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004G Redação Técnica 5E Redação Técnica

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  • 004G Redao Tcnica

    5E

    RedaoTcnica

  • FICHA TCNICA

    Desenvolvimento de contedoEquipe Tcnico-Pedaggica, Mediao e Design Grfico do Instituto Monitor

    Editora Katya Maia Motta

    Coordenadora de Edio Maringela Nunes

    Layout e DiagramaoKleber Cavalcante

    Colaborador Katya Maia Motta

    Monitor Editorial Ltda. Av. Rangel Pestana,1105 BrsSo Paulo/SP CEP 03001-000Tel.: (11) 3555-1000 / Fax: (11) 3555-1020www.institutomonitor.com.br

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    Em caso de dvidas referente ao contedo, consulte o professor desta disciplina no Portal do Aluno: www.institutomonitor.com.br/alunos

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    5 Edio - abril/2013

  • ndice

    004G/5Redao Tcnica

    Apresentao ........................................................................... 9

    Lio 1 Redao Literria e Redao TcnicaIntroduo ................................................................................. 111. A Teoria da Comunicao ....................................................... 112. Modalidades de Redao ....................................................... 173. Estrutura de Texto .................................................................. 184. Qualidades do Texto ............................................................... 195. Domnio da Informao ......................................................... 226. Ferramentas do Redator ........................................................ 227. Como Organizar as Ideias ..................................................... 24Exerccios Propostos ................................................................. 25

    Lio 2 Estilo e EstticaIntroduo ................................................................................. 27 1. Estilo ..................................................................................... 272. Esttica ................................................................................. 323. Normas Gerais para Redao ............................................... 444. Digitao ............................................................................... 445. Glossrio de Termos e Esttica Relacionada .......................... 45 5.1 ateno de - Aos cuidados de - Em mos .................. 45 5.2 Algarismos ........................................................................ 46 5.3 Anexos ............................................................................. 47 5.4 Aspas ............................................................................... 47 5.5 Aposto ............................................................................. 47 5.6 Assinatura ........................................................................ 47 5.7 Assunto ou Referncia ...................................................... 48 5.8 Cabealho ........................................................................ 48 5.9 Caixa Postal ..................................................................... 48 5.10 Cdigo de Endereamento Postal (CEP) ......................... 48 5.11 Continuao ................................................................... 48 5.12 Corpo da Carta .............................................................. 49 5.13 Cpias ............................................................................ 49

  • Redao Tcnica6/004G

    5.14 Correo de Erros .......................................................... 49 5.15 Data ............................................................................... 49 5.16 Despedida ou Fecho ...................................................... 49 5.17 Destinatrio .................................................................... 49 5.18 Grampeamento .............................................................. 50 5.19 Valores ........................................................................... 50 5.20 Itens ............................................................................... 50 5.21 Maiscula, Itlico, Sublinhado ......................................... 50 5.22 Pessoas Fsicas ou Jurdicas .......................................... 50 5.23 Pontuao ...................................................................... 51 5.24 Signatrio ....................................................................... 51 5.25 Telefone .......................................................................... 51 5.26 Vocativo .......................................................................... 51 6. E-mail .................................................................................... 51Exerccios Propostos .................................................................. 53

    Lio 3 Redao Oficial e Redao EmpresarialIntroduo .................................................................................. 55 1. Redao Oficial ...................................................................... 56 2. Documentos Oficiais ............................................................... 58 2.1 Padro Ofcio .................................................................... 58 2.2 Mensagem ....................................................................... 60 2.3 Memorando ...................................................................... 60 2.4 Fax ................................................................................... 61 2.5 E-mail ............................................................................... 61 2.6 Outros Documentos Considerados Oficiais ....................... 62 3. Redao Empresarial .............................................................. 70 4. Documentos Empresariais ...................................................... 70 4.1 Ata ................................................................................... 70 4.2 Carta ................................................................................ 71 4.3 Circular ............................................................................. 72 4.4 Comunicao Interna (CI) ................................................. 72 4.5 E-Mail ............................................................................... 72 4.6 Recibo .............................................................................. 72 4.7 Contrato ........................................................................... 73 4.8 Informao ....................................................................... 75 4.9 Ordem de Servio ............................................................. 77 4.10 Procurao ..................................................................... 78 5. Exemplos de Documentos Oficiais e Empresariais ................. 79 Exerccios Propostos .................................................................. 85

    Lio 4 Gramtica AplicadaIntroduo .................................................................................. 89 1. Importncia do Conhecimento Gramatical .............................. 89 2. Um Breve Resumo da Gramtica Normativa ........................... 90 3. Tpicos Importantes para Escrever Corretamente .................. 91 3.1 Acentuao Grfica .......................................................... 91 3.2 Algumas Palavras de Grafia Duvidosa ............................... 94

  • 004G/7Redao Tcnica 3.3 Crase ............................................................................... 96 3.4 Colocao Pronominal ...................................................... 97 3.5 Concordncia Verbal e Nominal ........................................ 99 3.6 Emprego de Algumas Classes de Palavras ..................... 103 3.7 Flexo do Infinitivo .......................................................... 106 3.8 Formas de Tratamento e sua Concordncia.................... 108 3.9 Numerais ........................................................................ 111 3.10 Pontuao .................................................................... 112 3.11 Regncia Verbal e Nominal ........................................... 116 3.12 Separao Silbica ....................................................... 121 3.13 Abreviaes .................................................................. 122 3.14 Smbolos das Unidades de Medida .............................. 122 3.15 Denotao e Conotao ............................................... 124 3.16 Formas Variantes .......................................................... 124 4. Nova Ortografia ................................................................... 125 4.1 Alfabeto .......................................................................... 125 4.2 Trema ............................................................................. 125 4.3 Acentuao .................................................................... 126 4.4 Emprego do Hfen .......................................................... 128Exerccios Propostos ................................................................ 132

    Respostas dos Exerccios Propostos ............................... 135 Referncias Bibliogrficas ................................................. 139

  • apresentao

    004G/9Redao Tcnica

    Todo profissional que busca sucesso na carreira deve estar cons-ciente da importncia de um preparo cuidadoso e abrangente. Uma das grandes causas do desemprego atual no decorre apenas dos problemas estruturais da economia mundial, mas tambm da falta de qualificao tcnica dos candidatos. Uma das reas em que se pode verificar esta deficincia no que diz respeito a comunicao e expresso. As pessoas no s se comunicam insatisfatoriamente no dia a dia, como apresentam tremendas dificuldades na expres-so escrita, tanto na correo gramatical das palavras, quanto na incapacidade de elaborar textos mais especficos.

    Visando melhorar este quadro, esta disciplina busca, com concei-tos, definies e exemplos prticos, oferecer a ajuda necessria a quem deseja aprimorar-se na redao empresarial.

    A partir desta introduo, na qual j so apresentados conceitos in-dispensveis sobre a Comunicao, percorremos um caminho cujo objetivo adquirir conhecimentos que ajudem a redigir melhor. A lio 1 traa um paralelo entre a Redao Literria e a Redao Tc-nica, discutindo as qualidades que se deve buscar e as ferramentas necessrias para os dois tipos. A lio 2 traz dois elementos impor-tantes para a escrita de documentos: o estilo lingustico e a estti-ca dos textos, procurando oferecer exemplos concretos tirados da bibliografia disponvel. A lio 3, por sua vez, procura apresentar diferenas entre a Redao Oficial e a Redao Empresarial, com relevncia na finalidade e formato dos documentos. Finalmente, a lio 4 serve de apoio gramatical para o redator, ferramenta esta que ele deve sempre ter mo.

    Bom Estudo!

  • lio 1004G/11RedaoTcnica

    lio 1004G/11RedaoTcnica

    Uma leitura rpida destas defi nies j indica o caminho que nos espera: uma preparao gradual que leve capacidade de redigir corretamente e escrever com ordem e mtodo. Comecemos por conhecer um pouco mais do processo de comunicao humana.

    Ao trmino desta lio, voc ser capaz de:

    w identifi car a Funo de Linguagem mais apropriada para cada pro-cesso de comunicao;

    w conhecer os elementos de um processo de comunicao;w compreender a importncia de se melhorar a produo textual;w reconhecer a signifi cao das palavras;w diferenciar as modalidades de redao;w perceber as qualidades do texto;w buscar ferramentas de auxlio apropriadas para a produo textual.

    1. A Teoria da Comunicao

    A comunicao um processo contnuo em nossa vida. Comeamos a nos comunicar com a nossa me j no tero e, a partir de ento, passa-mos por um treinamento contnuo para sermos entendidos e entender o mundo a nossa volta. Veja:

    Antonio Houaiss

    Redao Literria eRedao Tcnica

  • RedaoTcnica12/004G

    Capito ao Sargento Ajudante:- Sargento! Dando-se amanh um eclipse do Sol, deter-mino que a companhia esteja formada, com uniforme de campanha, no campo de exerccio, onde darei explicaes em torno do raro fenmeno que no acontece todos os dias. Se por acaso chover, nada se poder ver e, neste caso, fi ca a companhia dentro do quartel.

    Sargento Ajudante ao Sargento de Dia:- Sargento! De ordem do meu capito, amanh ha-ver um eclipse do sol, em uniforme de campanha. Toda a companhia ter de estar formada no campo de exerccio, onde seu capito dar as explicaes necessrias, o que no acontece todos os dias. Se chover, o fenmeno ser mesmo dentro do quartel.

    Sargento de Dia ao Cabo:- Cabo! O nosso capito far amanh um eclipse do sol no campo de exerccio. Se chover, o que no acontece todos os dias, nada se poder ver. Em uniforme de campanha o capito dar a explicao necessria, dentro do quartel.

    Cabo aos Soldados:- Soldados! Amanh, para receber o eclipse que dar uma explicao sobre o nosso capito, o fenmeno ser em uniforme de exerccio. Isto, se chover dentro do quartel, o que no acontece todos os dias.

    A situao apresentada mostra deformaes na comunicao e nos leva concluso de que ela no correspondeu verdade. Poderamos di-zer que a culpa foi das pessoas envolvidas, porque no reproduziram o contedo da mensagem na sua totalidade, deformando-o de tal manei-ra que a mensagem fi nal nem de longe se parece com a inicial.

    Uma das razes para essa diferenciao o acrscimo pessoal de cada um dos envolvidos. Contudo, se a mensagem tivesse sido transmitida

  • 004G/13Redao Tcnicapor escrito, o risco de m interpretao te-ria sido bem menor, mas mesmo assim exis-tiria.

    Essa a razo fundamental do nosso curso: no s proporcionar uma comunicao oral mais rica, mas principalmente desenvolver habilidades para uma comunicao escrita correta e eficaz.

    Para que a comunicao acontea, so neces-srios os seguintes elementos:

    EMISSOR RECEPTOR

    REFERENTE

    Canal de Comunicao

    Mensagem

    Cdigo

    O emissor, destinador ou remetente, que a pessoa ou grupo de pessoas que produzem a mensagem.

    a

    O receptor ou destinatrio, que a pessoa ou grupo de pessoas que recebem a mensagem.

    b

    A mensagem propriamente dita, que contm as informaes transmitidas.

    c

    O canal de comunicao ou de contato, que o meio usado para a transmisso da mensagem.

    d

    O cdigo, que, no caso de uma mensagem escrita, a lngua. Alm da lngua, outros cdigos podero ser usados, tais como cores, formas, sinais etc. Para que a comunicao se estabelea com eficincia, o emissor e o receptor devem utilizar o mesmo cdigo.

    e

    O contexto ou referente, que a situao ou objeto a que a mensagem se refere.

    f

    Quando se escreve ou se l um texto, pre-ciso ter conscincia do nosso papel na co-municao. Se fizermos o papel do emissor, preciso que a nossa mensagem seja a mais clara e correta possvel; neste caso, devere-mos considerar quais as caractersticas so-ciais e psicolgicas do nosso receptor, para que a mensagem alcance o resultado dese-jado. O sucesso da sua comunicao estar garantido se voc usar adequadamente o

    cdigo e as informaes de que voc dispe sobre o referente, usar apropriadamente o canal de comunicao, alm de ser capaz de produzir uma mensagem que satisfaa s expectativas de quem vai ser o seu receptor.

    Se, por outro lado, somos os receptores de uma mensagem, devemos ser capazes de captar qual foi a inteno do emissor (que poderia ser um jornalista, um escritor, um publicitrio, um parente, um amigo, o chefe etc.): informar, entreter, vender etc.; pre-ciso levar em conta toda a trama comunica-tiva para que a nossa leitura se torne mais consciente e mais crtica.

    1.1 Linguagem

    Qualquer processo de comunicao: a m-mica, que os surdos-mudos utilizam, ou a chamada linguagem dos sinais; os sinais de trnsito, com suas significaes; a transmis-so de dados, seja por sinais ou por cdigos: tudo isso est caracterizado como Lingua-gem. No entanto, queremos neste curso to-mar como base a linguagem que se expressa pela palavra humana, fruto de atividades elaboradas mentalmente.

    A fala e a escrita so dois tipos de expresso lingustica. Na comunicao escrita, os sons da fala (que essencialmente a linguagem humana) so expressos por meio dos smbo-los grficos; rigorosamente, ela procura ex-primir o mais fielmente possvel os sons, o ritmo, as entonaes, os timbres, e at mes-mo supe gestos e jogos fisionmicos da fala.

    1.2 As Funes da Linguagem

    Conforme o objetivo que o emissor tem em mente, ele utiliza a linguagem orientando-a para certas funes:

  • RedaoTcnica14/004G

    a) Funo referencial ou denotativa: quando o comunicador deseja apenas comunicar algo, dar uma notcia, descrever um objeto, rela-tar ou explicar uma experincia cientfi ca. Para tal, utiliza-se uma linguagem clara e objetiva, cuidando para que os vocbulos denotem sua real signifi cao.

    Exemplos:

    Textos cientfi cos, jornalsticos, tcnicos, didticos etc.

    Um indivduo s pode dizer-se inteiramente livre, no mbito da comunicao lingustica, quando conhece todas as modalidades da lngua a seu dispor e escolhe aquela que melhor convm ao momento do discurso. pouco, portanto, conhecer apenas uma lngua funcional ou a sua variante sociolingustica. O ideal que o indivduo seja um poliglota dentro da sua prpria lngua.Conhecer a norma culta, assim, de certa forma, sentir-se mais livre para comunicar-se. Norma culta, ou seja, a lngua utilizada segundo os pad res e s t a b e l e c i d o s p e l o s clssicos, pode comparar-se etiqueta social: no preciso us-la para viver, mas absolutamente indispensvel conhec-la para conviver.( Sacconi, L.A No Erre Mais! So Paulo, Atual Editora Ltda., 1990. p. 5)

    Saiba Mais Sinto que viver inevitvel. Posso na primavera fi car horas sentada fumando, apenas sendo. Ser s vezes sangra. Mas no h como no sangrar pois no sangue que sinto a primavera. Di. A primavera me d coisas. D do que viver E sinto que um dia na primavera que vou morrer de amor pungente e corao enfraquecido.

    Clarice Lispector

    c) Funo apelativa ou conotativa: quando o comunicador busca in-fl uenciar o modo de pensar ou agir do receptor, tomando como base um texto, um fato, antigo ou no.

    Exemplos:

    Textos publicitrios, discursos polticos etc.

    d) Funo ftica ou de contato: quando o comunicador, atravs de me-canismos adequados tenta, apesar dos rudos e obstculos, manter o receptor em contato, de modo que ele receba a mensagem.

    Exemplos: Al, quem fala? Al, voc est me ouvindo?Bom dia, tudo bem ?Hum... hum...H, o qu?

    b) Funo emotiva ou expressiva: quando o comunicador, alm de rela-tar algo, o faz acrescentando sua prpria impresso pessoal, de modo a causar no destinatrio esta mesma emoo, sensibilizando-o.

    Exemplos:

    Poemas ou narrativas de teor dramtico ou romntico.

  • 004G/15Redao Tcnicae) Funo metalingustica: quando o comunicador usa o texto para ex-

    plicar, definir, analisar, criticar, traduzir ou trocar termos e expres-ses da prpria linguagem.

    Exemplos:

    Dicionrios e textos que visem traduo do cdigo ou elaborao do discurso.

    Lutar com palavras a luta mais v. Entanto lutamos mal rompe a manh.

    Carlos Drummond de Andrade

    f) Funo potica: quando o comunicador procura realar os aspectos formais da mensagem; para isso, ele pode lanar mo de recursos especiais como ritmo, rimas, versos: uma linguagem rica, original e criativa.

    Exemplos:

    Soneto do amigo

    Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliaes, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado.

    bom sent-lo novamente ao lado Com olhos que contm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado E como sempre singular comigo.

    Um bicho igual a mim, simples e humano Sabendo se mover e comover E a disfarar com o meu prprio engano.

    O amigo: um ser que a vida no explicaQue s se vai ao ver outro nascerE o espelho de minha alma multiplica...

    Vincius de Moraes

    1.3 A Escolha da Funo Lingustica

    Para que a redao seja um ato efetivo de comunicao, o autor deve levar em conta diversos fatores determinantes do tipo de texto a ser produzido. Assim, se a redao for literria, a escolha da funo que a linguagem exercer ser diferente daquela encontrada na redao tcnica. Vamos conhecer um pouco do texto literrio e do texto tcnico:

  • Redao Tcnica16/004G

    Texto Literrio Texto Tcnico

    Funo emotiva ou expressiva Funo referencial ou denotativa

    Funo apelativa ou conotativa Funo metalingusticaFuno ftica ou de contato -

    Funo potica -

    1.4 Justificativas para Melhorar a Redao

    O conhecimento das regras gramaticais serve de apoio para uma boa co-municao escrita.

    As justificativas fundamentais para a aprimorarmos cada vez mais so:

    a) O ato de escrever um processo contnuo, que estamos sempre apri-morando.

    b) O ato de escrever vivencial, ou seja, est baseado na experincia de vida e no modo como assimilamos as informaes que recebemos continuamente.

    c) O ato de escrever social; ningum escreve s para si mesmo, mas para os outros, de modo a divulgar, discutir, criticar, enriquecer. Este um processo de mo dupla, uma vez que todos so escritores e leitores ao mesmo tempo.

    d) O ato de escrever profissional. Devemos preocupar-nos em ser ca-pazes de redigir no apenas por prazer, mas prin cipalmente, e isso que importa aqui, para nos sairmos bem em situaes de trabalho.

    1.5 Significao das Palavras

    Antes de entrarmos no estudo dos tipos de redao, importante saber que as palavras podem ter seu significado alterado, de acordo com a in-teno com que so utilizadas.

    Quanto a sua significao, as palavras podem ser agrupadas assim:

    w Sinnimas: so as palavras que, embora diferentes na forma, so se-melhantes ou iguais no contedo.

    Exemplos: O cu est nublado.O firmamento est estrelado.

    w Antnimas: so as palavras diferentes na forma e opostas no signi-ficado.

    Exemplos: A claridade aumenta.A obscuridade diminui.

  • 004G/17Redao Tcnicaw Homnimas: so as palavras que, embora

    escritas de modo parecido, so diferentes no significado. As homnimas podem ser:

    a) Homnimas Homgrafas: so semelhan-tes na grafia, mas diferentes na pronn-cia (timbre fechado e aberto) e no signi-ficado.

    Exemplos:A cor do sapato.Aprendi a orao de cor.

    b) Homnimas Homfonas: semelhantes na pronncia, mas diferentes na grafia e no significado.

    Exemplos: Leno de seda.Espero que a febre ceda.

    c) Homnimas Perfeitas: iguais na forma (grafia e pronncia), mas diferentes no significado.

    Exemplos: so (verbo); so (sadio); so (santo).

    w Parnimas: so as palavras semelhantes na forma (quase a mesma grafia e quase a mesma pronncia), mas de significados diferentes.

    Exemplos: docente = o que ensinadiscente = o que aprende

    w De sentido figurado: so as palavras que, alm do seu contedo denotativo (normal), assumem um contedo conotativo (diferente, expressivo).

    Exemplos: O doente morreu (sentido denotativo). A tarde morreu (contedo conotativo).

    2. Modalidades de Redao

    Como ponto de partida, vale notar que as cartas e os relatrios so, na maioria das ve-

    zes, peas narrativo-descritivas. Iniciemos ento por entender o que se espera de ns quando nos sentamos para redigir no local de trabalho. Para facilitar, vamos falar, pri-meiramente, da redao literria, para de-pois nos determos na redao tcnica.

    2.1 Descrio

    Fazer uma descrio retratar, verbalmente ou atravs da palavra, algum, um lugar ou alguma coisa, usando meios adequados para produzir na imaginao do outro uma impresso a mais semelhante possvel da-quilo que foi descrito. De certa maneira, fazer com que o outro veja ou reconsti-tua mentalmente o que est sendo retratado pela linguagem. As condies para uma boa descrio devem levar em conta as mesmas qualidades de uma pintura: relevo, luz, tex-tura, sombra, perspectiva, cor etc.

    Se a descrio for literria, busca-se pro-duzir a emoo esttica pela forma com que o objeto ou ser descrito. Se for uma descrio tcnica ou cientfica, ela retrata uma pessoa, lugar ou objeto, destacando objetivamente seus pormenores com deta-lhes precisos. Seu estilo conciso, rpido, vivo. Pode-se ainda distinguir as descries estticas das animadas, em que o ser ou ob-jeto descrito est, ou no, em movimento.

    2.2 Narrativa

    A narrativa acontece quando representa-mos, por meio da palavra, um acontecimen-to ou uma srie de acontecimentos, fictcios ou reais.

    Os elementos centrais de uma narrativa so trs: os personagens, as aes e as ideias; esses elementos esto estreitamente interli-gados e so inseparveis. Os dois primeiros formam a matria da narrativa e as ideias formam o seu significado; quanto impor-tncia, os personagens se destacam porque so eles que vivem o enredo.

  • Redao Tcnica18/004G

    Silogismo - deduo formal em que, postas duas proposies, as premissas, dela se tira uma terceira, a concluso.

    A narrativa muito importante porque impossvel viver sem ela, uma vez que no nosso dia a dia estamos sempre narrando algo, um fato que nos aconteceu, um sonho, uma viagem... No h povo sem narrativa, ou seja, sem histria.

    Podemos encontrar dois tipos de narrativa: a de fico e a real. A narrativa de fico busca, ao relatar os acontecimentos, re-produzir a vida para que ela seja sentida atravs de termos afetivos ou psicolgicos. A linguagem torna-se pessoal, subjetiva, capaz de criar uma nova realidade a partir dos dados intuitivos do artista. A narrativa real (ou tcnica) relata o mais objetivamen-te possvel os fatos. o caso da Histria, da Cincia, e sua finalidade principal infor-mar, instruir, utilizando o recurso de uma linguagem mais impessoal.

    2.3 Dissertao

    Quanto dissertao, convm logo distin-guir seus dois tipos: a dissertao objetiva e a subjetiva. Na primeira busca-se expor, oralmente ou por escrito, um ponto bsico. A dissertao objetiva supe o exame crtico de uma questo, e sua finalidade principal instruir e convencer, transmitindo co-nhecimentos dos mais variados campos da Cultura: Arte, Cincia, Filosofia etc. Para a estruturao de uma dissertao objetiva, geralmente, parte-se da organizao das ideias, formando um raciocnio, na maior parte das vezes, do geral para o particular, dedutivamente, o chamado silogismo.

    tuitiva do autor, que ele apresenta de modo criativo. Essa modalidade de dissertao tem carter literrio e s pode ser classi-ficada como dissertao se nela estiverem constitudos argumentos lgicos e ordena-o intencional das ideias de modo a levar a uma concluso. Sem essas caractersticas, o texto torna-se apenas uma simples descri-o com impresses pessoais.

    Encontramos dissertaes na vida profis-sional, na propaganda, nos pareceres de avaliao pessoal, nas cartas reivindica-trias etc. No pense, porm, que os gne-ros narrativo, descritivo e dissertativo so sempre encontrados isoladamente. Os trs podem estar presentes em um s documento de forma a um completar o sentido do outro, embora sempre haja a predominncia de um deles.

    3. Estrutura de Texto

    Antes de falarmos na estrutura do texto, va-mos analisar a estrutura frasal, porque um texto compe-se de frases, obviamente. As pessoas, quando escrevem, costumam usar mais ou menos as mesmas palavras. No se deve esquecer, entretanto, que o valor ex-pressivo das palavras pode variar de pessoa para pessoa e que, dependendo do contexto em que se insere a frase, a mesma palavra pode ter sentidos variados.

    Na estrutura da frase, encontramos voc-bulos que so bsicos para o seu sentido, denominados palavras reais. So eles: verbo, substantivo, adjetivo e pronome. As demais palavras so elementos de ligao, sendo chamadas de instrumentos gramaticais. So eles: artigos, preposies e conjunes.

    Exemplo: O chefe criticou a secretria do diretor.

    Palavras reais: chefe, criticou, secret-ria, diretor

    Instrumentos gramaticais: o, a, do

    A dissertao subjetiva a exposio de uma viso pessoal do autor, na qual ele ma-nifesta sua opinio e suas impresses, com a finalidade de sensibilizar e conquistar o leitor. subjetiva porque, ao lado dos argu-mentos e do raciocnio, surgem elementos de ordem psicolgica baseados na vivncia in-

  • 004G/19RedaoTcnicaQuanto mais tcnico for o texto, mais usa-r palavras como verbos, substantivos, ao passo que adjetivos e advrbios so mais adequados para textos literrios. por isso que se diz que quanto maior o nmero de substantivos, maior a informao.

    Quando se produz um texto, utiliza-se uma seleo de material lingustico adequado, a saber: escolhem-se as palavras, as frases, a funo lingustica e a modalidade de orga-nizao do discurso, ou seja, se vai ser uma narrao, descrio ou uma dissertao.

    Trs fatores so fundamentais para a obten-o de um texto bem estruturado:

    UNIDADE COERNCIA NFASE

    Alm da esttica. Esses trs primeiros fato-res (e outros) sero estudados mais detalha-damente a seguir, quando trataremos das qualidades do bom texto, ao passo que a esttica ser discutida na lio 2, em Estilo e Esttica.

    4. Qualidades do Texto

    Um texto de qualidade aquele bem estru-turado. Com relao aos detalhes, quando se fala em qualidades do texto, so neces-srias: clareza, conciso e coerncia. Mas ser que todos os textos bons so claros, concisos e coerentes? Dois textos, um liter-rio e outro tcnico, podem ser considerados timos, sem contudo haver qualquer ponto em comum entre eles. Ento, preciso alar-gar o leque das qualidades textuais para chegarmos s caractersticas universais da boa redao. Os requisitos mencionados a seguir foram tirados de vrios autores, pro-curando dar uma ideia bastante ampla do que se espera de um texto de qualidade.

    4.1 Unidade

    Do ponto de vista da unidade, o texto deve apresentar uma ideia e um objetivo nico a alcanar. Ela pode ser desenvolvida atravs

    de defi nies, apresentao de exemplos, pormenores, comparaes e contrastes, provas, ou pela apresentao de causas e consequncias.

    4.2 Adequao

    Para alguns autores, a adequao a regra primordial a ser buscada pelo redator. ela que vai orientar quando utilizar as outras qualidades do texto, de modo a atingir os objetivos que a mensagem prope. Se, por exemplo, voc vai tratar de um assunto de-sagradvel com um cliente, a escolha de ex-presses que suavizem o signifi cado do que preciso informar ser melhor aceita que uma frase nua e crua.

    4.3 Conciso

    Dizemos que um texto conciso quando ele breve, resumido, sucinto. Entre um texto longo e cheio de detalhes e outro conciso, destinatrios com pouco tempo dispon-vel preferiro os ltimos, obviamente. Em vista disso, sempre que for possvel, me-lhor ir direto ao assunto e no fi car dando voltas interminveis para dizer o que real-mente importa.

    Alguns conselhos para um texto conciso:

    Contenha-se para no redigir um texto excessivamente detalhado.

    V direto ao assunto e evite prembulos desnecessrios.

    Atenha-se ao assunto e no acrescente informaes irrelevantes.

    Ao mesmo tempo em que voc deve evi-tar perodos muito longos, pois difi cul-tam a compreenso, necessrio tomar cuidado com o excesso de frases curtas, pois muitas frases curtas produzem um texto fi nal mais longo.

    Procure conhecer a medida de conciso, ou seja, de quanto espao voc dispe (ou prefere) para o seu texto. Artigos cientfi cos ou jornalsticos, relatrios ou despesas de correio podem limitar o

  • RedaoTcnica20/004G

    tamanho da redao (uma folha a mais numa carta que vai ser enviada para muitas pessoas faz a maior diferena no preo total da remessa).

    4.4 Clareza

    No mundo repleto de informaes em que vivemos, nem sempre fcil apresentar nossos argumentos de forma clara. Antes de mais nada, preciso estar consciente de que nem sempre o que claro para voc ser claro para o seu destinatrio, porque as pessoas no encaram as situaes pelo mesmo ngulo. Da mesma forma que a con-ciso, a clareza antes de tudo uma ques-to de atitude. preciso querer ser claro. preciso entrar na pele do outro, sentir como ele sente, ver como ele v. Se formos capazes disso, con seguiremos uma comuni-cao efi caz.

    O segredo raciocinar como o destinatrio: se ele for uma criana, raciocine como uma criana; se ele for um adolescente, a mesma coisa. Se ele for um cliente, ponha-se no lu-gar dele!

    Sempre bom observar algumas regras prticas:

    Escolha bem as palavras. Evite demons-trar erudio, utilizando termos tirados direto do dicionrio. Alm disso, convm afastar-se dos estrangeirismos, das pa-lavras de sentido ambguo, vago e dos termos tcnicos fora do conhecimento do seu leitor.

    sos prefervel abrir mo da conciso em benefcio da clareza para atingir o objetivo desejado.

    Ligue adequadamente as ideias para no correr o risco de apresentar as informa-es como peas independentes. As pa-lavras de ligao (conjunes, advrbios) so instrumentos efi cazes para isso.

    Opte pela linguagem acessvel para a maioria dos leitores. O redator habili-doso aquele capaz de dizer coisas pro-fundas de modo fcil, e no coisas fceis e simples de modo complicado.

    4.5 Coerncia

    Quando se diz que uma pessoa incoerente, quer dizer que ela fala uma coisa e faz ou-tra. Este o exemplo mais comum. No tex-to escrito, incoerncia consiste em um texto confuso, contraditrio ou sem um sequen-ciamento apropriado de ideias. H vrios pontos em que o texto precisa apresentar coerncia:

    Coerncia interna do texto, o mesmo de evitar contradies fl agrantes, como o caso do funcionrio que diz que no est buscando outro emprego, mas se aparecer uma oferta vantajosa... O certo seria dizer que, no caso de aparecer uma oferta vantajosa, ele pensaria em mudar de emprego.

    Coerncia com a realidade, de modo a transmitir a informao que realmente conta. como o caso da pequena empre-sa que divulga entre seus clientes uma capacidade de produo que ela no est aparelhada para suportar. Coitados daqueles que acreditarem e coitados da-queles que mentirem...

    Ligao de ideias. Esta uma recomenda-o parecida com o tpico sobre clareza. Um texto uniforme e coerente precisa apresentar as ideias e fatos relacionados de modo que facilite ao leitor acompa-nhar o raciocnio apresentado.

    Erudio - instruo vasta e variada, adquirida sobre tudo pela leitura.

    Evite o uso de adjetivos e advrbios (quando usados com valor qualifi cati-vos), termos que afetam a preciso da frase, j que podem refl etir um julgamen-to pessoal a respeito dos fatos, objetos ou pessoas.

    Utilize o mtodo de desenvolver passo a passo o seu raciocnio para que o leitor possa assimilar cada etapa. Nestes ca-

  • 004G/21RedaoTcnicaUniformidade de tratamento. A credibili-dade do redator ser afetada se ele se prope a falar, por exemplo, das regies do Brasil e s trata de algumas delas. preciso dar pesos iguais aos fatos de igual relevncia. Por outro lado, se o leitor se prope a tratar de um assunto polmico, ele deve apresentar os prs e os contras, aju dando o leitor a formar o seu prprio jul gamento sobre a questo.

    Relevncia das informaes. Tudo que est no texto pertinente? As informa-es esto efetivamente relacionadas com os argumentos, com a narrativa, com a descrio que se est fazendo? Todos os dados relevantes esto presentes? A resposta a estas perguntas muito im-portante para que o autor escreva com coerncia e clareza, evitando que o autor tenha a impresso de descuido, desinfor-mao ou m-f, o que pior.

    Fundamento das concluses. Se voc apresenta uma concluso, em que se baseia? Em dados concretos ou na sua prpria impresso pessoal? No coeren-te formular concluses baseando-se em premissas no apresentadas ou falsas, e em informaes que o leitor desconhece.

    Fatos e opinies. Apresentar um fato informar sobre algo que realmente acon-teceu, cuja descrio esteja coerente com a realidade. Apresentar uma opinio interpretar os fatos da nossa maneira, segundo as nossas impresses. Misturar as duas coisas pode levar o leitor a uma impresso ambgua quanto ao que fato e ao que opinio. Podemos apresentar nossas opinies sem, contudo, deixar de apresentar os fatos. O segredo informar o leitor qual o fato (acontecimento) e qual a nossa opinio sobre ele.

    4.6 nfase e Vigor

    Por nfase entende-se a capacidade que um tpico textual tem de sobressair-se entre v-rios, de for ma a atingir os objetivos do re-dator. Vigor a capacidade do texto de atrair

    e captar a ateno do leitor, provocar nele o que se pretende. Vejamos algumas regras prticas para prender a ateno do leitor:

    Escolher o ngulo certo. Um assunto to-mado pelo ngulo errado desinteressa o leitor. Se voc vai escrever uma biografi a, busque os pontos capazes de emocio-nar, de prender a ateno de quem l. Se voc vai escrever uma apostila sobre matemtica e mostra a importncia dela na vida das pessoas citando exemplos interessantes, possvel interessar at mesmo aquele estudante que a detesta. Qualquer assunto deixa de ser chato se for apresentado por um redator habilido-so. possvel escrever sobre astronomia de modo cativante para quem nunca fez mais do que olhar para o cu procurando sinais de chuva.

    Direcionar o assunto ao interesse do leitor. Como todos os seres humanos so dotados de necessidades e desejos bsi-cos afeto, segurana, bem-estar fsico etc., um bom texto aquele capaz de associar o assunto a um destes interesses do leitor, aumentando muito a probabi-lidade de envolv-lo.

    Dialogar com o leitor. No muito mais envolvente ler um texto que parece ter sido escrito para ns? Se o leitor se sente parte do texto, sentir tambm neces-sidade de reagir a isso, respondendo, opinando, refl etindo.

    Usar ilustraes. Um texto se torna mais enftico se utilizamos exemplos, fatos, histrias, casos, analogias, descries de cenrios. Esses recursos so teis por-que levam o leitor a imaginar com mais nitidez a situao e a envolver-se com ela, tornando-se ansioso para concluir a leitura do texto.

    4.7 Elegncia

    Um texto elegante no aquele construdo com palavras difceis ou lances geniais de criatividade. Um texto elegante o que no

  • Redao Tcnica22/004G

    Um conselho bastante til registrar em fi-chas tudo o que for considerado relevante em termos de informao. Ao ler um livro, anote frases significativas, ou registre coi-sas interessantes ditas por pessoas em even-tos, entrevistas, reportagens. Nunca tenha preguia de buscar as informaes, seja em qualquer rea, porque elas se complemen-tam e nos do um conhecimento variado, que aprofundaremos quando precisarmos de um tpico mais tcnico e especfico.

    Ainda no que diz respeito leitura, Richard Steele, um grande escritor irlands, disse que ela para a mente o que o exerccio para o corpo.

    6. Ferramentas do Redator

    Redigir se aprende... redigindo!

    Ningum pode afirmar que j est pron-to para fazer uma boa redao se apenas acumulou conhecimentos tericos, regras, dicas ou orientaes, porque, na verdade,

    desagradvel. Evite o sensacionalismo, as piadas de mau gosto, o sarcasmo, o trata-mento desrespeitoso contra membros de um grupo social qualquer, esteretipos precon-ceituosos etc. Fuja das grias, dos trocadi-lhos pobres e das concluses bvias. Repare se a sequncia das palavras utilizadas no produz aquele som desagradvel, chamado de cacfato, tais como: a boca dela, a f de Paulo, eu vi ela etc., ou ecos, tais como: Meu patro ganha um dinheiro vendendo sabo.

    4.8 Objetividade

    Como o nosso interesse tratar de tcnicas redacionais voltadas para a produo de documentos empresariais, essas qualidade particularmente exigida em textos tcni-cos, jornalsticos, cientficos, nos relatrios, ou em quaisquer outros, em que o redator deva expressar-se sem projetar suas opini-es pessoais.

    Voc j deve estar sentindo falta de uma qua-lidade fundamental, no ? isso mesmo, a to indispensvel correo gramatical. Sem ela qualquer texto estaria comprometido, descartado. por isso que vamos dedicar toda a lio 4 aos pontos gramaticais mais necessrios para a prtica da redao, seja ela literria ou tcnica.

    Concluindo o nosso estudo sobre as qua-lidades do texto, uma certeza deve ficar: texto de qualidade aquele que cumpre bem a sua misso. Trocando em midos, o des-tinatrio quem vai dar a palavra final: o texto convence ou no convence, e isso o que importa.

    5. Domnio da Informao

    Todo bom redator aquele que tem o que dizer quando escreve. No h como re-digir sobre um determinado assunto sem conhec-lo, seno o texto resultante ser fraco e superficial. As melhores fontes de informao so: leitura constante e varia-da, conversas com pessoas bem informadas,

    participao em eventos culturais, pesqui-sa etc. Se voc no faz isso ainda, comece j. Quanto mais o fizer, mais o seu leque de interesses ser ampliado, facilitando muito na elaborao de textos.

  • 004G/23Redao Tcnica6.2 Dicionrios

    Alguma vez voc j ouviu algum dizer que o dicionrio o pai dos burros? Muito pelo contrrio, ele o pai dos inteligentes, da-queles que no querem errar. No dicionrio voc encontra o sinnimo mais adequado, a grafia correta das palavras, a regncia dos verbos. L est a classe gramatical a que a palavra pertence, se substantivo, adjetivo ou advrbio, alm de exemplos de emprego das palavras em frases ilustrativas.

    6.3 Livros de Redao e Estilo

    Como j foi dito, ningum capaz de guar-dar tudo na memria para sempre. Mesmo que voc tenha feito um bom curso na rea de redao, tenha sempre mo livros so-bre o assunto, porque no futuro ser preciso relembrar uma orientao importante, mas que j foi esquecida por falta de uso.

    6.4 Textos de Consulta da rea

    Um redator cuidadoso sempre procura consultar livros especficos da rea em que atua. Procure sempre os melhores autores, aqueles mais reconhecidos, cujas obras se-jam marcantes e que tenham mais abran-gncia quanto aos assuntos e bibliografia.

    6.5 Livros de Consulta Rpida (do tipo Tira-Dvidas)

    Estes livros so bons porque foram feitos como um pronto socorro da Gramtica, listando os assuntos por ordem alfabtica ou por assunto.

    impossvel guardar tudo na memria para usar quando preciso. Alm do estudo teri-co sobre a redao, o redator deve ter outros trunfos, que so as suas ferramentas, um outro arsenal de informaes de que ele vai lanar mo medida que vai necessitando.

    Por isso bom levantar quais so as maio-res dificuldades que o redator encontra na hora de fazer uma redao. Veja esta lista:

    w domnio superficial do assunto que vai tratar;

    w falta de organizao do raciocnio;w desconhecimento da gramtica;w falta de leitura;w pontuao inadequada;w falta de ideias para enriquecer o texto.

    Onde buscar o que falta? Vamos discutir a seguir cada uma das ferramentas que voc deve ter sempre mo para um bom texto. Procure nas Referncias Bibliogrficas as obras que foram fundamentais para a con-feco deste mdulo; certamente elas sero timas ferramentas para a redao.

    6.1 Gramticas

    Estudar gramtica aleatoriamente cansa-tivo. Experimente consult-la com uma d-vida especfica a partir de uma necessidade. O estudo vai ter outro sabor, ser muito mais proveitoso. Quem de ns j no teve dvida sobre o uso da crase, colocao pro-nominal, flexo do infinitivo? nesta hora que a gramtica vem em socorro da nossa falta de conhecimento.

    No necessrio ser um profundo conhece-dor da gramtica para se tornar um bom re-dator. O que preciso saber onde procurar o qu. Para isso deve-se estar familiarizado com a sua estrutura para facilitar a consul-ta. claro que quanto mais adquirirmos o hbito de folhear a gramtica, mais estare-mos aprendendo sobre a lngua portuguesa.

    Sugesto: 1001 Dvidas de Portugus Jos de Nicola e Ernani Terra Editora Saraiva.

  • RedaoTcnica24/004G

    6.6 Peridicos e Internet

    A leitura e consulta a bons jornais, revistas e sites pode ser til porque ajudam o redator a manter-se atualizado com o estilo, os gostos e as formas de expresso de seu tempo. So tambm tima fonte de ensina-mento que propiciam uma expresso mais rica e interessante.

    6.7 Hemeroteca

    Uma hemeroteca um arquivo de peridicos e artigos. O redator cui-dadoso no deve desprezar informaes pertinentes aos seus interesses, organizando um arquivo de notcias e artigos.

    7. Como Organizar as Ideias

    frequente as pessoas comentarem que no sabem como comear a redi-gir um texto. Sentam-se com o papel e o lpis, ou em frente ao computa-dor e fi cam longo tempo sem que uma simples ideia ocorra. De incio voc precisa de um tema - depois que vai decidir o que escrever sobre ele. Antes de comear, voc deve pesquisar o assunto sobre o qual vai es-crever para ter elementos capazes de convencer pelo texto. A primeira regra da boa redao ter o que dizer sobre o tema. O resto do trabalho fi ca por conta das regras que vamos estudar a seguir. Seguem alguns conselhos prticos:

    Planeje o que voc vai escrever. Medite sobre o que vai escrever e re-fl ita sobre como vai faz-lo. Faa um roteiro, escrevendo os assuntos que pretende comentar de maneira ordenada. Deixe um espao em branco entre os assuntos para poder intercalar um outro tpico que porventura aparea ou para ligar os assuntos entre si. Evite emba-ralhar os assuntos, deixando um sem concluir e depois voltando a ele. Isso, alm de tornar confusa a redao, mostra desorganizao mental da parte do redator.

    Considere o receptor. Ele um dos componentes fundamentais da comunicao. Podemos cham-lo de audincia, de destinatrio, de cliente, e ele que vai nortear as suas decises, o tipo de carta ou relatrio, a escolha das palavras etc.

    Busque sempre a clareza. Se voc escreve para algum, quer fazer-se compreender, no ? Lembre-se de todas as orientaes sobre as qualidades do texto.

    Releia, corrija, reescreva, aperfeioe. Nunca acredite que um texto preparado j esteja perfeito de primeira. Releia o seu texto verifi can-do se no precisa trocar palavras repetidas ou buscar aquele termo mais exato. Olhe sempre com desconfi ana para o que escreveu. Os bons redatores nunca deixam de revisar seus textos.

  • Exerccios Propostos

    004G/25Redao Tcnica

    1 - Para que a redao seja um ato efetivo de comunicao, o autor deve levar em conta diversos fatores determinantes do tipo de texto a ser produzido. Assim, a escolha das funes mais apropriadas para a redao tcnica :( ) a) emotiva, referencial e potica.( ) b) apelativa, referencial e metalingustica.( ) c) potica, referencial e metalingustica.( ) d) referencial e metalingustica.( ) e) ftica e referencial.

    Leia atentamente o texto e assinale a alternativa correta.

    ELE FAZ A CABEA DELASO cabeleireiro e maquiador Mauro Freire afia a lngua e as tesouras para cuidar do visual de Carolina Ferraz, Cludia Liz, Xuxa, Malu Mader, Zizi Possi e outras estrelas.

    Reportagem de capa da Veja So Paulo, semana de 8 a 14 de fevereiro de 1999

    2 - Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta os sinnimos para cuidar e visual:( ) a) tratar e vestir( ) b) tomar conta e tartar( ) c) zelar e vestir( ) d) tratar e aparncia fsica( ) e) tomar conta e clientes.

  • Redao Tcnica26/004G

    3 - Relacione as duas colunas: (1) Adequao(2) Conciso(3) Clareza(4) Coerncia(5) nfase(6) Elegncia(7) Objetividade

    ( ) a) Ligao de ideias. Fundamento das concluses.( ) b) Ir direto ao assunto e no ficar dando voltas interminveis para dizer o que realmente

    importa.( ) c) a capacidade que um tpico textual tem de sobressair sobre vrios.( ) d) No usar grias, trocadilhos pobres, concluses bvias.( ) e) Qualidade exigida em textos tcnicos, jornalsticos.( ) f) Orientar quando utilizar outras qualidades do texto.( ) g) Escolha bem as palavras. Opte pela linguagem acessvel.

    4 - Assinale a alternativa que apresenta a funo de linguagem predominante no verso a seguir:

    Ah! Meu amor, no v emboraV a vida como chora, v que triste esta cano.No, eu te peo, no te ausentesPois a dor que agora sentesS se esquece no perdo...

    ( ) a) Emotiva( ) b) Ftica( ) c) Referencial( ) d) Metalingustica( ) e) Apelativa

    5 - Assinale V (Verdadeiro) ou F (Falso):

    ( ) a) O primeiro passo para uma boa produo textual estabelecer o tema e depois deci-dir o que se vai escrever sobre ele.

    ( ) b) o receptor que ir nortear a produo textual, tais como o tipo de carta ou relat-rio, a escolha das palavras etc.

    ( ) c) Para ser elegante, o texto deve ser rebuscado e contar um vocabulrio que exija um alto nvel cultural.

    ( ) d) Estrangeirismos, palavras de sentido ambguo e termos tcnicos so competncias de um bom redator.

    ( ) e) Um texto conciso deve ser breve, resumido e sucinto.

  • lio 2004G/27RedaoTcnica

    Quando se estuda Linguagem, encontra-se sempre referncia aos termos Fala, Discurso, Estilo e Nveis de Fala. Vejamos o que signifi ca cada um desses termos.

    Cada indivduo, culto ou no, quando se utiliza dos recursos lingusticos, o faz particularmente, de acordo com seu temperamento, seu jeito. Assim, Fala (ou Discurso) o uso da lngua comum em uma comunidade lingustica. Uma pessoa, ao fazer uso desse cdigo, ou extravagante, verbalista, rica de imagens, ou sbria, econmica, preferindo a simplicidade do vocabulrio comum. A est o Estilo de cada um, que se manifesta nas escolhas dos recursos lingusticos que o indivduo faz. Surgem ento os Nveis de Fala, que so os variados modos de usar a lngua: h o nvel comum ou literrio, coloquial ou formal, popular ou erudito etc. Desse modo, mesmo se prestando mul tiplicidade dos estilos, a lngua no se desfi gura; ao contrrio, torna-se nica e ntegra na multiplicidade e na variedade, preservando o seu gnio, a sua ndole, submetendo todas as particularizaes.

    Ao trmino dessa lio, voc ser capaz de:

    w Compreender os diferentes tipos de estilo de aplic-los apropriadamente;

    w Reconhecer os principais Vcios de Lnguagem;w Conhecer e aplicar os tipos de Esttica mais utilizados;w Respeitar as Normas Gerais para redao.

    1. Estilo

    1.1 Defi nio

    Estilo: sm. ... 1. Fig. Modo de exprimir-se falando ou escrevendo. Estilstica: s2gf. 1. Pessoa que escreve com estilo apurado, elegante. sf. Disciplina que estuda a expressividade duma lngua, i.e., sua capacidade de emocionar mediante o estilo.

    (Aurlio Buarque de Holanda

    Ferreira, O Dicionrio da

    Lngua Portuguesa, Curitiba,

    Editora Positivo, 2008).

    Estilo e Esttica

  • Redao Tcnica28/004G

    Voc j deve ter percebido que estilo no sempre uma ferramenta favorvel ao ato de falar ou escrever. preciso ento buscar o domnio dos estilos que so teis e conhecer os que devem ser evitados para no com-prometer a eficcia redacional.

    Para uma pessoa comum, estilo a maneira prpria de expressar seus sentimentos ou os acontecimentos presenciados. Para o redator, estilo deve ser um trunfo, que deve variar de acordo com a circunstncia e o receptor. a capacidade de dizer a mesma frase de modo diferente, a habilidade de tornar novo o que antes estava desgastado.

    1.2 Estilstica e Eficcia Redacional

    Voc j ouviu falar de eficincia e eficcia? Eficincia realizar a tarefa corretamente, e eficcia a capacidade de alcanar o obje-tivo, realizando a tarefa certa no momento certo. Neste contexto podemos aplicar os conceitos de estilstica e eficcia redacional. Redigir com eficincia pressupe que voc saiba utilizar aqueles recursos e ferramentas j discutidos na lio 1, porque a eficcia da mensagem vai depender da sua criatividade, da escolha de um estilo capaz de produzir no leitor a resposta que voc espera.

    A esta altura voc j deve estar se pergun-tando: o que mais preciso para um bom texto empresarial? Acredite, voc j tem praticamente em mos tudo para fazer ex-celentes redaes. Voc j sabe que precisa escolher qual o tipo de texto mais adequa-do ao seu leitor, que esse texto dever ter qualidades (conciso, clareza, correo, objetividade), que voc precisa dominar a informao e as ferramentas necessrias etc. O que lhe falta agora conhecer os vrios estilos de redao, cuja utilizao criativa favorece muito a eficcia do seu texto.

    1.3 Estilstica Fraseolgica

    Este tpico foi chamado de estilstica fra-seolgica porque os vrios estilos que sero

    apresentados a seguir esto relacionados com a estrutura da frase.

    a) Estilo montono: aquele em que o reda-tor demonstra imaturidade na expresso escrita, fazendo uso exagerado das pala-vras e, mas, a, ento. Neste estilo os fatos so apresentados em ordem cronolgica, denunciando ausncia de esforo na ela-borao da frase.

    Exemplo: Estivemos na reunio ontem e no ficamos at o fim, mas achamos que foi boa, s que muito longa e muito cansativa.

    b) Estilo lacnico: o texto parecido com um telegrama, de frases curtas e rpidas. No h uso de oraes subordinadas, porque as frases so breves e bem marcadas por vrgulas e pontos finais. Este modo de escrever pode facilitar a compreenso do texto, porque as ideias ficam mais claras e inteligveis.

    Exemplo: Embarcamos ontem a mercadoria soli-citada. Favor acusar o recebimento.

    c) Estilo ladainha: um modo de expresso que lembra os textos da Bblia. H frases encadeadas pela conjuno coordena-tiva e, tornando a linguagem um tanto familiar, facilitando a compreenso das ideias.

    Exemplo: Nossos clientes aceitaram os preos e condies e prometeram uma resposta o mais breve possvel...

    d) Estilo complexo e obscuro: o preferi-do das pessoas prolixas, retricas, que gostam de impressionar pelo excesso de pormenores, de adjetivos, de advrbios, de frases longas, nas quais h excesso de qus e porqus.

  • 004G/29Redao Tcnica

    Exemplo: Dirijo-me a V.Sa. porque nossa ltima reunio no foi satisfatoriamente conclusiva, visto que nem todos os assuntos foram a contento discutidos, fato que desagrada a nossa humilde empresa e desagradar tambm, tenho certeza, a empresas do tipo da sua.

    e) Estilo truncado: aquele em que o redator opta por separar oraes subordinadas entre si atravs de pontos finais. Este um estilo mais de acordo com a linguagem popular, em que a utilizao das conjunes subordinativas se torna invivel. Compare as frases do exemplo.

    Exemplo: No v reunio, se no tem nada a acrescentar. (orao subordi-nada)

    No tem nada a acrescentar? No v reunio!

    f) Estilo desdobrado: a caracterstica de autores que iniciam uma frase mas no sabem como termin-la. Tornam-se escravos de explicaes sem fim, em que sempre h motivo para outras frases adicionais, excesso de vrgulas, parnteses, travesses.

    Exemplo: O diretor pensa em tirar frias no prximo ms (ele tentou tirar no ms passado, isto , novembro, mas no conseguiu), j que est cansado (tambm precisa cuidar da sade) e no quer deixar que suas frias se acumulem, ento pediu que lhe comunicasse sua deciso.

    g) Estilo dinmico: neste estilo, o redator utiliza frases curtas, incisivas e agradveis, em que muitas vezes o verbo dispensado. um estilo cuja estrutura da frase aproxima-se das mximas e provrbios.

    Exemplo: Cada um na sua.

    Por fora, bela viola; por dentro, po bolorento.

    1.4 Recursos Estilsticos Favorveis e Desfavorveis

    Como mostra o tpico anterior, estilo o que no falta. Contudo, a utilizao de um ou outro requer bom senso e conhecimento do desti-natrio. Nas relaes comerciais e empresariais devem ser evitados os estilos montono, complexo, obscuro e desdobrado, porque prejudicam a compreenso do texto. Os outros estilos podem ser utilizados, tendo-se o cuidado de observar o seguinte:

    O estilo lacnico pode ser til porque dinmico, e em virtude de sua brevidade torna mais fcil a compreenso do texto. Este recurso satisfatrio para redatores e empresrios cuja prioridade apro-

  • Redao Tcnica30/004G

    veitar bem o tempo, sem se perder com redaes e leituras longas e complicadas. No entanto, se o destinatrio for exigente em matria de linguagem, esse estilo pode se revelar inadequado.

    O estilo ladainha, como favorece a com preen so pela linguagem familiar, pode apresentar resultados positivos se o redator demons-trar habilidade na sua utilizao; caso contrrio, o uso excessivo da conjun o e pode ser prejudicial eficcia do texto por torn-lo cansativo.

    O estilo truncado pode trazer criatividade linguagem, tornando eficaz a mensagem. Utilizado como recurso estilstico, d nfase frase, tornando o perodo mais solto, mais rico e expressivo.

    O estilo dinmico confere beleza e agilidade frase. Este recurso, porm, s ser adequado quando no trouxer ambiguidade pela au-sncia do verbo.

    1.5 Outras Recomendaes

    Chamamos sua ateno para trs outros fatores que podem prejudicar a eficcia da sua redao: a utilizao de expresses triviais e clichs, da linguagem figurada, e de certas palavras e verbos. claro que escrever bem e com estilo depende de treino e persistncia. Mas o estilo que j seu pode ser melhorado com alguns hbitos cuja aquisio deve ser priorizada, como: conhecimento do vocabulrio, estudo da gramtica, anlise literria, leitura constante e refletida. Vejamos os fatores con-traproducentes mencionados:

    a) Uso de expresses triviais e clichs. Quem, por preguia ou igno-rncia, lana mo de frases feitas e gastas, palavras cujo significado no domina completamente, termos suprfluos, arrisca seriamente a eficcia da sua mensagem. Procure sempre revisar o seu texto, tornando-o limpo, livre de palavras repetidas e de ideias secundrias e enfraquecedoras que podem tirar a fora da ideia principal.

    b) Uso de linguagem figurada. O uso da linguagem figurada requer ha-bilidade e domnio no manejo da lngua, sendo adequado para quem pretende demonstrar suas qualidades de redator literrio. Deve ser evitada na linguagem empresarial , pois a no a imaginao que deve ter papel relevante, mas a informao. Ao usar a linguagem figurada, voc corre o risco de ser mal interpretado.

    c) Palavras e verbos que se devem evitar. Existem palavras e verbos que nada acrescentam ao texto. So as chamadas palavras parasitas da prosa, que nada acrescentam, ou so as de sentido amplo, incapazes de dar ao texto empresarial preciso e clareza necessrias. Veja uma lista delas:

    w Verbos: ser, ter, haver, estar, permanecer.

  • 004G/31Redao Tcnica

    Incorreto Corretorbrica rubrica

    excesso exceo

    abboda abbadacidades cidados

    Exemplos: Estava com receio de lhe falar.

    Receava falar-lhe.

    A empresa tinha-lhe proporcionado bons salrios.

    A empresa proporcionara-lhe bons salrios.

    w Palavras parasitas da prosa: efetivamente, certamente, alm disso, tanto mais, por outro lado, definitivamente, a dizer a verdade, por sua parte, por seu lado, na verdade.

    w Palavras de sentido amplo: bom, capital, conjuntural, desejvel, estrutural, feliz, lucrativo, notadamente, rpido, sobremodo, so-bretudo, til, rico, pobre.

    1.6 Vcios de Linguagem

    Como o prprio nome j diz, vcio de linguagem uma agresso ao idioma pela utilizao errnea de palavras e expresses.

    Os vcios de linguagem devem ser conhecidos para que seu uso seja evitado. So eles:

    a) Barbarismo - so palavras empregadas com erro na sua grafia, pronncia ou forma.

    Exemplos:

    Tambm constituem barbarismos a troca de parnimos (eminente por iminente, diferir por deferir etc.), o emprego de estrangeirismos desnecessrios (menu em vez cardpio), ou expresses viciadas por outros idiomas (todos os dois em vez de ambos os dois: influncia do francs).

    b) Solecismo - o erro no uso da sintaxe, isto , da concordncia, da colocao ou da regncia.

    Exemplos: Errado a Houveram muitos problemas.Certo a Houve muitos problemas.Errado a Ele visava uma posio melhor.Certo a Ele visava a uma posio melhor.Errado a Esta carta para mim ler.Certo a Esta carta para eu ler.

  • Redao Tcnica32/004G

    c) Arcasmo - o erro ao usar palavras ou expresses que j caram em desuso.

    Exemplos: Vossa Merc em vez de VocBoticrio em vez de farmacutico.

    d) Plebesmo - o uso inadequado de pa-lavras ou expresses triviais ou de gria.

    Exemplos: Este cara muito competente...Esta secretria um troo.

    e) Pleonasmo vicioso - a repetio de palavras e expresses, tornando a ideia redundante.

    Exemplos: Entrou para dentro.Encarou de frente a questo.

    f) Ambiguidade - a construo sem cui-dado que permite ao leitor duas inter-pretaes.

    Exemplos: O diretor repreendeu a secretria em sua sala. (na sala de quem?)

    Venceu o So Paulo o Vasco. (quem venceu?)

    g) Hiato - a utilizao de vrias vogais causando um som desagradvel.

    Exemplos: Sou eu ou ainda o outro?J h alguns anos...

    h) Cacfato - o som desagradvel produ-zido pela juno de palavras, produzindo palavra ridcula ou at obscena.

    Exemplos: Ela ganha at quatro mil por cada tra-balho.

    Voc reparou na boca dela?

    i) Coliso - a sequncia das mesmas consoantes numa frase.

    Exemplos: O rato roeu a roupa da rainha.Eram sociedades viciadas em ganhos fceis.

    j) Eco - o uso de palavras que rimam numa frase, sem que haja inteno para isso.

    Exemplos: Tenho a impresso de que a ocasio propcia para a promoo.Meu superior no me d valor.

    Na lio 4 damos uma lista de palavras de grafia duvidosa, que ajudaro na escolha correta quanto ao significado. Nessa mesma lio, voc ver tambm o emprego de algu-mas classes de palavras, onde esto listadas as expresses de utilizao mais comum e seu significado.

    2. Esttica

    2.1 Definio

    Quando se trata de documentos tcnicos, a esttica que vai dispor os vrios elementos ao longo do papel, transformando a pea escrita em algo agradvel de se ler.

    A esttica vai alm da mera distribuio dos pargrafos em uma folha de papel: a escolha do espaamento entre pargrafos, o tamanho das margens, onde colocar data, assinatura, nmero de referncia...; preciso levar em conta, alm disso, que alguns tipos de documentos tm sua prpria esttica. Na lio 3 sero apresentados vrios modelos e ser possvel observar a esttica apropriada para cada um.

    Quem dispe de computador no fica isento do cuidado com a esttica. Este equipamento fa-cilita muito o trabalho porque a tela j mostra como o documento vai sendo criado at estar

  • 004G/33Redao Tcnica

    b Distribua o documento na pgina de modo que o texto fique harmoniosamente espaado; se a parte escrita pequena, no amontoe tudo na parte de cima da pgina. Por outro lado, preste ateno para no deixar s a assinatura ou uma frase final para a segunda pgina.

    Estabelea uma esttica padro a ser seguida para os vrios tipos de documentos, cuidando para que outras pessoas que trabalham com voc conheam este padro. Isso facilita o trabalho de quem precisar substitu-la, evitando a confeco de um documento totalmente estranho aos seus.

    c

    Observe tambm a esttica prpria para os envelopes. Os servios de correios costumam orientar quanto melhor maneira de dispor o texto no corpo do envelope, para permitir a leitura das mquinas de triagem de correspondncia. Procure seguir fielmente estas indicaes que evita ro extravio ou devoluo de corres pondncias. Na lio 3, quando estivermos apresentando modelos de documentos, mostraremos tambm um envelope devidamente pronto para ser entregue aos Correios.

    d

    a Use sempre (quando houver) o papel timbrado da sua empresa, evitando amass-lo ou vinc-lo enquanto o manuseia.

    pronto para ser impresso em sua forma final. E antes da impresso final o momento em que as devidas correes ou melhoria de distribuio de texto precisam ser feitas, para que se obtenha um documento perfeito. Se o documento for impresso antes disso, algo pode estar errado e o resultado ser um desperdcio de tempo, papel e tinta de impresso.

    Um documento bem elaborado e com esttica impecvel representa a empresa e as pessoas que o redigiram e assinaram. Observe estas dicas:

    2.2 Tipos de Esttica (Estilos) Utilizados

    Quando se fala em esttica tambm se fala em estilo. Neste caso, estilo esttico o formato da correspondncia, a distribuio do texto pelo papel e as margens e espaamentos adotados. Ento, quando falarmos em estilo bloco, ou semibloco, estamos nos referindo esttica, e no linguagem.

    2.2.1 Correspondncia Oficial

    A correspondncia oficial costuma ter seus prprios padres estticos, definidos em documentos especificamente publicados para orientar no apenas nesse aspecto, mas em outros, tais como a finalidade, a forma e a estrutura dos documentos, a sua origem e destinao.

    Dentre os documentos oficiais mais conhecidos destaca-se o ofcio, cujo padro esttico apresenta normas rgidas em sua forma e em sua estrutura. Apenas para ilustrar (porque a correspondncia oficial vai ser apresentada com maiores detalhes na lio 3), apresentaremos nas pginas seguintes os estilos estticos do ofcio, do memorando e do fax.

  • Redao Tcnica34/004G

    (Fonte: Manual de Redao da Presidncia da Repblica, p. 42).

    Esta a folha n 1 do ofcio (observe como a esttica do documento oficial detalhada); sua continuao est na pgina seguinte.

    Braslia, 27 de fevereiro de 1991.Ofcio n 524/SG-PR

    Senhor Deputado,

    Em complemento s observaes transmitidas pelo telegrama n 154, de 24 de abril ltimo, informo Vossa Excelncia de que as medidas mencionadas em sua carta n 6708, dirigida ao Senhor Presidente da Repblica, esto am-paradas pelo procedimento administrativo de demarcao de terras indgenas institudo pelo Decreto n 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cpia anexa).

    2. Em sua comunicao, Vossa Excelncia ressaltava a necessidade de que na definio e demarcao das terras indgenas fossem levadas em considerao as caractersticas socioeconmicas regionais.

    3. Nos termos do Decreto n 22, a demarcao de terras indgenas dever ser precedida de estudos e levantamentos tcnicos que atendam ao disposto no art. 231, 1, da Constituio Federal. Os estudos devero incluir os aspectos etno-histricos, sociolgicos, cartogrficos e fundirios. O exame deste ltimo aspecto dever ser feito conjuntamente com o rgo federal ou estadual competente.

    4. Os rgos pblicos federais, estaduais e municipais devero enca- minhar as informaes que julgarem pertinentes sobre a rea em estudo. igualmente assegurada a manifestao de entidades representativas da so-ciedade civil.

    A Sua Excelncia o SenhorDeputado (Nome)Cmara dos Deputados70.160 Braslia DF

    5,5 cm

    Exemplo de ofcio

    6,5 cm

    10 cm

    1,5 cm5 cm

    2 cm

    1,5 cm2,5 cm

  • 004G/35Redao Tcnica

    (Fls. 2 do Ofcio n 524/SG PR, de 27.2.91).

    5. Os estudos tcnicos elaborados pelo rgo federal de proteo ao ndio sero publicados juntamente com as informaes recebidas dos rgos pblicos e das entidades civis acima mencionadas.

    6. Como Vossa Excelncia pode verificar, o procedimento estabelecido assegura que a deciso a ser baixada pelo Ministro da Justia sobre os limites e a demarcao de terras indgenas seja informada de todos os elementos necessrios, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessria transparncia e agilidade.

    Atenciosamente,

    (Nome e cargo do signatrio)

    1 cm

    2,5 cm

    2,5 cm

    1 cm

    (Fonte: Manual de Redao da Presidncia da Repblica, p. 43).

  • Redao Tcnica36/004G

    Exemplo de memorando

    Memorando n 19/DJ Em XX de XXXX de XXXX.

    Ao Sr. Chefe do Departamento de AdministraoAssunto: Administrao, Instalao de microcomputadores

    Nos termos do Plano Geral de Informatizao, solicito a Vossa Se-nhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados trs microcomputadores neste Departamento.

    2. Sem descer a maiores detalhes tcnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria que o equipamento fosse dotado de disco rgido e de monitor padro EGA. Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos, e outro gerenciador de banco de dados.

    3. O treinamento de pessoal para operao dos micros poderia ficar a cargo da Seo de Treinamento do Departamento de Modernizao, cuja chefia j manifestou seu acordo a respeito.

    4. Devo mencionar, por fim, que a informatizao dos trabalhos deste Departamento ensejar uma mais racional distribuio de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma melhoria na qualidade dos servios prestados.

    Atenciosamente,

    (Nome e cargo do signatrio)

    4 cm

    1 cm

    4 cm

    A seguir apresentamos o modelo esttico de memorando segundo as normas da redao oficial. Na redao empresarial a esttica do memo-rando bem mais flexvel.

    (Fonte: Manual da Presidncia da Repblica, p. 54).

  • 004G/37Redao Tcnica

    IDENTIFICAO DO RGO EXPEDIDOR(N DE FAX)

    (ENDEREO E TELEFONES)

    DESTINATRIO: _______________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________

    N DE FAX: ______________________________________ DATA: ______/ _______/ _______

    N DE PGINAS: ESTA + ___________________ N DOCUMENTO: ___________

    MENSAGEM

    (Fonte: Manual de Redao da Presidncia da Repblica, p. 58).

    Abaixo damos um modelo de formulrio para fax, de acordo com as regras dos documentos oficiais. Este formato tambm pode ser apro-veitado para a correspondncia empresarial.

  • Redao Tcnica38/004G

    2.2.2 Outros Documentos Considerados Oficiais

    Como ser explicado na lio 3, existe uma srie de documentos cuja classificao como oficial ou empresarial polmica. Dada sua fina-lidade, optamos por cham-los de outros documentos considerados oficiais, porque so documentos cuja origem ou destino um rgo pblico. Por exemplo, se voc precisa de um atestado, dependendo do tipo, ele vai ser fornecido (ou solicitado) por rgo pblico: segurana pblica, escola pblica, rea da sade pblica. Da mesma forma, outros documentos, como o requerimento ou a declarao, podem ou no ser considerados documentos oficiais. Veja um modelo de atestado.

    ...........................................................................................................................................(rgo)

    ...........................................................................................................................................(Unidade)

    ATESTADO

    ........................... Atesto, para fins de prova junto ......................................., que o Sr. ............................................., ocupante do cargo .................................., para o qual foi nomeado por Decreto de ..................................................., no responde a processo

    administrativo.

    Braslia, ....... de ...................... de ..............

    (assinatura)

    3 espaos

    11 espaos

    2 espaos

    3 espaos

    12 esp.

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma Garcia Neiva e Jos Antnio Rosa, Editora STS, p. 105)

  • 004G/39Redao Tcnica

    Timbre

    Declaramos, sob as penas da lei, que ......................................................,

    sociedade constituda de acordo com as leis de New York, Estados Unidos da Amrica do

    Norte, com sede em ................................... continua proprietria de .......................... aes

    nominativas, representando R$ ........................................ do capital social dessa sociedade.

    Estas aes esto representadas pelas seguintes caractersticas:

    N de Aes Ordinrias Numerao das Aes Valor das Aes

    N de Aes Preferenciais Numerao das Aes Valor das Aes

    So Paulo, XX de XXXXX de XXXX.

    (assinatura do representante legal)

    (assinatura do contador CRC n)

    11 esp.

    (por extenso)

    (por extenso)

    3 espaos

    3 espaos

    2 espaos

    DECLARAO

    Veja agora um modelo de esttica prpria da declarao.

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma Garcia Neiva e Jos Antnio Rosa, Editora STS, p. 107)

  • Redao Tcnica40/004G

    2.2.3 Correspondncia Empresarial

    Os tipos estticos mais utilizados so aqueles que facilitam o trabalho: sem entrada de pargrafos, sem diviso silbica no fim da linha, com todas as frases alinhadas na margem esquerda. Os outros tipos devem ser mostrados porque as pessoas podem preferi-los e porque nas corres-pondncias oficiais ainda se usa o pargrafo recuado e outros detalhes especficos. Na lio 3, quando mostrarmos os vrios modelos de docu-mentos, deixaremos clara a visualizao da sua esttica.

    O requerimento tambm um documento cuja esttica bem definida. Observe o modelo:

    Frmula de encerramento

    Data

    Assinatura

    Invocao

    ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________

    7 esp.

    11 esp.

    12 esp. 3 esp.

    Frmula de encerramento

    Data

    Assinatura

    2 esp.

    2 esp.

    3 esp.

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma Garcia Neiva e Jos Antnio Rosa, Editora STS, p. 120)

  • 004G/41Redao Tcnica

    _________________________________ 1

    ___________________ 2 3 ________________

    ___________________ 4

    ___________________ 5

    ______________________6

    _________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________ 8

    pargr

    afo co

    m entra

    da de

    5 toque

    s

    7

    ___________________ 9

    mar

    gem

    dire

    ita r

    gida

    15 a 20 esp. 5 a 10esp.

    Veja a seguir trs tipos de estilo esttico, utilizados para as cartas.

    a) Estilo Endentado ou Semibloco

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma G. Neiva e Jos A. Rosa, Editora STS, p. 141)

    Este estilo apresenta data alinhada direita, pargrafo com entrada de 15 a 20 toques (ou espaos), margem alinhada direita e assinatura do signatrio direita, mas sem alinhamento com a margem.

  • Redao Tcnica42/004G

    b) Estilo Bloco

    No estilo bloco, no h preocupao com a margem direita alinhada, nem o pargrafo apresenta entrada. A data continua alinhada direita e o signatrio est posicionado no mesmo lugar que no estilo endentado ou semibloco.

    ___________ 2 3 _________________

    _______________ 4

    ___________________ 5

    ___________________ 6

    ___________________________________________

    _________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    __________________________________________

    _________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    7

    ___________________ 8

    5 a 10esp.

    15 a 20 esp.

    _________________________________________ 1

    margem direita solta

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma G. Neiva e Jos A. Rosa, Editora STS, p. 142)

  • 004G/43Redao Tcnica

    ___________________ 2

    ________________________ 3

    ___________________ 4

    ________________ 5

    ___________________ 6

    ___________________________________________

    _________________________________________

    ___________________________________________

    ___________________________________________ 2

    ___________________________________________

    ___________________________________________

    ________________________________________

    7

    _______________ 8

    ___________________ 9

    15 a 20 esp.

    __________________________________1

    5 a 10esp.

    margem direita solta

    sem cortes nas palavras

    (Fonte: Redigir & Convencer, Edma G. Neiva e Jos A. Rosa, Editora STS, p. 143)

    c) Tipo Bloco Compacto

    Este , sem dvida, o estilo mais prtico e vem sendo largamente uti-lizado na correspondncia empresarial. Pode ser adotado para cartas, memorandos, comunicaes internas, relatrios etc.

  • Redao Tcnica44/004G

    2.2.4 Correspondncias Particulares

    No precisa necessariamente obedecer a qualquer padro, porque o que vale a in-formalidade, a liberdade de expresso. Se as pessoas que se correspondem so ntimas, a carta pode ser manuscrita. Se for social ou cerimoniosa, deve ser digitada. Este ltimo tipo engloba as cartas de apresentao, as de candidatos a emprego e as de demisso. Neles encaixam-se perfeitamente a carta-bilhete, o carto postal, os cartes comemorativos de datas, os bilhetes.

    2.2.5 Relatrios

    Os relatrios tm sua esttica semelhante a dos textos longos, seguindo as margens de 3 cm acima e esquerda e de 2 cm abaixo e direita. Os pargrafos so separados por espaos duplos e iniciam na margem esquerda, sem recuo. Pode-se optar ou no por uma margem alinhada direita. O ttulo principal deve vir centralizado no topo da pgina e com letras maisculas. Os demais ttulos e subttulos podem ser numerados, seguindo uma hierarquia para facilitar a montagem do ndice. No final, o relatrio deve ser datado e assinado pela pessoa que o redigiu. Embaixo e esquerda, por ltimo, colocam-se as iniciais de quem o redigiu, em letras maisculas, seguidas de barra, e as iniciais de quem o digitou, em letras minsculas.

    3. Normas Gerais para Redao

    Depois de tudo o que foi falado sobre o ato de redigir, os estilos, o que favorvel e o que no para a redao, a esttica a ser adotada, achamos til estabelecer passos para o mo-mento em que voc se prepara para escrever o seu documento. Esteja sempre certo de que:

    w Sabe qual o objetivo do documento;w Sabe que tipo de documento deve utilizar;

    w Colocou-se no lugar do destinatrio para sentir-se como ele;

    w Dispe de informaes precisas sobre o fato que motiva redao;

    w Domina todas as palavras necessrias e j escolheu o vocabulrio adequado;

    w Tem em mente as respostas s perguntas que o destinatrio fez em sua correspondncia anterior;

    w Calculou o tamanho do texto para saber como distribuir na folha de papel;

    w Sabe como iniciar, desenvolver e concluir a correspondncia.

    4. Digitao

    A redao de documentos e textos em geral tem utilizado os processadores de texto que so, sem dvida, uma ferramenta que facilita e agiliza a escrita devido aos diversos recur-sos de que dispe.

    O trabalho de editar e formatar textos no computador torna-se extremamente simples aps certo treino, pois os programas so ca-pazes de interagir com o usurio facilitando o trabalho.

    Documentos inteiros so gravados em CDs, Pendrives, ou at mesmo enviados por e-mail para serem entregues s editoras quando se trata da publicao de livros. O editor de texto permite que o trabalho seja modificado vontade antes da gravao e da impresso final. Veja algumas das facilidades dispon-veis nos editores de texto:

    w apagamento automtico de letras, pa-lavras, linhas, pargrafos ou captulos inteiros;

    w facilidade de disposio dos ttulos ou pargrafos esquerda, centro ou direita da pgina;

    w facilidade de alinhamento de margens;

  • 004G/45Redao Tcnicaw formatao automtica de letras com um simples comando (negrito,

    sublinhado ou itlico);

    w inmeras formas de letras (fontes) disponveis;w localizao rpida de palavras e substituio com um simples comando;w possibilidade de mudar de lugar qualquer texto de qualquer tamanho;w possibilidade de insero de desenhos ou figuras onde se queira;w paginao automtica;w insero automtica de nmeros ou letras sequenciais quando se digita

    os primeiros;

    w possibilidade de visualizao da distribuio do texto;w cabealhos e notas de rodap automaticamente inseridos mediante

    comando;

    w possibilidade de correo ortogrfica;w facilidade de gravao e recuperao de textos na memria do com-

    putador, em CDs, Pendrives, HDs externos ou memrias virtuais.

    H inmeras outras facilidades, s a utilizao contnua e sistemtica vai permitir o conhecimento do potencial que um editor de textos pode oferecer.

    5. Glossrio de Termos e Esttica Relacionada

    5.1 ateno de - Aos cuidados de - Em mos

    Indica a quem a correspondncia se dirige ou a pessoa que deve ser informada sobre o contedo da carta. Esta expresso ser impressa no envelope e no corpo da carta.

    No envelope:

    Metalgica Rouxinol S.A.At.: Sr. Renato AlmeidaCaixa Postal 5387So Paulo, SP

    -

    Selo

  • RedaoTcnica46/004G

    No corpo da carta:

    A expresso Aos cuidados de _ ou A/C, ou a/c _ empregada quando a correspondncia for entregue por pessoa referida nominalmente.

    Se a carta for entregue atravs de offi ce-boy ou outra pessoa, escreve-se Em Mos ou E/M no envelope.

    5.2 Algarismos

    Servem para numerar uma sequncia. A esttica manda que no sejam usados hfen, trao ou parnteses depois dos nmeros cardinais quando se tratar de ttulos e subttulos, e sim ponto (veja o exemplo a seguir):

    REDAO LITERRIA E REDAO TCNICA

    1. DEFINIES2. LINGUAGEM2.1. Signifi cao das Palavras2.2. ...............

    Para os algarismos ordinais, no se usa qualquer sinal depois do ordinal:

    1o ---------------2o ---------------3o ---------------

    Num texto mais longo, caso seja necessria a utilizao de nmeros e letras, sempre conveniente uniformizar o seu uso:

    So Paulo, XX de XXXX de XXXX.

    Metalgica Rouxinol S.A. ateno de Renato AlmeidaCaixa Postal 5387011661-000 - So Paulo, SP

    1.2.3.

    a. b.c.

    123

    I.II.

    III.ou ou ou

    Recomendamos que nos documentos pequenos voc evite misturar n-meros e letras. D preferncia, ento, aos algarismos cardinais. Se for

    Saiba MaisNote que no caso do algarismo romano, a esttica manda que se faa o alinhamento direita.

  • 004G/47Redao Tcnicaas aspas no incio do primeiro e aps o ponto final do ltimo.

    Para citar ou ressaltar uma palavra ou expresso dentro de uma citao, usa-se o apstrofo, tambm chamado de aspas simples.

    Exemplo: O diretor afirmou: S os melhores sero promovidos.

    5.5 Aposto

    Aposto o nome que qualifica outro nome. Assim, quando voc coloca o cargo ou funo que a pessoa que assina a carta exerce na empresa, voc est fazendo uso de um aposto.

    Exemplo: Roberto de Souza, Diretor.

    Note que h uma vrgula separando o nome da pessoa do seu cargo. Note tambm que no polido escrever esses nomes em mai-sculas, que aparecem apenas nas iniciais das palavras.

    5.6 Assinatura

    feita logo acima do nome da pessoa e do seu cargo ou funo (ver aposto). No se usa fazer trao para a assinatura. Se a secretria for assinar a carta no lugar do executivo, dever fazer isso de modo a tornar legvel o seu prprio nome, devendo ainda colocar p/ antes do nome do executivo, significando que ela est assinando por ele.

    Ana Paula Cardoso,Chefe do Departamento de Projetos.

    extremamente descorts colocar o ttulo na frente do nome do signatrio. Se voc deseja informar ao leitor a sua profisso, apenas coloque o registro (CREA, OAB etc).

    necessrio dividir um tpico em mais vezes, a justifica-se o uso de letras, nmeros ordi-nais e algarismos romanos.

    5.3 Anexos

    So os documentos que acompanham as correspondncias. Se for um s documento, escreva abaixo da assinatura: Anexo nico. Se forem vrios, escreva: Anexos: 6 (por exemplo). Nos anexos propriamente ditos, escreve-se: no primeiro, Anexo 1; no segun-do, Anexo 2 e assim por diante.

    Na redao oficial existem regras prprias para a numerao de Anexos. Veja na lio 3.

    Voc pode, tambm, j adiantar quais so os anexos que acompanham a correspon-dncia, nomeando-os. Faa a concordncia que a gramtica exige: Anexas: Duplicatas; Anexos: Cheque e Procurao. Nunca use a expresso em anexo, pois trata-se de um vcio de linguagem.

    5.4 Aspas

    Se as aspas abrangem apenas parte de um perodo, os sinais de pontuao ficam depois delas:

    Exemplo:

    O diretor afirmou em seu pronuncia-mento que s os melhores sero recom-pensados.

    Se as aspas abrangem citaes integrais, os sinais de pontuao ficam antes delas:

    Exemplo: O diretor afirmou: S os melhores sero recompensados.

    Se as aspas indicam a transcrio de um pargrafo, mas com a supresso de algumas palavras, usa-se o sinal (...) onde isso ocorre; se as aspas indicam a transcrio de mais de um pargrafo, suficiente que se coloquem

  • RedaoTcnica48/004G

    No use: Engo Antonio Cardoso Filho, Chefe do Departamento de Projetos.

    Prefi ra: Antonio Cardoso Filho, Chefe do Departamento de Projetos. CREA n ...........................

    5.7 Assunto ou Referncia

    Pode-se usar Assunto ou Referncia antes do vocativo. Serve para resumir o contedo da carta e no deve vir sublinhado:

    Assunto: Programao de frias.

    5.8 Cabealho

    So os dizeres impressos no incio de uma correspondncia. Desse conjunto de infor-maes fazem parte o timbre da empresa, o local e a data, o endereamento e a invocao ou saudao.

    5.9 Caixa Postal

    Se voc vai enderear uma correspondncia para uma caixa postal, no coloque o nome da rua, o nmero, nem o bairro, apenas o nome da cidade. No coloque vrgula antes do nmero nem ponto para separar nmeros superiores a 1.000.

    Exemplo:

    Metalrgica Rouxinol S.A. Caixa Postal 5387011661-000 - So Paulo, SP

    Preste ateno ao Cdigo de Endereamento Postal (CEP) que costuma ser especfi co para caixa postal.

    5.10 Cdigo de Endereamento Postal (CEP)

    O nmero do cdigo de endereamento postal padronizado para todo o pas. Ele composto de cinco dgitos + hfen + trs dgitos. Seus nmeros no devem ser lidos por inteiro, motivo pelo qual no se deve

    colocar ponto separando milhares (caso haja qualquer ponto, ou vrgula, ou outro sinal, a leitora ptica dos Correios rejeitar a leitura). A maioria das grandes cidades j est codifi cada por ruas. Na cidade de So Paulo voc pode encontrar CEPs inclusive para alguns prdios. Quando a sua carta for endereada para caixa postal, procure o CEP correspondente (lembre-se de que voc no colocar o endereo: rua, nmero e bairro).

    No escreva a palavra CEP em frente ao nmero. Veja a seguir duas opes aceitas pelos Correios:

    Exemplo: Mrio Henrique SouzaRua Avanhandava, 835 - Bela Vista01306-001 - So Paulo, SP

    ou

    Mrio Henrique SouzaRua Avanhandava, 835 - Bela VistaSo Paulo, SP01306-001

    Se voc preferir, pode escrever mo os nmeros do CEP nos quadradinhos cor-respondentes impressos no envelope, mas nunca use tinta de tonalidade aver melhada. Estas mesmas orientaes so vlidas para o nmero do CEP no verso do envelope.

    5.11 Continuao

    Quando voc estiver digitando uma carta de duas folhas ou mais, conveniente colocar, perto do ndice, o nmero da folha e a tota-lidade de pginas, o editor de textos tem um recurso que faz isso automaticamente.

    Exemplo: DRH-821/99 fl . 3/5

    O seu leitor saber que est lendo a folha 3 de um total de 5. No escreva continuao na folha seguinte. A correspondncia ofi cial tem regras especfi cas para continuao.

  • 004G/49RedaoTcnica

    5.12 Corpo da Carta

    o assunto da carta, que deve ser apresen-tado em pargrafos e de forma clara, concisa e objetiva. Em mdia, uma carta tem trs pargrafos:

    a) informao inicial (apresentao do tema);

    b) desenvolvimento do tema;

    c) concluso.

    O corpo da carta fi ca entre o vocativo e a despedida ou fecho.

    5.13 Cpias

    Se for necessrio que outras pessoas rece-bam cpia de um documento, isto deve ser indicado no fi nal dele, depois dos Anexos e antes das Iniciais. Mencione assim:

    c.: Paulo RibeiroA