RefinaRia já - Sistema FIEC - Federação das …, o equipamento consegue se diferenciar muito dos...

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n N o 61 n JUNHO/2012 Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC CORREIOS 3 Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT REFINARIA JÁ FIEC, CIC, estado, setores empresariais, políticos, academia e sociedade em geral mobilizam suas forças para garantir a refinaria Premium II da Petrobras no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Acreditando na viabilidade técnica do empreendimento, Ceará quer a refinaria para impulsionar seu desenvolvimento FOTO: REPRODUÇÃO FOTO DE JOSÉ WAGNER/LOCAL FOTOS

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno VI n No 61 n JUNHO/2012

ImpressoEspecial

9912285067/2011-DR/CEFIEC

CORREIOS

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Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT

RefinaRia jáFIEC, CIC, estado, setores empresariais, políticos, academia e sociedade em geral mobilizam

suas forças para garantir a refinaria Premium II da Petrobras no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Acreditando na viabilidade técnica do empreendimento, Ceará quer a

refinaria para impulsionar seu desenvolvimento

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Revista da FIEC. – Ano 6, n 61 (jun. 2012) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.

org.br), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP

60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de

Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected]

Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Federação das Indústrias do Estado do Ceará — FIECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge

Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha

Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José

Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.

CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando

Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

Serviço Social da Indústria — SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro,

Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço

Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula

Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves

Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima

Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

JUNHO 2012 | no 61

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

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SENAIApOrtE pArA AmpLIAçãOSENAI no Ceará recebeu aporte de 100 milhões de reais para ampliar suas ações nas áreas de inovação tecnológica e educação profissional

Acidentes de trabalhoprEOCUpAçãO CONStANtESESI quer reduzir em 15%, até 2014, o índice de acidentes de trabalho nas indústrias atendidas pela instituição nos programas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) em todo o país

ViraVidaprOtAgONISmO JUvENIL Programa já atendeu no Ceará a cerca de 500 jovens vítimas de situações de abuso e exploração sexual. Meta do SESI é ampliar a ação para as 27 unidades federativas

Máquinas pesadasEmprEgOS Em ALtACursos do SENAI voltam a atenção no estado para a formação de mão de obra destinada a operar máquinas pesadas em obras estruturantes

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Seções

MensagemdaPresidência........7

Notas&Fatos..............................8 Inovações&Descobertas...........6

Startups Carnaúba

Uniemp

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IELACOmpANHAmENtO dE EStágIODesde o segundo semestre do ano passado, a área de Estágio e Novos Talentos do IEL está acompanhando as atividades dos estagiários nas próprias empresas

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INdúStrIA dO CONHECImENtOFIEC estimula o surgimento de empresas de base tecnológica como instrumentos de propulsão da inovação e da indústria do conhecimento

ALErtA SObrE qUALIdAdEBeneficiadores reclamam que, em muitos casos, a matéria-prima tem chegado à indústria contendo impurezas

pLANO dE trAbALHOIdeia da cooperação universidade-empresa começou a amadurecer no ano passado com a ida de comitiva da FIEC para conhecer experiência em Israel

Indecisão da PetrobrasFIEC, CIC e outros segmentos da sociedade defendem a permanência da refinaria Premium II no Plano de Negócios de Petrobras para os anos de 2012 a 2016

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| RevistadaFIEC | Junho de 20124 5Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

InovaçoesDescobertas&

BICIClETA VoADoRA

Kenneth Tong’s, da Universidade de Londres, criou uma sobrinha nada convencional, mas que pode fazer muito sucesso em regiões ensolaradas, como o Nordeste brasileiro. Batizado de booster brolly (guarda-chuva energizado), o equipamento consegue se diferenciar muito dos acessórios normais porque, além de proteger dos raios nocivos do sol, funciona como carregador de baterias. Construída em fibra de carbono e metal, a sombrinha possui painéis solares de silicone para carregar a bateria de um celular em cerca de 3 horas, ao mesmo tempo que aproveita as hastes de metal para ampliar o sinal da rede wireless. Qualquer dispositivo que esteja a até três metros de distância do guarda-chuva pode aproveitar o incremento do sinal.

Está surgindo uma nova geração de tecido capaz de expulsar sujeiras como graxa, ácidos, cola e outras substâncias grudentas. E com uma grande vantagem: suporta dezenas de lavagens em máquina de lavar comum, sem perder sua funcionalidade. O tecido foi criado por cientistas da Universidade de Deakin, na Austrália, que usaram uma técnica de deposição de multicamadas com cargas positivas e negativas dispostas alternadamente. O grande truque encontrado pelos pesquisadores australianos para aumentar a durabilidade do tecido antimancha consiste na adição de nanopartículas de sílica – uma areia finíssima – revestidas com moléculas do grupo azida, que possuem longas estruturas parecidas com caudas. Depois que o tecido é mergulhado várias vezes na solução antimancha, recebe a cobertura de nanopartículas. Quando submetidas à luz ultravioleta, as caudas das moléculas do grupo azida se entrelaçam, curando-se e criando uma estrutura muito forte que amarra as diversas camadas. Os testes de laboratório mostraram que o novo revestimento, aplicado a um tecido de algodão, repeliu água, ácidos, bases e solventes orgânicos. O material pode ser produzido para atender a diversas especificações. Por exemplo: pode ser usado para revestir sensores e até equipamentos médicos, formando superfícies antibacterianas.

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A argila, matéria-prima largamente utilizada na indústria da construção civil, pode ter, com o uso de tecnologia, um valor cem vezes maior que o produto bruto. É o que vem demonstrando um estudo na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), coordenado pelo professor Márcio Nascimento. Os pesquisadores baianos estão desenvolvendo técnicas de modificação físico-química, substituindo um processo que hoje é feito no exterior. "Em termos comerciais, se compra a argila comum por centavos de dólar a tonelada. E chegamos a importar essas mesmas argilas modificadas por dezenas ou centenas de dólares", explica. As técnicas desenvolvidas pela equipe estão sendo patenteadas. Mas a equipe planeja também estudar formas de tornar mais nobres as argilas

industriais. "Se você tiver uma argila melhorada, o tijolo certamente terá algumas de suas propriedades melhoradas. Consequentemente, esse tijolo de melhor qualidade também deverá ter um custo maior”, justifica Márcio Nascimento.

Um consórcio formado por três empresas tchecas apresentará em setembro próximo, durante a Feira Internacional de Maquinaria de Brno, o modelo real de uma bicicleta elétrica voadora. Segundo os projetistas, a bicicleta será capaz de fazer voos curtos, a uma altura de cinco metros. O modelo, cujo protótipo virtual em 3D foi revelado em junho, desenvolve uma potência de 47 quilowatts, pesa 85 quilogramas e pode deslocar no ar a carga máxima de 170 quilos, a uma velocidade de até 50 quilômetros/hora. Tem 3,5 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 1,2 metro de altura. A fonte de energia é uma bateria de polímero de lítio com capacidade de 50 ampères-hora. A parceria conta ainda com a participação da Duratec, fabricante de bicicletas, e da Evektor, especializada em projetos de aviões.

SoMBRInhA hIGh-TECh

TECIDo REPElE SujEIRA

MensagemdaPresidênciaroberto proença de macêdo

O tratamento da inovação em estreito vínculo com a valorização dos nossos talentos vem dando seus primeiros frutos nos esforços empreendidos por nossa Federação em cooperação com relevantes agentes econômicos, sociais e po-líticos do Ceará. Em artigo publicado no jornal O Povo (16/5/2012), ma-nifestei minha alegria diante do surgimento dos primeiros resultados do trabalho que vem sendo realizado com o apoio de uma equipe de professores da universidade Ben-Gurion, de Israel. Dentro do Programa de Fortalecimento da Cooperação Universidade-Empresa – que bati-zamos de Uniemp –, começamos a trilhar o caminho para a inovação com a adesão de várias empresas dos setores metal-mecânico, quí-mico e construção civil. Diretamente ligado a esse es-forço pela criação de um ambiente de inovação em nosso estado, está sendo formalizada uma coopera-ção com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a FIEC e a CNI, com a participação inicial da UFC e da Unifor, dentro do pro-grama Inova Ceará Startup. Tal iniciativa objetiva estimular o empreendedorismo nos jovens e criar, desde cedo, um víncu-lo entre eles, suas universidades e as empresas. A escolha do ITA não é por acaso. Nada menos do que 20% a 25% das 120 vagas anuais oferecidas por esse instituto, o mais renomado formador de engenheiros do Brasil, são preenchidas por jovens cearenses. No entanto, a maioria desses estudan-tes não retorna ao Ceará depois da sua graduação. E não retorna por desconhecer as oportunidades e as condições

Inovação e valorização dos nossos talentos

de trabalho que o setor empresarial pode oferecer para o seu desenvolvimento profissional. Foram selecionados seis alunos do ITA e outros seis de universidades locais para participarem, durante as férias de ju-lho deste ano, de um intenso programa de conhecimento e de integração. A ideia é que eles tenham um contato direto com o nosso parque industrial e com o rico elenco de oportunida-des e desafios para a inovação e startup. Iniciativas como essa certamente irão estimular o empreendedorismo e uma menta-

lidade inovadora nos jovens seden-tos por desafios e nos empresários conscientes da necessidade de con-solidação da cultura da inovação. Este é um desafio empresarial, mas não só dos empresários da indústria. Todos os que pensam, querem e agem pelo desenvolvi-mento do Ceará precisam sentir-se desafiados. O primeiro passo é en-xergar e explorar as oportunidades já existentes em todos os setores da economia, em especial o novo setor industrial em fase de instala-

ção, ou ainda o que poderá surgir no processo de interação entre professores, alunos, empresários e governantes. A criação de oportunidades de trabalho em segmentos de inovação tecnológica é uma necessidade para a atração dos jovens que concluem seus cursos em centros de excelência fora do Ceará, mas também para a retenção dos que se for-mam em nossas universidades e se veem obrigados a buscar desafios fora de nossas fronteiras. O momento é propício para unir inovação e valorização dos nossos talentos. Precisamos dar resposta urgente a essa questão.

“ Oportunidades de

trabalho em segmentos

de inovação tecnológica também

são necessárias para reter jovens

formados em nossas universidades

e que se veem obrigados a buscar

desafios fora do estado.

| RevistadaFIEC | Junho de 20126 7Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

OInSTITuTo FIEC de Responsabilidade Social (FIRESO), em parceria com o Poder Judiciário, realizou a 1ª Semana do Meio Ambiente do

Tribunal de Justiça, no Fórum Clóvis Beviláqua, de 4 a 9 de junho. A iniciativa fez parte das ações que o FIRESO irá desenvolver em parceria com o Tribunal, por meio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do TJ, visando maior conscientização sobre a questão ambiental. Durante o mês de junho, foi realizada ainda campanha de arrecadação de lixo eletrônico, como pilhas e baterias. "A relevância de provocar essa reflexão é fundamental para contribuir para ressignificação da relação do ser humano com o meio ambiente", disse o desembargador Carlos Alberto Mendes Forte, supervisor da Comissão de Responsabilidade Socioambiental do TJCE.

Notas&FatosO q U E A C O N t E C E N O S I S t E m A F I E C , N A p O L í t I C A E N A E C O N O m I A

ZPe prevê alfandegamento até 15 de dezembro

pECém

Notas&FatosmEIO AmbIENtE

FiResO e Poder Judiciário promovem semana

EdUCAçãO A dIStâNCIA

IEL OFErECE CUrSOS grAtUItOS A EStAgIárIOSO Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), em parceria com o SENAI, oferece cursos de Educação a Distância (EAD), com objetivo de aproximar estudantes à realidade do mercado de trabalho, além de garantir o melhor conteúdo para incrementar o currículo dos participantes. Os cursos ofertados são Marketing Pessoal, Prepare-se para o Mercado, Conheça a Empresa, Aprenda com o Estágio, Construa sua Carreira,

Educação Ambiental, Empreendedorismo, Legislação Trabalhista, Segurança no Trabalho, TI e Comunicação e Propriedade Intelectual. A carga horária é de quatro horas ou 14 horas, dependendo do curso. Para estagiários, os cursos são gratuitos. As turmas são mensais. Há turmas de julho a dezembro. Mais informações pelo telefone (85) 3421 6508 ou pela internet em http://bit.ly/ayCeL9.

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indústRia bRasileiRa ReduZ imPactO ambientalINSCrIçÕES AbErtAS

PRêmiO Fiec POR desemPenhO ambiental

A InDúSTRIA brasileira reduziu consideravelmente o impacto de sua atividade no meio ambiente nos últimos 20 anos, desde a Eco-92, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa, reciclando, usando insumos renováveis, reaproveitando a água. A informação, com dados, está em documento divulgado no dia 14 de junho pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na Conferência Rio+20. Segundo o documento, 97,6% das embalagens de alumínio são recicladas no país, um dos mais altos índices do mundo. A celulose e o papel produzidos no Brasil provêm integralmente de florestas plantadas, enquanto a indústria química reduziu em 47% suas emissões de CO² em dez anos. A geladeira fabricada atualmente no país consome 60% menos energia do que há uma década e cada automóvel usa 30% menos água no processo de produção.

A FIEC, por meio de seu Núcleo de Meio Ambiente (Numa), realiza a 9ª edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. A ação tem como objetivo premiar publicamente o esforço de indústrias cearenses, filiadas aos sindicatos integrantes da FIEC, que obtiveram destaque na conservação do meio ambiente e na implementação de atividades que resultam em melhoria da qualidade ambiental, de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. As inscrições estão abertas e seguem até 17 de agosto. A premiação possui quatro modalidades: Produção mais Limpa, Reuso da Água, Educação Ambiental e Integração com a Sociedade. O prêmio foi lançado em 5 de junho, quando a FIEC comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente. Inscrições e informações: http://www.fiec.org.br/meioambiente ou (85) 3421 5916 / 3421 5923.

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n o Serviço Social da Indústria (SESI) recebe até 31 de julho as inscrições para a 15ª edição do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT). O PSQT busca estimular as empresas industriais brasileiras para que incorporem a responsabilidade social como parte integrante de suas estratégias empresariais, mediante o reconhecimento e a difusão de boas práticas. As empresas são avaliadas em seis categorias de premiação: cultura organizacional, gestão de pessoas, ambiente de trabalho seguro e saudável, educação e desenvolvimento, desen-volvimento socioambiental e inovação. São três modalidades: Micro e Pequena Empresa (até 99 colaboradores), Média Empresa (de cem a 499 colaboradores) e Grande Empresa (500 ou mais colaboradores). Informações e inscrições no site www.sesi.org.br/psqt.

AGENDA

AzonA de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém espera

concluir seu processo de alfandegamento e dar início às suas atividades, possibilitando a instalação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), até 15 de dezembro. O presidente da Emazp – a empresa administradora da ZPE – Eduardo Alcântara Macedo participou de reunião do Conselho

Temático de Relações Internacionais da FIEC (Corin) em 13 de junho. Eduardo Macedo apresentou estrutura e benefícios da ZPE do Pecém, assim como os planos da Emazp. A área de despacho da ZPE, de oito hectares, já está terraplenada. A Emazp espera ampliar seu quadro de colaboradores dos atuais dez para 156 até o fim de 2012.

n A FIEC, por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), está com inscrições abertas para o curso Básico em Importação, que será realizado de 17 a 19 de julho. A intenção é fornecer aos participantes conhecimentos fundamentais e uma visão geral sobre as operações de importação. O facilitador/palestrante é Paulo Elias, mestre em Administração e Controladoria. Atua como executivo na área de comércio exterior e, atualmente, trabalha como diretor de importação da GAC Importação e Exportação Ltda. A pré-inscrição pode ser feita pelo link: http://bit.ly/l9Y41P. Informações: (85) 3421 5417 (Roberta) / (85) 3421 5419 (Filipe).

n o PRESIDEnTE da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), professor Haroldo Rodrigues, participou em 13 de junho de reunião do Conselho Temático de Tecnologia da FIEC (Contec). Rodrigues, desde fevereiro à frente da instituição, destacou que não se pode achar que somente a Funcap será capaz de fomentar a ciência e a tecnologia no estado sem que haja um comprometimento maior que envolva setores diversos e transversais da estrutura de poder público e do setor privado. Para ele, ciência e tecnologia devem ser parte de uma política estruturante de estado.

n o PRêMIo Finep de Inovação busca estimular e reconhecer ações de inovação no país. Nesta edição, a premiação será feita em dinheiro: serão colocados à disposição de 100 000 reais a 600 000 reais para os primeiros colocados regionais e nacionais de cada categoria, totalizando cerca de 9 milhões de reais. São nove categorias que envolvem empresas de diversos portes, instituições de ensino e ações diversas. Mais informações e inscrições, que podem ser realizadas eletronicamente até 16 de agosto, no site http://premio.finep.gov.br.

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JOgOS dO SESI

tRabalhadORas ceaRenses sãO destaque naciOnalAS TRABAlhADoRAS-atletas da indústria cearense foram o grande destaque dos Jogos Nacionais do SESI realizados em Goiânia (GO). Conquistaram nove medalhas, sendo uma de ouro, duas de prata e seis de bronze, nas categorias de natação e vôlei de praia. A atleta Geysiellen Goes, da Inace, foi o grande nome da delegação cearense. A nadadora conquistou o 1º lugar nos 400 metros livre e o 3º lugar nos 50 metros peito e 50 metros borboleta, sempre na categoria 16+ feminino. Na mesma categoria, Munike de Sousa Magalhães ficou em 3º lugar nos 50 metros livre e Geise Goes ganhou o bronze nos 50 metros costa. Ambas são trabalhadoras da Inace. Um total de 40 trabalhadores cearenses de empresas em Fortaleza (Petrobras, Cagece, Nufarm, Manhattan, Esmaltec, Iracema e Inace), Sobral (Nutrilight) e Nova Olinda (Stargesso) participaram da etapa nacional. Ao todo, 1 023 trabalhadores-atletas, de 247 empresas de todas as regiões do país, competiram na edição 2012.

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

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| RevistadaFIEC | Junho de 20128 9Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

O SENAI/CE está conectado

com esses novos atributos e desafios que a indústria brasileira está jogando na mão da instituição.Francisco das Chagas Magalhães, diretor regional do SENAI/CE

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SENAI/CE recebe aporte de 100 milhões de reais para ampliar as áreas de inovação tecnológica e educação profissional

Cada vez mais forte

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE) recebeu 100 milhões de reais para ampliar as áreas de inovação tecnológica e

educação profissional destinadas à indústria. O aporte tornou-se oficial em 13 de abril, quando a presidente Dil-ma Rousseff visitou a Confederação Nacional da Indús-tria (CNI) para conhecer o Programa de Apoio à Compe-titividade da Indústria Brasileira.

Em nosso estado, serão implantados novos Centros de Formação Profissional (CFP), modernizados os existen-tes e criadas duas redes estratégicas: o Instituto SENAI de Tecnologias Construtivas e o Instituto SENAI de Ino-vação. “Esse programa chega num momento importante devido à crise mundial. O Brasil está tomando a atitude

Formação profissional

de fortalecer a sua competitividade e produtividade e garantir a saúde da economia nacional”, diz o diretor re-gional do SENAI/CE, Francisco das Chagas Magalhães.

Os recursos servirão para modernizar o CFP Waldyr Diogo de Siqueira, com formação nas áreas de energia, telecomunicações e automotiva, o CFP Antônio Urbano de Almeida, com formação nas áreas de construção civil, logística, meio ambiente e metalmecânica, e o CFP Ana Amélia Bezerra de Menezes e Sousa, com formação na área têxtil. Todos instalados em Fortaleza. Será também implantada uma nova unidade do SENAI/CE em Pecém e ampliado o número de unidades móveis.

Magalhães ressalta que o desafio no Ceará trans-cende a questão da modernização tecnológica. “Vai ser

necessária a contratação de pessoas com novos perfis profissionais, pois os institu-tos de inovação e de tecnologia demandarão especialistas em inovação, tecnologia e ser-viços técnicos e tecnológicos que dominem o estado da arte tecnológica.” Ele completa: “Os institutos trabalharão com planos de negócios muito bem definidos e terão em seus quadros mestres e doutores, o que re-presenta um desafio bastante significativo porque o quadro de pessoal dessas unidades necessitará de perfis diferentes, com alto va-lor agregado de conhecimento, para se con-seguir bom desenvolvimento das atividades”.

Hoje, explica Magalhães, há uma necessi-dade crescente de contar com equipamentos cada vez mais modernos para se ter a me-lhor formação profissional, além de pres-tar serviços na área de assessoria técnica e tecnológica e de inovação. Com isso, o Instituto SENAI de Inovação terá recursos estimados em 45 milhões de reais. O Insti-tuto SENAI de Tecnologia, que substituirá o SENAI Maracanaú (zona metropolitana de Fortaleza), contará com investimentos na ordem de 20 milhões de reais. “Esses em-preendimentos representam a largada para darmos uma boa resposta ao risco de ter-mos a indústria comprometida por falta de profissionais qualificados.”

Segundo o diretor regional do SENAI, não se pode deixar de destacar a coopera-

PATRICy DAMASCENO Laboratório de eletrônica linear instalado no SENAI Barra do Ceará

ção do governo nesse programa, no qual o SENAI/CE estará se capacitando para não ficar no retrovisor da indústria, porque ela é muito dinâmica e necessita de profissionais competitivos, além de contar com serviços técnicos e tecnológicos de ponta. Para Ma-galhães, é preciso ter a inovação como uma ferramenta de competitividade, e todos es-ses recursos estão orientados para tal fim: “É importante salientar que o SENAI/CE está conectado com esses novos atributos e de-safios que a indústria brasileira está jogando na mão da instituição, daí porque a institui-ção precisa dar uma resposta à altura das de-mandas da indústria”.

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5 milhões de reais serão investidos na construção de unidade do SENAI/CE no Complexo Industrial e Portuário do Pecém

| RevistadaFIEC | Junho de 201210 11Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Mais investimentos

S obral, localizado na região do Norte do estado e distante 206 quilômetros de Fortaleza, passa por um acentuado crescimento econômico, inclusive, no número

de exportações. Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), no acumulado de janeiro a março de 2012, o município foi responsável por 8,9% das exportações cearenses, enquanto que 10% são de Fortaleza.

Por isso o Sistema FIEC, por meio do SENAI e do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), inaugurará em 3 de julho um centro integrado na sede do município, cujo objetivo é ampliar o atendimento às demandas das empresas instaladas na região.

O centro será um dos melhores do país e a unidade cearense mais moderna do SENAI. Estão sendo investidos mais de 15 milhões de reais em sua construção e as obras estão concluídas. O novo equipamento, localizado à rua

Competitividade da indústria

O investimento nas escolas do SENAI de todo o país faz parte do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria

Brasileira, que tem como foco a modernização técnica e tecnológica da entidade. O financiamento, destinado ao SENAI Nacional, é de 1,5 bilhão de reais via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 400 milhões de reais de recursos próprios da entidade, divididos entre as regiões.

Com os recursos, o SENAI vai adquirir, no total, 81 unidades móveis e, até 2014, construirá pelo país 53 centros de formação profissional, reformará 250 escolas e instalará 23 institutos de inovação e 38 institutos de tecnologia. Com a ampliação da estrutura, o SENAI ajudará a indústria brasileira a enfrentar o acirramento da concorrência do mercado externo.

A ampliação e a modernização das instalações aumentarão a capacidade do SENAI de oferecer

cursos para formação profissional e soluções tecnológicas para as indústrias. O objetivo é dobrar em dois anos o número de matrículas de educação profissional. Em 2011, a instituição registrou no país 2,4 milhões de matrículas. A meta é alcançar, em 2014, quatro milhões ao ano.

Plácido Castelo, 1701, bairro do Junco, vai beneficiar indústrias de diversos setores, como calçadista, confecção, metal-mecânico e construção civil, em especial a partir da atuação do SENAI e do SESI.

O centro fortalecerá o atendimento a 160 indústrias e a outros 540 estabelecimentos existentes em 36 municípios, inclusive da região Noroeste. Vai promover cursos nas áreas de educação profissional, formando mão de obra capacitada para atuar nas empresas, e serviços técnicos e tecnológicos para auxiliar as indústrias em suas necessidades de inovação, além de responder às demandas de formação de pequenos aprendizes. O SESI oferecerá serviços voltados à melhoria da qualidade de vida do industriário e de sua família nas áreas de saúde, educação, lazer, cultura e responsabilidade social.

As unidades móveis são escolas equipadas com todos os instrumentos, equipamentos e maquinário necessários para atender a uma demanda urgente. Magalhães explica que essas unidades vão até quem as solicita. “Você tem, por exemplo, uma solicitação na área de eletroeletrônica. Então, a carreta se desloca, vai até o local e lá se instala para receber os treinandos.” São unidades com a vantagem de trabalhar demandas que não estão saturadas, oferecendo cursos de acordo com as necessidades da clientela. “Essa é uma iniciativa que deverá resolver o problema da mão de obra, porque prevê que o SENAI/CE possa dobrar o número de matrículas até 2014, recebendo mais de quatro milhões em todo o estado. E essa contribuição, com certeza, vai repercutir positivamente sobre a indústria”, finaliza Francisco das Chagas Magalhães.

Extensão a Pecém

D o investimento de 100 milhões que couberam ao Ceará, cifra na ordem de 5 milhões de reais será destinada à

construção da escola localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), que dará ênfase à formação em solda, eletroeletrônica, automação industrial, metal-mecânica, petróleo, gás e siderurgia, além de estar preparada para áreas que gerarão a demanda de acordo com o perfil industrial do local.

O SENAI/CE recebeu um terreno da prefeitura de São Gonçalo do Amarante para a construção da escola. Haverá, ainda, quatro unidades móveis centralizadas no local. “As obras serão iniciadas no segundo semestre de 2012. Neste ano, queremos fechar 50 000 matrículas no SENAI/CE. Até 2014, serão 80 000 por ano”, aposta Magalhães.

Centro integrado em Sobral beneficiará

indústrias de diversos setores SENAI vai adquirir 81

unidades móveis para atuar pelo país

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SENAI/CE amplia a oferta de cursos para operadores de escavadeira hidráulica, retroescavadeira, empilhadeira e pá carregadeira

A vez da máquina pesada

O boom de obras de infraestrutura e novos empreendi-mentos no Brasil, impulsionado pelo crescimento eco-nômico e pelos eventos internacionais de grande por-

te, como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016, está proporcionando maior procura por operadores de máquinas pesadas, como pá carregadeira, retroescavadeira, escavadeira hidráulica e empilhadeira. Sites de anúncios de emprego na internet espalhados pelo país comprovam a busca por esses profissionais especializados.

Vale ressaltar que a procura por operadores de máquinas pesadas também está aquecida no Ceará. E como! O Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), por

Obras estruturantes

isso, aumentou a oferta de cursos para capacitar e aperfeiçoar esses profissionais. Apenas este ano, a unidade do SENAI ins-talada no bairro Jacarecanga formou quatro turmas de escava-deira hidráulica e deve iniciar a quinta no final deste mês. A ideia é oferecer três turmas trimestralmente.

Com carga de 80 horas/aula, sendo dez teóricas e 70 prá-ticas, as turmas têm em média 14 alunos. O grande dife-rencial do curso é a quantidade de aulas práticas, o que, se-gundo o professor de escavadeira hidráulica, empilhadeira e retroescavadeira, Antônio Homem de Araújo, possibilita ao aluno concluir o treinamento em condições de exercer de imediato a atividade. “As perspectivas de trabalho nes-sa área são muito boas. Muitas vezes, antes de terminar o

PAOLA VASCONCELOS

Parceria estratégica

O instrutor educacional na área de segurança do Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, Eduardo Câmara, também

professor da área de máquinas pesadas, destaca que existem cursos no mercado local cobrando mais que o SENAI, e "sem a nossa reconhecida qualidade", diz, para acrescentar: “Oferecer um curso de 80 horas, com o manuseio de equipamentos cuja logística e manutenção são caras, a um valor abaixo do mercado, só foi possível graças a uma parceria entre o SENAI e a empresa cearense Fornecedora Máquinas e Equipamentos, com 56 anos de atividades, concessionária nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba da multinacional Case, de máquinas pesadas nas áreas da construção e agrícola”.

Enquanto a Fornecedora coloca à disposição para os cursos máquinas como retroescavadeira, pá carregadeira e escavadeira hidráulica – equipamentos com alta produtividade, economia de combustível e robustez –, a contrapartida do SENAI é oferecer percentual definido de vagas aos profissionais que atuam na empresa, a qual, além de comercializar, ainda realiza locação e serviços como manutenção e logística. “Precisávamos de uma empresa parceira para apoio

logístico de máquinas e também para facilitar o acesso pelo custo. Diferentemente do mercado, o curso do SENAI tem um preço acessível. Nosso foco é viabilizar o acesso à comunidade, o que foi possível pela ação de responsabilidade social da Fornecedora Máquinas e Equipamentos”, diz Eduardo Câmara.

De acordo com a coordenadora de Recursos Humanos da empresa parceira, Wilna Lima, “tínhamos dificuldade para conseguir mão de obra qualificada que operasse as máquinas e os custos para eles próprios se habilitarem eram muito altos”. A parceria entre a empresa e o SENAI foi positiva em todos os aspectos, afirma Wilna, uma vez que a empresa exerce sua responsabilidade social à medida que contribui para facilitar o acesso à comunidade em geral aos cursos de operador de máquinas pesadas, além de ganhar a formação de seus colaboradores.

“O mercado tem muita demanda para poucos profissionais disponíveis. Essa parceria é positiva à empresa não só pela oportunidade de formar e qualificar nossos profissionais, mas também por oferecer oportunidade a mais pessoas da comunidade, que passam a ter acesso a um curso de qualidade em plena expansão”, explica Wilna Lima. “A intenção é ampliar a parceria com o SENAI para outras áreas.”

curso, os alunos já vislumbram oportunidades de trabalho em empresas, sobretudo, da cons-trução civil. Chega gente de todo o estado em busca da capacitação. O curso de operador de empilhadeira, por exemplo, é muito procura-do”, afirma Antônio Araújo.

O professor explica que a estrutura curricu-lar permite que o aluno receba capacitação tan-to na área de segurança do trabalho, como sobre características de funcionamento da máquina, além de fazer repetições por meio de exercícios de simulação em áreas semelhantes a canteiros de obras, como cavar valas, nivelar e subir e descer bancadas, dentre outros. Prevenção de acidentes, causas de acidentes do trabalho, equipamentos de proteção individual, riscos profissionais, princí-pios básicos de prevenção de incêndios, inspeção do equipamento, noções de hidráulica, funcio-namento e operação do equipamento são outros conteúdos abordados.

O principal requisito para fazer o curso, além de ter no mínimo o ensino fundamental, é possuir carteira nacional de habilitação (CNH) nas cate-gorias C, D e E (caminhões, ônibus, vans, veículos

Muitas vezes, antes de

terminar o curso, os alunos já vislumbram oportunidades de trabalho.Antônio Homem de Araújo,professor de escavadeira hidráulica, empilhadeira e retroescavadeira

“ “

de carga e reboques). No entanto, Antônio Araújo destaca que, na formação, os conteúdos são foca-dos na questão comportamental, como relaciona-mento de grupo, controle emocional, habilidade manipulativa, higiene e segurança. “Operar má-quinas é uma atividade perigosa e requer controle, cumprimento da legislação e cuidados redobra-dos”, alerta o professor.

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Operadores mais qualificados

E m busca de novas oportunidades de trabalho e formação, o motorista de caminhão Sílvio César de jesus Câncio, 35 anos, saiu do seu antigo trabalho para fazer o curso de

operador de escavadeira hidráulica. “Na construção civil, existe um expressivo aquecimento. Estão contratando muitas pessoas. Eu vi o curso na internet e me interessei porque já tinha vontade de ampliar minha área de atuação para ser mais bem remunerado.” Para Sílvio, o curso foi proveitoso porque jamais imaginou que sairia com tanta prática na operação da escavadeira hidráulica. “Os professores são preparados e nós passamos muito tempo operando a máquina.” Sílvio, que mora em Maracanaú, conta que também faz no SENAI curso à noite de empilhadeira. “Espero me inserir como colaborador de uma empresa na qual possa agregar meus conhecimentos como motorista de caminhão, operador de escavadeira hidráulica e empilhadeira.”

Norma Regulamentadora nº 11

Todos os cursos oferecidos pelo SENAI estão em conformidade com o que determina a Norma Regulamentadora (NR) nº 11, do Ministério do Trabalho, que estabelece normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Essa norma exige aos operadores de máquinas, como guindastes, empilhadeiras, escavadeiras e retroescavadeiras, passar por exames práticos e teóricos para exercer a atividade, além de ter CNH específica para cada modalidade.

Antes de operar escavadeira na extração de minérios, o jovem Adriano de lima Ferreira, 26 anos, que mora em Nova Olinda, no Cariri cearense, era motorista de caçamba. Foi a curiosidade pelo equipamento que o transformou em um operador. Sempre que aparecia uma oportunidade, procurava conhecer melhor a máquina escavadeira hidráulica. Acabou aprendendo a operar uma na empresa em que trabalha. Quando surgiu a vaga na própria empresa, era o único colaborador capaz de manusear a máquina e ganhou o lugar no curso. Ele destaca que adquiriu muitos conhecimentos sobre uma atividade que pouco conhecia. Adriano Ferreira afirma que, se ainda estivesse dirigindo a caçamba, jamais estaria com um salário “legal” e tendo a oportunidade de se capacitar num curso de alto nível.

CURSOS

Operador de Escavadeira Hidráulica (80h)período: 10/9 a 18/9/12período: 18/9 a 26/9/12período: 26/9 a 4/10/12Horário: 8h às 17h30Investimento: 900 reaispré-requisitos: ser habilitado (CnH) nas categorias C, d ou E.

Operador de Retroescavadeira (80h) período: 13/8 a 21/8/12período: 21/8 a 29/8/12período: 29/8 a 6/9/12Horário: 8h às 17h30Investimento: 900 reaispré-requisitos: ser habilitado (CnH) nas categorias C, d ou E.

Operador de Empilhadeira (40h)Horário: 8h às 17hperíodo: 9/7 a 13/7/12período: 16/7 a 20/7/12período: 6/8 a 10/8/12período: 20/8 a 24/8/12período: 10/9 a 14/9/12período: 17/9 a 21/9/12

Horário: 18h30 às 22hperíodo: 2/7 a 13/7/12período: 20/8 a 31/8/12período: 3/9 a 17/9/12período: 10/9 a 21/9/12

Investimento: 300 reaispré-requisito: ser habilitado (CnH) a partir da categoria B.

Sílvio César: "Os professores são preparados e nós passamos muito tempo operando a máquina"

Adriano Ferreira: "Estou tendo a oportunidade de me capacitar em um curso de alto nível"

Bem acompanhadosIEL/CE está monitorando, nas empresas, as atividades dos estagiários. O objetivo é estimular o desenvolvimento profissional

D esde o segundo semestre de 2011, a área de Está-gio e Novos Talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), entidade componente do Sistema Fe-

deração das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC), está ainda mais perto das empresas parceiras e dos alunos estagiários. Isso porque, agora, o acompa-nhamento do processo é feito nas próprias unidades, por profissionais do instituto. O objetivo é monitorar as atividades, a fim de estimular a melhoria contínua do programa, além de orientar as empresas contratan-tes a aproveitar todo o potencial do aluno. Segundo Isabel Cristina Freire, analista do IEL/CE responsável pela equipe que faz o acompanhamento, profissionais

da área de recursos humanos das empresas ou os super-visores de estágio recebem, durante as visitas, informa-ções a respeito da importância do seu papel para a for-mação profissional das futuras gerações e sobre a gestão do estágio de acordo com a atual legislação vigente e sua vinculação com o desenvolvimento de novos talentos para as empresas.

O estagiário, por sua vez, é entrevistado sobre as suas atividades para, dentre outros detalhes, se saber se ele está sendo bem aproveitado na área em que está atuando. Nes-se momento, o profissional do IEL observa também outros locais da empresa que podem necessitar de mais estagiá-rios. Verificadas as necessidades, um estudo é apresentado

Novos talentos

Local: Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeidaavenida padre Ibiapina, 1280, JacarecangaTelefone: (85) 3421 5300 – E-mail: [email protected]

GEVAN OLIVEIRA

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| RevistadaFIEC | Junho de 201216 17Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

à empresa. “As visitas são bem aceitas pelas corporações e estagiários, sobretudo porque nosso maior objetivo é ajudar nessa interação, já que o estágio deve ser produtivo para os dois lados”, diz Isabel.

A executiva explica que a lei de estágio, atualizada em 2008, reforçou a necessidade da atuação do supervisor nas empresas. “Além de acompanhar as atividades, a ação objeti-va estimular o desenvolvimento profissional,

Quando selecionamos

um aluno, nossa intenção é promover a convergência entre o que ele deseja e o que a empresa tem a oferecer.

Myrna Borges, gerente de

Recursos Humanos da Marcosa

“ “mostrar e criar caminhos para o crescimento do aluno, transmitir informações e traduzir em realidade prática as teorias aprendidas no mundo acadêmico.” Em 2011, foram visitadas 15 empresas, com 115 estagiários avaliados. Em 2012, o objetivo é ampliar esse número em pelo menos 50%. O trabalho teve início em sete estabelecimentos: Freitas e Viana, Camed, CBL Embalagens, Xssed, Kaiser, Marisol e Marcosa. Foram 43 monitoramentos.

Retenção de talentos

A perfeiçoando constantemente seus mecanismos de seleção, adequação e supervisão, o programa de estágio

é conhecido e respeitado em todo o país por ser responsável pelo primeiro contato de milhares de jovens estudantes com o mercado de trabalho. Período de aprendizado prático, é uma oportunidade ímpar para que os estudantes vivenciem no dia a dia de uma organização os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Por meio dele, estagiários e bolsistas começam a atuar como verdadeiros agentes de inovação e criatividade nas empresas. E quando essa interação acontece de forma produtiva para ambos os lados, geralmente o talento não é desperdiçado.

É o caso da Marcosa – empresa de Fortaleza representante no Nordeste da multinacional Caterpillar –, que tem na efetivação de estagiários uma das principais estratégias para

empregar mão de obra qualificada. Ano passado, foram contratados 19 em diversas áreas. Em 2012, a empresa conta com mais de 50 estagiários e dez foram efetivados.

Segundo a gerente de Recursos Humanos da Marcosa, Myrna Borges, a atração e a retenção de talentos são estratégias de crescimento da empresa baseadas, principalmente, no clima organizacional e nas perspectivas de carreira do colaborador. “Quando selecionamos um aluno, nossa intenção é promover a convergência entre o que ele deseja e o que a empresa tem a oferecer. Na maioria das vezes, damos desafios. Se ele quiser crescer profissionalmente, aqui é o lugar certo.”

A gerente afirma que a empresa reconhece a dificuldade para encontrar bons profissionais no mercado com o perfil desejado. Por isso adota o método de lidar com as expectativas (do estagiário) em termos de desenvolvimento profissional e ambiente de trabalho. Segundo Myrna, aos alunos com visão de futuro e que planejam uma carreira, e não apenas o emprego, a empresa oferece apoio e deixa claro o que deve ser atingido para crescer na corporação. “Todos aqui têm oportunidades para desenvolver sua educação aliada à prática do ambiente corporativo. Dessa forma, permitimos que os bons candidatos se mostrem como profissionais que não querem só um emprego, mas sim uma carreira.”

De fato, os estagiários da Marcosa reconhecem a oportunidade e se esforçam para serem contratados. Mas, acima de tudo, compreendem que o aprendizado em um ambiente empresarial preocupado em garantir no dia a dia um profissional qualificado é o mais importante. Isso porque o emprego será uma consequência dos esforços para se adequar às exigências, seja na Marcosa ou em qualquer outra empresa.

Aprendi que não se deve ficar limitado apenas às

tarefas diárias e que o ideal é agregar novos conhecimentos.

Marcelo Moreira Rebocas, funcionário da Marcosa

“ “Para Renan Lima Tomaz, 22 anos, há sete meses

na área de suprimento de peças – e cursando o oitavo semestre em Administração de Empresas na Universidade Estadual do Ceará (Uece) –, trabalhar na Marcosa é um desafio, haja vista que os estagiários são estimulados a aprender conteúdos novos diariamente, além de serem provocados a dar sugestões para melhorar sua área. “Aqui nos instigam, desde o início, a propor planos de ação. Não nos incomodamos porque temos uma certeza: querem que a gente aprenda o máximo sobre os negócios”, diz Renan, para acrescentar. “Além disso, o objetivo de contratar aqueles que se destacam é muito claro. Por isso estamos sempre nos superando para corresponder às expectativas”.

“Realmente, a certeza do interesse da empresa em aumentar seu quadro de funcionários por meio da contratação de estagiários funciona como um motor de motivação”, ratifica Bárbara Pompeu da Fonseca, do curso de Administração da Unifor, que fez, em março último, um ano de estágio no setor de logística da Marcosa. Para ela, no entanto, esse fato não é dos mais importantes: “Relevante mesmo é o conhecimento adquirido no dia a dia. Aqui, nossos supervisores de verdade se preocupam conosco e nos inserem de forma correta na equipe. Com isso, ninguém é subaproveitado. O resultado é que aprendemos a atuar de forma produtiva, nos capacitando a trabalhar em qualquer empresa. Ser contratado é uma consequência”.

Segundo Bárbara e Renan, a expectativa de continuar na empresa após o estágio é algo possível. Muito desse objetivo depende apenas de seus passos. Alexandre Ribeiro Oliveira, 25 anos, e Marcelo Moreira Rebocas, 23 anos, deram os passos certos. O caminho ao primeiro emprego já foi trilhado, e antes mesmo da conclusão do curso superior. Em relação a Alexandre, o mais experiente, que faz o 11º semestre de Economia na Universidade Federal do Ceará (UFC), a contratação pela Marcosa é fruto de seus esforços e da “excelente visão da empresa”, que adota a política de reter os melhores talentos. “Após três meses de estágio, tracei como meta ser efetivado. Daí por diante, me alinhei cada vez mais à filosofia da instituição, que me desafiou a apresentar bons resultados na minha área de atuação. O resultado é que, desde setembro de 2010, faço parte da equipe de administração de máquinas”, comemora Alexandre.

Marcelo, do curso de Administração da Faculdade Sete de Setembro (FA7), contratado desde o início do ano, entende que conta muito está à frente das exigências impostas pela empresa no período de estágio. Durante um ano e nove meses que ficou no setor de vendas, procurou adquirir outras habilidades, interagindo com colegas de várias áreas, como marketing e administração. “Aprendi que não se deve ficar limitado apenas às tarefas diárias e que o ideal é agregar novos conhecimentos, a fim de realizar um trabalho com mais qualidade. A dica é ir além, ajudar os colegas, entender as demais funções relacionadas, mas sempre com foco em sua área. Parece meio contraditório, mas não é, pois as empresas são organismos sistêmicos e todas as áreas estão interligadas.”

A certeza do interesse da empresa em

aumentar seu quadro de funcionários por meio da contratação de estagiários funciona como um motor de motivação.

Bárbara Pompeu da Fonseca, estagiária da Marcosa

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| RevistadaFIEC | Junho de 201218 19Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

"Não vamos ficar calados, nem de braços cruzados, esperando uma decisão desfavorável ao Ceará. As classes empresarial, política e acadêmica – e também

a sociedade civil – certamente irão se mobilizar em prol do em-preendimento. Não podemos, não devemos e não iremos ficar inertes.” Com essas firmes palavras, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Roberto Proença de Macêdo, mostra todo o sentimento de indignação, mas não de inércia, do povo cearense com a indecisão da Petrobras para dar início às obras da refinaria Premium II no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

E, sem perder tempo, a FIEC, que há muito contribui na articulação dos interlocutores que planejam a vinda desse grande empreendimento, realizou, em ação compartilhada com Centro Industrial do Ceará (CIC), no último dia 25 de junho, um manifesto em prol da refinaria. O debate contou com apoio do deputado federal Danilo Forte (PMDB/CE)

e a participação do deputado federal Antônio Balhmann (PSB/CE), líder da bancada cearense na Câmara dos De-putados, e do deputado estadual Lula Morais (PCdoB), presidente do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Es-tratégicos da Assembleia Legislativa.

Durante o encontro, Roberto Macêdo afirmou que adiar a vinda da refinaria trará um grande prejuízo para o setor industrial cearense e para os trabalhadores que já estão sendo capacitados à espera do início das operações do empreendi-mento. Ele disse que a FIEC, com a Petrobras, já vem acom-panhando a preparação de mão de obra e ratificou que o setor industrial, ao lado da classe política, está se mobilizando para que o Ceará não fique sem a refinaria.

“O Porto do Pecém foi construído para viabilizar a refinaria e outros projetos estruturantes já em início de implantação. De repente, a sociedade cearense se depa-ra com uma situação dessas. FIEC, CIC, estado, setores

Em prol da refinariaFIEC, CIC e outros segmentos da sociedade se articulam para defender a permanência da Premium II no Plano de Negócios de Petrobras

Manifesto

Roberto Macêdo: “Não vamos ficar calados, nem de braços cruzados, esperando uma decisão desfavorável ao Ceará.”

empresariais, políticos, academia e a socie-dade em geral estão mobilizando suas forças para garantir o empreendimento”, ressaltou Roberto Macêdo.

A mesma opinião de luta pelos interesses econômicos do estado é compartilhada pela presidente do CIC, Nicolle Barbosa: “Preci-samos lutar para trazer ao Ceará esse grande projeto de desenvolvimento socioeconômico”. O articulador do encontro, deputado Danilo Forte, reafirmou na FIEC seu pronunciamen-to realizado no plenário da Câmara dos De-putados, apontando para a necessidade de luta

Entenda o caso

As obras da Refinaria Premium II estavam previstas para começar no CIPP em 2013. No entanto, conforme anúncio

da presidente da Petrobras, Graça Foster, durante a apresentação do Plano de Negócios da empresa para os anos de 2012 a 2016, a refinaria Premium II foi considerada pela companhia um projeto ainda em avaliação, situado na fase 1, e, dessa forma, sem recursos garantidos para sua continuidade.

De acordo com Foster, os projetos que se encontram nessa etapa terão de "lutar pelos recursos". Segunda ela, haverá uma grande concorrência entre os projetos e a Petrobras dará prioridade àqueles que trouxerem mais valor agregado para o portfólio da empresa. Para o diretor de abastecimento e refino da Petrobras, José Carlos Cosenza, a Premium II ainda está em estudo. Ele diz que o empreendimento tem recursos alocados para a fase em que se encontra e eventualmente, dependendo dos indicadores internacionais, poderá avançar ou não. Para os próximos quatro anos, somente os projetos da Petrobras já em implantação possuem garantidos seus investimentos. Pelo plano de investimentos, a refinaria cearense não tem previsão de ser finalizada antes de 2017.

A construção do empreendimento está estacionada – além de questões financeiras alegadas pela Petrobras – por causa de conflitos de terra com indígenas da região próxima ao empreendimento. Segundo Danilo Forte, a tribo que se autodenomina Anacé quer um terreno de 40 milhões de reais para deixar a área onde

será edificada a refinaria. “O governo já sinalizou que pode dar um terreno e a Petrobras já se comprometeu a instalar centro de recreação, centro de capacitação e posto de saúde.” Entretanto, isso não teria sido suficiente para que a Funai aceitasse o plano de atenção básica do empreendimento, não dando o consentimento necessário à licença de instalação (LI).

Ainda de acordo com o deputado, a Funai já teria emitido três laudos não conclusivos sobre o caso, o que vem impulsionando a bancada a procurar intervenção do Ministério Público Federal. “Vamos ao Ministério Público, elaborar um termo de ajuste de conduta para que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) possa liberar a LI”, explica Danilo Forte.

política do estado a favor da refinaria. Para o parlamentar, perder o empreendimento da Petrobras é ter negada uma chance de mu-dar o estado. “O Ceará precisa buscar alter-nativas necessárias para se desenvolver. Não estamos pedindo nada. Só queremos uma oportunidade de empreender.”

Segundo Danilo Forte, a sociedade cearen-se espera garantir a instalação da refinaria no Ceará. “É uma luta com mais de 30 anos que precisa ser priorizada, assim como foram prio-rizados outros investimentos da Petrobras. Há uma necessidade com relação à demanda.”

Terreno onde se espera que seja instalada a refinaria

| RevistadaFIEC | Junho de 201220 21Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Meta do SESI é reduzir até 2014 o número de acidentes no trabalho em 15% nas indústrias atendidas pela entidade

Preocupação constante

OCeará aparece nos dados de 2010 do Ministério da Previdência Social como o quarto estado da região Nordeste em número de acidentes de trabalho e o

terceiro em relação a registros de óbitos. Em todo o país, é o 12º em quantidade de acidentes. Naquele ano, foram registrados no estado 12 135 eventos do tipo, com 68 mor-tes. Os dados envolvem os diversos setores da economia.

No Brasil, os números de 2010 indicam, em compa-ração com os de 2009 e 2008, a redução no número de acidentes de trabalho. O número total caiu de 755 980 casos, em 2008, para 733 365, em 2009, até chegar ao patamar atual – 701 496 acidentes. O número de aciden-tes com Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) registrada seguiu a mesma tendência. Desses, os consi-derados como acidentes de trabalho típicos passaram de 551 023, em 2008, para 424 248, em 2009, chegando a 414 824, em 2010.

Acidentes de trabalho Os acidentes de trabalho por motivo de doença laboral seguiram a mesma direção: de 20 356, em 2008, para 19 570, em 2009, e 15 593, em 2010. Tendência contrária se-guiram os acidentes de trajeto: de 88 742, em 2008, subiram para 90 180, em 2009, al-cançando o número de 94 789, em 2011. O nú-mero de acidentes de trabalho sem registro de CAT também demonstrou queda. De 204 957 casos, em 2008, caiu para 199 117, em 2009, terminando 2010 com 176 290 registros.

Para o assessor técnico em Saúde e Se-gurança no Trabalho do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), entidade filiada ao Sistema Federação das Indústrias do Esta-do do Ceará (Sistema FIEC), Lindomagno Pessoa Leite, a preocupação em prevenir acidentes de trabalho na indústria tem sido constante na instituição em todo o país. Ele lembra que a meta é reduzir, até 2014, o nú-mero de acidentes no trabalho em 15% nas indústrias atendidas pelo SESI. “Este ano, estão sendo investidos 39 milhões de reais em recursos voltados a programas de qua-lidade de vida na indústria, dentre os quais está o de prevenção de acidentes. Um dos instrumentos de apoio a esse trabalho é a Campanha SESI de Segurança e Saúde no Trabalho 2012, lançada nacionalmente no último mês de abril.” No Ceará, a entidade realizou na FIEC, de 31 de maio a 1° de ju-nho, a 3ª Jornada SESI de Medicina e Segu-rança no Trabalho.

Apesar dos números de acidentes de tra-balho, Lindomagno destaca que, quanto maior for o parque industrial, maior será a probabilidade de ocorrências do gênero. E, nesse aspecto, o Brasil está indo na contra-mão de tal tendência, já que de 2008 a 2010 o número de empregos cresceu 31% e o de acidentes 11%. Especificamente em relação à indústria, ressalta o técnico do SESI, em-bora tenha havido um crescimento no total de empregos de 13,5% (+ 2.552.707), entre 2009 a 2010 o número de acidentes de tra-balho apontou uma queda de 4,3%.

Isso prova, entende Lindomagno, que a indústria brasileira teve uma melhora sig-nificativa em seus indicadores a partir de investimentos na promoção de ambientes

mais seguros e trabalhadores mais saudá-veis. No Ceará, em 2011, foram 481 em-presas atendidas nos programas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) e em ações educativas desenvolvidas pelo SESI, desde as voltadas diretamente à medicina do tra-balho e engenharia de segurança, aos cursos para a formação de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa’s).

Para a execução desses atendimentos, o SESI/CE adota metodologia baseada em qua-tro eixos, que podem ser complementares ou

Este ano, serão investidos 39

milhões de reais em recursos voltados a programas de qualidade de vida na indústria.Lindomagno Pessoa Leite, assessor técnico em Saúde e

Segurança no Trabalho do SESI/CE

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A jornada discutiu ações para prevenir os acidentes de trabalho com renomados especialistas

FoTo: José soBRInHo

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| RevistadaFIEC | Junho de 201222 23Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

OSESI lançou este ano campanha de avaliação de riscos no trabalho para levar informações a mais de quatro milhões de trabalhadores de 5 000

indústrias. A iniciativa faz parte da Campanha SESI de Segurança e Saúde no Trabalho 2012, e tem como novidade a publicação da Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho adaptada à legislação e à cultura brasileira. "É uma coletânea de fichas para avaliar perigos presentes no ambiente de trabalho”, explica a gerente de Segurança e Saúde no Trabalho do SESI Nacional, Sylvia Yano.

A campanha conta com fichas técnicas e um DVD com 12 filmes explicativos em que um personagem chamado Napo mostra, por exemplo, os riscos ao trabalhador na hora de fazer a manutenção de máquinas e equipamentos. “Todo tipo de indústria faz manutenção dos equipamentos e, durante essa atividade, podem ocorrer acidentes. Por isso a prevenção é fundamental”, destaca Sylvia. Outro alerta da campanha é sobre os fatores de riscos psicossociais, que são aqueles desenvolvidos por pressão e condições precárias no trabalho, gerando estresse profissional e afetando a saúde mental e física dos empregados.

Segundo a gerente do SESI, o material facilitará a tomada de decisões das empresas para melhorar o ambiente de trabalho. “Isso ajudará as indústrias a eliminarem problemas que ofereçam riscos aos funcionários e que possam prejudicar a produção e a saúde do trabalhador. Isso porque, à medida que ocorrem faltas ao trabalho, decorrentes de doenças ocupacionais ou de acidentes, as indústrias também são afetadas”, avalia Sylvia. “A cultura de prevenção deve fazer parte do dia a dia do trabalhador e da empresa.”

A campanha inclui ainda material específico para a promoção da saúde do homem, desenvolvido em parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA). São cartilhas, cartazes e filmes que estimulam a pessoa a prevenir doenças como hipertensão, diabetes e alcoolismo, dentre outras. Também ajudam a entender a importância do seu papel na saúde sexual e reprodutiva e na prevenção da violência.

Entrevista: René Mendes

Política Nacional de SST muda conceito no Brasil

APolítica Nacional de Saúde e Se-gurança do Trabalho, promul-gada em 7 de novembro do ano

passado pela presidente Dilma Rousse-ff, ampliou o conceito de SST no país, que agora passa a ser visto para além da questão preventiva. A avaliação é do médico especialista em saúde pública e medicina do trabalho, René Mendes, ao dissecar a nova política durante a realização da 3ª Jornada SESI de Medi-cina e Segurança do Trabalho. Mendes presidiu até recentemente a Associa-ção Nacional de Medicina do Traba-lho e é o organizador e autor princi-pal do tratado Patologia do Trabalho. Para René Mendes, muitas vezes coi-sas aparentemente pequenas respondem por grandes transformações. No caso da Política Nacional de SST, ao ir além da questão da prevenção, o programa avan-ça para estabelecer SST como promoção da saúde e da melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

Isso reflete, diz, em uma maior atenção ao trabalhador fora também da empre-sa. Esse enfoque é importante porque as relações de trabalho hoje, com as mo-dernas tecnologias, não se dão apenas nas empresas, mas em casa, e durante 24 horas por dia. De acordo com o es-pecialista, o novo desenho do trabalho não mais permite que programas de SST sejam formulados apenas pelos médicos, havendo a necessidade de envolvimento de outros atores, como empresas, poder público e trabalhadores. Além dos atores presentes nesse pro-cesso, René Mendes situa os modelos de produção, consumo e o meio am-biente como elementos a serem consi-derados nesse redesenho proposto pela Política Nacional de SST. O grande de-safio, portanto, afirma o professor, é a inclusão de todos os trabalhadores no sistema de promoção e proteção dos trabalhadores. Segundo ele, para isso, será necessária cada vez uma visão in-

tegrada sobre os processos que demar-cam o dia a dia do trabalhador, desde os aspectos familiares aos do entorno da empresa, os quais possam interferir diretamente na sua qualidade de vida. Leia a seguir entrevista concedida por Renê Mendes à Revista da FIEC.

O Brasil começou seu processo de industrialização há aproximadamente 40 anos. Qual a avaliação que o senhor faz da evolução da medicina e da saúde do trabalho nesse período? Posso dizer com muita satisfação que acompanhei – de certa forma fui protagonista, pois há 40 anos estou na área – a evolução positi-va, favorável, porque quando começamos estávamos com índices de acidentes de trabalho extremamente altos. Chegamos a beirar na indústria brasileira um índice de 20% de acidentes ao ano, quando hoje falamos em 1%. Houve uma queda mui-to importante, mas não foi um passe de mágica: foram mudanças institucionais e investimentos em prevenção. A maior mudança que houve nesse tempo, sem dúvida, foi a introdução dos serviços espe-cializados do SESI nas empresas de médio e grande portes, com a presença de pro-fissionais qualificados, engenheiros de se-gurança, médico do trabalho, técnico de segurança, técnico de enfermagem, en-fim, profissionais trabalhando em equipe para a prevenção. Não é o único fator, mas é muito importante. Como sempre acontece nas coisas da vida, temos desa-fios novos. Temos, por exemplo, o desafio da pequena e microempresa que está fora do SESI, o desafio do setor informal de trabalho e o desafio de alguns setores de alto risco que ainda permanecem. O pro-blema de hoje é muito menor do que o de ontem; a situação é muito melhor. Os desafios mudaram, mas eles ainda existem e, de certa forma, mudaram de natureza. É uma mensagem positiva, mas um estímu-lo para que não se relaxe, porque ainda há muito por fazer.

“ O foco que foi evoluindo, e que está consagrado nessa política nacional, é de promoção da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores e com a visão integral e integrada. ”

não. Um deles são os programas de SST: Pro-grama de Controle Médico de Saúde Ocupa-cional (PCMSO), Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA), Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) e o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), além de exames complementares. Outra estratégia adotada é o SESMT, que é a sigla para Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Nesse caso, voltada ao atendimento às grandes empresas na reali-zação de ASO e exames complementares.

Um terceiro eixo de atendimento rela-ciona-se às empresas com contrato de base

nacional em programas de SST e campanhas de imunização e Cipa, dentre outras. Final-mente, o quarto eixo de atuação do SESI está ligado a ações educativas com palestras sobre PCMSO, cursos de primeiros socorros, cam-panhas promovidas pelo SESI Nacional, nor-mas reguladoras, vacinação etc. Lindomagno ressalta que todas as iniciativas sobre esses quatro eixos podem ser feitas em qualquer unidade do SESI. A ideia, todavia, é que, a partir dos próximos meses, cada núcleo da instituição possa se especializar em algumas dessas estratégias, procurando oferecer um melhor serviço às empresas.

Campanha alerta sobre riscos

SERVIÇO:Informações pelo telefone (85) 3421 5808.

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25Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Entrevista: René Mendes

Com relação aos desafios, com a introdução da nova política nacio-nal de SST, eles se tornam maiores, mais complexos? Ocorre a amplia-ção do foco. O foco histórico era na prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho. O foco que foi evoluindo, e que está con-sagrado nessa política nacional, é de promoção da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores e com a visão integral e integrada. Não é to-talmente novo para o SESI, para o Sistema Indústria, pois há tempos já se trabalha com a promoção da saú-de, embora eventualmente precise retificar alguma coisa. Por exemplo, promoção da saúde tem de ser no trabalho, levando em conta os fato-res de risco do trabalho, mas sem separar das doenças comuns. Então, haverá necessidade de refinar um pouco nossas estratégias. O docu-mento consagra uma tendência de-finitiva de ampliar o foco para a saú-de integral dos trabalhadores para a além da prevenção de acidentes.

As empresas estão atentas a isso? A maior parte não. As que estão atentas é porque já descobri-ram, principalmente por razões de custo, que a mudança de enfoque, agora consagrada na política, é con-veniente para elas. Então, podem gastar menos, reduzir absenteísmo e, principalmente, custos duplica-dos, como, por exemplo, os exames periódicos determinados pela legis-lação trabalhista que poderiam ser uma boa oportunidade para fazer um check-up. Ele é um check-up e vice-versa, feito por razões de saú-de, e também seria um bom exame periódico para fins de legislação trabalhista. Uma boa oportunidade para dar uma racionalidade nos inves-timentos em saúde, na direção de uma saúde única, sem essa separação. Algu-mas organizações já estão fazendo isso,

poucas ainda. Mas as que agem assim estão descobrindo que o atual modelo é ruim e dar para melhorar bastante.

Sobre o conceito de integralida-de, que amplia a atenção do profis-sional que está dentro da empresa para a qualidade de vida e que, por isso, deve envolver uma quantidade maior de atores: não seria um com-plicador, um desafio maior ainda? Não acaba nunca essa atenção. Na ver-dade, eu vejo isso positivamente por-que os complicadores são respostas tardias às necessidades existentes ou, às vezes, antecipação. Na verdade, não são invenções, eles são uma tentativa da sociedade de encontrar caminhos para os seus problemas. As pessoas estão adoecendo, estão faltando ao trabalho, em alguns aspectos faltam mais hoje do que antes, há problemas como transtornos mentais, por exem-plo. São complexos os problemas, nada é simples. A ideia é muito mais de tirar essa simplificação reducionis-ta que acha que resolve tudo em meia dúzia de empresas. Eu quero justa-mente chamar a atenção de que, para problemas complexos, não há soluções simples. As respostas são complexas, interdisciplinares, transdisciplinares, multiprofissionais. Não é um proble-ma médico. Muitas vezes o médico é o mais mal preparado para lidar com problemas complexos. Ele tem a ideia da medicalização, que se resolve tudo com remédios. A pessoa não está dor-mindo, então toma um calmante, que é para dormir. Não resolve com remé-dio, na verdade empurra para frente. Isso exigiria uma abordagem maior, que envolvesse a qualidade de vida. O SESI já tem uma longa experiência, por exemplo, na alimentação, no lazer, tem um arco de opções.

O senhor falou que criar ambien-tes psicossociais favoráveis no am-biente de trabalho é um dos maiores

desafios atuais. Isso também diz res-peito ao assédio moral? Trata-se de uma mudança essencialmente cultu-ral. A maior parte das práticas hoje ro-tuladas como sendo assédio moral no trabalho – porque podem existir em outros lugares também – sempre exis-tiu, mas não era classificada como tal. A sociedade se tornou mais exigente para evitar essas práticas. Essa é a pri-meira questão. A segunda é que, com a reestruturação produtiva e a compe-tição predatória entre as organizações, principalmente na área de serviços – refiro-me aos bancos, por exemplo –, mas também em outras áreas, o colega deixou ser um colega e passou a ser um competidor, potencialmente um inimigo e, então, você tem um bocado de competidores dentro de uma sala, onde todos competem entre si e tor-cem para você errar. Quando entram as chefias, justamente quando existe o assédio moral, há uma relação de poder, chamada de hierarquia, prati-cada de cima para baixo, mas pode ser também o contrário, com cobrança de metas, dentre outras. Então, aconte-cem situações como esta: “Este aqui é o campeão, é o melhor de todos. E você que produziu muito pouco, siga seu exemplo. Ele é o bonzão”. A exalta-ção e a humilhação desproporcionais de outro, em ambiente coletivo, criam um clima de competição predatória que talvez seja uma das práticas mais frequentes. O que eu quero dizer é jus-tamente que não é um problema mé-dico, de saúde, é um problema de cul-tura organizacional. Existe um espaço grande para ser modificado, e precisa existir uma política explícita na orga-nização de abolir essas práticas, inclu-sive puni-las ou criar mecanismos de prevenção. Mas eu quero deixar claro: quem faz a saúde e segurança do tra-balho não são os profissionais de saú-de e segurança, são os gestores, são as políticas organizacionais de como o trabalho é organizado e gerido.

Saúde auditiva éprioridade da OMS

Asaúde auditiva da população é uma das prioridades da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma vez que há estimativa

de que 250 milhões de pessoas (1,5%) no mundo têm algum problema auditivo. Não é apenas o ruído que causa a perda da audição dentro de um ambiente de trabalho. Apesar de ser o principal motivo, existem vários outros, como agentes químicos e biológicos. O tema foi abordado durante o curso Ruídos e Perda Auditiva, ministrado pela fonoaudióloga Ana Cláudia Fiorini, por ocasião da 3ª Jornada SESI de Medicina e Segurança do Trabalho.

De acordo com Cláudia Fiorini, um dos principais objetivos das empresas, hoje, é prevenir a perda auditiva. “Trata-se de uma doença que nós conhecemos, sabemos o agente causador, mas ela jamais será erradicada. Por mais que saibamos o quanto é prejudicial às pessoas, é impossível acabar com o ruído.”

A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é um dos problemas de saúde relacionados ao trabalho de maior incidência em todo o mundo. Trata-se de uma lesão auditiva decorrente de repetidas exposições em níveis de pressão sonora elevados que tem como características a irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de exposição. Essa lesão auditiva é extremamente comum em diversos ramos de atividade nos quais a exposição a ruído é intensa

e continuada como, por exemplo, em metalúrgicas, têxteis, gráficas, mineração, indústria vidreira e agricultura. Os efeitos causados na saúde são físicos, fisiológicos, sensorial e interferência na comunicação oral, além de distúrbio do sono, psicológico, performance e incômodo.

A perda auditiva é

uma doença que nós conhecemos, sabemos o agente causador, mas ela jamais será erradicada. Ana Cláudia Fiorini, fonoaudióloga

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| RevistadaFIEC | Junho de 201226 27Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

No Ceará, cerca de 500 jovens que viveram situações de abuso e exploração sexual já foram atendidos pelo projeto

Meta é chegar às 27 unidades federativas

O jovem José (nome fictício) tem apenas 19 anos. Apesar da pouca idade, superou graves e comple-xos problemas, como a violência sexual. Abusado

pelo próprio pai dos oito aos 14 anos, passou por de-pressão, isolamento, e até foi acolhido em instituição as-sistencial. Atualmente, é um dos jovens que estão cons-truindo o seu futuro, sendo protagonista da sua própria vida, por meio do projeto ViraVida, desenvolvido pelo Serviço Social da Indústria (SESI) com o objetivo de criar oportunidades para que jovens vítimas de abuso e exploração sexual reescrevam sua história e entrem no mercado de trabalho.

ViraVida

“Quando comecei no programa, pensava que ia ser mais um curso como outro qualquer. Mas me surpreen-di, não era apenas um curso, os profissionais eram muito atenciosos e acolhedores e, aqui, recebi a aten-ção que não tinha na minha família”, diz João, hoje egresso do ViraVida. Foi aluno do projeto, fez curso de recepcionista e agora espera uma vaga como ope-rador de telemarketing. Ele conta que o projeto foi muito importante para que a violência sexual sofri-da não atrapalhasse o seu desenvolvimento. “É claro que não a esqueci, mas hoje sou outra pessoa e devo muito ao ViraVida.”

Minimizando riscos

Promover conhecimentos sobre como proporcionar ambientes salubres ao trabalhador. Foi com esse objetivo que

a 3ª Jornada SESI de Saúde e Segurança do Trabalho realizou o curso de Toxicologia Ocupacional, ministrado por Satoshi Kitamura, médico do trabalho e professor doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A toxicologia ocupacional aplica princípios e métodos para identificação, gestão e controle de compostos químicos no ambiente de trabalho. Em vários setores da indústria, os trabalhadores podem ser expostos a produtos químicos nocivos à saúde. Com os conhecimentos da toxicologia, esses riscos podem ser minimizados e avaliados seguindo os princípios da medicina do trabalho.

Durante o curso, Kitamura apresentou conceitos e análises da toxicologia, como aspectos da exposição e da introdução de agentes químicos no organismo humano, as formas de apresentação dos agentes químicos, fatores que interferem na intoxicação e os limites de exposição no ambiente de trabalho. “Esse curso busca a aplicação da toxicologia dentro da saúde do trabalhador. Embora seja um tema que normalmente apresento a farmacêuticos e médicos, aqui os mesmos

conhecimentos são apresentados para outro público, com uma linguagem que alcance vários profissionais”, explicou Kitamura.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou em 30 de abril o levantamento Diretrizes de Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho. A pesquisa identificou 19 tipos de tumores malignos que podem estar relacionados ao trabalho. Substâncias como amianto e algumas classes de agrotóxicos são apontadas como prejudiciais. O estudo inclui 112 substâncias cancerígenas identificadas no ambiente de trabalho, como poeiras de cereal e de madeira. O levantamento mostra também que os casos mais comuns da doença relacionada ao trabalho são leucemia, câncer de pulmão, no nariz, de pele, na bexiga, na pleura e na laringe.

O professor Satoshi Kitamura acredita que, diante de tal quadro, a figura do médico do trabalho, bem como dos demais profissionais ligados à saúde do trabalhador, mostra-se fundamental. “A melhor ação que o industrial, ou seja qual for o empregador, pode tomar é acercar-se de um profissional competente, qualificado, para proteger a saúde de todos os envolvidos em seus processos produtivos. Mas, claro, o mais interessado na aplicação prática dos conhecimentos de toxicologia ocupacional é o trabalhador”, finalizou Satoshi Kitamura.

A melhor ação que o industrial

pode tomar é acercar-se de um profissional competente, qualificado, para proteger a saúde de todos os envolvidos em seus processos produtivos. Satoshi Kitamura, professor

doutor da Faculdade de Ciências

Médicas da Unicamp

Performance teatral feita pelos próprios alunos do ViraVida no Ceará tratou de temas ligados à juventude

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| RevistadaFIEC | Junho de 201228 29Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

O esquema de exploração sexual

é muito estruturado e organizado e é necessário um esforço conjunto para combatê-lo.

Elísio Celestino, coordenador

operacional do ViraVida no Ceará

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os conselhos tutelares, Juizado da Infância e da Juventude e educadores sociais. “Seria uma forma não apenas de encaminhar, mas de acompanhar esses jovens. Isso porque o esquema de exploração sexual é muito estruturado e organizado e é necessário um esforço conjunto para combatê-lo.”

O ViraVida é coordenado pelos Departamentos Regionais do SESI e realizado em parceria com instituições do Sistema S, como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Serviço Social do Transporte (SEST) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat).

O projeto ViraVida realizou, no último dia 25 de maio, no Hotel Beira Mar, o 1° Seminário Sobre Protagonismo – ViraVida em Minha Vida. Com o objetivo de construir com os

educandos do projeto a compreensão e o exercício da cidadania como reconhecimento de si e do outro enquanto sujeitos de direitos e deveres, mobilizando-os para a construção cotidiana da autonomia, da solidariedade, do compromisso com o coletivo e da participação ativa na efetivação dos direitos humanos, o evento foi completamente organizado e pensado pelos alunos.

Apresentações artísticas, performances teatrais, dança, mesas de debate e palestras, com temáticas voltadas à juventude, como combate às drogas, exploração e abuso sexual, consumo de álcool, direitos e deveres e cidadania, mostram a apropriação do tema pelos alunos. Além disso, em grupos temáticos, eles elaboraram uma carta de intenções para nortear os jovens multiplicadores do protagonismo juvenil no ViraVida.

Juliana (nome fictício), 16 anos, foi uma das que representaram no palco, para os demais jovens e suas famílias,

um pouco do que se passou na sua vida. “Estou vivendo uma mudança radical nos últimos quatros meses”, diz. Moradora de uma área de grande vulnerabilidade social em Fortaleza, passou a frequentar festas, usar drogas, culminando com a prática de ‘fazer programas’. “Deixei de estudar, vivia em farras, usando drogas, bebendo, envolvida com homens que me exploravam. Hoje, sei disso. Usava o dinheiro para ajudar em casa, porque meu pai abandonou a gente cedo e minha mãe não tem emprego. Quando eu saía de noite não dizia aonde ia, até porque minha mãe não perguntava. A minha irmã já estava no projeto e vivia me chamando. Quando vi que as pessoas que andavam comigo estavam morrendo no crime, percebi que tinha de mudar. Nos últimos quatro meses, tudo mudou e acordei do pesadelo em que vivia”, relata emocionada.

Juliana é aluna do curso de auxiliar administrativo do ViraVida, voltou a frequentar a escola e, como ela mesma diz, passa o dia ocupada com essas atividades para não ter tempo de “pensar em besteira”.

Protagonismo juvenil para construir o futuro

Iniciado no Ceará como projeto-piloto, o ViraVida está implantado hoje em 16 estados. A meta é alcançar ainda este ano as 27 unida-des federativas. No total, mais de 1,8 mil jovens foram beneficiados. A ideia é promover a eleva-ção da autoestima e da escolaridade dos adoles-centes e jovens participantes para que desven-dem o próprio potencial e, assim, conquistem autonomia. O projeto acompanha a trajetória do aluno para que ele se profissionalize e entre no mercado de trabalho

O presidente do Conselho Nacional do SESI e idealizador do ViraVida, Jair Meneguelli, conta que a violência sexual não é um proble-ma social somente brasileiro, mas do mundo inteiro. “O nosso sonho é que esse projeto se torne uma política pública.” Segundo ele, no contexto de grandes eventos que o Brasil vai receber, como a Copa do Mundo e a Olimpía-da, é preciso ter atenção com os jovens brasi-leiros. Isso porque, afirma, na Copa do Mundo da África do Sul, sem o mesmo apelo da Copa no Brasil, houve um aumento de 40% da pros-tituição no país. “É preciso ficar alerta para proteger os nossos jovens.”

Meneguelli explica que os jovens do projeto chegam machucados, confusos, desacreditan-do em tudo. “Dados estatísticos mostram que 80% desses jovens, entre meninos e meninas, foram abusados sexualmente dentro de suas próprias famílias. Então, eles vêm traumatiza-dos, com medo das pessoas, são arredios”, afir-ma. “E aqui, por meio do acolhimento dos nos-sos profissionais, percebem que no ViraVida tem gente que os ouve, os ajuda e acredita neles.

O nosso sonho é que esse projeto

se torne uma política pública.

Jair Meneguelli, presidente

do Conselho Nacional do SESI e

idealizador do ViraVida

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Tem gente que muda as suas vidas com eles. Há o exemplo de uma menina de Natal (capital do Rio Grande Norte) sobre quem a mãe dizia que ela 'não ia dar em nada'. No entanto, formou-se no curso de cabeleireira e montou seu salãozi-nho de beleza. Sua primeira funcionária, que faz o trabalho de manicure, é a própria mãe. Então, há uma transformação na vida deles”, diz Meneguelli em tom emocionado.

O presidente do Conselho Nacional do SESI explica que é muito difícil ter dados estatísticos sobre abuso e exploração sexual porque as crian-ças e os jovens não falam, têm medo, são pres-sionados a ficar calados, e muitos têm vergonha: “Alguns acham que não são explorados, acham que estão explorando. Por isso existe dificuldade em mensurar esses casos. É um problema gran-de? É. É um privilégio do Nordeste? Não”.

A tecnologia social do projeto, pelos re-sultados que já trouxeram no Brasil, está sendo importada para outros países. Por uma solicitação da primeira dama de El Sal-vador, o ViraVida está sendo implantado lá. A aceitabilidade dos egressos do programa no mercado de trabalho também é um des-taque. “Temos uma participação fantástica. Até agora, nenhuma empresa nos deu um não”, finaliza Jair Meneguelli.

Ceará

N o Ceará, primeiro estado do país a ter o projeto, cerca de 500 jovens foram atendidos. O coordenador operacional

do ViraVida, Elísio Celestino, diz que os jovens são encaminhados por instituições sociais como Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Associação das Prostitutas do Ceará (Aproce), Barraca da Amizade e Conselho Nova Vida, dentre outras. Os resultados, conforme ele, são bastante positivos: há um percentual de 79% de empregabilidade dos jovens em empresas; 100% deles retornam ao ambiente escolar; há uma reintegração à família, quando isso é possível, e um aumento da participação nas atividades profissionalizantes.

Elísio explica que a procura por vagas no projeto é grande, o que, apesar de não existirem estatísticas oficiais sobre o assunto, mostra que a situação é grave. “Se abrimos 20 vagas, aparecem cem jovens, todos com o perfil de atendimento do projeto.” Ele defende, para maior combate à problemática, uma ação integrada de movimentos sociais com

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| RevistadaFIEC | Junho de 201230 31Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Incubadoras do futuroFIEC estimula no Ceará o surgimento de empresas de base tecnológica como forma de impulsionar a economia do conhecimento

D iscutir a importância das startups como novas propul-soras da economia e da inovação. Esse foi o objetivo do 1º. Seminário Cearense de Startups, realizado pela

Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Confe-deração Nacional da Indústria (CNI), Instituto de Desenvol-vimento Industrial do Ceará (INDI) e Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE), no final de maio, na FIEC. O evento reuniu representantes de universidades, empresá-rios, gestores de startups e filiados aos sindicatos industriais. Além da presença do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil, Samuel Jerozolimski, e Michelle Shik, diretora da divisão de startups da Associação das Indústrias de Israel (Manufactures Association of Israel – MAI), o pú-blico conheceu cases nacionais e locais de jovens empreen-dedores que fizeram de suas ideias grandes sucessos reco-nhecidos internacionalmente.

Dentre os destaques do encontro está a startup Qmágico, uma plataforma on-line que oferece na internet mais de 700 vídeos de matemática gratuitos, com 7 a 12 minutos de du-ração, destinados a alunos dos ensinos fundamental e médio.

Segundo o fundador da empresa, o cearense e aluno de en-genharia mecânica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Thiago Feijão, 22 anos, a ideia nasceu quando ele dava aulas para a população de baixa renda em organizações não governamentais (ONGs) criadas por ele mesmo, em São José dos Campos. “Ao entrar para o ITA, em 2008, decidi traba-lhar com educação para fazer com que outros jovens pudes-sem ter as oportunidades que tive. Fui motivado pelos dra-mas que viviam, sobretudo, pela falta de acesso à educação.”

Feijão conta que se sentia incomodado por não conseguir atender “nem de longe” a todos os que queriam assistir às aulas que as organizações ofereciam. “Isso me estimulou a perguntar: como ajudar essas pessoas com algo que seja es-calável e sustentável financeiramente? Como replicar o que a gente faz para o Brasil inteiro? Aí surgiu o Qmágico, inicia-tiva inspirada no indiano Salman Khan – fundador da The Khan Academy, uma ONG que coloca à disposição na web milhares de vídeos de matemática, história, medicina e saú-de, finanças, física, química, biologia, astronomia, economia e ciência da computação, dentre outras matérias, traduzidos

Startups

em dezena de línguas, incluindo o português. No Brasil, o site entrou no ar com 300 vídeos de aulas de matemática. Atualmente, sua equi-pe já produziu mais de 700.

Pelo portal, é possível assistir a vídeos escolhendo por série – do 1º ano do ensino fundamental ao pré-vestibular –, ou por tema: geo-metria, álgebra, funções e análises combinatórias. As imagens mos-tram uma lousa ou um caderno sendo preenchido, enquanto uma voz dá explicações. Também há exercícios e testes sobre os temas oferecidos. Apesar de gratuito, há serviços que podem ser aplicados (e vendidos) em escolas particula-res (eis uma das formas do projeto se manter), dentre eles, um pacote de treinamento para professores e instituições com orientações para o uso das tecnologias em sala de aula. Dentre os muitos parceiros que já se disponibilizaram a apoiar o Qmágico está a Fundação Lemann, que vai levar as aulas on-line para três escolas da rede municipal de São José dos Campos no segundo semestre deste ano. Os alunos beneficiados estudam em seis turmas do 4º ano do ensino fundamental.

O outro jovem empreendedor cearense, tam-bém vindo do ITA, que falou sobre seu negócio de sucesso, foi Davi Macêdo, da GTA Soluções em Aviação. Com apenas 29 anos, conta que foi o único da sua turma que empreendeu, mas não se arrepende, apesar das “muitas noites em claro e dos sacrifícios pessoais” para poder tirar do papel o sonho de abrir um negócio de sucesso. “Durante os primeiros anos, até encon-trarmos financiadores que apostassem grande na nossa ideia, tivemos de trabalhar em outras empresas para manter o sonho vivo. Mas tudo valeu a pena porque hoje temos vários clientes, oriundos, sobretudo, dos contatos feitos à época do ITA, além de sermos reconhecido internacio-nalmente pela atuação em uma área que requer o uso de tecnologia avançada.”

A GTA é uma empresa de TI que atua no desenvolvimento de software para o setor aero-espacial. Nasceu em 2004 dentro da IncubAero, incubadora de empresas e projetos, criada pela Fundação Casimiro Montenegro Filho. Dentre os clientes atuais da GTA estão a Gol Linhas Aéreas, Azul Linhas Aéreas, Bain & Company, Alpserv Soluções e Serviços em Altura e o Grupo Gaia.

Aos empreendedores cearenses, Davi Macêdo disse que o sucesso de um empreendimento está na capacidade de inovar e que a persistência é a alma do negócio. “Por que você acorda todo dia e faz o que faz? Essa pergunta deve perseguir o dia a dia de um empreendedor", afirma, acrescentando que uma startup deve se renovar constantemente: “Planeje no curto prazo e não fique amarrado a ideias fixas e aos ganhos financeiros. O retorno virá com o tempo e será fruto do seu esforço”.

Morando e atuando em São Paulo, Davi Ma-cêdo foi questionado por que ainda não inves-tiu no seu estado de origem. Respondeu que no Ceará não existe, por enquanto,“um ecossistema” de negócios que sustente e estimule investimento em algumas áreas. "Faltam desafios que nos moti-vem na busca de soluções para problemas sociais e de negócios, propriamente ditos."

Planeje no curto prazo e não fique

amarrado a ideias fixas e aos ganhos financeiros. O retorno virá com o tempo e será fruto do seu esforço.

Davi Macêdo, jovem empreendedor

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1º. Seminário Cearense de Startups foi realizado na FIEC

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| RevistadaFIEC | Junho de 201232 33Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Inova Ceará

S egundo o diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, o setor industrial cearense tem procurado traçar o caminho do fortalecimento das empresas, por meio da

mobilização em prol da “indústria do conhecimento” como fator diferencial capaz de assegurar a integração das áreas de serviços, comércio e agricultura. “O propósito da FIEC é que logo após este seminário sejamos uma incubadora do futuro, viabilizando ideias para serem transformadas em negócios, fortalecendo a economia atual e fazendo surgir a indústria do conhecimento.” Para tanto, disse que a FIEC contará com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), das universidades, da mídia e das autoridades governamentais.

O primeiro passo nesse sentido foi dado em 18 de junho, quando uma comitiva da FIEC, liderada por Carlos Matos, e representantes da CNI estiveram no ITA, em São José dos Campos (SP), em conversa com reitor e selecionando alunos para participarem do Programa Inova Ceará Startup. Por meio

Perfil da inovação no Ceará

N o Ceará, conforme dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec 2008), a mais recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40,3%

das empresas locais dizem ter implementado inovação. No Brasil, esse percentual é de 38,1%. A pesquisa foi realizada a partir de uma base de 100 496 empresas no país, sendo 2 085 cearenses. Com relação ao perfil das empresas inovadoras, quanto a produtos criados, 53,7% das cearenses dizem ser novo para a empresa, mas já existente no mercado nacional; 1,3% seria novo para o mercado nacional, mas já existente em nível mundial; e apenas 0,5% é considerado novo para o mercado mundial. Em relação à inovação em processos, das empresas locais que o adotaram, 85,6% admitem ser novo para empresa, mas já existente no setor no Brasil. Apenas 0,2% das empresas afirma que se trata de novo para o setor em termos mundiais.

da iniciativa, alunos do Instituto virão ao Ceará e devem passar, nas férias, cerca de três semanas para conhecer o setor industrial cearense.

A ideia visa estimular a pesquisa em tecnologia e inovação, além de criar um clima de empreendedorismo entre os jovens para a implantação de startups no Ceará. "A ideia geral é que visitem nosso setor produtivo e façam um trabalho sobre ele. Que vejam as perspectivas de avanço na indústria e na pesquisa", conta Carlos Matos. O executivo explica que foram selecionados seis alunos do ITA e outros seis de universidades locais para participarem em julho do programa de conhecimento e de integração. "Com um conjunto de ações voltadas para conquistar esses alunos, queremos criar um clima de empreendedorismo a fim de que nasçam outras startups de base tecnológica. E essas, por sua vez, devem cooperar no desenvolvimento de outros setores já tradicionais”, finaliza Carlos Matos.

A pesquisa aponta ainda que o setor de aquisição de máquinas e equipamentos, com 91,1%, é o segmento que mais direcionou gastos no Ceará para atividades inovativas. Em seguida, aparecem treinamento (38,2%), aquisição de software (36,7%), introdução das inovações tecnológicas no mercado (35,5%), projeto industrial e outras preparações técnicas (31,6%), aquisição de outros conhecimentos externos (6,7%), atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (4,9%) e aquisição externa de P&D (1%). Quanto às pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D nas empresas cearenses que implementaram inovações, o maior percentual se refere a outros (69,5%), indicando não haver especificação clara. Nesse item do perfil traçado, apenas 1,6% das pessoas é constituído de pós-graduados, 17,8% graduados e 11% possuem nível médio.

Acelerador de boas ideias

U m dos principais problemas para quem está começando no mundo dos negócios é a dificuldade de acesso ao capital, que,

no universo das startups, pode ser intelectual ou financeiro. Para resolver o entrave, comum a quase todos os ‘startupeiros’, existem empresas (ou pessoas físicas) que oferecem soluções em troca de participação nos lucros. Dentre esses “anjos” – como se denominam alguns dos cooperadores externos – está a 21212 Digital Accelerator, que participou do seminário por meio do diretor Frederico Lacerda.

Com sede no Rio de Janeiro, e parceiros em Nova York, a 21212 é uma aceleradora de startups digitais inspirada na Y Combinator, que acelerou a DropBox – atualmente avaliada em mais de 6 bilhões

de dólares. O trabalho da aceleradora funciona assim: os empreendedores inscrevem suas ideias no website da 21212 e, duas vezes por ano, são selecionados para entrevistas com uma banca de mentores e investidores parceiros da 21212. As inscrições chegam a ter mais de 250 projetos, inclusive de outros países, como Estados Unidos, Portugal, Índia, Chile e Argentina. Desses, cerca de 20 são chamados para as entrevistas e somente de 10 a 15 participam do programa de aceleração. Segundo Lacerda, para se inscrever, a empresa não precisa ter receitas nem ser operacional ainda, “mas tem de atuar no Brasil, ter um bom potencial de crescimento e pessoas aptas à liderança”.

Em troca, as startups abrem mão de 20% do capital: 10% ficam com a 21212 e 10% nas mãos de um grupo de investidores iniciais que bancam as operações da aceleradora. Após as entrevistas, o programa tem início com uma série de métodos de aprendizagem práticos e teóricos e espaços para networking. "Oferecemos contatos e suporte direto na área de business, para modelagem do negócio e busca de acordos na área comercial, pessoas de TI, designers e advogados. Temos, ainda, uma rede com 30 mentores em outras variadas áreas de conhecimento. Essas intervenções funcionam como anabolizantes para as empresas crescerem rápido", garante.

Após seis meses de assessoria, as empresas participam de um evento chamado Demo Day. Nele, as startups têm a oportunidade de se mostrar para uma série de investidores

Existem três passos iniciais para crescer com

uma nova startup: ter uma boa ideia, avaliar as dificuldades e enxergar os problemas e saber aonde quer chegar.Michelle Shik, diretora da Divisão de

Startups da Associação das Indústrias de Israel

“ “Tem de atuar no Brasil, ter

um bom potencial de crescimento e pessoas aptas à liderança.Frederico Lacerda, 21212 Digital Accelerator

“ “potenciais e fundos de venture capital (capital de risco ou capital de oportunidade) que, se acreditarem na ideia, investem alto no negócio. Das dez empresas aceleradas no primeiro ciclo deste ano, oito se apresentaram no evento e estão negociando com investidores. Uma delas, a Resolveaí, que propõe soluções para transportes, fechou um aporte de 500 000 reais e está negociando mais um de 1 milhão de reais.

Segundo Lacerda, outras sete empresas que participaram do Demo Day já estão em estágio avançado para receber aportes entre 500 000 reais e 4 milhões de reais. A taxa de sucesso é de 70% a 80% entre as aceleradas. A outra startup que se deu bem no evento foi a Pagpop, que atua na área de meios de pagamentos e se encontra no estágio operacional faturando mais de 1 milhão de reais e previsão de crescer três vezes em 2013.

O exemplo de Israel

C om uma população de apenas 7,6 milhões de habitantes, Israel possui a segunda maior unidade de startups (modelo de empresa jovem,

embrionária com baixos custos iniciais) no mundo, depois dos Estados Unidos. A palestrante Michelle Shik, diretora da Divisão de Startups da Associação das Indústrias de Israel, afirmou que, para obter sucesso em qualquer tipo de empreendimento, é preciso primeiro fracassar ou falhar.

A primeira startups do país foi na área de Educação. Mas, após dois anos sem retorno, os planos de negócios foram mudados. A solução para se tornar eficiente e eficaz foi lançar softwares como serviços. “Pegamos o nosso conhecimento em tecnologia e mudamos o modelo de negócio, adaptando-o para ser mais fácil de vender e experimentar, fazendo-o ficar muito mais acessível. Uma coisa que dá certo é aproveitar o que já existe e adaptá-la ao mercado”, afirmou Shik.

Michelle Shik disse que existem três passos iniciais para crescer com uma nova startup: “Primeiro é preciso ter uma boa ideia e se apaixonar por ela, para que seja concretizada. Depois, devemos avaliar as dificuldades e enxergar problemas que não façam parte do cotidiano,

mas que são necessários saber. E, finalmente, saber aonde se quer chegar é o ideal. O que sobra são tentativas até alcançar os objetivos desejados”.

Para a executiva, Israel tem realizado inovações em diversas áreas, como química, física, agricultura, medicina e energia. Possui também muitas ações de inovação na área tecnológica e high tech. “E grande parte desse trabalho vem sendo realizado por pessoas que fazem sucesso fora da nação e estão voltando às suas origens, e fazendo o que sabem dentro seu país”, concluiu Michelle Shik.

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| RevistadaFIEC | Junho de 201234 35Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Comitê Executivo elabora plano de trabalhoA ideia da cooperação indústria e academia amadureceu o ano passado, quando comitiva coordenada pela FIEC esteve em Israel

C omitê Executivo Universidade-Empresa (Uniemp), ins-talado no dia 6 de junho na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para discutir o fortalecimen-

to da cooperação universidade-empresa para a inovação no Ceará, já tem um plano de trabalho definido para dar início efetivo às ações. A ideia da cooperação indústria e academia vem sendo amadurecida desde o ano passado, quando comiti-va coordenada pela FIEC esteve em Israel para aprofundar as discussões sobre o tema.

A partir da visita, consultores da universidade de Ben-Gurion elaboraram estudo sobre a questão no estado, o qual deverá ser-vir como norte para as ações a serem desenvolvidas nos próxi-mos meses, sob a coordenação do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI). De acordo com o estudo, no Ceará, cerca de 95% das empresas (pequenas e grandes) concordam que inova-ção e avanço tecnológico são importantes e vitais para o desen-volvimento dos seus negócios. Essa impressão é válida tanto para

as de alta tecnologia, como também para as mais tradicionais.Com o diagnóstico, a FIEC promoveu em abril deste ano

workshop sobre a temática, no qual foram tiradas diretrizes a serem adotadas pelo Uniemp. Segundo o consultor da Ben-Gurion, Raphael Bar-El, das 16 propostas sugeridas por ocasião do workhsop, sete darão o norte ao plano de trabalho definido pelo comitê executivo em metas globais, medidas específicas uni-laterais da FIEC, medidas específicas bilaterais e medidas espe-cíficas trilaterais, envolvendo academia, setor produtivo e gover-nos. As ações agora serão tocadas a partir da condução do comitê executivo, presidido pelo presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, e que conta na sua composição com representantes da indústria, do governo estadual, de universidades, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

No que diz respeito ao que definiu como metas globais a serem desenvolvidas, Bar-El cita a necessidade de identificar o

Universidade-empresaecossistema de inovação e a demanda e a oferta nas empresas, em termos de novos produtos, e a melhora de produtos existentes e de processos. Diante disso, ele propõe, como plano para definir esse ecossistema, a constituição de um grupo de trabalho da FIEC, da academia e do governo, com vistas a elaborar soluções para possíveis gargalos existentes. Outro ponto ressaltado é o estabeleci-mento na FIEC de um serviço de apoio às em-presas para o uso mais eficiente dos instrumentos oferecidos pelo Sistema Indústria. Na visão do consultor israelense, é preciso ainda que seja tra-çado um road map (mapa do caminho) que leva a inovação às empresas.

Em relação ao aspecto da demanda e oferta das empresas por inovação, o plano sugerido aponta a montagem de grupos de trabalho setoriais por segmento produtivo para que se possam identifi-car as necessidades específicas. Ao mesmo tempo, propõe entrevistas nas universidades e institutos de pesquisa sobre os temas atuais de pesquisa, a fim de se comparar a oferta e a demanda da acade-mia e do setor produtivo. No campo das medidas específicas unilaterais na FIEC, Raphael Bar-El elenca três ações: a criação de uma unidade de apoio a startups; de um centro de empreendedo-rismo, avanço tecnológico e inovação e a organi-zação de competições anuais entre empresas que colaboram com a academia.

Ainda no que se refere à unidade de apoio a startups, o caráter geral das propostas, explica o consultor da Ben-Gurion, é servir como ponto central onde possam receber apoio e orientação para todas as suas necessidades. Em contraparti-da, os empresários, do Brasil e do exterior, teriam ali a possibilidade de ter acesso às inovações que estariam sendo desenvolvidas e que poderiam se tornar atrativas para eles. Já o centro de empre-endedorismo funcionaria nos moldes do ofere-cimento de serviços por meio de cursos abertos, consultorias de curto prazo e organização de con-ferências. A ideia, com isso, é ampliar o leque de possibilidades da divulgação das iniciativas quan-to à formação de novos empreendedores.

Quanto às medidas que definiu como especí-ficas trilaterais, Raphael Bar-El indica a estrutu-ração de apoio para colaborar com a formatação de editais e o incentivo ao surgimento de gru-pos setoriais de trabalho. Para a formatação de editais, indica o estabelecimento de um fórum, incluindo representantes da FIEC, Secretaria de Ciência e Tecnologia e da academia. O papel do fórum seria o de facilitar a colaboração de em-presários, governo e pesquisadores para a ino-vação. Sobre a criação dos grupos setoriais de

trabalho, o consultor destaca que visaria discutir temas específicos de cada segmento produtivo, com a participação de representantes da FIEC, da academia e do governo. As reuniões dos grupos seriam periódicas, segundo ele, sendo necessária pelo menos uma anual, a fim de que possa haver a troca de experiências.

De acordo com o diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, a instalação do comitê executivo do Uniemp vai permitir que se avance nas ações a serem implementadas para aproximar a academia do setor produtivo no aspecto da inovação. "Co-meçamos efetivamente a construir uma agenda conjunta.” Ele lembra que há muitas experiências soltas, tanto na academia, como no setor produ-tivo, que se dão de forma aleatória, e a ideia do Uniemp é justamente sistematizar esse processo.

Simec acelera

O setor metal-mecânico, elétrico e eletrônico deve ser o primeiro segmento industrial do Ceará a ter um plano de inovação dentro da filosofia de trabalho do Uniemp. No começo do junho, com o apoio

do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico do Ceará (Simec), a coordenação do Uniemp reuniu empresários e acadêmicos para discutir as especificidades da cadeia produtiva relacionadas à inovação. Como consequência, um comitê setorial foi criado para elaborar um plano de inovação ao setor. Dentre as propostas surgidas nesse primeiro encontro o presidente do Simec, Ricard Pereira, destaca a possibilidade da criação de uma cooperativa para a inovação, onde se poderia trabalhar a questão de editais de fomento e outras formas de incentivo.

Ricard Pereira admite que é preciso haver por parte dos empresários uma mudança de mentalidade para entender a inovação como fundamental à competitividade, mas, para tanto, é necessário oferecer canais apropriados para que o processo se concretize. Segundo ele, o setor geralmente não enfrenta problemas relacionados à inovação no dia a dia das empresas. "O que precisamos é criar uma cultura que favoreça sua aplicação de forma progressiva, e não apenas para se apagar incêndio, como se faz muito hoje." Ele diz que o sindicato promove visitas direcionadas e contatos mais aproximados com a academia, mas há a necessidade de as empresas promoverem uma maior abertura para discutir os gargalos que existem entre ambas as partes.

O Comitê Executivo Universidade-Empresa é composto por representantes de diversos setores, como indústria, governo estadual e universidades

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| RevistadaFIEC | Junho de 201236 37Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Matéria-prima, em determinadas oportunidades, chega à indústria beneficiadora contendo impurezas

Indústria alerta sobre qualidade

O Ceará exportou 58,2 milhões de dólares, em 2011, em ceras vegetais oriundas do refinamento do pó da carnaubeira. No ano anterior, esse valor atingiu 43,6

milhões de dólares. Já em 2012, até abril, o estado vendeu para o mercado externo 34 milhões de dólares. Os núme-ros colocam os produtos advindos dessa palmeira como o quarto item da pauta de exportações cearense, ficando atrás dos setores calçadista, couro e castanha de caju. Apesar do bom momento, alguns contratempos colocam as indústrias responsáveis pela exportação em estado de alerta, segundo o

Cera de carnaúba

presidente do Sindicato das Indústrias Refinadoras de Cera de Carnaúba do Ceará (Sindicarnaúba) e da Câmara Seto-rial da Carnaúba, Edgar Gadelha Pereira Filho. Ele partici-pou em 25 de maio, na cidade de Jaguaruana, do 2º Seminá-rio da Carnaúba do Polo do Baixo e Médio Jaguaribe.

No encontro, empresários da indústria refinadora de cera de carnaúba, produtores rurais e representantes do poder público traçaram um quadro da produção local e discuti-ram perspectivas para melhorar a cadeia produtiva. Para se ter uma ideia da importância que o segmento deu ao evento,

das sete indústrias cearenses beneficiadoras, cinco estiveram presentes. A intenção, explicou Edgar Gadelha, foi aproximar o produtor rural, componente estratégico da cadeia produtiva, do empresário que exporta a cera. A data também serviu para comemorar um ano da instalação oficial do Memorial da Carnaúba, espaço criado para divulgar fatos relacionados à cultura da pal-meira no Ceará, e o Dia do Trabalhador Rural.

A questão da qualidade foi um dos pontos reportados por Edgar Gadelha, já que a maio-ria da cera produzida no Ceará é destinada à exportação. “Quem beneficia o produto está enfrentando dois problemas graves: o primei-ro é o preço, baseado na oscilação do dólar. O segundo diz respeito à matéria-prima entregue pelo produtor rural à indústria.” Conforme o presidente do Sindicarnaúba, a cera muitas ve-zes chega sem a qualidade necessária para ser beneficiada, por conter diversas impurezas que interferem no produto final.

No ano passado, o quadro foi atípico, em virtude do aumento das chuvas no segundo se-mestre, gerando a elevação do preço do produ-to para a indústria refinadora. De acordo com Edgar Gadelha, o fato provocou desconforto ao exportador e ao importador. "Não é bom para o mercado quando isso acontece, mesmo por causas naturais. A oscilação implica preço muito acima da média, o que pode gerar turbulências." A qualidade da matéria-prima também preo-cupa. "Ora, se você tem um preço alto, e com qualidade inferior, é o pior dos mundos. Essa questão nos aflige", alerta o empresário. “Infeliz-mente, não é raro ocorrerem situações nas quais a matéria-prima chega misturada com impure-zas, afetando diretamente seu beneficiamento.” O dirigente classista entende que, mesmo diante das dificuldades enfrentadas em 2011, o setor vem se mantendo razoavelmente, “mas é preciso constante vigilância nesse sentido”.

Segundo Edgar Gadelha, o mercado in-ternacional está mais exigente: “Agora, antes mesmo do embarque do produto, os compra-dores querem uma pré-amostra para aprovar a transação, gerando mais custo e tempo gasto. E há casos em que a compra não é aprovada e acabamos tendo prejuízos”. Ele lembra que lidar com a oscilação do preço e a devolução por causa da pouca qualidade é desgastante e prejudicial ao empresário, e comprometeu-se a qualificar o agricultor, por meio de treina-mentos, para preparar melhor a cera às em-presas beneficiadoras. "Queremos manter

uma relação que seja boa para ambas as par-tes, porque não adianta apenas um ganhar."

Edgar Gadelha explica que o importador tem como detectar as impurezas e cancelar a compra. “E se cancela, simplesmente não paga." Este ano, com a escassez de chuvas, o corte da folha da carnaubeira deve começar mais cedo e é preciso que o produtor cuide me-lhor da colheita. "Sem um bom produto, não temos como remunerar bem. O ideal é que a qualidade seja incorporada ao nosso dia a dia, porque assim todos ganham."

“O Ceará já perdeu culturas importantes no passado, como a oiticica e a mamona. Por isso a cadeia produtiva da carnaúba, mesmo não se encontrando no momento diante de tal pos-sibilidade, não pode deixar de tirar lições no passado para refletir no futuro”, alerta Edgar Gadelha. Ele arremata: "Atualmente, a compra de cera vegetal no mundo é praticamente divi-dida entre Japão (25%), Estados Unidos (25%) e Europa (25%). Todos são compradores com suas economias em crise. E quando a crise vem, a compra se torna seletiva. E, nessa cadeia, não adianta ser forte ou fraco. Se os dois elos não estiverem fortalecidos, todos perdem".

Edgar Gadelha: "O mercado internacional está mais exigente"

LUIZ HENRIQUE CAMPOS

DADoS DE ExPoRTAção ATé ABRIl/2012Período US$ Jan./12 10.244.996Fev./12 10.882.551Mar./12 8.995.016Abr./12 3.935.871Jan. a abr./12 34.058.434

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| RevistadaFIEC | Junho de 201238 39Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

Artesanato na Copa

“O artesanato trabalhado a partir da carnaubeira tem potencial para ganhar o mundo por meio da exposição que a

Copa do Mundo irá proporcionar.” A afirmação, em tom de desafio, foi feita pelo delegado do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Francisco Sombra, ao apresentar no seminário em Jaguaruana o programa Talentos do Brasil. Criado pelo ministério, o programa promove e estimula a troca de conhecimentos, valorizando a identidade cultural, visando gerar emprego e renda. Segundo ele, a ideia é agregar valor à produção de artesãos rurais, por meio da estruturação de grupos produtivos de forma sustentável, focada no mercado e na gestão participativa. O Talentos conta com parceria da Caixa Econômica Federal (CEF), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit), Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), agência alemã de cooperação técnica GTZ e Ministério do Turismo.

Francisco Sombra destaca que o programa permite, com os parceiros, uma série de condições para viabilizar as potencialidades locais, por região, dos produtores rurais. No caso da carnaúba, a exploração artesanal para fins turísticos. "Infelizmente, ainda se perde muito da planta, que poderia estar sendo aproveitada além da produção de cera vegetal destinada à exportação.” O técnico do MDA afirmou que em Jaguaruana, com o Memorial da Carnaúba, entidade voltada ao resgate da cultura da carnaúba, os produtores rurais já teriam nele um excelente meio de articulação para a entrada no programa.

Artesanato trabalhado a

partir da palha de carnaúba

Infelizmente, ainda se perde muito

da planta, que poderia estar sendo aproveitada além da produção de cera vegetal destinada à exportação.

Francisco Sombra, delegado do MDA

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Um ano do Memorial

Instalado em maio de 2011 por ocasião da Ação Global, promovida pelo Serviço Social da Indústria (SESI/CE) e Rede Globo de

Televisão, o Memorial da Carnaúba completou um ano de atividades inaugurando seu auditório. O espaço, criado para divulgar fatos relacionados à cultura da cadeia produtiva da carnaúba no Ceará, funciona para expor fotos e apresentar vídeos, livros, estudos e filmes, no local conhecido como Armazém das Artes. Com área de 500 metros quadrados, fica na Avenida Antônio José de Freitas, 1 216, no Centro de Jaguaruana, onde funcionou um antigo galpão que no século passado serviu como depósito para comercializar a cera e o pó da carnaúba. O projeto foi idealizado pelo pesquisador Afro Negrão e a ex-secretária de Cultura do município, Deyse Rocha.

Para a sua concretização, o Memorial da Carnaúba contou com o apoio do Sindicarnaúba e da Câmara Setorial da Carnaúba, órgão consultivo vinculado à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), composto por representantes que integram os segmentos da produção e refino do pó da carnaúba, além do setor público. Com menos de um ano, já foi classificado no edital de seleção

do governo estadual como ponto de cultura da região do Vale do Jaguaribe. Os pontos de cultura fazem parte do Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura. No âmbito estadual, por meio da Secretaria da Cultura, são selecionados projetos para implementação mediante repasse de recursos financeiros a instituições de caráter cultural ou com histórico de atividades culturais e que atuem na produção artístico-cultural há pelo menos dois anos.

A ideia dos pontos de cultura é que contribuam para a inclusão social, a construção da cidadania, seja por meio da geração de emprego e renda, seja por meio de ações de fortalecimento das identidades culturais. No caso do Memorial, o espaço hoje, além do aspecto cultural, funciona como difusor de informações ambientais e de realização de negócios. “Nosso propósito é promover oficinas de arte, audiovisual (vídeo e fotografia), produção do papel e confecção de peças artesanais da celulose e da palha da carnaúba. O ponto de cultura promoverá atividades culturais como seminários sobre a carnaubeira, cultura e tecnologia, montagem de um videodocumentário e exposição permanente de fotografias”, diz Deyse Rocha, coordenadora do Armazém.

Memorial da Carnaúba

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| RevistadaFIEC | Junho de 201240 41Junho de 2012 | RevistadaFIEC |

PoloS DE PRoDução DE CARnAúBA no CEARá

Os sacos utilizados para o pó do olho não devem ser os mesmos usados para o pó da palha.

Não utilizar sacos usados de produtos químicos, tais como fertilizantes, inseticidas ou outros que venham a prejudicar a qualidade da cera.

Ao transportar sua mercadoria, o produtor deve prote-ger a carga com lona bem amarrada.

Vale lembrar que, cumprindo essas orientações, o pro-dutor terá um pó do olho e um pó da palha de ex-celente qualidade, com rentabilidade acima da média exigida pelas fábricas de cera, o que lhe dará grande vantagem no momento da venda.

Não esquecer que, por meio de exames laboratoriais, os compradores facilmente conhecerão a qualidade do seu produto.

O produtor poderá também produzir a cera de origem, sen-do que para isso deve possuir tachos (bicuda), prensa, for-no, tecidos para filtragem de cera, latões e uma boa equipe de trabalhadores de sua confiança.

Nunca cozinhe o pó sem água, evitando, dessa forma, a queima da cera, perdendo, com isso, qualidade.

CoMo MAnTER A quAlIDADE DA CERA

| RevistadaFIEC | Junho de 201242