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Anais eletrônicos - XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 1 ISSN 1808-9690 RELATO DE EXPERIENCIA: O CONTEXTO HISTÓRICO DA ESCOLA E COMUNIDADE ESCOLAR SENDO TRABALHO JUNTO COM O MURALISMO MEXICANO Rosana Divina Furtado, 1 Josie Agatha Parrilha da Silva 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa Resumo: O presente resumo tem como objetivo apresentar um relato de experiência realizada no decorrer do PIBID- Artes Visuais, na Escola Estadual Jesus Divino Operário, sob supervisão da Profa. Carla Emilia Nascimento, no ano de 2017. Refere-se a uma aula ministrada para uma turma de 9º ano, com o tema Muralismo. Teve como objetivo trabalhar o histórico da escola junto a um movimento artístico. Para estudos e planejamento da aula, foi utilizado como principal referencial teórico Giulo Carlo Argan (1992) e seu livro Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. O muralismo foi um movimento artístico moderno que surgiu no México no início do século XX, trata-se de uma manifestação artística que preza a exaltação de seu povo e de suas origens. Na aula contextualizamos o movimento mexicano, trabalhando artistas como Diego Rivera, Jose Clemente Orozco e David Siqueiros e apresentamos as obras dos mesmos para uma leitura de imagem. Abordamos, ainda, a semelhança do Muralismo com o trabalho realizado por Poty Lazzarotto, que retrata a história do povo local. Para a realização da atividade prática, trabalhamos o histórico da escola, destacando o propósito que ela foi criada: para suprir a necessidade de educação básica para os filhos dos operários ferroviários. Ao final da realização da atividade prática os alunos realizaram a leitura de imagem, comparando o trabalho realizado por eles com os trabalhos dos muralistas. Assim, ao final da aula, os alunos compreenderam, por meio da retomada do histórico da escola, a relação do muralismo com as questões sociais. Palavras-chaves: Artes Visuais; muralismo; ensino de arte; PIBID Artes Visuais. Introdução Um marco importante na comunidade da Escola Jesus Divino Operário, é a história de sua criação. Idealizada pelo Frei Elias Zulian(1920-1978), como a Escola dos meninos, vinha com o proposto de atender a família dos operários ferroviários que trabalhavam nas oficinas de conserto das máquinas da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. No planejamento do PIBID Artes Visuais com a supervisora Profa. Carla Emilia Nascimento discutiu-se a possibilidade de relacionar esse tema com a Arte. Desta forma, a proposta foi a de trabalhar esse histórico da escola juntamente com um movimento artístico com a o 9º B, no ano de 2017. O movimento artístico escolhido para a intervenção foi o Muralismo, movimento 1 Graduanda em Licenciatura em Artes Visuais, UEPG. 2 Doutora em Educação para a Ciência, UEPG.

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ISSN 1808-9690

RELATO DE EXPERIENCIA: O CONTEXTO HISTÓRICO DA ESCOLA ECOMUNIDADE ESCOLAR SENDO TRABALHO JUNTO COM O MURALISMO

MEXICANO

Rosana Divina Furtado, 1

Josie Agatha Parrilha da Silva2

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Resumo: O presente resumo tem como objetivo apresentar um relato de experiência realizadano decorrer do PIBID- Artes Visuais, na Escola Estadual Jesus Divino Operário, sob supervisãoda Profa. Carla Emilia Nascimento, no ano de 2017. Refere-se a uma aula ministrada para uma turma de 9º ano, com o tema Muralismo. Teve comoobjetivo trabalhar o histórico da escola junto a um movimento artístico. Para estudos eplanejamento da aula, foi utilizado como principal referencial teórico Giulo Carlo Argan (1992) eseu livro Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. O muralismo foi ummovimento artístico moderno que surgiu no México no início do século XX, trata-se de umamanifestação artística que preza a exaltação de seu povo e de suas origens. Na aulacontextualizamos o movimento mexicano, trabalhando artistas como Diego Rivera, JoseClemente Orozco e David Siqueiros e apresentamos as obras dos mesmos para uma leitura deimagem. Abordamos, ainda, a semelhança do Muralismo com o trabalho realizado por PotyLazzarotto, que retrata a história do povo local. Para a realização da atividade prática,trabalhamos o histórico da escola, destacando o propósito que ela foi criada: para suprir anecessidade de educação básica para os filhos dos operários ferroviários. Ao final da realização daatividade prática os alunos realizaram a leitura de imagem, comparando o trabalho realizado poreles com os trabalhos dos muralistas. Assim, ao final da aula, os alunos compreenderam, pormeio da retomada do histórico da escola, a relação do muralismo com as questões sociais.

Palavras-chaves: Artes Visuais; muralismo; ensino de arte; PIBID Artes Visuais.

Introdução

Um marco importante na comunidade da Escola Jesus Divino Operário, é a história de

sua criação. Idealizada pelo Frei Elias Zulian(1920-1978), como a Escola dos meninos, vinha com

o proposto de atender a família dos operários ferroviários que trabalhavam nas oficinas de

conserto das máquinas da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. No planejamento do

PIBID Artes Visuais com a supervisora Profa. Carla Emilia Nascimento discutiu-se a

possibilidade de relacionar esse tema com a Arte. Desta forma, a proposta foi a de trabalhar esse

histórico da escola juntamente com um movimento artístico com a o 9º B, no ano de 2017.

O movimento artístico escolhido para a intervenção foi o Muralismo, movimento

1 Graduanda em Licenciatura em Artes Visuais, UEPG.

2 Doutora em Educação para a Ciência, UEPG.

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artístico muito forte no México que visava o resgate histórico da população como

emponderamento e valorização de sua própria cultura. Unimos assim a história da Colégio Jesus

Divino Operário com o Muralismo. O planejamento foi pensado a partir de aulas sequenciais

sobre o muralismo, o histórico da escola, e, por fim a produção individual dos alunos para formar

um mural.

Objetivos

O objetivo foi elaborado a partir do entendimento da educação significativa de Ausubel

na qual o aluno assimila melhor o conteúdo quando é próximo a ele (MOREIRA, 2003). Assim,

trabalhar o muralismo, que possui grande foco no contexto histórico-cultural da sociedade

mexicana relacionado com o contexto histórico da escola tornaria o movimento muralista, mais

próximo da realidade do aluno. O objetivo principal da proposta foi ampliar o conhecimento

histórico da escola Jesus Divino Operário a partir do muralismo

Desenvolvimento

As aulas foram propostas da seguinte maneira. Uma aula teórica sobre muralismo; uma

aula para o histórico da escola; uma aula para a realização do rascunho e quatro aulas para a

pintura, sendo que a última acabou se estendendo um pouco mais. Sendo trabalhadas as aulas

com a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa (1936), onde cada ponta de um triângulo

corresponde a: fazer, ler, contextualizar, “onde aponta caminhos pelos quais é possível trabalhar a

arte por meio da experimentação estética e prática, sem isolar a obra/imagem de sua realidade

concreta e dos inúmeros significados contidos nela. ” (SILVA, NASCIMENTO). Sendo a ordem

escolhida para trabalhar as aulas foram: contextualizar, ler e fazer, sempre voltando novamente

para a leitura das imagens/produções realizadas.

Na primeira aula foi apresentado aos alunos de forma expositiva dialogada, o conteúdo

sobre Muralismo. O movimento muralista tentou fortalecer de alguma forma revolução que

ocorria naquele pais (ARGAN, 1992). A arte muralista possui alguns pontos centrais onde um

dos itens mais importantes se pautam: a arte deve ter alcance social. Com as exposições sendo

feitas em galerias o seu alcance era limitado, pois grande parte da população não frequentava

esses ambientes. A opção de as pinturas ser realizadas em murais, eram por serem locais públicos

onde se torna mais acessível ao seu público. Possuindo a temática das culturas de seus

antepassados com os povos incas e maias, o período colonial e seu folclore local. Como toda

vanguarda artísticas moderna, visavam pelo novo e romper com a arte acadêmica

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(CAUQUELIN, 2005), produzindo uma arte totalmente mexicana. Foi apresentado aos alunos

imagens das obras de Diego Rivera (1886-1957), Jose Clemente Orozco (1883- 1949) e David

Alfaro Siqueiros (1896-1974) (Figura 1). Em seguida, na mesma aula foi contextualizado com os

murais do Potty Lazaratto (1924- 1998) (Figura 2) artista curitibano que realizava murais e

trabalhava com temáticas da cultura paranaense. Foram realizadas leituras de imagens das obras

apresentadas com os alunos, sempre comentado as características que o muralismo possuía. Nas

figuras 1 e 2, podemos observar as diferenças entre o muralismo mexicano, que em sua maioria

apresentava os mesmo tons e temas representados e a obra de Lazarotto.

Figura 1. David Alfaro Siqueiros. A marchapara a humanidade.

Figura 2. Poty Lazarotto. Monumento aostropeiros. Lapa-PR.

Fonte:https://www.catalogodasartes.com.br/artista/

David%20Alfaro%20Siqueiros%20/

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mon

umento_ao_Tropeiro_Lapa_PR.JPG

A aula seguinte os alunos receberam um texto qual contém o histórico da escola, quem

foi o fundador, proposito da escola, cores da bandeira e o que significam, e, o hino da escola,

sendo feita uma leitura rápida apenas para a explicação do mesmo. Na sequência, os alunos

receberam um questionário que deveriam responder no caderno. (Apêndice 1). Inicialmente esse

momento era para ser de pesquisa, porém a escola não possuía material suficiente para todos os

alunos foi entregue um texto para cada dupla formada. Um dos fatos interessantes de trabalhar o

histórico da escola, foi que os alunos descobriram que a escola possuía uma bandeira e um hino

(só foi escrito e não foi executado).

Com o muralismo e o contexto histórico trabalhado, os alunos puderam começar a trabalhar em

sua produção. A aula foi iniciada com imagens referentes a escola, fotos do interior dela,

desenhos já prontos da planta da escola, imagens do fundador e a imagem da bandeira.

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Inicialmente, os alunos receberam um sulfite tamanho 21x21, onde deveriam elaborar um

rascunho. Nesse rascunho eles deveriam usar os conceitos do muralismo ao fazer uma obra com

o tema da Escola Jesus Divino Operário. Os desenhos foram recolhidos pela pibdiana para

avaliação ao final da aula. Alguns dos exemplos do rascunho realizado pela são a figura 3,

representado o pátio da escola e a Figura 4, que foi realizada a bandeira.

Na

aula seguinte, apresentamos novamente as imagens da escola, e contextualizamos conteúdo sobre

muralismo. Foi entregue para os alunos o rascunho feito na aula anterior. E um recorte de 21x21

de papel paraná para a realização de sua produção final. Nas aulas seguintes os alunos foram

levados para o refeitório para a realização da pintura com tinta guache (Figura 5 e 6).

Ao final da produção e montagem do mural, foi entregue aos alunos um pequeno texto

que falava dos pontos principais do muralismo, para colarem no caderno para melhor fixação do

conteúdo.

Figura 5. Produção em andamento. Figura 6. Produção em andamento

Figura 3. Rascunho pátio da escola. Figura 4. Rascunho bandeira

Fonte: Da autora. Fonte: Da autora.

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Fonte: Da autora Fonte: Da autora

Resultados

Com o intuito de uma produção autoral dos alunos, com o tema do histórico da escola e

da comunidade escolar, todos os alunos colaboraram com a execução da ideia inicial, inclusive na

montagem do mural no pátio da escola. Nas figuras 7 e 8, temos alguns exemplos das produções

dos alunos.

Figura 7. Produto final. Figura 8. Produto final.

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Fonte: Da autora. Fonte: Da autora.

A Figura 7 remete ao tempo das turmas multisseriada e a 8 o pátio da escola. Foi uma

experiência diferente para eles verem a escola com outros olhos. Um dos fatos importantes para

se trabalhar a arte, é entender o contexto histórico qual está inserido, então para o aluno, também

é interessante para ele saber qual é o contexto histórico que ele está inserido, seja da escola ou da

comunidade escolar.

Considerações finais

A turma do 9º B era umas das mais fechadas das três turmas de 9º ano que era

frequentado. Apesar de no começo eles se mostrarem fechados, aos poucos foi se abrindo e

colaborando com a aula. Umas das coisas importantes aprendido com essa experiência, é caso

tenha hino, não levar apenas a letra mas procurar o hino executado também, pois talvez na turma

tenha alunos que não conheciam esse fato. Ao logo da execução dessas aulas, foram realizadas

trocas de aprendizagem estre professoras e alunos.

Referencias:

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CAUQUELIN, Anne. Arte Contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

MOREIRA, Marco Antônio. Linguagem E Aprendizagem Significativa. Disponível em: < https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/39736024/linguagem.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1531620050&Signature=E1aNXydlN%2Fs8ePx14FGDNqpydkY%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DAPRENDIZAGEM_SIGNIFICATIVA_E_LINGUAGEM.pdf> Acesso em: 14 de Jul. de 2018

MURALISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3190/muralismo>. Acesso em: 14 de Jul. 2018.

PARANÁ, Secretaria de Educação do Estado do. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Disponível em: <http://ead.uepg.br/site/wpcontent/uploads/2016/02/LIVRO_ManualdeNormaliza%C3%A7%C3%A3oBibliogr%C3%A1fica.pdf> . Acesso em 17 Ago. de 2017

POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1567/poty-lazzarotto>. Acesso em: 14 de Jul. 2018.

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SILVA, Josie Aghata Parrilha da; NASCIMENTO, Carla Emília. Ensino de Arte: Trilhas e Caminhos Percorridos na Educação Básica e na Formação do Professor. Disponível: < https://seer.utp.br/index.php/a/issue/view/v.%2011%2C%20n.%2029%20%282016%29 > Acesso em: 16 de Jul. de 2018

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Rede Escola. Escola Estadual Jesus Divino Operário EF. Apresentação. Disponível em: <http://www.pgojesusdivinoperario.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1>. Acesso em: 17 de Ago. de 2017

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ANEXO A - ESCOLA ESTADUAL JESUS DIVINO OPERARIO: HISTORICO

1.1 Identificação: A Escola Estadual Jesus Divino Operário localizasse na Praça Frei EliasZulian,216, no Bairro Oficinas, o qual recebeu esta denominação devido à existência das oficinasde conserto das máquinas da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. Ao redor dessasoficinas foram surgindo moradores que construíram suas casas. O bairro foi crescendo tornando-se grande e importante, sendo formado hoje, por diversas vilas.

1.3 Histórico ESCOLAS ISOLADAS: Na procura das origens da Escola Estadual Jesus DivinoOperário, encontramos o que se pode definir como o embrião da mesma, ou seja, as escolasisoladas que atendiam aos alunos da região. Estas escolas isoladas apresentavam no máximo trêssalas de aula de 1ª a 4ª série. Não existia diretor nem pessoal de apoio administrativo, sendo tudoresolvido pelo próprio professor. As turmas eram multi seriadas e o equipamento existenteresumia-se a um quadro de giz e carteiras geralmente duplas. As condições físicas das escolasisoladas eram bastante precárias, podendo-se afirmar que não existia infraestrutura adequada àatividade de ensino. As condições de insalubridade eram igualmente precárias nestas escolas. Aágua era de poço, colocada em baldes na sala de aula ou, quando muito, conservadas em potes debarro. Os sanitários eram de madeira e não se contava com banheiros ou vasos sanitários parauso dos alunos. Não existiam estruturas hierárquicas internas nas Escolas Isoladas e as tarefas docotidiano eram entregues a professora que acumulava todas as funções. Apesar de toda estadrástica realidade, a professora representava uma peça muito importante na condução doprocesso educativo e era tratada com todo o respeito.

A primeira referência que temos sobre as escolas isoladas que formaram a EscolaEstadual Jesus Divino Operário data de 1946 com a Escola Isolada Capão do Cipó, sob aregência da professora Maria do Carmo Magalhães. Também encontramos na mesma região aEscola da Fazenda Experimental do Trigo e a primeira data referente a mesma é 1948, quandoera regida pela professora Aglaé Machado. Em 1954 estas duas escolas foram transferidas para aEscola Reunida da Vila Maria Otília, sendo a responsável a professora Maria do RosárioKnechtel. Na década de 50 a Vila Ferroviária aumentava em muito o número de moradores e ascrianças precisavam de um curso primário próximo de suas casas já que a escola mais próxima eraa Escola Reunida da Vila Maria Otília que se localizava na Rua Padre Anchieta próximo a Igrejade São Vendelino. A Capelania da Rede constatando essa necessidade urgente resolveu numaforma de colaboração com o Estado, construir por conta própria um edifício de alvenaria comtrês amplas salas providas de todo o mobiliário novo e ainda com instalação sanitária moderna.Esta construção foi feita graças a Frei Elias, se idealizador e com a ajuda da comunidade queparticipou doando materiais de construção e também auxiliando na edificação da mesma. Em1956 passou a funcionar a Escola Isolada Jesus Divino Operário, sob a regência da professoraMaria do Rosário Knechtel que viria a ser a primeira diretora. A partir desta data tem início alonga trajetória da Escola Estadual Jesus Divino Operário que durante seus 40 anos de existênciaacumulou fatos memoráveis na história da educação da cidade e sempre permaneceu nalembrança dos que por aqui passaram, seja ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários ou ex-diretores. Todos têm alguma coisa boa para contar do tempo que aqui passaram e foram agentesda história da escola. Decorria o ano de 1958 quando Ponta Grossa, e mais especificamente, oBairro de Oficinas, engalanaram-se com a passagem da Escola Isolada Jesus Divino Operáriopara Grupo Escolar. Tal fato teve um significado marcante para todos que estudavam nesteestabelecimento, pois, com isto, melhores recursos econômicos e educacionais foram carregadospara o Grupo Escolar Jesus Divino Operário. Neste mesmo ano concluíram-se mais cinco salasde aula aumentando assim o espaço e o número de matrículas. Assumiu então a direção em 1958a professora Marlene Benghi que permaneceu no cargo por mais dois anos. Nesta época nãoexistia merenda escolar e o uniforme usado era um guarda-pó branco para alunos e professores.Conforme consta em livro Ata de 13 de setembro de 1957, as professoras contribuíram com umaimportância em dinheiro destinada à limpeza das salas. Entre 1960 e 1990, a Escola passa a serdirigida pelas irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria. Esta congregaçãotem sede em Amparo, Estado de São Paulo. A diretoria do Complexo Escolar passa a sersubordinada à Supervisora Provincial. Em 1968, foi construída mais um ala do prédio, com trêspavimentos, destinada à ampliação das obras do Instituto Educacional que fazia parte de umprojeto da Capelania da Rede Viação Paraná Santa Catarina ( R.V.P.S.C. ) que era construir a

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Cidade Ferroviária dos Meninos, para a formação primária e profissional dos mais desamparadosda classe ferroviária. Este projeto iniciado em 1950 com a fundação da Capelania da Rede ViaçãoParaná Santa Catarina ( R.V.P.S.C. ), pelo então Diretor Cel. José Machado Lopes; parasolucionar seriamente o vasto e urgente problema social - educacional da classe ferroviária. Aigreja São Cristovão sede da Capelania, foi inaugurada em 18 de maio de 1952 e o auditório anexoa escola, que passaria a funcionar como Cine Teatro, iniciou suas atividades em 1956. Em 1958, oInstituto passou a ser oficializado com a inauguração do curso primário. A Escola Doméstica eMoradia das professoras religiosas foi inaugurada em 1961 e integrava o anexo Internato parafilhas de Ferroviários do interior. Finalmente em 1968 foi concedido em caráter condicional peloprazo de 2 anos, através do decreto nº 13490 de 14/12/1968 autorização a partir de 1969 para ofuncionamento do Ginásio Pax como escola particular, tendo como entidade mantenedora aCongregação das Irmãs Franciscanas do Coração Imaculado de Maria. Através do DecretoEstadual nº 665 de 12/08/1971, foi concedido o reconhecimento ao Ginásio Pax, sendo aprimeira turma, composta por 29 alunos. O Grupo Escolar Jesus Divino Operário e o GinásioPax apresentavam um só organograma por constituírem um único conjunto, tendo a mesmaentidade mantenedora; funcionavam no mesmo prédio, estavam separadas unicamente porquestões de regime de funcionamento: o Grupo Escolar Jesus Divino Operário funcionava emconvênio de Cessão de Prédio com o Estado e o Ginásio Pax em regime particular. Era desejo deas dirigentes unir as duas unidades formando uma só, isto é, uma única escola de 1º Graucompleta. Em 11 de agosto de 1971 foi sancionada a lei nº 5.692 que reformulava todo o ensinode 1º e 2º graus no país. A lei, em seu capítulo I, art. 1º coloca que ;o ensino de 1º e 2º graus tempor objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suaspotencialidades como elemento de auto realização, qualificação para o trabalho e preparo para oexercício consciente da cidadania;. O parágrafo 1° coloca que: no ensino de primeiro grau, a partede educação seja exclusiva nas séries iniciais e predominantes nas finais; no ensino de segundograu, predomine a parte de formação especial. No parágrafo 2° aparte de formação especial docurrículo: a) terá o objetivo de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho, no ensino de 1ºgrau, e de habilitação profissional, no ensino de 2° grau. Portanto, de acordo com o que vimosnos artigos acima mencionados, uma das principais inovações da lei, foi a fusão dos ramos deensino médio existente (secundário, industrial, normal, agrícola e comercial), num só, todo eledestinado à terminal idade profissionalizante. A educação profissional passa a ter uma grandeimportância. Ela é encarada como meio de se resolverem problemas graves como, por exemplo,o desemprego, a falta de qualificação profissional e um meio de abertura de oportunidade. Apreocupação da nova lei com a profissionalização não se restringe ao ensino de 2° grau, elaatinge, também, o ensino de 1º grau, onde haveria uma sondagem de aptidões e até mesmo umainiciação para o trabalho, esta conforme as necessidades do mercado de trabalho local ouregional. De acordo com a lei 5692, em seu art. 3°, será necessário que sem prejuízo de outrassoluções que venham a ser adotadas, os sistemas de ensino estimularão, no mesmoestabelecimento, a oferta de modalidade diferentes de estudos integrados por uma base comum e,na mesma localidade: a) a reunião de pequenos estabelecimentos em unidades mais amplas; b) aentrosagem e a Inter complementaridade dos estabelecimentos de ensino entre si ou com outrasinstituições sociais, a fim de aproveitar a capacidade ociosa de uns para suprir as deficiências deoutros. Assim, em consequência desta Lei de Diretrizes e Bases do Ensino inicia seufuncionamento pelo Decreto n° 1925, no Diário Oficial n° 68 de 09/06/1976, o ComplexoEscolar Tenente Carlos Argemiro Camargo - Ensino Regular e Supletivo de 1° Grau, resultanteda reorganização do Ginásio Estadual Tenente Carlos Argemiro Camargo, Centro Pedagógico deArtes Industriais e Economia Doméstica, Grupo Escolar Professor Colares Noturno, GrupoEscolar Maestro Bento Mossurunga e Grupo Escolar Jesus Divino Operário que passa então achamar-se Escola Estadual Jesus Divino Operário Ensino de 1° Grau. Com a extinção em 1981do Colégio Pax, os alunos pertencentes a esta instituição foram transferidos para a Escola JesusDivino Operário, que incorporou como um todo aos alunos de 5ª a 8ª séries finais do 1° grau,conforme Resolução 185/82. Reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado do Paraná,como Escola Estadual Jesus Divino Operário Ensino de 1° Grau em 1984, atualmente o prédioescolar é de propriedade da Mitra Diocesana de Ponta Grossa, alugado pelo governo do Estadodo Paraná, entidade mantenedora do Estabelecimento de Ensino. A outra parte do complexoserve como moradia das Irmãs da Copiosa Redenção, onde funciona, também, o Instituto deFilosofia e Teologia Mater Eclesial FITEME”. Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da

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Educação, n° 9394/96 a Escola passa a chamar-se Escola Estadual Jesus Divino Operário -Ensino Fundamental. O espaço físico atualmente ocupado pela Escola compõe-se de 14 salas deaula; sala de vídeo; uma sala que atende às aulas de contra turno e também ao clube de mães;biblioteca; cantina escolar; cozinha e pátio coberto para refeição; uma instalação sanitáriafeminina; duas instalações sanitárias masculinas; sala dos professores; sala de orientaçãoeducacional; sala de supervisão e mecanografia; secretaria; direção; almoxarifado; sala de merendae anfiteatro.

O FUNDADOR - FREI ELIAS ZULIAN (1920 - 1976): Frei Elias nasceu em Postioma(Itália), diocese de Treviso, no dia 9 de agosto de 1920. No dia 1° de setembro de 1932 foi aceitono seminário de Rovigo. Vestiu o hábito capuchinho em Bassano aos 19 de julho de 1938 e nodia 20 de julho do ano seguinte emitiu os votos temporários. Percorreu o currículo dos estudosem Pádua, Údine e Veneza. Nesta última cidade professou perpetuamente no dia 28 de maio de1944 e foi ordenado sacerdote aos 9 de setembro de 1945, na igreja do Santíssimo Redentor, emVeneza. Poucos foram os lugares onde exerceu o apostolado na Província Vêneta: Údine, Triestee Veneza. No dia 12 de novembro de 1949, chegou como Missionário no Paraná. Nos doisprimeiros anos ensaiou sua pastoral como Vigário paroquial em Barra Fria – Santa Catarina eBandeirantes - Paraná. A 14 de janeiro de 1952 assumiu a Capelaniados Ferroviários com sede emVila Oficinas, Ponta Grossa, para não mais sair dos trilhos até sua morte. No trem, nasvagonetes, nos núcleos ferroviários, na igreja São Cristóvão, Frei Elias não conhecia limites emsua doação pelo bem de seus assistidos. Homem altamente dinâmico. Para o bem-estar de seusferroviários em Vila Oficinas, dirigiu o trabalho nas construções do Colégio do Primeiro Grau,Escola Doméstica, Salão Paroquial, Cine Pax, e a nova matriz. Enquanto as construções seerguiam, seu zelo apostólico o impelia a cultivar com desvelo as almas. Foi Diretor espiritual dosmovimentos de Cursilhos de Cristandade, organizou eficiente a OFS (Ordem FranciscanaSecular) que foi seu apoio em todos os ministérios pastorais. Foi Definidor e EcônomoProvincial. No início de julho de 1976, de madrugada, um princípio de incêndio na casaparoquial, na Vila Oficinas - Ponta Grossa, além de grande susto exigiu demais do já cansadocoração de Frei Elias. Depois de apagado o fogo e cessado o alvoroço, sentiu-se mal.Hospitalizado, constatou-se infarto. Aos poucos ia se recuperando. Porém, no dia 13 de agosto,voltou a sentir-se mal e após ser hospitalizado, em poucas horas já se recuperava. Passoutranquilo a noite do dia 13 para 14 de agosto. Acordando-se, manifestou uma incomum euforia.Lembrou que nesse dia ocorria o 56° aniversário de seu batismo. Pouco depois seu coraçãoparava de pulsar. Seu rosto se recompôs na mais plácida serenidade e parecia iluminado pelosorriso. Sempre demonstrou ser um capuchinho pobre e modesto; um apóstolo ardente edinâmico, um sacerdote caridoso para com os irmãos. Somente a morte o impediu de levar atermo o seu sonho: a cidade dos meninos.

Secretaria da educação. Rede Escola. Escola Estadual Jesus Divino Operário EF. Apresentação.Disponível em:http://www.pgojesusdivinoperario.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1. Acesso em: 17 de agosto de 2017

Hino a Escola

(Letra: José Benhur Kapp e Felipe Remus Musica:Fabiano José de Souza e Fabiano Alves)

Salve Salve Divino Operário

Escola exemplo de educação

Construindo com e trabalho

O futuro desta geração

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Alunos que por aqui passaram

Lutavam para vencer

Hoje, homens respeitados

Gloriosos em seu viver

No passado fostes criança

Lutastes com garra para crescer

Agora tu és vencedor

Na educação e no saber

Salve Divino Operário

Vencedor na educação

TE saudamos com muito respeito

Tu és uma escola padrão

Te saudamos com muito respeito

Tu és uma escola padrão.

E importante lembrar que foi através de um concurso em1983, ano do Jubileu de Prata,criada a Bandeira de nossa Escola, a qual foi representada o ideal de Paz e Bem deixado por FreiElias. O idealizador desta bandeira foi o ex-aluno Carlos Alberto Gomes, qual o filho tambémestudou neste estabelecimento. As cores da Bandeira possuem um significado especial. Vermelho:Representa a vida, o suor e o trabalho que Frei Elias teve para construir esta escola juntamentecom seus amigos, foram anos de trabalhos, lutas e dedicação, tiveram o corpo cansado, as mãoscalejadas pelo esforço de construir um patrimônio escolar. Amarelo: Representa o sol que brilhasobre a escola, aquecendo as almas que nela vivem. Seus raios enchem de amor os coraçõeshumildes e sinceros. E o calor humano que emana dos professores, funcionários e alunos. Azul:Representa o azul celeste, a paz de Deus. Verde: Representa a esperança da realização das ideaisde Paz e Bem. Branco: Representa a pureza, a simplicidade da criança, motivo maior do trabalhorealizado na escola. A frase “PAZ E BEM”, representa o ideal deixado por Frei Elias. Frente aeste processo de valorização e resgate da identidade cultural deste estabelecimento, foi realizadoum concurso para a criação do Hino da Escola, como símbolo do seu 40º aniversario.Destacaram-se neste concurso os alunos Jose Benhur e Felipe Remus, da 6º serie B, autores dohino que representara a Escola em todos os momentos e situações, como símbolo do anseios eesperanças daqueles que fizeram da escola um verdadeiro lar. Seu diretor Prof. Sergio Luiz Ditzieldirige com o mesmo dinamismo e dedicação de seus antecessores. Seguindo a meta traçada porFrei Elias, todos que aqui trabalham: professores funcionários e alunos, procuram beber de suasabedoria, vivendo o ideal deixado por ele.

Fonte: Histórico da Escola. 2010(?)

Anais eletrônicos -XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 12

ISSN 1808-9690

Apêndice 1 – Questões sobre a Escola

O que vem a ser as escolas isoladas?

Por qual motivo era necessária uma escola nessa região?

Em qual ano passou a funcionar s Escola Isolada Jesus Divino Operário?

Quem foi o fundador da Escola Jesus Divino Operário? Comente um pouco sobre a vida

dele.

Quem fez o hino da escola? E qual foi a ocasião em que ele foi feito?

Quem fez a bandeira?

Quais cores a bandeira tem? Cite o significado de cada uma.