutica é alargada, passando pelo tratamento de
situações de obstipação e diarreias, a sinusites e constipações.
3.4 – MEDICAMENTOS E PRODUTOS HOMEOPÁTICOS
Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de substâncias
denominadas matérias-primas homeopáticas. Estas substâncias podem ser de
origem vegetal ou animal. Em alguns casos, podem ser também minerais ou compostos
químicos. A produção de produtos homeopáticos vai de acordo com um processo de fabrico
descrito na Farmacopeia Europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial
num Estado membro, e que pode ter vários princípios. Os medicamentos homeopáticos
comercializados em Portugal seguem o método de fabrico de diluições múltiplas, em que as
substâncias ativas perdem gradualmente a sua toxicidade, mantendo, no entanto, o efeito
terapêutico específico.
Os medicamentos homeopáticos podem apresentar-se sob várias formas farmacêuticas,
sendo as mais comuns glóbulos, grânulos, gotas, comprimidos, xaropes ou pomadas. Na
Farmácia Moderna são comercializados produtos homeopáticos destinados ao tratamento de
estados gripais, rinites, estados de ansiedade ou enjoos nos transportes. Caso o utente pretenda
24
um produto homeopático específico, ou recomendado pelo médico ou homeopata e que não
esteja disponível na farmácia, este pode ser encomendado ao fabricante. Na Farmácia
Moderna trabalha-se com o laboratório Boiron®, sendo que os produtos encomendados, em
condições normais, estão disponíveis entre 24 a 48 horas.
3.5 - PRODUTOS DE COSMÉTICA E HIGIENE CORPORAL
Na Farmácia Moderna existe uma vasta e completa gama de cosméticos e produtos de
higiene corporal, e uma vez que a sua procura é diversa e afluente, a oferta destes produtos
abrange várias marcas conhecidas e altamente certificadas como a Vichy®, a Bioderma®, a
Lierac®, a Phyto®, a Roc®, e a Caudalie®, citando alguns exemplos. Segundo o
INFARMED entende-se por produto cosmético qualquer substância ou mistura destinada a
ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e
capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo
em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto,
protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais [13].
3.6 – MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE USO VETERINÁRIO
Embora na Farmácia Moderna os medicamentos e produtos de uso veterinário tenham
pouca expressão, a sua comercialização passa pela defesa da saúde e do bem-estar dos
animais e diretamente pela promoção da saúde pública.
Entende-se por medicamento veterinário, “Toda a substância ou composição que
possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus sintomas do animal, com
vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou a restaurar, corrigir ou modificar as
suas funções orgânicas” [14]. Os medicamentos veterinários mais dispensados na Farmácia
Moderna são os antiparasitários, antibióticos, e anticoncecionais.
4 - DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE
No contexto de farmácia comunitária, a dispensa de medicamentos é a fase do circuito
do medicamento que possuí maior visibilidade. A cedência/dispensa de medicamento é o ato
25
em que o profissional de farmácia, após cuidada avaliação, cede medicamentos ou substâncias
medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou
indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso
dos medicamentos [15].
O profissional de farmácia não só cumpre o papel de elo entre o médico e o utente,
como também representa um papel pedagógico sobre os utentes, contribuindo assim para um
uso racional de medicamentos por parte da população e promovendo a saúde.
Na Farmácia Moderna, no ato de dispensa de medicamentos e outros produtos de
saúde a equipa técnica segue o código deontológico farmacêutico que prevê que cabe ao
farmacêutico e por extensão ao técnico de farmácia [16]:
Colaborar com todos os profissionais de saúde, promovendo junto deles e do
doente a utilização segura, eficaz e racional dos medicamentos;
Assegurar-se que, na dispensa do medicamento, o doente recebe informação
correta sobre a sua utilização;
Dispensar ao doente o medicamento em cumprimento da prescrição médica ou
exercer a escolha que os seus conhecimentos permitem e que melhor satisfaça
as relações benefício/risco e benefício/custo;
Assegurar, em todas as situações, a máxima qualidade dos serviços que presta,
de harmonia com as boas práticas de farmácia.
Uma vez que o aconselhamento e dispensa de medicação e outros produtos de saúde
em farmácia comunitária passa também pelo regime de automedicação, é importante referir
que a utilização de MNSRM para alívio ou supressão de situações de enfermidade sem
gravidade é hoje uma prática integrante do sistema de saúde, como tal, esta prática terá que
estar limitada a situações clínicas bem definidas e o profissional de farmácia deve alertar o
utente para o uso correto dos medicamentos, contribuindo para uma automedicação
responsável, eficaz e em segurança.
4.1- DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA
De acordo com o artigo 114º do Estatuto do Medicamento, estão sujeitos a receita
médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições [11]:
26
Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente,
mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem
vigilância médica;
Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam
utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes
daquele a que se destinam;
Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja
atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;
Destinem-se a ser administrados por via parentérica.
Os MSRM só podem ser dispensados mediante a apresentação da prescrição médica.
Atualmente, e graças a uma alteração na legislação que suporta a prescrição, é promovida a
prescrição por DCI e através de sistemas eletrónicos. Excecionalmente, a receita pode ser
prescrita a partir de uma receita manual.
Na presença de uma receita eletrónica, o profissional de farmácia deve verificar a
existência dos seguintes elementos antes que a possa aceitar: número da receita, identificação
do médico prescritor, data da prescrição, nome e número de utente do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) e número de beneficiário da entidade financeira responsável. Caso a prescrição
seja feita por DCI, o medicamento é identificado pelo nome da substância ativa, pela
dosagem, pela forma farmacêutica, pela dimensão da embalagem, e por um código
representativo que agrupa, pelo menos, as características do medicamento anteriormente
referidas e o CNPEM representado em dígitos e código de barras. Em situações em que o
médico prescritor decidida prescrever por nome da marca registrada o medicamento é
identificado pelo nome comercial do medicamento ou do respetivo titular de autorização de
introdução no mercado (AIM) e o número de registo do medicamento representado em dígitos
e código de barras. Esta situação só ocorre quando não existe medicamento genérico
comparticipado ou similar, ou quando o prescritor tem uma justificação técnica quanto à
insusceptibilidade de substituição do medicamento prescrito, sendo que esta justificação pode
ser [17]:
a) Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito - Perante esta
prescrição, o TF apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita
b) Reação adversa prévia - Perante esta prescrição, o TF apenas pode dispensar o
medicamento que consta da receita.
27
c) Continuidade de tratamento superior a 28 dias - Apesar da justificação, o utente
pode optar por medicamentos similares ao prescrito, desde que sejam de preço
inferior.
As receitas eletrónicas podem, quando se destinam a determinadas doenças ou
tratamentos prolongados e possam ser adquiridos mais de uma vez sem necessidade de nova
prescrição, renováveis. Este tipo de receitas possui três vias, com validade de seis meses
desde a data de prescrição. Outra classe de receitas eletrónicas é a de receitas não renováveis,
receitas constituídas por um único documento, com validade de trinta dias a contar da data da
sua emissão.
Em casos excecionais em que a prescrição é feita manualmente, o médico prescritor
deve justificar, em local próprio da receita, o porquê da escolha deste tipo de prescrição. As
justificações passíveis de serem aceites por lei são as seguintes [17]:
a) Falência informática;
b) Inadaptação do prescritor;
c) Prescrição no domicílio;
d) Até 40 receitas/mês passadas por mês.
A receita manual é válida pelo prazo de 30 dias seguidos, contados a partir da data da
sua emissão e aquando a sua receção pelo profissional de farmácia, este não pode aceitar esta
caso contenha rasuras ou caligrafias diferentes, sejam utilizadas canetas diferentes ou a
prescrição seja feita a lápis.
No ato da dispensa, o profissional de farmácia tem que informar o utente do seu direito
de opção na escolha do medicamento, sempre que tal seja permitido, da existência de
medicamentos genéricos similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS, e qual o mais
barato. Quando não existam genéricos, o TF tem que informar o utente sobre o medicamento
comercializado mais barato, similar ao prescrito. Em suma, a dispensa de MSRM pretende
ceder medicamentos, através de prescrição médica individualizada, e o correto
aconselhamento para que os utentes cumpram, da melhor forma possível, o plano terapêutico
delineado pelo médico prescritor, indispensável para o uso correto e racional dos
medicamentos. A cedência de informação pelo profissional de farmácia passa pela indicação e
explicação da posologia e modo de administração, possíveis interações farmacológicas,
efeitos secundários, contraindicações entre outras informações.
28
Aquando a finalização de dispensa de MSRM procede-se à impressão do verso da
receita, assinatura pelo utente em local próprio e emissão da fatura. Sempre que tal se
verifique, o utente deve ser informado do seu direito de opção na escolha do medicamento,
assinalando a sua opção através da assinatura no verso da receita. Por fim a receita é
carimbada, datada e assinada pelo profissional de farmácia.
a. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ESPECIAL.
Como já referi anteriormente os medicamentos que contêm substâncias ativas
classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos estão sujeitos a uma legislação
controlada, abrangida desde a sua aquisição até á dispensa. Devido às suas características
únicas e à sua ação farmacológica no SNC, conduzindo facilmente a dependência
física/psíquica e sintomas de privação e uma vez que estes produtos estão associados a atos
ilícitos, os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos têm que ser prescritos isoladamente
e a sua dispensa segue um regime especial.
Aquando a receção da receita, o profissional de farmácia deve ter em atenção aspetos
como:
A receita médica não pode conter outros medicamentos;
A receita não pode ter a validade ultrapassada;
O adquirente não pode ser menor ou apresentar alguma perturbação mental;
Não podem existir dúvidas acerca da autenticidade da receita;
Outra particularidade deste tipo de receitas é que no ato da dispensa dos medicamentos
prescritos, o profissional de farmácia deverá registrar no sistema informático a identificação
da receita com o respetivo número, data em que foi emitida e nome do médico prescritor,
identificar o doente, com o nome e morada completa e identificar o adquirente, com o nome,
morada completa, número de identificação civil e idade e registar a data em que foi
dispensado o medicamento. Logo após este processo, o utente procede à assinatura em local
próprio no verso da receita e o impresso que contém os dados anteriormente registados no
sistema informático é anexado á fotocópia da receita e armazenado nos arquivos da farmácia
juntamente com a fatura da venda durante um período de três anos.
Na Farmácia Moderna o processo de dispensa de medicamentos com receita especial é
feito pelo diretor técnico, ou na sua ausência pelo farmacêutico adjunto. Mensalmente são
enviados para o INFARMED os registos de entrada e os de saída de medicamentos
estupefacientes e psicotrópicos e anualmente um balanço da relação de quantidade de
29
estupefacientes e psicotrópicos existente na farmácia e da quantidade dispensada, sendo que
estas listagens também são arquivadas na farmácia por um período de 3 anos.
4.2 - DISPENSA DE PRODUTOS DO PROTOCOLO DA DIABETES MELLITUS
A diabetes mellitus é uma desordem metabólica de etiologia múltipla, mas que se
caracteriza por uma hiperglicemia crónica que provoca distúrbios no metabolismo dos
hidratos de carbono, lípidos e proteínas, resultantes de deficiências na secreção ou ação da
insulina, ou de ambas. Como estão envolvidos no desenvolvimento da diabetes mellitus vários
mecanismos patológicos, a longo prazo, os efeitos desta doença incluem o desenvolvimento
progressivo de complicações específicas, disfunções várias e falência de vários órgãos [18].
A diabetes mellitus é uma patologia que afeta milhões de indivíduos a nível global e
cuja incidência a nível nacional não deixa de ser preocupante. Como tal, e atendendo à
necessidade de inverter a tendência de crescimento da diabetes e das suas complicações em
Portugal, desde 1998 que existe a nível nacional a uma colaboração entre o Ministério da
Saúde e os diversos parceiros do sector, no sentido de desenvolver e implementar programas
de controlo da diabetes. Neste contexto, foi publicada legislação que define a comparticipação
do Estado no custo de aquisição em 85% do PVP das tiras-teste para determinação de
glicemia, cetonemia e cetonúria e em 100% do PVP das agulhas, seringas e lancetas
destinadas aos utentes com diabetes do SNS e subsistemas públicos [19].
No que diz respeito á dispensa de produto de controlo do diabetes mellitus, o
profissional de farmácia deve ter em atenção que estes produtos têm que ser prescritos
isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos/produtos, e que
a prescrição destes produtos pode ser feita em receitas renováveis [17].
4.3 - PLANOS DE COMPARTICIPAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Na atual legislação, existe um regime geral de comparticipação de medicamentos e um
regime especial. No regime geral de comparticipação, o Estado, através do SNS é responsável
pelo pagamento de uma percentagem do PVP do medicamento, de acordo com vários
escalões, sendo que os escalões de comparticipação variam de acordo com as indicações
30
terapêuticas do medicamento, a sua utilização e ainda com o consumo acrescido para doentes
que sofram de determinadas patologias. Os escalões dividem-se da seguinte forma (Tabela 1):
Escalão A Escalão B Escalão C Escalão D
- É comparticipado em 90%
- É comparticipado em 69%
- É comparticipado em 37%
- É comparticipado em 15%
- Engloba patologias como doença endócrina, afeções oculares, antineoplásicos e imunomodeladores, entre outros.
- Aplicado a medicamentos anti-infeciosos, medicamentos do foro do sistema nervosos central e aparelho cardiovascular, entre outros
- Para medicamentos antialérgicos, do aparelho génito-urinário e locomotor, entre outros
- Para medicamentos cuja percentagem de comparticipação está numa fase transitória
Tabela 1:. Regime de Comparticipação Geral de medicamentos [17]
O SNS inclui nos seus beneficiários, pensionistas, que usufruem de uma
comparticipação superior, distinguindo-se dos utentes de regime normal pela presença da letra
R após o número a sigla “R.C.” (Regime de Comparticipação).
Por outro lado o regime especial de comparticipação de medicamentos prevê
comparticipação em função dos organismos de beneficiários, ou para utentes que sofrem das
patologias protegidas sobre esta legislação, em que há o seguinte acréscimo nos escalões
(Tabela 2):
Escalão A Escalão B Escalão C Escalão D
- É
comparticipa
do em 95%
- É
comparticipado
em 85%
- É
comparticipa
do em 52%
- É
compartici
pado em
30%
31
Tabela 2:. Regime de Comparticipação Especial de Medicamentos
As patologias que beneficiam de comparticipação total de medicamentos são a
paramiloidose, o lúpus e a hemofilia.
Também no decorrer deste estágio na Farmácia Moderna, tive contacto, aquando a
dispensa de medicamentos, da existência de diversos subsistemas de saúde e serviços de
assistência médico social cujos beneficiários têm a vantagem de usufruir de comparticipação
no preço dos medicamentos adquiridos mediante receita médica. Os subsistemas de saúde e
serviços de assistência médico social que tive contato durante a dispensa de MSRM foram:
ADSE - Assistência na Doença dos Servidores do Estado;
SAD-PSP - Serviços de Assistência na Doença - Polícia de Segurança Pública;
SAMS – Sindicato dos Bancários do Norte;
SSCGD – Serviços Sociais da Caixa Geral De Depósitos;
Excluindo a ADSE, as entidades anteriormente referidas caracterizam-se por
terem acordo com a Associação Nacional de Farmácias (ANF). Nestes casos torna-se
necessário fotocopiar a receita médica porque no final da venda tem que se imprimir o
documento de faturação em duas partes. Na receita original é impressa a comparticipação
efetuada pelo SNS e na fotocópia é impressa a comparticipação que a entidade que faz a
complementaridade efetua. O original segue para o SNS e a fotocópia para a ANF, que efetua
o pagamento da comparticipação correspondente.
4.4 - DISPENSA E ACONSELHAMENTO DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A
RECEITA MÉDICA
Como já referi anteriormente, os MSRM preenchem um conjunto de requisitos que
assim os determina como tal. Os medicamentos que não preenchem este grupo de requisitos,
ou seja, que se destinam ao alívio, tratamento ou prevenção de sintomas menores, que por não
32
requereram cuidados médicos, podem ser adquiridos sem receita médica, são classificados de
MNSRM. No geral, estes medicamentos caracterizam-se por:
Terem na sua composição substâncias que foram previamente reconhecidas como
tendo baixa incidência em reações adversas,
Possuírem uma baixa toxicidade geral,
Não possuírem toxicidade reprodutiva,
Raramente ocorrem interações com outros medicamentos que possam conduzir a
reações adversas graves,
Estão de acordo com as indicações terapêuticas que se incluam na lista de situações
passíveis de automedicação do Despacho n.º 17690/2007.
Por todos estes fatores, os MNSRM são passíveis de serem adquiridos pelo utente sem
que este tenha que apresentar receita médica, e embora estes medicamentos não sejam
desprovidos de efeitos nocivos, a sua venda e aconselhamento deve ser feita por parte do
profissional de farmácia, que pela sua acessibilidade, disponibilidade e credibilidade permite
que haja um uso racional e responsável deste tipo de medicamentos.
Neste contexto, é também importante referir que a população que adquire os MNSRM
tem que estar consciente sobre o conceito de automedicação, que prevê que na ausência de
consulta prévia do médico, o utente deve tomar consciência de que o seu ato é sempre
susceptível de gerar riscos, a utilização de MNSRM deve ser feita de forma responsável,
sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade,
com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde, a utilização de
MNSRM deverá ser limitada no tempo e de acordo com as informações veiculadas no folheto
informativo, não é recomendada em bebés, grávidas ou na fase de aleitamento. No decurso da
automedicação o utente deverá consultar o seu médico ou aconselhar-se com o profissional de
farmácia se os sintomas persistirem, se os sintomas se agravarem ou em caso de recaída, se
existir dor aguda, se após a utilização de medicamentos não verifique nenhum resultado, se
surgirem efeitos ou reações adversas, ou se sofrer de outras patologias mais graves [20].
Embora estes medicamentos não necessitem de ser prescritos em receita médica, estes
podem constar de uma receita quando o médico pretende a prevenção de algumas patologias
ou o alívio de alguns sintomas, não tendo como objetivo tratar uma patologia grave.
Quando o profissional de farmácia é confrontando com um utente que necessita de
aconselhamento, este deve discernir se a situação clínica requer observação médica ou se
pode ser aliviada com recurso a MNSRM. Em suma ao dispensar MNSRM, o aconselhamento
33
por parte do TF tem de ser rigoroso, alertando para todas as possíveis reações adversas que
provém da utilização do medicamento, explicando a sua indicação terapêutica, a posologia e a
duração do tratamento, bem como as precauções especiais a ter durante a toma e os riscos do
uso indiscriminado destes medicamentos.
Atualmente, e graças ao advento dos anúncios televisivos de MNSRM, a procura
destes por parte dos utentes é enorme. Na Farmácia Moderna notei que os MNSRM mais
solicitados são analgésicos e antipiréticos, antitússicos e expetorantes, laxantes e antiácidos.
5 - OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA
Para além da dispensa e aconselhamento farmacológico, na Farmácia Moderna são
fornecidos os seguintes serviços para a comunidade:
Avaliação e controlo da pressão arterial,
Controlo do peso e Índice de Massa Corporal,
Avaliação e controlo da glicemia,
Avaliação e controlo do colesterol total,
Avaliação e controlo de triglicéridos,
Administração de medicamentos injetáveis,
Recolha de resíduos de embalagens e de medicamentos fora de uso –
VALORMED;
Excluindo a recolha de resíduos de embalagens e de medicamentos fora de uso e o
controlo do peso, todos estes serviços são realizados num gabinete privativo localizado na
zona de atendimento da Farmácia Moderna (Figura 5).
Figura 5: Gabinete privativo de atendimento da Farmácia Moderna
34
5.1 - AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
A hipertensão arterial é, geralmente, uma afeção referente a um quadro de pressão
arterial elevada, que se instala de forma silenciosa, pois não possuí um quadro de sintomas, e
cuja progressão pode aumentar o risco de perturbações como o AVC, ou levar a um
aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio ou lesões ao nível do rim. A
terapêutica desta patologia tem a particularidade de diminuir a pressão arterial elevada
diminuindo assim o risco de AVC e de insuficiência cardíaca [21].
Devido a todos estes fatores a hipertensão arterial constitui um dos mais importantes
problemas de saúde pública no Ocidente. Juntando ao fato da prevalência desta doença
aumentar com a idade, atualmente a hipertensão arterial afeta quase 25% da população adulta
mundial, ou seja, um em cada quatro indivíduos. Em Portugal, atinge 42,1% dos indivíduos
adultos, tendo apenas 11,2% a sua pressão arterial controlada [22].
A deteção precoce da hipertensão, a correta orientação terapêutica farmacológica e não
farmacológica são prioridades de intervenção dos serviços prestadores de cuidados de saúde.
Na Farmácia Moderna é feita a vigilância dos valores de Pressão Arterial recorrendo a um
aparelho de medição digital. Este aparelho é constituído por uma braçadeira de insuflação
automática, de alta sensibilidade, onde o utente coloca o braço. Após medição, os valores de
pressão arterial máxima, mínima e pulsação surgem num mostrador digital.
A classificação da pressão arterial, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), está apresentada na seguinte tabela (Tabela 3).
Categoria Pressão Sistólica(mmHg) Pressão Diastólica(mmHg)
Ideal < 120 < 80
Hipertensão leve 140-159 90-99
Hipertensão
moderada
160-179 100-109
Hipertensão
elevada
≥ 180 ≥ 110
Tabela 3: Classificação dos valores da Pressão Arterial
35
5.2 - CONTROLO DO PESO E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
Um estudo realizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade em 2004
em que se pretendia conhecer a prevalência da obesidade em Portugal, estimou a existência de
80 a 100 mil doentes com necessidade de recorrer a tratamento através de intervenção
cirúrgica para situações de obesidade grave. Neste estudo também se conclui que a pré-
obesidade, ou obesidade infantil, também constitui um problema crescente [23]. Vigiar o peso
tem portanto uma importância crítica para a saúde pública. Quanto maior for o excesso de
peso de um indivíduo, maior é o risco de desenvolver vários problemas de saúde. É neste
contexto que a farmácia, como promotor da saúde na comunidade, possuí instrumentos
necessários para o controlo e medição do peso. Na zona de atendimento ao público da
Farmácia Moderna, existe uma balança eletrónica que determina o peso, a altura e o IMC, de
acordo com a idade através da impressão de um talão com os dados referidos. O processo
mais utilizado para determinar o excesso de peso é o cálculo do Índice de Massa Corporal
(IMC). De acordo com o resultado, classifica-se o estado de risco de morbilidades dos
indivíduos adultos, tendo em conta os seguintes valores:
Cassificação Adultos IMC(kg/m)
Baixo peso <18,5
Ideal 18,5-24,9
Pré- Obesidade
25.0 – 29.9
Obesidade, grau I
30.0 – 34.9
Obesidade, grau II
35.0 – 39.9
Obesidade mórbida ≥ 40.0
Tabela 4: Classificação referência do IMC no adulto [23];
Para os idosos (idade superior a 65 anos) os valores de IMC são ajustados a esta faixa
etária, de acordo com a classificação seguinte:
Cassificação Adultos IMC(kg/m)
Desnutrição < 22
Baixo Peso 22 - 23.9
Ideal 24 - 26.9
Pré-Obesidade ♂ 27 – 30
36
♀ 27 - 32
Obesidade ♂ > 30
♀ > 32
Tabela 5: Classificação referência do IMC do idoso [23];
5.3 - AVALIAÇÃO DA GLICÉMIA
O autocontrolo da quantidade de glicose no sangue é de uma importância enorme para
indivíduos que pretendam fazer:
Prevenção primária – utentes que correm o risco de se tornarem diabéticos. O
TF deve aconselhar o utente a adotar uma alimentação cuidada, reduzida
ingestão de álcool, controlo de peso e prática de exercício físico,
Prevenção secundária – utentes que pretendem detetar precocemente a
diabetes através da vigilância dos valores da glicémia e atenção aos sinais e
sintomas da doença,
Prevenção terciária – utente diabético, que tem como objetivo prevenir as
complicações da diabetes. O TF deve encorajar o utente a proceder à
autovigilância e seguimento rigoroso da terapêutica farmacológica;
Na Farmácia Moderna a determinação da glicemia é feita a partir de uma amostra de
sangue no dedo obtida por punção. O local da punção é previamente limpo com álcool a 70%,
aguardando-se que este evapore na sua totalidade. Posteriormente, procede-se à punção no
bordo lateral da polpa do dedo recorrendo ao uso de lancetas descartáveis
Os valores de referência da glicémia são (Tabelas 6 e 7):
Em jejum
<70mg/dL Hipoglicémia
70-100mg/dL Ideal
100-126mg/dL Pré-Diabetes
>126mg/dL Diabetes
Tabela 6: Valores de referência da glicose no sangue em jejum [24];
37
2h após refeição
<70mg/dl Hipoglicémia
70-140mg/dl Ideal
140-200mg/dl Pré-Diabetes
200mg/dl> Diabetes
Tabela 7: Valores de referência da glicose no sangue após refeição [24];
5.4 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL TOTAL
O colesterol é uma substância lipídica que circula no sangue ligado a proteínas e que
encontra-se principalmente sob duas formas: o colesterol-LDL (“Low Density Lipoproteins) e
o colesterol-HDL (High DensityLipoproteins). O fígado é o órgão que, em condições
normais, produz e regula os níveis de colesterol-LDL e colesterol-HDL. O colesterol-LDL
adere às paredes dos vasos sanguíneos, podendo obstruí-los. A acumulação do LDL-colesterol
pode obstruir a passagem do oxigénio e de nutrientes essenciais para o coração, o que poderá
conduzir a angina de peito, ataque cardíaco, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral,
e outras doenças coronárias. Por outro lado, o colesterol-HDL é o colesterol benéfico pois age
eliminando os depósitos de gordura no interior das artérias, diminuindo o risco de doenças
cardíacas. O colesterol HDL baixo é perigoso, quando encontra-se em concentrações menores
que 40mg/dl no sangue porque leva à acumulação de placas de gordura nas artérias.
Para além do aumento da idade existem certos fatores de risco a ter em atenção [25]:
Hipercolesterolémia familiar;
Certos síndromes metabólicos;
Excesso de peso;
Alimentação pouco cuidada;
Falta de atividade física;
Pressão arterial elevada;
Consumo de tabaco;
Diabetes;
38
É portanto imperioso que haja um controlo por parte dos indivíduos do colesterol
total. Na Farmácia Moderna realizam-se checks de controlo ao colesterol e a técnica de
determinação do colesterol total é semelhante à da glicemia, sendo as etapas inerentes à
recolha da amostra idênticos aos descritos anteriormente.
Os valores de referência do colesterol total são de < 190 mg/dL, sendo que para os
homens os valores do Colesterol HDL devem ser superiores a 40mg/dl e para as mulheres
superiores a 46mg/dL, enquanto que do Colesterol LDL devem ser inferiores a 115 mg/dL
[26]. A determinação do colesterol total pode ser efetuada a qualquer hora do dia já que a
ingestão de alimentos influencia apenas ligeiramente os valores.
5.5 - AVALIAÇÃO DE TRIGLICÉRIDOS
Os triglicéridos são lípidos presentes no organismo. A maioria dos triglicerídeos
encontram-se no tecido adiposo, outros triglicéridos circulam no sangue e fornecem energia
para os músculos. Adicionalmente, podem encontrar-se também no sangue depois de uma
refeição quando a gordura é enviada desde o intestino até ao tecido adiposo para ser
armazenada. Quando os valores destes lípidos estão elevados podem ter como consequências
patologias como aterosclerose, pancreatite, esteatose hepática, derrame cerebral, ou isquemia
cerebral. A adoção de estilos de vida saudáveis, o abandono de hábitos tabágicos, a prática de
atividade física regular, uma alimentação saudável e equilibrada e a redução do consumo de
álcool são importantes auxílios da terapêutica, podendo muitas vezes aliada ou não a uma
terapêutica farmacológica ser suficientes para a normalização da concentração dos níveis de
triglicéridos
Os valores de referência destes lípidos indicam que os valores são considerados altos
quando são iguais ou superiores a 150ml/dL em jejum [26]. Na Farmácia Moderna a
determinação dos triglicerídeos é feita a partir de uma amostra de sangue no dedo obtida por
punção tal como na determinação da glicémia e do colesterol total.
5.6 - ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS INJETÁVEIS
39
A Portaria n.º 1429/2007, de 2 de Novembro define que as farmácias podem prestar os
serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem - estar dos utentes, das quais se
destacam a Administração de medicamentos injetáveis e a administração de vacinas não
incluídas no Plano Nacional de Vacinação. É também salientado nessa portaria que nas
farmácias apenas se podem administrar injetáveis cuja via de administração seja subcutânea,
intramuscular ou intradérmica. A Farmácia Moderna possui técnicos com formação específica
para administrar injetáveis.
5.7 - VALORMED
A VALORMED é a sociedade gestora do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de
Embalagens e de Medicamentos fora de uso, após consumo. Criada em 1999, é uma sociedade
sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e
medicamentos fora de uso. Resultou da colaboração entre a Indústria Farmacêutica,
Distribuidores e Farmácias Comunitárias [27].
Nesta cadeia de entidades cooperadoras, as farmácias assumem a responsabilidade
pela receção de resíduos de embalagens vazias de medicamentos fora de uso nos próprios
estabelecimentos e a sensibilização e esclarecimento dos cidadãos [27]. Como tal o
profissional de farmácia deve participar ativamente na sensibilização dos utentes para as boas
práticas ambientais, passando ao utente a informação da necessidade de ser efetuada a entrega
na farmácia das embalagens vazias e dos medicamentos fora de uso no ato de venda do
produto.
Uma vez cheios, os contentores de recolha (Figura 6) são selados.
Figura 6: Contentor do VALORMED
40
É então que são entregues aos distribuidores de medicamentos que os transportam para
as suas instalações e os retêm em contentores estanques que irão mais tarde ser transportados
para um Centro de Triagem:
Aqui os resíduos são separados e classificados para, finalmente, serem
entregues a gestores de resíduos autorizados responsáveis pelo seu tratamento
É feita a reciclagem papel, plástico, vidro, compósitas,
A incineração segura com valorização energética dos restantes resíduos.
41
CONCLUSÃO
No final deste estágio curricular, reflito na importância que esta etapa teve no meu
percurso como futura profissional de farmácia. Este estágio contribuiu para o meu
desenvolvimento profissional, mas também pessoal, pois foi me permitido aplicar os
conhecimentos acumulados ao longo destes quatro anos de licenciatura e alarga-los com esta
experiência.
Primeiramente, o estabelecimento onde estagiei, a Farmácia Moderna, foi uma
oportunidade única de aprendizagem pois esta farmácia é muito completa e dinâmica na oferta
de serviços, o que me beneficiou bastante na quantidade e na qualidade de conceitos
adquiridos. Tenho também a agradecer a paciência e simpatia que a equipa técnica da
farmácia teve para comigo, o que não só me proporcionou uma rápida adaptação no local de
estágio, mas também facilitou o processo de integração e produtividade.
Foi no contexto deste último estágio curricular que me apercebi da importância do
papel do Técnico de Farmácia na promoção da saúde na comunidade, em estabelecer um elo
de ligação entre o médico e o utente, e no contato direto com o utente. É de salientar que
quase toda a equipa técnica da Farmácia Moderna possuí diversas especializações para além
da sua formação base em Farmácia, o que me permitiu assistir diretamente á importância do
profissional de saúde no cotexto atual de prestação de cuidados de saúde.
Por ter estado numa farmácia, grande, dinâmica e que ocupa um espaço central no
conjunto de farmácias da cidade de Aveiro, foram vários os momentos em que tive que
mostrar se estava á altura da receção de um número elevado de encomendas e na dispensa e
aconselhamento de muitas pessoas, entre outras tarefas. Foram situações de provação mas que
penso que foram cumpridas, juntamente com os objetivos que foram propostos para este
estágio curricular.
No final deste período posso afirmar que como profissional de farmácia, o processo de
aprendizagem não terminou aqui, e que embora tenha saído deste estágio pessoalmente e
profissionalmente enriquecida, tenho consciência que o contexto atual exige ao profissional
de farmácia um aperfeiçoamento e uma busca pela melhoria constante pois a nossa carreira
representa um papel fulcral na otimização da saúde a nível das comunidades.
42
BIBLIOGRAFIA
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de 2015]
43
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referencia
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s.21/hipercolesterolemia.a59.html
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triglicéridos. [Online ]. [Citado a 10 de Junho de 2015] -
http://www.spc.pt/spc/Microsites/Passaporte/kit/passaporte/colesterol/valores.aspx
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http://www.valormed.pt/pt/conteudos/conteudo/id/5
48
TERAPÊUTICA DA ACNE VULGAR: APRESENTAÇÃO DE CASO
CLÍNICO DE ACNE MODERADA E CASO CLÍNICO DE ACNE SEVERA
𝐀𝐧𝐭𝐨𝐧𝐢𝐞𝐭𝐚 𝐅𝐞𝐫𝐧𝐚𝐧𝐝𝐞𝐬𝟏
1: Discente do 4ºano do Curso de Farmácia de 1º Ciclo; Escola Superior de Saúde; Instituto
Politécnico da Guarda
RESUMO: A acne é uma dermatose que afeta a população geral e que acomete
principalmente adolescentes e jovens adultos. Propus-me a descrever dois casos clínicos de
acne vulgar, incidindo-me sobre a intervenção farmacológica, aconselhamento e
acompanhamento terapêutico ao nível da Farmácia Comunitária.
PALAVRAS-CHAVE: acne, aconselhamento,
SUMMARY: Acne is a skin disease that affects the general population and which mainly
affects adolescents and young adults. I set out to describe two cases of acne vulgaris ,
focusing me on pharmacological intervention , counseling and therapeutic monitoring the
level of the Community Pharmacy .
KEY WORDS: acne, counseling
INTRODUÇÃO: A Acne é uma doença inflamatória que atua a nível cutâneo. Esta patologia
crónica afeta, na grande maioria dos casos, a face, o dorso e o tórax, é de prevalência mais
frequente em adolescentes e jovens adultos e é caracterizada clinicamente pela formação de
comedões, pápulas eritematosas, pústulas, cicatrizes e com menor frequência por nódulos,
abcessos e cistos.
A excessiva produção de sebo pelas glândulas sebáceas da pele e concentração de células
mortas nos folículos pilosos estão entre as principais causas da acne. Estes fatores resultam
em obstrução, acumulação de bactérias e inflamação. A produção excessiva de sebo pelas
49
glândulas sebáceas está diretamente relacionada com distúrbios hormonais, por este motivo a
acne apresenta uma grande incidência em indivíduos que estão em fases da vida tipicamente
associados a mudanças hormonais, como a puberdade, algumas fases do ciclo menstrual ou a
gravidez [1].
Embora os fatores hormonais sejam os principais desencadeadores da patologia da
acne, há fatores que favorecem o seu desenvolvimento e até mesmo o seu agravamento, é o
caso de certos cosméticos que podem ter um efeito oclusivo sobre a pele ou a toma ou
aplicação prolongada de medicamentos derivados da cortisona, androgénios ou lítio que
também podem conduzir a estados acnéicos.
Tendo em conta que a acne é uma doença polimórfica, cujas causas são diversas a
abordagem terapêutica tem que ser multifacetada e adequada à própria evolução que se vai
verificando nas lesões ao longo do tempo [2].
De acordo com a sintomatologia apresentada a acne oscila da ligeira a moderada até á
muito grave. Os casos ligeiros a moderados são os mais frequentes e a orientação por parte do
profissional de farmácia poderá ter um papel muito útil. Os casos mais severos exigem a
intervenção de um médico, preferencialmente um especialista que possua as ferramentas
necessárias para fazer uma abordagem necessária de modo a resolver ou minorar a situação
[3].
No que diz respeito ao tratamento da acne, este pode ser tópico, sistémico e em último
caso cirúrgico, quando predominam as cicatrizes, os comedões e cistos.
APRESENTAÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS:
Caso A - Acne Moderada: Uma utente do sexo feminino, 15 anos de idade, com pele oleosa,
apresenta uma predominância de comedões abertos e fechados (pontos negros e brancos
respetivamente), e pápulas, e com menor incidência algumas pústulas. Estas lesões estendem-
se por todo o rosto e afetam uma pequena área do tórax. A utente não apresenta muitas
cicatrizes. A sintomatologia agrava-se quando se inicia o ciclo menstrual, sendo que a utente
não realiza nenhuma terapêutica contracetiva hormonal. Dado que um dos seus passatempos é
andar de bicicleta ao ar livre, a utente reparou que a exposição solar agrava o seu problema de
acne. A utente não realiza nenhum tratamento farmacológico e usa maquilhagem com
frequência.
50
Caso B - Acne Severa: Um utente do sexo masculino de 21 anos de idade, com historial
familiar de presença da acne, apresenta pápulas inflamatórias e comedões em todo o rosto
bem como seborreia intensa. Existem ainda abcessos, cistos e pápulas no tórax. O doente foi
submetido a um tratamento tópico para a acne durante vários meses, via produtos
dermocosméticos, mas sem melhorias significativas.
DISCUSSÃO:
Caso A - Acne Moderada: A utente apresenta um estado de acne de sintomatologia moderada
com prevalência durante as alterações hormonais do ciclo menstrual e com possível
agravamento devido à exposição ao sol não protegida e ao uso de produtos de maquilhagem
oclusivos.
O aconselhamento por parte do profissional de farmácia deve focar em reduzir a
produção seborreica, acelerar a renovação celular e combater a infeção bacteriana de modo a
reduzir as lesões na face e no tórax.
Neste caso em que a acne é moderada o Técnico de farmácia deve aconselhar
primeiramente medidas preventivas não farmacológicas de modo a auxiliar no controlo da
patologia, como por exemplo:
Lavar gentilmente a pele diariamente, no máximo 2 vezes por dia. Evitar esfregar com
muita força ou lavar excessivamente para não irritar a pele;
Lavar os cabelos com frequência de modo a evitar o excesso de sebo;
Mudar os lençóis e a roupa de cama com frequência;
Evitar tocar o rosto com frequência ou encostá-lo em objetos;
Retirar sempre a maquilhagem antes de deitar;
Usar produtos de maquilhagem matificantes, que não agravem a oleosidade e fórmulas
à base de água ou não comedogénicas, que não obstruam os poros;
Evitar a exposição solar excessiva, mas quando exposto ao sol usar chapéus e proteção
solar respetiva para peles oleosas.
Associados a esta terapêutica não farmacológica, o profissional de farmácia deve
aconselhar que a utente associe uma terapêutica farmacológica, que neste caso de acne
moderada pode passar por dermocosméticos de aplicação tópica que possuam na sua
composição peróxido de benzoílo, ácido salicílico e ainda retinóides como a isotreíonina,
uma vez que estas substâncias possuem propriedades queratolíticas (causam descamação das
camadas superficiais da pele), comedolítica (penetram no folículo pilossebáceo, auxiliando na
51
dissolução do sebo prevenindo a formação de comedões) e no caso particular do peróxido de
benzoílo, ação antibacteriana (interfere no crescimento e reprodução da bactéria anaeróbica,
predominante na acne o Propionibacterium acnes) [4].
A utilização de antibióticos não se justifica neste caso uma vez que a sintomatologia é
moderada, e a visualização de resultados na terapêutica tópica pode ser feita após algumas
semanas de tratamento, mas o uso do produto por vários meses é normalmente necessário para
manter uma resposta clínica satisfatória.
A toma de contraceção oral também poderia provocar melhorias neste caso uma vez
que os anticoncetivos orais reduzem os níveis de androgénios circulantes que irão ter um
efeito no folículo piloso e na glândula sebácea, mas visto que a utente não iniciou nenhuma
terapêutica hormonal, o técnico de farmácia deve aconselhar que esta se dirija a um médico
que lhe irá realizar os exames necessários para que possa prescrever o anticoncetivo mais
apropriado.
Caso B - Acne Severa: O utente tem predisposição genética para a acne, e a sintomatologia
sofreu um agravamento, como tal embora a terapêutica não farmacológica seja relevante, esta
não é essencial para o controlo da doença, pois esta atingiu um estado severo. As medidas não
farmacológicas que o técnico de farmácia pode aconselhar são:
Limpar a pele suavemente com um sabonete neutro e hidratante.
Lavar o rosto uma ou duas vezes ao dia, inclusive após se exercitar.
Evitar esfregar ou lavar a pele repetidamente.
Evitar espremer, apertar ou coçar as espinhas, uma vez que pode causar infeções e
cicatrizes na pele;
Evitar tocar no rosto com as mãos ou os dedos;
Evitar cremes ou cosméticos oleosos.
Uma vez que a terapêutica farmacológica tópica não surtiu qualquer efeito, o técnico
de farmácia pode encaminhar o utente para o médico, que lhe poderá aconselhar uma
terapêutica sistémica, em monoterapia ou combinados com a terapêutica tópica. No
tratamento da acne severa, antibióticos como a eritromicina e a clindamicina são os mais
aconselhados.
52
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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