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RELAÇÃO UNIVERSIDADE E EMPRESA COMO PROPULSORA DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DA REGIÃO DE CURITIBANOS/SC Andreia Pereira Universidade do Contestado (UnC) E-mail: [email protected] Debora Aparecida Almeida Universidade do Contestado (UnC) E-mail: [email protected] Área temática: 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho. RESUMO: Esta pesquisa procura recolher elementos para o estudo e analisar relações entre universidade e empresas para que seja possível que acadêmicos, empresários e professores situem-se neste contexto. O presente estudo busca analisar e discutir as seguintes questões: Há relações de quaisquer espécies, entre Universidade e empresas da Região de Curitibanos? Se há, quais são e de que modo são estabelecidas? Qual importância da Universidade, no ponto de vista da população pesquisada? A UnC e as empresas têm colaborado para desenvolvimento de ações inovadoras na região? O objetivo geral foi analisar a relação Universidade-Empresa dentro do contexto da região de Curitibanos, considerando os cursos com maior atuação no setor produtivo regional. Os objetivos específicos foram: pesquisar fatores e níveis de relação Universidade-empresa; analisar o papel da Universidade diante desse quadro; verificar as falhas e dificuldades desse processo de relacionamento; e relacionar os principais atores que proporciona a relação universidade-empresa, considerando a efetiva relevância de suas ações. A pesquisa foi permeada por um estudo descritivo delineado por levantamento bibliográfico e de campo. A primeira etapa da pesquisa compreendeu uma revisão bibliográfica precedida de fichamento, análise e documentação. A segunda etapa envolveu a análise do material documental proveniente de material disponível nos arquivos da Universidade do Contestado. A terceira etapa envolveu a coleta de informações através de pesquisa de campo com utilização de questionário aberto e fechado. A análise da relação Universidade-Empresa dentro do contexto da região de Curitibanos, considerando os cursos com maior atuação com o setor produtivo regional denota a possibilidade do desenvolvimento de novos investimentos e parcerias, delineadas pela institucionalização de programas permanentes que possam suprir a defasagem ora diagnosticada. Palavras-Chave: Desenvolvimento profissional. Relação universidade-empresa. Desenvolvimento regional. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA Dentro do seu contexto regional, a Universidade exerce papel fundamental para formação de mão-de-obra qualificada, ações comunitárias, elaboração de pesquisas e criação de ambiente para discussão e formação de ideias. A Universidade do Contestado pode ser

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RELAÇÃO UNIVERSIDADE E EMPRESA COMO PROPULSORA DO

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DA REGIÃO DE CURITIBANOS/SC

Andreia Pereira

Universidade do Contestado (UnC)

E-mail: [email protected]

Debora Aparecida Almeida

Universidade do Contestado (UnC)

E-mail: [email protected]

Área temática: 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho.

RESUMO: Esta pesquisa procura recolher elementos para o estudo e analisar relações entre

universidade e empresas para que seja possível que acadêmicos, empresários e professores

situem-se neste contexto. O presente estudo busca analisar e discutir as seguintes questões: Há

relações de quaisquer espécies, entre Universidade e empresas da Região de Curitibanos? Se

há, quais são e de que modo são estabelecidas? Qual importância da Universidade, no ponto

de vista da população pesquisada? A UnC e as empresas têm colaborado para

desenvolvimento de ações inovadoras na região? O objetivo geral foi analisar a relação

Universidade-Empresa dentro do contexto da região de Curitibanos, considerando os cursos

com maior atuação no setor produtivo regional. Os objetivos específicos foram: pesquisar

fatores e níveis de relação Universidade-empresa; analisar o papel da Universidade diante

desse quadro; verificar as falhas e dificuldades desse processo de relacionamento; e relacionar

os principais atores que proporciona a relação universidade-empresa, considerando a efetiva

relevância de suas ações. A pesquisa foi permeada por um estudo descritivo delineado por

levantamento bibliográfico e de campo. A primeira etapa da pesquisa compreendeu uma

revisão bibliográfica precedida de fichamento, análise e documentação. A segunda etapa

envolveu a análise do material documental proveniente de material disponível nos arquivos da

Universidade do Contestado. A terceira etapa envolveu a coleta de informações através de

pesquisa de campo com utilização de questionário aberto e fechado. A análise da relação

Universidade-Empresa dentro do contexto da região de Curitibanos, considerando os cursos

com maior atuação com o setor produtivo regional denota a possibilidade do desenvolvimento

de novos investimentos e parcerias, delineadas pela institucionalização de programas

permanentes que possam suprir a defasagem ora diagnosticada.

Palavras-Chave: Desenvolvimento profissional. Relação universidade-empresa.

Desenvolvimento regional.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Dentro do seu contexto regional, a Universidade exerce papel fundamental para

formação de mão-de-obra qualificada, ações comunitárias, elaboração de pesquisas e criação

de ambiente para discussão e formação de ideias. A Universidade do Contestado pode ser

conceituada como ambiente solidário interativo, tendo relações com instituições e órgãos

contribuintes e difusores do seu trabalho na região.

Diante dessa situação, vários são os beneficiados, como por exemplos, as empresas

locais. Dessa forma, este projeto procura pesquisar e analisar relações entre Universidade e

empresas para que seja possível que acadêmicos, empresários e professores situem-se neste

contexto.

A presente pesquisa busca analisar e discutir as seguintes questões:

Há relações de quaisquer espécies, entre Universidade e empresas da Região de

Curitibanos? Se há, quais são e de que modo são estabelecidas? Qual é a importância da

Universidade, no ponto de vista da população pesquisada? A UnC e as empresas têm

colaborado para o desenvolvimento de ações de inovação na região?

As questões acerca da relação Universidade e empresa mostram-se bastante dinâmicas,

envolvendo pesquisa, contratos de experiências, estágios, bolsas e demais itens. Dessa forma,

justifica-se a elaboração deste projeto devido às falhas de informações quanto ao tema

proposto, buscando ser um meio para discussão e reversão deste quadro, o que poderia

colaborar para maior divulgação do papel da Universidade no seu contexto.

Neste sentido a relação existente entre Universidade e Empresa torna-se uma alavanca

para o investimento em pesquisa tecnológica, na medida em que integra o capital intelectual e

o capital financeiro. O estudo específico com ênfase nos Cursos de Administração, Ciências

Contábeis e Engenharia de Controle e Automação – Mecatrônica irá proporcionar

considerável avanço para a pesquisa regional, pois além de demonstrar a real situação, pode

permitir que os cenários, até então desconhecidos, sejam visualizados.

A caracterização socioeconômica da região de abrangência da Universidade do

Contestado permite que o setor público estabeleça relações de parceria para o

desenvolvimento científico. Para a Universidade, a presente proposta tende a representar uma

fonte complementar de recursos financeiros para custeio e manutenção da pesquisa, além de

investimento na formação de pesquisadores capazes de produzir ações de âmbito regional.

O objetivo geral foi analisar a relação Universidade-Empresa dentro do contexto da

região de Curitibanos, considerando os cursos com maior atuação no setor produtivo regional.

Os objetivos específicos foram: pesquisar fatores e nível de relação Universidade-empresa;

analisar o papel da Universidade diante desse quadro; verificar as falhas e dificuldades desse

processo de relacionamento; e relacionar os principais atores que da relação universidade-

empresa, considerando a efetiva relevância de suas ações.

A RELAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA NO ÂMBITO REGIONAL

Para as empresas, a parceria e a cumplicidade representa o vínculo com entidades de

ensino superior, que simboliza o principal mecanismo de sobrevivência em uma economia

globalizada. Para o poder público, a parceria com a universidade reflete na possibilidade de

instalar incubadoras de empresas, bem como, apoio na formação de recursos humanos

qualificados.

Percebe-se que a única forma de estruturar o desenvolvimento tecnológico regional

encontra-se na consecução de parcerias entre Universidade, Empresa, e Setor Público, Para

Jambeiro (1999, p. 47-48)

Nada mais estimulante, nesta conjuntura, que a soma de esforços e a possibilidade de caminhar

juntos, governo, universidade, setores empresariais e da comunidade, na perspectiva da troca de

esforços, de solidariedade na crise, na busca de soluções compatíveis com a natureza e dimensão

dos problemas, bem como seu equacionamento em um contexto de escassez de recursos. A

conscientização da necessidade desta soma reforça a convicção de que a universidade, o poder

público, o empresariado e a comunidade não podem prescindir da mútua colaboração para o

adequado cumprimento de seus papéis sociais.

É importante salientar que a estruturação de um curso de âmbito tecnológico em uma

região de economia substancialmente primária, pode tornar-se alvo de críticas pejorativas, no

entanto, um indicador decisivo para a validação acadêmica deste estudo repousa sobre o

caráter de transformação industrial ocorrido a partir dos anos noventa, primeiramente com o

advento do paradigma tecnológico fordista – a posteriori administração flexível1 e

recentemente com a revolução tecnológica.

A pesquisa tende a suprir uma deficiência regional oriunda da carência de parcerias que

possam inteirar as deficiências entre o setor produtivo, o setor público e a universidade. Em

termos gerais vale destacar a amplitude de informações acerca do tema em questão, visto que,

ciência e tecnologia, relação universidade e empresa são bastante vastas, pois abrangem desde

os modelos conceituais de âmbitos mundiais e nacionais, até estudos regionais com ênfase

local. Conforme Jambeiro (1999, p. 50, grifo do autor)

A universidade, que reúne capacitação em termos de recursos humanos, de instalações e

equipamentos, tem muito que oferecer. Não só no sentido de difundir e disponibilizar sua

produção intelectual, mas também de adequar parte substancial dela ás carências da sociedade em

que se insere e a que deve servir. É, pois, dever da universidade estabelecer uma via de mão dupla

entre ela e a sociedade, relativamente à sua produção científica, tecnológica e cultural. Aos

1 O paradigma tecnológico fordista, dominante entre o fim da Segunda Guerra e meados dos anos setenta,

consistiu na combinação de taylorismo e mecanização no interior de cada unidade de produção capitalista e na

extensão dessa lógica à divisão do trabalho entre as unidades e os setores de produção e entre os espaços

regionais e nacionais (Leborgne; Lipietz, 1988; Lipietz, 1992; Theis, 1998).

diversos níveis de governo, ás empresas e a sociedade civil cabem compreender que, sendo a via

de mão dupla, respeito à autonomia, diálogo permanente e regularidade de recursos são

condicionantes essenciais para que a universidade possa cumprir tal dever. Partindo do suposto de

que a iniciativa deve caber á Universidade, ela deve buscar exercer, com mais amplitude, suas

relações com a sociedade, recusando-se a adotar uma postura neutra ou superior diante da

realidade social. Deve discutir os problemas prioritários da sociedade, sendo capaz de envolver,

nesta discussão, estudantes, professores e pesquisadores.

O desenvolvimento acadêmico oriundo da institucionalização da Universidade do

Contestado no ano de 1997 permite que se pense na universalidade do conhecimento tornando

a pesquisa ponto culminante para o desenvolvimento tecnológico regional.

Boisier (1996) define o desenvolvimento regional como um processo localizado de

mudança social sustentada que tem como finalidade o progresso permanente da região, da

comunidade regional como um todo e de cada indivíduo que nela reside. Nota-se que

A planificação do desenvolvimento regional é, antes de tudo, uma atividade societária, no sentido

de ser uma responsabilidade compartilhada por vários atores sociais: o Estado, evidentemente, por

razões várias e conhecidas, e a própria região, enquanto comunidade regional, polifacética,

contraditória e difusa, por vezes, mas comunidade, enfim, locacionalmente específica e

diferenciada. Sem a participação da região, como um verdadeiro ente social, o planejamento

regional consiste apenas - como mostra a experiência histórica - em um procedimento de cima para

baixo para distribuir recursos, financeiros ou não, entre espaços erroneamente chamados de

‘regiões (BOISIER ,1995, p. 47-48, tradução nossa)

Com relação ao contexto já explicitado, os estudos acerca da relação Universidade e

Empresa, com ênfase em tecnologia, encontram-se relegados do processo de

desenvolvimento, sendo assim, a presente pesquisa permitirá que empresas, entidades e a

comunidade possam ser inseridas no processo de desenvolvimento da pesquisa na Região de

Abrangência da Universidade do Contestado no centro do Estado de Santa Catarina.

De acordo com a atuação e representatividade que a Universidade tem, pode se

presumir que: há, com pouca notoriedade, relações entre Universidade e empresas da Região

de Curitibanos, as opiniões a respeito do papel da Universidade são vagas, devido a pouca

ligação da mesma com órgãos locais, há informações insuficientes para execução de ações

inovadoras na região de Curitibanos.

A TRAJETÓRIA DA RELAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA E SEUS REFLEXOS

Nas décadas de 1950 e 1960, as relações existentes entre universidade e empresa

ocorriam de maneira individualizada e informal, a partir da década de 1970, e principalmente

na década 1980 as relações entre universidade-empresa passaram a ser incentivadas e

organizadas como atividade institucional.

A institucionalização das relações universidade-empresa passa a ser ação estratégica, na

Europa e Estados Unidos, as empresas devido à própria dinâmica competitiva, passaram a

depender cada vez mais das inovações tecnológicas. O “conhecimento” tornou-se vital para as

organizações, e nesse novo contexto as políticas de pesquisa e desenvolvimento tornaram-se

fundamentais. (ALMEIDA, 2003)

Conforme Rothwell (apud ALMEIDA, 2003), configuram-se como experimentos para

transferência de tecnologia da universidade para o setor produtivo as seguintes iniciativas:

Sistemas Nacionais – Centros Governamentais de P&D;

Programas Universitários de Integração com a Empresa;

Oficinas Universitárias de Transferência de Tecnologia;

Empresas Universitárias Comercializadoras de Tecnologia;

Centros de Pesquisa em Excelência;

Centros de inovação;

Consórcios de Pesquisa e Desenvolvimento, e Centros Cooperativos de Pesquisa;

Incubadoras de Empresa;

Parques Tecnológicos.

Para Almeida (2003, p. 74-75)

Um dos problemas mais mencionados nas análises e discussão sobre política científica e

tecnológica nos países latino-americanos refere-se ao pouco uso do potencial de pesquisa e

desenvolvimento das universidades devido à inexistência de uma demanda explícita por parte das

empresas. Contudo, na América Latina, a interação universidade e setor produtivo tem sido

reconhecida como necessária e urgente para o desenvolvimento econômico da região.

É importante ressaltar as diferenças oriundas das sistemáticas adotadas pelas

universidades e pelas empresas, conforme se destaca a seguir:

Quadro 1 - Princípios da Universidade e da Empresa

Princípios da Universidade Princípios da Empresa

Preservação do conhecimento existente, busca

e difusão de conhecimentos novos

Obtenção de utilidades

Liberdade para pesquisa Provisão eficiente de bens e serviços que

satisfaçam as demandas concretas

Integração entre pesquisa e docência Consideração dos diversos aspectos

financeiros como parte essencial para assumir

riscos

Liberdade de pesquisa que pode ser

prejudicial, se levados em conta aspectos

confidenciais de tecnologia.

Fonte: Solleiro (1990 apud ALMEIDA, 2003)

Vale destacar que as particularidades do processo inovativo afetam as possibilidades de

interação entre a universidade e o setor produtivo, é notório que a especificidade das

atividades realizadas nas esferas acadêmicas e empresariais, bem como os valores sócio-

econômico, culturais que prevalecem nestes ambientes, os quais condicionam a interação

entre as partes. É importante frisar que

Nos países periféricos, o padrão de desenvolvimento dependente e excludente determina um

contínuo processo de importações tecnológicas, que vincula à produção interna de mercadorias,

antes importadas, tecnologias já conhecidas no exterior. As características do produto

estabelecidas a priori dificultam o desenvolvimento interno de tecnologias. (ALMEIDA, 2003, p.

76)

A resposta esperada por parte dos atores envolvidos é a estruturação de novos arranjos

institucionais que contemplem mudanças qualitativas na interação entre a comunidade

acadêmica e o setor empresarial, inclusive por uma nova divisão de trabalho.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi desenvolvida a campo com aplicação de questionários coletores de dados

quantitativos e qualitativos relacionados a questionários abertos e fechados. As fonte de

pesquisa foram acadêmicos das fases concluintes dos cursos de Administração, Ciências

Contábeis e Engenharia de Controle e Automação da UnC – Campus de Curitibanos,

coordenadores de área e de campus de tais cursos, bem como entidades que tenham vínculos

com a temática em questão. Os dados quantitativos foram colhidos com acadêmicos, seguidos

de análise estatística, e os dados qualitativos com entidades consideradas agentes de

desenvolvimento regional tais como: SDR, SENAI, ACIC e serão analisados pautando-se no

método do discurso.

A pesquisa limita-se ao Campus de Curitibanos e aos cursos acima citados.

A análise pautou-se em dados de pesquisa documental, bibliográfica e de campo

interpretados mediante a teoria vigente.

O universo da pesquisa constituiu-se pelos entes privados e públicos que exercem

influência sobre a relação universidade-empresa da região de abrangência da Universidade do

Contestado (cursos de administração, ciências contábeis e engenharia de controle e

automação); neste caso, tratam-se das administrações públicas locais, das entidades do setor

produtivo e da universidade; também estão inclusas no universo as principais instâncias de

planejamento do desenvolvimento regional atuantes na região, nomeadamente entidades

representativas do setor produtivo regional.

Foi efetuado um estudo com ênfase na amostragem intencional dada a importância do

universo em estudo, ficando assim distribuído:

Tabela 1 – Estudo Intencional

População em Estudo Número de Respondentes

ACIC 01

Direção da UnC 01

Coordenação de Cursos 02

Acadêmicos 38

Secretaria de Desenvolvimento Regional 01

SENAI 01

Fonte: Do Autor (2014)

As seguintes técnicas foram privilegiadas na obtenção dos dados: na revisão da

literatura, no levantamento da documentação e na coleta de dados secundários, recorrer-se-á

diante da pesquisa bibliográfico-documental; na coleta de dados primários, foi necessária uma

pesquisa de campo – em que foram empregadas as técnicas da entrevista e questionário.

Inicialmente, foi feita uma revisão mais profunda da literatura sobre os Modelos de

Interação U-E. Não se privilegiou apenas a bibliografia mais teórica sobre o assunto, mas

buscou-se também referências sobre os dados documentais bem-sucedidos de ensino-pesquisa

e extensão implementados pela instituição em estudo. Aqui se incluem o levantamento da

documentação e a coleta de material institucional.

A primeira etapa da pesquisa compreendeu uma revisão bibliográfica precedida de

fichamento, análise e documentação.

A segunda etapa envolveu a análise do material documental proveniente de material,

disponível nos arquivos da Universidade do Contestado.

A terceira etapa envolveu a coleta de informações através da pesquisa de campo com

utilização de questionário aberto e fechado.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS QUANTITATIVOS

Durante o período de setembro a outubro de 2014 foram distribuídos cinquenta

formulários para acadêmicos dos cursos de administração, ciências contábeis e engenharia de

controle e automação- mecatrônica. Dos 40 formulários retornaram 38 válidos. É importante

frisar que o formulário de pesquisa foi disponibilizado pelo Google Docs2. Apenas o curso de

2 O Google Docs é um programa que abre, cria e edita documentos do Word, PowerPoint, Excel.

engenharia recebeu os formulários impressos, administração e ciências contábeis responderam

de forma on-line.

O questionário com vinte questões foi pautado em uma escala likert de satisfação. A

seguir seguem os gráficos com os resultados obtidos com os acadêmicos que já cursaram o

estágio curricular supervisionado obrigatório dos respectivos cursos.

Figura 1 – Funcionamento do Estágio Curricular

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto à natureza, a organização e o funcionamento do estágio curricular

supervisionado obrigatório 79% dos acadêmicos consideraram-se satisfeitos, 16% afirmaram

estarem muito satisfeitos, e 5% dos respondentes não estão nem satisfeito e nem insatisfeitos.

Figura 2 – Fundamentos e Teorias do processo de Ensino-Aprendizagem

Fonte: Do Autor (2014)

Com relação aos fundamentos e teorias do processo de ensino-aprendizagem 95% dos

acadêmicos estão satisfeitos, 2% são neutros e 3% estão muito satisfeitos.

Figura 3- Teoria na Prática

Fonte: Do Autor (2014)

No que tange a relação de princípios, teorias e normas a situações reais, interpretando e

aplicando a teoria na prática empresarial 87% dos acadêmicos estão satisfeitos, 5%

encontram-se muito satisfeitos, 5% são neutros e 3% estão insatisfeitos com o processo de

aplicabilidade da teoria na prática.

Figura 4 – Sistemática da Avaliação Crítica

Fonte: Do Autor (2014)

Vale elucidar quanto a utilização sistemática da avaliação crítica dos impactos e

diretrizes das medidas regulamentais na instituição de ensino, 92% dos acadêmicos estão

satisfeitos e 8% estão muito satisfeitos.

Figura 5- Comunicação

Fonte: Do Autor (2014)

Vale explanar que 89% dos repondentes está satisfeito com a comunicação em

diferentes situações, com diferentes interlocutores, utilizando as linguagens e as tecnologias

próprias, outros 11% informaram que estão muito satisfeitos.

Figura 6 – Diálogo Permanente

Fonte: Do Autor (2014)

No que se refere a socialização de informações e conhecimentos na busca permanente

com a comunidade externa (setor público, setor produtivo e terceiro setor) 82% dos

respondentes estão satisfeitos, 13% são neutros considerando-se nem satisfeitos e nem

insatisfeitos, e 5% estão muito satisfeitos.

Figura 7 – Estímulo para os Professores

Fonte: Do Autor (2014)

No que se refere ao estímulo e a participação dos professores em atividades

práticas externas a instituição de ensino superior 95% dos acadêmicos estão satisfeitos e

outros 5% estão muito satisfeitos.

Figura 8 - Novas Alternativas de Gestão Superior

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto às novas alternativas de gestão superior, 97% estão satisfeitos com a gestão

compartilhada e integradora da atuação dos colegiados de curso, outros 3% estão muito

satisfeitos.

Figura 9 - Princípios e Diretrizes da Administração

Fonte: Do Autor (2014)

Sobre os princípios e diretrizes da administração estadual e municipal na gestão

universitária 40% estão neutros considerando-se nem satisfeitos, nem insatisfeitos, 42% estão

satisfeitos e 18% consideram-se muito satisfeitos.

Figura 10 – Proposta Pedagógica

Fonte: Do Autor (2014)

Vale mencionar que quanto a proposta pedagógica do curso 61% dos acadêmicos estão

satisfeitos e 39% estão muito satisfeitos. Percebe-se que ambos os Projetos Políticos e

Pedagógicos dos curso estão de acordo com as demandas sociais, as características

multiculturais e com as demandas do mercado de trabalho.

Figura 11 –Integração com a Comunidade

Fonte: Do Autor (2014)

Sabe-se que a integração com a comunidade é um fator de fortalecimento institucional

e da promoção da cidadania no entorno da instituição. É válido ilustrar que 92% dos

acadêmicos estão satisfeitos com esses fatores e 8% afirmam estarem muito satisfeitos.

Figura 12 – Trabalho Coletivo

Fonte: Do Autor (2014)

No que se refere ao trabalho coletivo 87% estão satisfeitos, e 13% estão muito

satisfeitos.

Figura 13 – Convívio Cotidiano Universitário

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto ao convívio no cotidiano universitário no que diz respeito ao aprendizado, a

socialização de saberes, os valores para uma vida cidadã, e o desenvolvimento de atitudes

cooperativa para uma vida cooperativa e solidária 100% dos acadêmicos estão satisfeitos.

Figura 14 - Desenvolvimento Curricular

Fonte: Do Autor (2014)

Com relação ao desenvolvimento curricular centrado em conhecimentos

contextualizados e ancorados na ação, 38% estão satisfeitos, 38% estão muito satisfeitos, 12%

estão insatisfeitos e outros 12% não estão nem satisfeitos, nem insatisfeitos.

Figura 15 – Processo de Avaliação de Desempenho

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto ao processo de avaliação do desempenho universitário como instrumento de

acompanhamento do trabalho do professor e dos avanços da aprendizagem do acadêmico os

respondentes apresentam os seguintes resultados: 40% estão satisfeitos, 26% estão

insatisfeitos, 21% estão muito satisfeitos e outros 13% não estão satisfeitos, nem insatisfeitos.

Figura 16 – Indicador de Satisfação na Utilização de Tecnologias

Fonte: Do Autor (2014)

Com relação à utilização de tecnologias da informação e a comunicação 53% estão

muito satisfeitos e 47% estão satisfeitos.

Figura 17 – Formação Continuada

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto a formação continuada como condição de construção permanente das

competências que qualificam a prática dos profissionais que atuam na Universidade, 92% dos

acadêmicos estão muito satisfeitos e 8% estão satisfeitos.

Figura 18 - Articulação de Políticas Educacionais

Fonte: Do Autor (2014)

No que se refere a aticular e executar as políticas educacionais, buscando parcerias que

possam contribuir para o aprendizado prático dos futuros profissionais 89% dos repondentes

estão satisfeitos e 11% estão muito satisfeitos.

Figura 19 – Valorização da Gestão Participativa

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto a valorizar a gestão participativa como forma de fortalecimento institucional e

de melhoria dos resultados de aprendizagem dos acadêmicos 87% apresenta-se satisfeitos e

outros 13% são neutros não estando satisfeitos, nem insatisfeitos.

Figura 20 – Currículo e Cidadania

Fonte: Do Autor (2014)

Quanto ao currículo e a cidadania: saberes e práticas voltadas para o desenvolvimento

de competências cognitivas, afetivas, sociais e culturais 95% dos acadêmicos estão satisfeitos

e outros 5% muito satisfeitos.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS QUALITATIVOS

Para pesquisa com a direção e coordenações da UnC foram enviados pelo Google Docs

questionários abertos com cinco questões pertinentes em relação universidade-empresa.

Também foram distribuídos questionários abertos para as seguintes entidades:

SENAI;

SDR;

ACIC;

AMURC.

Pela sistemática do tema e pela limitação de tempo retornaram os questionários

oriundos da Associação Empresarial de Curitibanos e do SENAI.

Primeiramente foram apresentados os resultados abordados pelas coordenações de

cursos com uma efetiva atuação empresarial, nota-se que ambos os cursos vinculados à área

de ciências sociais aplicadas tem uma mesma linha de trabalho e tratam da relação

universidade-empresa como um fator preponderante para a formação universitária dos futuros

profissionais.

Quadro 1 – Avaliação da Relação Universidade–Empresa pelos Coordenadores de Curso

Tópicos Centrais Curso de Administração Curso de Ciências Contábeis

Efetividade da Relação universidade-

empresa no seu curso

A relação universidade-empresa se dá por ações

de ensino, pesquisa e extensão. Com relação ao

ensino as atividades estão centradas no estágio

curricular supervisionado obrigatório do qual o

acadêmico deve cumprir 120 horas na

realização de um diagnóstico empresarial. Com

relação à pesquisa o curso prioriza a

implementação de pesquisas vinculadas as

organizações dos três setores da economia,

priorizando estudos de caso, estudos descritivos

e proposição de planos, aproximando assim a

universidade do meio empresarial. No que tange

a extensão são realizadas palestras e eventos

externos à UnC no intuito de divulgar o curso e

priorizar ações que possam de fato contribuir

para melhoria das relações Institucionais.

Hoje, acredito que esteja aquém do que

desejamos. Temos um projeto, para o

próximo ano, com o curso de administração,

a criação da empresa júnior, que certamente

alavancará essa relação.

Como o Projeto Político do Curso

proporciona a possibilidade de

estreitamento das relações com as

empresas

Sim, de certa forma a reformulação efetuada no

ano de 2013 previu ações mais pontuais. No

entanto, faltam políticas institucionais que

propiciem a efetiva realização deste

estreitamento, como investimentos tecnológicos

e estruturais.

Sim, o P.P.C. proporciona essa

possibilidade, apesar de não fazer isso de

forma satisfatória.

Principais dificuldades encontradas para

articulação de parcerias entre a

Universidade e o Setor Produtivo

Cultura empresarial familiar muito fechada

Ausência de uma rede articulada de inclusão

produtiva e parcerias

Poucos programas de responsabilidade social

Acredito que os processos, um tanto

burocráticos, tornam essas articulações

lentas. A falta de verba também poderia ser

citada aqui, visto que impossibilita a

empresarial que de fato funcionem realização de eventos de cunho empresarial

em níveis mais elevados.

Indicação das três principais atividades

do seu curso que contribuem para o

fortalecimento das relações da

universidade com a comunidade externa

Projeto de Extensão do Artigo 170

Eventos em Parceria com a ACIC

Estágio Curricular Supervisionado Obrigatório

Essa relação é fortalecida, principalmente,

através dos projetos de extensão, de

pesquisa e o próprio estágio supervisionado,

cujos acadêmicos desenvolvem seus temas.

Qual a melhor estratégia para a

consolidação da parceria universidade-

empresa na região de Curitibanos/SC

Lideranças mais efetivas e atuantes (Entidades

Representativas de Classe) Apoio do Poder

Público

Implementação da Empresa-Júnior.

Acredito que a criação da empresa júnior,

planejada para o próximo ano, terá

justamente o papel de consolidar essa

relação universidade empresa. É um grande

passo em direção a essa parceria, e aliado a

demais projetos paralelos do curso trará,

com certeza, bons resultados.

Fonte: Do Autor (2014)

Dando sequência na análise institucional segue a avaliação da direção do campus

universitário de Curitibanos, ressaltando que as informações estão atreladas a opinião das

coordenações de curso. Existe um direcionamento que vislumbra a necessidade de

afunilamento de ações que possam suprir as deficiências e criar sistemáticas de

assessoramento e consultoria que possa contribuir para uma gestão mais efetiva e sustentável

principalmente das microempresas de empresas de pequeno porte.

Quadro 2 – Avaliação da Relação Universidade–Empresa pela Direção do Campus Tópicos Centrais Direção do Campus Curitibanos

Efetividade da Relação universidade-

empresa nos cursos de administração,

ciências contábeis, engenharia de controle

e automação-mecatrônica.

Os cursos são voltados para o desenvolvimento regional e estes cursos atendem as empresas,

pois formam para o mercado regional.

O estado-da-arte da inovação industrial

na região de Curitibanos/SC

A inovação industrial ainda é um tanto frágil, visto que as indústrias da região são de

exploração da madeira. Apenas a Berneck desenvolve produtos derivados da madeira com

bases tecnológicas

Principais dificuldades encontradas para

articulação de parcerias entre a

Universidade e o Setor Produtivo

A maior dificuldade são as empresas, ainda voltada apenas na produção primária e

secundária, inviabilizando atividades de cunho científico e de base tecnológica.

Indicação das três principais atividades

do seu curso que contribuem para o

fortalecimento das relações da

universidade com a comunidade externa

A formação de profissionais para atuarem no mercado de trabalho com formação superior.

Seminários e eventos de formação. Pesquisas (TCCs na graduação e Pós-graduação.)

Qual a melhor estratégia para a

consolidação da parceria universidade-

empresa na região de Curitibanos/SC

Para melhorar as parcerias é necessário que a Universidade tenha professores que possam

desenvolver atividades de pesquisa para atender a demanda. Que as empresas invistam na

Universidade como fonte propulsora de pesquisa. E que o setor público apoie com recursos

para o desenvolvimento da pesquisa.

Fonte: Do Autor (2014)

Foram selecionadas entidades consideradas fundamentais no desenvolvimento da

relação universidade-empresa na região de Curitibanos, abaixo seguem os quadros sinóticos

das entidades que reponderam a pesquisa.

Quadro 3 – Avaliação da Relação Universidade–Empresa pelo SENAI

Tópicos Centrais Direção do Campus Curitibanos

A ausência de uma indústria consolidada

e fortalecida prejudica ou contribui para

atuação do SENAI na região de

Curitibanos/SC

Pelo entender da FIESC/SENAI de Curitibanos, na região de abrangência da instituição

existem empresas fortalecidas e consolidadas em termos de região e nacionalmente.

O estado-da-arte da inovação industrial

na região de Curitibanos/SC

Ainda não há respostas para essa pergunta.

Principais dificuldades encontradas para

articulação de parcerias entre a

Universidade e o Setor Produtivo

No atual momento a FIESC/SENAI Curitibanos não encontra dificuldades quanto às

articulações de parcerias com o setor produtivo, pois há uma grande parceria deste setor para

com a FIESC.

Indicação das três principais atividades

do seu curso que contribuem para o

fortalecimento das relações da

universidade com a comunidade externa

1. Capacitações e qualificações de colaboradores; 2. Participação de fóruns regionais e

empresariais promovidos pelos setores, sindicatos e Indústrias; 3. Programas que atendem as

demandas e necessidades pontuais do setor produtivo e industrial.

Qual a melhor estratégia para a

consolidação da parceria universidade-

empresa na região de Curitibanos/SC

É o que a FIESC/SENAI fazem, estar ao lado para atendimento das necessidades das

Indústrias em constantes visitas e levantamento de necessidades.

Fonte: Do Autor (2014)

É importante enaltecer que conforme o questionário enviado ao SENAI, a entidade é

bastante positiva e promissora. Eles consideram a região com potencial representativo. É

válido dizer que a entidade tem uma posição bem diferenciada do posicionamento acadêmico

e da Associação Empresarial de Curitibanos/SC.

Um fator importante a ser considerado é que o SENAI tem uma atuação bem pontual

nos sentido de oferecer suporte operacional e tecnológico o que facilita as relações com o

meio industrial.

Quadro 4 – Avaliação da Relação Universidade–Empresa pela ACIC

Tópicos Centrais Direção do Campus Curitibanos

A ausência de uma indústria consolidada,

fortalecida, prejudica ou contribui para

atuação Da ACIC na região de

Curitibanos/SC.

Prejudica

O estado-da-arte da inovação

comercial/industrial na região de

Curitibanos/SC

Podemos colocar que em sua totalidade é muito bem desenvolvida por parte dos

mesmos.

Principais dificuldades encontradas para

articulação de parcerias entre a ACIC e o

Setor Produtivo

Custo, e resistência ao investimento no funcionário em relação à permanência na empresa.

Indicação das três principais atividades

da ACIC que contribuem para o

fortalecimento das relações da

Ser um referencial na prestação de serviços promovendo o desenvolvimento empresarial,

defendendo e atendendo as necessidades dos associados.

universidade com a comunidade externa

Qual a melhor estratégia para a

consolidação da parceria universidade-

empresa na região de Curitibanos/SC

Sem resposta.

Fonte: Do Autor (2014)

A ACIC apresenta uma preocupação pontual com o baixo desenvolvimento tecnológico

da região, também indica que a articulação entre a entidade e as empresas centra-se na

dificuldade de investimentos, e a rotatividade de pessoal existente em grande parte das

empresas da região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da relação Universidade-Empresa dentro do contexto da região de

Curitibanos, considerando os cursos com maior atuação com o setor produtivo regional, foi

pontualmente apresentado no decorrer da presente pesquisa, permeando desde o papel da

universidade, diante desse quadro no contexto teórico apresentado, quando do delineamento

das teorias vigentes e desenvolvidas em período recente versando sobre a temática.

Os dados quantitativos e qualitativos foram coletados simultaneamente, apresentaram-se

resultados do questionário aplicado com os acadêmicos dos cursos previamente selecionados,

que frequentaram o estágio curricular supervisionado obrigatório no decorrer do ano de 2014,

também se abordou a opinião da direção e das coordenações de curso sobre a relação

universidade-empresa dos seus respectivos cursos. As percepções das coordenações de curso

são muito aproximadas e apresentam que a relação com as empresas acontece pela prática de

estágio, pelos projetos de pesquisa e extensão desenvolvida em parcerias, no entanto, é

notório que faltam programas efetivos que afunilem o relacionamento e permitam a

continuidade de ações que atualmente fragmentam-se aos semestres letivos. O principal ponto

abordado pela avaliação das coordenações centra-se na implantação de uma “empresa júnior”

aplicadas pelos cursos de ciências sociais, que permitirá maior amplitude de ações com o

setor privado e suas respectivas entidades representativas.

A direção da instituição também percebe a relação universidade-empresa como um

potencial para novas possibilidades de investimentos e parcerias, ressaltando o baixo

desenvolvimento tecnológico regional como um ponto fraco, apontando a relação

universidade-empresa como um ponto forte, possível gerador de novas possibilidades e

investimentos.

Dentre as diferentes percepções do meio acadêmico e as entidades representativas do

setor produtivo destacam-se os seguintes pontos centrais:

A UnC e a Associação Empresarial (ACIC) percebem que a ausência de uma indústria

consolidada prejudica a relação das instituições com o setor produtivo, já o SENAI vê

essa questão como uma oportunidade;

A UnC percebe que a inovação é incipiente, enquanto a ACIC considera bem

desenvolvida por parte das organizações regionais;

Para melhoria do relacionamento entre universidade e empresa, a UnC sugere a

necessidade de investimentos públicos e privados para alavancagem da pesquisa

tecnológica; a ACIC não respondeu e o SENAI indica que o levantamento de

necessidades dos parceiros e as visitas constantes para as soluções de problemas que

denotam de resultados bastante produtivos.

A seguir apresenta-se a percepção dos acadêmicos vinculados aos cursos de

administração, ciências contábeis e engenharia de controle e automação- mecatrônica, cursos

estes, com vínculo estreito com o setor produtivo regional. Foram pontuadas vinte questões

fechadas permeadas por uma escala likert de satisfação. A seguir seguem os resultados

quantitativos e sua efetiva representatividade:

Tabela 1- Resultados Globais da Percepção Discente

Descrição das Afirmações Muito

insatisfeito Insatisfeito

Nem

satisfeito,

Nem

insatisfeito

Satisfeito Muito

satisfeito

1. Quanto à natureza, a organização e o

funcionamento do estágio curricular

supervisionado obrigatório;

5% 79% 16%

2. Fundamentos e teorias do processo

ensino-aprendizagem do curso superior; 2% 95% 3%

3. No que tange a relação de princípios,

teorias e normas a situações reais,

interpretando e aplicando a teoria na

prática empresarial;

3% 5% 87% 5%

4. Quanto à utilização sistemática da

avaliação crítica dos impactos e

diretrizes das medidas regulamentais na

instituição de ensino;

92% 8%

5. Quanto à comunicação em diferentes

situações, com diferentes interlocutores,

utilizando as linguagens e as tecnologias

próprias;

89% 11%

6. Sobre a socialização de informações e

conhecimentos na busca do diálogo

permanente com a comunidade externa

(setor, público, setor produtivo, terceiro

13% 82% 5%

setor);

7. No que se refere ao estímulo e a

participação dos professores em

atividades práticas externas a instituição

de ensino superior;

95% 5%

8. Quanto às novas alternativas de gestão

superior: gestão compartilhada e

integradora da atuação dos colegiados

de curso;

97% 3%

9. Sobre os princípios e diretrizes da

administração pública estadual e

municipal na gestão universitária;

40% 42% 18%

10. Quanto à proposta pedagógica do curso:

expressão das demandas sociais das

características multiculturais e das

expectativas dos acadêmicos e do

mercado de trabalho;

61% 39%

Descrição das Afirmações Muito

insatisfeito Insatisfeito

Nem

satisfeito,

Nem

insatisfeito

Satisfeito Muito

satisfeito

11. Quanto à integração com a

comunidade: fator de fortalecimento

institucional e de promoção da

cidadania no entorno da instituição;

92% 8%

12. No que se refere ao trabalho coletivo

como fator de aperfeiçoamento da

prática profissional;

87% 13%

13. Quanto ao convívio no cotidiano

universitário: uma forma

privilegiada de aprender e socializar

saberes, de construir valores de uma

vida cidadã e de desenvolver

atitudes cooperativas, solidárias e

responsáveis;

100%

14. No que tange o desenvolvimento

curricular: o ensino centrado em

conhecimentos contextualizados e

ancorados na ação;

12% 12% 38% 38%

15. Quanto ao processo de avaliação do

desempenho universitário como

instrumento de acompanhamento do

trabalho do professor e dos avanços

da aprendizagem do acadêmico;

26% 13% 40% 21%

16. Qual seu indicador de satisfação na

utilização de tecnologias da

informação e comunicação;

47% 53%

17. Quanto à formação continuada como

condição de construção permanente

das competências que qualificam a

prática dos profissionais que atuam

na Universidade;

8% 92%

18. No que se refere a articular e

executar as políticas educacionais,

buscando parcerias que possam

contribuir para o aprendizado

89% 11%

prático dos futuros profissionais;

19. Quanto a valorizar a gestão

participativa como forma de

fortalecimento institucional e de

melhoria dos resultados de

aprendizagem dos acadêmicos;

13% 87%

20. Quanto ao currículo e a cidadania:

saberes e práticas voltadas para o

desenvolvimento de competências

cognitivas, sociais e culturais.

95% 5%

Fonte: Do Autor (2014)

No que diz respeito à relação de princípios, teorias e normas a situações reais,

interpretando e aplicando a teoria na prática empresarial, nota-se que 3% estão insatisfeitos

com o processo de aplicabilidade da teoria na prática. Sobre a socialização de informações e

conhecimentos na busca do diálogo permanente com a comunidade externa (setor, público,

setor produtivo, terceiro setor) 13% estão insatisfeitos. Com relação ao desenvolvimento

curricular centrado em conhecimentos contextualizados e ancorados na ação, 12% estão

insatisfeitos. Quanto ao processo de avaliação do desempenho universitário como instrumento

de acompanhamento do trabalho do professor e dos avanços da aprendizagem do acadêmico,

os respondentes apresentam os seguintes resultados: 26% estão insatisfeitos.

Percebe-se que os índices de insatisfação centram-se por ordem de importância nos

seguintes fatores principais: primeiro o processo de avaliação do desempenho universitário

como instrumento dos avanços de aprendizagem do acadêmico, segundo a socialização de

informações e conhecimentos na busca do diálogo permanente com a comunidade externa

(setor, público, setor produtivo, terceiro setor), terceiro o desenvolvimento curricular como

instrumento ancorado na ação, e quarto a aplicabilidade da teoria na prática no que se referem

aos princípios, teorias e normas.

Vale salientar que não foram pontuados índices de muita insatisfação, os fatores de

satisfação foram preponderantes sendo pontuados em todas as 20 afirmações avaliadas.

Também vale elucidar que os índices de muita satisfação só não foram pontuados em duas

questões (questão 13 e questão 19), porém ambas apresentaram bons índices de satisfação.

Apesar de todas as dificuldades e desafios de uma Universidade Comunitária percebe-se

que os cursos com maior representatividade perante o setor produtivo possuem uma avaliação

institucional bem satisfatória, e considerando os quatro pontos de insatisfação, nota-se que é

possível melhorar e superar as limitações internas e externas.

Por fim, recomendam-se ações mais efetivas para articulação de parcerias institucionais

que permitam a implantação de experimentos para transferência de tecnologia da universidade

para o setor produtivo.

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