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Universidade Estadual de Santa Cruz

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO E

AVALIAÇÃO DA RESERVA DE VAGAS DA UESC

Ilhéus, Novembro de 2017

2

MEMBROS DA COMISSÃO DE COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA RESERVA DE VAGAS DA UESC

Marcelo Inácio Ferreira Ferraz – Professor do DCET - Presidente da Comissão

Aline Oliveira Conceição – Professora do DCB

Fábio Mathias Correia – Professor do DCET

Flávia Alessandra de Souza – Professora do DFCH

José Reis Damaceno Santos – Professor do DCET e representante da GESEOR

Jeanes Martins Larchert – Professora do DCIE e representante do KÀWÉ

Valéria Soares Martins – Discente, representante do DCE

Uique Santos Souza Nunes – Discente, representante suplente do DCE

Antônio Francisco dos Anjos Benevides- representante dos Movimentos Sociais

Egnaldo França - representante suplente dos Movimentos Sociais

Larissa Santos Pereira – representante dos Movimentos Sociais

Vanesca Silva Batista - representante suplente dos Movimentos Sociais

3

Sumário

1-INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4

2 - AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL .......................................................................... 7

3- EVOLUÇÃO DA DEMANDA POR VAGAS DA GRADUAÇÃO NA UESC .................... 11

4- PRIMEIROS BENEFICIADOS OS INGRESSANTES DE 2008.......................................... 27

5- DESEMPENHO AO LONGO DO CURSO ........................................................................... 32

6- CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 43

7- RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 44

ANEXOS..................................................................................................................................... 46

4

1-INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta dados relativos ao Sistema de Reserva de Vagas, à

demanda e ao desempenho dos estudantes cotistas entre 2008 a 2016, a fim de analisar e

tornar conhecida uma das políticas de ação afirmativa existente na Universidade Estadual

de Santa Cruz – UESC. O Sistema de Reservas de Vagas promove o acesso à Educação

Superior, com a finalidade de aumentar a expectativa de estudos na Universidade para as

classes sociais com menor oportunidade de concorrência em instituição pública de Ensino

Superior na Região Sul da Bahia.

O Estado ainda não resolveu o problema da baixa qualidade na educação escolar

pública, destinada aos estudantes oriundos de classes populares, fenômeno social que

dificulta o acesso às vagas nas universidades públicas, porque não os prepara para a

concorrência. Paradoxalmente, são os estudantes das escolas privadas, na sua grande

maioria de classe média, possuidores de capital cultural, melhores condições

socioeconômicas, mas não mais competentes que os estudantes das escolas públicas, que

ocupam as vagas nas universidades públicas.

Por isso, as políticas de ações afirmativas ganham espaço no campo

sócioeducacional e econômico do país e constituem uma agenda de políticas públicas e

institucionais para a promoção da igualdade racial na sociedade brasileira,

especificamente no Ensino Superior. É nesse contexto nacional que a UESC no ano de

2006, institui a reserva de vagas em todos os cursos de graduação, através da Resolução

CONSEPE nº64/2006.

Passados os quase dez anos do primeiro ingresso de estudantes afrodescendentes,

indígenas e quilombolas inscritos no Sistema de Reservas de Vagas da Universidade, a

Comissão de Acompanhamento e Avaliação elaborou este relatório para socializar e

tornar público os dados referentes à demanda e ao desempenho acadêmico dos estudantes

cotistas.

Nas décadas de oitenta e noventa, cresce o debate em torno da inclusão de

estudantes negros e indígenas nas universidades públicas brasileiras. No ano 2000, as

instituições federais apresentavam algumas soluções para equiparar a entrada, em seus

vestibulares, de jovens brancos, na sua maioria estudantes oriundos de escolas privadas,

e jovens negros e indígenas provenientes de escolas públicas. Neste mesmo ano, o

5

Ministério da Educação cria o Programa Diversidade na Universidade, buscando apoiar

os cursos pré-vestibulares para alunos negros. Essas ações são resultado de reivindicações

de uma demanda social formada por ativistas e entidades pertencentes ao movimento

negro brasileiro e por organismos internacionais.

Destacamos a 3a Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação

Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, África do Sul, em

agosto de 2001, com relevante participação do movimento negro brasileiro. O período

que antecede a Conferência é marcado por um intenso debate sobre as diversas formas de

manifestações reivindicatórias e sobre a definição teórico-prática do significado de

“reparação” e seus diversos sentidos, isto porque as desigualdades e diferenças raciais

dividem socialmente a população brasileira. Em destaque, a população negra e a indígena

que, historicamente, são prejudicadas em razão da discriminação e dos preconceitos que

perduram na sociedade brasileira.

Para responder à reparação necessária à população negra e indígena, foram criadas

as Políticas Públicas de Ações Afirmativas que, a depender dos diversos contextos,

assumem diferentes modalidades político-sociais, apresentando-se como voluntárias ou

obrigatórias, como programas governamentais ou privados, jurídicas ou de controle e

regulação de agências de fomento, atendendo sempre a grupos excluídos, por motivos

socioeconômicos, das áreas educacionais e do mercado de trabalho.

No que se refere ao Ensino Superior, uma das políticas de ação afirmativa criada

nas Universidades Públicas é a política de cotas, também conhecida como reserva de

vagas ou sistema de vagas. Esse sistema assegura um percentual de vagas que atende a

duas modalidades: As cotas sociais, destinadas a candidatos que cursaram a maior parte

de sua carreira acadêmica no ensino público e/ou possuem vulnerabilidade social

comprovada a partir da renda mensal familiar. As cotas raciais, destinadas a estudantes

negros, pardos ou indígenas que sofrem com a discriminação de caráter racial e étnico

que se prescreve com base nas diferenças fenotípicas como cor de pele, formato do nariz,

cabelo etc. Na UESC, a autodeclaração, para negros e pardos, é suficiente para que os

candidatos tenham acesso a esta modalidade, porém, a maior parte das instituições de

Educação Superior aliam as duas modalidades de reserva, de forma que os estudantes que

optem pelo acesso com base na raça/etnia também devem atender aos critérios das cotas

sociais.

A reserva de vagas ou sistema de cotas atende especificidades históricas e sociais

de pobres, negros/pardos e indígenas que são vítimas de uma exclusão crônica dos

6

espaços de poder estrutural. O sistema de vagas, de que trata esse Relatório, consiste em

assegurar 50% das vagas em todos os cursos de graduação existentes na UESC para

estudantes oriundos do ensino médio público e que também tenham cursado os últimos

quatro anos do ensino fundamental em escola pública. Dentro deste percentual são

destinadas 75% das vagas aos candidatos que se autodeclaram negros ou pardos. Ainda,

o sistema de cotas da UESC garante mais 02 vagas, em todos os cursos, para estudantes

indígenas e quilombolas que atendam os pré-requisitos quanto à Educação Básica e

Fundamental em escolas públicas e possuam declaração de reconhecimento dos órgãos

competentes, como a FUNAI, por exemplo.

7

2 - AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

As ações de assistência estudantil na UESC tiveram seu início com o ingresso dos

primeiros alunos cotistas. Até então, o que ocorria era a isenção parcial ou integral para

egressos de escolas públicas, portadores de deficiência física, indígenas, quilombolas,

servidores, estagiários do Ensino Fundamental e Médio, entre outros, do pagamento da

taxa de inscrição do vestibular da UESC. O público alvo eram os estudantes que tinham

cursado os últimos quatro anos do Ensino Fundamental e o Ensino Médio integralmente

em escolas públicas da região de abrangência da UESC e que comprovassem

aproveitamento escolar nas disciplinas de Português e de Matemática igual ou superior a

7,0 (sete).

A primeira ação efetiva de apoio aos alunos após o ingresso na instituição ocorreu

em 2008, com a criação da Assessoria de Assistência Estudantil, com o objetivo de

acompanhar e articular ações que possibilitassem o acesso, a permanência e a conclusão

dos cursos pelos estudantes com baixa renda, matriculados nos cursos de graduação da

UESC.

As principais ações de assistência estudantil implantadas pela Instituição, nesse

período foram: a) o Auxílio Permanência; b) o Auxilio Bolsa Permanência EaD; o c)

Auxílio Moradia; d) o subsídio Alimentação no Restaurante Universitário (café, almoço,

jantar).

a) Auxilio Permanência

O Auxilio Permanência, inicialmente designado por Bolsa Permanência, foi

instituído no ano de 2008, com objetivo de proporcionar ao estudante de baixa renda,

melhores condições de permanência e conclusão do curso de graduação, contribuindo

para reduzir a evasão e retenção (motivadas por dificuldades econômicas). No primeiro

edital, a UESC estabeleceu a Bolsa de Permanência – através de processo seletivo regido

pelo Edital Reitoria UESC nº 124/08, de 22 de setembro de 2008. O valor do auxílio

concedido foi de R$ 215,00 (duzentos e quinze reais) –calculado com base nos custos

diários estimados com alimentação e transporte. No ano de 2008, foram selecionados 478

(quatrocentos e setenta e oito) estudantes e a bolsa vigorou durante três meses, de outubro

a dezembro.

Atualmente o valor do Auxílio Permanência é de R$ 300,00 (trezentos reais),

sendo concedido durante quatro meses no primeiro semestre letivo e mais quatro meses

no segundo semestre. Os estudantes contemplados no 1º semestre podem ter o auxílio

8

renovado para o segundo semestre, desde que continuem atendendo aos requisitos pré-

estabelecidos. Anualmente são disponibilizados 1300 auxílios, dos quais 50 vagas são

destinadas a ingressantes do segundo semestre letivo.

As inscrições são reservadas aos estudantes regularmente matriculados nos cursos

presenciais de graduação da UESC que tenham registro individual ou familiar atualizado

no Cadastro Centralizado de Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único), e

que atendam aos requisitos e sejam selecionados conforme os critérios estabelecidos nos

editais, tendo prioridade às vagas os estudantes comprovadamente oriundos de

municípios distantes (a mais de 100Km da cidade de Ilhéus).

Segundo dados da ASSEST, os estudantes contemplados estão distribuídos em 33

cursos da Instituição, sendo que os maiores percentuais se encontram nos cursos de

Pedagogia (7,76%), Enfermagem (6,65%), Engenharia de Produção (5,79%) e Medicina

Veterinária (5,79%); os demais cursos participam com percentuais abaixo de 5%,

conforme Figura 1.

FIGURA 1– Número de alunos de graduação contemplados com Auxílio Permanência, por curso, UESC – 2016

Fonte: Relatório de Atividade da UESC, 2016.

Dentre os contemplados, segundo dados da ASSEST, 23 estudantes são índios

reconhecidos pela FUNAI, 07 são oriundos de comunidades remanescentes de quilombos

9

e 06 são estudantes com necessidades especiais. Do total de estudantes classificados nos

editais de Auxilio Permanência nos 1º e 2º semestres de 2016, cerca de 86% se declararam

negros (pretos e pardos) e cerca de 85% declararam ter cursado o Ensino Médio

integralmente em escola pública.

b) Auxilio Permanência (EaD)

No ano de 2011 a UESC estendeu o benefício do auxílio permanência aos alunos

dos cursos de graduação EaD, com a criação do Auxilio Permanência EaD. Nos anos de

2011 e 2012, foram ofertados e contemplados 70 auxílios. No ano de 2013, apesar da

disponibilização de 70 auxílios, apenas 54 foram efetivados. Em 2014, não foram

concedidos auxílios em função da não oferta de turma EaD no ano. Nos anos de 2015 e

2016 ofertaram-se, anualmente, 50 auxílios, sendo contemplados 44 em 2015 e 40 em

2016.

Segundo dados da ASSEST, os 40 estudantes contemplados com o auxílio no ano

de 2016 estão distribuídos nos 4 cursos de licenciatura EaD da Instituição, sendo 24 em

Pedagogia, 10 em Biologia, 5 em Letras e um em Física.

c) Auxílio Moradia

No ano de 2011 a UESC instituiu o auxílio moradia, destinado aos discentes que

tiveram que migrar de seu ambiente familiar, e que passaram a residir na região por conta

da realização do curso superior. Em 2011, 74 estudante foram contemplados. Nos anos

de 2012 a 2015 foram ofertadas 80 bolsas. No ano de 2016 auxilio moradia passou a ser

pago através do auxílio permanência.

d) Subsídio Alimentação

No ano de 2011, a UESC criou o programa de Subsídio Alimentação no

Restaurante Universitário, com o objetivo de contribuir com a permanência dos

estudantes no Campus, garantindo acesso à alimentação de qualidade, auxiliando no

combate às dificuldades que interferem no processo formativo. Inicialmente, no mês de

outubro de 2011, a Instituição passou a disponibilizar 450 refeições diárias (almoços) no

Restaurante Universitário, sendo que, do valor destas, R$1,00 (um real) passou a ser pago

pelo discente e o restante era subsidiado pela UESC.

No ano de 2014, o número de refeições diárias foi ampliado para 900. Nesse ano

também foram criados o subsídio para o café e o jantar, sendo disponibilizadas 200

10

refeições em cada turno. Em junho de 2015, foram adicionados 50 subsídios ao café e 100

para o jantar.

Atualmente, são ofertados subsídios no Restaurante Universitário diariamente,

num quantitativo de 250 refeições no café da manhã, 900 refeições no almoço e 300

refeições no jantar, durante o ano, nos dias de funcionamento da UESC, de segunda a

sábado, inclusive fora do período de aulas. Para ter acesso ao benefício cada usuário paga

o valor de R$1,00 (um real), por refeição, ao Restaurante Universitário.

Além dos auxílios e do subsídio no restaurante, a Instituição desenvolveu outras

ações que indiretamente têm impactado na permanência estudantil, como a Feira das

Profissões, o Programa “Bem-vindos à UESC”, o atendimento educacional especializado

para estudantes com necessidades educacionais especiais, o apoio à participação em

eventos, a realização da solenidade de formatura e adesão ao Sistema de Seleção

Unificado –SISU.

Para realização das ações afirmativas a Instituição investiu no primeiro ano da

reserva de vagas R$ 292.000,00. Os gastos com assistencial estudantil assumem

comportamento crescente com incrementos anuais, chegando, no ano de 2016, a um

investimento de R$ 3.811.543,00.

11

3- EVOLUÇÃO DA DEMANDA POR VAGAS DA GRADUAÇÃO NA UESC

O processo seletivo da UESC, nos últimos 12 anos passou por duas grandes

alterações: a implantação do Sistema de Reserva de Vagas, e a adoção do Sistema de

Seleção Unificada (SISU), tendo como referência os resultados do Exame Nacional do

Ensino Médio (ENEM). O sistema de reserva de vagas estabeleceu 2 grupos de

concorrência, do Processo Universal (PU) e da reserva de vagas, abrange candidatos

oriundos de Escola Pública (EP), Afrodescendentes (AF), e Índios e Quilombolas (IQ).

Estas mudanças foram acontecendo gradativamente, havendo, entre 2007 e 2011,

a implantação do Sistema de Reserva de Vagas com seleção através do vestibular; em

2012, a implantação de 50% das vagas com entrada pelo SISU e 50% das vagas com

entrada por vestibular, e, a partir de 2013, sendo mantido o sistema de reserva de vagas,

o processo seletivo passou a ser somente pelo SISU com, o fim do vestibular.

Essas alterações no processo seletivo tiveram grande impacto na estrutura da

demanda pelas vagas dos cursos de graduação da Instituição. A demanda para os cursos

de graduação da UESC no período de 2007 a 2016, praticamente triplicou (FIGURA 2).

FIGURA 2 – Evolução da demanda por vagas dos cursos de graduação da UESC por processos seletivos vestibular e SISU no período de 2007 a 2016

Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Reserva de Vagas da UESC.

14332 13633 12955 13305 14582 14313

42913 44354

3947436865 36865

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2012 2013 2014 2015 2016

Vestibular SISU

12

Nos primeiros 6 anos da implantação da reserva de vagas e seleção através do

vestibular, a demanda foi praticamente estável. Entretanto, no ano de 2012, com a oferta

de 50% das vagas pela seleção por vestibular e 50% das vagas tendo como referência o

SISU, observou-se uma forte elevação na demanda pelas vagas, passando o número de

candidatos de 14.582, em 2011, para 42.913, em 2012, representando um aumento de

194,3%. E, a partir do ano de 2013, quando todas as vagas passam a ser disponibilizadas

pelo SISU, essa demanda continua em patamares elevados.

Além do sistema de entrada por vestibular e SISU, ter influenciado na candidatura

às vagas da UESC, no período analisado, as mudanças no processo seletivo acarretaram

alterações significativas na estrutura de concorrência e na elevação da concorrência anual.

Na figura 3, é possível observar que no período no de 2008 a 2012, a proporção de

candidatos optantes pela reserva de vagas é sempre inferior a do processo universal

assumindo valores na proporção da ordem de 45%. A partir da adoção do SISU, em 2012,

a reserva de vagas apresenta um acréscimo, assumindo valores próximos a 50%. Esse

resultado sinaliza que a seleção através do SISU oportunizou a uma camada da população

anteriormente excluída a possibilidade de concorrer às vagas da graduação

disponibilizadas pela Instituição, tendo em vista que esta modalidade oferece redução dos

custos para realização dos processos seletivos e a possibilidade de fazer as provas no

próprio município de residência.

FIGURA 3 - Evolução da demanda por vagas dos cursos de graduação da UESC através dos processos universal e de reserva de vagas nos processos seletivos vestibular e SISU no período de 2007 a 2016


7112

7253

7311 81

82

7749

1353

9

2130

2

2213

1

2004

1

1836

0

6521

5702

5994

6400

6564

1337

8

2161

1

2222

3

1943

3

1850

5

2008 2009 2010 2011 2012 2012 2013 2014 2015 2016

Vestibular SISU

Processo Universal Reserva de Vagas

13

A análise estratificada da concorrência pelas vagas conforme grupo de

concorrência (PU- Processo universal, EP- Escola Pública, AF- Afrodescendentes e IQ –

Índios e Quilombolas), revela incremento importante na demanda no período de 2008 a

2016, com a adoção do SISU (Figura 4).

FIGURA 4 - Evolução da demanda por vagas dos cursos de graduação da UESC por grupo de concorrência nos processos seletivos vestibular e SISU no período de 2007 a 2016. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negros; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negros); IQ – Índios e Quilombolas


Considerando apenas o período em que 100% das vagas foram ofertadas através

dos vestibulares (2008 a 2011), quando a demanda permaneceu estável, observa-se maior

concorrência para o PU, seguido de AN, EP (não Autodeclarado Negros)) e as vagas

adicionais para IQ. Salienta-se que, no primeiro vestibular em que houve reserva de

vagas, em 2008, a concorrência entre o PU e os AN apresentou-se equiparada,

demonstrando valores bem próximos: 10,9 candidatos por vaga para PU e 10,8 para AN.

Nos anos seguintes, a concorrência fica maior para os candidatos do PU, seguido em

ordem decrescente de demanda para os grupos AN, EP e IQ.

Apesar da mudança na forma de seleção ocasionar a elevação da concorrência

anual para todos os grupos, observa-se que, em 2013, quando a seleção dos cursos de

graduação se deu exclusivamente pelo SISU, a concorrência para as vagas destinadas aos

EP passou a ser maior que para PU. Já em 2015 e 2016, observa-se uma redução na

2008 2009 2010 2011 2012 2012 2013 2014 2015 2016

Vestibular SISU

PU 10,9 10,0 10,1 10,2 19,9 34,7 26,5 27,5 24,9 22,8

AN 10,8 8,4 8,7 8,5 18,1 33,0 24,1 24,6 21,8 21,0

EP 6,8 5,7 6,2 5,8 10,6 30,3 30,6 31,7 26,8 25,3

IQ 1,9 1,4 2,0 1,7 3,2 10,6 14,0 15,6 13,2 11,5

PU AN EP IQ

14

concorrência em todos os grupos de seleção. De certa, forma esse aumento na

concorrência e posterior redução podem ser justificados pelo processo de ajuste à nova

forma de seleção.

Cabe destacar que, a entrada exclusiva pelo SISU aumentou a concorrência média

anual da UESC, atingindo 25,5 candidatos por vaga. Com a oferta de 100% das vagas

através do SISU (2013 a 2016), a maior concorrência fica para as vagas destinadas aos

estudantes oriundos de escolas públicas e não autodeclarados afrodescendentes, com uma

ocorrência média nos processos seletivos de 28,6 candidatos por vaga.

Para o PU, a concorrência média fica em 25,4, já para os estudantes de escola

pública e autodeclarados afrodescendentes a concorrência média fica em 22,9, para as

vagas adicionais IQ a concorrência assumiu uma média de 13,6 candidatos por vaga.

Por fim, na análise da demanda de vagas considerando-se os anos de 2011, último

ano das vagas ofertadas pelo vestibular, e 2016, processo seletivo mais recente através do

SISU, observa-se um aumento expressivo na demanda em todos os grupos de

concorrência. O maior aumento ocorreu para as vagas adicionais IQ (583,8%), seguido

de EP (336,6%), AN (147,5%) e, por último, PU (124,4%).

Além da alteração na demanda de vagas observadas por processo seletivo e grupos

de concorrência, a adoção das ações afirmativas acarretou modificações gerais na

demanda das vagas conforme o turno do curso de graduação oferecido na UESC. No

processo vestibular de 2007, anterior a reserva de vagas, 23,9% dos candidatos optaram

pelas vagas nos cursos noturnos.

A partir da adoção das cotas, o percentual de optantes por cursos noturnos passa

a ser 26,5%, com seleção através de vestibulares (2008 a 2012) e 35% com a seleção pelo

SISU (2012 a 2016) (Figura 5).

Analisando o efeito das mudanças no ingresso na UESC, quanto à demanda de

candidatos por vaga e por turno de curso oferecido, é possível notar o efeito das ações

afirmativas (Figura 6).

15

FIGURA 5 – Participação percentual da demanda por vagas dos cursos de graduação da UESC por turno por grupo de concorrência no Vestibular 2007, Vestibular 2008 a 2012 e SISU 2012 e 2016. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negros; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negros); IQ – Índios e Quilombolas


FIGURA 6 - Evolução do número de candidatos por vagas nos cursos de graduação da UESC por turno e por grupo de concorrência no período de 2007 a 2016. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negros; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negros); IQ – Índios e Quilombolas.


Considerando-se o período da seleção através do vestibular, a maior candidatura

foi observada para os candidatos do PU na busca das vagas dos cursos diurno. Com a

76,1

44,7

22,8

5,60,5

39,5

21,1

8,91,5

23,9

10,213,5

2,5 0,3

16,513,1

4,80,6

PU PU AN EP IQ PU AN EP IQ

Vestibular2007

Vestibular 2008 a 2012 SISU 2012 a 2016

Diurno Noturno

11,813,7

9,36,9

1,7

25,0

20,8

26,6

13,09,9

6,5

11,9

6,4

2,4

29,831,5

34,0

13,6


Vestibular2007


Diurno Noturno

16

adoção do SISU, ocorre um aumento na concorrência em todos os grupos. A maior

concorrência ocorre para os estudantes de escola pública EP (não Autodeclarado Negros)

que chega a 34 candidatos por vaga no período após a implantação do SISU. Entretanto,

em todas as formas de ingresso, a concorrência passou a ser maior para o turno noturno,

o que demonstra uma evolução na demanda de candidatos com inserção no mercado de

trabalho.

Outro aspecto importante analisado a partir da mudança no processo seletivo da

UESC é a alteração na demanda de acordo com a formação profissional desejada pelos

candidatos: bacharelado ou licenciatura. Observa-se que, após a implantação da reserva

de vagas, houve um aumento no percentual de demandantes pelas vagas nos cursos de

licenciatura, de 25,4%, em 2007, para 32,6%, no período entre 2008 e 2012 (Figura 7).

FIGURA 7 – Participação percentual da demanda por vagas dos cursos de bacharelado e licenciatura da UESC, por grupo de concorrência no Vestibular 2007, Vestibular 2008 a 2012 e SISU 2012 e 2016. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negros; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negros); IQ – Índios e Quilombolas


Após a adoção integral da entrada pelo SISU, este percentual volta a diminuir,

passando a 20,3% em detrimento da maior procura pelos cursos de bacharelado,

principalmente quando comparado aos candidatos da demanda por PU. Entretanto, se as

diferenças entre os grupos de concorrência são avaliadas, percebe-se que os percentuais

entre os grupos PU e reserva de vagas se mantêm equidistantes após a adoção integral do

SISU na escolha dos cursos de licenciatura. No período de 2008 a 2012, a demanda PU

74,6

35,5

21,3

9,1

1,5

48,1

25,0

6,20,5

25,4

14,6 12,8

4,60,6

6,611,5

1,9 0,3


Vestibular2007


Baclarelado Licenciatura

17

era de 14,6%, passando para 6,6% no período de 2012 a 2016, e a da reserva de vagas

(AN, EP e IQ) passa de 18% para 13,7%, o que representa uma redução de 2,2 vezes para

PU e 1,3 vezes para reserva de vagas na escolha por cursos de licenciatura. Esta menor

variação para os candidatos da reserva de vagas enfatiza a busca de cursos que

possibilitem uma rápida inserção no mercado de trabalho do diplomado.

A análise mais específica da evolução da demanda por cursos de bacharelado

através do número de candidatos por vaga por curso, demonstra que após a

disponibilização das vagas através do SISU houve incremento da demanda pelos cursos

de bacharelado, especialmente pelos cursos de Medicina e os de Engenharias (Figura 8).

Este fato reflete um incremento na demanda regional e maior visibilidade da UESC após

a implantação do SISU, atraindo candidatos para cursos mais concorridos em nível

nacional, de outras áreas da Bahia e de outras regiões do Brasil.

FIGURA 8 – Evolução do número de candidatos por vaga nos cursos de bacharelado e licenciatura segundo processo seletivo no período de 2007 a 2016. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negros; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negros); IQ – Índios e Quilombolas


Outro aspecto observado no acompanhamento da evolução da demanda pelas

vagas da Instituição após a implantação da reserva de vagas, é o impacto após a adoção

do SISU como processo seletivo. A evolução da demanda, para cada um dos cursos da

UESC é apresentada nas TABELAS 1 a 4.

13,115,6

10,88,1

1,9

28,2

22,5

29,0

13,9

7,8

3,8

8,9

4,32,0

22,9

26,928,4

11,8


Vestibular2007


Baclarelado Licenciatura

18

TABELA 1 -Demanda dos cursos de graduação da UESC nos processos seletivos de 2008 a 2016 para as vagas do Processo Universal, UESC 2017

Curso Turno Tipo Vagas 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Administração MAT BCH 20 203 183 165 124 301 580 715 682 542

Administração NOT BCH 20 240 219 171 191 526 688 1389 1130 1062

Agronomia DIU BCH 25 176 136 159 138 260 364 645 469 563

Biomedicina DIU BCH 15 375 306 404 271 433 382 826 858 586

Ciências Biológicas DIU BCH 15 223 143 148 149 242 281 197 161 416

Ciências Biológicas DIU LIC 15 101 58 30 146 64 119 89 88 129

Ciências Biológicas NOT LIC 10 0 52 54 54 145 364 239 208 100

Ciências Contábeis NOT BCH 15 128 110 107 53 194 440 606 532 496

Ciências da Computação DIU BCH 30 319 250 231 91 344 611 655 514 686

Ciências Sociais NOT LIC 20 0 169 66 58 189 446 608 510 457

Comunicação Social VESP BCH 25 304 227 191 83 399 723 707 645 611

Direito MAT BCH 25 605 672 699 86 991 1035 1005 845 747

Direito NOT BCH 25 581 391 542 194 1009 1129 1269 1250 1149

Economia MAT BCH 25 80 92 77 716 108 226 298 261 232

Economia NOT BCH 25 105 80 93 489 182 439 543 370 320

Educação Física DIU LIC 20 186 153 146 130 416 712 999 813 981

Enfermagem DIU BCH 30 634 394 427 330 654 719 411 430 470

Eng. de Prod. e Sistemas DIU BCH 30 264 324 279 734 443 576 651 513 421

Engenharia Civil DIU BCH 20 0 0 0 135 965 816 769 677 281

Engenharia Mecânica DIU BCH 20 0 0 0 163 369 356 372 356 312

Engenharia Elétrica DIU BCH 20 0 0 0 263 252 257 247 290 254

Engenharia Química DIU BCH 20 0 0 0 262 321 305 220 166 141

Filosofia NOT LIC 15 69 48 39 23 86 291 427 383 231

Filosofia VESP LIC 15 40 23 39 31 55 368 267 284 409

Física DIU BCH 10 31 21 26 20 25 89 93 65 78

Física NOT LIC 10 36 25 30 13 35 155 167 122 121

Geografia NOT LIC 20 75 62 63 48 114 418 326 617 262

Geografia MAT LIC 20 0 0 0 0 0 0 0 0

Geografia MAT BCH 20 0 54 46 47 95 223 568 224 549

História MAT LIC 15 188 51 52 58 120 228 255 252 414

História NOT LIC 15 0 72 61 49 165 333 510 477 239

Letras DIU LIC 25 60 82 61 48 116 323 459 366 344

Letras NOT LIC 15 70 49 62 60 141 290 485 425 374

L.E.A. VESP BCH 15 174 144 146 159 217 234 281 291 258

Matemática DIU BCH 15 21 21 14 8 28 131 151 149 121

Matemática NOT LIC 20 59 65 46 40 122 309 435 292 279

Medicina DIU BCH 20 1260 2201 2160 2312 3169 2433 1980 2139 1787

Medicina Veterinária DIU BCH 25 300 228 260 232 462 936 1061 1055 1037

Pedagogia MAT LIC 20 75 64 77 53 178 494 371 329 364

Pedagogia NOT LIC 20 88 75 56 65 272 721 434 426 424

Química DIU BCH 15 0 22 26 31 54 261 148 139 115

Química DIU LIC 15 42 60 59 25 52 138 256 208 391 Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Reserva de Vagas da UESC.

19

TABELA 2 -Demanda dos cursos de graduação da UESC nos processos seletivos de 2008 a 2016 para as vagas destinadas a alunos de Escola Pública e não autodeclarado negros, UESC 2017













Direito MAT BCH 6 46 57 67 76 159 227 250 233 242

Direito NOT BCH 8 77 75 92 66 301 273 314 398 352

Economia MAT BCH 6 14 12 10 20 104 67 71 87 86

Economia NOT BCH 8 22 19 9 19 93 141 143 82 71










Física DIU BCH 2 5 0 4 2 20 22 25 37 20

Física NOT LIC 2 3 6 8 1 42 27 27 32 73


Geografia MAT LIC 5 0 0 10 10 52 75 76 85 93


História MAT LIC 5 42 11 13 16 38 91 87 76 133

História NOT LIC 7 0 31 27 14 122 105 171 146 53

Letras DIU LIC 6 23 16 16 8 67 168 146 132 116

Letras NOT LIC 6 19 12 16 15 86 105 152 116 83

LEA VESP BCH 6 19 20 29 14 55 74 74 70 65



Medicina DIU BCH 6 74 115 125 136 438 476 358 334 587




Química DIU BCH 6 12 13 4 4 29 134 46 59 140


20

TABELA 3 -Demanda dos cursos de graduação da UESC nos processos seletivos de 2008 a 2016 para as vagas destinadas a alunos de Escola Pública e autodeclarado negros, UESC 2017











Ciências Sociais NOT LIC 15 169 140 136 111 416 492 447 429


Direito MAT BCH 19 214 224 399 216 292 606 554 501 458

Direito NOT BCH 19 422 309 196 371 468 704 764 822 807

Economia MAT BCH 19 171 87 49 51 45 215 243 241 249

Economia NOT BCH 19 171 122 126 107 92 321 386 307 397










Física DIU BCH 8 48 5 11 7 10 89 106 61 54

Física NOT LIC 8 18 23 37 23 16 155 182 135 149

Geografia NOT LIC 8 191 108 103 0 - - 286 253 241

Geografia MAT LIC 11 15 60 59 14 44 254 - - -


História MAT LIC 11 337 76 86 67 61 171 194 233 392

História NOT LIC 11 0 191 127 123 93 308 429 379 239

Letras DIU LIC 19 132 122 65 89 69 335 442 357 263

Letras NOT LIC 11 150 73 109 73 71 283 300 359 311

LEA VESP BCH 11 76 55 78 85 61 164 179 181 159

Matemática DIU BCH 11 32 26 21 11 232 168 101 128


Medicina DIU BCH 15 226 2201 344 466 592 965 696 634 587




Química DIU BCH 11 0 22 23 26 23 327 139 133 140


21

TABELA 4 -Demanda dos cursos de graduação da UESC nos processos seletivos de 2008 a 2016 para as vagas adicionais para Índios e Quilombolas, UESC 2017







Ciências Biológicas DIU LIC 1 - 3 0 3 9 17 5 5 11






Direito MAT BCH 1 3 4 3 2 4 25 31 24 23

Direito NOT BCH 1 13 2 13 7 36 20 35 27 21

Economia MAT BCH 1 0 0 0 0 1 5 5 4 5

Economia NOT BCH 1 1 0 2 0 7 16 16 12 12




Engenharia Civil DIU BCH 2 - - - 6 14 37 45 35 17

Engenharia Mecânica DIU BCH 2 - - - 3 9 20 22 18 16

Engenharia Elétrica DIU BCH 2 - - - 4 9 20 22 18 13

Engenharia Química DIU BCH 2 - - - 0 8 10 7 18 9



Física DIU BCH 2 0 0 0 0 8 15 13 15 11

Física NOT LIC 1 0 0 0 0 6 32 29 18 23


Geografia MAT LIC 2 - 2 0 1 14 19 25 18 14


História MAT LIC 1 0 6 5 2 3 21 16 14 6

História NOT LIC 1 3 1 1 3 1 5 13 11 20

Letras DIU LIC 1 3 1 2 2 16 10 30 16 16

Letras NOT LIC 2 1 0 2 1 19 19 21 13 15

LEA VESP BCH 2 1 0 0 0 5 16 40 14 11



Medicina DIU BCH 2 3 3 5 4 17 40 67 46 53




Química DIU BCH 2 1 1 1 0 3 9 17 18 11


22

A concorrência no último processo seletivo com 100% das vagas disponibilizadas

através do vestibular é apresentada na Figura 9. As maiores concorrências de

candidatos/vagas foram observadas para os cursos de Medicina, Engenharia Civil e

Direito. Os candidatos do processo universal tendem a procurar os cursos de bacharelado

e os de maior prestígio. Por outro lado, os candidatos às vagas das cotas tendem a se

agrupar nos cursos de licenciatura e de oferta noturna.

FIGURA 9 – Evolução do número de candidatos por vaga no Vestibular de 2011 da UESC, segundo curso e processo seletivo. PU – Processo Universal; AN – Autodeclarado Negro; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negro); IQ – Índios e Quilombolas


Com a adoção do SISU, ocorrem alterações da estrutura da demanda pelas vagas,

com aumento de procura por vagas de cursos de maior prestígio pelos alunos das cotas

(AN, EP e IQ) e aumento da demanda pelas vagas dos cursos de licenciatura por parte do

grupo de candidatos oriundos de escolas públicas (EP), conforme Figura 10.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0AGR

BIO CICBBI

EFEECI

EPS

EEL

EME

EQI

BFI

BMA

MED

MEV

BQI

ADTECO

DRTBGE

COSLEAADT-NCCO-NECO-N

DRT-NLBI

EDF

LET

LQI

HIS

PEG

FLS

LBI-N

CIS-N

FLS-N

LFI-N

LGE-NHIS-N

LET-NLMA-NPEG-N

PU

AN

EP

IQ

23

FIGURA 10 – Evolução do número de candidatos por vaga no SISU de 2016 da UESC, segundo curso e processo seletivo. PU – Processo Universal; AN– Autodeclarado Negro; EP – Escola Pública (não Autodeclarado Negro); IQ – Índios e Quilombolas


Ao comparar os dez cursos de maior demanda em cada uma das modalidades de

seleção no processo seletivo de 2016, observa-se que, para os candidatos do Processo

Universal ocorre o predomínio dos bacharelados, a exceção é a licenciatura em Educação

Física. Para os grupos de concorrência dos Autodeclarados Negros (AN) e dos Índios e

Quilombolas (IQ) entre os dez de maior demanda, aparecem quatro licenciaturas,

conforme TABELA 5.

TABELA 5 - Demanda por vagas para os dez de cursos de maior procura no processo seletivo SISU de 2016 da UESC PU NA EP IQ Administração -Noturno 1062 (3) 752 (2) 285 (3) 30 (5) Agronomia 563 (9) 429 (8) 206 (7) 29 (6) Biomedicina 686 (7) - 197 (8) 33 (4) Contabilidade -Noturno 496 (10) - 176 (9) - Comunicação Social 611 (8) - 158 (10) - Direito 747 (6) 458 (7) 242 (5) 23 (8) Direito -Noturno 1149 (2) 807 (1) 352 (1) 21(10) Medicina 1787 (1) 587 (4) 278 (4) 78 (1) Medicina Veterinária 1037 (4) 550 (5) 241 (6) 53 (2) Lic. Ciências Sociais – Noturno 429 (9) 29 (7) Lic. Educação Física 981 (5) 704 (3) 321 (2) 44 (3) Lic. História 392 (10) - - Lic. Física – Noturno - - 23 (9) Lic. Geografia 542 (6) - -

Fonte: Elaborado a partir do Relatórios de Atividade de 2016 da UESC.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0AGR

BIO CICBBI

EFEECI

EPSEEL

EME

EQI

BFI

BMA

MED

MEV

BQIADT

ECODRT

BGECOSLEAADT-NCCO-NDRT-NECO-N

EDFLBI

LQI

HIS

LET

PEG

FLS

LFI-N

LBI-N

CIS-NFLS-N

LGE-NHIS-N

LET-NLMA-NPEG-N PU

ANEPIQ

24

Outro aspecto importante ao analisar a evolução da demanda pelas vagas da

Instituição, é a ocupação destas vagas e, em especial, as duas vagas adicionais para Índios

e Quilombolas em cada curso. Como se pode observar na TABELA 4 a partir do ano de

2012, com a adoção da seleção através do SISU, a demanda para as vagas adicionais

cresce em todos os cursos.

TABELA 6– Vagas adicionais para Índios e Quilombolas preenchidas nos processos seletivos de 2008 a 2017 para os cursos de graduação da UESC

Curso Turno Tipo Vagas 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Administração MAT BCH 1 0 0 1 1 0 1

Administração NOT BCH 1 1 1 1 1 1 1

Agronomia DIU BCH 2 2 2 2 2 2 2

Biomedicina DIU BCH 2 1 1 1 0 1 1

Ciências da Computação DIU BCH 2 0 1 2 1 2 0

Ciências Biológicas DIU BCH 2 1 2 2 2 2 2

Ciências Biológicas NOT LIC 1 0 1 1 0 1 0

Ciências Biológicas DIU LIC 1 0 1 0 1 1 1

Ciências Contábeis NOT BCH 2 0 2 2 1 2 2

Economia MAT BCH 1 0 1 1 0 1 1

Economia NOT BCH 1 1 1 1 1 1 1

Ciências Sociais NOT LIC 2 0 1 2 1 1 2

Comunicação Social VESP BCH 2 0 1 2 0 1 2

Direito MAT BCH 1 1 1 1 1 2 1

Direito NOT BCH 1 2 1 1 1 1 1

Educação Física DIU LIC 2 2 2 2 2 2 2

Enfermagem DIU BCH 2 1 2 2 1 0 0

Engenharia Civil DIU BCH 2 0 1 2 2 1 0

Eng. de Prod. e Sistemas DIU BCH 2 0 1 0 0 1 1

Engenharia Elétrica DIU BCH 2 1 1 1 2 2 2

Engenharia Mecânica DIU BCH 2 0 1 1 0 0 2

Engenharia Química DIU BCH 2 0 0 1 1 0 2

Filosofia NOT LIC 1 1 0 0 1 1 1

Filosofia VESP LIC 1 0 0 1 1 0 0

Física DIU BCH 2 0 0 0 2 1 0

Física NOT LIC 2 0 0 0 0 0 0

Geografia MAT BCH 2 2 2 1 1 1 2

Geografia NOT LIC 2 0 1 1 2 2 1

História MAT LIC 1 0 1 1 0 0 1

História NOT LIC 1 0 1 1 0 1 1

Letras DIU LIC 1 1 0 1 1 1 0

Letras NOT LIC 1 0 1 1 1 1 1

LEA VESP BCH 2 1 1 2 1 1 2

Matemática DIU BCH 2 1 1 0 1 0 0

Matemática NOT LIC 2 0 2 2 0 2 2

Medicina DIU BCH 2 2 2 2 1 2 2

Medicina Veterinária DIU BCH 2 0 0 2 0 2 2

Pedagogia MAT LIC 1 0 0 1 1 0 0

Pedagogia NOT LIC 1 0 1 1 0 0 1

Química DIU BCH 2 0 0 0 0 0 1

Química DIU LIC 2 0 1 0 1 0 1

UESC 66 21 39 46 35 40 45 Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Reserva de Vagas da UESC.

25

Com esse aumento, a partir do ano de 2013, todos os cursos passam a ter mais

dois candidatos (TABELA 4), porém o aumento na demanda para essas vagas não

significou a aprovação no processo seletivo ou a matrícula efetiva. Na TABELA 6 são

apresentadas as vagas preenchidas em cada um dos cursos. Das 66 vagas adicionais

disponibilizadas em cada processo seletivo, o ano de 2014 foi o que teve maior número

de preenchimento com 45.

A taxa de preenchimento das vagas adicionais para cada um dos cursos é

apresentada na FIGURA 11. Os cursos de Direito, Educação Física e Agronomia foram

os únicos que preencheram 100% das vagas disponibilizadas. Outros com taxa de

preenchimento alta foram os cursos de Medicina, Bacharelado em Biologia, com 91,7%,

e Economia com 83,3%.

FIGURA 11 – Percentual de preenchimento das vagas adicionais para Índios e Quilombolas no período de 2012 a 2017, UESC, 2017


Os cursos com menor taxa de preenchimento foram os da área de exatas. O curso de Física foi o que apresentou as menores taxas, com 0% para a licenciatura e 25% para o bacharelado. Para o curso de Química, percentual foi de 8,3% para o bacharelado e 25% para a licenciatura.

0,08,3

25,025,025,025,0

33,333,3

41,741,7

50,050,050,050,050,050,0

58,358,358,358,3

66,766,7

75,075,075,075,075,0

83,391,791,7

100,0100,0100,0

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

LFI - LICENCIATURA EM FÍSICA

BFI - BACHARELADO EM FÍSICA

EP-ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

EGM- ENGENHARIA MECÂNICA

BIO - BIOMEDICINA

CIC - CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

EFE - ENFERMAGEM

FLS - FILOSOFIA

CSO - LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

HIS - HISTÓRIA

LEA-LÍNGUAS ESTRANGEIRAS APLICADAS ÀS…

ADT - ADMINISTRACAO

CCO - CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LET - LETRAS

BBI - BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AGR - AGRONOMIA

DRT - DIREITO

26

Nos cursos das Engenharias o percentual também foi pequeno, com 25% para Produção e 33,3% para Mecânica e Química. Para Biomedicina e Pedagogia a taxa foi de 41,7%. Para os demais cursos, a taxa foi igual ou superior a 50%.

27

4- PRIMEIROS BENEFICIADOS OS INGRESSANTES DE 2008

No ano de 2008, 13.662 candidatos inscreveram-se no processo seletivo de acesso

aos cursos de graduação da UESC, tendo a maioria, 52,2%, optado pelas vagas destinadas

ao processo universal. Após conclusão do processo seletivo, 1.320 estudantes foram

efetivamente matriculados, dos quais predominaram candidatos optantes pela reserva de

vagas, 50,8%. Porém, apenas 34,2% dos ingressantes tiveram sua matrícula efetivada pela

aplicação da reserva de vagas.

O percentual de ingressos de cotistas inferior aos 50% previstos na Resolução da

Reserva de Vagas, se justifica pela baixa procura dos candidatos do processo universal

pelos cursos de licenciatura e da área de Exatas. A reserva de vagas não foi aplicada

quando o percentual de candidatos cotistas aprovado no curso atingiu 50% das vagas, ou

seja, obteve a aprovação sem a necessidade da reserva de vagas. Assim a Instituição no

processo de cadastro do aluno no sistema acadêmico, o considerou como não cotista. Isso

ocorreu nos cursos de licenciatura em Química, Letras, Geografia, Pedagogia,

Matemática, Filosofia e nos bacharelados em Matemática, Administração, Economia,

Física e Engenharia de Produção (Tabela 7).

Na Tabela 7, também é possível observar que somente nos cursos de licenciatura

em Letras Inglês/Português, Pedagogia, Matemática e bacharelado em Direito ocorram

aprovação nas vagas adicionais para índios e quilombolas. Essa pequena aprovação nas

vagas adicionais para índios e quilombolas pode ser explicada por fatores como: falta de

documentos comprobatórios das condições de indígenas e quilombolas; o primeiro

processo seletivo do sistema da nova forma de seleção e o desconhecimento da existência

da vaga adicional.

Para avaliar o desempenho em cada um dos cursos optou-se por considerar

separadamente os cursos que possuem dois turnos. Porém, nos cursos de bacharelado em

Matemática, Geografia diurno, Geografia noturno, Química, Pedagogia noturno, Letras

(Espanhol/Português), Letras (Inglês/Português) e Letras (Inglês/Português) noturno, não

houve a necessidade da aplicação da reserva de vagas, pois os candidatos obtiveram as

notas necessárias para a aprovação. Portanto, a análise de desempenho foi realizada

28

considerando apenas os vinte e sete cursos que contaram com alunos cotistas e não

cotistas.

TABELA 7 – Ingressantes do vestibular de 2008 da UESC nos cursos de graduação, segundo opção de inscrição no vestibular e com de ingresso efetivo

Forma de inscrição Ingresso Efetivo

Curso PU AN EP IQ

PU RV

LQU Lic. Química 40 56,7 3,3 0 100 0

LIP Letras Inglês/Português 60,7 35,7 3,6 0 100 0

GEO Lic. Geografia 37,5 52,5 10 0 100 0

BMA Matemática 60 36,7 3,3 0 100 0

LEP Letras Espanhol/Português 30,2 50,9 17 1,9 98,1 1,9

PDG Lic. Pedagogia 43,4 43,4 10,8 2,4 97,6 2,4

LMA Lic. Matemática 41,5 53,7 2,4 2,4 97,6 2,4

ADT Administração 49,9 37,7 12,4 0 88,1 11,9

FLS Lic. Filosofia 52,5 37,3 10,2 0 84,7 15,3

ECN Economia 50,5 41,4 8,1 0 83,8 16,2

BFI Física 70 30 0 0 75,0 25,0

EPS Engenharia de Produção 55,9 28,8 15,3 0 55,9 44,1

LEF Lic. Educação Física 43,9 43,9 12,2 0 51,2 48,8

MEV Medicina Veterinária 50 38 12 0 50,0 50,0

MED Medicina 47,5 40 12,5 0 50,0 50,0

LFI Lic. Física 50 45 5 0 50,0 50,0

LEA LEA 50 36,7 13,3 0 50,0 50,0

LBI Lic. Biologia 50 37,5 12,5 0 50,0 50,0

EFE Enfermagem 53,3 35 11,7 0 50,0 50,0

COS Comunicação Social 52 38 10 0 50,0 50,0

CIC Computação 50 38,3 11,7 0 50,0 50,0

CCO Contabilidade 50 36,7 13,3 0 50,0 50,0

BIO Biologia 53,3 33,3 13,4 0 50,0 50,0

BBI Biomedicina 53,3 36,7 10 0 50,0 50,0

AGR Agronomia 46 44 10 0 50,0 50,0

DRT Direito 49 38,2 10,8 2,0 49,0 51,0

HIS Lic. História 50 37,1 11,3 1,6 48,4 51,6

UESC 49 40,2 10 0,8 65,8 34,2 Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Reserva de Vagas da UESC.

No geral, os resultados dos cotistas assumem valores de CRAA próximos dos

observado para os não cotistas (TABELA 8). A maior variabilidade foi observada nos

cursos de Engenharia de Produção e Sistema e bacharelado em Matemática. As menores

notas ocorreram nos cursos da área de exatas. Em 44,4 % dos cursos em que foi aplicada

a reserva de vagas, os cotistas obtiveram desempenho superior aos não cotistas, em quatro

29

bacharelados e oito licenciaturas. Contudo, conforme teste de Wilcoxon1 essas diferenças

não foram significativas.

TABELA 8 – Estatísticas descritivas e teste de Wilcoxon para o Coeficiente de Rendimento Acadêmico Acumulado (CRAA), segundo curso e forma de ingresso, para os ingressantes no vestibular UESC de 2008 avaliados em 2011.2

Média Desvio C,V, Mínimo Mediana Máximo N Teste

Wilcoxon p-valor

C NC C NC C NC C NC C NC C NC C NC

ADT(N) 7,4 6,4 1,0 1,8 13,8 27,4 4,4 2,6 7,7 7,0 8,4 8,2 16 14 0,1417 ADT 7,2 7,5 0,4 0,5 4,9 6,5 6,3 6,9 7,3 7,2 7,7 8,2 18 12 0,3684

AGR 5,3 5,9 1,6 2,0 31,3 33,5 1,9 2,7 5,2 6,4 8,1 8,8 20 21 0,2943

BBI 6,9 7,1 1,0 0,6 14,7 8,4 4,4 6,1 7,1 7,2 8,1 8,0 13 11 1

BFI 5,8 4,0 1,8 0,6 30,8 14,4 4,6 3,6 5,8 4,0 7,1 4,4 2 2 0,333

BIO 7,9 8,1 0,4 0,4 5,6 4,7 6,7 7,4 8,0 8,1 8,3 8,7 12 13 0,271

BMA - 4,3 - 1,89 - 44,2 - 3,3 - 4,2 - 6,2 - 3 -

CCO 7,0 7,1 1,0 1,3 13,9 18,0 5,4 4,1 7,1 7,4 8,1 8,4 12 11 0,5658

CIC 5,6 6,4 1,8 1,6 32,6 24,5 2,1 3,4 6,3 6,6 7,7 8,9 15 19 0,3361

COS 8,2 8,5 0,7 0,5 8,2 5,7 6,6 7,7 8,4 8,7 9,0 9,0 21 16 0,0631

DRT(N) 7,1 7,9 1,1 0,7 15,1 8,2 4,0 6,0 7,4 8,1 8,4 9,0 24 18 0,0163

DRT 7,1 8,1 1,6 0,5 22,3 5,8 2,7 7,3 7,6 8,1 8,3 8,8 20 23 0,0023

ECN(N) 6,9 5,4 0,3 1,9 4,0 34,8 6,7 1,7 6,9 5,1 7,1 8,3 2 33 0,3697

ECN 6,1 5,7 1,4 1,8 23,5 31,8 3,3 1,7 6,4 6,3 7,7 7,9 9 26 0,781

EFE 7,9 8,2 0,6 0,4 7,4 4,5 5,3 7,4 8,0 8,2 8,5 8,8 28 27 0,0156

EPS 3,8 6,0 2,2 1,3 56,8 21,8 0,7 3,2 3,3 6,1 7,5 8,2 19 25 0,0008

FLS(N) 5,0 7,1 - 1,2 - 17,0 5,0 4,2 5,0 7,4 5,0 8,9 1 15 0,2500

FLS 7,6 7,0 0,5 1,5 6,6 21,7 6,9 4,2 7,7 7,8 8,2 8,4 5 11 1,0000

GEO(N) - 6,1 - 1,15 - 18,8 - 3,7 - 6,34 - 7,7 - 11 -

GEO - 7,9 - 0,58 - 7,4 - 6,3 - 7,9 - 8,7 - 16 -

HIS 7,8 7,7 0,9 1,0 11,7 13,1 4,2 4,8 7,9 7,9 8,6 9,0 23 20 0,7817

LBI 7,3 6,7 0,9 1,7 12,3 24,5 5,0 3,1 7,3 7,1 8,5 8,5 17 16 0,5572

LEA 7,4 8,0 1,4 1,0 18,6 12,3 3,7 5,9 7,6 8,5 9,0 8,9 11 13 0,2518

LEF 7,8 7,4 0,7 1,3 8,6 17,9 6,2 3,5 8,1 7,6 8,6 8,7 16 15 0,4945

LEP(N) 7,2 6,9 - 1,0 - 14,9 7,2 4,5 7,2 6,9 7,2 8,4 1 23 0,9167

LEP - 7,3 - 0,98 - 13,4 - 4,5 - 7,6 - 8,7 - 47 -

LFI 5,9 5,4 - 2,2 - 39,9 5,9 3,2 5,9 5,3 5,9 7,8 1 2 1

LIP(N) - 7,4 - 1,2 - 15,6 - 4,5 - 7,7 - 8,7 - 15 -

LIP - 8,0 - 0,9 - 11,6 - 6,3 - 8,2 - 9,1 - 8 -

LMA 7,7 5,7 - 1,4 - 24,0 7,7 3,4 7,7 5,3 7,7 7,9 1 13 0,4286

LQU - 7,2 - 0,9 - 13,0 - 5,1 - 7,4 - 9,3 17 -

MED 7,6 7,9 0,4 0,7 4,7 8,3 6,8 5,5 7,7 8,0 8,3 8,4 20 19 0,0208

MEV 6,5 7,3 0,9 0,7 13,0 9,6 4,6 5,6 6,6 7,4 7,8 8,3 21 17 0,0079

PDG(N) - 7,9 - 1,3 - 16,6 4,2 - 8,4 - 9,1 - 38 -

PDG 8,7 8,2 - 0,7 - 8,0 8,7 6,0 8,7 8,0 8,7 9,3 1 37 0,2632


Para os demais cursos em que os não cotistas apresentaram CRAA superior aos

observados para os cotistas, as diferenças foram significativas apenas em seis: Direito

(diurno e noturno), Enfermagem, Engenharia de Produção e Sistemas, Medicina e

Medicina Veterinária. Essas diferenças assumem valores entre 2,2 para a maior, e 0,3 para

1 Foi utilizado o teste de Wilcoxon porque na análise ao desagregar o desempenho acadêmico por curso, as observações em sua maioria, foram menores que 30, e os dados não assumiram a distribuição normal impossibilitando assim, o uso do teste t de Student.

30

a menor. Chama atenção o fato das diferenças ocorrem em cinco dos cursos com maior

prestígio (acima de 10 candidatos por vagas). A exceção ficou para o curso de Engenharia

de Produção e Sistema, em que a demanda foi de 6,7 candidatos/vaga. Outro aspecto a se

destacar é que essas diferenças significativas favoráveis aos não cotistas ocorreram

apenas nos cursos de bacharelado. Portanto, em 77,8% dos cursos da Instituição não há

diferença no desempenho entre os alunos beneficiados pelas políticas afirmativas de

reserva de vagas e os não cotistas.

A situação dos ingressantes de 2008, nove anos após o início do curso, é

apresentado na Tabela 9. Considerando a forma de inscrição no vestibular, observa-se

que os melhores resultados foram obtidos pelos alunos de escolas públicas (EP) e

autodeclarados negros (AN). Já segundo o ingresso efetivo, dentre os 449 alunos

beneficiados com a reserva de vagas, 283 (63%) já tinham concluíram o curso no primeiro

semestre de 2016, sinalizando um resultado concreto da política afirmativa adotada pela

Instituição. A taxa de conclusão dos não cotistas foi bem inferior, de 54,6%.

Resultados positivos para os cotistas também são observados ao serem analisados

os dados de evasão. A taxa para os não cotistas foi de 41,1%, quase dez pontos maior que

a taxa dos cotistas (33,0%), considerando o ingresso efetivo.

TABELA 9 – Situação acadêmica segundo curso e forma de ingresso, para os ingressantes no vestibular da UESC de 2008 avaliados no segundo semestre de 2016

Segundo Forma de Inscrição Vestibular Ingresso Efetivo

PU % AN % EP % IQ % PU % RV %

Conclusão 345 53,2 322 61,2 89 64,5 2 28,6 475 54,6 283 63,0 Matriculado 20 3,1 18 3,4 8 5,8 0 0,0 31 3,6 15 3,3

Transferência 4 0,6 3 0,6 2 1,4 0 0,0 6 0,7 3 0,7 Evadido 279 43,1 183 34,8 39 28,3 5 71,4 358 41,1 148 33,0

648 526 138 7 870 449 Nota: Evadido inclui matricula cancelada e abandono. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Reserva de Vagas da UESC.

A análise da situação dos alunos ingressantes no vestibular 2008 revela

desempenho melhor dos alunos cotistas, considerando o percentual de conclusão de curso

praticamente idêntico ao dos não cotista, e percentual de evasão, menor.

Quanto ao tempo médio para a conclusão do curso, observou-se uma variação em

função de cada um dos cursos. No geral os resultados foram semelhantes entre os cotistas

(Reserva de Vagas) que permaneceram em média, 10,1 semestres, e 9,9 permaneceram

os não cotistas (Processo Universal), conforme FIGURA12.

31

FIGURA 12 – Tempo médio para conclusão do curso segundo curso e forma de ingresso, para os ingressantes no vestibular da UESC de 2008 no segundo semestre de 2016


0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

ADT

LBI

ECN

EP

LEF

PDG

BIO

MED

EFE

DRT

COS

MEV

CIC

LEA

HIS

AGR

CCO

LFI

BFI

LIP

GEO

LQU

Total UESC

RV PU

32

5- DESEMPENHO AO LONGO DO CURSO

Conforme já mencionado anteriormente, até o ano de 2011 ocorreu um ingresso

menor de alunos cotistas, em função da menor demanda por vagas em alguns cursos,

acarretando a não necessidade da utilização da totalidade da reserva de vagas. A partir do

ano de 2012, o número de alunos ingressos anualmente beneficiados pela reserva de vagas

passa a ser maior, superando sempre os 50% com a aplicação das vagas adicionais para

os Índios e Quilombolas. Esse maior preenchimento das vagas destinadas aos alunos

cotistas se deve à mudança no processo seletivo, com a adoção dos resultados do ENEM,

utilizando o SISU.

Na TABELA 10, é apresentada a situação acadêmica no primeiro semestre de

2017, dos ingressantes do período de 2008 a 2011, ou seja, alunos com mais de cinco

anos de curso (10 semestres). São alunos com tempo de Instituição superior ao padrão da

maioria dos cursos, pois o tempo padrão de duração dos cursos de graduação da UESC

tem entre quatro e cinco anos (8 e 10 semestres); a exceção é o curso de Medicina, com

seis anos.

No primeiro semestre de 2017, ainda estavam matriculados 229 alunos do

processo universal e 294 da reserva de vagas com ingresso no período de 2008 a 2011,

ou seja, com tempo de curso superior a cinco anos, indicando uma retenção do aluno na

Instituição além do tempo previsto para integralização do curso. Do total de alunos com

matrícula superior a cinco anos, os cotistas são maioria.

Considerando o total de alunos ingressantes entre 2008 e 2011 pelo processo

universal, 7,0% ainda estavam com matrícula ativa em 2017. Da mesma forma do total

de ingressantes pela reserva de vagas no mesmo período, 11,9% estavam com matrícula

ativa. Portanto, a taxa de retenção dos alunos cotistas é superior.

Ao analisar os alunos com matrícula cancelada, ou seja, com vínculo com a

Instituição cancelado, o percentual é maior para os alunos não cotistas, com 24,1% contra

20,6% para os cotistas.

Outro aspecto a ser analisado, é que alguns os alunos com ingresso no período de

2008 a 2011 são alunos em situação de abandono. Esses alunos, apesar de não estarem

matriculados no primeiro semestre de 2017, ainda têm vínculo com a Instituição e podem

ter sua matrícula ativada. Nessa situação, o percentual é maior para os alunos do processo

universal, com 17,4% contra 14,4, da reserva de vagas.

33

TABELA 10 - Situação dos ingressantes dos anos de 2008 a 2011 por processo seletivo segundo situação acadêmica no primeiro semestre de 2017, UESC 2017

Ano de ingresso

Situação acadêmica em 2017 (1)

Processo Universal Reserva de Vagas Teste qui-quadrado p-valor (2) Aluno %

Aluno %

2008

Abandono 147 16,9 64 14,3 0,0236 Cancelamento 212 24,4 84 18,7 Conclusão 486 55,9 290 64,6 Falecimento 1 0,1 0 0,0 Matriculado 18 2,1 8 1,8 Transferência 5 0,6 3 0,7

Total 869 100,0 449 100,0

2009

Abandono 112 12,9 71 12,5 0,0193 Cancelamento 230 26,4 127 22,3 Conclusão 498 57,2 337 59,1 Falecimento 0 0,0 1 0,2 Matriculado 25 2,9 33 5,8 Transferência 5 0,6 1 0,2

Total 870 100,0 570 100,0 Abandono 141 19,7 104 14,8 0,0035 Cancelamento 161 22,5 145 20,6 Conclusão 359 50,1 370 52,5

2010 Falecimento 1 0,1 1 0,1 Matriculado 52 7,3 83 11,8 Transferência 2 0,3 2 0,3



Total 803 100,0 753 100,0

2008 a 2011

Abandono 566 17,4 356 14,4 Cancelamento 784 24,1 511 20,6 0,0000 Transferência 17 0,5 6 0,2 Conclusão 1660 51,0 1306 52,7 Falecimento 2 0,1 4 0,2 Matriculado 229 7,0 294 11,9 Total 3258 100,0 2477 100,0

Nota: 1- Não inclui ingressantes por transferência, portadores de diploma e matrículas judiciais. 2- Para a aplicação do teste de qui-quadrado não foram considerados os alunos que se transferiram ou que faleceram. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

Com relação à conclusão do curso, o percentual é maior para os alunos cotistas

com uma taxa de sucesso de 52,7% contra 51% para os não cotistas. Nesse período, 1306

alunos beneficiados pela reserva de vagas obtiveram o título de bacharel ou licenciado.

Para os ingressantes nos anos de 2008 a 2011, o teste de qui-quadrado para a

situação acadêmica no primeiro semestre de 2017 identificou a existência de relação de

dependência com a forma de ingresso (p-valor < 0,05), ou seja, a existência de relação

entre a forma de ingresso e a situação acadêmica. Nesse período, os alunos cotistas

34

obtiveram melhores resultados com maior percentual de conclusão e menores percentuais

de evasão.

Na TABELA 11 é apresentada a situação acadêmica, no primeiro semestre de

2017 dos ingressantes do período de 2012 a 2016, ou seja, alunos com até cinco anos de

curso e com ingresso após a adoção do SISU.


Ano de ingresso

Situação acadêmica em 2017 (1)

Processo Universal Reserva de Vagas Teste qui-quadrado p-valor (2) Aluno %

Aluno %

2012

Abandono 150 19,6 149 17,7 p-valor > 0,10 Cancelamento 181 23,7 222 26,4 Conclusão 205 26,8 225 26,8 Falecimento 1 0,1 0 0,0 Matriculado 221 28,9 243 28,9 Transferência 7 0,9 1 0,1 Total 765 100,0 840 100,0

2013

Abandono 147 19,4 141 17,6 p-valor > 0,10 Cancelamento 250 32,9 308 38,5 Conclusão 46 6,1 51 6,4 Falecimento 1 0,1 1 0,1 Matriculado 309 40,7 300 37,5 Transferência 6 0,8 0 0,0 Total 759 100,0 801 100,0

Abandono 124 13,9 126 13,9 p-valor > 0,10 Cancelamento 337 37,7 340 37,5 Conclusão 8 0,9 6 0,7


Total 895 100,0 906 100,0 Abandono 102 11,9 117 13,2 p-valor > 0,10 Cancelamento 272 31,6 276 31,2 Conclusão 6 0,7 2 0,2

2015 Falecimento 1 0,1 0 0,0 Matriculado 479 55,7 490 55,4


2016 Falecimento 0 0,0 1 0,1 Matriculado 606 70,4 639 70,3 Total 861 100,0 909 100,0 Abandono 641 13,3 633 12,5 p-valor > 0,10 Cancelamento 1224 25,3 1352 26,7 Transferência 14 0,3 2 0,0

2012 a 2016 Conclusão 266 5,5 284 5,6 Falecimento 4 0,1 4 0,1 Matriculado 2681 55,5 2781 55,0 Total 4830 100,0 5056 100,0

Nota: 1- Não inclui ingressantes por transferência, portadores de diploma e matrículas judiciais. 2- Para a aplicação do teste de qui-quadrado não foram considerados os alunos que se transferiram ou que faleceram. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

35

Considerando o total de ingressantes entre 2012 a 2016, com matrícula ativa em

2017, os alunos do processo universal e da reserva de vagas apresentaram percentual

praticamente idêntico, com 55,5% e 55,0%, respectivamente. Resultados muito próximos

também são observados para taxa de conclusão, com 5,5% para processo universal, 5,6%

para a reserva de vagas. Os percentuais de abandono e cancelamento, da mesma forma,

assumem valores próximos para as duas modalidades de ingresso. Os resultados

semelhantes para cotistas e não cotistas são confirmados pelo teste de qui-quadrado que

não identificou a existência de relação de dependência entre a forma de ingresso e a

situação acadêmica (p-valor < 0,05).

A situação acadêmica no primeiro semestre de 2017, dos alunos ingressantes na

UESC, considerando todo o período de vigência da reserva de vagas, 2008 a 2016, é

apresentada na TABELA 12. Para esse período, o teste de qui-quadrado identificou a

existência de relação de dependência significativa entre forma de ingresso e a situação

acadêmica (p-valor < 0,05). Nesse período, os alunos cotistas obtiveram melhores

resultados com maior percentual de conclusão e menores percentuais de evasão.


Ano de ingresso

Situação Acadêmica em 2017 (1)

Processo Universal Reserva de Vagas Teste qui-quadrado p-valor (2)

Aluno %

Aluno % Abandono 1207 16,3 989 14,5 0,0000

2008 a 2016

Cancelamento 1960 26,5 1826 26,8 Transferência 31 0,4 8 0,1 Conclusão 1926 26,0 1590 23,3 Falecimento 6 0,1 7 0,1 Matriculado 2268 30,7 2398 35,2

Total 7398 100,0 6818 100,0 Nota: 1- Não inclui ingressantes por transferência, portadores de diploma e matrículas judiciais. 2- Para a aplicação do teste de qui-quadrado não foram considerados os alunos que se transferiram ou que faleceram. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

O tempo médio gasto para conclusão de cada um dos cursos de graduação,

segundo a forma de ingresso e o tempo de integralização previsto nos projetos

pedagógicos específicos, são apresentados na FIGURUA 13. Em praticamente todos os

cursos, observa-se a ocorrência de tempo de conclusão médio superior ao previsto nos

projetos pedagógicos independente da forma de ingresso.

36

FIGURA 13 – Tempo de integralização previsto e tempo médio para conclusão do curso segundo curso e forma de ingresso, para os ingressantes na graduação da UESC no período de 2008 a 2016, até o primeiro semestre de 2017

Nota: 1- Não inclui ingressantes por transferência, portadores de diploma e matrículas judiciais. 2- Os dados foram gerados antes do término do primeiro semestre de 2017-1. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

Em dezoito dos trinta e três cursos de graduação, os cotistas demoraram mais

tempo até a conclusão do curso (tempo médio maior). O tempo médio de conclusão dos

cotistas foi menor para as licenciaturas em Ciências Sociais, Filosofia, Geografia, Letras

e nos bacharelados em Matemática, Economia, Línguas Estrangeiras Aplicadas às

Negociações Internacionais e nas Engenharias Elétrica, Química e de Produção e

Sistemas. Para os bacharelados de Comunicação Social, Contabilidade e Biologia, o

tempo médio foi o mesmo dos alunos não cotistas.

A TABELA 13 apresenta as estatísticas descritivas para o tempo de conclusão de

curso segundo a forma de ingresso. No geral, observam diferenças pequenas tanto na

média como na mediana em relação à forma de ingresso. Em média, os alunos não cotistas

demoram 9,6 semestres para concluir o curso, e os cotistas 9,7. Ao analisar a mediana,

também se observa tempo menor para os não cotistas com 50% dos alunos demorando 9

semestres e os cotistas, 10, porém, essas diferenças não foram significativas (p-valor >

0,05).

37

TABELA 13 - Estatísticas descritivas e teste de significância para o tempo em semestres, para a conclusão do curso para os ingressos no período de 2008 a 2016, segundo forma e ano de ingresso, UESC 2017

Curso Alunos Média Desvio padrão Mediana Teste W

p-valor PU RV PU RV PU RV PU RV

ADT 108 130 8,6 8,9 1,4 2,0 8,0 8,0 0,1794

AGR 54 40 10,8 12,1 2,5 1,7 11,0 12,0 0,0116

BBI 46 46 9,3 9,3 2,0 2,1 9,0 8,0 0,5267

BFI 9 6 7,3 8,3 2,9 4,6 8,0 8,5 0,7220

BGE 47 48 8,6 8,8 1,5 1,5 8,0 8,0 0,3848

BIO 79 61 8,4 8,6 1,5 1,3 8,0 8,0 0,6350

BMA 5 2 8,0 7,5 2,1 3,5 9,0 7,5 1,0000

BQI 24 15 9,8 10,1 1,5 2,1 10,0 10,0 0,8701

CCO 30 41 9,5 9,5 2,3 1,9 8,5 10,0 0,4406

CIC 59 40 10,0 10,5 2,6 2,4 10,0 9,0 0,4936

COS 81 98 8,6 8,6 1,4 1,4 8,0 8,0 0,8889

CSO 24 34 9,5 9,5 1,3 1,5 10,0 10,0 0,7327

DRT 193 161 9,9 10,4 1,3 1,1 10,0 10,0 0,0001

ECN 90 55 10,2 10,0 2,5 1,6 10,0 10,0 0,9296

EFE 97 92 8,8 9,1 1,4 1,7 8,0 8,0 0,2517

EGE 5 1 10,4 10,0 0,5 0,0 10,0 10,0 0,7237

EGM 2 1 10,5 11,0 0,5 0,0 10,5 11,0 1,0000

EGQ 1 0 11,0 - 0,0 - 11,0 - -

EP 66 21 11,9 11,7 2,3 2,2 11,5 12,0 0,6111

FLS 43 33 10,7 10,0 3,2 1,8 11,0 9,0 0,2947

GEO 66 33 10,1 10,0 2,3 1,9 9,0 10,0 0,1266

HIS 80 89 9,8 9,9 1,7 1,9 9,0 9,0 0,9955

LBI 40 49 9,6 10,4 2,5 2,1 9,0 10,0 0,0362

LEA 55 37 9,7 10,4 1,9 2,4 9,0 10,0 0,1343

LEF 58 68 9,2 9,1 1,6 1,7 8,5 8,0 0,3770

LET 140 75 9,8 9,5 1,8 1,8 9,0 10,0 0,8755

LFI 13 8 6,2 10,1 2,4 2,4 6,0 11,0 0,0053

LMA 28 27 9,6 10,0 2,9 2,4 9,5 9,0 0,4558

LQU 43 9 9,3 9,2 2,3 2,4 9,0 9,0 0,7652

MED 69 71 12,1 12,2 0,5 1,3 12,0 12,0 0,1186

MEV 83 72 10,7 11,4 1,4 1,8 10,0 11,0 0,0283

PDG 188 127 8,3 8,4 1,0 1,0 8,0 8,0 0,7336

Total UESC 1926 1590 9,6 9,7 2,1 2,0 9,0 10,0 0,0795 Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

A comparação do tempo de conclusão de cada um dos cursos somente identificou

diferenças significativa (p-valor <0,05) nos cursos de Agronomia, Direito, licenciatura

em Biologia e em Medicina Veterinária. Nestes cursos, os cotistas apresentaram maior

tempo de conclusão. Assim, nos demais vinte e nove cursos as diferenças no tempo de

conclusão entre cotistas e não cotistas não foi significativa.

38

A evolução das notas médias semestrais dos ingressantes com até cinco anos de

curso (2012 a 2016) é apresentada nas Figuras 11 a 15. Em todos os períodos

considerados, observa-se que as notas dos cotistas e não cotistas assumem

comportamento crescente ao longo dos semestres. As notas médias dos dois grupos

apresentam resultados próximos, com menores valores para os alunos cotistas, porém essa

diferença de desempenho tende a diminuir ao longo do curso.

Para os ingressantes de 2012, a diferença nas notas no primeiro semestre (2012-

1) é de 0,2 em favor dos não cotistas. Ao longo dos semestres, os cotistas apresentam

sempre melhores resultados em relação à média semestral. No décimo semestre, essa

diferença fica em apenas 0,1, conforme FIGURA14.

FIGURA 14 - Evolução das notas médias semestrais dos ingressantes de 2012 com matrícula ativa no primeiro semestre de 2017, UESC, 2017

Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

Para os ingressantes de 2013, alunos com quatro anos de curso, a diferença em

relação à nota entre cotistas e não cotistas no primeiro semestre de curso (2013-1), é de

0,2 em favor dos não cotistas. Ao longo dos semestres essa diferença fica em torno de 0,1

e 0,2 e com oito semestre de curso a nota média dos cotistas supera a dos não cotistas em

01, conforme FIGURA 15.

39

FIGURA 15 - Evolução das notas médias semestrais dos ingressantes de 2013, com matrícula ativa no primeiro semestre de 2017, UESC, 2017.


Para os ingressantes de 2014, alunos com três anos de curso, a diferença em

relação à nota entre cotistas e não cotistas se manteve praticamente constante ao longo

dos semestres, e a evolução das notas apresentou comportamento semelhante, conforme

FIGURA 16.



40

Para os ingressantes de 2015, alunos com dois anos de curso, a evolução das notas

apresentou comportamento semelhante ao dos não cotistas, que obtiveram as médias mais

altas. Porém, ao longo dos semestres, a diferença de desempenho diminui. No primeiro

semestre de curso (2015.1), a diferença em favor dos não cotistas é de 0,6, reduzindo para

0,2 no quarto semestre (2016.2), conforme Figura 17.



Para os ingressantes de 2015, alunos com um ano de curso, a evolução das notas

apresentou comportamento semelhante. No primeiro semestre de curso (2016.1), a

diferença em favor dos não cotistas é de 0,4, reduzindo para 0,2 no segundo semestre

(2016.2), conforme FIGURA 18.

41



A TABELA 14 apresenta a evolução das notas dos alunos com matrícula ativa no

primeiro semestre de 2017, segundo o ano e a forma de ingresso. No geral, observam-se

diferenças pequenas tanto na média como na mediana em relação à forma de ingresso,

com os cotistas com notas menores (exceto para a mediana do período de 2008 a 2011).

TABELA 14 - Estatísticas descritivas e teste de significância para as notas dos alunos com matrícula ativa no primeiro semestre de 2017, com ingresso no período de 2008 a 2016, segundo forma e ano de ingresso, UESC 2017

Ano de Ingresso

Alunos1 Média Desvio padrão Mediana p-valor Teste W 2

PU RV PU RV PU RV PU RV

2008 a 2011 237 303 6,03 5,99 1,21 1,03 6,07 6,11 0,9198

2012 230 252 6,71 6,57 1,33 1,20 6,93 6,73 0,0327

2013 317 396 7,09 6,93 1,29 1,31 7,39 7,22 0,0933

2014 428 435 7,19 6,97 1,30 1,24 7,50 7,31 0,0008

2015 482 493 7,00 6,66 1,45 1,59 7,38 7,06 0,0005

2016 612 643 6,97 6,59 1,87 1,98 7,53 7,18 0,0000

2008 a 2016 2306 2432 6,91 6,64 1,53 1,55 7,26 6,95 0,0000 Nota: 1- Inclui apenas alunos com matrícula ativa no primeiro semestre de 2017. Não são contabilizadas as notas de alunos que concluíram ou cancelaram o curso, ou estavam em situação de abandono. 2- Como os dados não possuem a distribuição normal utilizou-se o teste não-paramétrico de Wilcoxon. Fonte: Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Sistema de Reserva de Vagas da UESC.

42

Nos anos de 2012, 2014, 2015 e 2016, as diferenças entre as notas foram muito

pequenas, porém significativas. Nestes anos, os cotistas obtiveram notas menores. No

ano de 2013, o teste não identificou diferenças significativas. Ao considerar todo o

período de vigência da reserva de vagas, o teste assinala diferenças significativas entre

cotistas e não cotistas, apesar das notas assumirem valores bem próximos. A diferença na

média foi de apenas 0,27, e na mediana, de 0,31, ou seja, ambas inferiores a 5%.

Para os alunos com mais de cinco anos de curso, ou seja, com ingresso entre os

anos de 2008 e 2011, o teste não identificou diferenças significativas no desempenho

acadêmico entre cotistas e não cotistas (p-valor > 0,05). Ressalta-se que, nesse período,

os cotistas apresentaram maior nota mediana. Esse resultado indica que com o passar do

tempo nos cursos o desempenho de cotistas e não-cotista tende a se igualar.

A comissão também está realizando a avalição do desempenho acadêmico

para cada um dos 33 cursos de graduação da Instituição, de forma isolada. Esses

resultados serão apresentados nos próximos relatórios.

43

6- CONCLUSÕES

A implantação do Sistema de Reserva de Vagas na UESC, de forma geral, não alterou o perfil da população demandante pelas vagas nos cursos da graduação da instituição. O que ocorreu foi uma divisão em dois grupos, com características distintas, conforme a opção feita de processo seletivo, se reserva de vagas ou universal.

Com isso ocorreu um rearranjo da demanda para cada um dos cursos com concorrências distintas, conforme a opção reserva de vagas ou processo universal. Nos cursos de maior prestígio (maiores demandas historicamente), a concorrência passou a ser maior para os candidatos do processo universal.

Se pela ótica da demanda ocorre apenas um rearranjo em dois grupos, para os ingressantes efetivos ocorre uma mudança forte no perfil dos discentes da Instituição em todos os cursos, com a inclusão de camada da população anteriormente excluída. As cotas possibilitaram o acesso a cursos de elevada demanda e prestígio como os cursos de Medicina e Direito.

A avaliação do desempenho acadêmico dos ingressantes na Instituição com a adoção da reserva de vagas apontou resultados semelhantes entre cotistas e não cotistas. Porém, são preocupantes os índices de evasão estudantil, independente da forma de ingresso. Esses resultados indicam a necessidade de um acompanhamento mais efetivo da Instituição e, em especial, dos colegiados como forma de reduzir a evasão e aumentar a taxa de conclusão de curso independe da forma de ingresso.

44

7- RECOMENDAÇÕES

Conforme exposto neste relatório, os estudantes cotistas apresentam demanda na

maior parte (senão todos) dos cursos de graduação da UESC. Foi a partir da política de

reserva de vagas que os estudantes que vivenciam ou vivenciaram desigualdades sociais

alvo das políticas de ações afirmativas, conseguiram adentar a Universidade, inclusive

nos cursos de prestigio. O desempenho dos alunos também se mostrou similar,

demonstrando que argumentos contrários à política de reserva de vagas, baseados na

suposição de um “desnível” entre os estudantes, não possui fundamento.

Neste sentido, a Comissão de Avaliação da Reserva de Vagas da UESC

recomenda que a referida ação, tal como está, seja mantida nos cursos de graduação, uma

vez que responde à proposta de assegurar o acesso ao ensino superior por parte daqueles

que, por motivos de uma desigualdade social e/ou racial estruturais no Brasil, estiveram

fora das universidades e/ou não tiveram oportunidade de participar de uma competição

igualitária.

Assegurar o acesso é o primeiro passo rumo à consolidação de uma política

afirmativa dentro da Universidade, porém, sozinha tal política não garante que as

barreiras sociais e econômicas, impostas a determinados grupos étnico-raciais ao longo

da história do Brasil, sejam superadas. Com este objetivo em mente, esta Comissão

discutiu e discuti outros caminhos para a eficiência e o avanço da referida política.

A partir das análises ocorridas nas reuniões desta Comissão, percebeu-se a

necessidade de um acompanhamento mais efetivo dos estudantes cotistas, uma vez que

os desafios enfrentados por eles não se limitam ao acesso, mas adentram a permanência

na Universidade. Os programas e auxílios existentes nem sempre chegam onde mais se

fazem necessários. Neste sentido, faz-se extremamente urgente que os colegiados dos

cursos estejam mais atentos ao dia a dia dos alunos, cotistas ou não, pois é a partir destes

setores que se encontram mais próximos do e da estudante, que podemos captar

informações cruciais para que uma política de ações afirmativas na UESC seja efetivada.

45

A participação da ASSEST – Assessoria de Assistência Estudantil na Comissão

de Avaliação da Política de Reserva de Vagas da Instituição também é uma estratégia

necessária para o avanço da referida política, uma vez que é a partir da ASSEST que

podemos traçar ações para diminuir as dificuldades encontradas e relatadas pelos

colegiados e alunos da Instituição no que se refere à permanência estudantil no Campus.

Dessa forma, amplia-se a presença desta comissão na universidade e a captação de

informações para relatórios anuais de acompanhamento permanente da situação dos

cotistas na UESC.

Juntos, acesso e permanência podem consolidar uma política de ação afirmativa

voltada para a graduação. Entretanto, enquanto compromisso com a plena igualdade de

direitos e garantia de oportunidades ainda se faz necessário o estudo da adoção de uma

política de reserva de vagas na pós-graduação desta Instituição. Se por muitos anos a

graduação permanecia como um sonho distante para muitos, a pós-graduação ainda figura

como um obstáculo a ser superado.

Dessa forma, acreditamos que a Universidade Estadual de Santa Cruz se consolide

no rol de universidades cientes e cumpridoras de seu papel social frente as lutas contra às

diversas desigualdades.

46

ANEXOS

47

RESOLUÇÃO CONSEPE Nº 64/2006

Institui reserva de vagas no processo seletivo para os cursos de graduação da UESC e dá outras providências.

O Presidente do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE, no uso de suas atribuições, considerando o deliberado na 63a. Reunião Ordinária do CONSEPE, realizada no dia 20 de dezembro de 2006,

RESOLVE

Art. 1º - Instituir reserva de vagas em todos os cursos de graduação da UESC, a serem preenchidas conforme estabelecido neste artigo:

I – 50% (cinqüenta por cento) das vagas de cada curso e em cada turno na seguinte ordem de prioridade:

a) estudantes que tenham cursado todo o Ensino Médio e os últimos quatro anos do Ensino Fundamental em escola pública, sendo que, deste percentual, 75% (setenta e cinco por cento) serão destinadas aos estudantes que se autodeclararem negros;

48

b) havendo, ainda, vagas remanescentes do percentual indicado na alínea a, as mesmas serão destinadas aos demais candidatos.

II – Em cada curso serão admitidas até 02 (duas) vagas além das estabelecidas, desde que sejam destinadas a índios reconhecidos pela FUNAI ou moradores de comunidades remanescentes dos quilombos, que tenham cursado os últimos quatro anos do Ensino Fundamental e o Ensino Médio integralmente em escolas públicas e que tenham sido classificados no Processo Seletivo, observada a ordem de classificação.

§ 1º - A reserva de vagas será aplicada nas eventuais chamadas subseqüentes à matrícula dos candidatos convocados em primeira chamada.

§ 2o - No cálculo de 50% das vagas

reservadas, ocorrendo número decimal, a aproximação dar-se-á em favor das vagas reservadas.

§ 3º - Nos cursos em que,

independentemente do processo de reserva de vagas estabelecido no inciso I, haja uma percentagem de classificados dos grupos sociais objeto da reserva igual ou superior às percentagens estabelecidas, o processo seletivo do Concurso Vestibular não levará em conta o percentual aqui constante de reserva de vagas.

Art. 2º - Os 50% (cinqüenta por cento) referentes às vagas não reservadas, bem como as vagas reservadas eventualmente não preenchidas nos termos desta resolução, serão ocupados por candidatos de qualquer etnia e procedência escolar, igualmente selecionados pelos critérios do Processo Seletivo da UESC.

Art. 3º - A classificação quanto à procedência (escola pública ou privada) e etnia decorrerá das

49

declarações (feitas de forma irrevogável) pelos candidatos nos formulários de inscrição do Processo Seletivo.

§ 1º - Perderá o direito à vaga e terá sua matrícula cancelada o candidato selecionado em relação ao qual se constate, no ato da matrícula ou posteriormente, em qualquer época, ter prestado informações não condizentes com a realidade quando da inscrição.

§2º - O candidato que não declarar expressamente sua etnia e a natureza pública da escola de origem será considerado como não concorrente às vagas reservadas.

Art. 4º - A condição de candidato proveniente de escola pública deverá ser comprovada quando da matrícula na Universidade.

Art. 5º - O candidato selecionado em decorrência do previsto no inciso II do Art. 1º terá que comprovar, por ocasião da matrícula, a condição declarada de índio reconhecido pela FUNAI ou morador das comunidades remanescentes de quilombos, registrado na Fundação Cultural Palmares, perdendo o direito à vaga se não o fizer.

Art. 6º - O candidato optante por concorrer às vagas destinadas às cotas estabelecidas no Art. 1º submeter-se-á às normas gerais e comuns do Processo Seletivo, exceto pelo fato de que, durante a classificação, os candidatos serão divididos em dois blocos: o dos optantes e o dos não-optantes por concorrer às vagas destinadas às cotas.

50

Art. 7º - A Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC implementará, em virtude do ingresso dos estudantes cotistas, programas de apoio e de acompanhamento que assegurem/potencializem sua permanência qualitativa na Universidade.

Art. 8º - As ações e políticas afirmativas de que trata a presente Resolução vigorarão continuamente por um período de 10 (dez) anos, com acompanhamento permanente e avaliação anual por comissão constituída para tal, após o qual deverá ser feita uma reavaliação, redefinindo as metas e critérios, se for o caso.

Art. 9º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade, 21 de dezembro de 2006.

ANTONIO JOAQUIM BASTOS DA SILVA

PRESIDENTE

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