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CESE APOSTA NO EFEITO SEMENTE DE PEQUENOS PROJETOS O apoio a pequenos projetos foi uma escolha da CESE desde a sua fundação, em 1973, por entender a importância da participação direta da comunidade no desenvolvimento e gestão de iniciativas transformadoras de organizações – que vivem diariamente as consequências da extrema desigualdade social no país. São iniciativas nas áreas de direitos humanos, meio ambiente, fortalecimento institucional, desenvolvimento econômico, educação, saúde popular, comunicação e cultura, demonstrando a visão plural e a capilaridade da instituição, que apoia uma diversidade de atores sociais que lutam por direitos em todo o país: jovens rurais e urbanos; crianças e adolescentes; mulheres; e populações tradicionais (indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, entre outros). O recorte em pequenos projetos se dá porque representam, em sua maioria, iniciativas locais que têm impedido, concretamente, que o processo de exclusão social tenha um efeito mais devastador, pois integram gêneros, etnias, segmentos diversos do campo e da cidade, em função da satisfação de necessidades coletivas. Os projetos acabam ganhando um efeito semente, com poder multiplicador, capazes de ampliar seus resultados para além da população imediatamente atendida. Essa dimensão educativa também reforça nos grupos sua condição de sujeito nos processos de mudança. Esse protagonismo pode ser sentido em um dos projetos apoiados pela CESE, como a XX Regata Ecológica de Tatajuba Regata da Canoa Comunidade de Tatajuba, distante 20 Km da sede município, Camocim, no litoral oeste do Ceará. O evento faz parte do calendário da Associação Comunitária de Moradores de Tatajuba (Acomota), que tem por objetivo principal discutir sobre a importância do Território Tradicional Pesqueiro para essa região e garantir à comunidade um momento de auto-reconhecimento das suas habilidades culturais. Além de relembrar as principais pautas políticas de reivindicação que garantam a permanência da comunidade no seu território, a corrida de barcos a vela proporciona aos participantes uma maneira de se reunir e festejar ao som das risadas de crianças, jovens, mulheres e homens, que se organizam para assistir e participar da competição.

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Page 1: Ref: Campanha Primavera Para a Vida€¦ · Web viewO evento faz parte do calendário da Associação Comunitária de Moradores de Tatajuba (Acomota), que tem por objetivo principal

CESE APOSTA NO EFEITO SEMENTE DE PEQUENOS PROJETOS

O apoio a pequenos projetos foi uma escolha da CESE desde a sua fundação, em 1973, por entender a importância da participação direta da comunidade no desenvolvimento e gestão de iniciativas transformadoras de organizações – que vivem diariamente as consequências da extrema desigualdade social no país.

São iniciativas nas áreas de direitos humanos, meio ambiente, fortalecimento institucional, desenvolvimento econômico, educação, saúde popular, comunicação e cultura, demonstrando a visão plural e a capilaridade da instituição, que apoia uma diversidade de atores sociais que lutam por direitos em todo o país: jovens rurais e urbanos; crianças e adolescentes; mulheres; e populações tradicionais (indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, entre outros).

O recorte em pequenos projetos se dá porque representam, em sua maioria, iniciativas locais que têm impedido, concretamente, que o processo de exclusão social tenha um efeito mais devastador, pois integram gêneros, etnias, segmentos diversos do campo e da cidade, em função da satisfação de necessidades coletivas.

Os projetos acabam ganhando um efeito semente, com poder multiplicador, capazes de ampliar seus resultados para além da população imediatamente atendida. Essa dimensão educativa também reforça nos grupos sua condição de sujeito nos processos de mudança.

Esse protagonismo pode ser sentido em um dos projetos apoiados pela CESE, como a XX Regata Ecológica de Tatajuba Regata da Canoa Comunidade de Tatajuba, distante 20 Km da sede município, Camocim, no litoral oeste do Ceará. O evento faz parte do calendário da Associação Comunitária de Moradores de Tatajuba (Acomota), que tem por objetivo principal discutir sobre a importância do Território Tradicional Pesqueiro para essa região e garantir à comunidade um momento de auto-reconhecimento das suas habilidades culturais. Além de relembrar as principais pautas políticas de reivindicação que garantam a permanência da comunidade no seu território, a corrida de barcos a vela proporciona aos participantes uma maneira de se reunir e festejar ao som das risadas de crianças, jovens, mulheres e homens, que se organizam para assistir e participar da competição.

A marisqueira e pesqueira, Marizélia Carlos Lopes, presidente da Colônia de Pescadores Z-4, é a líder da Comunidade Quilombola de Bananeiras, na Ilha de Maré, e já foi beneficiada pela organização. “A CESE, que nos apoia há mais de uma década, e conhece nossa luta, é quem nos encoraja a articular, com outras comunidades quilombolas, a regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras e a resistir e denunciar todas as situações de injustiça que passamos. Tenho paixão, respeito e compromisso pelo movimento. Hoje sou outra pessoa, tenho autoestima, tenho meu papel na sociedade e na comunidade. Não dependo de uma figura masculina. Sou marisqueira, pescadora, é o que eu escolhi fazer e tenho orgulho disso’’, avalia.

O Programa de Pequenos Projetos conta com o apoio das agências internacionais: Brot für die Welt, Christian Aid, Heifer Internacional, Icco Cooperación, Misereor, Heks, FNV/Apletton e 50 Jahre terre des hommes schweiz. Todos os anos, o PPP recebe entre 500 e 700 propostas e, após um detalhado processo de análise por uma equipe técnica, apoia em torno de 300 projetos.