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Região Nordeste Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável

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Região Nordeste

Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material

Reciclável e Reutilizável

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Brasília, 2013

Região Nordeste

Situação Social das Catadorase dos Catadores de Material

Reciclado e Reutilizável

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SITUAÇÃO SOCIAL DAS CATADORAS E DOS CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL E REUTILIZÁVEL

CoordenaçãoSandro Pereira SilvaFernanda Lira GoesAlbino Rodrigues Alvarez

Apoio TécnicoLana Torres BarretoJanaina Carvalho dos SantosMariana Fernandes Teixeira

ParceirosPró-Catador/Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC)/Secretaria-Geral da Presidência da República Fernando Antonio MatosDaniela MetelloAna Paula Barbosa MeiraFrancisco Chagas do NascimentoDanniel Gobbi

Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes)/Ministério do Trabalho e EmpregoRoberto Marinho Alves da SilvaValmor SchiochetGabriela Cavalcanti Cunha

Governo Federal

Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Ministro interino Marcelo Côrtes Neri

Fundação públ ica v inculada à Secretar ia de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o Ipea fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais – possibilitando a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasi leiro – e disponibi l iza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos.

PresidenteMarcelo Côrtes Neri

Diretor de Desenvolvimento InstitucionalLuiz Cezar Loureiro de Azeredo

Diretor de Estudos e Relações Econômicas ePolíticas InternacionaisRenato Coelho Baumann das Neves

Diretor de Estudos e Políticas do Estado, dasInstituições e da DemocraciaDaniel Ricardo de Castro Cerqueira

Diretor de Estudos e PolíticasMacroeconômicasCláudio Hamilton Matos dos Santos

Diretor de Estudos e Políticas Regionais,Urbanas e AmbientaisRogério Boueri Miranda

Diretora de Estudos e Políticas Setoriaisde Inovação, Regulação e InfraestruturaFernanda De Negri

Diretor de Estudos e Políticas SociaisRafael Guerreiro Osorio

Chefe de GabineteSergei Suarez Dillon Soares

Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaçãoJoão Cláudio Garcia Rodrigues Lima

Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoriaURL: http://www.ipea.gov.br

As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

PANORAMA GERAL DOS INDICADORES ............................................................. 7

1 DEMOGRAFIA ................................................................................................. 9

2 TRABALHO E RENDA ....................................................................................... 16

3 PREVIDÊNCIA .................................................................................................. 19

4 EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 21

5 ACESSO A SERVIÇOS PÚBLICOS....................................................................... 24

6 INCLUSÃO DIGITAL.......................................................................................... 27

ANEXO ............................................................................................................... 28

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APRESENTAÇÃO

Com a promulgação da Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resídu-os Sólidos, ganhou relevo a questão do estímulo à disposição adequada de resíduos e também à reciclagem. Esta última conta com um grupo bastante numeroso de tra-balhadores, tanto nas ruas quanto nos lixões, organizados ou não em cooperativas ou associações de catadoras e catadores que sobrevivem, muitas vezes, em situação de vul-nerabilidade social.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos busca resolver o problema da gestão de resíduos do ponto de vista técnico e econômico, e tem como objetivo contribuir para a inclusão social das catadoras e dos catadores de material reciclável, permitindo-lhes melhores condições de trabalho e acesso a serviços públicos.

A iniciativa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com a Secretaria Geral da Presidência da República (SG/PR) e com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de publicar a série Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável visa elaborar uma análise descritiva da situação social desses trabalhadores no Brasil, com foco na distribuição geográfica pelos estados e regiões. Foram selecionados temas por área de interesse das políticas sociais: demografia, trabalho e renda, previdência, educação, acesso a serviços públicos e inclusão digital.

Cada relatório regional – este trata da região Nordeste – apresenta uma síntese da caracterização nacional dos indicadores, seguida pelo detalhamento e comparação dos dados estaduais em cada região, organizados por temas. Com essa compilação de dados espera-se contribuir para agregar informações qualificadas ao debate, que busca alcançar uma solução para a destinação de resíduos sólidos condizentes com o respeito ao ser humano e à valorização da atividade das catadoras e dos catadores em todos os municípios brasileiros.

Os Editores

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Região Nordeste

PANORAMA GERAL DOS INDICADORES

A categoria profissional de Catador de Material Reciclável foi reconhecida, em 2002, no Código Brasileiro de Ocupações (CBO). Entretanto, essa classificação ainda não foi totalmente internalizada nas pesquisas domiciliares e de mercado de trabalho no Brasil. As diferenças de nomenclaturas utilizadas nos últimos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, dificultam uma comparação temporal dos dados sobre esses trabalhadores, impossibilitando analisar a evolução de sua condição social ao longo do tempo.

No Censo de 1991, em Outras ocupações e ocupações mal definidas, consta a ativi-dade de Lixeiro. No Censo de 2000, a atividade de Lixeiro foi substituída por Catadores de sucata. Apenas no Censo de 2010 a atividade está representada como Coletores de lixo e material reciclável, Classificadores de resíduos e Varredores e afins, possibilitando, assim, uma análise mais ampliada acerca desse público.

Neste estudo, utiliza-se, portanto, os dados disponíveis no Censo Demográfico de 2010, a partir de seis temas principais: demografia; trabalho e renda; previdência; educação; acesso a serviços públicos; e inclusão digital. De acordo com esses dados, no Brasil 387.910 pessoas exercem a atividade de catação de material reciclável e reutilizá-vel como atividade remunerada principal.

No entanto, deve-se levar em conta alguns pontos sobre esses dados. Primeira-mente, não foram inseridos nesta pesquisa os Varredores e afins, por se tratar, em sua maioria, dos profissionais conhecidos como garis.

Além disso, não se pode esquecer que o Censo é uma pesquisa domiciliar e decla-ratória. Isso faz com que se percam muitas informações referentes às pessoas que exer-cem a atividade de coleta de material reciclável, mas que não possuem um domicílio fixo definido. Paralelamente, muitas pessoas que exercem a atividade de catador(a) em conjunto com outras atividades, para compor sua estratégia de sobrevivência familiar, podem não responder que essa é sua atividade principal, o que incorre em perda de informações.

O quadro-síntese a seguir apresenta dezenove indicadores, divididos em seis di-mensões analíticas, que serviram de base para uma abordagem inicial sobre a situação social desses trabalhadores, permitindo uma comparação entre cada uma das regiões do Brasil. Nas seções seguintes são detalhados cada um desses indicadores. Na seção Anexo são apresentados os métodos de cálculo de cada um deles.

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Região Nordeste

1 DEMOGRAFIA

1.1 Total de Catadoras e Catadores de Material Reciclável e Reutilizável

Conforme o Censo Demográfico de 2010, 387.910 pessoas se declararam catadoras e catadores em todo o território brasileiro. Porém, este valor pode estar abaixo do quanti-tativo real em função de algumas dificuldades na coleta de dados durante a pesquisa do Censo, conforme explicado anteriormente. Ainda assim, esse número não se distancia muito do estimado no Diagnóstico sobre Catadores de Resíduos Sólidos,1 realizado pelo Ipea, em 2012, que apontava a possibilidade de um intervalo entre 400 mil e 600 mil catadoras e catadores, considerado a partir de diversas fontes de dados sobre o tema.

A região Nordeste concentra 116.528 pessoas desse universo, o que representa 30,6% do total de catadoras e catadores no Brasil. O estado da Bahia possui o maior contingente da região, com 34.107 trabalhadores. Juntos, Bahia, Pernambuco e Ceará concentram 63,0% desses trabalhadores na região. Sergipe e Piauí são os que apresenta-ram o menor número de pessoas que declararam trabalhar como catador(a), com 4.081 e 4.728, respectivamente.

FIGURA 1.1 Total de catadoras e catadores

1. IPEA. Diagnóstico sobre catadores de resíduos sólidos. Relatório de Pesquisa. Brasília: Ipea, 2012.

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

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1.2 Faixa Etária

Conhecer a composição etária das catadoras e dos catadores é importante para a defi-nição de uma série de políticas públicas. A média de idade entre as pessoas que decla-raram exercer a atividade de coleta e reciclagem no Brasil é de 39,4 anos. Essa média varia pouco entre as regiões. No Nordeste, por exemplo, a idade média desse público é de 38,3 anos.

Observa-se, que não há muita variação entre os estados da região Nordeste, pois, mais da metade se situa entre 30 e 49 anos. Aproximadamente 4,0% do total ainda não atingiu a idade adulta e 15,0% encontra-se entre 18 e 29 anos, idade utilizada como referência para as políticas de juventude. A população de catadoras e catadores acima de 60 anos na região está próximo de 5,0%, idade considerada prioritária para as políticas de assistência e previdência social.

FIGURA 1.2Percentual de catadora(es) por faixa etária

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

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Região Nordeste

1.3 Gênero

O sexo masculino é predominante entre as pessoas que exercem a atividade de coleta e reciclagem de resíduos sólidos no país. Os homens representam 68,9% do total, contra 30,1% das mulheres. Alguns fatores sociológicos podem explicar essa discrepância, por exemplo, o fato de algumas mulheres exercerem outras atividades, como o cuidado do lar e da família, e entenderem que a coleta de resíduos seja uma mera atividade comple-mentar. Ou seja, muitas mulheres catadoras não se identificaram com a atividade por manterem a identidade de domésticas ou trabalhadoras do lar como trabalho principal.

Na região Nordeste o percentual de catadoras é praticamente similar ao nacional, em torno de 30,0%. As mulheres se destacam mais na Bahia, onde representam 36,4%, e estão menos representadas no Rio Grande do Norte, com 17,4%.

FIGURA 1.3 Percentual de mulheres e de homens na atividade de reciclagem

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

29,6 28,1 22,4 17,4

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33,6 33,9 36,4

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1.4 Raça/Cor

A participação de negras e negros entre as pessoas que trabalham com a coleta e reci-clagem de resíduos sólidos no Brasil é de 66,1%. Ou seja, duas em cada três pessoas que exercem essa atividade são negros. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, considerando que o total de negras e negros representam 52,0% da população brasilei-ra, pode-se notar que o percentual dessa parcela da população na atividade de catação é superior ao de negros na população brasileira total.

No Nordeste esse percentual é ainda maior, chegando a 78,0%. A Bahia é o esta-do nordestino com maior representatividade de negras e de negros entre o total desses trabalhadores, 84,2%. O Rio Grande do Norte apresenta o percentual mais baixo da região, 71,2%. Ou seja, mesmo o estado com o menor percentual de negras e de negros nessa região possui uma média acima da nacional. Portanto, a atividade de reciclagem no Nordeste possui um caráter racial bem evidente.

FIGURA 1.4 Percentuais de negras e negros entre as catadoras e os catadores

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

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Região Nordeste

1.5 Urbanização

Como a atividade de coleta e reciclagem de resíduos sólidos depende do descarte de material reutilizável e reciclável, os dados do Censo Demográfico mostram que, ma-joritariamente, as catadoras e os catadores residem em áreas urbanas. Esse percentual em todo o país chega a 93,3%, superior inclusive à distribuição espacial da população como um todo, que possui uma taxa de urbanização em torno de 86,0%. Logo, a ativi-dade de coleta de material reciclável possui uma natureza essencialmente urbana.

No caso da região Nordeste, o percentual de urbanização entre catadoras e catadores é um pouco menor que a média nacional, 88,5%. Embora seja um percentual alto, é o menor entre as cinco regiões do país.

O Rio Grande do Norte apresenta a menor concentração desses trabalhadores nos centros urbanos, 84,2%. Os estados do Maranhão e Pernambuco apresentam as maiores concentrações, tendo 91,2% de catadoras e catadores residentes em áreas urbanas.

FIGURA 1.5Percentuais de catadoras e catadores residentes em áreas urbanas e rurais

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE

91,2 86,9 90,2 84,2 90,1 91,2 88,9 88,7 86,3

8,8 13,1 9,8 15,8 9,9 8,8 11,1 11,3 13,7

0,0

20,0

40,0

60,0

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100,0

% urbano % rural

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1.6 Residentes nos Domicílios

O Censo de 2010 captou a existência de 387.910 pessoas que trabalham com a coleta e reciclagem de resíduos sólidos no país. Porém, se observarmos o total de pessoas que vivem em domicílios que contam com a presença de pelo menos uma pessoa que de-clarou exercer essa atividade, o número passa a ser bem mais significativo, totalizando 1.426.584. Ou seja, existem quase quatro residentes (3,7) para cada uma que declarou trabalhar com a coleta de material reciclável. Esse número expressa a existência de um grande contingente que, de alguma forma, direta ou indiretamente, depende da renda gerada por essa atividade.

Na região Nordeste esse total de pessoas em domicílios com pelo menos um(a) catador(a) chega a 456.060, o que representa 32,0% do total nacional. Isso significa que existem em média na região 3,9 pessoas para cada uma que se declarou ser catador ou catadora residindo nesses domicílios. Sergipe é o estado da região que possui a me-nor quantidade, 14.876, enquanto na Bahia existem 132.052 pessoas em domicílios.

FIGURA 1.6Total de residentes em domicílios com pelo menos uma catadora ou um catador

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

31.874

18.766

74.666

35.54639.463

75.528

33.289

14.876

132.052

0

30.000

60.000

90.000

120.000

150.000

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Região Nordeste

1.7 Razão de Dependência de Crianças e Adolescentes

Uma informação importante que deriva do item 1.6 refere-se à quantidade de crian-ças e adolescentes (0 a 15 anos) que residem nos domicílios que possuem ao menos um(a) catador(a). Como a legislação brasileira não permite o trabalho remunerado nessa idade, as crianças e os adolescentes dependem da renda gerada pelos adultos de seus domicílios.

O valor da razão de dependência nos domicílios com catadoras e catadores no Brasil é de 50,0. Nesses domicílios o número de crianças até 15 anos é praticamente o mesmo das demais pessoas (acima de 15 anos). Esse valor é superior, inclusive, à razão de dependência de todos os domicílios brasileiros, que é de 39,0%, o que demonstra a existência de uma quantidade maior de crianças em relação aos adultos nesses domicí-lios do que na média nacional incluindo todos os domicílios.

No Nordeste a razão de dependência nos domicílios com catadoras e catadores é ainda maior, chegando a 55,3%. Os estados do Maranhão e Alagoas apresentam os maiores índices, com 65,4% e 65,0%, respectivamente. No Rio Grande do Norte a razão de dependência de crianças está abaixo dos demais estados, 49,7%.

FIGURA 1.7 Razão de dependência de crianças em domicílios com pelo menos um(a) catador(a)

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

65,4

51,4

58,1

49,752,1

55,4

65,060,1

51,7

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

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2 TRABALHO E RENDA

2.1 Rendimento Médio do Trabalho

Uma dimensão essencial na análise da situação social dos catadores e catadoras de ma-terial reciclável e reutilizável no Brasil refere-se aos temas do trabalho e da renda obtida pelos trabalhadores do setor. Os dados do Censo Demográfico do IBGE indicam que a renda média em 2010, segundo os próprios trabalhadores, era de R$ 571,56. Ressalte--se que o salário mínimo da época era de R$ 510,00. Ou seja, a renda de todo o univer-so de catadores e catadoras no país superava o valor do salário mínimo.

Na região Nordeste, entretanto, esses valores estavam bem abaixo. A média da renda das pessoas envolvidas na atividade de coleta e reciclagem em 2010 foi de R$ 459,34 – cerca de 10% inferior ao salário mínimo nacional. O quadro síntese mos-trado anteriormente aponta que a região apresentou o menor valor de renda média do trabalho entre os catadores e catadoras do país.

Ao verificar os valores médios para cada estado nordestino, apenas o Rio Grande do Norte apresentou uma média superior ao valor do salário mínimo da época, R$ 542,37. O menor valor foi verificado no estado da Paraíba, R$ 391,93.

FIGURA 2.1Rendimento médio do trabalho de catadoras e catadores

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

431,18 445,19 445,00

542,37

391,93

494,14455,36

425,88458,55

0,00

200,00

400,00

600,00

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2.2 Desigualdade de Renda do Trabalho

A medida da desigualdade de renda em uma sociedade é um excelente indicador de justiça social. O Brasil vem conseguindo nos últimos anos importantes resultados na queda da desigualdade de renda, principalmente em virtude do aumento do investi-mento em programas sociais e da queda do desemprego.

Uma das principais formas de medir a desigualdade é o índice de Gini, que varia entre 0 e 1. Quanto mais perto de 1 maior a desigualdade, e quanto mais perto de 0 menor. De acordo com o Censo, a desigualdade de renda de todos os trabalhadores brasileiros em 2010 era de 0,58. Se considerarmos apenas os trabalhadores envolvidos com a coleta e reciclagem de resíduos sólidos, o valor do índice de Gini para o Brasil é de 0,42. Ou seja, embora a desigualdade de renda entre as(os) catadoras(es) seja menor do que a desigualdade em todo o mercado de trabalho há uma considerável desigual-dade entre eles.

Entre os catadores e catadoras da região Nordeste a desigualdade de renda é de 0,43, sendo, portanto, bem próxima à média nacional. Os maiores índices foram dos estados do Piauí e Pernambuco, com 0,47 e 0,46, respectivamente. Aqueles com o me-nor índice foram Paraíba e Alagoas, ambos com 0,39.

FIGURA 2.2Desigualdade de renda do trabalho entre catadores(as) (Índice de Gini)

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

0,40

0,47

0,41 0,41 0,39

0,46

0,39 0,410,44

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

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2.3 Extrema Pobreza

Da mesma forma que ocorre com a desigualdade, a queda da extrema pobreza na po-pulação brasileira vem sendo diagnosticada com bastante ênfase nos últimos anos. Para fins de alguns programas sociais, como o Programa Bolsa Família, considera-se em situ-ação de extrema pobreza o domicílio em que a soma da renda de seus integrantes, divi-dida pela quantidade de pessoas que residem no domicílio e dependam dessa renda não ultrapasse a marca de R$ 70,00. Considerando todas as famílias brasileiras, estimou-se, de acordo com o Censo Demográfico, que em 2010 o percentual de extrema pobreza era de 9,4%. Fazendo um recorte apenas para os domicílios que possuem pelo menos um(a) catador(a) esse percentual para o Brasil é bem menor, na ordem de 4,5%. Porém, esse valor varia entre as regiões e os estados.

O Nordeste é a região que apresenta o maior percentual de extrema pobreza entre os domicílios com pelo menos um(a) catador(a), 8,4% – valor que corresponde quase ao dobro da média nacional. Na verdade, todos os estados da região possuem um índice acima da média nacional. O estado com o pior índice é Sergipe, com 15,5%, enquanto que a menor média ficou por conta do Rio Grande do Norte, com 6,0%.

FIGURA 2.3 Percentual de residentes extremamente pobres em domicílios com pelo menos um(a) catador(a) (menos de R$70,00 per capita)

Fonte: Censo Demográfico 2010?IBGE.

9,08,2

10,5

6,0

7,9

9,8 9,3

15,5

6,2

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

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Região Nordeste

3 PREVIDÊNCIA

3.1 Contribuição Previdenciária

Os indicadores de previdência apresentam o grau de proteção social em vigor na socie-dade, garantindo ao trabalhador e à trabalhadora o direito a uma série de benefícios, tais como aposentadoria por tempo de serviço, salário maternidade, seguro acidente, entre outros. Entretanto, como o mercado de trabalho no Brasil é fortemente marcado pela informalidade, uma parcela significativa da nossa força de trabalho está fora da cobertura previdenciária.

Isso pode ser notado claramente no universo das catadoras e dos catadores de ma-terial reciclável. Dentre aquelas pessoas que declararam exercer essa profissão no Censo de 2010, 57,9% afirmaram que contribuem para a previdência, embora não se tenha como saber se essa contribuição é de fato regular.

Na região Nordeste o percentual desses contribuintes é um pouco menor, 53,8%. O destaque positivo ficou por conta do Rio Grande do Norte, que apresentou um valor de cobertura previdenciária de 65,0% entre os trabalhadores da reciclagem. Ala-goas e Bahia também tiveram percentuais superiores à média nacional. As piores mé-dias foram do Maranhão e do Piauí, ambos com 42,2% do total de catadores(as) que afirmaram contribuir para a previdência.

FIGURA 3.1Percentual de catadoras e catadores com contribuição previdenciária

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

42,2 42,246,5

65,0

49,2

54,6

60,5

44,0

59,2

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

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3.2 Cobertura da População Idosa

Outro indicador utilizado na área da previdência social é a cobertura da população idosa (60 anos ou mais) em relação aos benefícios previdenciários e assistenciais. Esses índices sinalizam a condição de vulnerabilidade em que vive a população, ao mesmo tempo em que evidenciam a abrangência da atuação do Estado na seguridade social.

Em 2010, o percentual de cobertura foi de 74,9%, considerando toda a popu-lação idosa do Brasil, ou seja, cerca de três em cada quatro pessoas com mais de 60 anos receberam benefício previdenciário (aposentadoria) ou assistencial (Benefício de Prestação Continuada). Porém, se focarmos apenas na população idosa que reside em domicílios onde existe pelo menos uma pessoa que trabalha como catador(a), o percen-tual geral do país é bem menor, 57,8%.

A região Nordeste possui o maior percentual de cobertura de idosos em domicí-lios com pelo menos um catador(a), 61,5%. Nesse caso, o destaque fica por conta do Maranhão, com 77,2% da população idosa coberta nesses domicílios, enquanto que a Bahia apresentou a menor média da região, 55,6%.

FIGURA 3.2 Cobertura da população idosa em domicílios com pelo menos um(a) catador(a)

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

77,2

69,1

61,4

67,463,2

59,3 57,3

67,4

55,6

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

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4 EDUCAÇÃO

4.1 Analfabetismo

O Brasil ainda apresenta taxas preocupantes de analfabetismo. Segundo o Censo de 2010, esse valor chega a 9,4% da população. O analfabetismo é considerado um grande problema social, uma vez que a pessoa analfabeta sofre grande limitação de oportunida-des profissionais e de ascensão social, com forte impacto negativo na sua qualidade de vida e de sua família. Entre as catadoras e os catadores, esse percentual atingiu 20,5%.

O Nordeste é a região brasileira que possui a maior taxa de analfabetismo entre as(os) catadoras(es), atingindo 34,0%, enquanto que entre toda a população da região é de 18,6%. Todos os nove estados nordestinos apresentam taxa de analfabetismo desses trabalhadores bem acima da média nacional. A Bahia tem a menor taxa, 28,6%, e Ala-goas a maior, 41,3%. Apesar da população nordestina possuir o pior índice de analfabe-tismo no Brasil, as catadoras e os catadores estão em situação ainda mais desfavorável, o que implica a necessidade de programas de alfabetização específicos para esse público.

FIGURA 4.1 Taxa de analfabetismo entre as(os) catadoras(es)

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

35,032,5

35,4 36,6

39,8

34,3

41,3

37,8

28,6

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

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4.2 Ensino Fundamental

No Brasil 50,3% da população com 25 anos ou mais possui ensino fundamental comple-to. Entre as catadoras e os catadores de material reciclável, nessa mesma faixa etária, esse número cai para 24,6%.

Ao verificar apenas os números referentes à região Nordeste, nota-se que esse va-lor é inferior tanto entre a população como um todo, que possui 41,7% daqueles com 25 anos ou mais com ensino fundamental completo, quanto para os trabalhadores da coleta e reciclagem, pois, apenas 20,4% possuem ensino fundamental completo nesta faixa etária. Basicamente um em cada cinco trabalhadores possuem ensino fundamen-tal completo nessa atividade. Nenhum dos estados da região possui um percentual aci-ma da média nacional. A Paraíba, com 15,6%, apresenta o pior percentual, enquanto que o maior fica com o Rio Grande do Norte, 23,8%.

FIGURA 4.2Percentagem de catadoras e catadores com 25 anos ou mais que possuem pelo menos ensino fundamental completo

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

22,320,9 20,0

23,8

15,6

19,618,3 19,3

21,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

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4.3 Ensino Médio

Na população brasileira o índice de pessoas com 25 anos de idade ou mais que possuem ensino médio completo é de 35,9%. Para as catadoras e os catadores, esse valor é de apenas 11,4%.

A mesma situação pode ser observada na região Nordeste, onde 28,9% da popu-lação geral possui ensino médio completo, enquanto entre catadoras e catadores esse valor é bem inferior, 9,7%. Ou seja, apenas uma em cada dez pessoas que trabalham na atividade de reciclagem possui ensino médio completo. Os estados da Paraíba e Sergipe dividem a última posição na região, com 7,9%. O maior percentual apresentado nesse quesito ficou novamente com o Rio Grande do Norte, 12,7%, único estado da região com valor superior à média nacional.

Somando-se os demais indicadores de educação, pode-se perceber que a situação educacional das catadoras e dos catadores no Brasil, particularmente no Nordeste, é preocupante e requer cuidados especiais por parte dos agentes públicos.

FIGURA 4.3Percentagem de catadoras e catadores com 25 anos ou mais que possuem pelo menos ensino médio completo

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

10,610,0

8,7

12,7

7,98,8 8,4 7,9

10,8

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

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5 ACESSO A SERVIÇOS PÚBLICOS

5.1 Acesso a Creche

A percentagem de crianças (0 a 3 anos) no Brasil que frequentam creche é de 23,6%. Se considerarmos apenas as crianças residentes em domicílios com pelo menos uma catadora ou um catador este valor é bem próximo, 22,7%.

Na região Nordeste o percentual de crianças que vão a creche no grupo das ca-tadoras e dos catadores é 21,7%, praticamente o mesmo da população total, 21,8%.

Pode-se perceber, por um lado, a existência de três estados nordestinos em situ-ação um pouco mais favorável, até mesmo acima da percentagem da população brasi-leira total: Piauí (24,0%), Ceará (26,1%) e Rio Grande do Norte (27,1%). Por outro, para os estados de Pernambuco (16,7%), Sergipe (16,9%) e Alagoas (17,1%), há ainda o grande desafio de melhorar esses índices, já que estão bem abaixo, tanto da média nacional como da regional.

FIGURA 5.1Percentual de crianças que frequentam creche residentes em domicílios com pelo menos um(a) catador(a)

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

19,3

24,026,1 27,6

21,1

16,7 17,1 16,9

23,3

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

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5.2 Acesso a Energia Elétrica

O acesso a energia elétrica residencial no país é um dos índices mais satisfatórios dos serviços públicos nos últimos anos. Com 98,6% do total de domicílios cobertos, pode ser reconhecido como um serviço universalizado no Brasil.

Na região Nordeste não há grande variação nesse índice, uma vez que 97,8% dos domicílios possuem energia elétrica.

Mesmo para os domicílios com pelo menos uma catadora ou um catador esse índi-ce está praticamente universalizado. Para o Brasil o valor é de 99,0% e para o Nordeste é de 98,4%. Entre os estados da região também há pouca variação. Maranhão e Pernambu-co empatam na melhor taxa, 99,2% dos domicílios, e Piauí com a menor, 96,6%.

FIGURA 5.2Percentual de domicílios com pelo menos um(a) catador(a) com acesso a energia elétrica

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

99,2 96,6 98,4 98,4 98,5 99,2 99,1 98,2 97,7

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

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5.3 Esgotamento Sanitário

O esgotamento sanitário considerado adequado no Brasil está presente em 66,7% das residências. Considera-se com esgotamento adequado para área urbana os domicílios servidos por rede coletora ou fossa séptica ligada a rede coletora, e para área rural os servidos por rede coletora, fossa séptica ligada a rede coletora ou fossa séptica não ligada a rede coletora. No caso dos domicílios com pelo menos um(a) catador(a), esse percen-tual diminui para 49,8%.

Na região Nordeste o total de domicílios com esgotamento sanitário adequado é de 47,4%, ou seja, menos da metade. Entre os domicílios com catadores(as) esse per-centual cai para 32,5%, o que representa que apenas um em cada três domicílios com catadores(as) possui esgotamento sanitário adequado. Nos estados da região, chama aten-ção a situação encontrada no Maranhão e no Piauí, onde apenas 6,4% e 8,6%, respectiva-mente, das residências com catadores(as) possuem esgotamento. A Bahia possui a melhor taxa entre os estados nordestinos, 42,1%, mas, ainda assim, é inferior à média nacional.

FIGURA 5.3Percentual de domicílios com pelo menos um(a) catador(a) que dispõe de esgotamento sanitário adequado

6,4 8,6

27,3 23,1

39,5 40,8

24,4

35,0

42,1

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

% de Domicílios com pelo menos 1 Catador com Esgotamento Sanitário AdequadoFonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

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Região Nordeste

6 INCLUSÃO DIGITAL

6.1 Presença de Computador no Domicílio

A presença de computador no domicílio é tida como um indicador de inclusão digital das famílias. De acordo com o Censo de 2010, no Brasil 39,3% dos domicílios possuí-am computador, número três vezes maior que o encontrado no ano de 2000. Se consi-derarmos apenas aqueles domicílios com pelo menos um(a) catador(a), esse percentual cai para 17,7%.

No Nordeste, o total de residências que possui computador é de 21,3%, bem inferior à média nacional. Nos domicílios em que residem as catadoras e os catadores da região, esse percentual cai drasticamente, apenas 7%, configurando a pior colocação entre as demais regiões. O estado do Piauí tem o pior índice, 3,6%. Sergipe tem a me-lhor situação, com 10, 9% dos domicílios com computador.

FIGURA 6.1 Percentual de domicílios com pelo menos um(a) catador(a) com computador

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE.

4,63,6 4,1

8,67,5 7,9

6,9

10,9

8,3

0,0

5,0

10,0

15,0

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ANEXO

Glossário de Indicadores – Catadoras e Catadores

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

• Para construção dos indicadores foi utilizado o Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Censo/IBGE);

• Todos os indicadores com fonte Censo/IBGE foram elaborados para a po-pulação residente em domicílios particulares permanentes com pelo menos uma catadora ou um catador.

Indicadores

1 – Total de catadoras e catadores

Total de pessoas (mulheres e homens) que declararam exercer como atividade principal a catação de material reciclável e reutilizável.

2 – Faixa etária

Percentual de catadoras e de catadores por faixa etária: até 17 anos; de 18 a 29 anos; de 30 a 59 anos; de 50 a 60 anos; e, acima de 60 anos.

3 – Percentual de catadoras

Percentual de mulheres do total de catadores e classificadores.

Catador gênero femininoTotal de catadores

×100

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Região Nordeste

4 – Percentual de negras e de negros

Percentual de catadoras e de catadores da raça/cor preta e parda.

Catadoras e catadores de cor preta e parda Total de catadoras e catadores

5 – Percentual de catadoras e de catadores residentes em áreas urbanas

Percentual de catadoras e de catadores que vivem na área urbana.

População urbanaPopulação total

6 – Total de residentes em domicílios com pelo menos uma catadora ou um catador

Total de catadoras e de catadores que têm a unidade domiciliar como local de residên-cia habitual e estão presentes na data de referência, ou ausentes, temporariamente, por período não superior a doze meses àquela data, por algum motivo como: viagem, in-ternação em estabelecimento de ensino ou hospedagem em outro domicílio, pensiona-to ou república de estudantes, detenção sem sentença definitiva declarada, internação temporária em hospital ou estabelecimento similar ou embarque a serviço (militares, petroleiros).

7 – Razão de dependência de crianças em domicílios com pelo menos um(a) catador(a)

Razão entre o total de pessoas de 0 a 15 anos de idade e o total de pessoas de 16 anos a 64 anos de idade.

População de 0 a 15 anos de idadePopulação de 16 a 64 anos de idade

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S i t u a ç ã o S o c i a l d a s C a t a d o r a s e d o s C a t a d o r e s d e M a t e r i a l R e c i c l á v e l e R e u t i l i z á v e l

×100

8 – Rendimento médio do trabalho das catadoras e dos catadores

É a soma dos rendimentos brutos provenientes do trabalho principal, em reais, dividi-do pelo número de pessoas na categoria selecionada.

Soma dos rendimentos brutos no trabalho principalTotal de pessoas ocupadas

9 – Desigualdade de renda entre catadoras/catadores - Índice de Gini

É comumente utilizado para calcular a desigualdade na distribuição de rendimento, mas pode ser usado para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de rendimento (onde todos têm o mesmo rendimento) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem todo o rendimento, e as demais nada tem).

10 – Residentes com pelo menos uma catadora ou um catador extremamente pobres

Definiu-se como extremamente pobre a população com renda domiciliar per capita (RDPC) até R$ 70,00, em 2010, calculando-se assim o percentual de pessoas que vivem nesta situação, exclusive aqueles cuja a condição no domicílio particular fosse pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico.

Os valores foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) e estão apresentados a preços do ano de 2010.

População extremamente pobrePopulação total

11 – Contribuintes na população ocupada

Percentual de pessoas ocupadas que contribuem para previdência.

São consideradas contribuintes, pessoas entre 16 e 64 anos de idade que con-tribuem para instituto de previdência em qualquer trabalho na semana de referência,

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Região Nordeste

empregados com carteira de trabalho assinada, militares do exército, marinha, aero-náutica, policia militar ou corpo de bombeiros e empregados pelo regime jurídico dos funcionários públicos.

População ocupada de 16 a 64 anos que contribui para previdênciaPopulação ocupada de 16 a 64 anos

12 – Cobertura da população idosa em domicílios com pelo menos um(a) catador(a)

Percentual de idosos com 60 anos de idade ou mais que recebem aposentadoria e/ou pensão de instituto de previdência oficial (federal, estadual ou municipal) na semana de referência.

População de 60 anos ou mais de idade que recebe aposentadoria e/ou pensão

População de 60 anos ou mais de idade

13 – Taxa de analfabetismo entre catadoras e catadores

Percentual de pessoas analfabetas, ou seja, que não sabem ler e escrever. Considerou--se como alfabetizada a pessoa de 15 anos ou mais de idade capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma em que conhece.

População que não sabe ler e escrever de 15 anos ou maisPopulação de 15 anos ou mais

14 – Percentual de catadoras(es) com 25 anos ou mais com pelo menos o ensino fundamental completo

População com 25 anos ou mais que completou pelo menos o ensino fundamental

População com 25 anos ou mais

15 – Percentual de catadoras(es) com 25 anos ou mais com pelo menos o ensino médio completo

População com 25 anos ou mais que completou pelo menos o ensino médio

População com 25 anos ou mais

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16 – Crianças na creche (0 a 3 anos)

Percentual de crianças de 0 a 3 anos que frequentam escola ou creche.

População de 0 a 3 anos que frequenta escola ou crechePopulação de 0 a 3 anos

17 – Acesso a energia elétrica

Proporção da população residente em domicílios com acesso a energia elétrica.

População residente em domicílios cuja forma de iluminação é elétricaPopulação total

18 – Esgotamento sanitário adequado

Proporção da população residente em domicílios cobertos com serviços de esgotamen-to sanitário adequados.

População residente em domicílios servidos por rede coletora ou fossa séptica

População total

19 – Existência de computador no domicílio

Proporção da população residente em domicílios com computador.

População residente em domicílios com computadorPopulação total

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Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

EDITORIAL

CoordenaçãoCláudio Passos de Oliveira

ApoioIranilde RegoSilvânia de Araujo Carvalho

CapaJonatas Bonach

Projeto GráficoAnderson Reis Jonatas Bonach

LivrariaSBS – Quadra 1 − Bloco J − Ed. BNDES, Térreo 70076-900 − Brasília – DFTel.: (61) 3315 5336Correio eletrônico: [email protected]

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Missão do IpeaProduzir, articular e disseminar conhecimento paraaperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro.