Redacao na Pratica 2ª Edição SOBRAL, J J Veiga

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REDAÇÃOESCREVENDO COM PRÁTICA

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JOÃO JONAS VEIGA SOBRALL icenciado em L etras, Pro fessor de Port ugu ês In str um entaln a Facul dad e de Ciên cias Econ ôm icas de São Paul o,

Prof essor de Redação n o Col égio Com ercialÁl vares Pen teado e Escola T écni ca O swald o Cr u z

REDAÇÃOESCREVENDO COM PRÁTICA

2000

Edição Digital

Iglu Editora

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© Copyright by João Jonas Veiga Sobral

© Copyright 1995 by Iglu Editora Ltda.

 Editor responsável:Júlio Igliori

 Revisão:Maria Aparecida Salmeron

Composição:Real Produções Gráficas Ltda.

Capa:Osmar das Neves

Todos os direitos reservados à

IGLU EDITORA LTDA.Rua Duílio, 386 – Lapa

05043-020 – São Paulo-SPTel.: (011) 873-0227

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AGRADECIMENTOS

A D eus pelo d om de en sin ar.Ao m eu edito r p ela confi an ça n o trabalh o.Ao pr ofessor M an uel José N un es Pin to pela for ça e in cen tivo.

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DEDICATÓRIA

Par a m in h a m ãe, fi gur a fo r te, fantásti ca e bela a qu em am o.Par a Eli an a, a qu em a vid a p r esent eou-m e com o m ul h er e am iga.Par a m eus alun os, com p an h eir os d e gosto sas jo r n ad as.Para m eus colegas de tr abalho , que m ui to m e ajud ar am .Par a o Zín gar i, m eu m estr e sem p r e.

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“Esta é uma declaração de amor; amo a língua portuguesa.

Ela n ão é fáci l . N ão é m aleável. E, com o n ão fo i p ro fu n dam entetr abalh ada pelo p ensam ent o, a sua ten dência é a de n ão ter su ti le-zas e de r eagir às vezes com u m p on tapé con tr a os qu e tem erari a-mente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e dealerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desa-fi o p ar a qu em escreve. Sob r etud o p ar a qu em escreve tir an d o d ascoisas e das pessoas a primeira capa do superficialismo.

Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complica-do. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gostode m an ejá-la com o go stava de estar m on tada n um cavalo e guiá-lopelas r édeas, às vezes len tam en te, às vezes a galo pe.”

Clarice Lispector

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APRESENTAÇÃO

Par a escrever n ão é n ecessár io o dom d a escri ta, dos p r ivil e-giado s, para escrever b asta um pou co d e técni ca e ded icação.

Esta obr a m ostr a os m ecan ism os qu e facil i tam o t r abalh o d ap ro d ução escri ta, p or m eio d e teori as e exer cício s pr áti cos.

Ao lado desses mecanismos, há textos consagrados de auto-r es exp r essivos. Esses m od elos certam ent e o aux il iarão n a p r od u -

ção de seus textos. Há, também, exercícios de enriquecimento dalín gua e pr op ostas de red ações r etir adas de vesti bu lares, de tex to sd e jor n ais, de tir as d e quadr in h os e de letr as d e canções, r ecur sosqu e su bsid iarão o ato d e redigir com eficácia.

A nossa experiência no ensino de redação nos 2º e 3º grausfez com que tanto a exposição teórica quanto as propostas detr abalh o fo ssem di dáticas e pr áti cas a fim de to rn ar o tr abalh o d eredigir mais gostoso e eficiente.

Acreditamos que Redação: escrevendo com prática  a l i a d o ad icion ários, gram áti cas e boas leit u r as, con sti tu ir -se-á em m ater ialin d ispen sável p ar a aqu eles qu e pr eten dam escrever d e for m a ade-quada.

Finalizando, é preciso de sua parte bastante dedicação paracon segui r êxito n o ato d e redi gir texto s. Parafr asean do o escri toralem ão, GO ET H E: “O ato d e redi gir é 10% de in spi ração e 90%de t r an spi r ação” ; po r isso, m eu car o am igo, m ãos à obr a.

Boas redações!

João Jon as Veiga Sobr al

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SUMÁRIO

U N I D A D E 1I n íci o d e t r abalh o: escr even d o o tex to ............................................. 15Exer cíci os ................................................................................................... 16

U N I D A D E 2

O s m ecan ism os de co esão e co erên cia t ext u ais ............................. 21

Cap ítu lo 1: A co esão .................................................................................... 22Exer cíci os ................................................................................................... 23

Cap ítu lo 2: A co er ên ci a .............................................................................. 25Exer cíci os ................................................................................................... 26

U N I D A D E 3A d escr ição ................................................................................................ 28

Cap ít u lo 1: Descr ição ob jet iva e su bjet iva ............................................. 28Exer cíci os ................................................................................................... 29

Cap ít u lo 2: D escr ição sen sor ial ................................................................ 32Exer cíci os ................................................................................................... 33

Cap ít u lo 3: D escr even d o a p er son agem : ............................................... 34a) D escr ição f ísica e p sico lógi ca .......................................................... 34b) Cr itér io s de seleção n a com p osição d a p erson agem .............. 38

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c) Cr it ér io s d e seleção em ben efíci o d a m en sagem ..................... 41

Ex er cíci os ................................................................................................... 42Cap ít u lo 4: D escr ição d e am b ien te e p aisagem ................................... 43

a) D escr i ção d e p aisagem ...................................................................... 46b) D escr i ção d e am bien te fech ado .................................................... 47c) D escr ição d e cen a ............................................................................... 48Ex er cíci os ................................................................................................... 49Pr op ostas d e r ed ação .............................................................................. 50

U N I D A D E 4A n ar r ação .................................................................................................. 55

Capít u lo 1: A técn ica n ar r ati va ................................................................. 55Ex er cíci os ................................................................................................... 57

Capít u lo 2: O n ar r ador ............................................................................... 60

a) N ar r ador em 1ª p essoa ...................................................................... 60b) N ar r ador em 3ª pessoa ..................................................................... 60Ex er cíci os ................................................................................................... 61

Cap ítu lo 3: O d i scu r so ................................................................................. 62a) D iscu r so d i r et o .................................................................................... 62b) D iscu r so d i r eto e os ver bos d e lo cu ção ....................................... 62c) D iscu r so in d i r et o ................................................................................ 64

d ) T r ocan d o os d iscu r sos ...................................................................... 64e) D iscu r so in d i r eto-l i vre ....................................................................... 65Ex er cíci os ................................................................................................... 66

Cap ít u lo 4: N íveis d e l i n gu agem .............................................................. 70a) L in gu agem form al .............................................................................. 70b) L in gu agem in form al ......................................................................... 70Ex er cíci os ................................................................................................... 71

Cap ít u lo 5: O tem p o n a n arr ati va ............................................................ 72a) T em p o p sico lógi co ............................................................................. 72b) T em p o cr on ológi co ........................................................................... 72Ex er cíci os ................................................................................................... 74

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Cap ít u lo 6: O en r ed o e su a est r u tu r a ..................................................... 75

Exer cíci os ................................................................................................... 78

Cap ít u lo 7: A estr u tu ra n ar r ati va ............................................................. 82a) M an ip u lação ........................................................................................ 82b ) Com p et ên ci a ....................................................................................... 82c) Performance ............................................................................................ 82d ) Sanção ................................................................................................... 82Exer cíci os ................................................................................................... 83

Capítu lo 8: A o rgan ização do tex to n arr ativo ...................................... 85a) N ar ração objet iva ............................................................................... 85b) N ar ração subjet iva ............................................................................. 85c) O co n f l i to .............................................................................................. 89d ) Açõ es da p er son agem ....................................................................... 91e) O fato n ovo .......................................................................................... 92Exer cíci os ................................................................................................... 93

Pr op ostas d e r ed ação ............................................................................. 94

U N I D A D E 5A d isser tação ............................................................................................. 108

Capít u lo 1: O tex to d isser tat i vo ................................................................ 10 8Exer cíci os ................................................................................................... 109

Capí tu lo 2: O tí tu lo e o t em a no t ext o d isser tati vo ............................ 111Exer cíci os ................................................................................................... 112

Cap ít u lo 3: O fato e a op in ião .................................................................. 11 3Exer cíci os ................................................................................................... 113

Cap ít u lo 4: O d esen vol vim en to d a op in ião .......................................... 115

Exer cíci os ................................................................................................... 116

Cap ít u lo 5: O p lan ejam en to d o tex to .................................................... 117Exer cíci os ................................................................................................... 118

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Capít u lo 6: A or gan ização das id éias....................................................... 11 9

Ex er cíci os ................................................................................................... 120Cap ít u lo 7: Escr evend o o tex to d isser tati vo .......................................... 121

a) O p arágr afo d isser tat ivo ................................................................... 122b) Desenvolvimento do texto: 1) enumeração, 2) causa/

conseqüência, 3) exem pl i f icação, 4) confr on to, 5) dadosestat íst ico s, 6) ci taçõ es ...................................................................... 123

c) Co n clu são: 1) con clu são-sín tese, 2) con clu são-sol u ção,3) co n cl u são-su r p r esa........................................................................ 125

Ex er cíci os ................................................................................................... 127

Cap ít u lo 8: A d isser tação su b jet i va .......................................................... 12 8Ex er cíci os ................................................................................................... 130Pr op ostas d e r ed ação .............................................................................. 135

U N I D A D E 6

Ap oio fun ci on al ....................................................................................... 158

Capít u lo 1: Acen tu ação gr áf ica ................................................................. 15 9Ex er cíci os ................................................................................................... 161

Cap ítu lo 2: A cr ase ........................................................................................ 162Ex er cíci os ................................................................................................... 165

Cap ítu lo 3: O u so d a vír gu la ...................................................................... 167Ex er cíci os ................................................................................................... 169

Cap ít u lo 4: O u so d os p r on om es ............................................................. 17 1Ex er cíci os ................................................................................................... 174

Cap ít u lo 5: Co n cordân cia ver bal ............................................................. 17 5Ex er cíci os ................................................................................................... 181

Cap ít u lo 6: Co n cordância n om in al ......................................................... 179Ex er cíci os ................................................................................................... 181

Bib l iogr af ia ...................................................................................................... 183

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UNIDADE 1: INÍCIO DE TRABALHO:

Escrevendo o texto

“Penetra surdamente no reino das palavras.” Car los Dr um m ond de Andrade

É com u m ouvir d as pessoas fr ases com o essas: “Escrev er é mu i - to difíci l  ” , “ Eu n ão sei escrev er ” , “ Reda ção é u ma da s ma téri as ma i s di fí- ceis da escola ” e ou tr as p ar ecid as.

Será possível, realmente, aprender a escrever ou é um domnatural?

As respostas para as duas perguntas são positivas: é possívelapr end er a escrever; e escrever é, tam bém , um d om n atu r al.

No entanto, mesmo escritores que possuem o dom naturalde escrever trabalham tecnicamente o texto. O trabalho de cor-reção e reescritura chega a ser árduo, porém o resultado é com-pensador. Conclui-se, então, que escrever é uma técnica e, dessafor m a, pod e ser aprend ida.

H á em n ossa li teratu r a d epoi m ent os d e escri to r es sob r e atécnica da escrita:

“Esta é a terceira vez ou quarta vez que ponho o papel namáquina e começo a escrever: mas sinto que as frases pesam ousoam falso, e as p alavr as d izem de m ais ou d izem m enos e a escr i tasai desentoada com o sentimento.”

(Rubem Braga)

“ Escrevo t r ezent as págin as, ap r oveit o n o m áxi m o t r in ta.”(Fernando Sabino)

“ Você ir á escrevend o, ir á escrevend o, se ap erfeiçoan d o, p r o-gredin do , pr ogredin do aos po ucos: um belo d ia ( se você agüentaro tr an co) os ou tr os per cebem qu e existe um grand e escrit or .”

( M ár io de Andr ade)

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Percebemos pelos depoimentos que escrever não é uma

tar efa fácil , e aí r eside sua graça: o d esafio d e escrever .É maravilhoso ver no papel a concretização de um pensa-m en to, de um son h o, de um a idéia.

Par a isso, é pr eciso u m pou co d e técn ica na escolh a da pala-vra, do estilo do texto, do ponto de vista; estes recursos técnicosserão tr abalh ado s n os p ró xi m os capít ul os.

Porém, antes, que tal começar o trabalho produzindo umtexto?

EXERCÍCIOS

1) L eia as du as belas crô n icas d e do is d os m aio r es cron istas br asi-leir os: Rub em Br aga e Fern an do Sabi n o. A segui r , elabor e um aredação expressando sua vontade sobre como quereria o seutexto.

MEU IDEAL SERIA ESCREVER...Rubem Braga

M eu i deal seria escrever u m a hi stór ia tão engr açada que aque-la moça que está doente naquela casa cinzenta, quando lesseminha história no jornal, risse, risse tanto que chegasse a chorar e

d issesse – “ai m eu D eus, que h istó r ia m ais engraçada” . E então con -tasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas paracon tar a h istó r ia; e todos a qu em ela con tasse ri ssem m u ito e fi cas-sem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minhah istór ia fosse com o u m raio d e sol , ir r esistivelm ente lour o, quen te,vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mes-m a fi casse adm ir ada ou vin do o p róp r io r iso, e depoi s repetisse parasi p róp r ia – “m as essa h istó r ia é m esm o m uito engraçada!”

Q u e um casal q ue esti vesse em casa mal-h um or ado, o m ar id obastan te abor recido com a m ul h er, a m ul h er bastan te irr itada como marido, que esse casal também fosse atingido pela minha histó-r i a. O m ari do a ler ia e com eçari a a r ir , o qu e aum entaria a ir r i taçãoda m ulh er. M as depo is qu e esta, apesar de sua m á von tade, to m as-

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se con h ecim ento d a h istór ia, ela tam bém r isse m ui to , e fi cassem os

dois r indo sem poder olhar um para o outro sem r ir mais; e queum, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempode nam or o, e reencon tr assem os doi s a alegr ia per d id a de estarem

 jun tos.Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a

minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível,tão color id a e tão pu ra qu e todos lim passem seu coração com lágr i-mas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minhah istó r ia, m and asse sol tar aqu eles bêbados e tam bém aquelas pob resm ulh eres colh id as n a calçada e lh es d issesse – “p or favor , se com por -tem, que diabo! eu não gosto de prender ninguém!” E que assimtodos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seussemelhan tes em alegre e espon tânea h om enagem à min ha h istór ia.

E que ela aos pou cos se espalh asse pelo m un do e fosse con ta-d a d e m il m an eir as, e fo sse atr ib u íd a a u m p ersa, na N igéri a, a u mau str ali an o, em D u bl im , a u m japon ês, em Ch icago – m as qu e emtodas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu

en can to sur pr een dente; e que no fu n do de um a ald eia da Chin a,um chin ês m ui to po br e, m ui to sábio e m ui to velh o d issesse: “N un -ca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda am in h a vid a; valeu a pen a ter vivid o até h oje para ou vi-la; essa hi stó -r ia não pode ter sido inventada por nenhum homem; fo i comcer teza algu m an jo t agar ela qu e a con to u aos ou vid os de um san toqu e do r m ia, e qu e ele p ensou qu e já esti vesse m or to ; sim , deve seruma história do céu que se fi ltrou por acaso até nosso conheci-

m ento ; é di vin a.”E qu an do tod os m e pergun tassem – “m as de on de é qu e vocêti r ou essa h istór ia?” – eu r esp on der ia qu e ela não é m in h a, que eua ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava aoutro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim:“O n tem ou vi um sujeito con tar u m a h istór ia...”

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que euin ventei tod a a m in h a h istór ia em u m só segun do , qu an do pen sein a tri steza daquela m oça que está do ent e, qu e sem pr e está do ent ee sem pre está de l u to e sozin h a naqu ela pequ ena casa cin zent a dem eu bai r r o .

(BRAGA, Rubem. “Meu ideal seria escrever...”. 200 Crôn icas Escolhidas. Rio de Jan eir o, Recor d , 1977.)

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A ÚLTIMA CRÔNICA

Fern an do Sabin oA caminho de casa, entro num botequim da Gávea para

tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando om om ento de escrever. A perspecti va m e assusta. Gostar ia d e estarin spi rado, de coroar com êxito m ais um an o n esta busca do pi to-resco ou d o ir r i sór io n o cotid iano d e cada um . Eu p retend ia ape-nas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo huma-n o, fr u to d a con vivência, qu e a faz m ais d ign a de ser vivida. Visavaao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental,qu er n um flagrante d e esqu in a, quer n as palavras de u m a cri an çaou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e per-co a n oção d o essencial. Sem m ais n ada para con tar, cu r vo a cabe-ça e tom o m eu café, enq uant o o verso d o p oeta se repete na lem -br an ça: “assim eu qu ereria o m eu úl t im o p oem a”. N ão sou po eta eestou sem assunto. Lanço então um últ imo olhar fora de mim,on de vivem os assun tos qu e m erecem um a cr ôn ica.

Ao fu n do d o bo tequ im um casal d e p retos acaba de sent ar -sen um a das úl tim as m esas de m ár m or e ao l on go d a p ar ede de esp e-lh os. A com po stu ra da h um il dade, na con tenção d e gestos e pala-vras, deixa-se acentuar pela presença de uma negrinha de seustr ês an os, laço n a cabeça, tod a ar r um adi n h a n o vesti d o p ob r e, qu ese in stalou t am bém à m esa: m al ou sa balançar as pern in h as cur tasou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seresesquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional

da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparampara algo m ais qu e m atar a fom e.Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que

discretamente ret irou do bolso, aborda o garçom, incl inando-sep ar a tr ás n a cadeir a, e apo n ta no b alcão um ped aço de bo lo sob ar edom a. A m ãe lim it a-se a fi car o lh an do im óvel, vagam ent e an sio -sa, com o se aguard asse a apr ovação do garçom . Este ou ve, con cen-trado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. Am u lh er su sp ir a, ol h and o p ara os lad os, a r eassegur ar-se da n atur a-l idade de sua presença al i . A meu lado o garçom encaminha aor dem do fr eguês. O h om em atrás do balcão apan h a a po rção d obolo com a m ão, larga-o n o p rat inh o – um bolo sim pl es am arelo-escur o, ap enas um a p equen a fatia tr iangu lar.

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A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de

coca-cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Porqu e n ão co m eça a com er? Vejo q u e os tr ês, pai, m ãe e fi lh a, obe-decem em torno à mesa a um discreto r i tual. A mãe remexe nabo lsa de p lásti co p r eto e br il h an te, r etir a qu alq uer coisa. O p ai sem un e de um a caix a d e fósfor os, e esper a. A fi lh a aguard a tam bém ,atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa alémde m im.

São t rês velin h as br ancas, m in úscul as, qu e a m ãe espeta cap r i-chosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a coca-cola,o pai r isca o fó sfo ro e acen de as velas. Com o a u m gesto ensaiado, am en in in h a repou sa o qu eixo n o m árm or e e sop ra com for ça, apa-gando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muitocompenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam,d iscreto s: “p arabéns p r a você, parabén s p r a você...” D epo is a m ãerecolhe as velas, torna a a guardá-las na bolsa. A negrinha agarrafi n alm ent e o b olo com as duas m ãos sôf regas e põ e-se a com ê-lo . Am ul h er está olh an do para ela com tern ur a – ajeita-lh e a fit in h a n o

cabelo crespo, l impa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O paicor re os ol h os pelo bo tequ im , sati sfeito , com o a se con vencer in ti -m am ent e do sucesso d a celebração. D e súbi to , dá com igo a obser-vá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido –vacil a, ameaça abaix ar a cabeça, m as acaba susten tan do o ol h ar eenfi m se abr e nu m sor ri so.

Assim eu quereria a minha últ ima crônica: que fosse puracom o esse sor r iso.

( SABIN O , Fern and o. A companheira de viagem. 10ª ed .Rio de Jan eir o, Recor d , 1987, p . 169-71.)

2) L eia o depoim ento d e Car los Dr um m ond de Andr ade sobre“Como comecei a escrever” e imagine-se como um escritor desucesso d an do o seu d epo im ent o d e com o com eçou a escrever.

Aí p or vol ta de 1910 n ão h avia rádio n em televisão, e o cin e-m a chegava ao i n teri or do Br asil u m a vez p or sem an a, aos d om in -gos. As n otícias do m un do vin h am pelo jor n al, tr ês di as depo is dep ub li cadas n o Rio d e Jan eiro . Se cho via a pot es, a m ala do cor r eioaparecia en sop ada, u n s sete di as m ais tarde. Não d ava para ler opapel t r an sform ado em m in gau.

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Papai era assin ante d a Gazeta de Notícias , e an tes de ap render

a ler eu m e sent ia fascin ado p elas gravu r as color id as do su p lem en-to de domingo. Tentava decifrar o mistér io das letras em redordas figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escolap úb li ca, já ti n h a a n oção vaga d e um u n iver so d e palavr as qu e er apr eciso con qu istar.

Durante o curso, minhas professoras costumavam passarexercícios de redação. Cada um de nós tinha de escrever umacar ta, n arr ar u m p asseio , coi sas assim . Cr iei gosto p or esse d ever,que me permit ia apl icar para determinado f im o conhecimentoqu e ia adq ui r i n do do po der d e exp ressão con tid o n os sin ais reun i-d os em p alavr as.

Daí por diante as experiências foram-se acumulando, semqu e eu p ercebesse qu e estava descobr in do a lit eratur a. Algun s elo-gios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava emconto ou poesia, mas a semente dessas coisas estava germinando.Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, eme habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive a sorte de

conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.Então, começou uma fase muito boa de troca de experiên-cias e impressões. Na mesa do café-sentado (pois tomava-se cafésentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem inco-m od ar n em ser in com od ado ) eu t ir ava do bol so o q ue escreveradurante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavamseus escritores, e eu tomava parte nos comentários. Tudo comn atur al id ade e franqu eza. Apr en di m ui to com os am igos, e tenh o

pena do s jovens de h oje qu e n ão d esfr u tam desse ti po d e am izadecrítica.(Como comecei a escrever. Carlos Drummond de Andrade.

Apud Par a G osta r d e L er , vo l. 4, Ed . Át ica, 1992, pág. 6 e 7.)

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UNIDADE 2: OS MECANISMOS DE COESÃO

E COERÊNCIA TEXTUAIS

“ O certo é saber qu e o certo é cer to.” Caetano Velo so

O texto n ão é sim pl esm ente u m con ju n to de p alavr as; poi s seo fo sse, bastari a agru pá-las d e qu alq u er f or m a e teríam os um .

O ontem lanche menino comeu

Veja que neste caso não há um texto, há somente um grupode palavras dispostos em uma ordem qualquer. Mesmo que colo-

cássem os estas palavras em um a or dem gramatical cor reta: sujeito -verbo-complemento precisar íamos, ainda, or gan izar o n ível sem ân ti codo texto, deixando-o inteligível.

O lanche com eu o m enin o ontem

O nível sintático está perfeito:sujeito = o lanch e

verbo = com eucomplementos = o menino ontem

Mas o nível semântico apresenta problemas, pois não é pos-sível que o lanche coma o menino, pelo menos neste contexto.Caso a frase estivesse empregada num sentido figurado e emou tr o con text o, isto seri a possível.

Pedri n h o saiu da lan chon ete tod o l am bu zado de m aion ese,

mostarda e catchup , o lanche era enorme, parecia que “o lanche t i n ha comi do o men i n o” .

A coesão e a coerência garantem ao texto uma unidade designificados encadeados.

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CAPÍTULO 1

A COESÃO

Há, na língua, muitos recursos que garantem o mecanismod e coesão:

* por referência: O s p r on om es, advérb io s e os ar ti gos são oselem en tos de coesão q ue pr op or cion am a un id ade do texto.

O Presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presi-dente recebeu várias homenagens.

Esse texto repetitivo torna-se desagradável e sem coesão.Observe a atuação do advérbio e do pronome no processo de eelabor ação do texto.

O Pr esid ente foi a Por tu gal. L á, ele foi h om enagead o.

Veja qu e o text o gan h ou agili dade e estil o. O s term os “ L á” e“ele” referem-se a Portugal e Presidente, foram usados a fim detor n ar o t exto coeso.

* por elipse: Q uand o se om ite um term o a f im de evitar suarepetição.

O Presid ente foi a Por tugal. L á, foi h om en ageado .

Veja que neste caso omitiu-se a palavra “Presidente”, pois ésubentendida no contexto.

* lexical: Quando são usadas palavras ou expressões sinôni-m as de algu m term o sub seqüen te:

O Presid ente foi a Por tu gal. N a T erra de Cam ões foi h om e-nageado por intelectuais e escritores.

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Veja que “Portugal” foi substituída por “Terra de Camões”

para evitar repetição e dar um efeito mais significativo ao texto,po is h á um a li gação sem ân ti ca ent r e “T err a de Camõ es” e in telec-tu ais e escr i to r es.

* por substituição: É u sad a par a abr eviar sen ten ças in tei r as,substituindo-as por uma expressão com significado equivalente.

O p resid ent e viajou p ar a Por tu gal n esta sem an a e o m in istr odos Espor tes o fez tam bém .

A exp r essão “ o f ez tam bém ” r etom a a sent ença “ viajou p ar aPortugal” .

* por oposição: Empregam-se alguns termos com valor deoposição (mas, contudo, todavia, porém, entretanto, contudo)para torn ar o texto com pr een sível.

Estávamos todos aqui no momento do cr ime, porém nãovimos o assassino.

* por concessão ou contradição: São eles: embora, aindaqu e, se bem qu e, ap esar d e, con qu an to , m esm o q ue.

Em bor a estivéssemo s aqu i n o m om ento do cr im e, n ão vim oso assassino.

* por causa: São eles: porque, pois, como, já que, visto que,u m a vez qu e.

Estávam os tod os aqu i n o m om en to d o cr i m e e n ão vim os oassassin o um a vez qu e n ossa visão fo r a en cob ert a po r u m a névoam ui to for te.

* por condição: São eles: caso, se, a m enos qu e, con tan to que.

Caso esti véssem os aqu i n o m om ent o d o cr im e, pr ovavelm en-te t er íam os visto o assassin o.

* por finalidade: São eles: para que, para, a fim de, com oobjet ivo d e, com a f inal idade de, com in tenção d e.

Estamo s aqu i a fim de assistir ao con cert o da or qu estr a m un i-cipal.

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EXERCÍCIOS

1) U se os m ecan ism os de coesão tex tu al n as fr ases a segui r :a) O pr esid ente esteve na Fran ça on tem . O pr esid ente di sse na

França qu e o Brasil está con tr ol an d o bem a in fl ação.b) Com pr ei m ui tas fr ut as e colo qu ei as fr utas n a geladeir a.c) Acabam os de receber dez caix as de can etas. Estas can etas

devem ser encam in h adas para o alm oxar ifado.d) As revend edor as de autom óveis n ão estão m ais equipand o o s

seus au tom óveis para vend er o s aut om óveis m ais caro. O clien-te vai à revend edor a de autom óveis com po uco di n h eiro e, setiver que pagar mais caro o automóvel, desiste de comprar oautomóvel e as revendedoras de automóveis têm prejuízo.

e) Eu f ui à escola, n a escola en con tr ei m eus am igos qu e hámuito tempo não via, eu convidei alguns amigos da escolapara i r ao cin em a.

f ) O pr ofessor chegou atr asado e ele com eçou a di tar m atérias

sem parar u m in stant e, o p r of essor é m eio estr an h o, ele m alcon versa com a classe, a classe n ão gosta m u i to do p r of essor .g) M in ha namo rada estud a in glês. M in ha namo rada sem pr e

gostou de in glês.

2) L igue os períod os com aux íl io d e conju n ções.a) T od os part icip ar am das festas. Al gun s n ão gostaram m ui to.b) T od os part icip ar am das festas. Algu n s gostariam de ter f ica-

d o em casa.c) Estu dam os m ui to p ar a o vesti bu lar. Con segu ir em os a vagatranqüi lamente.

d) O réu n ão depô s. N ão se sentia bem n o di a.e) É im por tan te a contr i buição d e todos no revezam ento de

veícul os. Possam os resp ir ar um ar saud ável.f ) O tem po vai p assan do , vam os ficand o m ais exper ien tes.g) O fum o dever i a ser p roi bid o em l ocais pú bl icos. O fum o faz

m ui to m al à saúd e.h ) Você tenh a temp o, apareça aqu i p ara tom arm os um café.i) Ela tem bastante di n h eiro . Ela viajará nas fér ias.

 j ) O p r ofessor de m atem át ica é m u i to sér io . O p r ofessor deredação é um f igu rão.

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CAPÍTULO 2

A COERÊNCIA

É muito confusa a distinção entre coesão e coerência, aquientenderemos como coerência a ligação das partes do texto como seu tod o.

Ao elabo r ar o texto , tem os qu e cri ar con di ções para que h ajaum a un id ade de coerên cia, dan do ao texto m ais f id el id ade.

“Estava andando sozinho na rua, ouvi passos atrás de mim,assustado n em olh ei, saí corr end o, er a u m h om em alt o, estr an h o,ti n h a em su as m ãos u m a ar m a...”

Se o narrador não olhou, como soube descrever a perso-nagem?

A falta de coerên cia se dá n or m alm ente:Na inverossimilhança, falta de concatenação e argu-

mentação falsa.

O bserv e ou tr a si tu ação :

“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo queparecia u m saco de li xo , cheguei m ais per to p ar a ver o q u e acon -tecia...”

Ocorre neste trecho uma incoerência pois se era realmenteum saco de li xo , com cer teza n ão i r ia acon tecer coisa algu m a.

O ut ro ti po d e in coerên cia: Ao tentar elaborar um a h istór ia desuspense, o narrador escolhe um título que já leva o leitor a con-cluir o fin al d a h istór ia.

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Um milhão de dólares

“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo queparecia um saco de l ixo, ao me aproximar percebi que era umpacote...”

O qu e será que havia dentr o d o p acote? Veja com o o n arr a-do r acabou com a histór ia na escolh a infel iz do tí tul o.

A in coerên cia está pr esent e, tam bém , em textos d issertati vosqu e apr esentam defeitos de argu m entação.

Em m u it as r edações ob servamos afir m ações falsas e in con sis-

tentes. Observe:

“ N o fu n do n en hu ma escola está r eal men te preocu pad a com a qu al i - da de de en si n o.” 

“ Esta v a a ssi sti n do ao debat e n a t elev i são dos can di da tos ao gov ern o de São Pau lo, eles mai s se acu sav am moral men te do qu e mostr av am su as propostas de governo, em um certo momento do debate dois candidatos qu ase pa r tem pa ra a a gressão fí si ca. D essa f orm a, i sso n os l ev a a con clu i r 

qu e o homem n ão con segu e con ci l i a r i déi as oposta s é por i sso qu e o mu n do v i v e em gu er ras fr eqü en temen te.” 

Note que nos dois primeiros exemplos as informações sãoam pl as dem ais e sem n enh um fu n dam ento . Já n o terceiro , a con -clusão apresentada não tem ligação nenhuma com o exemploargumentado.

Esses exem p lo s car acteri zam a falt a de coerência do text o.

Finalizando, tanto os mecanismos de coesão como os decoerência devem ser empregados com cuidado, pois a unidadedo texto depende praticamente da aplicação correta desses meca-nismos.

EXERCÍCIOS

1) I m agin e, p ar a cada sit uação, um a com pl icação e um a sol ução.a) U m r apaz deveria chegar às du as h or as da tarde, na fr ente d o

colégio para um encon tro com a namo rada.b) João p ediu o carr o em pr estado a um am igo e bateu em um

poste.

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c) Eliana, um a m enin a de 15 an os, esqu eceu-se do h or ári o com -

binado e chegou às três da manhã em casa, seus pais estavamfuriosos.

2) Exp liq ue com o p od eríam os solu cion ar estes pr obl emas:a) D ois rapazes m or am sozin h os em um apartam en to, um deles

é encontrado morto no play-ground  do prédio. A janela doapart amento estava aber ta, na sala havia d oi s cop os de u ísqu ee um tábua de fr io s, um do s qu ar tos estava em or dem com o seninguém tivesse dormido no local; no outro, o amigo haviado rm ido .

b) O m ari do descon fia qu e sua espo sa o tr ai com seu ch efe, umcolega m ostr a a fo to dos doi s, po ssíveis am an tes, em um a loj ade r ou pas ín tim as fem in in as.

3) D ê um argum ent o para cada prop osição.a) O m en or de 18 an os deve ser pu n id o p elos crim es com etid os.b) Q ual a pr in cipal conseqüência da viol ên cia n a T V, n o com -

portamento de crianças e adolescentes?c) A d oação d e órgãos deveria ser obr igatór ia?

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UNIDADE 3: A DESCRIÇÃOCAPÍTULO 1

DESCRIÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA

“A Beleza, gêmea da verdade, arte pura, inimi- ga do art i fício é a f orça e a gra ça n a si mpl i ci dad e.” 

O lavo Bi lac

A descrição é a representação, por meio de palavras, dascaracterísticas de um objeto que as distinguem de outros.

A d escr ição tem por objet ivo t r an sm it i r ao l ei tor um a ima-gem do ob jeto descri to. Pod end o ser:

O bjet iva: quand o r etratam os a realid ade com o ela é.Subjet iva: quando retratamos a real idade conforme

nossos sentimentos e emoção.

Descrição objetiva:“ A côm od a era velha, de m adeir a escur a com m an chas pr o-

vocadas pelo longo tempo de uso. As três gavetas possuem puxa-

dores de ferro em forma de conchas, nas duas laterais há orna-mentos semelhantes àqueles de esculturas barrocas, os pés sãoredo n do s e orn am entados.”

Descrição subjetiva:“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de

senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, só parasi. Foi sem p r e assim , don a Côm od a: gor d a, fech ada, egoísta.”

( QU I N TAN A, M á r i o , Sapo Amarelo , Porto Alegre MercadoAberto, 1984, p. 37).

Com o po dem os observar , a côm od a foi descrit a de du as m a-neiras diferentes.

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N a pr im eira descrição h ou ve um retr ato f i el do ob jeto; já n a

segunda, houve o ponto de vista do autor, o objeto foi descritoconf or m e ele o vê.

Observação: 

É im por tan te não con fun di r d escrição e defini ção.Definir é exp li car a sign if icação d e um ser.Descrever é retratar a part i r de um po n to d e vista.

VEJA A DEFIN IÇÃO D E UM A CÔM O DA:

CÔMODA: móvel guarnecido de gavetas desde a base até aparte sup erio r.

N ote qu e na defin ição n ão h á po n to d e vista, o objeto é des-cr ito de maneira geral, servir ia para qualquer cômoda; já nas

descrições prevaleceram a particularidade, cada cômoda foi des-crita de forma diferente, sob pontos de vista diferentes.

EXERCÍCIOS

1) Elabor e um a descri ção ob jetiva e subjeti va dos segui n tes ob jetos:

a) u m arm ár io .b) um guard a-chu va.c) um cadern o.d) um a can eta.

2) L eia o texto d e Car l os D ru m m on d d e An dr ade, observe o pr o-cesso d escrit ivo e faça o m esm o com u m an im al p erd id o.

ANÚNCIO DE JOÃO ALVES

Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou,está assim r edi gid o:

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Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua

prosa úti l – a declaração f inal: quem a aprender ou pelo menos“n otícia exata m in istr ar ”, será “r azoavelm ente rem un erado ”. N ãoprometes recompensa tentadora; não fazes praças de generosida-de ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida dascoisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas eentregues.

Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meucar o João A lves do I tam bé; ent r etan to essa cr iação vol ta a ex isti r ,porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num diarem oto , e o jor n al a guard ou e tamb ém h oje a descobr e, e m ui tosoutros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios deob jeto s e ani m ais p erd id os, n a im pr ensa de ho je, fi car ias tr iste. Jánão há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essam od eração n em essa atit ud e cr íti ca. N ão há, sob r etud o, esse am orà tarefa bem-feita, que se pod e m an ifestar até mesm o n um an ún -cio de besta sum id a.

( AN DRADE, Car los Dr um m ond d e. Fala, am en doei ra . u. ed.Rio d e Janeir o, José O lym p io , 1978. p . 82-4.)

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CAPÍTULO 2

DESCRIÇÃO SENSORIAL

É um tipo de descrição, conhecida também por sinestésica,que se apóia nas sensações. A descrição sensorial torna o textomais r ico, forte, poético; faz com que o leitor interaja com on ar rador e com a person agem .

As sensações são:

Vi su ais: relacio n adas à cor , for m a, d im ensões, etc.

“E ra um o lho amendoado, grande, dum azu l cel esti al , de tr aços

suaves ...”

Au d it ivas: relacion ad as ao som .

“ O silêncio  tornara-se assustador, o zumbido  do vento faziachorar as jan elas...”

Gustativas: relacionadas ao gosto, paladar.

“Tua despedida amarga , o sor r ido i rô n ico, insosso ; deix aram -m e an gustiado .”

Olfativas: relacionadas ao cheiro.

“ O cheiro de terra  t razido pelo ven to úm ido era prenún cio d echuva.”

T áteis: relacion adas ao t ato , con tato d a pele.

“A s m ãos ásperas como casca de árvore, grossas, ríspidas, secas com o pedr a.”

Veja o belíssim o texto d e Cecília M eireles. O bserve com o asd escr içõ es sen sor iais são tr abalh adas.

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NOITE

Ú m ido gosto d e terr a,chei r o d e p edr a lavad a,

 – tem po in seguro do tem po! –sob r a d o f lan co d a serr a,n ua e fr ia, sem m ais n ada.

Br il h o d e ar eias p isadas,sabo r d e folh as m or d id as,

 – láb io da vo z sem ven tu r a! –su spi r o das m adr u gad assem coi sas acon tecidas.

A n oi te abr ia a fr escur ado s cam po s tod os m olh ad os,

 – sozin h o, co m o seu per fum e! –pr eparan do a f lor m ais pu racom ares d e to dos os lados.

Bem qu e a vid a estava qu ieta.M as p assava o pen sam en to ... – d e on de vin h a aquel a m úsica?E era um a n uvem repl etaen tr e as estr elas e o ven to .

( M EIREL ES, Cecíl ia. O bra Completa .Rio d e Jan eir o, Agu il ar , 1967.)

EXERCÍCIOS

1) Retir e do t exto d e Cecíli a M eir eles as descri ções sensor iais eclassifique-as.

2) Faça um a descri ção em qu e você passe para o leito r todas as sensa-ções qu e o objeto descri to pr op or cion a. Pod e ser um a paisagem ,o r osto da am ada, o am an h ecer, o ano itecer, o m ar , a chuva...

3) D escreva um a paisagem em qu e o cheiro é o seu po n to for te.

4) Elabor e um a d escri ção em qu e p r evaleçam as cor es.

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CAPÍTULO 3

DESCREVENDO A PERSONAGEM

A) A D ESCRIÇÃO DE PERSO N AGEM : FÍSICA E PSICO L Ó GICA

Ao descrever uma personagem, você poderá fazê-lo de duasmaneiras:

a) aspectos físicos – cor p o, voz, r ou pa, an d ar , etc.

“A pele suave daquela menina era como pêssego maduro,colh id o d a árvore, os olh os n egro s e redon do s faziam par com os

longos e encaracolados cabelos, e o sorriso meigo dos lábios car-n ud os eram um convite ao beijo.”

b) aspectos psicológicos – car áter, estado de espí r it o, com p or ta-mento, etc.

“ Era de um a bo n d ade d e fazer in veja, os ol h os alegres br il h a-vam com o l am pari n as em n oi te sem lu a, a voz in vad ia os ou vid os

como canto de flauta, se pudesse ficaria ali, prostrado a vida todaou vin do os ensin am ento s do m estr e.”

Importante: 

É sempre bom começar sua descrição de personagemr etratan d o p r im eiro u m aspecto d e car áter geral e em segui -da mesclar descrições físicas e psicológicas.

D eve-se, con tu do , segu ir um a cer ta or dem n a descri ção.Se você começar a descrever uma personagem pela cabeçapor exemplo, procure descrever os cabelos, olhos, boca...sempre seguindo uma ordem lógica.

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Veja algumas descrições de personagens em que se mistu-

ram os aspectos físicos e psicológicos:“Stela era espi gada, du m m or eno f ech ado , mu ito f in a de cor-

po. Tinha as pernas e os braços muito longos e uma voz ligeira-m ente rou ca.”

( M arq ues Rebelo)

“Sou um alei jado. Devo ter um coração miúdo, lacunas nocérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E umn ari z enor m e, um a boca enor m e, dedo s enor m es.”

( Gr acil iano Ram os)

“Ó m inh a am adaQ ue ol h os os teusSão cais noturnosCh eios de adeus

São d ocas m ansasT r i lh and o lu zesQ ue br i lh am lon geL on ge no s br eus...”

(Vinícius de Moraes)

L eia, agora, um fr agm ento de texto descrit i vo em qu e a aut o-r a descreve um p r of essor e as sen sações qu e este p r ovoca:

OS DESASTRES DE SOFIA

Q ualqu er q ue ti vesse sid o o seu tr abalh o an teri or , ele o aban-don ara, m u dar a de pr of issão e passar a pesadam ente a ensin ar n ocur so p r i m ári o: era tu do o q ue sabíamo s dele.

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros con-tr aíd os. Em vez de n ó n a gar gan ta, t in h a om br os con tr aíd os. U sa-va paletó curto demais, óculos sem aro, com um f io de ouroencim an do o n ari z grosso e r om an o. E eu era atr aída po r ele. N ãoam or , m as atr aíd a p elo seu sil êncio e pela con tr ol ad a im p aciênciaqu e ele ti n h a em n os ensin ar e qu e, ofen di da, eu ad ivin h ar a. Pas-

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sei a me com po r tar m al n a sala. Falava mu ito alto , m exia com os

colegas, in terr om p ia a li ção com pi adi n h as, até qu e ele di zia, ver-melho : – Cale-se ou ex pu lso a sen h or a da sala.Ferid a, tr iu n fan te, eu r espo n di a em desafio: p od e m e m an -

dar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu oexasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objetodo ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não oamava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como umacriança que tenta desastradamente proteger um adulto, com acólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte deom br os tão cur vos. ( . ..)

( L ISPECTO R, Clar i ce. A legiã o estr an gei ra . São Pau lo , Át ica,1977, p. 11.)

OBSERVE A ANÁLISE ESTRUTURAL

DO PROCESSO DESCRITIVO: – aspectos gerais : “Qualquer que tivesse sido o seu trabalho

an ter io r , ele o aband on ar a, m u d ar a de p r of issão, e p assara pesa-damente a ensinar no curso pr imário: era tudo o que sabíamosdele.”

 – aspectos físicos : “O professor era gordo, grande (.. .) de

om br os con tr aído s.U sava paletó cu r to d em ais, óculo s sem ar o, com fi o d e our oencim an do o n ari z grosso e rom an o.”

 – aspectos psicológicos : “E eu era atr aída por ele. Não am or ,mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência queele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei ame comportar mal na sala. Falava alto, mexia com os colegas,in terr om pi a a l ição com pi adi n h as...”

Note que cada característica compõe o tipo desejado; suap erson agem tom ar á a vid a qu e você qui ser, ao escolh er d e m an ei-ra harmônica características físicas e psicológicas.

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EXERCÍCIOS

1) L eia os tex to s a segu ir e faça as d ivisões sol icit adas:aspectos gerais:aspectos físicos:aspectos psicológicos:e ou tr os:

“A fachada abria-se numa sucessão de portas envidraçadas,

refu lgen tes sob os r eflexos dou r ados do sol e escan car adas à tardecáli da e vent osa, e T om Bu chan an , em seu tr ajo d e m on tari a, acha-va-se de p é, as pern as separadas, no alpendre fr on tei ro.

Era um homem vigoroso, de tr inta anos, cabelos cor depalha, boca um tanto dura e maneiras desdenhosas. Dois olhosvivos, ar r ogant es, estabelecer am dom ín io sob re o seu r osto , dand o-lh e a aparência de algu ém qu e esti vesse sem pre pr on to a agred ir .N em m esm o o corte efem in ado de suas ro up as de m on tar conse-

guia ocultar o enor m e vigor daquele cor po ; ele parecia en cher assuas botas rebrilhantes até o ponto de forçar os laços que as pren-di am n a parte sup erio r, e pod ia-se no tar o gran de feixe de múscu-lo s a retesar-se, quand o seus om br os se m oviam debaixo do casacoleve. Era um corpo capaz de levantar grandes pesos; um corpocru el.” ( F. Scott Fit zgerald)

( O G ra n de Ga tsby , 7ª ed. Rio d e Jan eir o. Recor d . Apu d . Traba- lhando com Descrição . An a H . C. Bell in e. Át ica, p . 27.)

RETRATO

Eu n ão ti n h a este ro sto d e ho je,assim calm o, assim tr iste, assim m agro ,n em estes ol h os tão vazio s,n em o láb io am argo.

Eu n ão ti n h a estas m ãos sem fo r ça,tão p ar adas e fr ias e m or tas;eu n ão t in h a este cor açãoqu e nem se m ostr a.

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Eu n ão d ei por esta mu dança,

tão sim p les, tão certa, tão f ácil : – Em qu e espel h o f ico u per d idaa m in h a face?

( M EIREL ES, Cecíl i a. Poesia . Rio d e Jan eir o,Agi r , 1974, p . 19.)

2) Faça o seu r etrato.3) In ven te um a person agem ou descreva um am igo.4 ) Basean do-se no t exto “ O s desastr es de Sof ia”, elabor e um texto

descri t i vo sob r e um p r ofessor .

B) CRIT ÉRIO S DE SELEÇÃO N A CO M PO SIÇÃODA PERSONAGEM

1) A ESCOL H A D O T IPO DE PERSO N AGEM

Ao produzir sua personagem, você deverá fazer a escolhaentr e person agem l in ear ou com pl exa.

Personagem linear é aquela em qu e suas caracter ísti cas são sim -pl es e im ut áveis ao l on go d o t exto, e personagem complexa é aqu elaqu e ao lon go d o texto vai m udan do suas car acterísti cas.

Personagem linear:

“ D esde m eni n o er a ar teir o, gostava de fazer m ald ad es, tor ciar abo d o gato , tr ocava no s p ot es sal p or açúcar , acor dava os ou tr oscom estour o de bom bin has... quando adu lto n ão m elh oro u m ui-to, con tin uava a m altr atar o s fi l h os, castigava-os po r n enh um m oti -vo, batia na m ul h er; sem pr e bêbado , desleixado , barb a por fazer,r ou p as d esali n h adas, largas; um h om em asqu ero so.”

Personagem complexa:“ Q uan do cri an ça era tím id o, sub m isso aos capr ich os da m ãe,

sem pr e obedecen d o às or d ens d o p ai, n a ado lescên cia com a m or -te dos pais h erd ou a fazend a; a von tade de en ri qu ecer, o di n h eiro

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fáci l e a bebida transformaram o rapaz num homem cruel, mal

patrão, e com a descoberta do adultério da esposa, tornou-se opr óp ri o d iabo en carn ado , m an do u m atá-la e ao am an te, enterr ou -os no chiqueiro, al imentou os porcos com carnes do corpo dosdo is, a fazend a p erd era o m eni n o, a paz e o encan to .”

Per ceba qu e as person agen s descr it as acim a são d if eren tes. Aprimeira conservou seu jeito mal, seu caráter nocivo; enquanto asegun da, devid o a algu n s acon tecim ento s em sua vid a, fo i-se tr ans-f igurando, mudando sua conduta.

2) A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM

Após escolher o tipo de personagem que vai trabalhar emseu texto, você terá que selecionar descrições compatíveis com ocaráter. A escolha do tipo físico, as características psicológicas, asro up as, a m an eira de an dar, falar, devem o bedecer um crit ér io de

id entid ade para qu e o leitor sin ta a person agem pr ofu n damen te.

A PROFESSORA

U m di a a pr ofessor a or gan izou u m passeio n o cam p o, saím osced o, levan d o com id a, m áqu in a de r etrato e vio lão, que ela tocava

bem. Depois do almoço, debaixo de uma paineira, ela pegou oviolão e começou a cantar. Eu e Micuim tínhamos nos afastadop ar a p r ocu r ar gravatá, d e lon ge ouvim os a voz. Par am os e ficam osescutando. Era bonito demais. Eu queria elogiar, mas fiquei nam oita. Q uand o n otei qu e M icuim tam bém estava gostan do , arr is-quei :

 – Bon i ta voz, h ein ? – L in da – d isse M icu im .Desistimos dos gravatás e fomos nos chegando para a pai-

n eira. O ar l im po , o cheir o d e cam po , os passari n h os, a m enin adasentada no chão em volta da professora, tudo isso me pegou deum jeito difícil de explicar, só sei que me senti muito feliz e comum a von tade for te de f icar perto da pr ofessor a. Com o qu em n ão

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quer nada, fui me imiscuindo, carambolando, forçando, até con-

segui r u m lu gar ao lado d ela.Vendo-a de perfi l, notei que os olhos dela não eram feios,com o p ar eciam atrás das len tes grossas dos ócu lo s. Eram d e um acor entr e cin za e azul , o qu e conf ir m ei um a h or a qu e ela t ir ou o sóculos para enxugar os olhos. Quando repôs os óculos, olhoupara m im e me recon h eceu.

 – Joaqu im M ar ia! Q ue bom você estar aqu i per t in h o. Vocêtem um n om e fam oso. N ão p od e deixar esse nom e cair .

Devo ter f icado corado, porque senti um calor nas orelhas.I sso acon tecia sem pr e que u m a m u lh er falava com igo . E as r isad asdos colegas que estavam perto confirmaram que eu não estavan or m al. Ela pô s o br aço em m eu om br o e disse:

 – Con f io m u i to em você, Joaqu im M ar ia.Com o m ovim en to d e erguer o br aço, ela espalho u para o

meu lado um cheiro que eu nunca t inha sentido igual, cheiro desuor de mulher l impa. Nem sei o que respondi, acho que nãorespo n di n ada, f iq uei só f arejan do aqu ele ch eiro.

M as o encan tam en to d ur ou po uco. Ela pegou n ovam ente oviolão, que tinha ficado descansando no colo, e perguntou sealguém queria cantar. Umas meninas ensaiaram, não f icou amesma coisa, f izeram uma cantoria sem graça, que parecia nãoter f im. Uma hora lá o Micuim, que t inha conseguido chegarperto também, e que era mais despachado do que eu, disseque era melhor a professora cantar. Ela cantou mais umas duasmúsicas, uma que meu pai cantava às vezes, falava em luares

brancos de prata, e enquanto ela cantava eu a olhei novamentede lado e decidi que era muito mais bonita que a moça que sal-tava do trapézio no circo e que tinha deixado saudades nameninada toda, chamava-se Solange Rosário, vendia retratosautografados nos intervalos do espetáculo, eu e meu irmão maisvelho com pr am os um de sociedade, m as m eu p ai acabou tom an -do e escondendo ou rasgando, porque vivíamos brigando porcausa dele.

( VEI GA , José J. D ói ma i s qu e qu ebra r a pern a , Apu d Cu rso Básico de Redação , vol. 3, IBEP. H erm ín io Sargenti m , p. 27.) .

N ot e que ao m on tar as person agen s, o au to r d eu a elas: ações,falas, pensamentos, sentimentos, características:

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ações : “ ela p egou o vio lão, com eçou a can tar”

fa las  : “– Joaquim Maria! Que bom você está aqui pert inho.Você tem um n om e fam oso. N ão p od e deixar esse no m e cair .”

sentimentos : “... só sei que me senti muito feliz e com umavon tade for te de fi car per to da pr ofessor a.”

características físicas e psicológicas : “... notei que os olhos delan ão eram feios, com o p areciam atr ás d as len tes gr ossas dos ócu lo s.Eram de um a cor entr e cin za e azul, o qu e con f irm ei u m a ho raqu e ela tir ou os ócu lo s p ar a enx u gar os ol h os.”

EXERCÍCIOS

1) Basean do -se no t exto l id o, cr ie um a situ ação em qu e você fiqu e

ao lado de um a person agem. Descreva-a física e psico lo gicamen-te, m ostr e suas falas, suas ações e o senti m ento qu e ela desper ta.

C) CRIT ÉRIO S DE SELEÇÃO N A CO N ST RU ÇÃODA PERSO N AGEM EM BEN EFÍCIO DA M ENSAGEM:

Agora que cr iou sua personagem, a outra preocupação é

escolh er as descri ções qu e levar ão o leit or a p erceber o r um o d otext o, o p r op ósit o d as descri ções; po is n ão se faz à r evelia to d o u mtr abalh o de com posição, cada passagem deve ter su a justi fi cati va.

Observe como o autor, no texto A professora, selecionouto dos os detalh es a fi m de qu e o leito r p ercebesse a atr ação q ue oaluno sentia pela professora:

“Eu e M icui m tín h am os n os afastado para pr ocur ar gravatá,de lon ge ouvim os a voz. Par am os e ficam os escut an do. Era bon it odemais.”

“O ar l impo, cheiro de campo, os passarinhos, a meninadasentada no chão, em volta da professora, tudo isso me pegou deum jeito difícil de explicar, só sei que me senti muito feliz e comum a von tade for te de ficar p erto d a pr of essor a...”.

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“... notei que os olhos dela não eram feios, como pareciam

atr ás das len tes gr ossas dos ócu lo s. Eram de um a cor en tr e cin za eazul...”.“Com o m ovim en to d e erguer o b raço, ela espalhou para o

meu lado um cheiro que eu nunca t inha sentido igual, cheiro desuor de m ulh er l im pa ( ...) f iqu ei só farejan do aquele ch eir o.”

“... enquanto ela cantava eu a olhei novamente de lado edecidi que era muito mais bonita que a moça que saltava dotrapézio no circo e que t inha deixado saudades na meninadatoda...”.

Notou como todo o trabalho de descrição de ações, pensa-m entos, sent im ento s e característi cas rem etem o leito r a percebero envol vim ento do n arr ado r -person agem com a pro fessor a; a cadam om ento este en volvim ento vai cr escen do até o p on to dele esqu e-cer o “p r im ei ro am or ” .

Sendo assim, é importante saber que ao elaborar um textod escri ti vo, você p recisa cr iar um a person agem com to das as carac-terísticas voltadas para a mensagem que pretende passar com o

texto.

EXERCÍCIOS

1) Faça d uas descri ções de p erson agen s: um a lin ear e ou tr a com -plexa. Não se esqueça de que os traços físicos ou psicológicos

devem ter alguma influência na caracterização delas.2) Elabore um texto com um a das person agen s descrit as, pr ocur euti li zar as descr ições em ben efício d a m ensagem desejada, fazen-do com que o leitor gradativam en te perceba o pr opó sito do tex-to sem que você m ostre de mod o expl ícito.

Pod e ser u m a paixão, adm ir ação o u m esm o ó di o p ela per so-nagem; o importante é selecionar as descrições em benefíciodo p rop ósito d o texto.

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CAPÍTULO 4

A DESCRIÇÃO DE AMBIENTE E PAISAGEM

Espaço é o lugar f ísico o n de se passa a ação n arr ativa, e ambien- te é o espaço com caracter ísti cas soci ais, m or ais, psico lógi cas, reli -giosas, etc.

Ao descreverm os um am bient e fechado, escur o, su jo, d esar -ru m ado , no rm alm en te sugerim os um estado de angústia da perso-n agem , ou sol id ão, ou d esleix o... já lu gar es aber to s, clar os, colo r i-d os, su gerem feli cid ad e, h ar m on ia, p az, am or ...

Por tanto o am bien te descrit o em seu texto deverá fazer comque o le i tor perceba o rum o d a h istór ia.

“ A Pr aça da Al egri a apr esent ava um ar fú n ebre. De u m case-bre miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadoresenf err u jado s d e um a r ede e um a voz tísica e afl au tada, de m u lh er,can tar em falsete a “gent i l Car ol i n a era bela” , dou tr o l ado da pr a-ça, uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira,sujo, seboso, cheio de san gue e coberto po r um a nu vem d e m os-cas, apregoava em tom muito arrastado e melancólico: “Fígado,

r in s e cor ação! ” Era u m a vend edeir a de fato s d e boi . As cri an çasnuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhar-gas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada,os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam,emp in an do p apagaios de papel. U m ou o ut ro br an co, levado p elan ecessidade d e sair , atr avessava a r ua, su and o, ver m elh o, afo gu ea-do, à sombra de um enorme chapéu-de-sol. Os cães, estendidospelas calçadas, t inham uivos que pareciam gemidos humanos,movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mos-quitos. Ao longe, para as bandas de São Pantaleão, ouvia-se apre-goar: “Arroz de Veneza! Mangas! Macajubas!” Às esquinas, nasquitandas vazias, fermentava um cheiro acre de sabão da terra eaguard ent e. O qu it an deir o, assent ado sob r e o b alcão, coch il ava a

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sua pr egu iça m or r in h enta, acar iciand o o seu im enso e esp alm ado

pé d escalço. D a Praia de San to An tôn io ench iam tod a a cidade ossons invariáveis e monótonos de uma buzina, anunciando que ospescadores chegavam do mar; para lá convergiam, apressadas echeias de interesse, as peixeiras, quase todas negras, muito gor-d as, o tabu leir o n a cabeça, rebo lan do os gro ssos qu ad r is tr êm u lo se as tetas opu len tas.”

( AZEVEDO , Aluísio d e. O M u l ato  . Apu d Cu rso de R eda ção ,H ar br a. Jor ge M igu el, p . 67.)

N ote com o to das as d escri ções p ro cur am m ostr ar para o lei-tor um am bient e em decadência, m iserável, fún ebr e:

“ A pr aça d a alegri a apr esent ava um ar fú n ebre, de u m case-bre miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadoresenfer ru jado s de u m a rede .. .”

“Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pare-ciam gemidos humanos...”

L eia este belo t exto de Rub em Br aga:

RECADO DE PRIMAVERA

M eu caro Vin ícius d e M or aes:Escrevo-lh e aqu i d e Ip an em a p ar a lh e dar um a n ot ícia grave:A Pri m avera ch egou . Você part iu an tes. É a pr im eira Pri m avera,d e 1913 para cá, sem a sua parti cip ação. Seu n om e vir ou p laca d er ua; e nessa r ua, que tem seu n om e na pl aca, vi o n tem tr ês gar ot asde Ipanema que usavam minissaias. Parece que a moda voltounesta Primavera – acho que você aprovaria. O mar anda virado;houve uma Lestada muito forte, depois veio um Sudoeste comchuva e fr io. E daqui de minha casa vejo uma vaga de espumagalgar o costão su l d a I lh a das Palm as. São viol ências p r im averi s.

O sin al m ais h um il de da ch egad a da Pri m avera vi aqui ju n tode minha varanda. Um tico-tico com uma folhinha seca de capimno bico. Ele está fazendo ninho numa touceira de samambaia,

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debaixo da pi tangu eira. Pou co depo is vi qu e se apr ox im ava, m ui -

to matreiro, um pássaro-preto, desses que chamam de chopim.N ão tr azia nada no bi co; vin h a apenas fi scali zar , saber se o ou tr o jáh avia arr um ado o n in h o p ar a ele pôr seus ovos.

I sto é um a h istór ia tão ant iga que parece qu e só p od ia acon -tecer lá no fundo da roça, talvez no tempo do Império. Pois estáacontecendo aqui em Ipanema, em minha casa, poeta. Aconte-cen d o com o a Pr im avera. Esti ve em B lu m enau, on de h á m oi tas deazaléias e manacás em flor; e em cada mocinha loira, uma espe-ran ça de Vera Fischer. Agor a vou ao M aranh ão, rein o d e Ferr eiraGu ll ar , cu ja poesia você tant o am ava, e qu e fez 50 an os. O tem povai p assan do, p oeta. Chega a Pr im avera n esta I panem a, tod a ch eiade sua música e de seus versos. Eu ainda vou ficando um poucopor aqu i – a vigi ar, em seu n om e, as on d as, os ti co-ti cos e as m oçasem f lor . Adeus.

( BRAGA, Rubem . R ecad o de Pr i mav era ,Record, setembro, 1980.)

Note a beleza e precisão das descrições, veja como o autorap r esent a a p r im avera:

“O m ar an da vir ado; h ouve um a L estada m uito for t e, depoi sveio um Sudoeste com chuva e fr io. E daqui de minha casa vejouma vaga de espuma galgar o costão sul da Ilha das Palmas. Sãovio lên cias p r im averi s.”

“ ... on tem vi tr ês garot as d e Ipan em a qu e usavam m in issaias.”

“O sin al m ais h um ild e da chegada da pr i m avera vi aqui jun tode minha varanda. Um tico-t ico com uma folhinha seca no bico.Ele está fazend o n in h o n um a to uceir a de sam am baia, debaixo d apitangueira.”

O autor Rubem Br aga em nenh um m om ento u sou frases fei- tas para descrever a ch egada d a p r im avera:

“ O s bo tõ es de ro sa se abr em ” , “O céu está m ais azu l” . Pr efe-r iu tr abalh ar com o factu al, com qu e estava vend o, m ostr an d o qu ea simplicidade e originalidade são importantes no processo des-crit ivo. Além disso, veja como realmente sentimos a chegada daprimavera, como as descrições são pertinentes e como o final fazum belo arr em ate n o texto.

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EXERCÍCIOS

1) Elabor e du as descri ções de am bient e. L em br e-se de qu e a or igi-nalidade tornará seu texto mais bonito, evite frases feitas, co-muns, repetições já desgastadas:a) U m local t r i ste, desolado, aban don ado.b) U m local alegre, fest ivo.

A) DESCRIÇÃO DE PAISAGEMAl ém de ap li car os r ecur sos estu dados n as li ções ant eri or es,

você deverá ficar atento à perspectiva, à sua posição diante doob jeto d e sua descri ção.

U m esqu em a o ajud ar á a tr abalh ar este tip o d e descri ção:1º parágrafo : Mostra-se a localização, ou outra referência de

pl an o geral :“ Era u m belo jar di m, aqu ele do casar ão an ti go.” 

2º e 3º parágrafos : Mostra-se o elemento mais próximo doobservador. Pode-se generalizar e depois se aproximar de um sóelem ento, ou i r detalhando p or or dem.

“ Flores de toda s as cores en fei ta v am o terr en o de ter ra pr eta , sau dá - v el . N as la terai s espi n hei ros corta dos si metr i cam en te em form a d e ar cos; n o cen tr o: cri sân temos, l ír i os, r osas, d ál i as, u ma i n fi n i da de de fl ores, e perd i - da en tr e elas pequ en as vi oleta s r i son ha s.” 

4º parágrafo : Conclui-se mostrando a impressão que a paisa-gem causa em qu em a vê.

“Era de uma singeleza aquele jardim, adornava o velho casarão rú sti co, en chi a-o de paz, acalm av a o cora ção afl i to de qu al qu er u m qu e o contemplasse.” 

EXERCÍCIO1) Segui n do o esqu ema dado, elabore um a descrição d e um a pai-

sagem de sua escol h a. Co m o su gestão: o p ôr -d o-Sol , um a lagoa,um a f lor esta, m on tan h as, jard im ...

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B) D ESCRIÇÃO DE AM BIEN T E: ESPAÇO FECH AD O

Ao descrever u m lu gar fech ado , um qu art o, um a sala, um afrente de casa, usa-se o mesmo procedimento da descrição depaisagem . N o en tanto , é im po r tante p erceber qu e esta descri çãodeve ser gradativa e ori gin al p ar a qu e o leito r acom panh e o objetodescrito, essa descrição se assemelha a uma filmagem onde se élevad o a con tem pl ar o ob jeto aos po u cos.

“Cheguei a casa, abri a porta, estava uma desordem: jor-nais espalhados pelo chão, na mesa de centro um copo com umpouco de cerveja e bordas mordidas de pizzas num prato; naestante, coberta de pó, l ivros remexidos, um rádio-relógio pis-cando com a hora atrasada e uma xícara de café perdida entreportas-retratos.”

Perceba : ao entrar com o narrador na casa, nota-se toda abagunça, a desordem, começando pelo chão, subindo para a

mesa de centro, terminando na estante. Tem-se um panoramatotal da casa.

O bserve a bel a d escr ição de um a casa:

“ En costo a cara n a no i te e vejo a casa an ti ga. O s m óveis estãoarrumados em círculo, favorecendo as conversas amenas, é umasala de visit as. O can ap é, p eça m aior . O espelh o. A m esa r edo n da

com o l am pi ão aceso d esenh an do um a segun da m esa de luz den -tr o d a outr a. O s qu adr os in gen uam ente p reten sio sos, não h á afe-tação nos móveis, mas os quadros têm aspirações de grandeza nasgravu ras de m u lh eres im p on en tes ( r ain h as?) ent r e pavões e escra-vos transbordando até o ouro purpurino das molduras. Volto aocan apé d e cur vas m ansas, os br aços aber to s suger in do cabelos de-satados. Espreguiçamento. Mas as almofadas são exemplares,empertigadas no encosto de palhinha gasta. Na almofada menorestá bor dada um a gui r l an da azul .

O m esm o desenh o de gu ir land as desbot adas n o papel sépiada pared e. A estan te en vid r açada, algu n s li vr os e vagos ob jeto s n aspr ateleir as p enu m br osas.” ( T EL L ES, Lygia Fagun des. Ap. M issa do G a l o  . São Paulo, Summus, 1977.)

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Note que neste caso não há uma enumeração em ordem

lógica dos objetos descritos, pois como o texto trata-se de umar ecor dação, as im agen s vão sur gin d o con for m e as lem br an ças don arr ador , dan do m aior veracidade ao t exto.

EXERCÍCIOS

1) Faça du as descri ções:a) um quar to de um garo tab) um quarto de um a em pr egada dom ést ica

2 ) Basean do-se no text o d e L ygia Fagun des T elles, faça um a des-crição de uma casa ou cidade onde você esteve há muito tem-po. M ostr e suas r ecord ações d as pessoas, do lu gar em geral.

3) Elabor e um texto em que você vol ta para um a cidade em quem or ou qu an do jovem . M ostr e com o era e com o está agora e oqu e tu do isso p r ovoca em você.

C) D ESCRIÇÃO DE CENA

Conhecida também como descrição dinâmica ou animada,esse ti po é m u it o sem elh an te à nar ração; po is in clu i pessoas, an i-m ais, veícu lo s em ação.

“ O guard a-n otu rn o cam in h a com deli cadeza, par a não assus-tar, para não acordar ninguém. Lá vão seus passos vagarosos,cadenciado s, cosendo a su a som br a com a pedr a da calçada.”

( “O an jo d a n oit e”. Ap ud M agda Soares, N ov o portu guês atr a- vés de textos , p . 40, A D ESCRI ÇÃO .)

O texto, além de belíssimo, mostra uma perfeita descriçãode cen a, detalh adam ente vai r etratan do o and ar m acio d o gu ard a-n o t u r n o .

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FUNERAL

“Uma cena me f icou na memória com uma nit idez inapa-gável. Parado no meio-fio duma calçada, no Passo de la Reforma,vejo passar o enterro de um bombeiro que se suicidou. Os tam-bo res, cobert os de crepe, estão abafados e soam surdos. N ão se ou vesequer um toque de clarim. Atrás dos tambores marcham algunspelot ões. O s sold ado s de u n ifo rm e negro, gola carm esim , crepe n obr aço, m archam em caden ciado sil êncio . E sob re um car ro cobertode preto está o esquife cinzento envolto na bandeira mexicana.

Plan-rata-plan! Plan-rata-plan! Lá se vai o cortejo rumo docem itér io. H averá outr o p aís n o m un do em que um velór io sejam ais velór io , um enterr o m ais enterr o, e a m or te m ais m or te?

Plan-rata-pl an ! Ad eus bo m beir o. N un ca te vi. Teu n om e nãosei. Mas me será difícil, impossível esquecer o teu funeral. Plan-rat-plan!”

(VERÍSSIMO, Érico. M éxi co , apu d J. F. M ir an d a,A rqui tetu ra da r edação .)

O auto r , neste fr agm ent o, m ostr a, com o se esti vesse parado,a passagem de um enterro; perceba como a cena passa em seusmínimos detalhes.

EXERCÍCIOS

1) D escreva um qu art o d e ado lescen te, entr e no qu art o, dê umpanorama geral, em seguida detalhe esse panorama, procured ar u m a or d em l ógi ca p ar a su a descri ção.

2) Elabor e um texto d escrit i vo em qu e você se lem br a de algumlugar que lhe foi muito marcante. Lembre-se de mostrar suasimpressões sobre o lugar, não há necessidade de uma ordemnas enumerações, porém procure enumerar de modo consci-ente p ar a qu e o leitor per cebe sua in tenção.

3) D escreva um a cena de assalto n o cen tr o d a cid ade.

4 ) D escreva um a saíd a de escola.

5) D escreva um di a de chu va no cam p o visto pela janela da casa.

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

DESCRIÇÃO

1) Elabor e um a defin ição, um a descrição o bjet iva e um a sub jet ivade um lápis e um relógio.

2) Com pl ete as fr ases, form an do um parágrafo d escrito :a) era tão boni ta

b) não era m ui to bon i tac) t inh a um físico at lét icod) era m au-car áter.

3 ) Red ija os seguin tes an ún cios usan do os p rocessos descri ti vosestudados:a) vend end o u m vest ido de noivab ) u m car r o

c) um a fazend a com casa e pi scin a.

4 ) O bserve a fo to e descreva as cenas:

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5) D escreva u m in tervalo n a escola.

6) D epoi s de m ui tos an os você vol ta par a o colégio em qu e estu da-r a qu and o cr ian ça. A sala está vazia, po r ém su as lem br anças aosp ou cos vão t r azend o d e vol ta os am igo s, p r of essor es, cad eir as,lo u sa, jan elas, cor ti n as.... descreva este m om ento .

7) I den tif iq ue os objetos descrit os:a) m áqu in a fr igor í f ica adaptada a um a espécie de arm ár io

onde se produz gelo, sorvetes, e onde se conservam alimen-tos, etc.b) in stru m en to com lentes que amp lif i cam os objetos distan tes

d o ob servado r e qu e lh e p erm item um a visão n íti da do s m es-mos.

c) veícul o d e du as r od as, send o a tr aseir a acion ada po r u m sis-tema de peda is que mov imentam uma cor ren te t rans-missora.

8 ) Faça descr ições de objetos:a) um a tesourab) um avião

9) a) I m agine doi s estud an tes: o pr im eir o po ssui agen da, on demarca direitinho todos os seus compromissos, escolares ounão. Nunca esquece seu material para as aulas. Seus livros e

cadernos são encapados, possuem etiquetas com seu nome,número e série. Não há nada rabiscado ou amassado. Osegun do é justamen te o con tr ári o: an ota telefon es de ami gose compromissos escolares em papeizinhos soltos, nas pági-nas de cadernos e livros (seus ou não). Está sempre procu-r an do algum a coisa perd id a.An ote em seu cadern o o u tr as car acterísti cas qu e você im agi-n ar sobr e estas du as p erson agen s.

b) Agor a, im agin e os qu art os do pr im eiro e do segun do estu-dante. Faça uma lista das características e selecione as queachar m ais im po rt an tes para dar a id éia do m od o d e ser d ecada um .

c) Escreva um parágrafo m ostr an do cada quarto.

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10) O s do is estu dant es do exercício ant erior se con h ecem. Poralgum motivo, f icam muito amigos. Um dia, um vai visitar o

out ro .Escreva dois parágrafos diferentes:a) O estu dant e or gan izado descreve o quarto do estu dant e

desorganizado.b) O estu dant e desor gan izado descreve o qu ar to d o estu dant e

organizado.Mostre ao leitor as possíveis sensações e julgamentos que umestu dante tem em relação ao quarto d o ou tro .

A DESCRIÇÃO N O VEST IBU L AR

11) Elabore text os descri ti vos seguin do as or ien tações:a) ( Faap-SP) – Redija um texto em p ro sa sob re o segui n te

tem a: “E o m un do f icou m ais tr iste...”b) ( Fuvest) – Sup on h a qu e você foi sur pr eend entem ente con -

vid ado p ara um a festa de p essoas qu e m al con h ece. Con te,

n um texto em pr osa, o qu e ter ia ocorr ido , im aginan do t am -bém os pormenores da situação. Não deixe de transmitirsuas possível reflexões e impressões. Evite expressõesdesgastadas e idéias prontas.

c) ( U n esp) – “Cr ian ças n a ru a.”d) ( I T A-SP) – “ A n atu reza esqu ecid a.”e) ( Cesesp-PE) – “O din h eiro não com pr a tud o.”f ) ( PU C-M G) – Faça um a redação com o seguin te t ítu lo: “Fim

de festa” .g) ( FASP) – Faça um a descrição, em pr osa, em apr ox im ada-m ente 20 lin h as sob r e o tem a: “O di a-a-di a do p aul istano ”.( Observação: se você n ão f or pauli stano, adapte o tem a à suarealidade.)

h ) ( PU CCAM P) – A pr i m eir a f rase da sua redação é: “A br iu o solhos e não conseguiu acreditar no que via”. Continue aredação.

i) ( FAT EC) – U m a pr aça, qu ase garagem ao ar l ivre. Ár vor es.Três prédios. Encostado ao do meio, um grupo de mendi-gos. Ali é seu p on to , seu p ou so, seu r epertó ri o.Você tem qu e ir a um do s pr édios e o cam in h o m ais curto ér ente aos m end igos.

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Escreva o que passa pela mente: misto de revolta contra a

sociedade, de medo de se envolver, de solidariedade, derepu gnância, de dó.

12) Faça um a descri ção em ot iva da cen a abaixo .

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13) Elabor e um texto p redom in an temen te descrit ivo basean do-se

n a im agem abaixo.

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UNIDADE 4: A NARRAÇÃOCAPÍTULO 1

A TÉCNICA NARRATIVA

“Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem 

quiser que conte outra.”  T radição popu lar

A n ar ração é u m a form a de com po sição d e textos qu e con sis-te em r elatar fatos ou acon tecim ento s com determ in ado s per son a-gen s em l ocal e temp o d efin id os.

DOMINGO NO PARQUE

O r ei d a br in cad eir a – ê JoséO r ei d a con fu são – ê JoãoU m tr abalh a na feir a – ê JoséO ut ro n a con str ução – ê João

A sem an a passad a, n o fi m da sem ana,João r esol veu n ão br igar.N o d om in go d e tar de saiu apr essad oE n ão fo i p ra Ribeir a jogarCapoeira.N ão fo i p ra lá, pr a Ribeira,Foi n am orar .

O José, com o semp re, no fim de semanaGu ar do u a bar raca e sum iu .Foi fazer, n o d om in go, um passeio n o p ar qu e,L á perto d a Boca do r io.Foi n o p ar qu e que ele avisto uJuliana,

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Foi q u e ele viu

Ju li an a n a r od a com João,U m a r osa e um sor vete n a mão.Ju li ana, seu son h o, um a il u são.Ju li an a e o am igo João.

O espi n h o d a ro sa fer iu ZéE o sor vete gelou seu co r ação.O sor vete e a rosa – ê JoséA r osa e o sor vete – ê JoséO i d an çan do n o p eito – ê JoséD o José br in calh ão – ê JoséO sor vete e a rosa – ê JoséA r osa e o sor vete – ê JoséO i gir an do n a m ente – ê JoséD o José br in calh ão – ê José

Jul iana girand o – oi girand o

O i n a ro da-gigan te – oi gir an doO i n a ro da-gigan te – oi gir an doO am igo João – oi JoãoO sor vete é mo r an go – é verm elh oO i gir an do e a ro sa – é verm elh aO i girando, girand o – é verm elh aO i gir an do, girand o – olh a a facaO lh a o san gue n a m ão – ê José

Ju li ana n o ch ão – ê JoséO ut ro corp o caído – ê JoséSeu am igo João – ê José

Am an h ã n ão tem feir a – ê JoséN ão t em m ais con str u ção – ê JoãoN ão t em m ais br in cad eir a – ê JoséN ão tem m ais con fu são – ê João.”

Com o p od emo s observar, o texto acim a é um exem pl o claroe bem-feito de um texto narrat ivo. Logo na pr imeira estrofe, oautor apresenta as personagens envolvidas e suas característicasbásicas. Em seguida m ostr a o tem p o, o lo cal e os fatos:

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Personagens :

José: sujeito brincalhão, trabalhava na feira, nos finais desemana costumava ir ao parque encontrar sua namorada Julianap ar a se di vert ir .

João: sujeito briguento, sempre arrumava confusão. Traba-lh ava na con str u ção ci vil , costu m ava ir à Rib eira jo gar capo eir a.

Tempo : um dom ingo.

Local : um parqu e de diversões pert o d a Boca do r i o.

Fatos : João no final de semana resolveu não brigar, saiuapr essado e foi p ar a o p ar qu e nam or ar .

José, com o sempre, fo i ao p arqu e en con tr ar -se com sua n am o-rada Juliana. Chegando, assustou-se: sua namorada Juliana e seuam igo João de m ãos dadas n am or an do.

Aq uela cena deix ou José in di gn ado e n ervoso. Tom ado p elaemo ção e r aiva pegou um a faca e m atou a namo rada e o am igo.

U m a histór ia trágica, por ém contada com m ui ta delicadeza epo esia por Gil berto Gil , que po r m eio d e m etáfor as entr e sor vete,ro sa, m or an go e san gue relatou um belo d ram a.

EXERCÍCIOS

L eia o texto abaix o:

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA

Ch am ava-se João T eod or o, só. O m ais p acato e m od esto dosh om ens. H on estíssim o e lealíssim o, com um defeito apen as: n ãodar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa dem en os im por tân cia no m un do era João T eodo ro.

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N un ca fo r a n ada n a vid a, nem adm it ia a h ip ót ese de vir a ser

alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o quetod os al i q uer iam : m ud ar-se para terr a m elh or .Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o

deperecim ent o sensível d e sua It aoca. – I sto já f o i m u i to m el h or , d izia con sigo. Já t eve tr ês m éd ico s

bem bo n s – agor a só um e bem r u in zot e. Já teve seis advogados ehoje não dá serviço para um rábula ordinár io como o Tenór io.N em cir co d e cavali n h os bate m ais po r aqu i. A gen te qu e pr esta se

m uda. Fica o resto lh o. D ecidi d am ent e, a m in h a I taoca está-se aca-bando...João T eodor o ent r ou a in cubar a id éia de tam bém m ud ar-se,

m as p ara isso n ecessi tava dum fato qu alqu er q ue o con vencesse demaneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ouarr an jo p ossível.

 – É isso , del iber ou lá p or d en tr o . Q u an do eu ver i f i car quetu do está perd id o, qu e It aoca não vale m ais n ada d e nada, en tão

arr um o a troux a e boto-m e fora daqui.Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de JoãoT eodor o p ara delegado . No sso h om em recebeu a no tícia com o sefosse uma cacetada no crânio. Delegado, ele! Ele que não eran ada, n un ca fo r a n ad a, n ão qu eri a ser n ada, n ão se jul gava capazd e n ad a...

Ser d elegado n u m a cid ad ezin h a daquelas é coisa seri íssim a.N ão h á cargo m ais im po rt an te. É o ho m em qu e pr end e os ou tr os,

qu e sol ta, qu e m an da d ar sovas, qu e vai à cap it al f alar com o go ver-n o. U m a coisa colo ssal ser delegad o – e estava ele, João T eod or o,de-le-ga-do de Itaoca!...

João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noiteem clar o, pen san do e ar r um an do as m alas. Pela m adr ugada boto u-as n um bur ro , m on tou n o seu cavalin h o m agro e part i u.

An tes de deixar a cidade foi visto p or um am igo m adr ugador . – Q u e é isso , João? Par a on de se at i r a tão ced o, assim de

arm as e bagagen s? – Vou -m e em bor a; r espon deu o ret i r an te. Ver i f iquei qu e

I taoca chegou m esm o ao f im . – M as, co m o? Agor a q ue você está d el egad o?

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 – Ju stam en te p or isso . T er r a em qu e João T eo dor o ch ega a

delegado , eu n ão m or o. Ad eus.E sum iu .(L O BATO , M on tei ro . Cidades mortas . 7ª ed .

São Paulo, Br asil ien se, 1956, p . 185-6.)

1) Faça a seguin te divisão:a) M ostre o t r echo em que o autor apr esen ta a person agem .b) Caracter ize a person agem .c) D escreva o lo cal em qu e se d esenr olam os fatos.d) Faça um relato do s fatos desta histór ia.

2) Elabo re um a n ar rat iva em q ue suas per son agen s di spu temalgo. Esta histór ia deve ocorrer em local e tempo determina-do s pelo n arr ado r.

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CAPÍTULO 2

O NARRADOR

Ao p r od u zir um texto , você po d erá fazê-lo d e du as m an eirasdiferentes, contar uma história em que você participa ou contaru m a hi stó r ia qu e ocor r eu com ou tr a pessoa. Essa decisão d eterm i-n ará o t ip o d e narrador a ser ut i l izado em seu texto.

N A R R A D O R E M 1 ª PE SSO A : Conhec ido também porn ar r ad or -p erson agem , é aqu ele qu e parti cip a d a ação. ....

Pode ser protagonista quando personagem principal da his-tór ia, ou po de ser algu ém qu e pr esencio u o fato, estand o n o m es-

m o local .

Exemplo: Narrador-protagonista .

“ Er a n oi te, vol tava sozin h o p ar a casa, o fr io estava in su por tá-vel, não havia ninguém naquela rua sombria, ouvi um barulhoestr anh o n o m ur o ao lad o, assu stei-m e...”

Exemplo: N ar ra dor 1 ª p essoa 

“ Estava debr uçado em m in h a janela qu an d o vejo na esqu in aum garo to m agro r oub an do a car teira de um po br e velh o...”

N A R R A D O R E M 3 ª PE SSO A : Conhec ido também porn ar r ad or -ob servad or , é aqu ele que n ão p ar ti cip a da ação.

“João estava voltando para casa, à noite, sozinho, quandoouviu, próx im o ao m ur o, um baru lh o est ranh o.”

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EXERCÍCIOS

1) In diqu e o t ipo de narrador dos textos a seguir :a) Algu n s h om en s aparecem n a port a do r estaur an te com suas

esposas.b) N o m eio do cam in h o resolvi parar, senti a-m e m al, pr ovavel-

m en te po r causa do p eixe qu e com i n o alm oço.c) O m enin o fo i abr in do o cam inh o com u m p edaço de fer ro.d) Q uand o cheguei dei de cara com m in h a m ãe n a sala.

2) Passe p ar a n ar r ad or -per son agem :“De madrugada o homem acordou com a chuva castigando otelhado de zinco do seu barraco. Rolou na cama, virou prolado, f ingiu que não era com ele. Mas não t inha jeito de dor-m ir . Exp erien te, o h om em sabia qu e aqu ela chu va gro ssa e in -sisten te era com ele m esm o.”

3) Elabor e um parágrafo com n ar rador -observado r ( 3ª pessoa) ,segui n d o a or ien tação:U m rapaz tentand o p egar sua bola que caiu n o qu in tal d o vizi-n h o. Este é m uito n ervoso e tem um cachor ro que ador a m or -der bol as e do n o d e bol as.

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CAPÍTULO 3

O DISCURSO

Para relatar as falas e os pensamentos das personagens, on arr ado r p od e usar o d iscur so di reto, o in di reto e o in di reto-l ivre.

A) DISCURSO DIRETO

O n arr ado r r epro du z exatam en te o que a person agem falou .Exemplos:

O pr ofessor cham ou Joãozin h o e pergun tou : – V ocê sabe p or qu e N ap oleão p er d eu a gu er r a?

A m ãe olh ou para o f i l h o e di sse: – Com a essa sop a l ogo.

B) DI SCU RSO DI RET O E O S VERBO S DE ELO CU ÇÃO

N or m alm ente, o d iscur so d ir eto é m arcado pela presença do sverbo s de elocução, para in di car a pessoa e o m od o com o falou .

A garo ta apr oxi m ou -se do n am or ado e perguntou: – Q uem er a aquel a m en in a co m qu em você estava con ver -

san do n o i n tervalo?O nam orado retrucou:

 – D ei xe de ser ci um en ta. Será que n ão posso co n ver sar co m

ninguém?Esses verbos podem ser usados depois ou antes do enuncia-

do , ou ain da in tercalados n ele. Depend en do da escolh a, m ud aráa po n tu ação.

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Observe:

1ª po sição – an tes da fal a – separ a-se po r d oi s pon to s:O pr ofessor cham ou Pedr in h o e perguntou:

 – Você t r ouxe o t r abalh o h o je?

2ª po sição – depois da fa la – separa-se p or vír gu la o u tr avessão: – É lógico que gosto de você, disse-me bei jand o a testa.

3ª po sição – intercalada – separa-se p or vír gu la ou tr avessão. – E qu er sab er , continuou ela, eu n ão vivo sem você.

I M P O R T A N T E :  

Ao escrever, você deverá escolher o verbo de elocução quemelhor caracterize a fala da personagem. Sendo assim, seu textoserá m ais p r eciso.

Veja algu n s verb os d e elocu ção:

di zer, pergu n ta r, respon der, exclam ar , pedi r, acon selh ar , orden ar .Observe, agora, outros mais específicos:af i rmar, declarar, indagar, interrogar, retrucar, repl icar, negar,

questi on ar , objetar , gri tar , rogar , su ssu rr ar , mu rm u ra r, balbuciar , cochi - cha r, segreda r , escla recer, su geri r, solu ci onar , comen ta r, pr opor, conv i da r,cu mp ri men tar , r epeti r, estr an ha r, i n si sti r, prossegu i r, acrescen ta r, con cor- da r, con sen ti r, a n u i r, i n terv i r, r epeti r, berr ar , protestar , con tr apor, descu l- par , ju sti f i car -se, r i r , sorr i r, gargalh ar , chorar, chorami n gar...

OBSERVAÇÃO:  

O uso dos verbos de elocução não é obrigatório, podendo on arr ador om iti-lo com o p rop ósito d e deixar o texto m ais din âm ico.

CONVERSINHA MINEIRA

 – É bom m esm o o cafezi n h o daqu i , m eu am igo? – Sei d izer n ão sen h or ; n ão tom o café. – Você é o don o do café, n ão sabe d izer ?

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 – N in guém tem r eclam ad o del e n ão sen h or .

 – En tão m e dá caf é co m lei te, pão e m an tei ga. – Café co m lei te só se for sem lei te. – N ão tem lei te? – H oje, n ão sen h or . – Po r qu e h oje n ão? – Po r qu e h oje o lei tei r o n ão vei o . – O n tem el e veio? – O n tem n ão. – Q uan do é que el e vem ? – N ão tem d ia cer to n ão sen h or . Às vezes vem , às vezes n ão

vem . Só q u e no d ia qu e devia vir , não vem . – M as al i fo r a está escr i to “ L ei ter ia” ! – Ah , isto está, sim sen h or . – Q uan do é que tem lei te? – Q uan d o o lei tei r o vem .

(Fernando Sabino)

C) DI SCURSO IN DI RETO

O narrador transmite com suas próprias palavras a fala dapersonagem.

“ O pr ofessor cham ou Joãozin h o e pergu n tou se ele sabi a p orqu e N apo leão h avia perd id o a guerr a.”

“A mãe olhou para o fi lho e disse para que ele comesse asop a lo go...”

D) TROCANDO OS DISCURSOS

Ao passar do discurso direto para o discurso indireto, ouvice-versa, deve-se efetuar algumas modificações:

a) D iscurso di reto – pr im eira pessoaEles p ergu n taram : – O qu e dev emos fa zer? Discurso indireto – terceira pessoaEles per gun taram o qu e dev i am fa zer .

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b) Di scurso d ireto – im perat ivoO pr ofessor pediu – Ven ham ao qua dro.D iscurso in di reto – pr etér i to im perfeito do sub jun tivoO pr ofessor pediu que fôssemos ao quadro.

c) Discur so d ireto – futuro do pr esenteA m ãe comento u – Com calm a, gan ha rá o presen te.Di scurso in dir eto – futu ro d o pr etér itoA m ãe com entou que com cal ma , gan ha ri a o presen te.

d) D iscurso d ir eto – pr esen te do i n di cativoEle d isse – Eu escrev o a car ta .D iscurso in di reto – pr etér i to im perfeito do in di cativoEle di sse qu e escrev i a a car ta .

e) D iscurso dir eto – pr etér ito perfeitoEle com en tou – N ão gostei da qu ele fi lme.D iscur so in di reto – pr etér ito m ais-qu e-per feito.Ele coment ou qu e n ão gostar a do fi lm e.

E) DISCURSO INDIRETO-LIVRE

Emprega-se o discurso indireto-livre para transmitir a falainterior da personagem; esta fala às vezes vem “misturada” à falado nar rador .

Par a qu e ocor r a o di scur so i n d ir eto-li vr e são n ecessárias tr ês

condições:a) N arr ado r em 3ª pessoa.b) D evem ser om it id os os verbo s de elocu ção ( d isse que,

p ensou qu e...)c) O n arr ado r deve m ostr ar o q ue se passa n a con sciência da

personagem.

Exemplos:

“ Ele con ti n uo u a cam in h ar , m as sua von tade er a vol tar, p edirp ara qu e su a am ada o per doasse, para viverem com o er a ant es.

O coração batia forte. Com m edo? M as era u ma br i gu in ha tola sem mai ores con seqü ên ci as .”

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Note que as primeiras frases pertencem ao narrador, no

entanto as segundas são da personagem; entretanto, não há pala-vras que indiquem esta mudança, somente o contexto permiteobservá-la.

Esse recurso torna a narrativa mais rápida e fluente, mostran-do tam bém o do m ín io que o narr ado r p ossui sobr e sua person agem .

EXERCÍCIOS

TIPOS DE DISCURSO

1) Passe as fr ases p ar a o d iscur so in d ir eto:a) Ele reclam ou : – D evolva m eu pr esente!b) O chefe disse: – Fiqu em tr an qü ilo s, tud o acabará bem .c) A f i l h a respon deu à mãe: – I re i vol tar tard e hoje.d) A m oça qu estion ou : – E se nada der certo?e) O rapaz conf i rm ou: – Am an h ã ser i a o úl t im o di a, m as o pr a-

zo fo i p ror rogado.f ) O pr ofessor p ergun tou : – Q uem escond eu o lápi s de João?g) A n am or ada reclamo u: –N ão p osso f i car m ais, m eu pai não

gosta que chego tarde.

2) Passe para o d iscur so d ir eto:a) Ela m e disse que p recisava ir emb or a cedo.b) O m édico ind agou por que não trou xeram o paciente antes

p ar a a sala d e cir u r gia.c) O r ap az afir m ou qu e já era tard e e qu e, se não se ap r essasseperder ia o h orár io d o vôo.

d) A p r of essor a p ediu às cri anças qu e en tr assem , po is a ch uva jácom eçar a a cair .

e) Ele gar an ti u-m e qu e aqu ela m an ob r a ti n h a sid o n ecessár ia.f ) O pol ic ial p ergun tou quem era a testem un h a do assalto.g) A m enin a ped iu qu e não a deix assem sozin h a n aqu ela casa

escura.

3 ) Gr if e as passagens qu e ap resent arem d iscur so in d ir eto-li vre:“N esse pon to as id éias d e Sin h á Vit ór ia segu ir am o o ut r o cam i-nho, que pouco depois fo i desembocar no pr imeiro. Não era

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que a raposa tinha passado no rabo a galinha pedrês? Logo a

pedrês, a m ais gorda. D ecidiu arm ar u m m un déu p erto do po-le iro. Encoler izou-se. A raposa pagar ia a gal inha pedrês.Ladrona! Pouco a pouco a zanga se transferiu. Os roncos deFabiano eram insuportáveis, não havia homem que roncassetan to.” (Vi das Secas, Gr acili an o Ram os)

4) I n sir a n o texto , a segui r, o d iscurso i n di reto-l ivre:“O rapaz foi ao encontro marcado mais cedo do que a horacombinada, estava ansioso para conhecer a garota que apenasconversara por telefone. Achou a situação engraçada, nuncamarcara encontro com quem não conhecia fisicamente. Pare-cia que os quinze minutos que chegou adiantado não passa-vam , an dava de um lado p ar a o o ut ro , cada m oça qu e apareciaera um fr io n a barr i ga.”

5) Con te a h istó ri a a segui r de d uas for m as d ifer ent es:a) com di scurso d ir eto e com verb os de elocução

b) com d iscurso in dir eto

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6) Im agine com o d eve ter sido o

di álogo ent re Pedri n h o e a Pro -fessor a. Repr od uza-o:

7 ) L eia a h istó r ia abaix o, e em segui da reescreva-a em 3ª pessoausando, também, o discurso indireto-livre. Faça as alteraçõesnecessárias.

NINGUÉM

A r ua estava fr ia. Er a sábado ao anoi tecer m as eu estava ch e-gando e não saindo. Passei no bar e comprei um maço de cigar-r os. Vin te cigarr os. Eram os vin te ami gos qu e iam passar a no it ecomigo.

A porta se fechou como uma despedida para a rua. Mas apor ta sem pre se fechava assim . Ela se fecho u com um som abafadoe rouco. Mas era sempre assim que ela se fechava. Um som queparecia o adeu s de u m con den ado . M as a por ta sim pl esm ente se

fech ara e ela sem p re se fech ava assim . T odos os d ias ela se fech avaassim.Acen der o f ogo, esqu entar o arr oz, fr i tar um ovo. A gor du ra

estala e esp ir r a feri n d o m in h as m ãos. A com id a estava boa. Estavarealmente boa, embora tenha f icado quase a metade no prato.H avia um a casqu in h a de ovo e p ensei em ped ir -m e desculp as po risso. Sor r i com esse pen sam ent o. Ach o q ue sor r i. D evo t er sor r id o.Er a só u m a casqu in h a.

Bu squ ei n o sil êncio da cop a algu m in seto m as eles já haviamtodos adormecido para a manhã de domingo. Então eu falei emvoz alt a. Precisava ouvir algum a coi sa e falei em voz alt a. Foi só u m afrase banal. Se houvesse alguém perto diria que eu estava fican-do doido. Eu sorr ir ia. Mas não havia ninguém. Eu podia dizer o

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qu e qu isesse. N ão h avia ni n guém para m e ou vir . Eu p od ia rol ar n o

chão, ficar n u , arr an car o s cabelo s, gem er, cho r ar , sol uçar , perd era fala, n ão h avia nin guém para me ver. N in guém para me ou vir .N ão h avia n in guém . Eu p odi a até mo rr er .

D e m an h ã o padeir o m e pergun tou se estava tud o b om . Eusor r i e d isse qu e estava. N a ru a o vizin h o m e per gun to u se estavatudo certo. Eu disse que sim e sorr i . Também meu patrão mepergun tou e eu sor r i n do di sse que sim . Veio a tard e e m eu p ri m om e pergu n to u se estava tu d o em paz e eu sor r i d izen do q ue estava.Depois uma conhecida me perguntou se estava tudo azul e eusor r i e d isse qu e sim , estava, tu d o azu l.

( V IL ELA, L u iz. T remor de terr a . 4ª ed . São Paul o,Ática, 1977, p. 93.)

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CAPÍTULO 4

NÍVEIS DE LINGUAGEM

L eia esta ti r a:

O bserve com o o aut or consegui u u m efeito h um or ístico alter-n an do o n ível de lin guagem n os qu adr in h os; nos do is pr im eiros, alinguagem usada apresenta um nível formal, seguindo a normaculta; já n o ú ltim o, o nível d e lin guagem é in for m al, semelh an te agír ias usadas d iari am ent e. Podem os, en tão, defin ir os n íveis de lin -

guagem da segui n te m an eira:Linguagem formal : É aquela que se caracteriza pela correçãogramatical, r iqueza de vocabulário, com ausência de gírias e ter-m os r egion ais.

L in gu agem in formal : É aquela que se car acteri za pela li berdadede expressão, sem convenções gramaticais. Esse tipo de linguagemgeralm ente apresenta dim in ut ivos e aum entativos com senti do afe-tivo ou pejorativo; apresenta gírias, regionalismos, vícios lingüís-

ticos e termos usados no dia-a-dia.Ambos os níveis são corretos nas circunstâncias adequadas.O aut or , ao tr abalh ar o texto , deverá adequ ar a l i n guagem à per-son agem p ar a que o texto seja verossím il , isto é, p ar ecid o com arealidade.

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Observe este exemplo:

“ O rapaz é posto p ara depor , o delegado olh a-o com f ir m ezae pergun ta:

 – O Sen h or con fessa que estava prom oven do bader n as n o bar? – N ão dotô, n ó is tava beb en do un s b i r in ai t i , até qu i o don o

dissi qui tava na hora di fechá o istabel ic imento, então nóisreclam am u e ele cum eçô a jogá água nu chão e mo lh ô os pacotedi pão qu i eu i a levá prá patroa, f iq uei i n vocado i d ei un s catir i-papo n u vagabu n d o. M as di leve.

 – Com o o sen h or al ega que a agr essão fo i , fo i ... ‘ de leve’ , odo n o d o bar apr esen tou m ui tos h ematom as n o r osto?

 – Em a o qu ê? – H em atom as, esco r iações, fer im en tos...”

Veja que o n arr ador usou l in guagem form al, ele sempre se utili- zar á d ela . Já as person agens usam a lin guagem devid a. Perceba qu eo delegado usou linguagem formal e o rapaz usou a linguagem

in for m al p ara qu e o texto seja o m ais pr óx im o p ossível da realid ade.

EXERCÍCIOS

1) Procure nos jorn ais Folha de São Paulo e N otíci as Popu la res , quepertencem à m esm a em pr esa, du as n ot ícias do m esm o assun to .

Indique qual jornal apresenta l inguagem formal e qual apre-sen ta l in guagem in for m al. Expl iqu e o po rq uê do uso di ferentedo n ível de l in guagem para cada jorn al.

2) Elabor e um a narr ação em terceir a pessoa com di scurso d ir etoenvolven do person agen s qu e uti l izam n íveis de l in guagem di fe-rentes.

3) Escreva u m a car ta declarand o o seu am or qu e há tem p os você

escon d ia. N ão assin e seu n om e, por ém deix e pistas descr i ti vas aseu respeito.

4) Escreva um a cart a ao d ir etor do colégio, sol i citan do um a salapara que seja m on tado o Gr êmi o Recreativo Alu n os U n id os.

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CAPÍTULO 5

O TEMPO NA NARRATIVA

Uma histór ia deve se passar num determinado tempo quepo de ser cron oló gico ou psicológico.

Tempo cronológico é aqu ele m arcado pelo r elógio ou pela con -tagem dos d ias, sem anas, m eses, anos.

“ Aco r d ei m ais ced o n o f eri ad o, m in h a esp osa viajar a e levar ameus fi lhos, f iquei só. Peguei meu chinelo velho que ela insistia

em jogar fora, sentei na poltrona; acendi o cachimbo, ninguémir ia reclam ar do cheiro, abr i o jor n al , l i -o em paz. Foi m in h a m e-lh or m an h ã de fer i ado.”

T empo psi cológi co  não é marcado por nenhuma unidade detempo, pois refere-se ao mundo interior da personagem, às suaslembranças, divagações.

“É com alegria que me lembro do antigo colégio, das estr i-p u li as, d os am igo s, dos p r of essor es, do d ir etor ...Fel ip o era o m eu gran de am igo, paquerador em ér i to, con -

quistava todas as garotas que desejava. Eu era tímido, calado;deliciava-me com as conquistas dele. Tinha também Juliana, meuprimeiro amor, secreto, dolorido; beijava-a todas as noites silen-ciosas, to dos os d ias de ch u va; bastava estar só e lá apareci a o r ostobranco e suave de Juliana. Na classe os cabelos encaracoladosem ar an h avam m in h a visão, f icava per di do ol h an do -a, até o p ro fes-sor m e ch am ar e eu to m ar u m belo susto e servir d e alvo par a asbr in cadeir as dos colegas.

M eu apelid o er a Da L ua, achavam -m e di str aído . M as n ão er a;apenas sonhava com Juliana...”

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Veja o belo texto de Rubem Braga, note como o tempo é

trabalhado:

O PADEIRORubem Braga

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira nofogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas nãoen contr o o p ão costum eir o. No m esm o in stan te me lemb ro de ter

lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pãodo rm id o” . D e resto n ão é bem um a greve, é um lock-out , greve do spatrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obri-gan do o p ovo a tom ar seu café da manh ã com pão do rm id o con se-guir ão n ão sei bem o qu ê do govern o.

Está bem . T om o o m eu café com pão dor m id o, que não é tãoruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de umh om em m odesto qu e conh eci an tigam en te. Q uando vin h a deixar

o p ão à po r ta do apart am ento ele aper tava a cam p ain h a, m as, paran ão in com od ar o s m or ad or es, avisava gri tand o: – N ão é n in gu ém , é o p ad ei r o!I n terr oguei-o u m a vez: com o t i vera a id éia de gr i tar aqu il o?“ En tão você n ão é n in guém ?”Ele abr iu um sor r i so largo. Exp l icou que apr en dera aqui lo

de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha deuma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa

qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntandoqu em era; e ouvir a p essoa que o atend era dizer para den tr o: “n ãoé ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo quen ão era nin guém ...

( Para gostar de ler . São Paulo, Át ica, 1984, v. 1, p . 63-64.)

Observe como o autor trabalhou as duas formas básicas detempo:

Cronológico : “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho achaleira n o f ogo... e abr o a po r ta.”

As ações da personagem estão no presente, retratando asrealizações neste espaço de tempo.

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Psicológico : “E enquanto tom o café vou m e lem brando de um

h om em m odesto qu e con h eci an tigam en te. Q uando vin h a deixaro p ão à por ta do apart am ent o ele ap ertava a cam p ain h a, m as p ar an ão in com od ar o s m or ado r es, avisava gri tand o:

 – N ão é n in gu ém , é o pad ei ro!”

As ações são retiradas da lembrança do narrador-persona-gem , nu m tem po qu alquer .

EXERCÍCIOS

1) Elabor e um texto n arr at ivo segui n do as or ientações:a – L ocal ize os fatos nu m tem po d ef in ido.b – Em pr egue ações cuja su cessão m ar qu em a passagem do

tempo.c – Enfat ize a idéia de que o tem po é im por tant e, que a perso-

n agem depen de d ele para r ealizar algo.d – Por exem pl o, a person agem deve sald ar um a dívida nu mprazo de tempo pequeno estipulado pelo cobrador, casonão saldá-la, correrá risco de vida. Conte as peripécias dapersonagem para resolver o problema, faça um f inal sur-preendente.

2) N um a l in guagem afetiva, faça um texto em q ue um a person a-

gem id osa, em um a cadeir a de ro das, relem br a a juven tu de, ouum fato m arcan te da juven tu de. N ão u se data específi ca, com e-ce seu texto narrando o momento presente e aos poucosrelem br an do o p assado .

3) Cri e um a h istór ia em qu e se m istu rem tem po s cron oló gicos epsicológicos.

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CAPÍTULO 6

ENREDO

En r edo é u m a seqüên cia de fatos or den ado s.Para que seu texto tenha sentido, você deverá organizar a

or dem do s acon tecim entos em sua h istór ia.O bserve esta seqüência de fato s, perceba com o a or dem ló gi-

ca do s fatos aju da a enten der m elh or o texto .

O Homem NuFer n an do Sabin o

Ao acord ar, d isse para a m ul h er: – Escu ta, m in h a f i lh a: h o je é d ia d e pagar a p r estação da

televisão, vem aí o su jeito com a con ta, na cer ta. M as acon tece queon tem eu n ão tr oux e din h eir o da cidade, estou a nenh um .

 – Exp l iqu e isso ao h om em – pon der ou a m u lh er . – N ão gosto d essas co isas. D á u m ar de vigar ice, gosto de

cum pr ir r igor osam ente as m in h as ob r igações. Escuta: qu an do ele

vier a gente f ica quieto aqui dentro, não faz barulho, para elepensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar – ama-n h ã eu p ago.

Pouco d epoi s, tend o d espi do o p ijam a, di r igiu -se ao ban h ei-ro para tom ar u m banh o, m as a m ul h er já se tr an cara lá den tr o.En qu ant o esp erava, r esol veu fazer u m café. Pôs a água a fer ver eabr iu a por ta de serviço p ar a ap an h ar o p ão. Com o esti vesse com -pletamente nu, olhou com cautela para um lado e para outroantes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixadopelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muitocedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém,to cavam o p ão, a por ta atr ás de si f ech ou -se com estr on do, im pu l-sio n ada pelo vent o.

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Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de

to cá-la, f ico u à esper a, olh an d o an sio sam ent e ao r edor . O u viu láden tr o o r uíd o d a água do chu veir o in terr om per-se de súb ito , m asn in guém veio abri r . Na cert a a m ul h er p ensava qu e já era o sujeitod a televisão. Bateu com o n ó d os dedo s:

 – M ar ia! Abr e aí , M ar ia. Sou eu – ch am ou , em voz b ai xa.Q uan to m ais batia, m ais sil êncio fazia lá dent r o.Enq uant o i sso, ou via lá em baixo a por ta do elevado r fech ar-

se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era  ohomem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço de escada entre os andares,esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seuapartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulhode pão:

 – M ar ia, p or favo r ! Sou eu !D esta vez não teve tem po de in sisti r : ou viu passos n a escada,

lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhouao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na

m ão, parecia execut ar u m ballet  grotesco e mal-ensaiado. Os pas-sos n a escad a se apr ox im avam , e ele sem on d e se escon der. Co r -reu p ara o elevado r, apert ou o bo tão. Foi o tem po de abr ir a po rt ae ent r ar, e a em pr egada passava, vagar osa, en cetan do a su bi da dem ais u m lanço de escad a. Ele r esp ir ou ali viado, enx u gan d o o suo rda testa com o em br ul h o d o p ão. M as eis qu e a po rt a in tern a doelevador se fech a e ele co m eça a descer.

 – Ah , isso é qu e n ão ! – d iz o h om em n u , sobr essal tad o.

E agora? Alguém lá embaixo abrir ia a porta do elevador edaria com ele al i , em pêlo, pod ia m esm o ser algum vizin h o con h e-cid o... Percebeu , desor ien tado , qu e estava send o levado cad a vezp ar a m ais lo n ge de seu apartam ent o, com eçava a viver u m verd a-deiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o maisautên tico e d esvair ado Regim e de T erro r!

 – I sso é que n ão – r ep et iu , fu r ioso.Agarr ou -se à po r ta do elevad or e abr iu -a com for ça ent r e os

an dares, ob r igand o-o a parar. Respi r ou fu n d o, fech an d o os ol h os,p ar a ter a m om entân ea il usão d e que son h ava. Depo is exper im en-tou apert ar o bo tão d e seu an dar. L á emb aixo cont in uavam a cha-m ar o elevado r. An tes de m ais n ada: “Em ergên cia: parar.” M ui tobem . E agor a? I r ia sub ir ou d escer ? Com caut ela desli gou a parad a

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de em ergência, largou a p or ta, enq u an to in sisti a em fazer o eleva-

dor sub ir . O elevador sub iu . – M ar ia! Abr e esta por ta! – gr i tava, d esta vez esm u r r an do aporta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abriaatrás de si. Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente etentando inut i lmente cobr ir -se com o embrulho de pão. Era avelha do apartam en to vizin h o:

 – Bom d ia, m in h a sen h or a – d isse el e, co n fuso. – I m agin equ e eu ...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou umgr i to :

 – Valh a-me D eu s! O padei ro está n u !E cor reu ao telefon e para cham ar a radi op atr ul h a:

 – T em u m h om em pel ad o aqu i n a por ta!Outros vizinhos, ouvindo a gr itar ia, vieram ver o que se

passava: – É u m tar ad o! – O lh a, qu e h or r or !

 – N ão o lh a n ão ! Já par a den tr o, m in h a f i lh a!M ar ia, a espo sa d o in feli z, abr iu fi n alm ent e a po r ta p ar a vero que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitada-mente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois,r estabelecid a a calm a lá for a, bater am n a p or ta.

 – D eve ser a p o l ícia – d isse el e, ain d a o fegan te, in do abr i r .N ão era: era o cob r ad or da televisão.

( SABIN O , Fern and o. O H omem N u . 24ª ed .

Rio de Jan eir o, Recor d , 1984. p . 65-8.)

AN ÁL ISE DO ENREDO

O aut or in tr od uz a h istór ia já com um pr obl ema: a visita docobrador . A p erson agem pr in cipal pede à m ul h er para n ão abr ir aporta em hipótese nenhuma, para ninguém.

D espi u-se e foi ao banh eiro t om ar ban h o, no en tan to a m u-lher entrara antes e se trancara. A personagem, então, resolvefazer o café; e, nu , vai à ár ea de serviço d o l ado d e for a pegar o p ãoe a po rt a se tranca po r den tr o.

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Note que a seqüência lógica dos fatos não deixa a história

absur d a, tud o q ue oco r r eu é po ssível.Lá fora a personagem passa por difíceis situações para nãoser vista n u a. T odas as si tuações são ver ossím eis.

D escob ert a por um a senh or a, qu e assu stada li ga para a p ol í-cia, a personagem consegue desesperadamente entrar em suacasa. Restabelecid a a or dem , algu ém to ca a camp ain h a; a person a-gem abr e achand o q ue era a po lícia e dá de cara com o cobr ado r.

Você deve ter percebido que a seqüência lógica dos fatostornou a história “verdadeira” e interessante, com a personagempassan do a todo in stan te p or acon tecim ento s com pl icado s, e ter -m in an do p or f im de maneira sur pr eend ente.

a) Est rutu ra do Enredo

Toda história tem um princípio (introdução), um meio (desen-volvimento) e um fim (desfecho).

In t rodução : o autor apresenta: a idéia principal, as persona-gens, o l u gar aon d e vai ocor r er o s fatos.

Desenvolvimento : é a parte m ais im po rt an te do en redo , é n elequ e o aut or d etalh a a id éia pr in cipal.

O desenvolvim ento é dividi do em d uas part es:Complicação : quand o h á um a ligação en tr e os fatos levan do a

personagem a um conflito, situação complicada.Clímax : é o m om ento m ais im po rt an te da narr at iva, a situ a-

ção ch ega em seu m om ent o cr íti co e pr ecisa ser r esol vid a.

Desfecho : é a parte final, a conclusão. Nessa parte o autorsoluciona todos os conflitos, podendo levar a narrativa para umfinal feliz, trágico ou ainda sem um desfecho definido, deixandoas con clu sões para o lei to r .

EXERCÍCIOS

1) Faça a estru tur ação do enredo do texto “O H om em N u” :a) in t rodução :b) desen volvim en to ( comp licação e clímax) :c) desfecho:

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2) Elabor e um a n arr at iva em q ue a per son agem passe po r m o-

m ent os delicados e sucessivos. Dê um fi n al su rp reen dent e.3) L eia os texto s a segui r e crie u m a hi stór ia de suspen se. Procur e

sur pr een der o le i tor com o f i n al d a n arr at iva.

TESTEMUNHA TRANQÜILA

O cam arada ch egou assim com ar suspeit o, olh ou pr os ladoe – como n ão p arecia ter n in guém por perto – forçou a por ta doapartam ento e en tr ou . Eu estava parado olh an do , para ver n o q ueia dar aqu i lo .

N a verd ade eu estava vend o n it id am ent e tod a a cen a e sent iqu e o cam ar ada era um m au-car áter.

E fo i batata. Entrou no apartamento e olhou em volta.Penumbra total. Caminhou até o telefone e desligou com cuida-do, n a certa para qu e o aparelh o n ão to casse enq uanto ele esti ves-

se ali . Isto – p ensei – é por qu e ele n ão q uer qu e ni n guém n ote asu a pr esença: lo go, só p od e ser u m lad r ão, ou coi sa assim .Mas não era. Se fosse ladrão, estaria revistando as gavetas,

m exend o em tu do , pr ocur an d o coisas p ar a levar . O cara – ao con -trár io – parecia mo rar p erf eitam ente no am bient e, pois m esm o n apenumbra se or ientou muito bem e andou desembaraçado atéum a po ltr on a, on de sen tou e f icou qu ieto.

 – Pio r que lad r ão . Esse car a d ever ser u m assassin o e está

esperando alguém chegar para matar – eu tornei a pensar e melem br o ( in clusive) qu e ch eguei a suspi rar al iviado po r n ão con h e-cer o h om em e – por tant o – ser d if ícil qu e ele esti vesse esperand opor mim. Pensamento bobo, de resto, eu não t inha nada a vercom aqui lo .

D e rep ent e, ele se retesou n a cad eir a. Passos n o co r r edo r . O spassos, ou m elh or , a p essoa qu e dava os p assos, parou em fr en te àpo r ta do apartam ent o. O detalh e er a visível pela résti a de lu z qu evin h a po r baixo da po r ta. Som de ch ave na fech adu r a e a p or ta seabriu lentamente e logo a silhueta de uma mulher se desenhoucon tr a a lu z. Bon it a ou feia? – pen sei eu. Poi s era um a graça, m euscaros. Quando ela acendeu a luz da sala é que eu pude ver. Eraboa às pam pas. Qu an do viu o cara n a poltr on a ain da tentou recu-

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ar , m as ele avan çou e fecho u a por ta com u m p on tapé... e eu ali

o lhando. Fechou a porta, caminhou em direção à bonit inha ep ataco... tacou -lh e a pr im eir a bolacha. Ela estr em eceu n os ali cer -ces e pi m pa... tacou ou tr a.

Os caros leitores perguntarão: – E você? Assistindo aquilotudo sem tomar uma atitude? – a pergunta é razoável. Eu tomeiu m a atit ud e, r ealm ent e. D esli guei a televisão, a im agem do s do isdesapareceu e eu f ui do rm ir .

(Stanislaw Ponte Preta)

EPISÓDIO DO INIMIGO

Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estavaem minha casa. Da janela vi-o subir penosamente pelo ásperocam in h o d o cerr o, com a ajud a de um a bengala, de um a bengalar ú sti ca, qu e em su as velh as m ãos n ão pod ia ser u m a ar m a, apenasum báculo . O uvi, com di f icul dade, o q ue esperava: a débil batid a

n a por ta. O lh ei, não sem n ostalgia, para m eus m an u scri to s, o r as-cun h o sem term in ar e o tr atado de Ar temi do ro sobr e os son h os,l ivro um pou co an ôm alo al i , já que n ão sei grego. O utr o d ia perdi -do – pensei. T ive qu e for çar a chave. T em i q ue o h om em d esfale-cesse, mas deu uns passos incertos, soltou a bengala, que não vimais, e caiu em minha cama, exausto. Minha ansiedade o imagi-nara muitas vezes, mas só então notei que se parecia, de modoqu ase fr atern al, ao úl t im o r etrato d e L in coln . Seriam qu atr o h or as

da tar de.I n clin ei-m e sob r e ele p ar a que m e ou visse. – Pen sam os que os an os só passam par a n ós m esm os – d isse-

lh e –, m as passam tam bém p ar a os ou tr os. Aqu i n os encon tr am osfin alm ente e o qu e acont eceu an tes n ão t em sentid o.

Enquanto eu falava, ele havia desabotoado o sobretudo. Am ão d ir eita estava no bol so d o p aletó. Al gum a coi sa apo n tava par am im e percebi q ue era um revólver .

Falou -m e en tão com voz f irm e: – Par a en t r ar em su a casa, r ecor r i à com p ai xão . Agor a o

tenh o em m in h as m ãos e não sou m isericord ioso.En saiei algu m as p alavr as. N ão sou u m h om em fo r te e só as

p alavr as p od iam salvar-m e. Co n segui d izer:

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 – É ver d ad e que h á m u i to tem po m al tr atei um a cr ian ça, m as

você não é mais aquela criança nem eu aquele insensato. Alémd isso, a vin gan ça n ão é m enos vaid osa e ri d ícul a qu e o per dão. – Pr ecisam en te por que n ão sou m ais aq u el a cr ian ça – r ep l i -

cou-me – tenho que matá-lo. Não se trata de uma vingança, masde u m ato de ju sti ça. Seus ar gum en to s, Bo rges, são m ero s estr ata-gemas de seu terror para que eu não o mate. Já não pode fazerm ais n ad a.

 – Posso fazer u m a co isa – r espon d i -lh e. – O quê? – per gun tou -m e. – A cor d ar .E assim fi z.( BO RGES, Jor ge L uis. “Episódi o d o i n im igo”. N ova an tologia 

pessoal . Rio d e Janei r o, Sabiá.)

U m ro teiro po derá ajud á-lo n a com po sição d e sua hi stór ia:a) o que acon teceu?b) ond e acon teceu?

c) quand o aconteceu?d) qu ais as car acterí sti cas da per son agem ?e) elem ent os gerador es de suspense.f ) contar som en te o part icular levand o o le i tor para o in te-

r i or d a t rama.

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CAPÍTULO 7

A ESTRUTURA NARRATIVA

Após estudar os elementos básicos de uma narração – perso- nagem, tempo, tipo de narrador, tipo de discurso e enredo – você verá,agor a, a estr ut ur a do texto n ar r ativo, ou seja, de que fo r m a o t exton ar r ati vo d eve ser estr u tu rado p ar a qu e se to r n e con sisten te.

A n ar r ativa é, em sín tese, o r elato d e algo . Este r elato é estr u -tu rado com base em qu atr o tó pi cos: manipulação, competência,“ performance” e sanção.

M a n i p u l a çã o  : U m a person agem ou algo in du z ou tr a person a-

gem a fazer algu m a coisa. A q ue pr ati ca o ato d eve ou qu er fazê-lo .Competência : Aquele que pratica o ato possui o saber, ou o

poder .

“ Performance ” : É o desenvolvim ento do ato.

Sanção : É a r ecom p ensa ou p enali zação sob r e o ato.

O bserve essa estr u tu ra em um text o:

A RAPOSA E AS UVAS

M il lôr Fern and es

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatrod ias e gula de tod os os tem pos, saiu do areal d o d esert o e caiu n asom br a deli ciosa do parr eiral que descia po r u m pr ecip ício a per-der de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto,cach os de uvas m ar avil h osos, uvas grand es, ten tado r as. Ar m ou u msalto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das

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uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu

mais o corpo, deu tudo que t inha, não conseguiu nem roçar asuvas gor das e redon das. Desisti u , di zendo en tr e den tes, com r aiva:“Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes.” E foidescen do , com cuid ado , quand o viu à sua fren te um a pedr a enor -m e. Com esfor ço em pu rr ou a pedr a até o lo cal em qu e estavam oscacho s de u va, trepo u n a ped r a, perigo sam ent e, po is o ter r eno erairregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e... conse-guiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cus-piu. Realmente as uvas estavam muito verdes!

MORAL: A FRUSTRAÇÃO É UMA FORMA DE JULGA-M EN TO TÃO BOA COM O Q U AL QU ER OU TRA.

( FERN AN DES, M i l lôr . Fábu la s fabu losas . 9º ed.Rio de Jan eir o, N ór d ica, 1985, p. 118.)

O BSERVE A EST RU T U RA D O T EX T O

M a n i p u l a çã o  : M ovid a pela fom e a r aposa ten ta pegar as u vasda parr eira.

Competência : Ela, a rapo sa, qu er ia as u vas e pod ia pegá-las.

“Performance” : No entanto todas as suas tentativas foramem vão.

Sanção : N ão co n segu iu as u vas qu e desejava.

Praticamente todo bom texto narrat ivo é baseado nessaestrutura, a personagem precisa fazer algo, deve saber fazê-lo,deve executar e será recompensada ou penalizada, dependendoda su a performance .

EXERCÍCIOS

1) L eia o t exto a segui r e divid a-o em : m an ip ul ação, com petência,performance e sanção.

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TRAGÉDIA BRASILEIRA

M isael, fun cion ár io da Fazend a, com 63 an os de id ade.Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífi l is,

der m ite n os dedo s, um a ali an ça emp enh ada e os den tes em peti-ção d e m iséri a.

M isael t ir ou M ari a Elvir a da vid a, in stalou -a nu m sobr ado n oEstácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quandoela qu eria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjoulogo um nam orado.

M isael n ão q ueri a escân dalo. Pod ia dar um a sur ra, um t ir o,u m a facada. N ão fez n ada di sso: m u dou de casa.

Vi ver am tr ês anos assim .T od a vez qu e M ari a Elvir a arr an java namo rado, M isael m ud a-

va de casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua Gene-

ral Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês

d e Sap ucaí, N it erói , Encan tado, Rua Clapp , ou tr a vez n o Estácio ,T od os os San to s, Catu m bi , L avr ad io , Boca d o M ato , In váli d os...Por f im na Rua da Constituição, onde Misael, pr ivado de

sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foiencon tr á-la caída em decúbi to do rsal, vesti da d e or gan di azul .

(Manuel Bandeira)

2) Elabor e um texto n ar r ati vo, basean do -se n a in d icação a segu ir :

U m a p erson agem d eve executar u m a tarefa p ar a a qu al n ãotem competência, porém deve obrigatoriamente realizá-la, casocon tr ár i o será terr i velm ente p enalizada.

An tes de pr od uzir o seu text o p ense: Q ue sit uação a person a-gem d eve en fr ent ar ? Por qu e não sabe execut ar ? O qu e sof rerá sen ão execu tar? Com o r esol ve?

Faça um rascunho marcando: manipulação, competência,performance e sanção.

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CAPÍTULO 8

A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO NARRATIVO

Você já apr end eu a tr abalh ar com os elementos e com a estr u -tura da narrativa. Observe, agora, como um texto narrativo deveser or gan izad o.

A) NARRAÇÃO OBJETIVA

N arr ação obj et iva é aqu ela qu e costu m am os ler em jor n ais,em li vros de h istó r ia, etc.

Veja um exemp lo:

Árvore cai com a chuva

“Ontem, na rua Colômbia, nos Jardins, desabou uma enor-m e e an ti ga ár vor e sob r e do is car r os. A tem pestade e o for te vent oqu e caír am sob r e a cidad e são os causad or es do acid ent e.”

Vamos caracterizar esse tipo de narrativa: Veja que o narra-dor está em terceir a pessoa; não tom a, po is, part e da h istó r ia, ape-nas relata de maneira imparcial, contando os fatos sem que suaem oção tr an spareça n a narr ativa. Resu m in do , a n ar r ação o bjeti vaapenas in for m a o leitor.

B) N ARRAÇÃO SU BJETI VAN arr ação sub jet iva é aqu ela em qu e o n arr ado r deix a trans-

parecer o s seus sen tim ento s, sua po sição d ian te d o fato é sensível,emocional.

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O CAJUEIRO

O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nasmais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, noalto do morro atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo queele caiu.

Eu m e lem bro do o ut r o cajue i ro que era menor , e m orr euh á m ui to t emp o. Eu m e lem br o d os pés da pin h a, do cajá-m an ga,da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamáva-m os sim p lesm en te “ tala”) e da alt a sabon eteir a qu e era n ossa ale-gr ia e a cobiça de toda a meninada do bairro porque forneciacen ten as de b olas pr etas p ar a jogo d e gud e. L em br o-m e da tam a-reira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me daparreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de f loresh u m il des, beijo s, vio letas. T ud o sum ir a; m as o gr an d e pé de fru ta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram comoár vor es sagradas p r ot egend o a fam íli a. Cad a m eni n o qu e ia cres-cen do ia apr end end o o j eito d e seu tr on co, a cica de seu fr ut o, o

lu gar m elh or para apo iar o p é e sub ir pelo caju eiro acim a, ver delá o t elh ad o d as casas do ou tr o l ado e os m or r os além , sent ir o l evebalanceio n a br isa da tard e.

No último verão ainda o vi; estava como sempre carregadod e fr u to s amarelo s, tr êm u lo d e san h aços. Ch over a: m as assim m es-m o f iz questão de qu e Car ib é su bi sse o m or r o p ar a vê-lo d e pert o,como quem apresenta a um amigo de outras terras um parentem ui to quer ido .

A cart a de m in h a ir m ã m ais m oça di z qu e ele caiu n um a tar-de de ventania, n um fr agor t rem end o p ela ri ban ceir a; e caiu m eiode lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velhacasa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe,em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seusfilhos pequenos se assustaram, mas depois foram brincar nosgalhos tombados.

Foi agor a, em fi n s d e setem br o. Estava car r egado d e flo r es.( BRAGA, Rubem. Cem Crônicas Escolhidas,

L ivr. José O lym p io Edi to r a, RJ, 1956.)

O n ar rador , n este texto, con ta a pr in cípio u m a h istór ia banal:A queda de um cajueiro . No entanto traz à tona suas recordações

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de in fância, suas ú lt im as visões da árvor e e po r fim a ir on ia: apesar

de ser fi n s de setembr o, pr im avera, o caju eiro q ue estava “ tom badode fl or es” caiu .De forma tocante, o narrador nos faz sentir um certo senti-

m ento de com paixão e cari n h o p elo cajueir o. A n arr ação sub jet i-va tem esta fi n ali dade.

EXERCÍCIOS

1) L eia o t exto a segui r e retir e passagen s qu e in di cam o sub jeti-vism o do n arr ado r.

COISAS ANTIGAS

D epoi s de cu m pr ir m eus afazeres vol tei p ar a casa, pen du r eio guarda-chuva a um canto e me pus a contemplá-lo. Senti entãouma certa simpatia por ele; meu velho rancor contra os guarda-chuvas cedeu lugar a um estranho carinho, e eu mesmo fiqueicur io so d e saber qu al a or igem d esse car in h o.

Pen san d o b em , ele talvez der ive do fato, creio q u e já n otado

por outras pessoas, de ser o guarda-chuva o objeto do mundomoderno mais infenso a mudanças. Sou apenas um quarentão, epraticamente nenhum objeto de minha infância existe mais emsua for m a pr im iti va. D e m áqu in as com o telefon e, au tom óvel, etc.,nem é bom falar. Mil pequenos objetos de uso mudaram de for-m a, de cor , de m ater ial; em algu n s casos, é verd ad e, par a m elh or ;m as m ud aram .

O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas, jáse entregaram aos piores desregramentos futuristas e tanto abusa-ram qu e até caíram de m od a. Ele perm an eceu austero , negro, comseu cabo e suas invariáveis varetas. De junco fino ou pinho vul-gar, d e algod ão o u de seda an im al, po br e ou r ico, ele se tem m an -t ido d igno.

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Reparem q ue é um dos engenh os m ais cur io sos qu e o h om em

 já in ven tou ; tem ao m esm o tem po algo de r id ícu lo e algo fún ebre,essa pequ ena bar raca ambu lan te.Já n a m in h a in fância er a u m ob jeto d e ar es an tiq u ado s, qu e

p arecia vin d o d e ép ocas r em ot as, e um a de suas caracter ísti cas eraser muito usado em enterros. Por outro lado, esse grande acom-panhador de defuntos sempre teve, apesar de seu feitio grave, ocostum e leviano de se perder, de sum ir , de m ud ar de d on o. Ele naverd ade só é fi el a seus am igo s cem por cen to , qu e com ele saemtodo dia, faça chuva ou sol, apesar dos motejos alheios; a estes,respeita. O freguês vulgar e ocasional, este o irrita, e ele se apro-veita da pr im eira di str ação p ara sum ir .

Nada disso, entretanto, lhe tira o ar honrado. Ali está ele,m eio aber to, ain da m ol h ado , ch or oso; descan sa com um a espéciede h um il dade ou paciên cia h um an a; se tivesse lib erd ade d e m ovi-mentos não duvido que ir ia para cima do telhado quentar sol,com o fazem o s u r ub us.

Entrou calmamente pela era atômica, e olha com ironia a

arquitetura e os móveis chamados funcionais: ele já era funcionalm uit o an tes de se usar esse ad jeti vo; e tant o q ue a fan tasia, a in qu ie-tação e a ân sia de var iedade do h om em n ão con segui ram m od if icá-lo em coisa algu m a.

( BRAGA, Rubem. 20 0 Crôn i cas Escolh i das .Rio d e Janeir o, Recor d , 1979, p. 218.)

2) L eia o t exto a segui r e reescreva-o d e for m a objetiva, sem elh an -

te a um a n otícia de jor n al.

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Go stoso era carr egado r de f eira-l i vr e e m or ava no m or ro daBabi lô n ia n um barr acão sem n úm ero .U m a no ite ele ch egou n o bar Vin te de N ovem bro

BebeuCantouDançouD epois se at ir ou n a Lagoa Rodr igo d e Freitas e m or reu afogado .

( BAN D EI RA , M an u el . Libertinagem )

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3) A exem pl o d e Rub em Br aga faça um texto sub jet ivo sobr e

um objeto qualquer .

C) O CO N FL I T O

O conflito é um elemento decisivo para a organização dotexto narr at ivo, pod endo ser defini do com o um jogo en tr e for çasopostas.

Todos os elementos da narrat iva se prendem em torno doconfl i to cr iado p ela pr esen ça de u m a força con tr ár i a, fato n ovo,qu e desencadeia o con fli to da per son agem , im po ssibi l i tand o-a der eali zar seus obj eti vos.

O conflito pode ser de várias ordens: financeira, social, psi-cológica, emocional, etc.

Basicam ente p od emo s di vid ir o con fli to em do is aspectos:a) o ser / não ser

b ) o ter / n ão terNormalmente em nossa vida vivemos vários conflitos: que-remos ter um carro e não temos, queremos ser magros e somosgor d os, qu erem os ser am ad os e n ão som os, etc.

Já a personagem viverá apenas um conflito, porém vividointensamente.

O bserve o texto a segui r :

MINHA CASTA DULCINÉIA

Estou numa esquina de Copacabana, são duas horas dam adr u gad a. Esper o u m a con d ução qu e m e leve para casa. À po rt ade um “d an cin g”, ho m ens con versam , m ul h eres entr am e saem , opor teir o esp ia son ol ent o. O u tr as se esgueir am pela calçada, fazen-do a ch am ada vid a fácil .

D e súb ito a paisagem se pertur ba. Cor re um frêm ito n o ar, hápânico no rosto das mulheres que fogem. Que aconteceu? De umm om ent o p ara out ro, n ão se vê m ais um a saia pelas ruas – e m esm oos homens se recolhem discretamente à sombra dos edifícios.

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 – Q ue acon teceu ? – p er gun to a alguém que passa ap ressad o.É a r adi op atr ul h a: vejo o carr o n egro sur gir d a esqu in a com o

um deus bli n dado e vir ro dand o d evagar, en qu an to o s olh os terr í-veis da po lí cia esp r eitam aqu i e ali. N ão se sabe com o, sua apari çãofoi antecedida de um aviso que veio rolando pelas ruas, trazidotalvez pelo ven to , espalh an do o m edo e po ssib il it an do a fuga.

Eis, po r ém , que su r gem d a esqu in a d u as m u lh eres, desavisa-das e tranqüilas. Uma é mulata e alta, outra é baixa e tão preta,qu e só o vesti do se destaca den tr o d a n oi te – am bas pob res e feias.Vêem o i n im igo, per dem a cabeça e saem em d isparada, cada um a

p ar a o seu lado . O car r o d a po lícia aceler a, ao en calço d a m u lata:em do is m in ut os ela é alcan çada...

A ou tra, trêm ula de medo, se encolhe a m eu lado como um an i-mal, tentando ocultar-se. O carro faz a volta e vem se aproximando.

 – Pelo am or de D eu s, m oço , d iga q u e está com igo.Já não há tempo de fugir. A pretinha me olha assustada,

ped in do li cen ça para tom ar -m e o braço, e, assim pr otegid a, en fr en-ta o o lh ar do s po liciais. T om ado de sur pr esa, f ico i m óvel, e som os

com o u m feliz, ain da que in sóli to, casal. Ergo o cor po para en fr en-tar a situação. Ouço a voz de Quixote sussurrar-me que agora, ouvou pr eso com ela, ou n in guém vai. N a verd ade, neste in stante d eh ero ísm o, un id o a um ser h um an o p elo br aço, sin to-m e capaz deenf rent ar até o Ju ízo Fin al, qu an to m ais a D elegacia de Costu m es.

Passado o perigo, a preta retira humildemente o braço dom eu, faz um tr ejeit o, agradecen do , e desapar ece na escur id ão. Eué que agradeço, minha senhora – é o que pensa aqui o fidalgo.

T om o alegrem ente o m eu l otação e vou para casa com a alm a leve,pensando na existência daquelas pequenas coisas, como diria opoeta, pelas qu ais os h om ens m or r em .

( SABIN O , Fern and o, Qu adran te I  , Recor d .)

As personagens vivem um conflito. Elas não se julgavam cri-m in osas; en tr etan to , naqu ele local, sozin h as, à n oi te, pareceu-lh esque seriam suspeitas à polícia. Por outro lado, a polícia, vendo-ascor r er, sai no seu en calço .

Este con fl it o gi r a em to r n o d as falsas aparências.O im po rt an te é você perceber q ue a narr ativa deve gir ar em

tor n o de um conf lit o, gerado p or u m fato n ovo, e este conf lit o deveser vivid o i n tensam ente pela person agem .

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EXERCÍCIOS

1) N arr e um a h istór ia em qu e um a person agem sin ta in veja dasqu ali dades do am igo , vive im it an d o-o até que...

D) AÇÕES DA PERSONAGEM

Você vai cont ar u m a h istór ia em qu e um ladrão en tr a n um acasa com m ui to cuidado.O pr im eir o p asso é pl an ejar o t r abalh o:

N ar r ad or : 3ª p essoaPer son agem : ladr ãoEspaço: um sob r ad oTempo: no i te

T ip o de n arr at iva: sub jet iva“O ladrão viu qu e não havia nin guém n a casa, abr iu a po rt a

com m ui to cuid ado , olh ou para os lados cert if ican do -se que a casaestava m esm o vazia, d ir igi u -se até a estan te, vascu lh ou -a à p r ocu rad e objetos d e valo r .”

Ap ar entem ente o texto está bo m , em o rd em : com fr ases cur -tas bem-organizadas, sem repetições desnecessárias, muito bom!

Ent retan to po deri a estar m elho r. O bserve:

“ O ladrão espi ou a casa por un s m om ento s, viu qu e não h avianinguém, habilidosamente com auxílio de uma chave de fendaentreabriu a porta, estava escuro, deixou que a claridade da ruaent r asse p r im eiro, colo cou a cabeça n o vão e observou o am bient e,estava livre, entrou. Esperou por uns instantes para que os olhosacostumassem com a escuridão, na ponta dos pés dirigiu-se até a

estan te, len tam ente vascul h ava-a à pr ocu ra de algo de valor .”Veja que o texto ficou mais detalhado, as ações do ladrão

foram minuciosamente relatadas, dessa forma o texto torna-seenvol vente, o l eitor é levado para jun to d o l adr ão.

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Sem pre qu e po ssível detalh e as ações, dei xando-as m ais espe-

cífi cas, seu tex to será m ais gosto so e bem escr it o.

EXERCÍCIOS

1) Cont in ue a h istór ia do ladrão. D escreva o r oub o d e form a deta-lhada.

E) O FATO N O VO

O ut ro tóp ico im po rt an te para a or gan ização e elaboração d anarrativa.

Contar uma histór ia requer do autor um pouco de cr iat iv i -dade e técnica. Veja, ninguém estaria interessado numa históriacom um , sim pl es, em q ue n ão acon teceu n ada de no vo.

Imagine se alguém lhe contasse isso:“Olha, preciso te contar uma coisa. Sabe, vinha hoje para a

escola de ô n ib us, n o cam in h o ele p ar ou , sub ir am algu m as p essoase descer am ou tr as, até qu e chegou a m in h a vez de descer .”

Se você pudesse o que faria com o autor dessa intrigantehistór ia?

Poi s bem . Par a con tar algo, deve ocorr er u m fato qu e m ereça

ser con tado . O qu e acon tece n or m alm ente por aí n ão n os in teres-sa, afi n al já con h ecem os o fato, é com um ; o qu e quer em os é umFATO NOVO.

VALSINHA

U m dia ele chegou tão d iferente do seu jeito d e semp re chegarO lh ou-a du m jeito m uit o m ais quent e do qu e sem pr e costu-

m ava olh arE n ão m ald isse a vid a tan to qu an to era seu jeit o d e sempre falarE n em deixou -a só n um can to, p ara seu grand e espant o con -

vid ou -a pr a r od ar

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Então ela se fez bonita como há muito tempo não queriaousar

Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tantoesperar

Depois os dois deram-se os braços como há muito não seu sava d ar

E ch eios de ter n u r a e graça fo r am p ar a a p r aça e com eçar ama se abr açar

E ali dançaram tanta dança que a vizinh an ça tod a desper touE foi t an ta felicid ade qu e tod a a cidade se il um in ou

E fo r am tanto s beijos lo ucos, tan tos gri tos ro ucos com o n ãose ouviam m aisQ ue o mun do com preendeuE o di a am an h eceuEm p az

( Vin íciu s e Ch ico Buarq ue , in Construção , Ph il ip s, 1971.)

A p ar ti r do texto é possível p ressupo r qu e a person agem m as-

culin a ( ele) n or m alm ente ch egava em casa de m al h um or , irr i ta-da, nervosa e um certo dia chegou diferente.“Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre

chegar...”Esse FATO NOVO modifica a vida das personagens, o que

seria um di a chato com o o s ou tr os, tor n ou -se um di a esp ecial qu econ tagio u t od a a cidade.

Um texto precisa desse FATO NOVO que quebre a rot ina,qu e cri e n ovas sit uações.

Se o nosso amigo, da outra história, contasse que no cami-nho o ônibus foi assaltado, que ele foi pego como refém, quecon seguiu escap ar , ch am ar a pol ícia... Valeria a pen a ouvir ou lera história, pois o fato do ônibus ser assaltado e ele ficar comor efém do s ladr ões é N O VO , é in teressan te, vale a pena ou vir .

EXERCÍCIOS1) Elabor e a histór ia suger id a:

Seu ônibus foi assaltado, você ficou como refém, conseguiuescapar, ch am ou a p ol ícia...

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2) Pense na ro tin a de u m jovem atleta e escreva um a r edação d e

ações praticadas por ele, num determinado espaço de tempo.Por exem plo : T reino p ela m an h ã.

3) Saída da escola. O en contr o d e um estud an te com a nam or adaqu e não vê há algum temp o.Imagine-se a uma certa distância, observando-os. Enumere asações p r aticadas p elo jo vem casal, enq u ant o você esteve ali .

4) U m a h istór ia de m en t ir oso. Siga m ais ou m en os o r oteiro:a) Com ece a n ar r ati va com exp r essões qu e localizem os fatos

no tem po.b) Pro cu r e em pr egar ações cu ja sucessão registr e a p assagem

do tem po.c) As per son agen s: ond e se en con tr am e o qu e fazem?d) U m a das person agen s con ta um a h istór ia que lh e acon teceu.

U ti l i ze, com o r ecu r so expr essivo, a in verossim il h an ça.e) O s fatos n ar r ados por essa person agem estão li gados ao tem a

e con du zem a um desfech o en graçado .

5) Im agine um dia rot in eiro em sua vida; tud o acon tece dentro dopr evisto. T ud o, ou qu ase tudo , po rq ue:“ À n oite, qu an do m e di spu n h a a deitar...”

PROPOSTAS DE REDAÇÃONARRAÇÃO

1) Faça a expan são d as sit uações de m od o a criar u m a cena po rm e-n or izada ( ut il i ze n o m ín im o 40 palavras) . O bserve o m od elo:

ModeloO m eni n o subiu até o telh ado d a casa e apan h ou as coisas

que lá escondia.Resposta: “ Agarr ou -se à janela, escalo u o p r im eiro m ur o, o segu n do ,

e alcançou o telhado. Andava descalço sobre o limo escorre-

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gadio das telhas escuras retendo o enfadonho peso do corpo

como quem segura a respiração. O refúgio debaixo da caixad’água, a fresca acolhida da sombra. Na caixa, a água gorgo-lejan te nu m a golf ada de ar . Afastou o ti jol o d a colu n a e enfi oua m ão: bo las d e gud e, o cani vete rou bado , doi s car am u jos comas lesm as salgadas n a vésp era.” ( O tto L ara Resende)

a) Ri ta saiu apr essada de casa.b) Acor dei cedo n aqu ele di a. Senti a-m e can sado .c) Roberto e M alu arru m aram tu do p ara a festa.d) L evou a namo rada até o aerop orto . Ela f icar i a lon ge por doi s

meses.

2) Agora você vai escrever um a narr ação. Para isso u ti li ze a seqüên -cia proposta. Procure trabalhar cada acontecimento de formaviva, m ostr an do para o leitor com o os fatos ocor reram . D ê n om eàs personagens, indique como elas são e como são os lugareson de a h istó r ia se passa.

• O rapaz pr eparou -se para sai r .• Fo i de car ro até um a p raça.• L em br ou-se de acontecim en tos passados e lam entou a sua

solidão.• Era o seu an iversár io e ele com pr ou um pedaço de bolo.• U m m end igo se aprox im a e pede-lhe d inh ei ro .• O rapaz dá algum din hei ro ao m end igo e, enqu anto este se

afasta, o r apaz se dá con ta d e qu e, se as co isas fo ssem d i fer en -

tes, ele e o m endi go po deri am com em or ar jun tos o seu an i-versár io , sen ti n d o-se m eno s sol it ários.

3) ( U n icam p) – U m berto Eco faz a segui n te ref lexão acerca doato d e n arr ar :

“Entendo que para contar é necessário pr imeiramenteconstr ui r u m m un do , o m ais m obi l iado p ossível, até os úl t im ospormenores. Constrói-se um rio, duas margens, e na margemesqu erda coloca-se um pescador , e se esse pescador p ossu ir umtemp eram ento agressivo e um a folh a penal po uco l i m pa, pr on -to: pode-se começar a escrever, traduzindo em palavras o quen ão p od e deixar de acont ecer.”

(Pós-escrito a O n ome da rosa )

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Escreva u m a narr ati va uti l i zan do os dado s in iciais for n ecid os

por U m ber to Eco.4) Escreva, para cad a p erson agem q u e vem a seguir , u m a n ar r a-

ção. Não se esqueça de pensar em quais espaços e tempos elasestariam m elh or encaix ad as.a) “N ão é clássico n em perfeito o corp o d a m in h a Fräulein. Pou-

co m aio r q ue a m édia dos cor po s de m u lh er. E cheio n as suaspartes. Isso o to rn a pesado e bastan te sensual.[ ...] Fräu leinnão é bonita, não. [...] Não se pinta, quase nem usa pó-de-

arroz. [...] O que mais atrai nela são os beiços, curtos, bas-tante largos, sem pr e en carn ado s. E in da bem qu e sabem r ir :entremostram apenas os dentinhos dum amarelo sadio massem frescor. Olhos castanhos, pouco fundos. Se abrem gran-des, muito claros, verdadeiramente sem expressão. Por issoduma calma quase religiosa, puros. Que cabelos mudáveis!ora lour os, ora som br i os, dum pardo em fogo in ter io r . ”

( M ár io de And rade)

b) “ Prop r ietário e estabelecid o p or su a con ta, o r apaz ati r ou -seà labu tação ain da com m ais ar do r , po ssui n do -se de tal d elír i od e en r iq uecer, qu e afr on tava resign ad o as m ais d ur as pr iva-ções. Dor m ia sobr e o balcão d a pr óp ri a vend a, em cim a deum a esteir a, fazend o tr avesseir o de um saco d e esto pa ch eiode palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentosréis po r di a, um a quit an deir a sua vizinh a.”

( Aluísio de Azevedo)

5) ( U n icam p) Escolh a um do s fragment os de texto con stan tes n acoletânea a segu ir , e r edij a um a narração , isto é, um texto emqu e você con tará um a h istór ia na qu al se en caix e o fr agm entoescolh id o. Elabor e a su a redação de acord o com a sign ifi caçãorep resentada pelo fr agm ento qu e escolh eu.

Coletânea

Fragm ent o 1: “ A vizin h a sai d e casa to dos os d ias às 5 h or as datarde.”

Fragmen to 2: “ D izem qu e a vizin h a sai d e casa tod os os d ias às5 h or as d a tar d e.”

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Fragm ent o 3: “ A vizin h a? Sai d e casa to dos os d ias às 5 h or as d a

tarde.”Fragm ent o 4: “ A vizin h a sai d e casa to dos os d ias às 5 h or as d atarde?”

Fragm ent o 5: “ A vizin h a, sai d e casa to d os os d ias às 5 h or as d atarde!”

6) ( FAAP) Cr ie um texto de teor n a r r a t i v o  , im agin an do a segui n tesituação:

Você está a bor do de u m fogu ete com a son da aut om áticaem direção ao cometa Halley. Durante o percurso, informam-lhe que haverá uma congestionamento de trânsito.

D e for m a ori gin al e bastante cr iativa, ap r esent e: – o local em qu e ocor r er á o fato ; – o m odo co m o acon tecer á; – as causas do acúm u lo de veícu los; – as con seq üên ci as surgidas; – um desfech o cô m ico .

7) ( FGV) “Ela sorr ia fu l g idam en te. N o seu ol h ar n ão vi o br i lh o ea graça de seus dezesseis anos. Vi uma borboleta de ouro nosolh os de d iam an te, esvoaçan do lá den tr o d e seu cérebr o.”

O texto an teri or é baseado em M achado de Assis. A p art irdas id éias n ele su geri d as, desen vol va um a n arr ação.

D ê um títul o ao seu t rabalh o.

8 ) (FUVEST)

O Menino é Pai do Homem

“Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci natural-m en te, com o crescem as m agnó li as e os gatos. T alvez os gatos sãomenos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquie-tas do qu e eu era na mi n h a in fân cia. U m po eta di zia que o m en i-n o é p ai d o h om em . Se isto é verd ade, vejam os algu n s li n eam en-tos do m eni no.

Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino-d iabo” , e verd adeir am ent e não er a ou tr a coisa; fu i d os m ais m ali g-

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nos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntar ioso.

Por exem pl o, um di a qu ebrei a cabeça de um a escrava, po r qu e m enegara uma colher de doce de coco que estava fazendo, e, nãocontente com o m alefício, deitei u m pu n h ado de cinza ao tach o,e, não satisfeit o da tr avessu r a, fu i d izer à m in h a m ãe qu e a escravaé qu e estr agara o do ce “ p or p ir r aça”; e eu ti n h a apen as seis ano s.Prudência, um moleque da casa, era o meu cavalo de todos osdias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, àgui sa de fr eio, eu t r epava-lh e ao d or so, com um a var in h a n a m ão,fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia –algumas vezes gemendo – mas obedecia, sem dizer palavra, ou,quand o m uit o, um – “ai , n h on h ô!” – ao qu e eu r etor qui a: – “Calaa boca, besta!” – Esconder os chapéus das visitas, deitar rabosd e papel a pessoas gr aves, pu xar pelo r abich o d as cabeleir as, darbeliscões nos braços das matronas e outras muitas façanhas deste

 jaez, er am m ostr as d e u m gên io in d óci l , m as d evo cr er qu e er amtambém expressões de um espír i to robusto, porque meu paitinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à

vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular,d ava-m e beij os.N ão se con clua daqu i q ue eu l evasse tod o o r esto da m in h a

vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhe os cha-péus, mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, issofu i; se não p assei o tem po a escon der-lh es os ch apéus, algu m a vezlh es p ux ei p elo r abi cho d as cabeleir as.”

( M emóri as Póstu ma s de Br ás Cu bas, de M ach ado d e Assis.)

T race um l in h a ho rizontal dividi n do ao m eio a página desti-nada à redação. Na parte superior analise o significado dafrase “O menino é pai do homem”. Na parte infer ior narreum a fato de sua in fância que você consid ere sign ifi cativo p arasua for m ação.

9) COM PL ETE A NARRAÇÃO A SEGU IR:“ O Con sum id or acord ou confu so. Saíam tor radas do seu

rádio-despertador. De onde saía então – quis descobrir – a vozdo locutor? Saía do fogão elétrico, na cozinha, onde a Empre-gad a, ap avor ad a, r ecuara até a par ede e, sem qu erer , l i gar a o

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interruptor da luz, fazendo funcionar o gravador na sala. O

Consumidor confuso sacudiu a cabeça, desligou o fogão e ointerruptor, saiu da cozinha, entrou no banheiro e l igou seubarbeador elétrico. Nada aconteceu. Investigou e descobriuque a sua Mulher, na cama, é que estava ligada e zunia comoum barb eador . Abr iu a tor n eira do ban h eir o p ara lavar o son odo rosto. Talvez aquilo tudo fosse só o resto de um pesadelo.Pela to rn eira jor r ou café in stant ân eo.”

( L uís Fern an do Veríssim o)

10) Basean d o-se n a tir a abaixo, d esenvolva um a narr ação:

11) ( FEI)“O Leonardo começou a procurar com os olhos alguma

coisa ou alguém qu e t in h a curi osid ade de ver; deu com o qu ep r ocu r ava: era L u isin h a. H á m u it o qu e os d oi s se n ão viam ; n ão

pu deram po is ocult ar o em baraço de qu e se acharam tom ado s.E foi tant o m aio r essa em oção, que am bo s fi car am su r pr een d i-dos um do o utr o. Lu isin h a achou L eon ard o um guapo r apagãode bigo des e su íça; elegan te até on de po de sê-lo , um sol dado d egranadeiros, com o seu uniforme de sargento bem assente.L eonard o ach ou L ui sin h a um a m oça espi gada, air osa m esm o,olhos e cabelos pretos, tendo perdido todo aquele acanha-mento físico de outrora. Além disso seus olhos, avermelhadosp elas lágrim as, seu r osto em p ali decid o, se n ão verd ad eir am en-te pelos desgostos daquele dia, seguramente pelos anteceden-tes, tin h am n essa ocasião u m to qu e de beleza m elancól ica, qu eem regra geral n ão d evia pr end er m ui to a atenção d e um sar-gen to d e gr an adeir os, mas qu e en tern eceu ao sar gen to L eon ar -

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do , que apesar de tud o, não era um sargento com o ou tr o qu al-

quer. E tanto assim, que durante a cena muda que se passou,quando os dois deram com os olhos um no outro, passaramrapidamente pelo pensamento do Leonardo os lances de suavid a de ou tr or a, e rem on tan do de fato em fato, ch egou àquelar id ícu la mas ingênua cena da sua declaração de amor aL ui sin h a. Par eceu-lh e qu e tin h a en tão escolh id o m al a ocasião,e que agora isso t er iam um lu gar m ui to m ais acert ado .

A com adr e, qu e dava u m a per spi caz aten ção a tud o o qu ese passava, como que leu na alma do afilhado aqueles pen-samentos todos, fez um gesto quase imperceptível de alegria:raiava-lh e na m en te algum a idéia lum in osa. Com eçou então aretraçar um antigo plano em cuja execução por muito tempotr abalh ava, e cujas pr ob abi li dades de êxi to lh e haviam r eapare-cid o n o qu e se acabava de p assar.”

( ALM EIDA, M anuel Anton io d e. M emória s de u m Sar gen to de M i lícias .)

Com pl ete o texto, com po n do um a redação cujo t em a sejao pl an o d a com adr e.

12) Veja as il ustr ações e cr ie um a h istó r ia em ot iva.

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13) ( M EDICIN A-ABC) T em a: Im agine que, d i r i gind o um veícu lo

a mo tor , você depare com um cart az de “ Perigo à Fren te. Vol -te.” M as é for çoso segui r . O qu e o espera? Com o agir ? Pro cur eo m áxi m o d e coerên cia possível.

14) ( U nicam p) O anú ncio seguinte fo i publ icado, em 1989, no jo r n al Folh a d e S. Pa u lo :

MOÇA DA SOCIEDADE PAULISTA

“Em pr esári o eur op eu deseja conh ecer, para f in s de ami -zade e breve compromisso, moça de elevada índole moral,cul ta, de in egável beleza física e com con vicção i n ter io r e sen-sibil idade, que o faça acreditar que ainda existem mulheresde bon s pr in cípi os, caráter ínt egro, ro m ân tico, que crêem n aexistência e en cont ro do verdadeiro am or .

Características pessoais: Europeu, 38 anos, livre, 1,77 m,77 kg, situação financeira e social definida, ótima apresen-tação.

Caracter ísti cas p r etend id as: 26/ 34 an os, livre, exigenteem relação ao que quer na vida, entretanto simples, meiga,vol tada pr io r i tar i am en te ao lar , d e boa fam íl ia, com panh eir ae amiga. Pede-se foto de corpo inteiro e carta de próprio pu-n h o q u e serão d evol vid as em sigi lo .

Se você ex iste, p od e con fi ar e escrever sem receio s. Estam ensagem é absol u tam en te séri a.

Caix a Postal x xx x CEP xx xx xSão Pau lo – SP”

Sup on h a que o emp resári o europ eu tenh a f icado m uit obem im p ressio n ad o com um a das car tas qu e recebeu em r es-po sta ao anún cio. Sup on h a, ain da, qu e um pr im eir o con tatoentr e ele e a m oça tenh a sid o estabelecid o e qu e um encon tr otenha sido marcado. Escreva uma narrativa baseada no quepode ter acontecido a partir do momento em que essas duasp essoas m ar car am seu pr im eir o encon tr o.

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15) MACKENZIE – SP

Viagem interna

“Sempre desejei voltar para o Rio, para aquele aparta-m ento d e Copacaban a, de fren te para o m ar, on de m e alim en -tava di ar iam en te d a im ensid ão p len a das águ as salgad as, qu eora se apresentavam calmas com seu manto verde batido desol, ora se mostravam onduladas pelo sopro do vento forte.Er a só o q ue eu q ueri a. Vivo son h an do com essa possib il id ade.Pensan d o, tam bém , no Cor covado ... no Pão d e Açúcar ... Ah !se eu pu d esse vo l tar p ara essa paisagem m aravilh osa!

T enh o feito o p ossível p ara con tin uar m eu trabalh o como mesmo ânimo de antes, mas não consigo. Neste lugar, pou-cos me compreendem. Acham-me rude, grosseiro. Chamam-m e de lo uco, h ostil izan do -m e a tod a hor a. N ão tenh o am igos...n ão sou feli z. Exp erim ento sensações de que nada possuo, n empo sso p ro du zir , a n ão ser o círculo vicioso d a mi n h a liberd ade.

E, quanto mais me esforço para ser amado e compreender anatureza do amor, praticando todos os exercícios possíveis debo n dade, mais sin to von tade de regressar à m in h a terr a.

Com o n ão con sigo r eali zar essa m od esta von tade, decid iser duro, r ígido, comigo e com os outros, e todos terão quem e aceitar assim . Criei u m a m u ralh a p r oteto r a, estabelecen donitidamente os limites entre mim e as pessoas. Assumi umaper son ali d ad e in tr over ti da e m isteri osa.” ( Rub em Fon seca)

Com base no texto, recrie a personagem com caracterís-ticas psicológicas opostas às descritas pelo autor. Transfira avida e o confl i to experimentado para uma outra realidade.Selecion e, com n it id ez, os elementos descritivos, para qu e su r -

 ja u m n ovo ser .Com po n h a esse relato em apr oxi m adam ente qu in ze l in h as.

16) L eia o segui n te tr echo r et irado d o ro m an ce Capi tães da A rei a ,de Jor ge Am ado . Capi tães da Ar eia são u m gru po de m enor esabandon ados qu e vivem de pequ eno s golpes. Este tr ech o m os-tra como foi a fuga da po lícia de um do s in tegrantes do grup oapó s um assalto :

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“[...] o Sem-Pernas ficou encurralado na rua. Jogavapicula com os guardas. Estes tinham se despreocupado dosou tr os, pen savam qu e já er a algu m a coi sa pegar aqu ele coxo .Sem-Pernas corria de um lado para outro da rua, os guardasavançavam. Ele fez que ia escapulir por outro lado, dr iblouum dos guardas, saiu pela ladeira. Mas em vez de descer eto m ar p ela Baixa do Sap ateir o, se dir igi u p ar a a p r aça d o Palá-cio. Porque Sem-Pernas sabia que se corresse na rua o pega-riam com certeza. Eram homens, de pernas maiores que assuas, e além d o m ais ele er a coxo , pou co p od ia corr er. E acim a

de tudo não queria que o pegassem. Lembrava-se da vez quefora à polícia. Dos sonhos das suas noites más. Não o pega-riam, e enquanto corre este é o único pensamento que vaicom ele. Os guardas vêm nos seus calcanhares. Sem-Pernassabe que eles gostarão de o pegar, que a captura de um dosCapitães da Areia é uma bela façanha para um guarda. Essaserá a su a vin gan ça. N ão deix ar á qu e o p eguem , n ão to car ãon o seu corp o. [ . .. ] Pensam qu e ele vai p arar ju n to ao grand e

elevado. Mas Sem-Pernas não pára. Sobe para o pequenom ur o, volve o r osto para os guard as qu e ain da corr em , r i comto da for ça d e seu ód io , cosp e na car a de u m qu e se ap ro xi m aestendendo os braços, se atira de costas no espaço, como sefo sse um tr apezista d e cir co.”

a) Reescreva esse tr echo com n arr ador em 1ª pessoa, sob oponto de vista da personagem Sem-Pernas.

b) Reescreva este tr echo com n ar r ad o em 1ª pessoa, sob o

pon to de vista de um a dos guardas.

17) A exem pl o d o t exto a segui r crie u m a h istór ia de suspen se.

O mistério do quarto escuro

Acordo atordoada, tonta, não me lembro de nada, me viropara lá, me viro para cá e não consigo sair daqui. A porta estáfechada. Por mais que eu tente, não consigo abrir. Aqui dentroestá uma bagunça de roupas esparramadas, um mau cheiro. Estám al ven ti lado, sin to até falt a de ar . Aq ueles h om ens m e prend eramsem m otivo algum .

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T ento m ais um a vez, não consigo abri r a por ta, m e tran-

caram, está escuro, não enxergo nem onde piso, esbarrandoem t ud o. Aqu i, apesar d e fazer m ui to f r io , estou até cor ada decalo r e afl ição.

Este escuro me dá medo. Apesar de tudo, preferia estarlá fora. Só consigo ver luz em uma brecha da porta. Poucacoisa posso ver do o u tr o l ado, n ão sei o q ue estão fazendo comas minhas amigas, ai, coitadas. Não sei se estão fazendo ou jáf izeram . Ai! n ão qu ero n em p ensar.

Esses homens que me prenderam aqui dentro não têmcor ação, n ão n os respeitam , a n ós qu e som os tão i n of ensivas eindefesas.

Fico em silêncio e ouço vozes masculinas confusas dolado de for a. Acho q ue estão d iscutin do o q ue farão com igo.Essas cor das estão m e m achucan do. N ão gosto n em de pensaro qu e me vai acon tecer. Ach o qu e m e pren deram po r eu ser am ais gordi n h a.

Meu medo aumentou, ouço passos em minha direção,

não posso me esconder, não consigo nem me movimentar.Estão forçando a porta e têm a chave. Não sei o que fazer.Ach o q ue ch egou a m in h a vez, vieram m e buscar , não p ossom ais escapar .

Abr i ram a por ta . É um moreno magro e compr ido, decabelo grand e, feio qu e Deu s m e livre. Vem com as m ãos emminha direção e me agarra com força em seus braços, med esam ar r a, joga as cor das e m e leva para for a nu m gesto br u -

tal, me põe no chão para fechar novamente o local. Tentocor r er m as n ão con sigo i r l on ge. Ele m e agar r a ou tr a vez comforça. Tento me l ivrar dele, mas não consigo. Ele sorr i , meleva p ar a ou tr o l ugar. Vejo u m a de m in h as am igas, penso emped ir socor r o, m as ela não p od e m e aju d ar p oi s ela está send ovigiada po r u m a careca ain da m ais feio qu e o out ro ( o qu e oou tr o tem de cabelo , neste está em falta) . Coit ada! Será que odesti n o d ela será o m esm o q ue o m eu?

Até que ele pára comigo, mas não me coloca no chão( acho qu e de m edo de eu fugir ou tr a vez) e en tão é a h or a, elem e bate, bate, bate no chão. Ent ra com igo n o garrafão, pu lacom igo e faz a pr im eira cesta do jo go!

( Carm o R. E. Sil va, 14 an os, in Folh in ha d e S. Pau lo .)

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18) O m en in o ven deu a gui tarr a e saiu pela rua, assobi an do um a

música.Esse é o últ imo trecho de uma narração. Imaginado or esto, com pl ete a h istór ia.

19) (Unicamp) Na coletânea abaixo, há elementos para a cons-tr ução d e um texto n arr at ivo em qu e se tem atiza o r elacion a-mento entre duas pessoas, o cruzamento de duas vidas. Suatarefa será desenvolver essa narrativa, segundo as InstruçõesGerais.

“A tragédia deste mundo é que ninguém é fel iz, nãoimporta se preso a uma época de sofr imento ou de fel ici-dade. A tragédia deste mundo é que todos estão sozinhos.Pois um a vid a no passado n ão p od e ser p art i l h ada com o p r e-sente.”

( Alan L ightm an, Son hos de Ei n stei n , 1993.)

CENA A: um homem, uma mulher*

• U m a m ulh er dei tada no sofá, cabelos m olh ados, segurandoa m ão de um h om em q ue nu n ca volt ará a ver.

• L uz do sol , em ân gulos abertos, rom pend o um a jan ela n ofim d a tar d e. U m a im ensa ár vor e caíd a, raízes esp ar r am adasn o ar, casca e ram os ain d a verd es.

• O cabelo ru ivo d e um a am an te, selvagem , t ra içoeiro, pr o-missor.

• U m ho m em sentado n a quietude de seu estúdi o, seguran doa fotograf ia de um a m ulh er; há dor n o olh ar d ele.

• U m ro sto estr an h o n o espelh o, gr isalh o nas têmp or as.• As som br as azui s das ár vor es n um a n oit e de lu a ch eia. O

topo de um a m on tanh a com u m ven to for te con stan te.

CENA B: um pai, um filho

• U m a cr ian ça à beira do m ar, en fei t içada pela pr im eira visãoque tem d o ocean o.

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• U m barco n a água à n oi te, suas lu zes tênu es n a di stância,

com o um a pequen a lu z verm elh a n o céu n egro .• U m l ivro sur rado sobre um a m esa ao lado d e um abajur delu z br an da.

• U m a chuva leve em um dia de pr im avera, em um passeioqu e será o ú lt i m o p asseio qu e um jovem fará n o l ugar qu eele am a.

• U m pai e um f i lh o sozin ho s em um restaur ante, o pai , t r iste,ol h os fi xo s n a toalh a de m esa.

• U m trem com vagões verm elh os, sobr e um a gran de pon ted e pedr a, de ar cos deli cad os, o ri o q u e sob ela cor r e, m in ú s-culos pontos que são casas a distância.

I n str u ções Gerai s: 

• Escolh a elementos de apenas uma d as cen as apr esen tadas (Aou B ) para constr ui r : as du as person agen s, o cen ár i o, o en redo e o tempo d e su a n ar r ati va.

• O foco n arr at i vo d everá ser em 3ª p essoa.• O desen volvim ento do en redo, a part i r da cen a escolhid apor você, deverá levar em consideração  o t recho de AlanL ight m an , que in tr od uz a coletân ea.

* O s fr agm ento s das cen as A e B tamb ém for am extr aído s dol ivro d e A. Lightm an.

20) Conte os problemas por que passou a personagem abaixo.A n arr ação d eve ser f eit a em 1ª pessoa.

Angeli

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21) Componha um texto narrat ivo que tenha como personagem

principal a criança da foto. Descreva a personagem e o localon de ocor r erão os fatos.

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UNIDADE 5: DISSERTAÇÃOCAPÍTULO 1

O TEXTO DI SSERTATIVO

“Se não somos inteligíveis é porque não somos inteligentes.” 

Rousseau

É o t ip o d e text o q ue exp õe um a tese ( id éias ger ais sob re u massunto) seguida de um ponto de vista, apoiada em argumentos,d ado s e fatos qu e a com pr ovem .

“A leitura auxilia o desenvolvimento da escrita, pois lendo

o indivíduo tem contato com modelos de textos bem-redigidosqu e ao l on go d o t em po farão p ar te de sua bagagem li n güística; etambém porque entrará em contato com vários pontos de vistade intelectuais diversos, ampliando, dessa forma, o seu ponto devista em relação aos assuntos. Como a produção escrita se baseiapraticamente na exposição de idéias por meio de palavras, cer-tamente aquele que lê desenvolverá sua habilidade devido aoenriquecimento l ingüíst ico adquir ido através da leitura de bons

autores.”N o texto acim a temo s um a id éia defendi da pelo auto r.

T ESE: “ A l eitu r a aux il ia o desenvolvim ent o d a escri ta.”Em seguid a o auto r d efend e seu pon to d e vista com os seguin -

tes argumentos:

ARGUM ENT O S: “ ... lend o o in divíduo tem contato com m o-delos de textos bem -redigido s qu e ao l on go d o t emp o f arão p art ede sua bagagem li n güísti ca e, também , po rqu e ent rará em con tatocom vários pon to s de vista de in telectu ais d iversos, am p li an do, des-sa for m a, o seu pon to de vista em relação aos assun to s.”

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E p or fi m , com p r ovad a a su a tese, veja qu e (a idéia da tese ) é

recuperada:CO N CL U SÃO : “Com o a pr od ução escrit a se baseia pr atica-

mente na exposição de idéias por meio de palavras, certamenteaquele que lê desenvolverá sua habilidade devido ao enriqueci-m ent o li n güísti co adq ui r id o através da leitu r a de bo n s aut or es.”

O bserve com o o texto d issertativo tem por ob jetivo expr essarum determ in ado po n to d e vista em r elação a um assun to q ualqu er,

e convencer o leito r de que este pon to de vista está corr eto. Pod e-ríam os afir m ar qu e o texto di ssertativo é u m exercício de cid ada-n ia, po is n ele o in d ivíduo exerce seu papel de cidadão, question an -do valo res, reivin di can do algo, exp on do pon tos de vista, etc.

Vo cê verá, n os ou tr os it ens deste cap ítu lo , a or gan ização d otexto dissertativo para que possa redigir seu ponto de vista comfluência e segur an ça.

EXERCÍCIOS

1) Pr od uza parágrafos di ssertativos, exp on do seu p on to de vistaem relação às fr ases a segui r . Você po de u ti li zá-las com o com e-ço d e seu tex to . Não se esqu eça de defend er com argum ent os afr ase e con fir m á-la no fin al.a) M ui tos alu n os encont ram d if icul dades em elabor ar r edações

porque.. .b) É im por tan te qu e lu temo s pela pr eservação do m eio am bien-

te e d os an im ais, po is...c) A edu cação d eve ser pr ior id ade em tod o govern o, se não...

2) L eia o texto a segui r e divida-o em : tese, argu m ento e con clusão.

O TEMPO E O AMORO pr im eiro r em édio é o tem po. Tud o cura o tem po, tudo

faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se otem p o a col un as de m ár m or e, qu an to m ais a cor ações de cer a!

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São afeições com o as vid as qu e não h á mais cert o sin al de have-

rem d e dur ar p ouco, que terem d ur ado m ui to .São com o as li n h as qu e par tem do cen tr o p ara a circu n fe-rên cia, que qu an to m ais con tin uadas, tan to m enos un id as. Porisso os antigos sabiamente pintaram o amor menino porquen ão h á am or tão ro bu sto , que chegue a ser velh o. D e tod os osin str um entos, com qu e o arm ou a natu reza, o desarm a o tem-po. Af r oi xa-lh e o ar co, com qu e já n ão t ir a em bo ta-lh e as setas,com qu e já n ão f ere; abr e-lh e os ol h os, com qu e vê o qu e nãovia; e faz-lh e crescer as asas, com que voa e fo ge. A r azão n atu r alde toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade àscousas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e bastaque sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferrocom u so, qu an to m ais o am or ? O m esm o am ar é causa de n ãoam ar, e o ter am ado m ui to, de am ar m en os.

( Padr e An ton io Vieira, Serm ão do M an dato.)

3) Você con corda com o autor ? Elabor e um texto com sua

opinião. Use tese, argumentos e conclusão.

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CAPÍTULO 2

O TÍ TULO E O TEMA NO TEXTO DISSERTATI VO

É muito comum a confusão que se faz entre título e tema.Nesta unidade você verá a diferença e importância desses tópicosn a pr od ução d o text o d issertativo.

T í t u l o  : é um a vaga r efer ência ao assu n to abo r d ad o; n or m al-m en te é colocado n o in ício d o texto.

Tema : é o assun to abo r d ado n o t exto , a id éia a ser d efen d id a.

Dependendo da proposta podemos escolher diversos temas

e títul os para o texto .Pro p osta: Fam íli aT ítulo: A di tadura dos f i lh osTema: As famíl ias sofrem ult imamente com a ditadura dos

fil h os con sum istas qu e tud o p edem m ovid os pela on da de con su-m o p r op agad a pela televisão; e os pais perd id os n as n ovas ten d ên-cias educacion ais, perm item qu e os fi l h os m an dem e desm an demna hora de com prar determ inado prod uto.

Prop osta: O espo r teT ítulo: Apo io p ara os m en oresT ema: N o p aís do fut ebol o espo rt e am ado r sofr e com a falta

de patrocínio. A natação, a canoagem, o judô, o atletismo, entreou tr os r espon sáveis p or m u it as m edalh as ol ím p icas, vivem deses-per ado s atr ás de um m in guado p atr ocín io , enqu an to clu bes e atle-tas pr ofission ais de futebol n adam n um m ar d e di n h eiro.

T an to o tí tu lo qu an to o tem a po deri am ser out ro s, a pr op os-ta é m ui to am pl a, perm it i n do vári as op ções de escolh a. É im po r-tante que você seja criativo na escolha do título, não use expres-sões sim p lór ias.

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EXERCÍCIOS

1) D ê títu lo s sign if icativos para os tem as a segui r . Pr ocu re usar suacriat ivid ade, fuja do tr ivial.a) A televisão é m ui tas vezes cri t i cad a por tr an sm iti r u m a visão

deturpada da realidade, impedindo as pessoas de conhece-rem m elho r o m un do em qu e vivem .

b) A r ebeld ia do ado lescen te pod e ser no tada, geralm ente, n oseu m od o d e vesti r -se e n a lin guagem qu e adota.

c) A viol ência tem aum entado assustador am ente em tod o p aís,deixando a sociedade em pânico; escapando, inclusive, dopod er da políc ia.

d) O s m ovim ento s grevistas são f r ut o d e um a pol ít ica salari alopressiva que não permite ao trabalhador viver com digni-dade.

2 ) Elabo r e tem as para os tít u lo s a segui r . Fu ja de fr ases feit as e

pen sam ent os con vencio n ais, escreva realm ent e o q ue você pen-sa, este espaço é seu.a) O tr ân sito n as grand es cidades.b) A AIDS.c) O jovem e a m oda.d) A pr op agação das dr ogas.

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CAPÍTULO 3

O FATO E A OPINIÃO

Ap ós a escolh a do t ítu lo e do tem a você estu dará as d iferen -ças ent re FAT O E O PIN I ÃO e verá a ap li cação d estes em text os.

FATO: É uma informação a respeito de um acontecimentoqualquer.

OPINIÃO: É a interpretação do fato, o ponto de vista dealguém em relação ao acontecimento.

EXEMPLO:

FAT O : Cresce o n úm ero de m ortal idade in fant i l n o Br asi l .

O PI N I ÃO : É um absur do um país qu e deseja at in gir o pata-mar dos países de pr imeiro mundo permit ir que suas cr iançasm or r am ant es de com p let ar a fase adu lt a, poi s se as cr ian ças são ofu tu r o d e um país, e este “f ut ur o” está m or r end o d e for m a avassa-

lado r a; m ostr a-se, ent ão, qu e este p aís n ão t em qu alqu er p erspec-t iva de fu tur o o u bom sen so.

Observe que o fato é um acontecimento, algo comum parato do s; já a opi n ião é p essoal, é o p on to d e vista, é a m an eira com oalgu ém vê o fato.

EXERCÍCIOS1) D ê sua op in ião a part ir do s fatos a seguir .

a) En con tr ad a n o N or deste um a casa qu e abr igava pr ostit ut as,em su a m aio r ia m eno r es qu e er am ob r igadas a pr osti tu ir -se.

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b) Cresce em São Paul o o n úm ero d e viciados em “ CRACK” .c) A gu erra n a Bósn ia já m atou 200 m il pessoas, em sua m aior ia

civis.d) T or n a-se obr igatór io o u so d e cin to d e segur an ça em q uase

tod o país.

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CAPÍTULO 4

DESENVOLVIMENTO DA OPINIÃO

Para que uma opinião seja validada, deve estar apoiada emfatos que possibilitem sua comprovação.

OPINIÃO: O fumo deve ser proibido em qualquer lugarfech ado qu e reún a vári as p essoas.

FATOS: O fumo é prejudicial à saúde do fumante e não-fumante; não-fumantes exposto à fumaça do cigarro estão pro-

pensos a doen ças pu lm on ares.A fu m aça do cigarr o contr ibui para o aum ento de polu içãodo ar .

Texto :

“O fum o d eve ser p roi bid o em q ualquer l ugar fech ado quereúna várias pessoas, pois é sabido por todos que tanto fumantescom o n ão-fu m an tes são p reju di cad os pela fum aça do cigar r o, quealém de atacar o p ul m ão d e todos pr ovocan do o cân cer, cont r i bu iconsid eravelm ente para o aum en to d a po lu ição d o ar, que já n ãoan da m u it o b om devid o ao excesso d e au tom óveis e gases polu en-tes das indústrias.

Por tan to, a pr oib ição d o f um o em lu gares fech ado s, além deum a m edid a saud ável, é um a p r evenção de fu tu r as doen ças p ar a a

soci edade em geral.”

N ote que ao argu m entar, o aut or do texto u t i l i zou fatos qu ecom pr ovam sua opi n ião, tor n an do -a m ais eficaz e con tu n den te.

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EXERCÍCIOS

1) Escolh a um tem a, dê sua opi n ião e em segui d a r elacion e fatosque a sustente.A I D SD R O G AFAM Í L I AESCOLATRÂNSITOABORTOTELEVISÃOESPORTE

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CAPÍTULO 5

O PLANEJAMENTO DO TEXTO

Agor a qu e você diferen ciou títu lo e tem a, fato e op in ião, estáqu ase pr on to p ar a tr abalh ar o texto d issertativo. Falt a ain da ou tr oi tem im por tante: o pla n eja men to do text o .

N or m alm ente, assim qu e você recebe um tem a para tr abalhara dissertação, com eça a dor de cabeça: “h oje estou sem in sp ir ação” ,“n ão con sigo ter n enh um a id éia”, ou acontece o p ior : entr ega umtexto com um am on toado d e id éias sem u n idade n enh um a.

O qu e fazer?A resp osta par a essa pergun ta é sim p les: Plan ejar o text o.

Com o p lanejar?Veja, quanto m ais con tato tiver com os m eios de in for m ações( T V, jo r n ais, revistas, rádi o, li vr os) , m aio r será seu cam po d e visãosobre os assuntos, por isso é muito importante para a escrita quevocê leia constantemente a fim de que seu “arquivo” de conheci-m ento s esteja sem pr e cheio e atu ali zado, po is se suas id éias fo r emlimitadas, assim será seu texto.

O bserve um tem a e o levan tam ento de id éias:

O Trânsito nas grandes cidades

 – vio lên ci a e m or te n o tr ân si to ; – as pessoas n ão r espei tam a sin al ização ; – à n oi te oco r rem m u i tos aciden tes; – o t r an sp or te co let ivo é m u i to p r ecár io ; – n a Eur op a o t r an spor te é fei to basicam en te p or t r em e

met rô ; – as pessoas pr ef er em tr an spor te par t icu lar a co let ivo; – o t r ân si to dei xa as pessoas n er vosas e vio len tas; – as ru as estão m u i to estr ei tas; – h á p ouco s viad u tos e vi as de acesso r áp id o;

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 – a po lu ição é m u i to gr an de devi do ao n úm er o ex cessivo de

car r os n o cen tr o d a cid ade; – dever ia ser l im i tad o o n ú m er o de veícu los n o cen tro dacid ade, po r ém esta m edid a não agrad a aos com erciant es;

 – a p r ef ei tu r a n ão tem ver bas p ar a m el h or ar o t r an spor tecoletivo;

 – o t r an spor te poder ia ser p r ivat izad o e a p r ef ei tu r a p od er iafiscalizar o serviço.

Veja que o grande número de idéias levantadas, auxil iará apr odu ção do texto.

EXERCÍCIOS

1) Faça um levan tam ento d e id éias para os segu in tes pr ob lem as:a) O pr oblem a da escola pú bl ica.

b) A d iscri m in ação r acial e social n o p aís.

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CAPÍTULO 6

A ORGANIZAÇÃO DAS IDÉIAS

No capítulo anter ior, temos um número grande de idéias,porém desorganizadas. O próximo passo é agrupá-las. Uma boad ivisão ser ia separá-las em : causas , conseqüências e soluções .

Separe somente aquelas que possuem uma linha de pensa-m ento , qu e estão in terl igad as.

FAT O : Tr ân sito caótico.

CAUSAS:

 – H á m u i tos car r os par t icu lar es n o cen tro da ci d ad e. – As ruas n ão co m por tam o gr an de n ú m er o de au tom óvei s. – O tran spor te co let ivo n ão aten de sat isfator iam en te a popu-

lação. – M otor istas e p ed estres n ão respei tam as lei s de tr ân si to .

CONSEQÜÊNCIAS:

 – En gar r afam en tos, po lu ição , b ar u lh o, estr esse. – I n sat isfação do usuár io , per da de tem p o. – Aci den tes gr aves, vio lên ci a.

SOLUÇÕES:

 – Reduzi r o n úm er o de veícu los n o cen tr o da ci dad e. – M el h or ar as con d içõ es dos tr an spor tes co let ivos par a q u e a

po pu lação o s use freqü entem ente. – Cam pan h as d rást icas de ed ucação de tr ân si to. – M el h or ia n as ruas, am p l ian d o as vias de acesso r áp ido . – M u l tar severam en te os in fr ator es.

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De posse destes dados, a produção do texto fica muito mais

fácil , e a po ssib il id ad e d e ati n gir êxi to é m aio r .“O tr ân sito n as gran des cid ades está se tor n an do caótico, po is

o n úm ero excessivo d e veículos, nestas ruas pequenas e sem con d i-ções, gera engarrafamentos quilométricos que por sua vez estres-sam os m oto r istas, con tr ib ui n do , assim , par a o gr an de n úm ero d eaciden tes e m or tes. Entr etan to, o pr obl ema po deri a ser r esolvidocom a m elho r ia do tr an spo rt e coletivo, com a am pl iação d as m ar -ginais e viadutos, com a restrição de automóveis no centro, comuma campanha forte de educação e com a punição severa nasinfrações.”

N ot e qu e as id éias fo r am r eelabor ad as e só f or am ut il izad asalgum as, que t inh a pr oxim idade com o r aciocínio do autor .

EXERCÍCIOS1) Elabor e um pl an ejam ento de id éias para os tem as a segui r:

a) In vestim en to n a saúd e pú blica.b) A p olui ção n as grand es cidades.c) O aumento da cr im inal idade.d) A escolh a da carr eira.

2) Escolh a um levan tam ento d e id éias pr od uzido n o exercícioanterior e faça a organização do texto em causa, conseqüênciae con clu são. Em segu id a elabor e um parágrafo d issertativo.

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CAPÍTULO 7

ESCREVENDO O TEXTO DISSERTATI VO

Como já visto o texto dissertativo é dividido em três partesdistintas:

In t rodução : parte em qu e o auto r expõ e sua tese.

Desenvolvimento : parte em que o autor defende a tese comargumentos.

Conclusão : parte em qu e o au to r con fi r m a a tese, basean do-senos argumentos.

Pode-se perceber, portanto, que um texto dissertativo deveter n o m ín im o tr ês parágrafos.

Depois de ter estudado o planejamento e a organização dotexto, de ter diferenciado fato e opinião, causas e conseqüências,você verá a p r od u ção d o tex to d issert ati vo.

A PRODUÇÃO DO TEXTO

Ao produzir um texto dissertativo, você deve considerar osobjet ivos e o leitor a que o texto pretende atingir . Se pretendepersuadir o leitor de que sua opinião a respeito do assunto estácerta, seu texto deve conter argumentos convincentes; se apenaspretende externar suas opiniões, basta expor seu ponto de vistasem preocupações de convencer; se o leitor não possui conheci-mento prévio sobre o assunto, é melhor situá-lo e depois argu-m ent ar ; se é u m a r espo sta a um ou tr o t exto, você deve col h er os

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argumentos do texto anterior e rebatê-los. Preocupando-se com

o objetivo e com o leitor de seu texto, certamente terá êxito emseus pr op ósit os.

A) O PARÁGRAFO DISSERTATIVO

Parte introdutór ia em que o autor apenas mostra como oassu n to será abo r d ad o. T em os:

T ópi co frasal : par te em qu e o aut or gen eraliza o assu n to .

Desenvolvimento : parte em qu e o au to r especifi ca o assun to .

EXEMPLO:

T ópi co frasal : O tr ânsi to to r n a as pessoas agressivas.

Veja qu e o aut or apenas expõ e o po n to d e vista de m od o geral.

Desenvolvimento : Ficar h or as p ar ado em en gar r afam ent os per -dend o o h or ár i o de trabalh o, ou m esm o lazer; ouvin do barul h o,inalando fumaças; tudo isso gera no indivíduo um desconfortofísico e mental que aliado ao estresse das cidades grandes vai tor-n an d o as pessoas m ais agr essivas.

Veja que o autor especificou o que foi exposto no tópicofrasal.

EXERCÍCIOS

1) D esenvol va os tó p ico s fr asais a segui r :a) A p r ogr am ação d as em issor as de televisão con tr ib u em p ar a

o aum ento da vio lên cia nas r uas.b) M u itos acon tecim ent os dan osos em n ossas vid as pod em con -

tr ibu ir para o n osso crescim en to enq uanto ser h um an o.

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2) Basean do-se nas p r op ostas, elabo r e um tem a. A segui r faça um

p ar ágr afo d issert ati vo a resp eito .a) A col a n a escola.tema:parágrafo:

b) A f alta de diálogo entr e pais e f i lh os.tema:parágrafo:

B) DESENVO LVIM ENT O DO TEX TO DISSERTAT IVO

Pode-se desenvolver o texto dissertativo de diversas manei-ras: en um eração, causa/ con seqüên cia, exem pl if icação, con fr on -to, dados estatísticos e citações.

Veremos como trabalhar com esses tipos de desenvolvi-mento:

1 ) Enumeração: Con siste em especif icar a id éia cen tr al atr avésde p or m enor es, en um erações.

“ Par a qu e o alu n o sin ta-se m ot ivado a estu dar, a escola deveof erecer u m a séri e de con d ições favor áveis.

U m pr édio amp lo, espaçoso cr ia um confo rto f ísico faci l i tan -do o aprendizado, pois é praticamente impossível assimilar algo

com desconfor to.Atividades constantes e diversificadas quebram a monotoniada classe, aguçan do a cur io sid ade do alun o e po r sua vez m ot ivan -d o-o p ar a a ap r end izagem .

Relacion am ento amistoso ent re di retor ia, p rofessor es e alu nospr opo rcion a um clim a am en o e favor ável para o trabalh o. (...) ”

Note que o autor foi enumerando e explicitando cada item

de seus argumentos.

2 ) Ca u sa/ con seqü ên ci a : É freqüentemente usado este recursono desenvolvimento dos textos dissertativos; o autor apresenta a

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causa do problema para em seguida mostrar as possíveis conse-

qüências.“ Gr an de part e da pop ul ação n ão con fi a n os po lít i cos, po is amaioria vive discutindo meios que favorecem a perpetuação dopoder própr io; e os problemas que atrapalham a vida do povogeralmente são esquecidos.”

N ote qu e a CAU SA d a falta de credi bi l id ade do s parlam en ta-res é que a m aior ia está pr eocup ada com o p od er, trazend o com oCO N SEQ Ü ÊNCI A o esquecim en to d os pr oblem as que af l igem avid a da pop ul ação.

O autor desenvolveu seu texto, defendendo os argumentoscom causa e conseqüência.

3 ) Exemplificação : Outro meio de argumentação que faci l i tao t rabalh o d o autor ; nele m ostr a-se exem pl os qu e com pr ovam adefesa dos argumentos.

“ A p ena de m or te n ão d eve ser apr ovada, poi s n ão é efi caz n ocom bate con tr a o crim e. Em países com o o s Estados U n id os, on dea lei existe e é apl icada com fr eqüência, o cr im e não di m in ui u; e,in clu sive, é m aio r qu e em algu n s países em qu e não h á esta lei. ASuécia é um exemplo, onde o índice de cr iminalidade é muitopequeno.”

Neste texto, o autor util izou exemplos para defender o seup on to d e vista: “ A n ão apr ovação d a pen a de m or te.”

4 ) Confronto : Consiste em comparar seres, fatos ou idéiasenfatizando as igualdades e desigualdades entre eles.

“A leitur a é m ui to m ais enr iqu ecedor a n o p ro cesso cr i at ivod o q u e o ato d e assisti r à televisão. N o l ivro o l eito r cri a, or gan izaim agen s; en qu an to n a televisão a im agem já vem con str uíd a, l im i-tan do o tr abalh o d e cr iação d o r ecept or .”

Veja que o autor confrontou duas idéias para defender aid éia cen tr al.

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5) D ados esta tí sti cos :

“Segundo pesquisa do IBGE, publicada na Veja  desta sema-na, de cada dez crianças nascidas no sertão do Norte e Nordestedo Brasil, cinco morrem antes de completar sete anos de idade.N ão é po ssível qu e um p aís qu e acen a para a m od ern id ade d eixesuas crianças morrerem por doenças facilmente curáveis ou deinanição. Nossos governantes devem dar condições para que apo pu lação m eno s favor ecid a ten h a d ir eito à vid a.”

Perceba que para defend er o p on to d e vista de que o gover -no não cuida da saúde e da alimentação das crianças, o autor seapoiou em dados estatísticos confiáveis.

Importante:  Dados estatísticos só podem ser usados mediantecomprovação.

6 ) Citações : Consiste em citar frases, máximas, trechos ouobras de escritores, intelectuais, políticos, etc.

“ A m íd ia con sagra e destr ói pessoas n um in stant e com o avaldo p ú bl ico, qu e com o gad o segue a m ar cha da m aio r ia; íd olos sãotrocados com rapidez absurda, políticos esquecidos são ressusci-tados, vota-se por programa de televisão e não por programa de

gover n o. A m aior ia esm agador a é a r epr esen tação cega e su r d a dam ídi a; N elson Rod ri gues, gr an de fazedor de fr ases já dizia: ‘A m i-gos, a u n an im id ad e é bu r r a.’ Está certo , o N elson .”

C) CON CLU SÃO DO TEX TO DISSERTAT IVO

O texto não termina quando os argumentos foram expos-tos, é necessário atar as idéias da introdução com os argumen-tos. O parágrafo de conclusão tem por f inal idade amarrar todoo processo do texto por meio de síntese ou confirmação dosargumentos.

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A conclusão pode ser:

1) conclusão-síntese;2) conclusão-solução;3) conclusão-surpresa.

OBSERVAÇÃO: serão usados os textos do tópico: DESEN-VOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO.

1 ) Conclusão-síntese: É a m ais com um ent re as usadas, tem porf inal idade resumir todo o texto trabalhado em um parágrafo; noent an to , deve-se tom ar cui dado ao u sá-la para que o tex to n ão setorne repetit ivo.

( Concluin do o texto do i tem enu m eração. )

“ Sen do assim , faz-se n ecessári o qu e a escol a cri e m eio s paraque o aluno sinta-se motivado a fim de que seu rendimento sejasatisfatório.”

N ot e qu e a con clu são r esu m e as id éias tr abalh adas ao l on godo texto.

2 ) Conclusão-solução:  Esta conclusão apresenta soluções parao p rob lema exp osto.

( Con cluin do o texto do it em causa/ conseqü ên cia. )

“Portanto, nossos parlamentares devem dar prioridades aosp rob lem as da po pu lação, com o saúde, habit ação e edu cação. I tensbásicos que ainda não foram solucionados; e, acima de tudo,devem pr ocur ar tr abalhar m ais ao i n vés de cri ar ‘ l obb ies’ para pr o-veito pr óp ri o.”

Note que, neste caso, o autor mostra o que deve ser feito:

in di ca um a pr op osta.

3 ) Conclusão-surpresa : É o tipo de conclusão que exige maistr abalh o e talen to d o auto r , poi s n ela po de-se ap resent ar u m a cita-

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ção, um fato p ito resco, um a pi ada, um a ir on ia, um fin al po ético ou

qu alqu er ou tr o qu e cause um estr an h am ento n o leitor , deixand o-osurpreso.( Con cluin do o texto d o item exem pl if icação, página 121.)

“ É u m a pena qu e pessoas ain da p ro cur em soluções ut il izad ashá centenas de anos que nada ajudaram a modificar a criminali-dade, m étodo s bárbaros qu e ferem a int el igên cia h um an a. N a ver-dade, essas so lu ções são u m a pen a e de m or te.”

N ote que o auto r, usan do tr ocadi lh os en tr e “p ena de m or te”e as exp r essões “ um a pen a” e “d e m or te”, faz com qu e o texto ter-m in e de for m a jocosa e ir ôn ica.

EXERCÍCIOS

1) Basean do-se n as exp osições teór icas sob r e d esenvolvim ent o dotexto dissertativo e conclusão, faça o que se pede.a) Elabor e um texto sobr e o tr abalho escravo, usan do : dado s

estatísticos e conclusão-solução.b) Elabor e um texto sob re vio lên cia n os estádio s, usan do : exem -

plificação e conclusão-síntese.c) Elabore um texto sobr e in tol erân cia das reli giões, usan do :

enumeração e conclusão-surpresa.

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CAPÍTULO 8

A DI SSERTAÇÃO SUBJETIVA

Na dissertação subjetiva o autor tem por objetivo comover oleito r, d esper tar-lh e algu m a em oção. D iferent e da di ssertação o bje-ti va, a subjetiva apresent a um text o m ais leve, car regado d e im pres-sões pessoais do au to r , a li n guagem é tr abalh ada com delicadeza el ir ism o, mu ito p róx im a da l inguagem poética.

Veja um texto a r espeit o d a sol id ão:

DA SOLIDÃO Cecíl ia M eireles

H á m u it as pessoas qu e sof r em d o m al da sol id ão. Basta qu eem r edo r d elas se ar m e o sil êncio , qu e n ão se m ani feste aos seusolhos nenhuma presença humana, para que delas se apodereimensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre a suacabeça, com o se do s h or izon tes se levan tasse o anú n cio do fim do

m u n d o .N o en tant o, h averá na terr a verd ad eira sol id ão? N ão estam ostodos cercados por inúmeros objetos, por inf initas formas daN atur eza e o n osso m un do part icul ar n ão está ch eio d e lem br an -ças, de sonhos, de raciocínios, de idéias, que impedem uma totalsolidão?

T ud o é vivo e tud o fala, em redo r de n ós, em bor a com vid a evoz qu e n ão são h um an as, m as qu e po d em os ap r end er a escut ar ,porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer on osso p ró pr io m istér io. Com o aqu ele Sul tão M am ud e, qu e en ten-d ia a fala do s pássaro s, po d em os ap li car to da a n ossa sensib il id adea esse apar ent e vazio de sol id ão: e po uco a po uco n os sen ti r em osenr iquecidos.

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Pin tor es e fotó grafos an dam em vol ta dos ob jetos à pr ocur a

de ângu los  , jogos de luz, eloqüência de formas, para revelaremaquilo que lhes parece não só o mais estático dos seus aspectos,m as tamb ém o m ais comunicável , o m ais r ico de sugestõ es, o m aiscapaz de transmitir aquilo que excede os limites físicos dessesob jetos, con sti tu in do , de cer to m od o, seu espír it o e sua alm a.

Façam o-n os tam bém desse m od o vid ent es: olh em os devagarpara a cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparênciadas vid r aças, os d óceis pano s tecidos sem m aior es p r eten sões. N ãopr ocur em os n eles a beleza qu e ar rebata logo o o lh ar o equil íbr iode linhas, a graça das proporções: muitas vezes seu aspecto –com o o das cri atu r as h um an as – é in ábi l e desajeitado. M as n ão éisso q ue p r ocur am os, apen as: é o seu senti do ín tim o q ue ten tamo sd iscer n ir . Am em os n essas h u m il des coisas a car ga de exp eri ênciasque representam, e a repercussão, nelas sensível, de tanto traba-lho humano, por infindáveis séculos.

Am em os o qu e sen ti m os de nós m esm os, nessas vari adas coi -sas, já qu e, po r egoístas qu e som os, não sabem os am ar sen ão aqu i -

lo em que n os en contr am os. Am em os o antigo encan tam en to d osnossos olhos infantis, quando começavam a descobrir o mundo:as n ervur as da m adeir a, com seus cam in h os de bo squ es e on das eh or izon tes; o desenh o dos azu lejo s; o esm alt e das lo uças; os tr an-qü ilo s, metód icos telh ado s... Am emo s o r um or da água que corr e,os son s da máqu in as, a in qu ieta voz do s an im ais, qu e desejar íam ostraduzir .

T ud o p alpi ta em redor de nó s, e é com o u m dever d e am or

aplicarmos o ouvido, a vista, o coração a essa infinidade de for-m as n atur ais ou arti fi ciais qu e en cerr am seu segredo, suas m em ó-rias, suas silenciosas experiências. A rosa que se despede de simesma, o espelho onde pousa o nosso rosto, a fronha por ondese desen h am os son h os de quem do rm e, tudo, tud o é um m un docom passado, presente, futuro, pelo qual transitamos atentos oudi str aídos. M un do delicado , que n ão se im põ e com viol ência: queaceita a nossa frivolidade ou o nosso respeito; que espera queo descubramos, sem se anunciar nem pretender prevalecer; quepode f icar para sempre ignorado, sem que por isso deixe deexistir; que não faz da sua presença um anúncio exigente “Estouaqui! estou aqui”. Mas, concentrado em sua essência, só se reve-la quando os nossos sentidos estão aptos para o descobrirem. E

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que em silêncio nos oferece sua múltipla companhia, generosa e

invisível.Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai atenção emr edor d e vós, a essa pr esti giosa p r esença, a essa cop iosa li n gu agemque de tudo transborda, e que conversará convosco intermina-velmente.

( Escolh a Seu Son ho . Rio d e Jan eir o, Recor d , p. 35-38.)

Note como o texto é carregado de impressões pessoais daautora:

“Amemos o que sentimos de nós mesmos, nessas variadascoisas, já que, por egoístas que somos, não sabemos amar senãoaqu ilo em q ue n os encon tr am os.”

“Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai atenção emr edor d e vós, a essa pr esti giosa p r esença, a essa cop iosa li n gu agemqu e de tud o tr an sbor da, e que con versar á con vosco in term in avel-mente.”

A autor a, en tend end o q ue tod os sofr emo s do m al d a soli dão,convida-n os a contem pl ar o m un do qu e nos ro deia para qu e nosafastemos da solidão. Sua linguagem sensibiliza, convence porm eio d a em oção. A d issertação sub jetiva, além d e persuadi r o l ei-to r p ela r azão, con qu ista-o tam bém pela em oção.

EXERCÍCIOS

1) L eia os do is texto s a segu ir sob re a T elevisão e in d ique qual textoapr esenta d isser tação ob jeti va e qual apr esenta d issert ação subje-ti va. Retir e passagens do texto qu e com provem suas respostas.

A SUPREMACIA DA TVA televisão começou a se expandir rapidamente após o

f inal da Segunda Guerra Mundial. Na época, o cinema mono-pol i zava o pú bl ico n otur n o e o rádio era um m eio d e com un ica-

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ção de ampla penetração no cotidiano dos lares. A televisão

p od eri a ser vista, em t erm os d e com u n icação, m ais p r óx im a d orádio que do cinema. Para se assistir a um filme era precisoor gan izar -se. Com o n o teatro , n o b alé, era pr eciso acom p an h aro programa daquela semana, escolher uma noite para sair evestir-se adequadamente. Cinema era um acontecimento socialcomo o baile, pois mantinha o caráter de excepcionalidade:tr atava-se de um pr ograma di ferente daquele que n or m alm en-te se fazia à noi te.

Com o rádio e – mais tarde – com a televisão, a relaçãocom o m eio d e comu n icação m ud ou. Pr i m eiro , por que, alémd e distr air , são veículos ( ...) qu e in fo r m am as pessoas e fun cio -n am com o m eio d e atu ali zação; segun do , po r qu e vão até a casad as p essoas, em vez d e as p essoas i r em até eles; ter cei r o , po r qu etor n am -se “d a fam íli a”, são cot id iano s e têm r ecepção r egul ar econtínua. O rádio e a televisão funcionam de forma parecidaà daqueles jornais que são entregues gratuitamente e regular-mente nas casas.

O que significam essas diferenças? São as relações distintas que as pessoas mantêm com os meios de comunicação. O fatode as pessoas se programarem para sair à noite e assistir a umcon certo é bem d if eren te d o f ato d e as pessoas estarem assisti n -do à televisão e depararem com um concerto, transm it i do po rum a emi ssor a. É o op osto, po is, no pr im eiro caso, o h om em vaiem busca de seu entretenimento, paga por ele, exige qualida-de, julga, emite juízos e críticas. Em outras palavras, ele tem

con sciência de ser fun dam ent al p ara a existên cia do espetáculocomo produção cultural: é do seu dinheiro que o concertosob r evive. Fican do em casa, n ada di sso acon tece. Ele possu i u maparelho de televisão e r ecebe “ gratu itam en te”, com o b ri n de,com o d ádi va, tud o o q ue emi tem , e isso já lh e t ira o di reito decrit icar, pois nada paga no ato; pagará após, consumindo ospr od uto s an un ciado s pela pu bli cidade. Aqu i, o hom em já não ém ais “ agen te de sob revivên cia” do pr ogr am a; este fu n cion a p er-feitamente sem ele.

At ualm en te, as em issor as têm u m in teresse real em saberse o telespectado r per m an ece ou n ão em determ in ado can al, semantém ou não o aparelho l igado, mas não é a mesma preo-cupação dos diretores de teatro ou cinema do passado com a

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bi lh eteri a. Se n aquela épo ca o vazio d as salas de esp etácu lo era

m ot ivo p ara o r eal izador m elhor ar a qual idade de seu pr odu to,hoje a queda do nível de audiência é um meio que leva a TVa alterar sua programação, visando somente ao aumento don úm ero de t elespectado res.

An ti gam ente, a crít i ca e a reação d o p úb li co levavam a uminvestimento qualitativo maior, pois havia uma preocupaçãoestética, uma busca de aprimoramento do gosto. Hoje, o fatode o telespectador receber gratuitamente o programa e nãopoder “exigir seu dinheiro de volta” leva a emissora a buscarsomente o aumento numérico de públ ico, rebaixando a qua-lidade dos programas aos níveis “da massa”, vulgarizando-os,padr on izan do -os, im po n do o q ue se ch am a de valor m ercado -lógico. I n teressa apen as vend er o pr ogram a, não im po rt an do aqualidade.

( A Su premacia d a T V. Ciro M arcon des Fi lh o [ T elev i são – a vi da pelo v ídeo , 6ª ed, São Paul o, M od ern a, 1991, p 29-21. Apu d

L in gu agem N ova . Far aco e M ou r a. M od ern a, 1995, p . 78-79] .)

ELA TEM ALMA DE POMBA

Que a te lev isão pre jud ica o movimento da pracinhaJerônimo Monteiro, em todos os Cachoeiros de Itapemir im,

não há dúvida. Sete horas da noite era hora de uma pessoaacabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois pegaruma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casavend o u m a n ovela, dep oi s ou tr a n ovela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai verum jogo do Estrela do Norte F.C., se pode f icar tomando cer-vejin h a e assisti n do a um bo m Fla-Flu, ou a um I n ter x Cr uzeir o,ou qu alq u er co isa assim ?

Q u e a televisão p r ejud ica a leit ur a d e livros, tam bém n ãohá dúvida. Eu mesmo confesso que lia mais quando não tinhatelevisão. Rádio a gente pode ouvir baixinho, enquanto estálendo um l ivro. Televisão é incompatível com l ivro – e comtu do m ais n esta vida, in clu sive a bo a con versa, até o makin g love .

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Também acho que a televisão paralisa a criança numa

cadeir a m ais d o q u e o desejável. O m eni n o f ica ali p ar ado , ven-do e ouvin do , em vez de sair po r aí, chu tar um a bol a, br in car deband id o, in ventar u m a besteira qualqu er p ara fazer.

Só n ão acredi to qu e televisão seja m áqu in a de fazer d oid o.Até acho q ue é o contr ár i o, ou q uase o contr ár i o: é m áqui n a deam an sar do ido , d istrair do id o, acalm ar, fazer do ido dor m ir .

Q uand o você cita um in con veniente da televisão, um a boaobservação que se pode fazer é que não existe nenhum apare-lho de TV, a cores ou em preto e branco, sem um botão paradesligar. Mas quando um pai de família o util iza, isso podepr od uzir o ód io e rancor n o p eito das cr ianças e até de outr osadultos.

Q uand o o apartam en to é pequen o e a fam íl ia é gran de, ea TV é só uma – então sua tendência é para ser um fator derixas intestinas.

 – Agor a vo cê se agar r a n essa p or car ia d e fu teb ol ... – M as, f r an cam en te, você n ão tem ver gon h a de acom pa-

nhar essa besteira de novela? – N ão sou eu n ão , são as cr ian ças! – Cr ian ças, p ar a a cam a!Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos

doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade – numapartamentinho de quarto e sala, num casebre de subúrbio,numa orgulhosa mansão – a criatura solitária tem nela a gran-de d istr ação, o gran de con solo, a gran de com pan h ia. Ela in sta-

la dentro de sua toca humilde o tumulto e o f rêmito de mi lvid as, a em oção, o suspense , a fascin ação d os d ram as d o m un do.A coruj inha da madrugada não é apenas a companheira

de gente importante, é a grande amiga da pessoa desim-po rt an te e só, da mu lh er velha, do h om em do en te... É a am igados entrevados, dos abandonados, dos que a vida esqueceupara um can to... ou qu e no m eio da n oit e sofr em o assalto dedú vid as e m elan coli as... m ãe qu e esper a fi lh o, m ul h er q u e espe-r a m ar id o... ho m em ar r asad o q ue esp era que a n oi te passe, qu ea n oi te p asse, qu e a n oi te p asse...

( Ela tem a lma de pomba . Rubem Braga [200 C r ô n i c a s  Escolhidas . 5ª ed. Rio de Janeir o. Recordo, 1978, p. 318-319] .)

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2) Elabor e d uas di ssertações com o m esm o tem a, send o qu e um a

será ob jeti va e a ou tr a, su bj eti va.

3 ) D esenvol va um text o d issertativo subjetivo, basean d o-se na fra-se a segu i r :

“Q ue n ão seja im or tal po sto q ue é ch am a, m as qu e seja in fin itoen quanto d ur e.”

4) O bserve a im agem abaixo e elabore u m descrição sub jet ivam ostr an do sua opi n ião e em oção.

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

DISSERTAÇÃO

1) A intenção e a realidade

N ão se po de negar qu e a decisão a que ch egaram os ju ízesde menores de dezessete municípios do Vale do Paraíba, proi-bindo a venda de cigarros a menores de 18 anos, tenha sido

tom ada com a m elh or das in ten ções. O s m agistr ados qu e assin a-ram pr ovim ento n esse sentid o o f i zeram com o ob jet ivo d e pr o-teger a saúd e da juven tu de con tr a um h ábi to cu jos efeitos pern i-ciosos serão tanto mais graves quanto mais cedo tenha sidoadq u ir id o. Se o m oti vo é justo, e a in tenção lou vável, a m edid a écer tam ent e ir r eali sta: n ão h averá necessid ade de m u ito esfo rçoimaginativo para burlar a determinação, pr incipalmente porestar d ir igi da a um a faix a etári a que, em sua natu r al n ecessid a-de de au to -afi rm ação, n ão p erd e ocasião p ar a r ebelar-se con tr aa au to r id ade. E é este, ali ás, um dos m ot ivos qu e levam o adol es-cente a experimentar o primeiro cigarro, falsamente convenci-do de que, com tal gesto, está pondo em xeque instituições evalor es con sid erado s tr adici on ais e ob sol etos.

N ão se po de ign or ar , po r o ut r o lado, o p od er per suasivodos m eios de di vu lgação, e esp ecialm ent e a T V, a qu e os jovensestão expostos. Numa fase de desenvolvimento da personalida-de m arcada por um a dif íci l e angustio sa con str ução d a pró pr ia

identidade, o jovem é particularmente sensível a apelos cujoscon teúd os – justam ente p elo gr au de i lu são q ue en cer ram – sãoos m ais atr ativos.

É o caso da sofisticada e insistente publicidade em tornod o cigarr o fei ta n a televisão. A ssociado ao lazer, a p r of issões eatividades socialm ente r econ h ecid as com o sím bo lo de status e

 – co n tr ad i tor iam en te – ao espor te; desfr u tad o por per son agen s joven s d in âm icos e ch ei os d e vi da; su por te d e valor es rel acion a-dos com p r ojetos de ascensão social – o ci gar r o é apr esent adoou com o a ch ave para in gressar n esse m un do m ágico e exclu si-vo, ou com o a m arca disti n tiva d os qu e dele fazem part e.

Não resta a menor dúvida de que a irrealidade de taisapelos não resiste à mais elementar análise. Não é à razão,

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contu do , qu e se di r igem , po is seu p od er evocati vo r esid e ju sta-

mente na re lação imaginár ia que estabelecem com otelespectador, convencendo antes pelo clima especial que pro-du zem d o qu e po r m eio de argu m entações.

N esse sent id o, qu alq u er m edid a con tr a o tabagism o, paraser eficaz, deve levar em consideração as determinações tantopsico ló gicas com o sociais vin cul adas ao h ábi to de fu m ar, visan -do an tes as m ot ivações qu e o vício em si. É p or esta razão q ue asimples proibição da venda de cigarros a menores de 18 anossegu ram ent e não atin gir á os ob jetivos qu e a m oti var am . A d eci-são dos magistrados, no entanto, tem o mérito de chamar aatenção para o pr obl em a.

O tabagism o, tan to pelos r iscos qu e rep r esent a para a saú -de da população, como pela complexidade dos fatores que odeterminam, não pode ser encarado com gestos apenas bem-intencionados. Só será eficazmente combatido na medida emque o Juizado de Menores, as instituições médicas, pedagógi-cas, os meios de divulgação conjugarem esforços numa ampla

campanha destinada não só a divulgar os males que origina,m as a atacar as causas qu e o d eter m in am .

( Ed i to r ial d a Folh a d e S. Pa u lo , 1981.)

a) Faça a d ivisão estr u tu r al d este text o d issertativo.b) Selecion e os argum en tos do auto r.c) Elabore um texto concordand o ou d iscordando d o autor .

2 ) ( PU C C)1. L eia o texto dad o a segui r e an alise as id éias n ele con ti das.2. Com base nessas idéias, faça uma dissertação  em que você

exponha seus pontos de vista e suas conclusões.3. L em br e-se de que “ d issertar” é exp or id éias de m od o claro e

coerente. Procure chegar a conclusões decorrentes da argu-mentação que você tiver apresentado.

Em nenhum outro lugar a vida está sendo um jogo tãoperigoso como nas grandes cidades. Na cidade grande tudopode acontecer, quando tudo é possível está instalado o absur-do . Com este, o seu f i l h o m ais di reto: o m edo.

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Assim, o medo é o pão cotidiano dos cidadãos, fruto das

am eaças a qu e estão subm eti d os. E on de estão as am eaças está aviolência. Mas abordar o tema da violência torna-se um tantodifícil, pois sua realidade percorre desde as violências verme-lh as ( sangr entas) até as vio lên cias br ancas ( com o a qu e esm agao em pr egado de li n h a-de-m on tagem qu e, n as grand es in dú str i-as, é na verdade o prisioneiro de um campo de concentraçãoh abilm ente d isfarçado) .

Para muitas pessoas, essas afirmações podem parecer exa-geradas. Isto se explica pelo fato de que escapam da nossa per-cepção diária aquelas situações a que estamos excessivamenteh abi tu ados. Se vivêssemos n o fu n do do m ar , a coisa da qu al ter ía-m os m eno s con sciência con stan te seria a p róp r ia água. Esse com -por tam en to abr iga, pr im eir o, a vir tud e qu e o ser hu m an o tem d eser m ui to adaptativo; segun do , o d efeito qu e o ho m em t em d e seadaptar até àqu il o qu e deveria, qu e p recisaria con testar.

3) ( U N ICAM P) Com en tan do o n ot ic iár io r elat ivo às m an ifesta-

ções da ju vent ud e no per íod o em qu e se di scuti a a po ssib il id a-de de impeachment do Presid ente Col lo r, o Sr. E.B.M . en vio u ao jo r n al Folh a d e S. Pa u lo a segui n te carta:

É i rr i tan te ler, n as ú lt i ma s sema n as, a cobertu ra da s ma n i festa- ções contra o poder central por parte da ‘juventude’. Excluindo qual- qu er ju ízo de v a lor sobre o pr ocesso, o qu e se dev e ter como verdade é qu e é ext rema men te fa n ta si oso se ad mi ti r qu e a n ossa j u v en tu de ten ha toda 

essa capa ci da de de percepção. É n otóri a a creti n i ce da j u v en tu de brasi- leira. O ‘zeitgeist’, o espírito da época, submerge a atual geração num mar de hedonismo e irresponsabilidade. É lindo fazer revolução com tênis Reebok e jeans Forum. O que eu gostaria de ver, mesmo, é como essa ju v en tu de v agabu n da , i n dolen te e i n di sci pl i n ad a como a brasi lei - ra se comportaria diante de um grupo de choque, como nos confrontos qu e ocorr eram em Seu l .

(E.B.M. , Pai n el d o L ei tor, Folh a d e S. Pa u lo, 01/ 09/ 92) .

A leit ur a aten ta da car ta do Sr . E.B.M . p erm it e id enti f i caralgumas de suas opiniões sobre os jovens, expressas mais oumenos diretamente. Para escrever sua redação, siga as seguin-tes instruções:

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INSTRUÇÕES GERAIS

• id en tif i qu e 3 (tr ês) das op in iões emi t id as pelo Sr. E.B.M .;• tr an screva-as n a sua fo lh a de red ação;• ap ós ter f eito i sso, escreva u m a car ta, di r igi d a ao Sr . E.B.M .,

apresentando argumentos para convencê-lo de que estáequivocado. Neste exercício de argumentação, você deverádiscordar, portanto, das opiniões que identif icou na carta.

AT EN ÇÃO : ao assin ar a car ta, use ap enas as in ici ais de seu n om e.

4 )“Con ta um velh o m an uscrito benedit i n o qu e o D iabo, em

certo dia, teve a idéia de fundar uma Igreja. Embora os seuslucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com opapel avulso que exercia desde séculos, sem organização, semregras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assimdizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios

h um an os ( ...) Está claro qu e ( o D iabo) com bateu o p erd ão d asin jú ri as e ou tr as m áxi m as de br an du ra e cord ialid ade. N ão p ro i-biu formalmente a calúnia, mas induziu a exercê-la medianteretr ibuição, ou pecuniár ia, ou de outra espécie. ( . . .) A Igrejafundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região doglobo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse,um a r aça qu e não a am asse. O D iabo alçou b r ad os de tr iu n fo.

U m dia, por ém , longos an os depois, notou o D iabo q ue

muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam antigas virtu-des. ( ...) Certo s glu tões recolh iam -se a com er fr ugalm ente tr êsou quatro vezes por ano (...) muitos avaros davam esmolas, àn oi te, ou n as r u as m al p ovoad as; vár io s d il ap id ad or es d o er ár iorestituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam,um a ou o ut r a vez, com o cor ação n as m ãos, m as com o m esm orosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando osoutros.”

( Nota:  em baçar : lo grar, en gan ar )

( FU VEST ) Este t recho d o conto “A Igreja do Di abo” , deMachado de Assis, descreve a necessidade que o homem teriade regras qu e lhe di gam o q ue fazer e com o se com po rt ar. U m a

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vez conseguido isso, ele passaria a violar secretamente as nor-

mas que tanto desejou.Escr eva um a di sser tação que an ali se esta visão qu e o au to rtem do compor tamento humano. Você pode d iscordar ouconcordar com ela, desde que seus argumentos sejam funda-mentados.

O maior mérito estará numa argumentação coesa capazde l evar a um a con clusão coer ente.

5) O bserve com atenção o desenvolvim ento do s qu adr in h os aseguir. Transforme o signif icado que o autor quis transmit ircom as imagens em um texto dissertativo.

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6) (FUVEST)

1º cadern o – quarta-feira, 10/ 10/ 90JO RNAL D O BRASIL

Fundado em 1891

Terra de Cegos

H á um conto de H . G. Wells, cham ado A Terra dos Cegos ,que narra o esforço de um homem com visão normal parapersuadir uma população cega de que ele possui um sentidodo qual ela é destituída; fracassa, e afinal a população decidear r an car -lh e os ol h os p ara cu r á-lo de su a il usão.

Discuta a idéia central do conto de Wells, comparando-acom a do d i tado p opu lar “ Em terra de cego quem tem um olh oé rei”. Em sua opinião essas idéias são antagônicas ou você vêum m od o d e con cil iá-las?

7 ) L eia o texto a segui r e ob serve depo is as in str uções.

EU NÃO O CONHECI

Meu f i lho foi embora e eu não o conheci. Acostumei-mecom ele em casa e me esqueci de conhecê-lo. Agora que suaausência me pesa, é que vejo como era necessário tê-lo conhe-

cido. L emb ro -m e dele. Lem br o-m e bem em po ucas ocasiões.U m di a, na sala, ele m e pu xou a barr a do paletó e m e fez

exami n ar seu pequeno d edo m achu cado . Foi u m exam e rápid o.U m a outr a vez m e pediu que lh e con sertasse um br in qu e-

do velho. Eu estava com pressa e não consertei, mas lhe com-prei um br inquedo novo. Na noite seguinte, quando entreiem casa, ele estava deitado n o tapete, dor m in do e abr açado aobr in qu edo velh o. O n ovo estava a um can to.

Eu t i n h a um f i lh o e agora n ão o tenh o m ais por que ele foiem bo r a. E este m eu fi l h o, um a n oi te, m e cham ou e di sse:

 – Fi ca co m igo. Só um pouqu in h o, pai .Eu n ão p od ia; m as a babá f icou com ele.

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Sou um ho m em m uito ocupado. M as m eu f i lh o fo i em bo-ra. Foi emb or a e eu n ão o con h eci.

( FRAN ÇA JÚ N IO R, O swaldo . A s lara n jas igua is  .2ª ed ., Rio d e Jan eir o, N ova Fro n teir a, 1985, p. 37.)

Prop om os qu e você elabor e do is texto s:a) u m a car ta di r igid a ao p ai ( se qui ser, você pod e escrever

com o se fosse o fi lh o) ;b) u m a d issertação q ue d esenvolva o tem a sugeri d o p elo texto .

8 )

Por qu e algu m as pessoas têm este ti po d e pen sam ent o?

9) ( FU VEST 93)

Texto 1

“Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje,curioso leitor; envelheceu, emagreceu, apodreceu, e o proprietá-rio deitou-a abaixo para substituí-la por outra, três vezes maior,m as jur o-te que mu ito m en or que a pr im eira. O m un do era estrei-to p ara Alexan dr e; um desvão d e telh ado é o in f in ito para as an do -rinhas.”

( M achado de Assis, M emóri as Póstu ma s de Br ás Cu bas.)

Texto 2

“O T ejo é mais belo que o r io qu e cor re pela m in h a ald eia.M as o T ejo não é m ais belo qu e o r io qu e corr e pela m in h aaldeia.

Por que o T ejo n ão é o r io q ue corr e pela mi n h a aldeia,...( Fer n an d o Pessoa, Poemas de A l ber to Ca ei ro.)

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O quadro anter ior é do pintor surreal ista René Magr i t te(1898-1967).

A frase nele inscrita (em francês) significa:

“ ISTO CON TI NU A A NÃO SER U M CACH IM BO.”

A partir da relação entre esse quadro e os textos 1 e 2, épossível afirmar que tudo é relativo? Redija uma dissertação,defen dend o o seu p on to de vista a esse respeito .

10) ( FU VEST 94)

Red ija n o cadern o d e Redação

“ A n tes mu n do era pequ en o Por qu e Terr a era gran deH oje o m undo é m ui to grandePor qu e T erra é pequen aD o taman ho da an ten a para bol i caram á.” ( Gi lber to Gi l )

“ Como democra ti zar a T V, o rád io, a i mpr en sa, qu e são o oxi gên io e a fumaça que a nossa imaginação respira? Como seria uma TV sem ma n ipu lação? São pergu n tas di fícei s, m as a l u ta soci al efeti va, e sobre- tudo um projeto de futuro, são impossíveis sem entrar nesse terreno.” 

( Robert o Schwar z)

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“T evê color i da

far á azul -r óseaa cor d a vid a?”( Car los Dr um m ond de And rade)

Relacione os textos acima e redija uma dissertação, emprosa, discutindo as idéias neles contidas apresentando argu-m ento s qu e com pr ovem e/ ou refu tem essas id éias.

11)

Você con cord a com Sam uel? N ossa vid a depend e de n ósmesmos?

M ostr e o q ue p ensa a r esp eito.

12) L eia o texto a segu ir e elabor e um a dissertação, u san do dado sestatísticos e exemplificação em sua argumentação.

“ ESCRAVO” CUSTA US$ 300 NO SUL DO PARÁ

É possível contratar trabalho “escravo” por telefone noBrasil.

Um fazendeiro paulista mostrou à Folha  como é fácilfazer o acerto com empreiteiros de trabalho em fazendas nosu l d o Par á. Ele ligou , às 19h30 d o d ia 20, para o m ar an h enseAd ão d os San to s Franco, em Santan a do A raguaia ( 700 km aosul de Belém). Com cem ou 120 “peões” recrutados no Nor-deste ou Goiás, Franco garantiu desmatar 250 alqueires em

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São Félix do X in gu cobrand o U S$ 300 po r alqueire ou o equ i-

valent e em arr oba de boi.Na conversa por telefone, o fazendeiro usou um nomefictício (João Monteiro Neto), dizendo ser conhecido de umex-cl iente de Franco – Tarley Euvécio Mart ins, gerente dafazend a Santo An toni o do In daiá, no m un icípio de O ur i lând iado N or te. L á, em julh o d e 91, a Políc ia M i l i t ar l iber tou 16 “ t r a-balh ad or es escravizados” , segun d o a Políci a Fed eral, p or “ segu-r an ças” d e Ad ão Fran co.

Fugas

Segun d o Fran co, o serviço p r estado ao fazendeir o p au li staseria realizado com um esquema de segurança para impedirfugas. O transporte dos “peões” seria com dois ou três ônibusfr etad os para p assar p elas barr eir as po l iciais n as estr adas. Essa éuma nova forma para transportar “escravos”. Antes eles eram

levad os em cam in h ões d e boi s.O novo sistema de transporte foi adotado depois que seintensificaram na região denúncias sobre trabalho forçado fei-tas pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), l igada à CNBB( Con ferên cia N acion al do s Bisp os do B rasil ) .

O s casos den un ciado s p ela CPT levaram a O I T ( O r gan iza-ção I n tern acional do T rabalh o) a in cluir o Br asi l , no i nício dom ês, en tr e os n ove p aíses do m un d o com sério s pr obl em as d e

trabalho escravo. Foram 16.442 pessoas escravizadas, em 92,segun do o r elatór io d a CPT .As denúncias sobre trabalho escravo começaram, em 83,

pelo sul do Pará, ár ea de expansão r ur al q ue se torn ou um do sm aio r es p alcos d e con fl ito s fu n d iári os d o p aís. M as o r elatór iode 92 aponta que o Pará, com 165 casos, já perdeu o título de“campeão nacional de escravos”.

As fazend as tam bém d eixaram de ser as p r in cip ais “ senza-las” . Em M ato Gr osso d o Su l, a CPT r egistr ou 8.235 escravos emcarvoarias. A prática criminosa, segundo a CPT, foi constatadatambém em Estados de Regiões mais desenvolvidas, como noRio Gr an de do Su l, on de for am r egistr ados 3.450 escravos.

( Folh a d e S. Pa u lo )

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13) Leia o belíssimo texto do jornalista Gilberto Dimenstein e

escreva um texto dissertativo em que você cite alguma pas-sagem.Ad or o ser jo rn ali sta, m as esto u i n satisfeit o. D ir ia m ais: sin -

to-m e fr ustr ado . Com a qu eda do regim e m ili tar, con segui m osn os li bertar da cen sur a, m as o jo rn ali sm o ain da é vítim a de umdos p io res tip os de ditadur a – a d itadu ra da ign or ân cia. An tes,po rém , a in di gnação era m aior e con h ecíam os os in im igos.

Som os um país povoado por an alfabetos e sem i-analfabe-tos, gente que não sabe ler. Ou, quando sabe, não entende oqu e escrevem os, devid o à total i n capacid ade de abstr ação. Pio rn ot ícia im possível para um país às vésperas de um a eleição.

Não existe liberdade sem imprensa – mas também nãoexi ste sem leit or . Por isso, n este D ia d o Jor n ali sta, gostari a dereverenciar outra categoria, vít ima da desmoralização diáriaexp r essa em salári os in d ign os e vexam in osas con d ições de tr a-balh o: o pr of essor . Cabo d e tr an sm issão d a cid adan ia, sem elen ão tem os n em bo n s leito res n em bo n s eleito r es.

A educação está para o homem como as asas aos pássa-ros. Viramos uma imensa fábr ica de paral í t icos. Homensengaiolados pela institucionalização da ignorância. Multidõesque são cegas por não enxergarem o que vêem, surdas porn ão entend erem o qu e ouvem e mu das po r n ão con segui remexpressar o que está em suas gargantas e corações. Fala-sem ui to de m eni n os d e ru a. M as, na verd ad e, eles n ão exi stem .O qu e exi ste são o s m eni n os fo r a da escola. E os m il h ões qu e

estão n as salas de aulas vivem , n a pr ática, o aband on o. Está aío gr an de dr am a n acion al. O resto é detalh e.O drama do jornalista, hoje, e de todos aqueles que

fazem da li berd ade sua m atéri a-p ri m a, é que estam os pr od u-zin do cr ianças abandon adas n a escola. Só u m a pequ ena par ce-la vai con clui r pelo m enos os qu atr o p ri m eiro s an os, vitais paraa alfabetização. E muitos dos que concluem pouco aprende-r am . Prod uzim os cri an ças abandon adas qu e, por sua vez, serãoadu lt os aban don ados, legan do n ovas gerações de seres ir r em e-d iavelm ent e aband on ado s. Ab an do n ado s qu e nu n ca terão asasp ar a voar.

( Gilberto D im en stein – Di retor sucur sal de Br asíl iaFolh a d e S. Pa u l o.)

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14) (UNESP-85)

N o fr agm en to d a crôn ica “Fi lh os de estim ação” , de Lou ren çoD iafér ia, som os colocado s an te o p r ob lem a d as cri an ças aban -do n ad as. Faça u m a r edação sob r e o m esm o tem a, in ti tu land o-a “Cri an ças n as ru as”, ou dand o-lh e o tí tu lo qu e pr efer i r .

Filhos de estimação

L i em algum lu gar qu e um a en tid ade prot etor a de an im aisestá oferecendo cães e gatos abandonados a pessoas de bom

cor ação q ue queiram adotá-lo s. O s an im ais passaram por veteri -nários, estão ótimos de saúde, não oferecem perigo. Por queforam ati r ados à ru a? Q uem sabe, po rqu e as pessoas enjoam dosbichos quando eles crescem. Ou porque o bicho dá trabalho.Não sei, porém, se vocês repararam que os cachorros e gatosvagabu n do s estão dim in u in do n as ruas. Era com um an tes toparcom dezenas de vira-latas perambulando pelas calçadas, chei-r iscan do m uros e latas de lix o. Agor a pou ca gente usa lata paraguardar l ixo. O próprio l ixo emagreceu, não tem mais a atra-ção da fartura de desperdício de tempos atrás. Inflação, custode vida, essas coisas. A captura municipal se aprimorou. A cam-panha de prevenção da raiva alertou os donos dos bichos. E osaut om óveis n ão p erdo am cachorr o e gato di str aído .

Para substituir esses animaizinhos desvalidos surgemn ovos ban dos de cri anças desgarr adas em São Pau lo . Se an tesuma criança pedindo esmola chamava nossa atenção, hojen ós a olh am os com n atur al id ade e ind iferença. Dar ou recu-

sar u m a esm ol a, um a m oeda, to r n ou -se um gesto m aqu in al.Sup on h o qu e o desti n o desses gu r is está selado : eles aca-barão na cadeia. Ou nos encostarão contra a parede a qual-qu er m om ento, o r evólver em n osso p eito.

É p ossível qu e am an h ã, com ou tr o gover n o, o Br asil n ãoseja u m gran d e exp or tado r de ar m as, m as passe a ser con h eci-do n o m un do com o u m país de br io qu e deu às cr ianças esquá-lidas e tr istes não direi diploma de doutor, isso seria umeno rm e mi lagre inú t i l . M as um a opo rtu ni dade de trabalh o, aomenos isso, com um pagamento que lhes permita, depois deapr end er u m a pr ofi ssão p r ática, gan h ar a vid a com o cor açãolim po e ho n estid ade. Pod em os son h ar acord ado s.

( L our enço D iafér ia, Jorn al da T ard e, 26/ 9/ 84.)

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15) L eia as fr ases a segui r e elabor e um texto r elacion ad o ao t em a

a) “T od os os h om ens n ascem li vres e igu ais em d ign id ad e ed ir eito s. São d ot ad os d e razão e con sciên cia, e d evem agirem r elação u n s aos ou tr os com esp íri to d e fratern id ade.”

( Ar t. 1º da Declar ação U n iver saldos Di rei tos H um ano s – O N U .)

b) “O s h om en s n ão m elho raram e m atam -se com o p ercevejos.”( An drade, Car los Dr um m ond de)

c) “O hom em se torn ou lobo para o hom em , por que a m eta

do desenvolvimento industrial está concentrada num obje-to, e não no ser humano. A tecnologia industr ial e a pró-pria ciência não respeitaram os valores éticos. E, por isso,n ão t iveram respeito algum para o h um an ism o. Para a con -vivên cia. Par a o sent id o m esm o d a exi stên cia.N a pr óp ri a pol ít ica, o qu e con tou n o p ós-guerra foi o êxitoeconômico. E muito pouco, a justiça social e o cultivo daverdadeira imagem do homem. Fomos vít imas da ganân-cia e da m áqui n a. Das cif r as. E, assim , per dem os o sen ti d oaut ênti co d a con fian ça, da fé, do am or . As m áqu in as an da-ram po r cim a da plant in h a semp re tenr a da esperança.E fo i o caos.”

( Paul o Evar isto A r n s, Em f av or d o homem, Rio d e Jan eir o.)

16) (FMU-SP) Escolha um dentre os seguintes temas e escreva até30 li n h as sob r e ele.T em a A: “Som os du plamente pr ision eir os: de n ós m esm os e

do tem po em qu e vivem os.”(Manuel Bandeira)T em a B: “Sen ho r, fazei de m im um in stru m en to da vossa paz.”

(São Francisco de Assis)T em a C: “H á, no m un do, mi lh ares de form as de alegr ia, m as

no fundo todas elas se resumem a uma única: a ale-gr ia de pod er am ar.”

(Michel Ende)

17) Elabor e di sser tações a part i r dos tem as suger idos pelas fr ases aseguir, use-as como citações:a) “ Ao fim e ao cabo só h á verd ad es velh as caiadas de n ovo.”

(Machado de Assis)

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b) ( FGV/ SP) “O m ais im por tante e boni to , do m un do, é isto :

que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foramterm in adas – m as qu e elas vão semp re m ud an do .” ( Gu im a-r ães Ro sa)

c) “A vida, a vid a, só é po ssível rein ventada.” ( Cecília M eireles)d) “U m galo sozin h o n ão tece um a m an h ã.” ( João Cabral de

M elo N eto)e) “ N avegar é pr eciso, viver n ão é pr eciso.” ( Fern an d o Pessoa)f ) ( E. S. de Estatíst ica-BA) “L iberd ade é o cam in h o m ais curto

entr e o ho m em e a fel icidade.”g) ( PU C-SP) “Só con h ecem os bem aqu ilo qu e nós m esm os

d escobr im os e cri am os.”h)(FGV-SP) “E cada instante é diferente, e cada homem

é diferente, e somos todos iguais.” (Carlos Drummond deAndrade)

I) ( U F-RN) “A s coisas qu e adm it i m os e am am os, os h eróis qu eescolh em os, os m od elos qu e seguim os dão a m edida exatad o q u e som os.”

18) Leia os textos a seguir e elabore uma dissertação a respeito.Use passagens de algum texto como citação.

Modelo relata ataque de garotos

Cláud ia segui a para o A n h emb i, quand o f i cou p resa n otr ânsit o e foi assalt ad a por m enor es.Cláud ia tem 21 an os. M od elo de um a das m ais im po rt an -

tes agências do País, ela fo i vít im a de u m assalto sem ana passa-da, na Aveni d a Pr estes M aia, qu an do segu ia para o An h em bi ,para trabalhar num estande da Fenasoft. “Precisei tomar cal-m an te e até h oje n ão m e esqu eço d o q ue acon teceu.”

Ao con trár io d o qu e nor m alm en te faz, Cláud ia t in h a bai-xado o vidro da porta do seu Uno naquele dia, depois dedem or ar m ais de 20 m in ut os para atr avessar o tú n el do An h an -gabaú. Na saída do túnel, um rapaz de 16 anos encostou ecomeçou a oferecer barras de chocolate. Em seguida chegouum garo to, de cerca de 14 an os, com um pano cob ri n do a m ão.

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“O rapaz do chocolate f icou bem perto da janela e o outro

m ostrou u m vidro pon tudo e com pr i do e mandou entregar odin heiro e o relógio poi s i r i a m e cortar .”Cláud ia, nervosa, n ão con segu ia pegar a car teir a na bo l-

sa. “As pessoas nos carros por perto não se importavam e ogaro to d o ch ocolate com eçou a inst igar o ou tro , dizen do paracortar o m eu ro sto e espetar o vidr o n o m eu pescoço.” Q uan-d o ela con seguiu pegar a car teir a, o gar oto m ais jovem pegouo d in h eiro, at ir ou os docum en tos n o banco de trás, e o ou tr ot i rou o re lógio.

Cláudia contou o que ocorrera a um marronzinho daCompanhia de Engenhar ia de Tráfego parado na PrestesM aia, an tes da Senador Q u eir ós, “d isse qu e tod os os d ias acon -tecem assalt os ali e a po lícia n ão d á a m ín im a.” Com m edo d er epr esáli as, ela n ão apr esent ou qu eixa à p ol ícia e p ediu paraqu e seu sob r eno m e não seja r evelad o. ( R.L.)

( Esta do de São Pa u lo , 26/ 7/ 95.)

“ Não dou esmola nem para mulher grávida”

Ao parar seu Fiat T ip o n o sem áfo ro d a esqu in a da Aveni -da Pr estes M aia com a Ru a São Caetano, a estu dan te d e D ir ei-to H elena M iqu elin a, de 20 an os, foi abord ada por um garo tode apr ox im adam ente 14 an os. Ele l im po u o p ára-br isa do car-r o e H elen a, m or ado ra em San tana, deu-lh e R$ 1,00.

O garoto a chamou de “pão-dura” , t i rou um punhal docabo do li m p ad or e disse par a H elena en tr egar-lh e a car teir a.“Achei que ele estava brincando”, contou a estudante no 2ºD istr ito Poli cial, no Bo m Retir o. “M as ele encostou a po n ta dopu n h al n o m eu pescoço, t ir ou o di n h eiro – cerca de R$ 100,00

 – e d ep ois jo gou a car tei r a vazia n o m eu co lo.”Ch ocada com o assalt o, a estu dan te n ão passou m ais pela

Prestes Maia. Sai de Santana, vai até a Ponte Casa Verde edepois pega a Avenida Rio Branco para chegar ao Centro.“N ão abr o m ais o vid ro d o carr o para n in guém” , d i z H elena.“Depois da situação em que estive, não dou dinheiro nempara m ul h er grávid a ou com criança pequ ena n o colo.”

( Esta do de São Pa u lo , 27/ 7/ 95.)

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19) ( U N I CAM P) L eia os textos a segui r e elabore um texto d isser-

tativo com r elação ao tem a.A Ação da Cid adan ia Con tr a a Fom e, a M iséria e pela Vid a,conhecida também como campanha contra a fome, tem provo-cado numerosas manifestações contraditórias, reavivando umadiscussão an ti ga sob re a valid ade d a aju da aos desfavor ecidos.

L evan do em con ta a coletân ea abaixo, qu e con tém fatose op in iõ es d iver sas sob r e aqu ela cam p an h a, red ija u m a di sser-tação sob r e o tem a: da r o pei xe ou en si n ar a pescar ? 

1. Já são qu ase 32 mi lh ões de bra si lei ros fami n tos, n u m paí s qu e desperdi ça somen te o equ i v al en te a U S$ 4 bil hões. A pen as 20 % desse desperdício saciariam a fome de todos esses brasileiros miseráveis .

( “ O avesso d a fo m e”, Jorn al do Bra si l , 12/ 09/ 93.)

2. A cad a a n o qu e passa, m i l cri an ças morr em por di a d ebai xo do céu bra si lei ro. M orr em de doen ças par a a s qu ai s a m edi ci n a cri ou uma infinidade de nomes, todos sinônimos de um só mal: fome,

subnutrição. ( Er ic Nepom uceno, Caderno FO M E,Jorn al do Brasi l , 12/ 09/ 93.)

3. H á u ma mi séri a m ai or do qu e morr er de fome n o desert o: é n ão ter o qu e comer n a T err a d e Ca n aã .

( José Am éri co de A lm eida, A bagacei ra .)

4. Querido Cony, (...) venho te dar os parabéns pela crônica “ N ão é por aí ” . T am bém eu n ão qu ero bagu n çar a cam pan ha con tra a fome (. .. ), ma s j á era tempo de al gu ém d i zer qu e pa ra acabar com a fome precisa-se de reforma agrária, justiça social, melhor distribuição de ren da . A car i da de é u ma da s v i rt u des teologai s, m as par a a cabar com a f ome n o B ra si l n ão basta. ..

( Jor ge Am ado, Pain el d o L eitor ,Folh a d e S. Pa u lo, 24/ 06/ 93.)

5. Betin h o – há u ma rela ção estrei ta en tre con ju n tu ra e estru tu ra .Se eu n ão sou capa z de mu dar al guma coi sa a qu i e agora , segura men te n ão seri a capaz de mu dar n o fu tu ro. T oda vi tóri a qu e eu con siga hoje,por m en or qu e seja , está cri an do con di ções par a a reforma estru tu ra l.

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Folha – O movimento tem um caráter f i lantrópico, assisten- 

cialista. A fi lantropia sempre foi considerada inócua e muitas vezes associada à picaretagem.Betinh o – Pi la n tropia (r i ). Esse movi men to está n os obri gan do a 

diferenciar solidariedade de assistencialismo e filantropia de pilantro- pia. Para mim, solidariedade é um gesto ético, de alguém que quer acabar com uma situação, e não perpetuá-la. Já o assistencialismo é exa tamen te o con trár i o.

( de um a entr evista de Betinh o ao jorn alFolh a d e S. Pa u lo, 05/ 09/ 93.)

6. M as ei s que Chi co Bu arqu e, j u sti f i can do su a pa rt i ci pação n o show d o M emori al , v ei o com u m a rgu men to cu ri oso. Você pode di zer que distr ibuir al imentos não resolve nada, lembrava ele, “mas não distr ibuir resolve alguma coisa?” Já que nada vale nada, um pouco de car i da de é melh or do qu e n en hu ma .

( M arcelo Coelho , Folha de S. Paulo, 08/ 09/ 93.)

7. N a pi scin a do Clu be H armoni a ou vi u ma sen hora gord i n ha di zen do qu e a cam pan ha con tr a a fome era coma n da da pelo PT e qu e tinha por objetivo arrasar com o nosso país. Outras senhoras gordi- n ha s con cord ar am , r epeti n do a v elh a h i stóri a d e qu e era melh or en si - n ar a p escar do qu e da r o pei xe.. .

( Geraldo An haia M el lo, Pain el do L eitor ,Folha de S. Paulo, 09/ 09/ 93.)

8. Pessoas qu e mora m n as ru as de São Pau lo n ão têm u ma i déi a 

exat a d o qu e seja a campan ha da A ção da C i dad an i a con tra a Fome,a M i séri a e pela V i da . El as se di zem can sad as de movi men tos qu e distribuem alimentos, mas não conseguem resolver o problema da miséria. Essas pessoas – que seriam as principais beneficiadas pela cam pan ha – pedem a cr i ação de mai s empr egos, pois qu erem consegu i r u ma m orad i a e poder escolher a comi da .

( Folha de S. Paulo, 21/ 09/ 93)

9. Na esperança da revolução redentora, a palavra de ordem era en sin ar a pescar . D ar o pei xe era o pecado assi sten cial i sta , qu e reta rd av a o processo revolu cionár io. ( .. .) H oje sabe-se: o capi ta l i smo n ão acaba com a miséria. O socialismo também não. Não há mais sonho nem utopia.Resta apen as a concretu de ten ebrosa da mi séri a ( .. .) n ão se está su geri n - 

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do qu e a soci eda de assu ma o papel d o Estado. M as é i mportan te compr e- 

ender: é a sociedade que muda o Estado, não o contrário. (...) (o cida- dão) morr erá , como têm morr i do mi lh ar es, se al guém n ão lh e der comi da .( A lc ione Araújo, Caderno FO M E,

Jorn al do Brasi l , 12/ 09/ 93.)

10. Eu n u n ca sen ti fome n a v i da , mas acho que deve ser m u i to tri ste.( Ad r iana, 12 an os, Veja, 15/ 09/ 93.)

20 ) UNICAMP

Atenção: se você não seguir as instruções relativas aotem a qu e escolh eu, sua red ação será an u lada.

Tema A

Em momentos de crise, o homem procura desesperada-mente encontrar a saídas. Cientistas sociais, filósofos, políti-cos afirmam que é preciso alterar as condições econômicas,sociais, educacionais, para que os indivíduos possam resolverseus p r ob lem as; m ísti cos, esot éri cos e defen sor es de vári as fo r -m as de au to -ajud a pr om etem saídas pessoais, po r vezes r ápidase eficazes. N a coletânea abaixo você encon tr a elem ent os rele-vant es para a an álise dessa qu estão. Co m base n os fr agmen to sdessa coletânea, redija um texto dissertativo sobre o seguintetem a: Saídas m i lagr osas p ara a cr ise: sol ução ou i lu são?

1. A auto-ajuda contém uma filosofia do senso comum,

um a espécie de r efin am ent o d o q ue se vê no s pára-choq ues decaminhão. “Sorr ia para a vida e ela sorr irá para você”, porexem pl o, O u ent ão: “T od a jor n ada com eça com um passo.” Épossível d iscor dar d isso?

2.

Os mais vendidosFicção Não-Ficção

1 – O Alquimista , 1 – Emagreça Comendo ,

Pau lo Coelh o ( 8-212* ) L air Ribeir o ( 1-6)2 – Escrito nas Estrelas , 2 – O Sucesso Não Ocorre por Acaso ,Sidn ey Sh eldon ( 1-14) L air Ribeiro ( 2-56)

3 – M emor ia l de M ar ia M oura  , 3 – Prosperidade ,Rach el de Q uei r oz ( 3-31* ) L air Ribeiro ( 3-37* )

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3.  Veja  – É possível recuperar a auto-estima brasileira,

perd id a n a década de 80?S. Kani tz ( econ om ista) – O s br asil eiro s for am cobaias deexper im ent os econ ôm icos po r qu ase dez an os, o qu e baix a aaut o-estim a de qualqu er u m . O L air Ribeiro é resul tado di sso.Se as p essoas n ão esti vessem d e astr al t ão baix o, ele n ão vende-ria tantos livros. A auto-estima começa a melhorar quandovocê tem con tr ol e sob re sua vid a econ ôm ica.

( A cr ise já era, Veja , 12/ 10/ 94.)

4. As modernas listas de best-sellers i l ustr am a im ensa n e-cessidade que temos desses livros de iniciação, verdadeirosmanuais de sobrevivência para a travessia da vida. Mas a arted e viver ad ul ta, enver gon h ad a, costu m a se apo iar em d oi s áli -bi s: ou n a psico lo gia, e en tão t em os as li ções p osit ivas de L airRibeiro, ou na religião, e temos aqui as fábulas esotéricas dePau lo Coelh o. N ão o u sam os, ain d a, n os apegar a u m a ar te deviver sem m ul etas, m old ada di retam ente p ela pr óp ri a vid a.

( José Castel lo , Cad ern o 2, O Esta do de São Pau lo , 08/ 11/ 94.)

5. A cr ise cr io u di scur sos, que se di gladiam pelo s lo u r osdo acerto. No discurso clamamos à nação, o orador pede auma Razão secreta que desperte, tipo “Deus, onde estás quen ão r espo n des?” T end e para o r el igioso, para o sagrado h or -ro r , já que n ão h á n en h um a Cen tral da Razão qu e tom e um apr ovid ên cia. ( ...) A cr ise é boa para aum entar o contato com oabsu r do , logo, com o m in istéri o d a vid a. Neste sent id o, a cri seé fil osóf ica.

( Ad ap tado de A r n ald o Jabo r , “A cri se é a salvação d em u it os br asil eir os, O s can ib ais estão n a sala de jant ar” .)

6. Os homens fazem a sua própria história, mas não afazem ar bi tr ari am ente, em cir cun stâncias escolh id as po r elesmesmos, e sim em circunstâncias diretamente dadas e herda-d as d o p assado.

(K ar l M arx , O 1 8 B ru mári o de L u ís Bon aparte.)

7. Vivi pu xan do d if íci l de dif ícel, peixe vivo n o m oqu ém :qu em m ói n o asp’ ro , não fantasêia.( . ..)Viver é m ui to p erigoso...

( Palavr as d e Riob ald o, p erson agem d e G ra n de Sert ão: Veredas , d e João Gu im arães Rosa.)

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21) ( FU VEST ) . Redação

ANDY WARHOL, Mar i lyn Monroe, 1962. Óleo sobretela, 81 x 55 3/ 4.

“ Em m ui tas pessoas já é um descar am ent o d izer em ‘Eu’ .”( T . W. Adorn o)

“ N ão h á sem p r e su jeito , ou suj eitos.( ...) ”

“ D igam os qu e o suj eito é r ar o, tão r aro qu an to as verd a-des.” ( A. Badi ou )“Todos são livres para dançar e para se divertir, do mes-

m o m od o q ue, desde a neu tr ali zação h istó ri ca da r eligião, sãoli vres para en tr ar em qu alqu er u m a das in ú m eras seitas. M as ali berd ade d e escolh a da id eologia, que r eflete sem pr e a coer-ção econ ôm ica, revela-se em to dos os setor es com o a li ber dadede escolh er o q ue é sem pr e a m esm a coisa.” ( T . W. Ad or n o)

Relacion e os text os e a im agem anteri or es e escreva um adissertação em prosa, discutindo as idéias neles contidas eexpon do argu m ento s qu e sustent am o p on to de vista que vocêadotou.

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22) Veja os textos a seguir e elabore uma dissertação a respeito.

Pro cur e tom ar um a po sição clara.

Saúde adia decisão sobre liberação da maconhapara uso medicinal

D a Sucur sal d e Brasíl ia e da Repor tagem L ocal

Os Ministérios da Saúde e da Justiça vão consultar osoncologistas – médicos que tratam de câncer – antes de deci-dir sobre a liberação de uma das substâncias ativas da maco-n ha, o T H C ( o tetrah idr ocan abin ol) , para uso terapêut ico.

O secretário nacional de Vigilância Sanitária, ElisaldoCarl ini, disse ontem, em Brasíl ia, em um simpósio sobre otema, que a consulta aos médicos será em outubro, durantecongr esso d e oncologia que ocorr e em Belo H or izon te.

O m in istr o A d ib Jaten e, da Saú de, pod eria l i berar a su bs-tância com um a po rt ar i a, m as pr efer i u esperar.

“Q uerem os an tes qu e o assun to seja d iscut id o p ela socie-d ad e”, di sse, n a aber tu r a d o sim p ósio .Não está em discussão a liberação de cigarros de maco-

n h a. O T H C só será con sum id o d entr o d e hospi tais, em cápsu-las, por qu em faz qu im iot erapi a cont ra cân cer.

O único efei to terapêut ico do THC comprovado pelaciência é eliminar vômitos e náuseas, efeitos colaterais daquimioterapia.

H á out ros usos em estu do em vário s países, com o gl auco-m a, epi lepsia, cer tas doen ças n eur ológicas e espasm os. A bi bl io -grafia da h om eopatia men cion a vári as ut il id ades da m acon h a.

Car li n i é a favor de qu e o T H C seja aut or izado para o usomédico. “É uma posição pessoal. Não há posição oficial doMinistér io.”

O reconhecimento da ut i l idade terapêut ica do THCpela O r gan ização M un di al d e Saúd e, em 91, foi acatado p elasN ações U n id as, com o vot o d o Br asil .

O oncologista Rene Gansl disse que, quando o THC foil iberado nos EUA, no início dos anos 80, “era competit ivo,mas hoje há drogas mais eficazes e com menos efeitos adver-sos, com o o Plasil ” .

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Ele adm ite que o T H C po deri a beneficiar pacientes em

algu n s casos. “M as, an tes, o T H C er a út il em 30% dos casos;hoje, para menos de 1%. Acho que não se justif ica a libera-ção” , d isse.

Em São Paul o, An th on y Wo n g, di r etor d e Centr o de Assis-tência Toxicológica do Hospital das Clínicas, defendeu a libe-ração d o T H C. “Ele não leva à depend ência física e pod e ben e-ficiar muitos doentes. O THC pode e deve ser vendido sobri goroso contr ole.”

O psiq u iatra Darti u X avier d a Sil veira, do Pro ad – Cen tr ode Prevenção e Estudos da Escola Paulista de Medicina –defen deu a lib eração p ar a uso ter apêu ti co.

“Estudos nos EUA mostram que 90% dos que fumammaconha não f icam dependentes” , af i rma. “Controlado, oT H C tr ar ia benefício s, não ri scos.”

Arthur Guerra, que coordena o Grea – Grupo de Estu-do s em Ál cool e Dr ogas d o H C –, n ão con cor da. “ A d iscussãoé um a jogada de market ing p ara a li ber ação d a dr oga”, d isse.

( Au reliano Biancarel l i e Paul o Silva Pin to, Fol ha de S. Pa u l o.)

Maconha

A m aconh a (Can n abis sat iv a ) fo i p rovavelm en te a pr im ei-ra planta que o h om em usou para fabr icar f ibr as e tam bém – acarne é fraca – para embriagar-se. Ao que tudo indica, elasur giu n o n or te do H im alaia. Escrito s an tigos apo n tam qu e já

em 2.800 a.C. os chineses a utilizavam. Há indícios de que apl an ta já era con h ecid a n a Pr é-H istór ia.A erva rapid am ente se po pu larizou . N a Í n di a é con h ecid a

com o “ bh an g”, “charas” ou “gh an ga”; n o Egito e Ásia M en or ,h axix e; n o n or te da Áfri ca é “k if” . O po rt uguês “m aconh a” vemdo quimbundo ( l íngua banto afr icana) “ma’kana”, p lural de“d i’ kaña” ( erva san ta) .

A fér ti l im agin ação d os br asil eir os e afr ican os cri ou um ar ica li sta de sin ôn im os para design ar essa variedade d e cân h a-m o: l iamb a, al i am ba, di am ba, r i am ba, bagul h o, bengue, bi rr a,dir ígio, erva, fuminho, fumo, fumo-de-angola, mato, pango,sor u m a, m anga-r osa, m assa, taban agir a. H á o m ais u n iversal,mar i juana.

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Apesar de ant igo, o hábi to de embr iagar-se com

“Cannabis sativa” muitas vezes foi visto com maus olhos. Umgrupo de cruzados europeus teve de enfrentar – com poucosucesso, acredita-se – uma seita islâmica bastante valorosa emcombate. Eram os “hashshsshin” (“bebedores de haxixe”).Atr ibu in do a fero cidade da seita à dr oga, os euro peus retor -naram em menor número à sua terra natal e t rouxeram dequ ebr a a p alavr a “ assassin o” .

A i déia do M in istér io d a Saúd e de l iberar o m ais im por -tante pr incípio at ivo da Cannabis sat iva , o tetrahidrocana-bin ol ( T H C) , para uso m edicin al – em qu e pese os resul tado sfr ustrantes do semi n ári o d e ontem – é m ais do qu e opor tun a.

Os próprios EUA, os inimigos número 1 do tráfico, jáin cluíram o T H C em sua farm acopéia. A O N U , sobr e recomen-dação da OMS, retirou o THC da lista 1 – a das drogas pros-crit as – para in cluí-lo n o r ol do s m edicam ento s con tr olados.

A d r oga já r evelou gr and e valo r n o com bate às n áuseas evômitos dos pacientes de câncer submetidos a sessões de

quimioterapia. Também está comprovada sua ação no trata-m ento de glaucom a. Estu do s ain da in con clusivos in di cam qu eo T H C pod e ter algum valor terapêuti co para epi lépticos.

Perm iti r qu e m édicos recom end em a seus pacien tes qu epr ocur em um tr af ican te para obter um a dr oga qu e po de fazerbem à sua saúde ou melhorar a sua qualidade de vida é umcon tr a-senso. A lib eração d o T H C com o sub stância m édicacontrolada é um imperativo. A morf ina, estupefaciente do

gru po das op iáceas m ui to m ais po dero so qu e o T H C, circul apelo s h ospi tais sem qu e isso se tenh a transfor m ado n um pr o-bl em a d e saúd e pú bl ica.

Seria ridículo que falsos moralistas e a hipocrisia impe-dissem que uma droga que pode ajudar muitos seja comer-cializad a legalm ent e. (Folh a d e S. Pa u lo , Edi tor ia l .)

23) Escreva uma carta ao jornal mostrando sua opinião sobre oedi tor ial l id o.

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UNIDADE 6: APOIO FUNCIONAL

“A gramática é a ferramenta do autor na cons- trução do texto.” 

João Jon as

Durante o processo de produção de textos, surgem sempredúvidas gramaticais; nesta unidade trataremos dos casos em quealgu n s exercícios po dem aju d ar a solucio n ar cert os pr ob lem as; noentanto há outros casos que gramáticas e livros do tipo tira-dúvi-das resolvem tranqüilamente; a consulta a esses materiais torna-seob r igatór ia por p ar te de qu em se pr op õe a escrever n a escola, n otr abalh o ou m esm o p or m oti vos part i culares.

Vale lem br ar qu e a elim in ação d e algu n s err os será efetu ad aa partir do treinamento lingüístico e a prática constante da escri-ta. Cabe ao produtor o trabalho constante da revisão e escritura-ção dos textos para que a assimilação das técnicas redacionais en or m as gr am aticais seja efetivada.

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CAPÍTULO 1

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

As p alavr as são classi fi cadas com base em sua ton ici dade em :

Oxítonas : quando a ú lt im a sílaba é m ais fo r te: café, Par i, paletó .

Paroxítonas : qu an d o a pen ú lt im a é a m ais fo r te: car áter, cava-lo , fér ias.

Proparoxítonas : quan do a an tepen úl t im a é a m ais for te: pú bli -co, sábad o, m ágico.

A acentu ação está basead a nu m a regra p rática de exclu são.

ACENTUAM-SE

1) monossílabas : são acen tu adas as ter m in adas em : a, e, o, emseguidos ou não de s: pá, tr ês, vê-lo, p ô-lo .

2) proparoxítonas : todas são acentu adas: clássico, p ássaro , rótu lo .

3 ) oxítonas : são acentuadas as terminadas em: a, e, o, emseguidos ou não de s: gu aran á, atr ás, lavá-lo, j acar é, rep ôs, d isp ô-lo , tam bém , parabéns.

4 ) paroxítonas : são acen tu adas as ter m in adas em : l, n, r , x, ps,ao, a, i( s) , u( s) , um( s) , on( s) , di ton go: fácil , am ável, pó len , h ífen,

r evól ver, rep ór ter, xér ox , tór ax, bíceps, órgão, ím ã, júr i, ír is, vír u s,álb u m , álb u n s, pr ót on , elétr on s, hi stór ia, séri e, ú teis.

5 ) D i ton gos abert os : são acen tu ados os d it on gos aber tos term i-n ado s em : éi, éu, ói : id éia, fogaréu, jói a.

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Obs.: Muitas pessoas têm dúvidas quanto à separação

de síl abas d os d i to n gos aber to s. Veja: jó i -a, id éi -a, ap ó i -o. É m u i to sim p les, basta con ser var odi ton go aber to n a separação.

6 ) H i a t o s  : acen tu ad os os I e U qu e for m am os h iatos, qu an docon sti tu em sílabas sozin h os ou seguidos de s, e não seguidos de l ,m, n, r , u, z, nh: saúd e, balaúst r e, r aízes, faísca.

N ão são acen tu ad os: jui z, rain h a, Rau l, cair m os.

7 ) Grupo EE e OO : é acentuada a pr imeira vogal do grupoqu an do tôn icas: lêem , vôo, enjô o.

8 ) Trema : usa-se trem a n o U áton o n os gru po s que, qui , gue,gui: freqüên cia, tranqü ilo , agüentar, l in güiça.

O bs.: Levam acen to agud o o m esm o gru po qu an do o Ufo r t ôn ico: ar gúi , obli qú es, ap azigú e, averi gúe.

9 ) Acento diferencial tônico : usa-se o acento diferencial paradistinguir as palavras com grafia semelhante.

pára( verbo) – para ( pr ep.)péla ( verbo , sub st.) – pela ( p r ep., con tr ação)pélo ( verb o) – pêlo ( subst.) – pelo ( pr ep., contr .)pól o, pôlo ( subst.) – polo ( pr ep., contr .)pôr ( verbo) – por ( p rep .)

pêra ( f ru ta) – péra( pedra) – pera ( pr ep., contr .)côa ( verbo ) – coa ( pr ep., con tr .)pôde (pretér ito perfeito) – pode (presente)o po rqu ê ( subst) – por que ( conj. )po r q ue ( fr ases in terro .) – por qu ê (f in al d e frase)quê (subst. aparece sozinho ou em final de frases) – que

( pron . con j .)

10) T ER e VI R e seu s compostos :seguem a seguin te r egra:si n gu lar plu ra l  Ele tem Eles têmEle vem Eles vêm

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Ele con tém Eles con têm

El e i n ter vém El es i n ter vêm11) Algum as palavras qu e geram dú vid as qu an to à acen tu ação:dú pl ex, látex, lêvedo, logót ip o, ru br ica, avaro , pu di ca, dist in -

guiu , aziago, Pacaemb u, tatu, m ister, ínt er im , bistur i, m oin h o.

EXERCÍCIOS

Acentue se necessário:

ap ar en cia faci l bon e ur eter f lu id ovoo in son ia avar o bebed o rubr icaar quet ip o p rotot ipo logot ip o d u p lex om egaibero leved o lam p ad a m ater ia p i lotopal i to paleto perpetuo Jacar ei tatuvan d alo ju iz ju izes L u is L u izap o io( su bst .) ch apeu im pr op r io m iudo refemcon tr ibu i ( ele) estagio soviet ico p lagio m oid acon tr ibu i ( eu ) h i fen i ten s saci an zolap oio ( ver bo) m oveis in stan cia aben çoo bi l in gu eele m an tem p ais p ai zip er co lh er

ele obtem tres Parana h eroico p o leneles tem on u s d el i r io busso la in ter imeles cr eem con su l ar m azemeles veem ele ve ele cr e po pepar a( ver bo) cien ti f ico bau Botucatu jovemp ar a( p r ep .) m ister m acio vazio m ictor iop od e( p r es.) id eia assem bleia bo i jo ia

p od e( p r et .) l in gueta eloqu en cia quota in quer i toqu i lo aquatico in iqu id ad e al iquota r egu abaln ear io deixa-lo r ecebe-lo par t i -lo d ivid i -lor etr ibu i -lo lava-lo p er de-lo apar ta-lo boia

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CAPÍTULO 2

A CRASE

Usa-se o acento indicativo da crase quando houver a contra-ção d a pr epo sição a e do art igo femi n in o a ou com os pr on om esdem on str ativos aqu ela e su as var iações.

Eu vou a + a feir a = Eu vou à feir a.

N ote com o h ouve o encon tr o da pr epo sição a  e do art igo a ,Caso trocássemos feira por mercado, veríamos que ocorreria oencontro da preposição a  com o ar t igo o .

Eu vou a + o m ercado = Eu vou ao m ercado .

Regra Pr áti ca 

a) T rocar a palavra fem in in a por um a m ascul in a sem e-lhante.

Se ocor r er com a palavr a m ascul in a o encon tr o ao , coma fem in in a ocorr erá a fusão à .O pr of essor se referi u ao alu n o = O pr ofessor se referiu

à aluna.

b) T ro car a pr eposição a  pela p r eposição para .A secretár ia foi para a reun ião = A secretária foi à  reunião.

Regras Específicas 

N em sem p r e será p ossível apl icar as r egras p r áticas; h averácasos qu e sol ici tarão o u so de algu m as r egras específi cas.

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1) H o r a s  : O cor r erá a crase. I r ei ao clu be h oje às 14 h or as,

a reu n ião será das 15 às 20 h or as.O bservação: A palavr a desde elim in a a ocor r ência da crase:Esto u esp erand o você desde as 2 h or as.Veja que se usarm os m eio-di a, não h averá o en con tr o a + o:Esto u esperan do você desde o m eio-d ia.

2 ) Dias da Semana : O corr erá crase som ente n o p lu ral.D as segun das às sextas-fei r as h averá r eun iões.

Observação:a) N o sin gular n ão o corr erá a crase:H averá reun ião d e segun d a a sexta-feir a.b) N ão o cor r erá cr ase an tes d os m eses d o an o:D e jan eiro a m ar ço terem os di as qu ent es.

3 ) N ome de l u gar es : A o cor r ência da crase será con statada com

o aux í l io d o verbo v i r  ou vol tar  :I rei à Ar gen tin a = Venh o da Argen tin a.Vou à Rom a An tiga = Voltei da Rom a An tiga.I re i a M arí l ia = Ven h o d e M arí l i a.Vou a Rom a = Vol tei de Rom a.Ao usar o ver bo v i r  ou vol tar  , deve-se ob servar a in cid ência do

ar ti go n a pr eposição de :d a = àde = a

4 ) À moda ou À ma n ei ra : O cor r erá cr ase com estas exp r essõesm esm o q ue sub enten di das:

Com i u m bi fe à m oda m i lanesa ou Com i u m bi fe à m i lanesa.Escrevo à maneira de Nelson Rodrigues, ou Escrevo à Nel-

son Rodrigues.

Observação : Esta regra ocor rerá com qu alq uer palavra suben -

tendida:Fui à M arech al D eodo ro. = Fui à ru a M arech al D eodoro .Esta can eta é igual à qu e com prei. = Esta can eta é igual àcan eta que com pr ei.

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5) Distância : O cor rerá crase quand o é determ in ada a d istância:

Vi sua ch egada a d istân cia.Vi sua chegada à d istância de d ez m etros.

6 ) Casa : Ocorrerá crase quando não existir o sentido de larou qu an do estiver m od if i cada.

Vo lt e a casa. ( sen ti d o d e lar)Vou à casa de m eus ir m ãos. ( m od ifi cad a = d e m eus ir m ãos)

7) Terra : Ocor rerá crase quando não estiver n o sent id o d e solo:Ch eguei a terr a. ( sol o)O lavr ado r t r abalh a a terr a. ( sol o)Ch eguei à terr a n atal.O s astr on au tas r egr essar am à T err a tr an qü il os.

8 ) Pronomes : O cor r erá cr ase som en te n estes casos:a) pr onom es re lat ivos a qu al  e as qu ai s :Esta é a gar ot a à qu al m e refer i.

b) pr on om es demon strat ivos aquela , aquela , aqu i l o  :Referi -m e àqu ele li vr o.

N ote que se usássem os ou tr o p ron om e apareceria a pr e-posição a :

Referi -m e a este li vr o = Referi -m e a + aqu ele li vr o.

Observação : Com os pronomes demonstrat ivos a  e as  sóocor r erá cr ase com verb os qu e exi gir em a pr eposição a :Assisti a todas aulas do dia, menos às de física.

N ot e qu e o verbo assisti r n este caso pede a p r epo sição a :

Assisti a todas e assisti a + as de física.

c) Pronomes possessivos femininos  (minha, tua, sua, nossa...):a ocor r ência de crase é facul tativa:

Assisti a tu a peça m usical, ou Assisti à tu a peça m usical.

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9) L ocu ções A dv erbiai s, Preposi ti vas e Con ju n ti vas Femi n i n as : N o r -

m alm ente respo n dem às pergun tas on de? com o? qu an do ? po r qu e?Veja:Com erei à lu z d e vela. – Com erei co m o? à lu z d e vela.Caso não usasse o acento indicativo de crase a frase teria

outr o sent i do.Com erei a lu z de vela – Sign if ica que a lu z de vela será com id a.Ad iou à n oite. – Ad iou qu an do ? à n oite.Ad io u a no ite. – Sign ifi ca qu e a n oi te foi adiada.O bserve algu m as lo cuções: à ri sca, às cegas, à di r eit a, à fo r ça,

à reveli a, à escu ta, à p r ocu r a de, à esp er a de, às claras, às vezes, àsp r essas, à p aisana, à tar d e, à n oi te, à to a, à m edi d a qu e, à p r op or -ção qu e, etc.

EXERCÍCIOS

1) U se o acen to in di cativo d e cr ase quand o n ecessári o:a) A cigarr a vive a can tar ju nto a janela on de a pob re m eni n adoente descansa.

b) A d istân cia observava as m oças cant arem su aves cançõ es.c ) Pref i r o i sto aqu i lo .d) I rei a Cam pi n as am an h ã e a saud osa Ar araquara na semana

qu e vem.e) Fom os a I tá l ia e não fom os a Roma.

f ) Esta é a ru a a que me refer ia on tem .g) As cegas o p ol icial estava a pr ocur a do ladr ão n a m ataescura.

h ) A d iscussão é p ert i n en te a gerência f in an ceir a.i) Víam os a di stân cia de dez m etros os m ari n h eiros descerem

a ter r a. j ) Vou a casa d e m eu s pais visi tá-los.l ) Aquela é a m ulher a qual ded iquei m etade de m inh a vida

em vão.m ) Vou a Marechal D eodor o h oje.n ) Esto u aqui d esde as du as h or as d a tard e.o) De segunda a sexta haverá reuniões no horário das dez as

on ze h or as.

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p) Escreve a Fern and o Pessoa.

q) N ão m e refer i a este l ivro.r) Gosto m ui to d e ir a festas de fin al d e an o.s) N ão escrevo a caneta.t) A n oi te é bela, m as só i r ei ao cent r o d a cid ad e a tard e.u) Assisti a novela e não gostei do capítulo de ontem.v) O alu n o f i cou n ervoso e bateu a po rt a com for ça.x) Ela chei r ava a r osa e m e en ebr iava.z) Ela ch eir ava a r osa e esp ir r ava, p oi s era alérgi ca a p erf u m es.

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CAPÍTULO 3

O USO DA VÍRGULA

R egra G era l : A ord em dir eta de um a or ação é sujeito, verbo e

complemento. Qualquer alteração nessa ordem pede o uso davír gul a p ar a qu e a leit u r a n ão seja p r ejud icada.

Eli an a escreve car tas to do o d ia. – or dem d ir eta.

O bserve um a or ação em qu e há alteração d a or dem di r eta:

T od o d ia, Elian a escreve car tas.

Com o p ôd e ser visto, o com pl em ent o “ to do s os di as” estavaantes do sujeito “Eliana” modif icando, assim, a ordem direta daoração.

PRO IBIÇÃO DO U SO DA VÍRGUL A

N ão se separa por vír gul a o su jeito do verb o e, tam bém ,o verbo de seus com pl em ento s:

Eli an a, escreve car tas to do di a. ( em pr ego er r ado )

Eli an a escreve, car tas to do di a. ( em pr ego er r ado )Eliana, todo dia, escreve carta. (emprego certo, poish ou ve alt eração n a or dem da or ação)

Eli an a escreve, to do d ia, car tas. ( em p r ego corr eto, po ish ou ve alteração n a ord em di reta)

REGRAS ESPECÍFI CAS

1) Separar vár io s su jeit os, vár io s com p lem en to s ou vár iasorações.

O s pr ofessor es, alu n os e fun cion ári os for am h om enageado spelo d i re tor .

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Go sto m u it o d e r edação, l iter atu r a, gram áti ca e h istór ia.

Fui ao clu be, n adei b astant e, jogu ei fu tebol e alm ocei.2) Separar aposto, term o expl icativo.

O técn ico d a seleção b rasil eir a, Zagalo , con vocou vin te e do is jogad or es par a o am istoso.

Jor ge Am ado , grande escritor brasileiro , é autor de inúmerosr om an ces adaptados p ar a televisão.

O pr esid ent e da em pr esa, Sr . Fer r et , deu u m a en orm e grat i f i -

cação a seus funcionários.

3) Separ ar vocativo.

A inflação, meu amigo , faz p ar te da cul tu r a n acion al.“ I sso m esm o, caro leitor , aban e a cabeça” ( M achado d e Assis)

4) Separar t erm os qu e se deseja enf ati zar .

Eli an a chegou à festa, ma rav i lh osa como u ma D eu sa , i lum inan-do tod o o cam in h o p or qu e passava.

5 ) Separar exp r essões exp li cati vas e term os in ter calado s.

A vida é como boxe, ou seja , vivemos sempre batendo emalguém.

O pr of essor , con form e pr ometera , adi ou a pr ova bi m estr al.

6) Separar or ações:coor den adas ( m as, po rém , con tu do , po is, po r qu e, lo go, po r -

tanto)

Part icipam os do congr esso, po rém n ão fom os rem un erados.T r abalh e, poi s a vid a n ão está fácil .Antônio não estudou; não consegui, portanto, passar o ano

letivo.

7) Separar or ações ad jetivas:

O f um o , qu e é preju di ci al à saú de , ter á sua vend a p r oi bi d a p ar amenores.

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8) Separar or ações adverb iais, pr in cipalm ente qu an do vie-

rem an tes da pr i n cipal.Para que os alunos aprendessem mais , o professor trabalhava

com música.A ssi m qu e pu der , mand ar -te-ei um li n do pr esente.

9) O rações redu zid as de part icípio e gerú n di o.

Chegando atrasado , o alu no contu rb ou a aula.

T erm in ada a palestra , o m édico fo i ovacionado pelo p úbl ico.

10) Par a in di car om issão d e palavra.

Eu leio romances clássicos; você, policiais. (Foi omitido overbo ler . )

O USO DA VÍRGULA COM O CONECTIVOE 

a) Separar as or ações com su jeit os d if eren tes.

O po licial pr en deu o ladrão, e sua espo sa f icou m ui to o rgu -lhosa.

b) U sa-se vír gul a an tes do e quando precedido de intercala-ções.

Eliana foi promovida, devido a sua capacidade, e todos dodepartamento a cum pr im entaram .

c) U sa-se vírgula depoi s do e quando seguido de intercalações.

El iana foi promovida e, por ser muito quer ida, todos dodepartamento a cum pr im entaram .

O USO DO PONTO-E-VÍRGULA

Usa-se, basicamente, o ponto-e-vírgula para obter mais clare-za em per íod os lo n gos com vír gul as.

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Com pr am os, em 15 de abr i l , da emp resa L ether I n for m ática,

10 mesas para computadores; da Decortex, 15 cortinas bege; em20 d e abr il , da Pen , 5 caix as de can etas azu is e verm elh as.Fomos, ontem pela manhã, ao clube; faltamos, portanto, à

aula.

EXERCÍCIOS

Use vírgulas se necessário.

a) Eu fui de carr o e ela de ôn ibu s.b) Escolh a o r oteir o e o m on ito r reservar-lh e-á os m elho res

hotéis e restaurantes.c) A m oça desesper ad a cor r ia sozin h a pelas r u as.d) Paul o o cozin h eir o n ão veio h oje o que farem os?e) Paulo o cozin h eiro n orm alm ente fal ta n o trabalh o.f ) N ós ti vem os m u it as alegri as eles p ob r es coit ad os n a vid a

só decepções.g) M ar ia gosta m ui to de festas L ú cia sua ir m ã p or sua vez n ãoapr ecia m uito .

h ) Con segui um a folga para em endar o fer i ado aceitarei p or -tanto o seu convite.

i) O di retor da em pr esa ofereceu b ri n des e sua espo sa f icoum ui to contente com a maneira que ele trata os fun cionários.

 j ) Pr om et eu -n os n o ú l t im o en co n tro que em bora suas at ivi -

dades fo ssem vari adas e m ú lt ip las atend er-n os-ia sem falt a qu and odele precisássemos.l) A autor a ganh ou pr êm ios l i terár io s e versos h um oríst icos

seus fo r am li do s po r to d os.m) Mar ia toma banho por que sua mãe pede ela t raga o

sabonete.n) O fazendeiro t inha o bezerro e a mãe do fazendeiro era

tam bém o p ai do b ezerro .o) Com muita paciência ele conversou com o velho ouviu-

lhe as queixas e de acordo com as possibilidades atendeu-o emalgum a coi sa.

p) A exportação de tecnologia acreditem meu amigos é am ol a-m estr a do p r ogr esso.

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CAPÍTULO 4

O USO DOS PRONOMES

Estudaremos neste capítulo o emprego de alguns pronomes

cuja colocação causa algumas dúvidas.1 ) Pronomes demonstrativos: esse, este e aquele.

a) Este:  usamos para indicar objetos que estão próximos dofalan te e para in di car t em po pr esente ou fu tur o:

Esta m in h a blu sa está m e in com od an do , vou ti rá-la.Este d ia está in supor tável, pr eciso f azer algo d if eren te.Esta no i te preten do dor m ir cedo.

b) Esse:  usamos para in d icar o bjetos qu e estão com a pessoacom qu e se fala e com a pessoa qu e nos ou ve ou lê, e tam bém emtem p o p assad o.

Peço a essa em presa com pr een são qu an to à dem or a da en tr e-ga do p edid o.

Essa noi te n ão con segui do rm ir bem .

c) Aquele:  usamos para indicar objetos que estão com a pes-soa de quem se fala e tam bém para in di car algo m ui to d istante.

Aqu ela blu sa do seu am igo é m ui to b on ita.L emb ra qu an do estu dávam os n o p r i m ár io, aqu ela escola er a

o m áx imo .

Observação: Este e aquele :Usamos aquele na indicação de elementos que foram mencio-

nados em pr im eiro lugar e este para os que foram por últ i m o.

João e Jon as são am igo s, po r ém este é ext r overt id o; aqu ele,m ui to t ím ido .

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2) Pr on omes obl íqu os: 

a) Pronom es: o e a  usam-se com verbos transitivos diretos.Compre i o car ro. / Compre i-o .

An tes de verbos term in ados em : R, S e Z, usa-se L O ou L A:Compra r a casa. / Comprá -la.Fez o exercício. / Fê-lo .Comemos o bolo. / C om e m o -l o .

Antes de sons nasais, usa-se NO ou NA:D ão presentes. / Dão-no.Levam fama. / L evam -na.

b) Pronome:   l he usa-se com verb os tr ansit ivos in d ir etos.

Fiz a ele um a pr op osta. / Fiz-lh e um a pr op osta.I n for m ei ao di retor o assun to. / I n for m ei-lh e o assun to.

c) Pronomes: eu  e mim.An tecedido de p r eposição para e sucedid o d e verb o n o i n f i n i -  t i v o  , usa-se eu .

I sto é para eu fa zer . / Ped i ram para eu compr ar o l iv ro .

An teced id o p or p r epo sição, usa-se mi m .En tre mi m e ti está tu do acabado .I sto é para mim? 

d) Consigo e contigo: Consigo = ele mesmoJoão tr ou xe con sigo o li vr o d e redação.

Contigo = com vocêJoão, pr eciso falar con ti go ain d a h oje.

e) Conosco e com n ós: 

Q uand o acom panh ado de um agente m odif icador ( m esm os,to do s, pr óp r io s ou n um erais) usa-se com n ós.

Eli an a vir á con osco.Eli an a vir á com n ós m esm os.

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3) Colocação pron omi n al : 

Pró cli se, col ocação an tes d o verbo.

a) Com p alavr as n egati vas:N u n c a  m e d iga i sso.N ão te qu ero m ais.

b) N as fr ases excl am ativas, in ter r ogativas e op tati vas:Com o se fala aqu i!Q uem te di sse?D eus lh e pague, m oço.

c) Com pr on om es in terr ogativos, ind efin ido s e demon strativos:Esta é a bel a m oça de qu e lh e falei.Alguém m e ajud e, po r favor .A q u i l o  a ir r i tava prof un damente.

d) Com advérb ios.Aqu i  se trabalh a m ui to.Sempre m e convidam p ara padr in ho .

e) Com in f in i t ivo regido de pr eposição.Ela veio n os aju d ar .O pr ofessor chegou para m e passar a m atéri a da pr ova.

f ) Com gerún d io regido de preposição em.Em  se t ra tando de redação, Pedr o é o m elho r .Em  a a j u d a n d o  , reparará o seu estú pi do err o.

M esóclise, colocação d o p ro n om e no m eio do verbo.

a) U sa-se apen as com verbos n o fu tu ro do pr esente e no fu tu -ro do pr etér i to do in di cativo, desde d e que n ão o corr a casos qu e

pedem pr óclise.D ir -te-ei to d a a verd ade. ( T e dir ei a verd ade – er r ado )Ajud á-lo -ei sempre que possível. ( Ajudarei-o sem pr e – err ado)A f esta real izar-se-á em 23/ 12. ( A f esta se reali zará – err ado )

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Êncli se, colocação d o p ro n om e depoi s do verb o.

a) U sa-se em or ações qu e se in ici am com verb os, desd e quenão peçam mesóclise.Revelaram -m e a verd ade sob r e você.

b) U sa-se ên cl ise semp re qu e não ocor r er in cidên cia depróclise ou mesóclise.

Ela d isse-m e p alavr as bon i tas.Q uer o beijar-te agor a.

EXERCÍCIOS

1) Cor r ija as fr ases qu e apr esent ar em err os d e u so d os p r on om es:a) Essa m in h a cam isa é mu ito qu ente, vou t ir á-la.b ) Esta no i te não do rm i bem .c) M eni n o, saia já desta sala eu acabei d e li m pá-la.d) Ach o m elho r você não u sar esta blusa, o di a vai esqu entar.

e) Esse carr o q ue seu am igo estava dir i g ind o é im por tado?f ) Eu gosto d e falar con tigo m esm o e as pessoas m e achamlou co por que falo sozin h o.

g) João leva consigo um revólver .h ) Encont raram -lo perd ido n a rua.i ) V i ram -a sozinh a no bar .

 j ) Jam ais te d i r ei a ver d ad e.i ) Revelarão-m e tudo sobre você.

m ) Isto n ão é para mim ler , é para você.

n ) O pr ofessor l he viu coland o é m elh or con versar com ele.o) Fiz-o conform e você pediu.p) Seu am igo é mu ito ch ato, já o avisei que na pró xi m a vez n ão

vou atur ar go zações.q) Em tratan do-se de rapid ez de digitações, não con h eço ni n -

guém m elho r qu e m in h a secretár i a.r ) T e ajudar ia se pudesse.s) Eu te am o, já lh e di sse vár ias vezes, você é su r d a?

t ) Essa n oite vou sair com m eus am igos.u) In form ei-os o acontecido.v) Sol icitei-o ao di retor , mas parece que ele não se sensib il izou-se.x ) Se se atrapalh ar, pr ocure alguém para ajud ar-lh e.z) N ão d iga-m e o que eu tenho que fazer .

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CAPÍTULO 5

CONCORDÂNCIA VERBAL

a) Haver  e fazer: Q uan do im pessoais n ão po ssuem fl exão.

H aver  n o sen tid o d e exist ir n ão f l exio n a.

H avia ou tr as sol uções ( Ex isti am ou tr as sol uções.)H ou ve m u it as d iscussões ( Ex isti r am m u it as d iscussões.)

H aver   in di can do tem po passado n ão f lexi on a = Faz.

H á dias qu e n ão te vejo. ( Faz dias qu e n ão t e vejo.)H á m u it os an os qu e esti ve lá. ( Faz m u it os ano s qu e esti ve lá.)

Fazer  in dicand o tem po d ecorr id o n ão f lexion a.Faz ho r as qu e esto u esperan do você.

b) Sujeito colet ivo:Concord a com o colet ivo.

A tu rm a chegou.A m aior ia dos alu n os falto u.

O BS.: A con cord ân cia com o adju n to é aceitável:A m aio r i a do s alu n os faltaram .

c) Verbo con cord a com a exp ressa n um érica:

1) Por cen tagem : U m terço dos alu n os foi bem n a pr ova.Q uaren ta por cent o d a turm a for am apr ovados.

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2) M ai s de u m, cerca de : M ais de um alu n o faltou . Cerca de dez

alunos faltaram.O BS.: Se ho uver recipr ocidade, o verb o f icará n o p lu ral:M ais d e um alu n o agr edir am -se.

d) Sujeito s l igado s po r ou  e e :Q uand o o suj eito é for m ado po r palavras l i gadas po r ou  e a

ação é colet iva, o verbo f ica n o p lu ral; quand o i n di vid ual, o verbofica n o sin gular .

M ar ia ou M ar ta será escolh id a a M iss Prim avera. ( Ação i n d i-vidual.)

Maria ou Marta são ótimas candidatas à Miss Primavera(Ação coletiva.)

Q uan d o o sujeito é for m ad o p or palavras li gadas po r e ,f ica normalmente no plural ; quando é formado por sinôni-m os ou gradação, o ver bo fica no sin gular .

João e José part ici p aram da festa.Ó dio e ran cor for m ava o caráter d aqu ele hom em . ( Sin ô-

n imo . )U m grito, um a palavra e um gesto m odif i cou m in h a vida.

(Gradação.)

e) Vo z passiva sin téti ca = verbo + se :Q uand o o verb o é transit i vo d ir eto ( sem p repo sição) concor -dará com o suj eito.

Vendem-se casas. (Casas são vendidas.)D ão-se aul as. ( Au las são d adas.)Com pr a-se carr o. ( Carr o é com pr ado .)

Q uand o o verb o é tr an sit i vo in di reto ( com pr eposição) f ica-rá obr igator iam en te no sin gular .

Precisa-se de empregada.Pensou-se em  soluções.

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f ) Pron om es relat ivos qu e e quem :

Q u e : O verbo concord a com o antecedenteFu i eu  qu e comprei o car r o.

Fo i el e qu e comprou  o car r o.

Fomos n ós que compramos o car r o.

Quem : O verbo concorda obrigatoriamente com a 3ª pessoa

do sin gular ( ele).Fui eu quem comprou  o car r o.

Fom os n ós qu em comprou  o car r o.

For am eles qu em comprou o car r o.

g ) O ver b o ser :

1) Concord a com o sujei to quando é person at ivo.

Capi tu   era as esperanças de Beti n h o.

E l i a n a  é meus sonhos.

2) Concord a com o pr edicat ivo quan do este é um pr on om e

pessoal.

O pr em iado sou eu .

O premiado é el e .

3) Com os pron om es: aqu i lo  , isso , isto , tudo, o verbo con cordacom o pr edi cativo.

T u d o  são i lu sões n a vida.

A q u i l o  são f lor es.

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4) D atas e hor as: O verbo concorda com o n um eral.

São d uas h or as.

H oje são qu in ze de agosto.

É m eio-di a e m eia.

5 ) N as exp r essões: é muito , é pouco , é suficiente , etc., o verbofica n o sin gular .

Cem qu i los é mu ito para m im .

D ez m etro s de p an o é su fi ci en te .

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CAPÍTULO 6

CONCORDÂNCIA NOMINAL

a) Ad jetivos com sub stan tivos de n úm eros e gên eros di fe-rentes.

1) Ad jet ivo d epo is do sub stan tivo: Concor da com o m asculi-no p lu r al ou o m ais p róx im o.

Paletó e cam isa velh os, ou Paletó e cam isa velh a.

2) Ad jet ivo antes do sub stan tivo: Con cord a com o m ais pr ó-x im o .

Com p r ei um a li n d a cam isa e sap ato s.Comprei lindos sapatos e camisa.

b) Cor es. Qu an do a cor é expr essa po r u m sub stanti vo fi cain variável; qu an d o p or ad jetivo é var iável.

Cor ti n as azu is – ad jeti voCor ti n as geloT oalh as br an cas – ad jeti voT oalh as laranjaPisos azul-claros – adjetivoPiso azu l-m ar

Obs.: as cores bege , azul -mar inho e azul-celeste não possuemplura l .

c) M en os e alerta : são i n vari áveisN a classe havia m eno s m eni n as h oje.N a classe h avia m en in os alert a.

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d) M eio.

Q uan do signif i ca u m pou co ou um tan to  é in var iável:Ela está meio can sada. (Ela está um p ou co can sad a.)A m ulh er do vizin h o é m eio zan gada.

Q uan do signif i ca metade , é var iável:

Com i m eia laran ja. (Co m i m etade da laranja.)Preci so d e m eias garr afas.Q uero m eio m elão .

e) Bastante.É sem elh an te à palavr a m u it o, p ossu i a m esm a flexão.Ele é m u i t o  calm o = Ele é bastante calmo.Vi mui tas  estr elas = Vi bastantes estrelas.

f ) Ca ro e bara to.Q u and o adjet ivos, são var iáveis.

As camisas são caras.

O s carr os estão bar atos.

Quando advérbios (refere-se normalmente ao verbo), sãoinvariáveis.

As camisas custam caro.g ) Pr ópr i o e m esmo.Con cord am com a palavr a a qu e se referem .

Ele mesm o p egou o l ivro.

Ela mesm a pegou o l ivro.

Elas m esm as p egar am o l ivro .

N ós pr óp r i os pegam os o l ivro.

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h ) É bom , é pr oibid o .

Concord am com o ar t igo ou perm anecem n o m ascul in o.M an teiga é bom .

A m an teiga é boa.

É pr oib id o ent rada de estr an h os.

É pr oi bi da a ent r ad a de estr an h os.

i ) M au e ma l .M al  é o con trár io d e bem , e mau  é o contrár io de bom .

Ele é m au. ( Ele é bom .)Ele está m ui to m al. ( Ele está m ui to b em.)

 j ) A n exo e i n clu so.Con cord am com a palavra a qu e se refer em.

A ficha está anexa.

O r elató r io está an exo.

O di squ ete vai i n cluso.

A fi ta vai i n clu sa.

EXERCÍCIOS

1) Cor r ija as fr ases qu e ap r esent ar em er r os d e con cor d ân cia.a) N aqu ela sala h aviam m ui tas coisas para serem arr um adas.b) A tu rm a de alun os chegaram gr i tan do n a sala de aula.c) Q uaren ta por cen to do s estud an tes escrevem m uit o bem.d) M ais de um torcedor agredi r am -se.

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e) M ais de um torcedor fo i pr eso n o estádio.

f ) João ou Jon as serão escolh id os com o p resid ente.g) N aqu ele local, ult i m am ente, acont ece m ui tos fatos estr a-nhos.

h ) Fom os nós quem r epr ovam os o orçam ento.i) N este estabelecim ento revela-se na h or a fotos color id as.

 j ) D á-se au las p ar t icu lar es d e por tuguês.l ) M ar ia fo i os sonh os do p obre José.m ) Cem qu il os de car n e são suf icien te para tod o o p essoal.n ) H oje a pr ofessor a está meio chateada com você.o) H avia m enas m enin as hoje no audi tór io .p) Com pr ei sapatos e cam isas bon ito s.q) Com pr aram cam isas beges.r ) São l in do s as cam isas e tern os qu e você com pr ou .s) As cor ti n as são ver des-águas.t ) Elas m esm o com pr aram as cort i n as verde-escur os.u) É vedado ao p úb li co a entr ada nesta sala.v) Está in cluso no docum ento a fatur a.

x ) N ós própr io fo i quem f izem os a com pra.z) As ro up as de in verno custam m ui to caras n esta épo ca.

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BIBLIOGRAFIA

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O LIVRO

REDAÇÃO: escrevendo com prática apresenta um estudominucioso e completo da técnica de escrituração de textos. Trata-sede uma obra essencial, pois traz:

• Exposição teórica clara e prática das modalidades redacionais:Descrição, narração e dissertação;

• Estudo da coerência e coesão textuais;•  Ao fim de cada capítulo, exercícios de fixação que facilitam a

assimilação do conteúdo;•  Ao fim de cada unidade, propostas de redação retiradas de vesti-

bulares, de jornais, de revistas e de tiras de quadrinhos;° Esquema simplificado com exercícios dos problemas gramaticais

mais freqüentes. Acreditamos que com todos esses cuidados Redação: escre- 

vendo com prática é uma obra indispensável para todos que desejamredigir textos com qualidade e segurança.