André Soares

Relação econômico-comercial entre

China e América Latina e impactos para

o Brasil

Agenda:

Qual é o status atual da relação entre a

China e a América Latina?

Para onde a China está indo?

O que se pode esperar para a próxima

década?

A América Latina teve o mesmo

padrão comercial com a China

que o Brasil durante os anos do

boom?

O mundo não é sinocêntrico para a maiora dos países da região

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BRA

CHL

COL

CRI

ECU

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MEX

NIC

PAN

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.4.6

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LAC countries I

2003

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MEX

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US

A

0 .2 .4 .6 .8market share China

LAC countries I

2013

Trade

O valor adicionado em comércio, entre 2003 e 2013, pelos EUA foi 70% maior que o da China

0

50

100

150

200

250

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350

400

China USA

US$

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10%

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0 .2 .4 .6 .8market share China

LAC countries I

2013

Exports

Exportações – Uma história para apenas cinco países da região

Sem dúvidas, foi nas importações que a China ganhou relativamente mais mercado na região

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BHS

BRA

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COL

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LAC Countries I

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US

A

0 .2 .4 .6 .8 1market share China

LAC Countries I

Imports

O problema da concentração e

diversificação da pauta de exportações

também é presente em outros países

latino americanos ?

83% das exportações da região são concentrado em 4 grupos de produtos

O mesmo acontece com o Brasil, cuja a pauta é muito mais diversificada para o resto do mundo

88%

43%

Ao se excluir os países produtores de commodities, a pauta para o resto da ALC é mais balanceada

Existe a possibilidade do Brasil exportar

produtos manufaturados para a China ?

Sempre. No entanto, é necessário identificar nichos de mercado onde Brasil é competitivo

Pela analise de vantagem comparativa revelada, existem 426 produtos industrais brasileiros com potencial de exportação para a China.

Caso o Brasil consiga conquistar na China o mesmo market share que possui no resto do mundo para esses produtos, de acordo com dados de 2013, poderia-se pensar em um potencial incremento de US$ 757 milhões anuais.

28-Produtos Químicos Inorgânicos, 29- Produtos Químicos Orgânicos, 72 – Ferro fundido e aço, 84 – Máquinas e equipamentos mecânicos, suas partes e componentes.

0 10 20 30 40 50N de Produtos

9796939190898887868584838281807978767574737271706968646261595857565554535250484745444140393837363534333231302928272625

A relação financeira entre a China e ALC.

Uma relação de dependência ainda não

vista no Brasil?

Na última década a China já emprestou mais dinheiro para países da região que organizações internacionais como Banco Mundial, BID e CAF

Estimativa de US$ 119 bilhões desde 2005. O bancos chineses concedem empréstimos para países com

dificuldade de captar recursos internacionalmente, como Venezuela, Argentina e Equador.

O bancos chineses não impõem condições de cumprimento de

políticas em acordo de financiamento. Por outro lado, estes costumam possuir clausulas que requerem a compra de equipamentos chineses e a exportação de petróleo para a China.

Termos e objetivos dos empréstimos

Fonte – Gallagher, Irwin and Koleski, 2011

O conjunto de acordos analisados indica que a taxa de juros cobrada pelos bancos chineses é similar e em alguma vezes superior a cobrada por outras instituições financeiras internacionais.

Muitos dos empréstimos foram feitos com o objetivo de apoio a operação das estatais de pretróleo da região e em troca de exportações de petróleo.

Outro desafio a esses empréstimos consiste na falta de clausulas rígidas de proteção ambiental

Projeto da Hidroeletrica Coca Codo Sinclair, realizado pela Sinohydro no Equador, tem sido criticado por grupos ambientalistas que indicam que o fluxo de água para a cachoeira San Rafael (a maior do país e a 24 maior do mundo) será afetado pelas represas que estão sendo construídas.

Fonte – Gallagher, Irwin and Koleski, 2011

Quais são as características dos

investimentos chineses na ALC?

O que se sabe sobre esses projetos ?

Ainda não há uma análise sistemática e consolidada sobre os projetos de investimento chinês na América Latina

Dificuldade na coleta e análise dos dados. Trabalho sistemático do CEBC para o Brasil não é visto em

outros países da região. Diferença entre o número e valor dos projetos para o Brasil.

Fonte – Perez & Taotao, 2013, CEPAL

Os investimentos chineses no Brasil parecem ser mais diversificados que no resto da região

Brasil como base de exportação para a região. Presença de uma base indústrial desenvolvida. Maior mercado consumidor da região.

Fonte – Perez & Taotao, 2013, CEPAL

Grande diferença - O Brasil ainda não teve de lidar com protestos contra projetos de investimento chinês no país

Las Bambas – Peru – Subsidiária da China MinMetals. Maior projetos de investimento em cobre no país (US$ 5,8 bi). Mudança no escopo do projeto (de linha ferroviária para caminhões que passaria por uma serie de

comunidades pobres locais) sem alteração no estudo de impacto ambiental. Presidente Humalla decretou estado de emergência no estado (4 mortos e 16 feridos) Outros casos – Chinalco (Peru), Baha-mar (Bahamas), Dragon Mart (Mexico), Yasuni (Equador)

Fonte – Folha de SP

Por outro lado – Brasil e Nicaragua são focos de dois dos mais comentados projetos de investimento chinês na região

Ferrovia Transoceanica Brasil, China, Peru Estudo de viabilidade

Canal da Nicaragua (US$ 50 bilhões) HKND – Wang Jing Perda de 84% de sua fortuna Mantém a posição de realização

do projeto

Fonte – Folha de SP

E agora que o boom das commodities

supostamente acabou, o que resta para a

relação comercial entre China e ALC ?

O apetite chinês por commodities da região ainda não foi totalmente saciado

A receita obtida através das exportações não é mais suficiente para a leitura da demanda da China. É chave observar o volume exportado. Produtos emergentes na área do agronegócio devem ganhar, cada vez mais, peso na pauta de exportação.

-20

%

0%

0%

+2

0%

Para onde a China está indo ?

Que avanços têm alcançado o governo

chinês e onde este pretende chegar na

próxima década ?

Há duas economias na China e PIB não é a melhor bússola

Existe a China em desaceleração, cada vez mais, com menor peso no PIB. Esta engloba o valor gerado a partir da produção industrial (crescimento de 8,3% em 2014 e 5,7% até setembro de 2015), exportações (de 5,5% para -3.7%) e importações (de 0,9% para -20,4%).

China em aceleração. O carro-chefe desta é o consumo, representado por dados de vendas do varejo (crescimento entre 10-11%). As vendas foram impulsionadas pelo aumento da renda disponível das famílias, que sofreram aumentos reais entre 7-8%.

Não entanto, não se constrói uma nova economia em um ou dois anos

Reformas Avanços –

Fiscal Financeira (Cambio, Taxa de

juros, Taxa de depósito) Urbanização (?) SOE (?)

Parado – Fiscal Rural Preços de Mercado Acesso a mercado (comércio e

investimento)

Fonte – Xinhua

Propostas para o 13º Plano Quinquenal não diferem muito do que já está na pauta desde o 3º Pleno em 2013

Fonte – Xinhua

Processo de urbanização da China é crítico para erguer o consumo da classe média

Quem é e o que quer a classe média chinesa? Média de gasto diário (US$ 7 – China e US$ 97 nos EUA) População urbana consome em média 3 vezes mais alimentos processados que a rural Mais da metade do consumo vai para comida e roupas

Rural Workers

Urban mass

Urban middle

Movers and shakers

•387 milhões

•US$ 2 mil

•266 milhões

•US$ 5,8 mil

•146 milhões

•US$ 11,5 mil

•1.4 milhão

•US$ 500 mil

Fonte – Goldman Sacks

No entanto, não adianta achar que é trivial entrar nesse mercado

O mundo inteiro quer um pedaço do consumo doméstico da China. Necessidade de investimento com foco no médio-longo prazo. Utilização das agências promotoras de comércio e investimento. Observar as diferenças regionais e possibilidade de ingresso via ecommerce.

Fonte – Kung Fu data and Emerging Strategy

Made in China 2025 – Transição do “made in China” para o “ designed in China”

AIIB e BRICS Bank

Nos próximos anos, veremos, cada vez mais, a China buscando exercer um papel de liderança regional e global Alternativa as instituições internacionais já estabelecidas (Banco Mundial, FMI, BID, ADB, CAF) Lançamento em 2015 do Novo Banco de Desenvolvimento (US$ 50 bi) e do Asia Investment Infrastructure Bank

(US$ 50 bi e 57 membros) Na visão da China não há restrições para a utilização desses bancos como fonte de financiamento para projetos na

América Latina. Já foi aprovada a filiação de outros países no Banco. A Rússia por exemplo convidou a Grécia a entrar no banco.

Desafios para a operação do Banco. Será que eles irão seguir padrões internacionais com relação a clausulas de proteção ambiental e procurement ?

Greenfield and brownfield projects. Participação do Brasil no AIIB (9º - 10º maior capital)

A Nova Rota da Seda

Policy Umbrella – Para uma série de iniciativas da China na região. Ainda não está claro quais serão os projetos que farão parte da rota. No entanto, 20 países serão contemplados e 60 países podem estar envolvidos nessa iniciativa. 4,4 bilhões de pessoas, 66% da população mundial envolvida. US$ 21 tri, 30% do PIB mundial. Utilização dos policy banks na China (injeção de US$ 62 bi), Silk Road Fund (US$ 40 bi), AIIB (US$ 50 bi), BRICS (US$

50 bi) Utilização de excesso de capacidade de aço nesses projetos? Construção realizada por empresas ociosas na China?

A Nova Rota da Seda – Fonte de desenvolvimento para os governos locais

Como a China em transição afeta

os países da América Latina?

Dragão não espirra, cospe fogo !

Perspectiva de desaceleração das economias da região dada a falta de receita gerada a partir da exportação de commodities

Contribui para expor a necessidade das economias da região em realizar ajustes fiscais e reformas estruturais

Maior impacto nas bolsas de valores da região oriunda de qualquer variação negativa na economia chinesa

Entretanto, nem é tudo negativo (I/III)

Ganhos relativos de competitividade dado aumento dos custos do trabalho na China e reduzida desvalorização do RMB frente ao dolar.

Necessária identificação de nichos de mercado !

Entretanto, nem é tudo negativo (II/III)

Consumo per capita na China de metais ainda é baixo Possibilidade de crescimento da demanda chinesa por minerio, sem haver crescimento da produção de aço

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BRA

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ITA

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0 20000 40000 60000

Consum

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kgs. per

capita)

GDP per capita (PPP)

Source: IDB/ INT with UN and USGS data, 2009

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BRA

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ITA

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Consum

ption (

kgs. per

capita)

GDP per capita (PPP)

Note: The trend line is obtained by regressing consumption per capita on GDP per capita and the square of GDP per capita.

Copper

Figure 11- Copper and Soy Consumption per capita.

Entretanto, nem é tudo negativo (III/III)

As exportações de produtos agrícolas são sim a principal oportunidade para a região no momento. No entanto, o ingresso dos produtos latinoamericanos não será automático no mercado chinês. Necessidade de realização de investimentos na China !

0 50 100 150 200

Middle East and North Africa

East and South Asia

Rest of the World

Eastern Europe&Central Asia

LAC

Sub-Saharan Africa

Source: Fischer and Shah 2010

Note: Uncultivated land are areas with high agro-ecological potential with a population density of less than 25 persons/km2

millions of hectares

Figure 9 -Potential Availability of Uncultivated Land

Country Open market NegotiatingValue exported in 2013

(US$ million)

Chile

Apricots, cherries, peaches,

nectarines, plums, grapes and

apples

Avocado (approved in

September, 2014)543.4

PeruGrapes, mandarins, oragens,

grapefruit, strawberries

Apples, blueberries, avocado,

cherries97.9

Ecuador Bananas 14.9

Mexico Avocado, figs, melonBlueberries, strawberries,

raspberries4.48

Costa

RicaBananas 2.7

Conclusões:

1 – Como a China projeta relação

com a região?

2 – E os países da ALC?

A China parece ter um plano de trabalho para a região

Criação do Forum China-CELAC Aprovação do plano de ação para a cooperação entre a China e os países membros da CELAC (2015-2019)

“ “1+3+6″cooperation framework” 1 Plano 3 motores (comercio, investimento, financiamento) 6 indústrias foco - energy and resources, infrastructure construction, agriculture, manufacturing,

scientific and technological innovation, and information technologies

“3x3 model”

Empresas, sociedades, governos

Criação de um fundo de US$ 30 bi para projetos de desenvolvimento de capacidade de produção na região

Metas US$ 500 bi para a próxima década (equivalente a dobrar o fluxo de comércio) US$ 250 bi em estoque de investimento chinês na região Financiamento (? – Não mencionado)

Encontros ministeriais do Forum (já houveram reuniões dos foruns de Infraestrutura e Agricultura)

E os países da região?

Financiamento - Venezuela (US$ 10 bi), Argentina (Renovação do swap – US$ 5-11 bi), Bolivia (US$ 7 bi), Costa Rica (US$ 1 bi), Equador (US$ 4 bi)

Exportação de produtos agricolas Necessidade de diversificação das pautas de exportação

O aumento dos custos de produção e variações na taxa de câmbio podem trazer competiitvidade para produtos indústrias em nichos de mercado na China

Investimento em infraestrutura Para o Brasil

Na China Continuar com avanços em questões de acesso a mercados na área da agricultura Realizar investimentos em outras etapas da cadeia de valor do agronegócio na China – aproveitar a

janela de oportunidade para consolidação de marcas brasileiras no mercado chinês Fortalecer o trabalho de inteligência comercial e atuação da APEX na China. Aprimorar a

coordenação entre as federações e associações representantes dos setores com a APEX na China. Bom trabalho realizado recentemente entre CNT/APEX e CNA/APEX na China.

Definir projetos prioritários de infraestrutura para atrair empresas chinesas a participar de projetos de licitação (governo tem feito idas e reuniões frequentes sobre esse assunto na China, CNT também)

Geração de conhecimento sobre China no Brasil (Midia e Academia lagging behind) Na regiao

Avanço na agenda de acordos comerciais – Colombia e renovação com o Mexico Buscar participar ativamente dos Foruns da CELAC e observar os acordos dos países com a China,

com vistas a identificar oportunidades para cooperação em projetos na região

Obrigado