Pero vaz de Caminha carta de Histórico - A Relato · O gênero relato histórico tem a finalidade...
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Relato Histórico - A
carta de Pero vaz de
Caminha
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O gênero relato histórico tem a finalidade de documentar as ações humanas ao longo do tempo para preservar a memória coletiva
dos eventos.
Os fatos narrados são reais e envolvem sujeitos, fatos e tempos históricos. O autor de um relato
histórico não se limita a narrar uma história, principalmente quando ele é um historiador, ele busca fontes, reúne e analisa documentos e
utiliza critérios para verificar a veracidade do que está relatando.
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Depoimentos no relato históricoOs escritos dos cronistas e viajantes eram uma tentativa de descrever e
catalogar a terra e o povo recém-descoberto.O autor de um relato histórico utiliza depoimentos de pessoas que
participaram dos fatos, pesquisa documentos, tanto oficiais (leis e outros documentos governamentais) como pessoais (cartas, diários, etc.), e
consulta a obra de outros historiadores sobre o mesmo período. Tudo isso para certificar-se da veracidade do que relata.
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A época de quinhentos é considerada a mais valiosa da literatura portuguesa. Os grandes feitos
do Ultramar, as figuras heroicas, a crítica à própria sociedade foram elementos importantes da
poesia portuguesa quinhentista.
Portugal continuava a ser um país extremamente religioso, marcado por inúmeras procissões e manifestações de fé, através da construção de mosteiros e igrejas; a evangelização dos novos
territórios descobertos é uma das prioridades da Coroa.
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Com o crescente interesse dos europeus pelas terras recém-descobertas, expedições eram organizadas no intuito de descrever e noticiar a respeito das
novas terras.
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O Brasil, descoberto nos anos de 1500, viu surgir nessa época o
embrião de sua literatura: inicialmente com o primeiro documento escrito em terras
tupiniquins e mais tarde com uma literatura influenciada pela
religiosidade e motivada pela ideia de evangelizar os povos que aqui já
estavam.
O autor mais importante da literatura informativa brasileira é Pero Vaz de Caminha. Sua "Carta
ao El Rei Dom Manuel sobre o Achamento do Brasil", além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom nível literário. O texto da carta
mostra claramente o duplo objetivo que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as
aventuras marítimas: a conquista dos bens materiais e a dilatação da fé cristã.
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A célebre carta foi escrita em Porto
Seguro, entre 26 de abril e 2 de maio
de 1500. O escrivão só
interrompeu o trabalho no dia 29,
quando ajudou o capitão-mor a reorganizar os suprimentos da
frota.
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[...]Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito,
segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães
das naus a esta nau do Capitão - mor, onde falaram entre si.E o Capitão - mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia
homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos
sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
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[...]Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães
escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que --
para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
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[...]A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e
bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de
mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência.
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[...]Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e
eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências.
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[...]Até agora, não pudemos saber se há ouro ou prata nela,
ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são
muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das
águas que tem!
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PRINCIPAIS RELATOS HISTÓRICOS NO BRASIL-COLÔNIA:
✣ A Carta, de Pero Vaz de Caminha;✣ O Diário de navegação, de Pero Lopes de Sousa (1530);✣ O Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa
Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo (1576);
✣ O Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587);✣ Os Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes
Brandão (1618);✣ As cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros
séculos de catequese;✣ A História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627);✣ As Duas viagens do Brasil, de Hans Staden (1557);✣ A Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry (1578).
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MARCADORES TEMPORAIS E ESPACIAIS
Para que o leitor possa acompanhar com precisão o desenrolar dos acontecimentos em um relato,
utilizam-se marcadores temporais e espaciais. Ao longo do texto, esses marcadores permitem ao leitor
localizar os fatos no tempo e no espaço.
Assim, o relato histórico informa, por exemplo:
✣ datas, horários ou períodos do dia em que os acontecimentos ocorreram;
✣ nomes de locais onde se desenrolam os fatos relatados.
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[...]
“A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos
entre as Canárias, mais perto da Grã- Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E
domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o
dito de Pero Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal
acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!”
[...]
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TEMPOS VERBAIS DO RELATO HISTÓRICO
Por registrar fatos que já ocorreram, o relato histórico utiliza com muita frequência os tempos verbais do
passado. Há autores, porém, que preferem utilizar o presente do indicativo para referir-se a fatos do passado. Esse uso do presente do indicativo em lugar do pretérito
chama-se presente histórico. Ele tem o efeito de realçar os acontecimentos para que o leitor tenha a
impressão de estar observando o acontecimento enquanto é contado.
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Prof Marina Ferreira
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