Relato memorial sobre a minha educação

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FIP – FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS IESP – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR POTIGUAR ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA RELAÇÕES INTERPESSOAIS E PSICOGENÉTICAS NATAL – RN JANEIRO/2008

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Relato sobre minha vida educacional desde a infância até a pós graduação acrescido de detalhes pessoais paralelos a essas etapas de minha história.

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FIP – FACULDADES INTEGRADAS DE PATOSIESP – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR POTIGUAR

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

RELAÇÕES INTERPESSOAIS E PSICOGENÉTICAS

NATAL – RNJANEIRO/2008

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CÉLIA MARIA DE OLIVEIRA TAVARES

RELATO MEMORIAL SOBRE MINHA EDUCAÇÃO: eu me descobrindo e a escola me transformando

Relato memorial apresentado a Faculdades Integradas de patos – FIP, como parte dos requisitos para obtenção de notas na disciplina Relações Interpessoais Psicogenéticas do curso de Psicopedagogia.

Professora: Marlete Euná de Melo

PUREZA – RN2008

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Joice e Joabe

Aos meus filhos Joabe e Joice Júlia, e ao meu esposo João Maria, razões da luta incessante em defesa de melhores dias

Joca e Célia

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AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, que me deu força e coragem para enfrentar os

obstáculos da vida.

A minha família, pela compreensão e incentivo, por mais um caminho trilhado, na

busca da construção do conhecimento.

A minha profª Marlete Euná de Melo, que com sua sabedoria me contagiou de

otimismo e determinação.

E a todos que direta e indiretamente fizeram parte dessa jornada.

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SUMÁRIO

1- Relato memorial sobre minha educação: a escola me transformando................06

2- A história da minha educação...............................................................................07

3- Minhas origens......................................................................................................07

4- Minha trajetória escolar.........................................................................................08

5- Os percalços da profissão....................................................................................13

6- Considerações finais.............................................................................................16

7- Sobre a autora.......................................................................................................17

8- Referências...........................................................................................................18

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RELATO MEMORIAL SOBRE A MINHA EDUCAÇÃO:

a escola me transformando

CÉLIA MARIA DE OLIVEIRA TAVARES

[email protected]

Convido você a fazer uma viagem sem se levantar da cadeira: lendo e

acompanhando, como num passeio, esse relato que é a ponte de livre acesso para

as diferentes vivências e caminhos percorridos na minha trajetória educacional.

Quando conclui o 2° grau, estava sem expectativas em relação ao ingresso

na faculdade, ainda não tinha descoberto a minha vocação profissional. Mas de uma

coisa eu tinha “certeza”, não queria ser professora. Eu ficava me perguntando: -

Faço vestibular para quê?

Parar de estudar, jamais! Na minha cabeça, eu fantasiava as mais belas

profissões. Pensei prestar vestibular de medicina ou de odontologia, mas logo

desisti, pois não conseguia manter os custos (a faculdade era privada), e eu vinha

de uma família de 11 irmãos, em que todos eram estudantes e dependentes de uma

única renda salarial: a do meu pai. Enfim, optei por Serviço Social, porém sem saber

ainda da minha vocação. Infelizmente, ou felizmente não consegui a classificação e

fiquei um ano sem estudar, no ano seguinte tentaria novamente.

A minha mãe muito influenciou na minha escolha profissional, ela sempre

dizia que a profissão de professor é bela e digna como outra qualquer, e o caminho

mais fácil quando se é pobre (sem recurso financeiro). E foi por meio de seus apelos

que decidi estudar pedagogia e seguir a carreira do magistério.

Hoje estou concluindo uma pós-graduação: especialização em lingüística na

UnP – Natal, estou finalizando minha monografia e prestes a receber o título. Nesse

mesmo momento estou conseguindo conciliar outra pós-graduação: psicopedagogia

pela FIP – Paraíba, com as aulas sendo ministradas em Pureza. A faculdade veio

até nós.

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Nessa minha trajetória educacional, no curso de psicopedagogia, mais

precisamente na disciplina Relações Interpessoais em Psicopedagogia tive a

oportunidade de conhecer a técnica da autobiografia e com ela posso relatar um

pouco de mim, do meu processo formativo, incluindo as etapas de minha

experiência escolar desde a educação infantil até a pós-graduação. No entanto, é

impossível deixar de citar alguns fatos que dizem respeito aos contextos familiares,

sociais e políticos, que fazem parte do percurso da minha história e estão

registrados no livro da minha existência, e com os quais procuro narrar e descrever

por meio de recordações significativas da minha experiência educativa e que muito

contribuíram para a minha construção identitária.

A HISTÓRIA DA MINHA EDUCAÇÃO

Faço minhas as palavras de Paulo Freire: “toda educação deve contribuir

para transformação”. Assim vou tentando deixar a minha contribuição, buscando e

sentindo a necessidade de fazer algo em benefício daqueles que anseiam por

transformações e por uma educação digna

Transcrevo aqui parte da minha história, que foram relevantes na minha

trajetória educacional e na transformação pela qual me identifico hoje.

MINHAS ORIGENS

Nasci em 05 de setembro de 1961 na cidade de Gov. Dix-sept Rosado, no

Rio Grande do Norte, uma pequena cidade do Oeste

Potiguar. Sou a sétima de onze filhos dos meus pais.

Nascemos todos nessa cidade, onde a escolarização não

era muito progressiva, havendo nessa época apenas o

ensino fundamental (antigo primário).

Quando completei cinco anos de idade, minha família

mudou-se para a cidade de Mossoró, para que nós

pudéssemos estudar e os meus irmãos mais velhos

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prosseguirem com os estudos, inclusive já havia uma de minhas irmãs estudando e

morando em Mossoró, em casa de parentes.

Meus pais só estudaram o antigo primário, mas sempre fizeram o possível

para que nós estudássemos. Hoje, quase todos têm uma formação educacional,

exceto dois dos meus irmãos, que não souberam valorizar os esforços dos meus

pais pela nossa educação.

Moramos em vários bairros de Mossoró, na condição de inquilinos, até

podermos adquirir a casa própria através do sistema habitacional COHAB e em

consequência disso, passei por diferentes escolas.

MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR

Aciono agora um fascinante elemento do nosso cérebro; aquele que abriga

nossos registros, artigos e documentários de experiências vivenciadas: a memória.

E o que é a memória senão, a capacidade que temos de nos lembrarmos de

um objeto ou de um fato que se distanciou com o tempo. Essa capacidade nos

proporciona a chance de fazermos uma retrospectiva nas situações pelas quais

passamos, nas decisões que tomamos ou deixamos de tomar e nos acontecimentos

que tiveram impacto e eloquência para que dele nos lembrássemos.

Comecei a estudar aos seis anos de idade em 1968. Nessa época iniciava-se

o ensino infantil com essa idade, e dessa fase pouca me lembro.

Recordo-me que a escola era uma pequena casa de três cômodos e era

conhecido por “Escola Reunida Raimundo Soares”, e situava-se no bairro Boa Vista,

nela eu estudei o primeiro ano fraco e o primeiro ano forte (era assim que se dizia),

e nesse período a escola mudou de endereço, foi para uma casa maior , mas no

mesmo bairro. Também tenho lembrança do fardamento que era composto de saia

azul-marinho toda pregueada e abaixo dos joelhos; camisa branca de mangas

curtas com um bolso na altura do peito esquerdo, com o nome da escola gravado

numa espécie de timbre, e calçava meias brancas com congas1. As carteiras eram

conjugadas, comportando dois alunos em cada uma, nas quais a professora 1 Tênis colegial de uso obrigatório.

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colocava menino com menina, que era para não conversarem na hora da aula.

Daqui tenho uma recordação especial, foi onde aprendi a ler, e até hoje guardo na

memória a primeira palavra que li: “bandeira”.

Em 1970, aos oito anos de idade mudamos de bairro e de escola. Dessa vez

fui matriculada em uma escola de nome “Grupo Escolar Manoel Justiniano de Melo”,

era uma escola para filhos de ferroviários, e meu pai era um deles. Lá eu estudei do

segundo ao quarto ano. Das lembranças que ainda guardo, uma diz respeito ao

percurso que fazia de casa para a escola: caminhava por entre os trilhos do trem,

depois para encurtar o caminho e ganhar tempo pegava um atalho por dentro dos

galpões da Rede Ferroviária e saía nos portões da mesma ao lado da escola.

Sempre fui uma boa aluna, respeitava os professores e tirava boas notas, jamais

fiquei em recuperação, porém sempre fui muito tímida, ao ponto de me calar, até

mesmo quando sabia responder as perguntas feitas pelas professoras. Ainda hoje

essa timidez me persegue.

Aos nove anos de idade fui preparada para a 1ª eucaristia, a catequese era

na escola e no final do ano os nossos pais nos levavam para a igreja e nos inscrevia

para a celebração da primeira comunhão. No entanto, um fato bastante

desagradável me marcou. Por questões sociais eu fui rejeitada na igreja e não fiz a

primeira comunhão neste ano, pelo simples motivo de não poder comprar as

vestimentas exigidas pela igreja (vestido branco, sapato e meias brancas). No ano

seguinte seríamos três em minha casa para tal evento e obviamente mais

complicado seria. Entretanto minha mãe conseguiu convencer o padre, para que

nós fizéssemos a 1ª comunhão com o fardamento escolar.

Aos onze anos de idade, em 1973, novamente estava eu mudando de

residência e de escola, agora eu iria para o 5° ano, no Ambulatório José Pereira

Lima, no bairro Alto da Conceição.

A cada nova escola uma nova realidade. Aqui encontrei algumas diferenças

em relação às outras escolas. Agora eu estudava com duas professoras bastante

distintas: uma era meiga e muito querida por todos; a outra um pouco severa e

muito exigente. Nesta escola havia uma cantina onde se vendia lanche, a pessoa

responsável era um senhor muito amável (seu Adonias). Também se obedecia a um

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padrão religioso: orávamos na entrada e na saída, todos os dias. Ao término deste

ano letivo prestei “exame de Admissão”2 com sucesso. Estava apta para ingressar

no curso ginasial.

Por intermédio das amizades feitas na escola e na vizinhança passei a

freqüentar mais a igreja e a fazer parte de grupos religiosos: legião de Maria; grupo

de adolescente/jovens e freqüentava a missa das crianças aos domingos pela

manhã.

O curso ginasial foi um pouco tumultuado,

não em relação à aprendizagem, mas por outros

fatores que aos poucos serão apresentados.

O Centro Educacional Jerônimo Rosado,

mais conhecido por Colégio Estadual de

Mossoró, era na época a escola pública mais

bem conceituada do lugar – o “sonho” de muitos

-. Era uma grande escola, porém não podia

comportar todos os que ali quisessem estudar, e

devido a esse fato haviam os anexos distribuídos

nos diferentes bairros da cidade.

Em 1974, fui matriculada no Anexo II no bairro Alto da Conceição, o mais

próximo de minha casa, nele estudei da 1ª a 4ª série ginasial, gostava de lá, mas

não deixava de sonhar com a “escola mãe”.

Quando estava cursando a segunda série veio a enchente nos desabrigar. O

governo estadual alugou outro prédio, onde funcionou a “União Caixeiral” outra

escola, no centro da cidade, próximo a Catedral de Santa Luzia. De lá tenho

lembranças das aulas de matemática, é como se estivesse ouvindo o professor

falando em “monômio, binômio, trinômio e polinômio”. Ficamos ali até concluirmos a

terceira série, e mais uma vez tivemos de mudar de escola. Fomos para um prédio,

onde funcionou a BENFAM, cujo prédio ficava pertinho do Colégio Estadual, o que

me deixou bem animada. Logo, logo chegaríamos à tão sonhada escola.

2 O exame de admissão era uma avaliação de conhecimento e capacitação, com provas de português, matemática e conhecimentos gerais, para se submeter a outro nível de estudo.

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A escola agora estava bastante distante de casa, andávamos mais ou menos

1 km, porém achava tudo isso agradável, pois a caminhada era só divertimento. Eu

e três amigas íamos sempre juntas, brincávamos com as pessoas nas ruas,

ganhávamos sorvete, picolé, laranja, pão..., às vezes nem percebíamos tamanha

distancia.

Concluí a quarta série em 1977, e finalmente consegui entrar para o colégio

estadual. Estudei “Auxiliar de escritório” – 2° grau, no turno vespertino. Daí, lembro-

me dos desfiles cívicos de 07 e 30 de setembro3. Em 07 de setembro desfilava-se

com o fardamento escolar e em 30 de setembro com trajes alegóricos.

Também tenho lembranças das aulas de Educação Física que eram as cinco

da matina e que um dia fiz confusão com o horário e saí de casa as duas da

madrugada, encontrei a escola ainda fechada, o vigia me falou que ia demorar a

abrir o colégio e eu não tive outra escolha senão ficar sentada no portão

aguardando, “morrendo de medo”, não dava para ir em casa e voltar depois, devido

ser muito distante. Para minha felicidade havia um posto de gasolina em frente a

escola, que era bem movimentado, portanto, eu não me sentia tão só.

Ainda fazia o colegial quando mais uma vez mudamos de residência, agora

seria definitivo, pois íamos para a casa própria, no conjunto habitacional Abolição II,

e bem próximo da escola.

Depois dessa última mudança, estudei mais um ano no Colégio Estadual e

conclui o 2° grau. O próximo rumo, a faculdade.

Fiquei um ano sem estudar, por não ter sido classificada no primeiro

vestibular de Serviço Social. Em 1982 fui classificada no segundo vestibular para o

curso de Pedagogia. A partir daí estava traçada a minha carreira profissional.

E como diz o cantor Martinho da Vila em uma de suas canções: “felicidades

passei no vestibular, mas a faculdade é particular...”. Começava, então mais um

dilema de ordem financeira. Como pagaria a universidade? E os passes do

transporte coletivo para o campus universitário?

3 Em 30 de setembro comemorava-se a libertação dos escravos em Mossoró (primeira cidade a libertar os escravos).

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O campus universitário era muito distante, ficava fora da área urbana, para se

chegar lá, só por meio de transporte. Porém, não desanimei, haveria de ter um jeito

e Deus nos mostrou uma saída. Podíamos estudar pelo programa de crédito

educativo, e foi isso que fiz. Eu e mais dois dos meus irmãos nos inscrevemos. Eu e

meu irmão conseguimos aprovação, minha irmã infelizmente não conseguiu, mas

ela foi muito corajosa e decidida e concluiu a universidade nos quatros anos

previstos, pedindo ajuda a um e outro e até pedindo dispensa de mensalidade. O

meu irmão, mesmo tendo sido aprovado no crédito educativo acabou perdendo, por

não renová-lo na data prevista e conseqüentemente deixou de estudar. Eu fui mais

feliz estudei os quatro anos por conta do governo.

Quanto aos passes estudantil para o transporte da universidade eram doados

por uma irmã que já estava trabalhando.

Eu estudava no turno noturno e já no segundo período fiquei devendo uma

disciplina, que para a minha infelicidade era pré-requisito, ou seja, impossibilitava

pagar outra do terceiro período, mas com tudo isso eu não atrasei o curso, porque

conciliava as disciplinas em atraso no turno matutino. O motivo que me levou esse

fato lamentável e que nos portões do campus montaram uma barraca, onde se

vendia lanches e bebidas, e lá também havia uma televisão sempre ligada nas

novelas globais e eu que sempre fui “noveleira” acabava perdendo a primeira aula, o

que implicou na minha reprovação em História da Educação4.

Sim, para ir à faculdade pela manhã, tinha de acordar cedinho, caminhar até

o centro da cidade que ficava um pouco distante e tentar uma carona até o campus.

Em geral dava certo, e quando não dava, voltava para casa, e nesse ritmo terminei

meu curso.

OS PERCALÇOS DA PROFISSÃO

Conclui o curso de Pedagogia em dezembro de 1985 e colei grau em janeiro

de 1986 e de posse do meu pergaminho travei uma longa batalha até assumir a

profissão de professora.

4 Disciplina do curso de Pedagogia.

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Entre as várias dificuldades que enfrentei, uma delas está relacionada ao

meu estágio acadêmico. O

curso de Pedagogia oferecia

nesta ocasião quatro

habilitações: supervisão

escolar, orientação escolar,

administração escolar e

EDAPE (categoria de

professor), sendo a última a

mais procurada, e por eu

estar irregular no curso não

consegui vaga nesta

habilitação, e tendo que optar por outra escolhi administração escolar, ou seja, me

preparei para ser uma diretora, podendo também ser professora, perdendo algumas

vantagens,como exemplo: o estágio. Eu não estagiei em sala de aula, muito menos

em direção escolar como deveria e sim nas secretarias de escola.

Agora me restava ser aprovada em concurso público para professor, o que foi

outra dificuldade. A primeira tentativa foi em Mossoró a nível estadual, (sem

sucesso). Depois por intermédio de um amigo recebi um convite para lecionar, com

contrato provisório, na cidade de Viçosa/RN, mas acabei não aceitando, pois minha

mãe não aprovava a idéia de me ver trabalhando longe de casa e da família (coisas

de mãe).

Fiquei sem estudo e sem trabalho, e nesse intervalo quase me casei com um

primo, se não tivesse sido traída. Ele, porém casou-se com outra. No entanto, na

cidade onde mora este meu primo, Upanema/RN, fiz algumas amizades e por meio

delas consegui uma vaga para trabalhar em uma escola de lá e aceitei. Fiquei nessa

escola mais ou menos meio ano, e por motivos pessoais saí. Voltei para casa em

Mossoró, e mais uma vez estava eu sem trabalho, sem estudo e também sem

namorado.

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Alguns meses depois, já no ano de 1989 surgiu mais uma vez a oportunidade

de trabalho longe de casa, na cidade de Pureza/RN, dessa vez não deixei passar,

mesmo não tendo a aprovação da minha mãe.

Cheguei a Pureza em 07 de março de

1989, nesse mesmo dia assumi a sala

de aula do 3° ano de magistério como

professora de Metodologia da

Matemática, enfrentei essa missão com

“a cara e a coragem”, pois não tinha

experiência de sala de aula, (reflexos do

estágio).

No início senti dificuldades, mas aos

poucos fui me adaptando. Nessa época

éramos seis professoras de Mossoró no quadro de professores da Escola Estadual

Maria Antonia em Pureza e no ano seguinte fomos

nós que ministramos a “semana pedagógica”,

para todos os professores do município. Era

depositada muita confiança no nosso potencial,

talvez por sermos de fora, e como diz o dito

popular: “santo de casa não faz milagres”.

Daí em diante, segui com o meu ofício de

professora. Trabalhei algum tempo de serviço

prestado a Secretaria Estadual de Educação.

Prestei concurso público por mais duas vezes sem

sucesso. Depois fiquei apenas a serviço da

prefeitura, sempre na função de professora de Português (5ª a 8ª série = 6° ao 9°

ano).

Em 1998, prestei concurso para a Secretaria Municipal de Educação, sendo

eu na época a única professora com ensino superior, fui aprovada e hoje faço parte

do quadro de professores da Escola Municipal Jarbas Passarinho. Sou professora

de Língua Portuguesa do 6° ao 9° ano e estou concluindo o curso de especialização

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em lingüística pela UnP, (fase final – monografia), e cursando psicopedagogia pela

FIP/IESP.

Tive oportunidade de ser aluna de estudiosos como Glícia Azevedo, Camilo

Rosa, Nevinha Pereira, José Romerito, Mª Angélica F. da Cunha e outros no curso

de lingüística. E estou tendo o mesmo privilégio em psicopedagogia com Andrezza

Tavares e Marlete Euná de Melo...

A minha vinda à Pureza estava escrito nas páginas do “livro da minha vida”.

Aqui cheguei, gostei, namorei,

casei, procriei, e aqui continuarei

a minha vida com o meu

trabalho e a minha família.

Conheci Joca Tavares,

meu esposo em 1989, em

1990 já morava com ele, e

somente em dezembro de

2007 contraímos o

sacramento do matrimônio.

Temos dois belos filhos:

Joabe, de 15 anos e Joice, de

10 anos.

Fui professora do meu marido e também de alguns colegas professores, hoje

estamos no mesmo patamar e formamos a turma de Psicopedagogia de Pureza.

Finalizo aqui o relato de trechos importantes da minha história de vida:

estudantil; profissional e social, os quais me foram surpreendentes, pois pude

reavivar o que deveras se encontrava esquecido nas páginas de um “velho” livro

que se desviou no tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Neste trabalho foi feito uma retrospectiva referente a minha vida estudantil,

desde a infância até os dias atuais. O mesmo abordou aspectos sociais e familiares

ocorridos concomitantes a essa trajetória de

vida educacional.

Assim sendo, através da viagem no tempo

proposta pela professora Marlete pude reavivar

momentos felizes e tristes do passado, como

também, mostrar um pouco do meu presente. E

com isso espero poder construir referências

para o momento que estou vivendo e para o meu futuro.

De fato, a nossa vida é sempre marcada por dois tempos: um tempo

cronológico que é mais social e condiz ao nosso cotidiano e um tempo psicológico

que é próprio das nossas impressões, pensamentos e emoções.

Ao fazer esse percurso ao passado pude perceber o quanto essa atividade é

surpreendente e nos proporciona alegria, prazer e otimismo.

Finalmente, quero felicitar os idealizadores dessa técnica tão gratificante que

é a autobiografia.

SOBRE A AUTORA

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CÉLIA MARIA DE OLIVEIRA TAVARES

Nasci na cidade de Gov. Dix-sept Rosado, Rio Grande do Norte. Sou graduada em Pedagogia pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte URRN, de Mossoró, hoje UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Estou concluindo o curso de Especialização em Lingüística pela UnP – Natal/RN, em fase de trabalho monográfico. Estou cursando Especialização em Psicopedagogia pela FIP/IESP- Faculdades Integrada de Patos/ Instituto de Ensino Superior Potiguar. Sou professora de Língua Portuguesa na Escola Municipal Jarbas Passarinho – Pureza/RN. Sou católica praticante e faço parte do ECC – Encontro de Casais com Cristo e da Pastoral do Batismo da Paróquia de N. Sª da Pureza, localizada no município de Pureza/RN. Pretendo com o meu trabalho contribuir na transformação do ser em busca de uma

vida mais digna.

Contatos: [email protected]

fone: (84) 91899709.

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REFERÊNCIAS

FERREIRA, Adir Luiz (org.). Entre flores e muros: narrativas e vivências escolares. Porto Alegre. Sulina. 2006.

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas?: Literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis, RJ. Vozes. 1997.

FREIRE, Paulo. A importancia do ato de ler. São Paulo. Moderna. 2003.