Reencarnação, Carma e Evolução

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Círculo do Graal Reencarnação, Carma e Evolução Página 1 REENCARNAÇÃO, CARMA E EVOLUÇÃO Carmo Vasconcelos

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Confereência sobre a espiritualidade do Homem e o seu papel no contexto do Universo

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REENCARNAÇÃO, CARMA E EVOLUÇÃO

Carmo Vasconcelos

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Conferência

(Conferência, seguida de debate)

Temas do Debate

A Consciência Cósmica da Alma

A Reencarnação da Alma

Carma e Evolução

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Meus amigos,

Começo por dizer-lhes que é, para mim, motivo de grande

alegria o estar aqui conversando convosco. O termo “Conferência”

sempre me pareceu um tanto pomposo de mais, embora eu já tivesse

feito algumas com esse título. Prefiro, por isso, chamar-lhe uma

conversa informal e, neste caso, quando os leitores/interlocutores amam

a poesia tanto quanto eu, direi melhor, “uma conversa entre amigos”.

O tema que, à primeira vista, parecerá demasiado sério e, para

alguns, até complicado, eu tentarei abordar duma forma simplista e

clara, não lhe retirando a seriedade de que se reveste. Afinal, vida e

morte são coisas sérias que, no entanto, melhor compreendidas, se

tornarão mais leves, quase transparentes, quando melhor entendidas.

Todos os “mistérios” que ainda não explorámos se nos afiguram “um

bicho-de-sete-cabeças”, levando-nos a rejeitar à partida, por medo,

preguiça ou comodismo, um olhar sequer sobre os mesmos.

Se escolhi este tema foi por várias razões:

1º - Porque é uma matéria sobre a qual sempre me interroguei:

Por que estamos aqui? – Donde viemos? – Para onde vamos? – Qual o

sentido da vida?

2º - Porque há mais de 25 anos, iniciei uma busca através de

várias organizações, conceitos, postulados, religiões, que me levaram a

uma súmula final que, “senti” se harmonizava com o meu grau de

inquirição, dando-me as respostas que me assolavam a mente.

3º - Porque, sendo eu céptica, não facilmente influenciável e não

permeável a todas as crenças, credos, manipulações ideológicas e

práticas ditas esotéricas ou paranormais, encontrei no misticismo e,

especialmente, nesta Doutrina da Reencarnação, a lógica que quase

tudo me explicava e a minha mente analítica pedia.

4º - Porque só poderia expor uma tese que me apaixonasse e na

qual eu realmente acreditasse.

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Que fique claro que não pretendo aqui impôr as minhas crenças,

mas, tão só, falar delas e abrir uma janela para a discussão de um

assunto que durante muitas gerações foi tabu e revestido de secretismo,

porque não aceite pelas Religiões Ortodoxas. Cada Organização,

Ordem ou Religião tem a sua Ontologia (Ciência do Ser) e todas elas,

incluindo a que exponho, são discutíveis, já que, cada um de nós,

encontrará a “sua verdade” dentro de si e consoante o grau de evolução

em que se encontrar nesta vivência terrena.

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A CONSCIÊNCIA CÓSMICA DA ALMA

Para falar de Reencarnação será preciso falar primeiro sobre a

Alma. Por estranho que pareça, ainda hoje nos deparamos com pessoas

que nos dizem: “Mas o que é isso da Alma? Simplesmente, porque nas

suas mentes materialistas, apenas crêem no que os seus olhos podem

ver. A elas, eu costumo responder, fazendo minhas as palavras de

Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vossa

vã filosofia pode imaginar”.

É costume falar-se da Alma do Homem, como se cada um de nós

tivesse no interior do seu corpo um algo separado e distinto a que

chamamos de “Alma”, o que seria o mesmo que dizer que em milhões

de seres humanos haveria milhões de almas. O que é profundamente

errado. Existe apenas uma Alma no Universo; a Alma de Deus, a

Consciência Vivente e Vital de Deus. Em cada Ser vivente existe um

segmento inseparável dessa Alma Universal, e essa é a Alma do

Homem, tal como a electricidade em uma série de lâmpadas eléctricas

de um circuito não é uma porção separada da electricidade que flui.

Diremos, pois, que cada indivíduo é uma “personalidade-alma”,

diferente e distinta, por força dos factores externos que acompanharão a

sua vida e hão-de esculpir o seu carácter, tais como, a hereditariedade

(genes), a educação, a instrução, o meio ambiente, etc. Portanto, Deus

está em todos nós, o que explica o dizer-se que todos somos irmãos. E

se me perguntarem o que é Deus eu vos darei a minha concepção d’Ele:

“Uma mente universal, inteligência e poder infinitos”. Para os místicos,

existe apenas um Deus, omnisciente, omnipresente, omnipotente,

ilimitado, e sem forma definida de manifestação. Esse Deus que

concebemos, mais cedo ou mais tarde se manifestará naquela singular

intimidade em nosso interior. Será, pois, uma experiência subjectiva e,

desse modo, uma interpretação pessoal. Será o Deus de nossos

corações.

Voltando à Alma: Se pensarmos que em toda a Criação se

manifesta uma Lei da Dualidade, ou Lei dos Opostos, perceptível na

alternância de Dia/Noite, Luz/Treva, Frio/Calor, Maré-baixa/Maré-alta,

etc., é compreensível que exista também no Ser Humano essa dualidade

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Corpo/Alma, ou seja, a Matéria (o corpo) e o seu oposto Imaterial (a

Alma).

E se me disserem que a matéria é destrutível (o corpo) e a Alma

é imortal, eu me permitirei dizer, ainda, que ambos são imortais, na

medida em que, a matéria desaparece na forma, mas nunca perece na

substância, tal como dizia Lavoisier: “Na Natureza nada se cria, nada

se perde, tudo se transforma”.

Muita confusão se tem gerado ao longo dos tempos entre Alma e

Espírito, como sendo uma e a mesma coisa. Porém, e só para

percebermos como ambos são coisas distintas, dar-vos-ei aqui uma

breve síntese de “Espírito”, como sendo a essência universal e

estimulante que penetra toda a Natureza, mesmo na matéria

inconsciente existente em todas as coisas animadas e inanimadas

(animais, plantas, minerais, etc.). É essa essência a responsável pelas

forças de adesão e coesão (que todos nós aprendemos na Física e que

Newton explicou na sua “Lei da Gravitação”). E digo, matéria

inconsciente, porque apenas o Homem é dotado de consciência que, por

sua vez, é um atributo da Alma. Enquanto estes últimos (seres

animados e inanimados) possuem Espírito (portanto, conceito diferente

de Alma) não possuem, contudo, consciência.

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A REENCARNAÇÃO DA ALMA

Ao longo dos tempos, sempre houve grande número de pessoas

a expressar vivamente a sua descrença em certas doutrinas que não

entendiam bem ou que jamais haviam investigado. O que não é de

admirar, pois é sempre difícil aceitar-se uma doutrina que não é

compreendida e, mais, que tenha vindo a ser popularmente deturpada.

O que pode verificar-se também (como já aconteceu em muitas

descobertas do passado), é que algumas dessas doutrinas, princípios ou

conceitos, vêm mais tarde a tornar-se aceitáveis, pela investigação e

apurado estudo.

Quanto à doutrina ou Lei da Reencarnação, deverá ter-se em

mente que não é um credo religioso, ou uma lei religiosa, mas sim uma

lei natural do Universo. Por outras palavras, as leis pertinentes à

Reencarnação não são mais religiosas do que as leis que regulam a

concepção, o crescimento do embrião ou feto e o nascimento do corpo.

O importante é que esta doutrina não começa com a suposição,

ou teoria, de que o Homem deve encarnar-se num corpo físico e ter

experiências terrenas. A reencarnação começa com o facto de que o

Homem está encarnado num corpo físico e está aqui, no plano terreno,

tendo experiências terrenas. Forçoso é iniciar o raciocínio com o facto

de que estamos aqui a viver num corpo físico. Somos, pois, um Alma

revestida por um corpo físico, e não um corpo físico animado por uma

Alma.

Pondo agora de parte os antecedendes químicos e biológicos que

dão origem à formação do corpo (dos quais não cabe aqui falar), recebe

o Homem na altura do seu nascimento e com a primeira respiração, o

“sopro de vida”. Passa então, e só então, a ser uma alma vivente. Não

foi, pois, o corpo físico que adquiriu vida, mas sim a alma invisível,

infinita, que assumiu um corpo para poder expressar-se no plano físico.

Aqui cabe, talvez, antecipar a resposta à pergunta que se adivinha: o

que é o “Sopro de Vida?… O Sopro de Vida ou Alento de Vida, é uma

combinação de Força Vital e Consciência Cósmica – energia que

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vitaliza o corpo no momento do nascimento e que o abandona no

momento da “morte” (a que os místicos preferem chamar “transição”),

dado que, como já explicado atrás, não existe morte na Natureza, mas

apenas transformação. E por que abandona essa energia o corpo

aquando da transição? Porque deve chegar o momento em que o corpo

físico, corruptível, começa a desorganizar-se, tornando-se incapaz de

reter vida e vitalidade (sopro de vida), não mais podendo conter a

essência anímica, dando-se então o que, incorrectamente, chamamos

“morte” e que não é mais do que uma transição. Corpo e alma se

separam, voltando cada um deles à sua origem, o corpo aos seus

elementos primários (a terra) e a alma se elevando ao plano espiritual,

ou Cósmico, conservando o seu estado de infinito.

Tendo em vista ser conveniente à Alma humana passar por um

certo número de sucessivos renascimentos na Terra, a fim de

aperfeiçoar o Ego ideal, através das experiências vivenciadas,

dificuldades e provações, sabe-se que o número de encarnações será

múltiplo, porém, sem uma duração de vida terrena definida. Também

indefinido é o tempo que medeia entre os renascimentos sucessivos,

intervalo em que essa personalidade-alma permanece no plano cósmico

a aguardar uma nova encarnação. Destina-se esse período a uma maior

purificação, e para que o Ego seja iluminado pela Mente Divina e

sabedoria Cósmica. Será também um período de reflexão em que a

personalidade-alma tomará consciência dos erros cometidos na sua

passagem pela Terra, com vista a rectificar e melhorar as suas atitudes e

comportamento na próxima reencarnação. Poderá também esse hiato

ser comparado ao período de sono do corpo físico, como um refrigério,

proporcionando-lhe um período de descanso e regeneração das

faculdades exaustas e desgastadas. Tanto o período de duração da vida

terrena como o período de recolhimento e reflexão no plano Cósmico

variam, como é compreensível, para cada personalidade-alma.

Findo esse retiro, dá-se início a um novo ciclo, buscando a

personalidade-alma um novo corpo para, em uma nova encarnação,

corrigir os erros do passado, efectuar a devida compensação para cada

um deles e continuar o seu caminho, de aperfeiçoamento e evolução,

até chegar a hora do seu aperfeiçoamento total, altura em que será,

finalmente, integrada na Divina Consciência Cósmica, sem necessidade

de mais retorno.

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CARMA E EVOLUÇÃO

Incompleta ficaria esta exposição se não se falasse da Lei do

Carma (ou Karma - balança) ou Lei da Compensação, outra das Leis

Naturais que prova a existência de uma Mente Infinita, inspirada pelo

Amor, Misericórdia e Justiça, em todos os seus decretos. Como todas

as leis universalmente estabelecidas, esta é, também, imutável,

impessoal e imparcial, pois que a todos nós afecta, independentemente

da origem genealógica, posição social, poder económico, etc., fazendo

com que o Homem veja através dela um princípio de verdadeira justiça.

Não é, pois, uma Lei de vingança ou punição, mas sim, uma Lei

de compensação de débitos e créditos cármicos. Ao ser humano foi

dado o livre arbítrio, a faculdade de escolher suas directivas na vida. A

responsabilidade é sua, mas, aquilo que escolher deve suportar.

Conforme semear, assim há-de colher. Estamos, pois, a todo o

momento, colhendo o que semeamos.

Segundo esta Lei, a Natureza, em qualquer campo de

manifestação, exige justiça, equilíbrio e compensação. E o Homem não

pode fugir a ela. Com ela aprende que por seus actos maléficos deve

sofrer ou pagar. Por suas acções nobres e altruístas e seus pensamentos

plenos de altos ideais colherá recompensas equilibradas.

Esta é a Lei da Compensação, ou Carma.

Por vezes deparamos com perguntas do tipo: “Se assim é, por

que vemos tantas pessoas boas, imbuídas de fraternidade e

solidariedade, perfilhando ideias dignas e, até, um certo misticismo,

sofrerem desaires, desgostos, saúde debilitada, e dificuldades de toda a

ordem?… Enquanto outras, que mostram o mais profundo desprezo

pelo semelhante, egoístas e mal intencionadas, parecem viver “num

mar de rosas”, com boas posições pessoais e sociais, boa saúde,

largueza financeira?…”

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Realmente, à primeira vista, parece uma injustiça. A resposta

está em que a Lei do Carma não actua apenas na vida actual nem numa

única encarnação. A personalidade-alma acarta consigo ao longo das

várias vivências na Terra (encarnações), débitos e créditos cármicos

que, por vários motivos, não puderam ser compensados nas anteriores

encarnações. Não é uma Lei punitiva e não exige “olho por olho”. O

seu único propósito é nos ensinar a lição para fazer com que

compreendamos o erro e, desse modo, melhoremos em compreensão.

Outra ideia errada, não obstante, frequentemente ouvida, é

pensar-se que, por força do pagamento de débitos cármicos, possa a

personalidade-alma vir a encarnar em uma forma ou corpo de um

animal inferior, como forma de punição. Esta teoria é profundamente

incompatível com as Leis da Reencarnação e da Evolução que nos

ensinam que cada estágio é progressivo e jamais desceremos na escala

da expressão física, a despeito do débito cármico a ser pago.

Evolução é desenvolvimento progressivo e aperfeiçoamento de

tudo o que se manifesta ou está na concepção da Mente Cósmica. E até

a degeneração ou desintegração representa uma de suas fases. A Lei da

Evolução é, pois, outras das Leis Naturais e todo o elemento da

Natureza, inclusive o Homem, tende para a perfeição, tornando-se cada

vez mais perfeito em suas manifestações.

Para terminar, direi apenas que o que possamos acreditar, ou não,

a respeito das Leis Naturais e Universais, em nada afectará os seus

princípios e o seu percurso. Outrossim, a aceitação ou rejeição delas, se

fará sentir em nossas vidas, trazendo uma maior ou menor felicidade,

mediante a maior ou menor compreensão das provas e problemas que

ocorrerão durante as nossas vivências, desde o nascimento até à

transição.

De todos me despeço, dando por terminada esta conversa entre

amigos, agradecendo a atenção que me dispensaram, e a todos

desejando PAZ, LUZ, VIDA E AMOR!

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(Conferência, seguida de debate, apresentada na Net no Grupo Ecos

da Poesia, em 18 de Fevereiro 2005)

(Estudos adquiridos pela autora como estudante e membro da Ordem

Rosacruz A.M.O.R.C.)

Lisboa/Portugal

Carmo Vasconcelos

http://carmovasconcelosf.spaces.live.com