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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL
DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADE
LABORATÓRIO DE MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
RELATÓRIO PARCIAL PIBIC/CNPq
SELETIVIDADE DE AGROTÓXICOS REGISTRADOS PARA A CULTURA DO ARROZ IRRIGADO À PARASITÓIDES DE OVOS
DE INSETOS-PRAGAS
Bolsista: Matheus Rakes
Orientador: Prof. Dr. Anderson Dionei Grützmacher
Pelotas, Fevereiro de 2016
1
SUMÁRIO
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO..................................................................32. INTRODUÇÃO..........................................................................................43. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................54. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................95. CONCLUSÃO.........................................................................................156. PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS ATIVIDADES DE OUTROS PROJETOS....................................................................................................................166.1. CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DO HOSPEDEIRO ALTERNATIVO Anagasta kuehniella....................................................................................166.2. CRIAÇÃO DO PREDADOR Chrysoperla externa................................176.5. CRIAÇÃO DO HOSPEDEIRO Euschistus heros..................................177. REFERÊNCIAS......................................................................................188. PUBLICAÇÕES COM O ORIENTADOR................................................21
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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: Matheus Rakes
E-mail: [email protected]
Orientador: Prof. Dr. Anderson Dionei Grützmacher
E-mail: [email protected]
Unidade: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
Departamento: Fitossanidade
Título do projeto: “Seletividade de agrotóxicos utilizados na cultura do arroz irrigado à parasitoides de ovos de insetos-praga”.
Processo CNPq: 119144/2015-8
Vigência da bolsa: Início - Agosto de 2015
Fim - Julho de 2016
Data: Fevereiro de 2016
Nº do projeto na UFPel: 6712
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2. INTRODUÇÃO
O arroz (Oryza sativa L.) (Poaceae) é um dos cereais mais produzidos e
consumidos em todo o mundo, desempenhando papel estratégico no aspecto
econômico e social (AZAMBUJA et al., 2004). O Brasil um grande produtor desse
grão, produzindo aproximadamente 11 milhões toneladas de arroz. Nesta safra, é
esperada uma queda em produção de 7,7%, devido a intempéries climáticas
ocorridas no estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (CONAB, 2016).
Em cultivos irrigados de arroz, a presença de insetos praga representa um
fator que compromete enormemente o rendimento das lavouras (CHEN et al.,
2011). Estima-se que de 10% a 35% da produção é perdida devido à presença
destes organismos na lavoura (MARTINS et al., 2000; MARTINS et al., 2004). Os
insetos que podem atingir o status de praga primária no arroz irrigado na região
sul são: a bicheira-da-raiz-do-arroz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima)
(Coleoptera: Curculionidae); a lagarta-desfolhadora, Spodoptera frugiperda (J. E.
Smith) (Lepidoptera: Noctuidae); o percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris
Stal, percevejo-dos-grãos, Oebalus poecilus (Dallas) (Hemiptera, Pentatomidae)
e mais recentemente a lagarta-da-panícula, Mythimna sequax (Franclemont)
(Lepidoptera, Noctuidae) (REUNIÃO, 2012).
Nesse âmbito, destacam-se como agentes no controle biológico os
parasitoides de ovos, tanto de lepidópteros quanto de percevejos, Telenomus
podisi Ashmead, 1893 (Hymenoptera: Scelionidae) e Trichogramma pretiosum
Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). A atuação conjunta de inimigos
naturais - ou pela presença natural desses agentes biológicos ou de maneira
artificial pela introdução de espécies exóticas - e aplicação de agrotóxicos
seletivos é considerada uma excelente alternativa no manejo de insetos-praga de
diversos agroecossistemas (POLANCZYK et. al., 2006). Um agrotóxico seletivo
pode ser definido como aquele que controla a praga visada, com o menor
impacto possível sobre os outros componentes do ecossistema, isto é, deve
apresentar baixo impacto sobre inimigos naturais nas mesmas condições em que
a praga visada é efetivamente controlada (DEGRANDE et al. 2002).
O Guia da IOBC (International Organization for Biological and Integrated
Control of Noxious Animals and Plants) apresenta uma metodologia que envolve
testes de laboratório e de campo que fornece suficiente informação para
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especificar, em classes, o efeito adverso de um agrotóxico em um organismo
benéfico, essas informações são de total importância para que se estabeleça um
programa de manejo integrado de pragas, pois o uso de substâncias seletivas
que controlem as pragas sem causar efeitos negativos sobre os organismos
benéficos é essencial no manejo integrado de pragas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos de seletividade com os parasitoides de ovos T. podisi e
T. pretiosum foi conduzido no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas
(LabMIP) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da Universidade
Federal de Pelotas (UFPel), em Capão do Leão, RS, segundo padrões técnicos
da International Organization for Biological and Integrated Control (IOBC). Para a
realização dos bioensaios, os insetos foram provenientes de uma criação massal
estabelecida em laboratório, cuja metodologia está descrita a seguir:
CRIAÇÃO DO PARASITOIDE DE OVOS Trichogramma pretiosum
Adultos de T. pretiosum foram criados em cilindros de vidro, com 25 cm de
comprimento por 10 cm de diâmetro, mantidos em câmara climatizada (25 ± 2ºC,
75±15% UR, fotofase de 14 horas a 500 Lux). Como alimento foi oferecido 3 g de
gelatina mais 100 ml de água destilada em 200 g de mel, acondicionado em
seringa de farmácia de 5ml e conservado em geladeira a 4±2ºC.
Foram oferecidos ovos de Anagasta. kuehniella (Zeller, 1879)
(Lepidoptera: Pyralidae) como hospedeiro e alimento três vezes por semana. Um
terço dos ovos parasitados foi mantido nos cilindros com o objetivo de dar
continuidade na criação, os 2/3 restantes serão empregados nos experimentos de
seletividade.
Ovos frescos de A. kuehniella (idade de 1 dia), obtidos na criação massal
serão colados em papel branco (círculos com diâmetro = 10 mm para a
população inicial dos tubos de emergência; diâmetro = 15 mm para o parasitismo
nas gaiolas).
Após o preparo, será válido por 3 semanas, e não tóxico ao parasitoide.
Também serão utilizadas cartelas de cartolina azul, que receberão os ovos da
traça através do pincelamento com goma arábica 50% (Parra, 1997).
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CRIAÇÃO DO PARASITOIDE DE OVOS Telenomus podisi
Os parasitoides são criados e multiplicados seguindo metodologia
adaptada de Peres e Corrêa-Ferreira (2004). Em uma sala com ambiente
controlado (25±1 C°; 70±10%UR; fotofase de 14 horas) os parasitoides
permanecem em gaiolas, com cerca de 50 fêmeas/gaiola, confeccionadas com
tubos de vidro (30 x 10 cm) fechados em suas extremidades por tampões de
cortiça cobertos com tecido preto. Em cada extremidade um pedaço de 5 cm será
coberto por fita preta para permitir o mais fácil manuseio dos insetos sem que
escapem da gaiola e prover um refúgio a luz. Os parasitoides são alimentados
com um filete de mel em pedaços de cartolina e a eles serão oferecidos ovos de
E. heros diariamente, oriundos da criação citada anteriormente. São oferecidos
aproximadamente 1.200 ovos para cada 40 fêmeas de parasitoides com mais de
dois dias de emergência, para garantir que as fêmeas tenham copulado, com
posturas coladas agrupadas sobre um substrato de cartolina, por um período de
exposição de 6 horas. Parte dos ovos parasitados é destinada a testes de
seletividade e parte formará novas gaiolas para manutenção da criação.
Foram avaliados, sobre adultos destes parasitoides 24 agrotóxicos (Tabela
1) registrados no AGROFIT (2015) para a cultura do arroz e/ou arroz irrigado, por
meio de bioensaios com inseticidas, herbicidas e fungicidas e um tratamento
testemunha (água destilada) para cada bioensaio. As dosagens empregadas
correspondem às máximas de registro (Tabela 1), ajustadas num volume de 200
L ha-1.
Para o bioensaio de seletividade a adultos de T. podisi, Os tratamentos
foram aplicados diretamente sobre placas de vidro (13 x 13 cm) por meio de
pulverizador manual, Guarany® Ultrajet 500 mL, calibrado para depositar
1,75±0,25 mg de calda por cm2 . As bordas das placas foram protegidas por
estrutura quadrada plástica, de modo que somente a área medindo 10 x 10 cm
central fosse pulverizada. Após período de secagem, as placas foram fixadas por
presilhas em gaiolas de exposição padronizadas pela IOBC, constituída por
moldura quadrada de alumínio (13 x 1,5 x 1,0 cm de cada lado). Três lados da
moldura apresentavam seis orifícios de ventilação (1,0 cm de diâmetro cada),
cobertos internamente por tecido de cor preta para evitar a saída dos
parasitoides.
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Tabela 1. Agrotóxicos registrados para cultura do arroz e/ou arroz irrigado
utilizados em bioensaios de seletividade sobre Telenomus podisie
Trichogramma pretiosum. Capão-do-Leão, RS, 2015.
Produto comercial Ingrediente ativoFormulação e
concentraçãoI
Dose do
p.c./haII
Inseticida
Altacor® clorantraniliprole WG 350 0,0857
Belt®* flubendiamida SC 480 0,15
Boveril® Beauveriabassiana WP -- 0,50
Engeo Pleno tiametoxam+lambda-cialotrina SC 141+106 0,20
Incrivel® acetamiprido+alfa-cipermetrina SC 100+200 0,25
KarateZeon® 50 CS lambda-cialotrina SC 50 0,15
Klap® fipronil SC 200 0,06
Metarril® Metarhiziumanisopliae WP -- 0,50
Micromite® 240 SC diflubenzurom SC 240 0,10
Mustang® 350 EC zeta-cipermetrina EC 350 0,04
Safety® etofenproxi EC 300 0,30
Herbicida
Aminol® 806 2,4-D Amina SL 806 1,50
Aura® 200 profoxidim DC 200 0,85
Facet® quincloraque WP 500 0,75
Gladium® etoxissulfurom WG 600 0,133
Heat® saflufenacil WG 700 0,14
Fungicida
Aproach® Prima picoxistrobina+ciproconazole SC 200+80 0,40
Brio® epoxiconazole+cresoxim-metílico SC 125+125 1,00
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Dithiobin® 780 WP tiofanato-metílico+mancozebe WP 140+640 2,50
Eminent® 125 EW tetraconazol EW 125 0,50
Folicur® 200 EC tebuconazol EC 200 0,75
Fox®* trifloxistrobina+protioconazol SC 150+175 0,50
Nativo® 300 SC trifloxistrobina+tebuconazol SC 100+200 0,75
Priori Xtra® azoxistrobina+ciproconazol SC 200+80 0,30
*Agrotóxico sem registro para a cultura do arroz e/ou arroz irrigado, mas utilizado no sistema produtivo agrícola em várzea. IFormulação e concentração (g/L ou g/kg) - EC: emulsão concentrada; EW: óleo emulsionável; DC: concentrado dispersível; SC: suspensão concentrada; SL: concentrado solúvel; WG: granulado dispersível; WP: pó molhável. IIDose do produto comercial (p.c.) (L ou kg de p.c./ha).
Para o bioensaio de seletividade a adultos de T. podisi, Os tratamentos
foram aplicados diretamente sobre placas de vidro (13 x 13 cm) por meio de
pulverizador manual, Guarany® Ultrajet 500 mL, calibrado para depositar
1,75±0,25 mg de calda por cm2. As bordas das placas foram protegidas por
estrutura quadrada plástica, de modo que somente a área medindo 10 x 10 cm
central fosse pulverizada. Após período de secagem, as placas foram fixadas
por presilhas em gaiolas de exposição padronizadas pela IOBC, constituída por
moldura quadrada de alumínio (13 x 1,5 x 1,0 cm de cada lado). Três lados da
moldura apresentavam seis orifícios de ventilação (1,0 cm de diâmetro cada),
cobertos internamente por tecido de cor preta para evitar a saída dos
parasitoides. O quarto lado foi constituído de dois orifícios: um de 3,5 x 1,0 cm
para introduzir alimento (mel puro) e ovos de Euchistus heros (Fabricius, 1794)
(Heteroptera: pentatomidae) para parasitismo e outro de 1,0 cm de diâmetro
para conexão do tubo de emergência. As superfícies das placas de vidro que
receberam a calda constituíram o fundo e a cobertura interiores da gaiola. As
superfícies externas não tratadas das placas foram cobertas com papel preto,
com um quadrado central (7,0 x 7,0 cm) removido, a fim de concentrar os
parasitoides com o produto em teste nessa região, em razão da atração pela
luminosidade.
Os tubos de emergência contendo os parasitoides de ± 24 horas de
idade foram conectados às gaiolas de exposição para entrada dos insetos.
Após 20 horas, aproximadamente, desconectaram-se os tubos de emergência e
as ofertas de ovos de E. heros (± 50 ovos), em cartelas identificadas, aos
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parasitoides nas gaiolas ocorreram em 24, 48 e 72 horas após os tubos de
emergência terem sido conectados. Após período total de 96 horas, o
experimento foi encerrado e as cartelas de ovos foram individualizadas e
armazenadas em mesma condição do teste para verificar o parasitismo.
Para os ensaios de seletividade a adultos de T. pretiosum, Posturas de
Anagasta kuehniella (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidae) parasitadas por T
Pretiosum (±250±50 ovos) foram depositadas em tubos de emergência,
contendo gotículas de mel que, devidamente fechados, foram armazenados em
ambiente controlado, a uma temperatura de 25±1ºC, umidade relativa de
70±10% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos parasitoides. As demais
especificidades metodológicas adotadas para pulverização dos agrotóxicos,
introdução dos parasitoides às gaiolas e desconexão dos tubos de emergência
foram as mesmas supracitadas no bioensaio com T podisi.
As ofertas de ovos de A. kuehniella em cartelas (cada cartela com três
círculos de 1 cm de diâmetro, com 450±50 ovos) aos parasitoides nas gaiolas
ocorreram em 24 (três cartelas), 48 (duas cartelas) e 96 horas (uma cartela)
após os tubos de emergência terem sido conectados. Após período total de 168
horas, o experimento foi encerrado e as cartelas de ovos identificadas foram
transferidas para placas de Petri (9,0 x 1,5cm) e armazenadas na mesma
condição do teste para verificar o parasitismo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cálculo da redução no parasitismo em comparação ao tratamento
testemunha foi efetuado por meio da equação RP(%)=[(1 – Vt/Vc) * 100],em que:
RP(%) é a porcentagem de redução no parasitismo; Vt é o parasitismo médio
para o tratamento e Vc é o parasitismo médio da testemunha. Com base nesses
resultados, os agrotóxicos foram classificados de acordo com as normas
padronizadas pela IOBC em: classe 1: inócuo (RP<30%); classe 2: levemente
nocivo (30%≤RP≤79%); classe 3: moderadamente nocivo (80%≤RP≤99%); classe
4: nocivo (RP>99%).
Os resultados obtidos referentes ao número médio de ovos parasitados
por fêmea dos parasitoides foram submetidos ao teste de normalidade de
Shapiro-Wilk. Não atendida essa pressuposição, foi realizada análise de
variância (ANOVA) não-paramétrica de Kruskal-Wallis e, após comprovação da
9
existência de diferença entre os tratamentos as médias foram comparadas pelo
teste de Dunn, em nível de 5% de probabilidade de erro. Na existência de
normalidade dos dados, as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott,
em nível de 5% de probabilidade de erro. Utilizou-se o software estatístico R
3.2.0 (R Development Core Team, 2015) para a execução das análises.
Foram observadas diferenças significativas na redução do parasitismo por
T. podisi e T. pretiosum entre os tratamentos inseticidas avaliados (Tabela 2).
Clorantraniliprole, flubendiamida, diflubenzuron e os inseticidas biológicos à base
de Beauveria bassianae Metarhizium anisopliae não diferiram do tratamento
testemunha e classificaram-se como inócuos (classe 1).
Tabela 2. Efeito de inseticidas registrados para a cultura do arroz e/ou arroz
irrigado e inseticidas biológico sobre o número médio de ovos parasitados por
fêmea, redução do parasitismo de Telenomus podisie Trichogramma pretiosume
classificação da seletividade. Temperatura: 25±1ºC; UR: 70±10%; Fotofase: 14
horas. Capão do Leão, 2015.
Ingrediente ativo
Telenomus podisi Trichogramma pretiosum
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
Bioensaio1
clorantraniliprole 5,73±0,65 a# 1,72 1 24,384,53 a* 0,05 1
l-cialotrina+tiametoxam 0,000,00 c 100,00 4 0,000,00 b 100,00 4
l-cialotrina 0,12±0,08 bc 97,90 3 0,000,00 b 100,00 4
Fipronil 0,000,00 c 100,00 4 0,000,00 b 100,00 4
Etofenproxi 1,82±0,13 b 68,82 2 0,000,00 b 100,00 4
Testemunha 5,83±0,32 a -- -- 24,390,83 a -- --
Bioensaio2
flubendiamida 5,36±0,60 a## 0,00 1 17,461,62 a** 9,71 1
Beauveria bassiana 5,98±0,31 a 0,00 1 19,043,97 a 1,54 1
acetamiprido+
a-cipermetrina1,67 ± 0,07 b 64,97 2 0,670,27 b 96,55 3
10
Metarhizium anisopliae 4,34±0,35 a 9,04 1 23,045,21 a 0,00 1
diflubenzurom 4,70±0,87 a 1,56 1 17,541,53 a 9,32 1
z-cipermetrina 0,01±0,01 c 99,73 4 0,000,00 b 99,99 4
Testemunha 4,77±0,73 a -- -- 19,342,00 a -- --
1Agrotóxico sem registro para a cultura do arroz e/ou arroz irrigado, mas utilizado no sistema produtivo agrícola em várzea. I#Resultados comparados por Análise de Variância (ANOVA) não paramétrica (Kruskal-Wallis H= 21,2010, p-valor= 0,0007), seguido de Teste de Dunn (p<0,05). I*Resultados comparados por Análise de Variância (ANOVA) não paramétrica (Kruskal-Wallis H= 21,8216, p-valor= 0,0006), seguido de Teste de Dunn (p<0,05). I##Resultados comparados por ANOVA (Teste F= 17,4249, p-valor= <0,0001), seguido de Teste deScott-Knott (p<0,05).I**Resultados comparados por ANOVA não paramétrica (Kruskal-Wallis H=17,5981, p-valor= 0,0073), seguido de Teste de Dunn (p<0,05).IIRedução no parasitismo em comparação a testemunha. IIIClasses da IOBC/WPRS para teste de seletividade, em que: 1= inócuo (<30%), 2= levemente nocivo (30-79%), 3= moderadamente nocivo (80-99%), 4= nocivo (>99%). Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferiram significativamente.
A inocuidade de clorantraniliprole foi relatada para T. pretiosum e a outras
espécies de parasitoides de ovos como Trichogramma dendrolimi Matsumura, Trichogramma chilonis Ishii ee, Trichogramma japonicum Ashmead, quando expostas a resíduos secos do agrotóxico (PREETHA et al.,
2009; BRUGGER et al., 2010;). Do mesmo modo, flubendiamida é inofensivo a
organismos não alvos, como predadores e parasitoides (TOHNISHI et al., 2005;
SUDHANAN et al., 2014). Inseticidas pertencentes ao grupo químico das
diamidas atuam sobre receptores de rianodina, que ao impedir as contrações
musculares normais do inseto provocam sua morte. Esses compostos mostram-
se ser bastante seletivos, já que agem mais especificamente em insetos
fitófagos, principalmente os da ordem Lepidoptera (STECCA et al., 2014).
Ainda, são considerados seguros a inimigos naturais (LAHM et al., 2006), visto
que sua ação por contato é pouca e ocorre principalmente por ingestão, como
evidenciado em testes de seletividade que os expõem a resíduos secos de
agrotóxicos.
Diflubenzurom foi igualmente seletivo a Telenomus remus Nixon (Hymenoptera: Scelionidae) (CARMO et al., 2010) e T. pPretiosum (Carvalho et
al., 1994). Inseticidas reguladores de crescimento apresentam a capacidade de
matar especificamente o inseto-alvo e preservar os agentes de controle
biológico, visto que os hormônios que desencadeiam o processo fisiológico da
muda diferem entre ordens taxonômicas dos insetos, o que comumente ocorre
entre pragas e seus inimigos naturais (CARMO et al., 2010). Além disso, tais
compostos afetam estágios imaturos de insetos durante todo o processo de
muda e, como isso, adultos de espécies não-alvo, como parasitoides e
11
predadores, raramente são afetados (BASTOS et al., 2005). Lufenurom,
triflumurom enovalurom, pertencentes ao grupo químico benzoiluréia, assim
como diflubenzurom, também foram descritos como inofensivos a T. pretiosum
(CARVALHO et al., 2010) e podem ser recomendados para programas de
manejo integrado de pragas.
Já os inseticidas etofenproxi, acetamiprido+a-cipermetrina foram
enquadrados como levemente nocivos (classe 2) a T. podisi, com número de
ovos parasitados por fêmeas de 1,82 e 1,67, representando redução de
parasitismo em relação a testemunha de 68,82 e 64,97%, respectivamente. Em
contrapartida observou-se que para T. pretiosum esses inseticidas foram mais
nocivos, sendo que acetamiprido+a-cipermetrina classificou-se em
moderadamente nocivo (classe 3) e etofenproxi como nocivo (classe 4), com
respectivas reduções elevadas no parasitismo de 96,55 e 100,00% (Tabela 2).
Lambda cialotrina reduziu o parasitismo de T. podisi e T. pretiosum em
97,90 e 100,00%, respectivamente, enquanto que Lambda-
cialotrina+tiametoxam, fipronil e z-cipermetrina reduziram em 100,00% quando
comparados ao tratamento testemunha, classificando-se como nocivos (classe
4) a ambos os parasitoides (Tabela 2).
Inseticidas neurotóxicos, como dos grupos químicos dos Piretroides e
Neonicotinoides, são geralmente classificados como compostos menos seletivos
aos parasitoides de ovos T. podisi e Trichogramma spp. (OLIVEIRA et al. 2013).
Essa toxicidade pode ser atribuída ao fato desses produtos atuarem no sistema
nervoso dos insetos e causarem a rápida morte dos mesmos após o contato.
Alguns piretroides, no entanto, podem ser classificados de forma diferente,
dependendo do inseticida taxa testados ou da fase de desenvolvimento do inseto.
Não se observou diferença estatística significativa no número médio de
ovos parasitados por fêmeas de T. podisi e T. pretiosum entre os tratamentos
herbicidas testados, de modo que todos os herbicidas classificaram-se como
inócuos (classe 1), com redução no parasitismo variando entre 3,60 e 22,04%
quando comparados com a testemunha (Tabela 3).
12
Tabela 3. Efeito de herbicidas registrados para a cultura do arroz e/ou arroz
irrigado sobre o número médio de ovos parasitados por fêmea, redução do
parasitismo de Telenomus podisie, Trichogramma pretiosume classificação da
seletividade. Temperatura: 25±1ºC; UR: 70±10%; Fotofase: 14 horas. Capão do
Leão, 2015.
Ingrediente ativo
Telenomuspodisi Trichogrammapretiosum
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
2,4-D Amina 5,09±0,43*NS 6,62 1 22,691,24**NS 6,99 1
Profoxidim 5,17±1,32 5,16 1 19,613,58 19,63 1
Quincloraque 4,68±0,22 14,10 1 22,372,61 8,34 1
Etoxissulfurom 4,30±0,36 21,02 1 23,525,72 3,60 1
Saflufenacil 4,36±0,88 19,94 1 19,022,84 22,04 1
Testemunha 5,70±0,33 -- -- 24,400,92 -- --
2*Resultados comparados por Análise de Variância (ANOVA) (Teste F= 0,3967, p-valor= 0,8446, NSANOVA não significativa [p>0,05]). I**Resultados comparados por ANOVA (Teste F= 0,442, p-valor= 0,8118, NSANOVA não significativa [p>0,05]). IIRedução no parasitismo em comparação a testemunha. IIIClasses da IOBC/WPRS para teste de seletividade, em que: 1= inócuo (<30%), 2= levemente nocivo (30-79%), 3= moderadamente nocivo (80-99%), 4= nocivo (>99%).
Quanto à toxicidade de fungicidas não se observou diferença estatística
significativa no número médio de ovos parasitados por fêmeas de T. podisi,
sendo classificados como inócuos ao parasitoide (Tabela 4). De modo geral,
para T. pretiosum foi observada maior nocividade dos fungicidas
13
comparativamente ao efeito sobre T. podisi, sendo que t-metílico+mancozebe,
tetraconazol, trifloxistrobina+tebuconazol, tebuconazol e
azoxistrobina+ciproconazol classificaram-se como levemente nocivos (classe 2)
(Tabela 4). Já picoxistrobina+ciproconazole e trifloxistrobina+protioconazol
enquadraram-se como moderadamente nocivos (classe 3). Somente
epoxiconazole+c-metílico foi inócuo (classe 1) para ambos os parasitoides.
Tabela 4. Efeito de fungicidas registrados para a cultura do arroz e/ou arroz
irrigado sobre o número médio de ovos parasitados por fêmea, redução do
parasitismo de Telenomus podisie classificação da seletividade. Temperatura:
25±1ºC; UR: 70±10%; Fotofase: 14 horas. Capão do Leão, 2015.
Ingrediente ativo
Telenomus podisi Trichogramma pretiosum
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
Ovos/fêmea
(x±EP)IRP(%)II CIII
Bioensaio1
epoxiconazole+c-metílico 3,99±0,37NS# 9,41 1 20,032,06 b* 24,60 1
t-metílico+mancozebe 3,73±0,18 15,29 1 7,370,86 d 72,26 2
tetraconazol 5,08±0,68 0,00 1 5,390,86 d 79,71 2
trifloxistrobina+tebuconazol 4,94±0,25 0,00 1 14,091,81 c 46,97 2
Testemunha 4,41±0,31 -- -- 26,572,02 a -- --
Bioensaio2
picoxistrobina+ciproconazole 4,74±0,52NS## 13,35 1 0,450,25 d** 98,16 3
tebuconazol 4,49±0,67 17,97 1 5,410,66 bc 77,70 2
trifloxistrobina+protioconazol 4,54±0,25 16,95 1 0,990,31 cd 95,92 3
azoxistrobina+ciproconazol 4,65±0,81 15,01 1 16,972,76 ab 30,07 2
Testemunha 5,47±0,39 -- -- 24,271,06 a -- 1
$Agrotóxico sem registro para a cultura do arroz e/ou arroz irrigado, mas utilizado no sistema produtivo agrícola em várzea. I#Resultados comparados por Análise de Variância (ANOVA) (Teste
14
F= 2,1349, p-valor= 0,1267, NSANOVA não significativa [p>0,05]).I**Resultados comparados ANOVA não paramétrica (Kruskal-Wallis H=17,2000, p-valor= 0,0018), seguido de Teste de Dunn (p<0,05). I##Resultados comparados por ANOVA (Teste F= 0,4993, p-valor= 0,7367, NSANOVA não significativa [p>0,05]). I**Resultados comparados por ANOVA não paramétrica (Kruskal-Wallis H=17,2000, p-valor= 0,0018), seguido de Teste de Dunn (p<0,05). IIRedução no parasitismo em comparação a testemunha. IIIClasses da IOBC/WPRS para teste de seletividade, em que: 1= inócuo (<30%), 2= levemente nocivo (30-79%), 3= moderadamente nocivo (80-99%), 4= nocivo (>99%). Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferiram significativamente.
5. CONCLUSÃO
Os inseticidas com os ingredientes ativos, clorantraniliprole,
flubendiamida, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e diflubenzurom
foram classificados como inócuos (classe 1). Para T. podisi, l-cialotrina
classificou-se como moderadamente nocivo (classe 3), já etofenproxi e
acetaprimido+a-cipermetrina, levemente nocivo (classe 2), já para T. pretiosum,
I-cialotrina e etofenproxi, classificaram-se como nocivos (classe 4), e
acetaprimido+a-cipermetrina como moderadamente nocivos (classe 3). Os
agrotóxicos contendo z-cipermetrina, fipronil e l-cialotrina+tiametoxam como
ingredientes ativos foram classificados como nocivos (classe 4) para ambos
parasitoides.
Os herbicidas utilizados nos bioensaios, não diferiram estatisticamente
quando comparados com a média de ovos parasitados pela testemunha por
ambos parasitoides, sendo assim, estes, foram classificados como inócuos
(classe 1).
Já os bionensaios contendo fungicidas apresentaram baixa toxicidade
para T. podisi, classificando-se como inócuos (classe 1). Já para T. pretiosum,
os fungicidas que contém em sua formulação os ingredientes ativos: t-
metílico+mancozebe, tetraconazol, trifloxistrobina+tebuconazol, tebuconazol e
azoxistrobina+ciproconazol classificaram-se como levemente nocivos (classe
2). Porém, picoxistrobina+ciproconazole e trifloxistrobina+protioconazol 15
enquadraram-se em moderadamente nocivos (classe 3). O ingrediente ativo
epoxiconazole+c-metílico classificou-se como inócuo (classe 1) à esse
parasitoide.
6. PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS ATIVIDADES DE OUTROS PROJETOS
6.1. CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DO HOSPEDEIRO ALTERNATIVO Anagasta kuehniella
Para a realização dos experimentos de seletividade com Chrysoperla
externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) e Trichogramma pretiosum
(Riley, 1879) (Hymenoptera: Trichogrammatidae), necessita-se de ovos para que
estes predem e se alimentem sucessivamente, e que seja possível a avaliação da
eficiência de predador no controle natural de insetos-praga sob efeito ou não de
um produto químico.
O método utilizado para criação em laboratório da presa alternativa
Anagasta A. kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) foi o mesmo preconizado
por Parra (1997). A criação em Pelotas-RS no Departamento de Fitossanidade da
FAEM/UFPel teve início através de ovos provenientes da criação existente em
Piracicaba-SP no Departamento de Entomologia da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP).
Os insetos são criados em bandejas onde são confeccionadas
semanalmente 15 exemplares, coloca-se uma dieta de 1Kg de farinha de trigo
para panificação em cada uma. Na sequência após se espalhar
homogeneamente a farinha no recipiente, são espalhados 0,4 gramas de ovos de
A. kuehniella. As bandejas são tampadas e vedadas com fita adesiva (durex)
para evitar o escape e levadas para a sala de imaturos que permanece a 22°C e
Umidade Relativa de 70 ± 10% onde vão permanecer mais ou menos 45 dias. 16
Após esse período começa a saída de formas adultas, então as bandejas
devem ser levadas para outra sala (sala de adultos) onde vão ser aspirados das
bandejas e colocados em gaiolas. As gaiolas são compostas por tubos de PVC
contendo uma tela de nylon na parte inferior e uma tela de tecido na parte
superior fixadas por borrachas.
Os ovos são coletados diariamente, limpos e posteriorente são
inviabilizados, se forem utilizados para experimentos ou mantidos viáveis para
novamente semear, mas para ambas as finalidades os ovos são armazenados
em BOD a 14°C para se manterem conservados até o momento de serem
utilizados.
6.2. CRIAÇÃO DO PREDADOR Chrysoperla externa
Os insetos utilizados nos bioensaios foram provenientes de uma criação
massal estabelecida em laboratório (temperatura de 25±1ºC, umidade relativa
70±10% e fotofase 14 horas), onde as larvas foram alimentadas com ovos de A.
kuehniella e os adultos através de uma dieta artificial, conforme descrito por Vogt
et al. (2000). Larvas de C. externa foram criadas individualmente em tubos de
vidro de 8,5 cm altura x 2,5 cm de diâmetro, onde ficaram mantidas até pupação.
Como alimento foram fornecidos ovos de A. kuehniella.
Aproximadamente 5 dias após a pupação, as pupas foram removidas dos
tubos e transferidas para gaiolas de acrílico (15,5 cm de altura e 18,5 cm de
diâmetro), fechadas com papel toalha em ambas as extremidades, onde foram
criados os adultos. Foi oferecida água destilada por capilaridade e uma dieta
artificial para alimentação.
Duas vezes por semana, a água e a dieta foram substituídas, e o papel
toalha com as posturas foi removido, sendo os ovos inoculados nos tubos, onde
ocorreu a eclosão das larvas, iniciando-se um novo ciclo do predador.
6.5. CRIAÇÃO DO HOSPEDEIRO Euschistus heros
Os insetos foram criados em potes plásticos de 6,0 L contendo na tampa
uma abertura coberta por tecido tipo voile. Adultos e ninfas a partir do terceiro
ínstar receberam como alimento vagens de feijão e amendoim, foi fornecido
também água ad libitum fornecida em tubos Ependorff de 1,5 mL cobertos por
17
algodão. Foram coletados diariamente os ovos depositados em pedaços de
tecido de algodão, de aproximadamente 13 x 10 cm, oferecidos como substrato
de oviposição aos adultos em idade reprodutiva. Os ovos são destacados do
tecido e parte deles foi destinada a criação de parasitoides e testes de
seletividade no LabMIP e outra parte foi destinada a prover ninfas para a
manutenção da criação. As ninfas foram criadas em caixas gerbox com papel
filtro no fundo e receberão até o segundo instar somente vagens de feijão como
alimento. Os ovos destinados aos parasitoides foram fixados a retângulos de
cartolina com cola branca escolar e após esta estar seca expostos ao
parasitismo. Quando foi necessário os ovos eram armazenados por até 10 dias
em refrigerador a uma temperatura de 5°C, após esse período eram destinados
à bioensaios e testes de seletividade antes ou após o parasitismo.
18
7. REFERÊNCIAS
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