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Mdulo 1 Princpios da Prtica Textua

1 . PENSAR E ESCREVER Aprender a escrever aprender a pensar. Escrever encontrar ideias e concaten-las, pois, assim como no possvel dar o que no tem, no se pode transmitir o que a mente no criou ou aprovisionou. As falhas mais graves resultam da falta de ideias e da dificuldade em conhecer a realidade e interpret-la, expressando-a de forma corrente. recomendvel ao candidato ler, ler muito, atualizar-se, conhecer o mundo, sua realidade mais prxima, aspiraes, limitaes...; (Nelly Carvalho) IMPORTANTE!Aprovisionar as informaes no significa decor-las, mas refletir sobre elas."O que bem pensado enunciado com clareza". (Nicolas Boileau, escritor francs)

2. ORDENANDO AS IDEIAS:a busca do texto idealAntes de comear a escrever, indispensvel, absolutamente indispensvel, organizar as ideias a serem expostas;: Muitas redaes so escritas apenas com palavras... Todavia, as melhores produes textuais so escritas com boas ideias, devidamente concatenadas e recheadas com informaes denotria qualidade;Antes de escrever um texto, necessrio relacionar tpicos a serem explorados e roteirizar os pensamentos no pela cabea do autor, mas pela cabea do leitor, atravs de um bom plano deredao;Na hora de organizar o texto, alm da clareza de ideias e do cumprimento das regras gramaticais, recomenda-se o uso de perodos curtos, de palavras das quais se tm o perfeito domnio (significado e grafia correta) e evitar ideias radicais.

3. O QUE ESCREVER BEM?Em todos os contextos em que desenvolvemos atividades de leitura e de escrita, precisamos lidar com textos que apresentam caractersticas estruturais especficas. Todo texto est associado a uma situao de interlocuo. Tanto a escrita quanto a leitura so atividades que pressupem a interao de fatores lingusticos (conhecimentos gramaticais, etc.) e extralingusticos (nvel social e cultural dos interlocutores, intencionalidade discursiva, contexto de produo do discurso, etc.).IMPORTANTE!Por mais iluminada que seja a inspirao, por mais geniais que sejam as ideias que tivermos em mente, no adiantar escrever bonito e conforme as regras gramaticais (eficincia relativa) se essa ideia no for percebida e devidamente compreendida pelo leitor (eficcia).Diante disso, apresentamos ainda um outro conceito igualmente importante para uma prtica textual de qualidade: a competncia comunicativa.COMPETNCIA COMUNICATIVA o conjunto de conhecimentos ou habilidades que um indivduo possui para lidar com a linguagem, seja para formular enunciados (emissor/locutor), seja para atribuir sentido a eles(receptor/locutrio), envolvendo o domnio de uma determinada lngua (suas variantes e registros), o uso adequado de gneros e tipos textuais, etc.Na enunciao (situao real de comunicao; ato comunicativo efetivo), ocorre uma complexa interao de diversos fatores. Em vista disso, os conceitos de certo e errado se tornam muito superficiais. Deve-se, pois, considerar um novo conceito: a ADEQUAO.A linguagem do texto deve estar adequada ao contexto sociocomunicativo, ao interlocutor e intencionalidade do emissor.Como Adequar o Vocabulrio?A seleo lexical (escolha de palavras, seleo vocabular) obedece a uma srie de fatores presentes em cada uma das vrias situaes de comunicao (conversa com amigos ntimos; com superiores hierrquicos; com adultos ou crianas...).Em cada uma delas, h o emprego preferencial de um determinado termo entre todos aqueles possveis.Essa relao entre situao comunicativa e vocbulo selecionado o que se chama de ADEQUAO VOCABULAR.CRITRIOS DE ADEQUAO VOCABULAR1 ) ADEQUAO AO REFERENTEA designao para os referentes do mundo geralmente ocorre segundo critrios de preciso.Nesse contexto, os vocbulos podem ser classificados em: Vocbulos Gerais ] abarcam grande nmero de referentes; Vocbulos Especficos ] abarcam um nmero reduzido de referentes ou mesmo um nico referente.1 ) ADEQUAO AO REFERENTEEXEMPLO: os referentes quadro (vocbulo aplicvel a uma quantidade imensa de pinturas) e O Lavrador de Caf (emprego restrito a uma obra especfica de Portinari)Cadeia gradativa de referentes: obra pintura quadro quadro a leo O Lavrador de Caf Outro exemplo: ver (vocbulo geral) observar, contemplar, espiar, fitar, mirar, etc. (vocbulos indicadores de formas especficas de ver).2) ADEQUAO AO PONTO DE VISTA} Outros Exemplos: reificao (ou coisificao) Vocbulos Negativos (de conotao negativa)Quem esfregou as patas sujas no tapete?Quem limpou o focinho na cortina?As pessoas vm empilhadas dentro dos nibus. Vocbulos Positivos (de conotao positiva)Eles parecem dois pombinhos.Aquela menina um bibel.3) ADEQUAO AOS INTERLOCUTORESA) Relativa atividade profissional dos interlocutores, a exemplo dos jarges.Ex. : lide, sublide, release, calhau... (jornalstico) zipar, escanear, inicializar... (informtica)O jargo considerado por muitos como uma conspirao contra os leigos. Seu uso se torna inadequado caso o interlocutor/locutrio incapaz de entend-lo.

B) Relativa imagem social de um dos interlocutores.Ex.: Ministros ou Parlamentares (o senso comum atribui a esses grupos o imperativo do uso de uma linguagem culta/formal)* O senso comum se surpreende e, no raro, se choca quando ocorre a divulgao televisiva de escutas telefnicas, flagrando um ministro ou parlamentar em linguagem coloquial, por exemplo.C) Relativa idade de um dos interlocutores, com o uso de vocbulos modernos ou antigos, infantis ou adultos.Exemplos:vitrola (arcasmo) som (uso atual) broto, boizinha (arcasmo) gata, fil (uso atual) bibi (infantil) carro (adulto) dindinha (infantil) madrinha (adulto).D) Relativa origem de um dos interlocutores, com o uso de regionalismos.Ex.: criana / pi / guri; macaxeira / mandioca / aipimOutros Exemplos: No Pernambuqus...abestalhado = bobo, besta, patetaarretado(1) = muito bom, excelente, maravilhoso (Ex.: ta dicionrio arretado!)arretado(2) = irritado, com raiva de algo ou de algumbiliro = grampo de cabelocotco = resto ou pedao pequenoestar com a bexiga lixa = estar com o diabo no couro, estar com tudo...E) Relativa tribo urbana (gueto ou grupo social) de um dos interlocutores, com o uso de grias, etc.Ex.: show este dicionrio, brother! No sirva de boia nem seja prego, no fique cabrero, porque o mar no est flat hoje, os drops esto sinistros.* show excelente! timo!* brother irmo, amigo prximo, ...* boia o cara que fica parado dentro da gua e a galera passa por ele e pega as ondas, serve de boia* cabrero medroso, froucho, ...* prego man, no pega onda, s leva na cabea...* flat mar liso, sem ondas... (...)

4) ADEQUAO (IN)FORMALIDADE NA COMUNICAORelativa presena ou no de intimidade entre os interlocutores, relaes de autoridade, diferenas de classes sociais ou de nvel cultural etc. Abrange o uso de vocbulos formais ou informais. Dentro de cada um desses conjuntos h variaes de grau.Ex.: Iremos para aquele lugar. (registro formal)Vamo pr l! (registro informal)

5) ADEQUAO AO CONTEXTO (INTER)CULTURAL OU DE VALORIZAO SOCIALInclui os valores culturais de uma comunidade.Podem ocorrer tambm os estrangeirismos, ora pela carncia de vocbulos adequados na lngua nacional, ora por representarem uma valorizao social do referente.Ex.: Visitaremos um petshop muito fashion.(em vez de loja de animais domsticos e moderna)Vamos fazer um pit stop num restaurante. (em vez de parada descanso e/ou abastecimento)

6) ADEQUAO AO CDIGOInclui os valores de correo, no s ortogrfica, mas tambm a do contedo semntico, respeitandose os significados dicionarizados. Evitem-se, assim, os empregos ditos da moda.Emprego inadequado de homnimos ou parnimos.Ex.: H um perigo iminente. (e no, eminente) Emprego banalizado de certos vocbulos.Ex.: Se der errado, eu assumo. (me responsabilizo)Colocarei minha opinio. (exporei, apresentarei)

Mdulo 2 Defeitos e Qualidades de um Texto

1 . DEFEITOS DE UM TEXTO CONTEXTUALIZAOLeia o perodo:Esta empresa dar emprego a todos os necessitados,exceto queles que j o tenham.H determinados vcios de linguagem que dificultam a assimilao correta do significado, porque as ideias no ficam bem expressas. No perodo, existe uma palavra mal empregada que resulta em ambiguidade e falta de clareza. Que palavra essa e por que ela no adequada?Sugira uma forma de correo para esse texto, desfazendo a falta de clareza. O emprego incorreto de certas palavras ou expresses, de maneira que provoque interpretaes sem sentido, os erros gramaticais e os sons desagradveis constituem os defeitos de um texto, configurando-se muito frequentemente como vcios de linguagem. So considerados defeitos de um texto ou vcios de linguagem: a ambiguidade (ou anfibologia), a cacofonia (ou cacfato), o barbarismo, o estrangeirismo, o pleonasmo vicioso, o rcasmo, a coliso, o solecismo, o eco, o hiato e o preciosismo (ou rebuscamento).

AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIAFalta de clareza que acarreta duplo sentido. Ex.: Luciana e Carlos foram festa e levaram sua irm. (irm de Luciana ou de Carlos?)O pai repreendeu a filha porque ela bateu o seu carro. (o carro do pai ou da filha?) Venceu o Atltico o So Paulo. (quem venceu, o Atltico ou o So Paulo?)

CACOFONIA OU CACFATO

Unio de duas palavras, formando uma terceira de sentido inconveniente.Ex.: A irm de Virgnia no era como ela.Deu vinte reais por cada CD.Mande-me j a procurao assinada.A boca dela abriu-se num grito angustiante.

BARBARISMOGrafia incorreta de uma palavra ou expresso.Ex.: pgada, em vez de pegadacidades, em vez de cidadosproporam, em lugar de propuseram rbrica, em vez de rubrica.

ESTRANGEIRISMOPalavra ou expresso estrangeira empregada no lugar de um termo correspondente na lngua portuguesa. De acordo com a origem, o estrangeirismo pode ser classificado em: galicismo (do francs), anglicismo (do ingls), castelhanismo (do espanhol) e italianismo (do italiano)...Exx.: Ele no conhece o mtier.(francesismo Empregue-se: ofcio, funo, trabalho)Essa loja muito fashion.(anglicismo Empregue-se: moderna, elegante)Vale lembrar que muitos estrangeirismos j foram aportuguesados e incorporados nossa lngua: menu (cardpio); buqu (ramalhete); chofer (motorista); drinque (bebida); coquetel bebida ou pequena reunio); lanche (merenda)

PLEONASMO VICIOSORepetio desnecessria de um termo ou expresso.Ex.: entrar para dentro; sair para fora; subir para cima; levantar para cima; grande maioria; o vento matinal da manh...

ARCASMOPalavra ou expresso j ultrapassada.Ex.: frecha, em lugar de flecha fremosa, em lugar de formosa vosmec, em lugar de voc

COLISOEfeito sonoro desagradvel, criado pela repetio de fonemas consonantais idnticos.Ex.: O rato roeu a roupa do rei de Roma.O que se sabe sobre seus sonhos s nos surpreende.

SOLECISMOErro de sintaxe, seja de concordncia, de regncia ou de colocao pronominal.Ex.: Recebe-se formulrios de imposto de renda. (recebem-se)A viagem depende que ainda houvesse passagens. (dependia de que)Me traga o jornal de hoje. (Traga-me)

ECOEfeito desagradvel provocado pela sequncia de palavras com a mesma terminao. uma espcie de rima na prosa.Ex.: Seu andar e seu falar faziam-nos sonhar.Houve aflio e tenso durante a recepo.

HIATOEfeito sonoro desagradvel provocado pelo emprego de uma sequncia de vogais.Ex.: Ou eu ou outra pessoa ouvir a outra cano.

PRECIOSISMOO OU REBUSCAMENTOLinguagem afetada, artificial e, muitas vezes, vazia de ideias.Ex.: Seu gesto altrusta e empreendedor ensombrece e, decerto, oblitera a existncia dos demais mortais, que o configuram como a figura exponencial de nossa organizao empresarial, baluarte de nossas vitrias.

2. AS QUALIDADES DE UM TEXTO

ADEQUAOA redao deve ser produzida de acordo com a norma culta escrita, evitando repeties inexpressivas, grias, vocabulrio impreciso, etc.2. AS QUALIDADES DE UM TEXTOExemplo de impropriedade a ser evitada:Tem um negcio ruim que a gente sente que uma coisa tipo quando voc sente dor no peito.Exemplo de reescritura: Existe algo ruim que aspessoas sentem semelhante dor no peito.

CLAREZAO texto deve ser inteligvel, evitando ambiguidades e obscuridades.Exemplos de ambiguidades a serem evitadas:Corto cabelo e pinto.O guarda deteve o suspeito em sua casa. Escrevam-se:Corto e pinto cabelo.O suspeito foi detido em sua prpria casa pelo guarda.

CONCISOA linguagem deve ser concisa, resumida, breve.Palavras e frases utilizadas com economia, evitando-se as redundncias inexpressivas. preciso evitar tambm a prolixidade, o excesso de palavras desnecessrias.Escreva o essencial, resuma as ideias!

Exemplo de redundncia e prolixidade a se evitar:Um amigo havia convidado Ronaldo para fazerem um trabalho. Os dois fariam o trabalho e dividiriam o dinheiro ganho com o trabalho. Ambos fizeram o trabalho.Escreva-se: Um amigo convidara Ronaldo para fazerem um trabalho. Ambos o realizaram e dividiriam o dinheiro ganho.

PRECISORigor sbrio de linguagem. Utilizar o melhor e mais adequado vocbulo especfico para designar qualquer referente de forma exata, em uma dada circunstncia especfica. Se necessrio, quantifique e especifique.Exemplo impreciso a se evitar:Favor reservar espao e equipamentos para a reunio da empresa, a ser realizada hoje, com a presena de vrios funcionrios.Escreva-se: Favor reservar o auditrio G1 (com todos os equipamentos de multimdia), para a reunio da empresa hoje, s 20h, com os vinte funcionrios da rea comercial.

OBJETIVIDADERelativo ao alvo que se pretende atingir.(Comece pelo mais importante, v direto ao ponto!)Algumas perguntas relevantes: Qual o objetivo de sua comunicao? O que voc pretende com ela? O que voc espera que seu leitor faa ao terminar de l- la?

Outros pontos: No deixe as informaes mais importantes para o final; Evite rodeios; ir direto ao assunto no sinal de grosseria ou rudeza.

CORREOEscrever de acordo com as normas gramaticais, obedecendo ao que prescreve a norma culta da Lngua Portuguesa. (evitar barbarismos, solecismos...)

COESOO texto deve ser organizado por nexos lgicos adequados, com a sequncia de ideias encadeadas logicamente, evitando frases e perodos desconexos. Exemplo de confuso a ser evitada: Deve existir uma forma de avaliar os candidatos; e isso no possvel apenas fazendo uma prova, onde os candidatos poderiam talvez ter ido melhor no dia seguinte ou no anterior por questes psicolgicas, mentais ou o que for.

COERNCIARefere-se ao nexo entre ideias, acontecimentos, circunstncias. a relao lgica existente entre os elementos e as partes constitutivas de um texto.

EXPRESSIVIDADEQuem redige deve buscar uma elaborao prpria e expressiva de linguagem, evitando os clichs, as frases feitas e os lugares-comuns. Exemplo de chavo ou clich:O homem de hoje no vive, ele vegeta na selva de pedra da cidade grande.

Mdulo 3

O QUE DISSERTAR?Expor um problema, discutir um tema ou debater um assunto, tecendo comentrios opinativos baseados em sua prpria interpretao de fatos, dados e informaes com o propsito de marcar uma posio e defender um determinado ponto de vista.

O QUE DISSERTAO ARGUMENTATIVA? o gnero textual especfico pelo qual o autor procura convencer seu leitor a adotar uma posio (filosfica, poltica ou ideolgica), mudar um comportamento (esttico, tico ou moral) ou a aceitar um princpio cientfico ou no como universal. Nesse tipo textual, deve-se analisar, interpretar, organizar e relacionar fatos, informaes e conceitos gerais, a fim de construir argumentos consistentes em favor de um ponto de vista definido sobre o assunto em questo - a TESE (proposio essencial a ser exposta e defendida).

2. A LINGUAGEM DISSERTATIVAO trao essencial da linguagem do emissor de um texto dissertativo a clareza. Outra caracterstica muito importante a objetividade. Para se alcanar tal efeito, no se deve fazer eferncias aos interlocutores. Por isso, o prprio enunciador tambm no aparece claramente em textos dessa natureza.Desse modo, a impessoalidade uma marca essencial do texto dissertativo. Os pronomes de terceira pessoa, as construes passivas e o emprego do ns implcito e de carter genrico so maneiras de desviar-se da subjetividade.Exemploo 1 : Pode-se afirmar que um dos motivos que levam roliferao da violncia urbana a deteriorao do ncleo familiar, to importante no desenvolvimento do carter que se d logo na infncia. A criana sente a falta do convvio dos seus pais e fica mais exposta a maus exemplos.Exemploo 2:A sociedade em que vivemos padece vitimada pela violncia que grassa de forma avassaladora por toda parte. (...)Em sntese, a linguagem dissertativa precisa ser: Clara Objetiva Didtica InformativaEla deve ser estruturada em perodos relativamente curtos (1 a 3 linhas), preferencialmente em 3 pessoa, na ordem direta e impessoal, predominando a funo referencial da linguagem.Segundo o professor Xavier (UFPE), ao produzir uma dissertao argumentativa, sempre bom se lembrar de:1) Escrever de modo impessoal como se o autor do texto fosse o prprio bom senso, a razo, a lgica ou, at mesmo, a verdade. Portanto, no se utilizam expresses como eu acho, na minha opinio, do meu ponto de vista etc. que esvaziam a fora do argumento;2) No se remeter a um leitor especfico ou a um grupo especfico deles. Os examinadores costumam encontrar muito frequentemente textos que so verdadeiros manifestos polticos, panfletos partid- rios, recados a autoridades, desabafos contra maus polticos etc., tpico de outros gneros textuais.

3. O TEXTO DISSERTATIVOEstrutura, Objetivo e Mecanismo DiscursivoQuanto forma, costuma-se caracterizar a dissertao como:A) escrita em prosa;B) distribuda em pargrafos;C) composta por trs partes clssicas: introduo, desenvolvimento e concluso.

O que se espera de um(a) candidato(a) em um texto dissertativo? Inicie com uma introduo em que se apresente o tema posto em debate, j procurando conseguir a adeso do interlocutor TESE (posio do enunciador);Prossiga com o desenvolvimento em que as concepes sugeridas na introduo sejam expandidas e comentadas;Encerre com uma concluso em que as informaes apresentadas no desenvolvimento sejam ratificadas em torno da tese exposta na introduo.

1 ) INTRODUO (1 o pargrafo do texto) Apresenta o tema a ser discutido, criando condies para que o leitor acompanhe a evoluo do texto de maneira gradual e ordenada.

A) ESTRUTURA BSICA (sugerida):* mnimo 4 / mximo 6 linhas* 2 perodosB) OBJETIVO DISCURSIVO:Apresentao do assunto ao leitor, situando-o quanto ao posicionamento do enunciador/redator (s intenes dele na dissertao).C) MECANISMO DISCURSIVO:TESE + 2 objetos/pilares para argumentaoExemplo simples:Torna-se cada vez maior o crescimento, em propores geomtricas, do ndice de violncia e criminalidade nas principais capitais brasileiras. Ampla desigualdade social, desemprego em alta... esse o panorama atual do pas.

OBSERVE:Torna-se cada vez maior o crescimento, em propores geomtricas, do ndice de violncia e criminalidade nas principais capitais brasileiras. Ampla desigualdade social, desemprego em alta... esse o panorama atual do pas.

TESEOs ndices de violncia e criminalidade crescem de forma alarmanteOBJETOS/PILARES ARGUMENTATIVOS(1) desigualdade social(2) desemprego em alta

2) DESENVOLVIMENTO (2o, 3o e 4o pargrafos do texto) Expe progressiva e encadeadamente o tema, atravs de dados, fatos e informaes que vo alimentar os argumentos usados para defender o ponto de vista do autor da dissertao.Depois da introduo, a tarefa do enunciador fundamentar as afirmaes iniciais, procurando persuadir os interlocutores de que a tese apresentada realmente merece crdito. Recomenda-se, pois: Utilizar-se do senso crtico nos pargrafos, apresentando exemplos de situaes e fatos concretos e fazendo uso do raciocnio lgico, explicitando relaes de causa, efeito, comparao,oposio, finalidade, etc.; Usar o conhecimento de mundo, empregando conceitos de vrias reas do conhecimento, Histria, Filosofia, Direito, Cincias, Atualidades etc.; Responder aos possveis questionamentos direcionados tese escolhida.A) ESTRUTURA GERAL BSICA (sugerida):* mnimo 5 / mximo 8 linhas por pargrafo* 2 ou 3 perodos por pargrafo* 1 a 3 linhas por perodoB) OBJETIVO DISCURSIVO:* Discusso do assunto / argumentao(aprofundamento dos objetos/pilares argumentativos)B) MECANISMO DISCURSIVO:D1 (1 o pargrafo de desenvolvimento)_ Aprofundamento do objeto para argumentao 1(causa x consequncia, dados, %, estatsticas, citaes,...)*Observao:Ausncia de elemento coesivo introdutrio ou articulatrio.D2 (2o pargrafo de desenvolvimento)_ Recurso coesivo articulatrioP/ argumentos com MESMA orientao ideolgica* Um outro fator que tambm contribui para... / Ademais, ... / Alm desse(a)..., / Paralelamente, ... / Por sua vez, ...P/ argumentos com orientao ideolgica OPOSTA* Por outro lado,... / No entanto,... / Paradoxalmente, ...+ Aprofundamento do objeto para argumentao 2(causa x consequncia, dados, %, estatsticas, citaes,...)D3 (3o pargrafo de desenvolvimento)_ Optar por este apenas se realmente julgar necessrio._ Recurso coesivo articulatrio adequado (idem!) +Iniciativas, experincias que vm dando certo, exemplos (ONGs, organizaes sociais, parcerias, etc.)... algo como uma pr-concluso.

3) CONCLUSO (ltimo pargrafo do texto) fecha a sequncia de ideias e opinies, confirmando a tese prenunciada na introduo e defendida no desenvolvimento (corpo do texto), apresentando uma proposta de interveno para a soluo do problema discutido ou enfatizando (com outra formulao lingustica) a tese proposta na introduo.A) ESTRUTURA BSICA (sugerida):* mnimo 4 / mximo 7 linhas* 2 ou 3 perodos* 1 a 3 linhas por perodoB) OBJETIVO DISCURSIVO:* Fechamento do assunto; posio final do autor, apresentando possveis solues com certo otimismo e articulando-as com o tema central / tese do texto.C) MECANISMO DISCURSIVO:* Soluo/proposta 1 + soluo/proposta 2 * Posicionamento final sobre o assunto com retomada da TESE.Exemplo simples 1 : possvel obliterar a criminalidade! Para isso, fazse mister um maior investimento governamental no ensino profissionalizante de alto nvel, ampliando a empregabilidade do cidado. Paralelamente, programas efetivos de erradicao da pobreza no Brasil para alm do Fome Zero - minimizariam e muito as desigualdades. Assim, fica claro que, quanto mais oportunidades, tanto mais qualidade de vida e menosb violncia! Exemplo simples 2: possvel obliterar a criminalidade! Para isso, fazse mister a criao de programas efetivos de erradicao da pobreza no Brasil - para alm do Fome Zero-, minimizando as desigualdades.Paralelamente, deve haver um maior investimento governamental no ensino profissionalizante de alto nvel, ampliando a empregabilidade do cidado.Assim, fica claro que, quanto mais oportunidades, tanto mais qualidade de vida e menos violncia!LEMBRETE!No obrigatrio, mas muito aconselhvel que, nas dissertaes argumentativas, a TESE do autor venha esboada j na introduo, ratificada no desenvolvimento e reafirmada no ltimo pargrafo do texto.

4. PLANO BSICO DE REDAO

UM PROJETO DE TEXTOQuanto ao contedo, o candidato deve demonstrar, nadissertao, capacidade de:1) Expressar-se verbalmente com clareza;2) Interpretar fatos, dados e informaes;3) Organizar ideias, conceitos e opinies;4) Relacionar acontecimentos histricos;5) Selecionar e articular diferentes perspectivas sobre umtema;6) Elaborar hipteses;7) Propor uma tese, defender um ponto de vista;Para isso, o candidato precisa traar um projeto de texto ou plano de redao. Ele deve planejar passo a passo tudo o que vai constar em sua dissertao, o caminho a ser percorrido at o lugar desejado.Assim tambm, antes de comear a escrever um texto, bom projetar, planejar o que ser escrito.Esse planejamento determinar como iniciar, desenvolver e fechar uma dissertao. (Xavier, A.C.)

DEZ procedimentos necessrios para a elaborao de um projeto de texto dissertativo:1) Ler e interpretar o tema proposto com muita ateno;2) Checar e aproveitar todas as informaes de apoio veiculadas em textos verbais sobre o tema, alm das expostas em textos visuais, quadros, etc.;3) Identificar e determinar todas as possibilidades de anlise da questo tematizada;4) Optar por uma via de anlise, de preferncia a que mais o usurio dominar;5) Retomar as informaes disponveis, j devidamente interpretadas, que podero ajudar a desenvolver a via de anlise escolhida;6) Integrar s j disponveis outras informaes e conhecimentos armazenados na enciclopdia mental e repertrio cultural do usurio que estejam relacionados anlise que pretende fazer;7) Estabelecer com clareza de que ponto de vista ser abordado o tema e qual tese ser defendida no texto;8) Elaborar hipteses que sejam favorveis tese a ser defendida;9) Esboar, no papel, as ideias e os argumentos que vierem mente, registrando-os todos esquematicamente;10) Iniciar e escrever o rascunho de acordo com a sequncia estabelecida nos passos anteriores.

Mdulo 4

1 . TEMACONCEITUANDOCorresponde, grosso modo, ao ASSUNTO ou ao ENFOQUE SOBRE DETERMINADO ASSUNTO, proposto por uma determinada banca examinadora, a respeito do qual o candidato dever escrever.COMPREENDENDO E CONTEXTUALIZANDOAntes de iniciar uma dissertao, absolutamente imprescindvel compreender, contextualizar e definir o tema, o assunto a ser abordado. Em outras palavras, no se deve escrever sem saber claramente sobre o que dissertar.

DELIMITANDOEm uma prova de Redao, sempre importante delimitar o tema proposto, com a maior preciso possvel, de modo a facilitar a abordagem dissertativa/ argumentativa sobre o assunto por parte do redator. TEMA SUGERIDO: A Violncia DELIMITANDO O TEMA...A Violncia UrbanaExemplos: TEMA SUGERIDO: A Educao no BrasilDELIMITANDO O TEMA...A Falncia do Ensino Pblico Brasileiro

2. TTULONo contexto redacional, corresponde ao nome dado inscrio posta no comeo de um texto, delineando ou mesmo sugerindo de certo modo o enfoque de abordagem dado pelo edator quanto ao tema proposto. uma criao individual.A principal atribuio do ttulo fisgar a ateno e o interesse do leitor para o texto/assunto ao qual remete!

ATRIBUTOS DE UM BOM TTULO certo que existe um manancial de possibilidades e de critrios para a qualificao do que seria um bom ttulo. Fatores como o gnero textual solicitado, o perfil da banca examinadora (concurso civil ou militar, por exemplo), entre outros contextos interferem sobremaneira nessa questo. Todavia, um bom ttulo deve ser:Coerente com o tema apresentado e com texto produzidoObjetivoCriativoExpressivo (atrativo, impactante, sedutor...).InformativoNa seara concurseira, o ttulo pode vir a ser um bom diferencial para depor a favor de um texto. (Mas, lembre-se: s se deve empreg-lo quando a proposta redacional o exigir! D um ttulo sua redao/produo...)Via de regra, nos grandes concursos pblicos, voc deve comear imediatamente com a introduo do texto!

Na seara concurseira, o ttulo pode vir a ser um bom diferencial para depor a favor de um texto. (Mas, lembre-se: s se deve empreg-lo quando a proposta redacional o exigir! D um ttulo sua redao/produo...)Via de regra, nos grandes concursos pblicos, voc deve comear imediatamente com a introduo do texto!Mesmo em textos de natureza mais sria e com maior grau de formalidade, pode-se fazer dele um ponto de relaxamento, brincando ou jogando com palavras e ideias, para conferir a ele maior criatividade;Na criao de alguns ttulos, possvel fazer uso de recursos como intertextualidade, jogos de ambiguidades e at figuras de linguagem. As mais frequentes so a metfora, a metonmia e a anttese. Em todos os casos, busca-se uma frmula para substituio.No ttulo do poema A Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes, observa-se uma metfora pela semelhana entre a fotografia do bombardeio nuclear de agosto de 1945 e a flor.No ttulo do romance O feijo e o sonho, de Orgenes Lessa, h uma metonmia. O feijo, alimento, sintetiza a necessidade de busca da sobrevivncia.No ttulo do filme de Jean-Jacques Anaud, por exemplo, Preto e Branco em Cores, temos duas antteses: entre os vocbulos preto e branco; e entre as expresses preto e branco e em cores

TEMA X TTULO

TEMACorresponde, grosso modo, ao ASSUNTO ou ao ENFOQUE SOBRE DETERMINADO ASSUNTO, proposto por uma determinada banca examinadora, a respeito do qual o candidato dever escrever.TTULONo contexto redacional, corresponde ao nome dado inscrio posta no comeo de um texto, delineando ou mesmo sugerindo de certo modo o enfoque de abordagem dado pelo redator quanto ao tema proposto. uma criao individual SO EXEMPLOS DE TEMA A Violncia Urbana tica na Administrao Pblica Pena de Morte Tecnologia e Globalizao Cidadania e Participao Social Crise na Educao Brasileira

SO EXEMPLOS DE TTULOViolncia urbana: fruto do sistema?tica e administrao pblica: limites da (i)moralidadePena de morte: crime contra a vida!Tecnologia: avanos na integrao globalCidadania: protagonismo na participao socialEducao brasileira: (m) vontade poltica ou omisso?

Observe: A Lei mostra os dentesEsse jogo, no caso acima, baseia-se na relao entre a violncia de determinadas raas de ces, animais que usam os dentes para atacar, e a expresso mostrar os dentes, que pode conotar, em determinado contexto, agressividade, preparao para o ataque, exatamente o que a lei estava demonstrando aps um perodo de anlise. Se houvesse um ttulo tradicional possvel, como Leis restringem liberdade dos ces ou Vereadores aprovam sanes contra ces violentos, este seria muito menos atraente e ugestivo ao leitor.01. A seguir apresentamos os ttulos e os respectivos contedos das matrias a que se referem. Assinale a alternativa cujo ttulo no se utiliza do recurso semntico descrito acima.( ) Mos obra (Veja, 14.4.99) sete irmos capixabas, em Nova York, fazem sucesso com servios de manicure, pedicure e depilao.( ) No fio da navalha (ZH, 18.4.99) devido presso por causa dos vinte anos de jejum de ttulos da Ferrari, a mais lendria das equipes de Frmula 1 , Schumacher arrisca a prpria vida nas pistas para superar as limitaes do seu carro.

Mdulo 5

1 . O PARGRAFO-CHAVECOMO COMEAR UMA DISSERTAO? Eis algumas sugestes...Ao escrever seu primeiro pargrafo, voc poder faz- lo de forma criativa. Ele deve atrair a ateno do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde pocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade, desde os primrdios da existncia... Eis algumas formas extradas do livro Roteiro de redao lendo e argumentando, de Antnio Carlos Viana, com algumas adaptaes:

1} DECLARAO a forma mais comum de comear um texto. Procure fazer uma declarao forte, capaz de surpreender o leitor.

TEMA Liberao da maconha um grave erro a liberao da maconha. Provocar de imediato violenta elevao do consumo, o Estado perder o precrio controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrpicas e as instituies de recuperao de viciados no tero estrutura suficiente para atender demanda.

2} DEFINIO uma forma simples e muito usada em pargrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos.Nesse caso, uma palavra-chave do tema definida, de modo a contextualizar o assunto, previamente exposio da tese e do tema. Recomenda-se no se fazer uma contextualizao muito extensa, uma vez que necessrio priorizar a argumentao.

TEMA 1 GlobalizaoGraas agilidade dos meios de comunicao, aos investimentos na cincia e ao fluxo de capital, de pessoas e mercadorias, a globalizao vem promovendo uma integrao mundial ontnua e progressiva. a fase atual do sistema capitalista, que invade os pases por meio de avanos tecnolgicos, intentando padronizar suas economias e at suas culturas

TEMA 2 O mitoEntre os povos primitivos, o mito uma forma de o homem se situar no mundo, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. um modo ingnuo, fantasioso, anterior a toda reflexo e nocrtico de estabelecer algumas verdades que no s explicam parte dos fenmenos naturais ou mesmo a construo cultural, mas que do, tambm, as formasda ao humana.

3} DIVISOApresentam-se duas diretrizes (ou dois argumentos especficos), a fim de explic-las nos pargrafos seguintes.

TEMA Excluso socialPredominam ainda no Brasil duas convices errneas sobre o problema da excluso social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder pblico e a de que a sua eliminao envolve muitos recursos e esforos extraordinrios. Experincias relatadas na edio 28.765 da Folha de So Paulo mostram que o combate marginalidade social em Nova Iorque vem contando com intensivos esforos do poder pblico e ampla participao da iniciativa privada. (FSP, 17 dez. 1996)

4} OPOSIOAs duas primeiras frases criam uma oposio (de um lado / de outro) que estabelecer o rumo da argumentao.

TEMA Educao no BrasilDe um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro,gastos excessivos com computadores, antenas parablicas, aparelhos de DVD. esse o paradoxoque vive hoje a educao no Brasil.

5} ALUSO HISTRICAO conhecimento dos principais fatos histricos ajuda a iniciar um texto. O leitor situado no tempo e pode ter uma melhor dimenso do problema.

TEMA 1 GlobalizaoAps a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalizao. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competio.

TEMA 2 A importncia do trabalhoO trabalho remonta s eras mais antigas, tornando-se, ao longo dos sculos, intrnseco ao ser humano. Da pedra lascada ao bronze, da mquina a vapor robtica, a atividade persiste em evoluir e se adaptar s necessidades de cada poca. Foi essencial em Roma, por exemplo, apesar da escravido, ou mesmo nas fbricas, com a Revoluo Industrial. Hoje, continua sendo a base de muitas relaes no mundo globalizado

6 } UMA FRASE NOMINAL SEGUIDA DE EXPLICAONo exemplo abaixo, a palavra tragdia explicada logo depois, retomada por essa a concluso.

TEMA A educao no BrasilUma tragdia. Essa a concluso da prpria Secretaria de Avaliao e Informao Educacional do Ministrio da Educao sobre o desempenho dos alunos do 3 ano do ensino mdio submetidos ao Sistema de Avaliao da Educao Bsica (Saeb). O levantamento se estendeu aos estudantes da 4 srie e da 8 srie do ensino fundamental em todas as regies do territrio nacional. (FSP, 27 nov. 1996)

7} UMA SEQUNCIA DE FRASES NOMINAISO que se deve observar nesse tipo de introduo so os paralelismos que do equilbrio s diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.

TEMA A impunidade no BrasilDesabamento de shopping em So Paulo. Morte de velhinhos em um lar geritrico do Rio de Janeiro. Meia centena de mortes numa clnica de hemodilise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajs.Muitos anos j se passaram e esses fatos continuam impunes.

8} CITAO DIRETAA citao inicial facilita a continuidade do texto, pois ela retomada pela palavra comentrio da segunda frase, abrindo caminho para a tese proposta e os respectivos pilares argumentativos para a sua defesa.

TEMA Poltica demogrficaAs pessoas chegam ao ponto de uma criana morrer e os pais no chorarem mais, trazerem a criana, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora. O comentrio dofotgrafo Sebastio Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, um acicate no estado de letargia tica que domina algumas naes do Primeiro Mundo, seja por falta de sensohumanitrio ou mesmo por indiferena da egolatria capitalista.

9 } CITAO DE FORMA INDIRETAEsse recurso demonstra o bom domnio cultural do candidato, ao citar pensadores ou consagrados expoentes da cultura universal como inspirao para a sua tese. Pode ser usado tambm quando no se sabe textualmente a citao, fazendo-a de forma indireta, mas nunca de forma errada.

TEMA 1 ConsumismoPara Marx, a religio o pio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo o pio dos intelectuais. Mas, nos Estados Unidos, o pio do povo mesmo ir s compras. Como as modas americanas so contagiosas, bom ver de que se trata.

TEMA 2 A importncia da leituraSe para Monteiro Lobato um pas se faz de homens e livros, para os governantes diferente no poderia ser. O papel da leitura na formao de um indivduo de notria importncia. Basta-nos observar a relevncia da escrita at mesmo na marcao histrica do homem, que destaca, por tal motivo, a Pr-Histria.

10} PREDICAESO uso de predicaes na abertura do texto ser a base para desenvolver o tema. O autor dir, nos pargrafos seguintes, por que acha a poltica educacional do governo equivocada e pouco racional. Vejamos:TEMA A educao no BrasilEquivocada e pouco racional. Essa a verdadeira adjetivao para a poltica educacional do governo, uma vez que no oferece infraestrutura mnima adequada para atender sequer s necessidades bsicas de formao de seu povo. (A. Sanches, Infocus)

11} UMA PERGUNTAEla no respondida de imediato. Serve para despertar a ateno do leitor para o tema e ser respondida ao longo da argumentao.

TEMA 1 A sade no BrasilSer que com novos impostos que a sade melhorar no Brasil? Os contribuintes j esto cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece no ter fim. A cada ano, a populao lesada por novos impostos para alimentar um sistema que s parece piorar.

TEMA 2 Escreva um texto dissertativo, discutindo a seguinte declarao: O comportamento racial no Brasil, um pas de todas as raas. Voc concorda com ela ou discorda?Durante aproximadamente quatrocentos anos, o Brasil conviveu com o flagelo da escravido legalizada.Hoje, mais de um sculo aps a sua abolio, verificase ainda um imenso descompasso no que concerne mobilidade social de brancos e afrodescendentes. No seria esse um indcio de uma escravido mascarada, sob o vu do mito da democracia racial brasileira?

12} EXPOSIO DE PONTO DE VISTA OPOSTOAo comear o texto com a opinio contrria, delineia-se, de imediato, qual a posio dos autores. Seu objetivo ser refutar os argumentos do opositor, numa espcie de contra- argumentao.

TEMA O provoO ministro da Educao se esfora para convencer a opinio pblica de que o provo fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaos na mdia e fazendo milionria campanha publicitria, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educao.

13} COMPARAONo exemplo abaixo, observe que, para introduzir o tema da reforma agrria, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do sculo XIX, mostrando a semelhana de comportamento entre elas.

TEMA A reforma agrriaEntre as discusses sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil h bastante tempo, uma delas se faz deveras presente: a reforma agrria. Numa comparao entre o movimento pela abolio da escravatura no Brasil, no final do sculo XIX e, atualmente, o movimento pela reforma agrria, podemos perceber algumas semelhanas. Como na poca da abolio, existiam elementos favorveis e contrrios a ela, tambm hoje h os que so a favor e os que so contra a implantao da reforma agrria no Brasil.

14} RETOMADA DE UM PROVRBIOSempre que voc usar esse recurso, no escreva o provrbio simplesmente. Faa um comentrio sobre ele para quebrar a ideia de lugarcomum que todos eles trazem. No exemplo abaixo,observe que o autor diz o corriqueiro adgio e assim demonstra que est consciente de que est partindo de algo por demais conhecido.TEMA Mdia e tecnologiaO corriqueiro adgio de que o pior cego o que no quer ver se aplica com perfeio na anlise sobre o atual estgio da mdia: desconhecer ou tentar ignorar os incrveis avanos tecnolgicos de nossos dias, e supor que eles no tero reflexos profundos no futuro dos jornais simplesmente impossvel.

15} ILUSTRAOPode-se comear narrando um fato para ilustrar o tema. A coeso do pargrafo seguinte se faz de forma fcil: a palavra assunto retoma a questo que ser discutida.TEMA O ABORTO NO BRASILO Jornal do Comrcio, de Manaus, publicou um anncio em que uma jovem de dezoito anos, j me de duas filhas, dizia estar grvida, mas no queria a criana. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligao de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O assunto ainda tabu no Brasil. (...)

16} ALUSO A UM ROMANCE, UM CONTO, UM POEMA, UM FILME...No exemplo a seguir, o filme A rainha Margot serve de introduo para desenvolver o tema da intolerncia religiosa. Observe que a coeso com o segundo pargrafo d-se atravs da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme contado no pargrafo inicial.

TEMA A intolerncia religiosaQuem assistiu ao filme A rainha Margot, protagonizado pela atriz Isabelle Adjani, deve ter os fatos vivos na memria. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei da Frana, sob ordens de Catarina de Mdicis, a rainha-me e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da Histria. Centenas de pessoas foram massacradas sob a vaga acusao de insubordinao coroa real. Desse horror a Histria do Brasil est praticamente livre. (Veja, 25 out., 1995)

17} DESCRIO DE UM FATO DE FORMA CINEMATOGRFICAO pargrafo desenvolvido por flashes, o que d agilidade ao texto e prende a ateno do leitor. Depois, o autor fala da origem do movimento Reage, So Paulo.

TEMA Violncia UrbanaMadrugada de onze de agosto. Moema, bairro paulistano de classe mdia. Choperia Bodega um bar da moda frequentado por jovens bem-nascidos. Um assalto. Cinco ladres. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: um estudante e uma dentista, ambos com vinte e dois anos. com o intuito de lutar contra essa dura realidade que surge o movimento Reage, So Paulo!, formado por... . (...)

18} OMISSO DE DADOS IDENTIFICADORESNo exemplo abaixo, observe que as duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relao ao tema que se mantm em suspenso at a terceira frase. Pode-se tambm construir todo o primeiro pargrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no pargrafo seguinte.

TEMA ticaMas o que significa, afinal, esta palavra que virou bandeira da juventude? Certamente no algo que se refira somente poltica ou s grandes decises do Brasil e do mundo.Segundo Tarcsio Padilha escritor, filsofo e membro da ABL , tica um estudo filosfico da ao e da conduta humanas, cujos valores provm da prpria natureza do homem e seadaptam s mudanas da histria e da sociedade.

19} ENUMERAOAlm da apresentao da tese acerca do assunto abordado, enumeram-se fatos, motivos ou efeitos que constituiro os argumentos utilizados na dissertao. (assemelha-se ao modelo da declarao)

TEMA Ainda h esperana para o problema do aquecimento global?As catstrofes climticas decorrentes do aquecimento global vm sendo alvo de preocupao constante no apenas por parte da comunidade cientfica mundial, como tambm entre cidados comuns. Nesse contexto, entre as inmeras diretrizes apontadas pelos organismos internacionais como viveis para minimizar o problema, encontram-se: a substituio progressiva da matriz energtica e um trabalho consistente e permanente de educao ambiental nas escolas

20} PARFRASEO uso de parfrase pode ser adequado numa introduo, sobretudo quando o tema de certo modo antecipar ou mesmo sinalizar a base da discusso. O candidato deve apresentar o seuentendimento acerca do que foi exposto, construindo a tese e os argumentos com suas prprias palavras.TEMA A crise econmica atual no se restringe aos EUA. O problema abarca, consequentemente, outros pases em desenvolvimento, como Brasil, Mxico, etc.Em um mundo de economia globalizada, o fato de um determinado pas estar em crise no denota que apenas ele esteja atravessando um momento difcil. Significa que toda uma strutura macroeconmica internacional pode estar abalada. O problema ainda mais grave, quando esse pas se configura como a maior potncia do regime capitalista vigente.

Mdulo 6

O DESENVOLVIMENTOEstrutura, objetivo e mecanismo discursivo DESENVOLVIMENTO (2o, 3o e 4o pargrafos do texto)Expe progressiva e encadeadamente o tema, atravs de dados, fatos e informaes que vo alimentar os argumentos usados para defender o ponto de vista do autor da dissertao.Depois da introduo, a tarefa do enunciador fundamentar as afirmaes iniciais, procurando persuadir os interlocutores de que a tese apresentada realmente merece crdito.Utilizar-se do senso crtico nos pargrafos, apresentando exemplos de situaes e fatos concretos e fazendo uso do raciocnio lgico, explicitando relaes de causa, efeito, comparao, oposio, finalidade etc.; Usar ampla viso de mundo, empregando conceitos de vrias reas do conhecimento (Artes, Histria, Filosofia, Sociologia, Direito, Cincias, Atualidades etc.); Responder aos possveis questionamentos direcionados tese escolhida.Buscar o mximo de informatividade: ela avaliada de acordo com o grau de conhecimento de mundo manifestado pelo redator do texto. Essa caracterstica impacta diretamente na previsibilidade de abordagem do texto. Quanto mais informativo for o texto, menos previsvel ser a sua abordagem, tornando-o mais Exemplo a no ser seguido: A violncia est presente em todas as esferas sociais. Por exemplo, h rivalidades at entre famlias, com filhos matando pais para tomar o que lhes pertence e irmos brigando entre si. Alm disso, as brigas por posses de terras causam guerras entre pases, como ocorreu h pouco tempo e continua acontecendo. Por qualquer motivo se pratica a violncia: uma simples discusso, cimes, um lugar na fila de nibus etc.Fugir do senso comum: limitar a argumentao a informaes de carter acrtico, subjetivo e superficial resulta em um texto fraco e altamente previsvel.Evitem-se construes sem validade cientfica, s vezes preconceituosas ou etnocntricas, que foram incorporadas cultura social, do tipo a mulher de hoje ocupa um papel social diferente da mulher do sculo XIX; a educao essencial para o desenvolvimento de um pas; Deus brasileiro; hora de acabar com a pouca vergonha na polticabrasileira...Ao senso comum, deve-se opor o senso crtico. Ele mais detalhado e menos previsvel, pois se apoia na lgica. Ele busca contestar, questionar e comprovar asideias. Para isso, as relaes de causa-efeito, os exemplos concretos e o julgamento objetivo das informaes so imprescindveis.

DICAS para fugir do senso comum:1) Especifique suas informaes com exemplos de situaes e fatos concretos;2) Agregue argumentao conhecimento de mundo, trazendo diversas reas do conhecimento humano para a discusso;3) Construa raciocnios de causa, efeito, comparao, finalidade, ressalva, etc. Desse modo, voc mostrar real conhecimento acerca do assunto importante destacar que argumentar difere substancialmente de demonstrar.

ARGUMENTO X DEMONSTRAOQuando se trata de problemas cientficos, chamase de demonstrao a prova que gera evidncia. Se algo cientificamente demonstrado, acaba a discusso, pois a evidncia gera nanimidade.Quando, porm, se trata de problemas humanos, sociais ou filosficos, as opinies esto geralmente divididas. Todos tm argumentos, mas ningum consegue apresentar uma emonstrao.Pode-se, acaso, demonstrar que o presidencialismo melhor que o parlamentarismo? Pode-se demonstrar que a universidade pblica gratuita um equvoco? Por mais que se argumente a favor ou contra um ponto de vista a respeito de problemas como esses, a discusso sempre vai continuar, j que ningum tem um argumento bomba atmica, daqueles que encerram adiscusso.

Argumentar uma tentativa de persuadir,tentando mostrar que a opinio defendida a melhor, a mais justa, a mais democrtica, a mais econmica, a mais eficaz...Como os temas apresentados para a redao nos concursos pblicos focalizam problemas humanos, o que se espera so argumentos, e no demonstrao.

A) ESTRUTURA GERAL BSICA (sugerida):* mnimo 5 / mximo 8 linhas por pargrafo* 2 ou 3 perodos por pargrafo* 1 a 3 linhas por perodoB) OBJETIVO DISCURSIVO DO PARGRAFO:* Discusso ordenada e progressiva do assuntotematizado (argumentao)* Aprofundamento dos objetos/pilares argumentativos

C) MECANISMO DISCURSIVO SUGERIDO:O pargrafo de desenvolvimento pode apresentar um mecanismo discursivo bsico, alicerado em trs perodos devidamente articulados da seguinte forma: 1 perodo - Carter expositivo* Exposio de informaes (dado, %, fato, citao...) sobre o objeto/pilar argumentativo ao qual se refere; 2 perodo - Carter Argumentativo* Recurso coesivo (operador argumentativo ou anafrico) + reflexo crtica e contextualizada acerca das informaes expostas no perodo anterior; 3 perodo - Carter Argumentativo Complementar* Recurso coesivo (operador argumentativo ou anafrico) + complemento da reflexo crtica e contextualizada iniciada no 2 perodo.Exemplo simples:A assinatura da Lei urea, em 1 3 de maio de 1 888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, visando a acabar com a possibilidade de se possuir egalmente escravo no Brasil. Uma clebre conquista, no fossem as inmeras situaes de trabalho semiescravo no Norte do pas, nas quais fazendeiros utilizam contratadores deempreitada como fachada (chamados gatos), a fim de aliciarem homens livres para condies laborais subumanas e no serem responsabilizados pelo crime. Um flagrante desrespeito dignidade humana!

D1 (1 o pargrafo de desenvolvimento)_ Aprofundamento do objeto para argumentao 1 (causa x consequncia, dados, %, estatsticas, citaes,...)*Observao: Ausncia de elemento coesivo introdutrio expresso (articulador de pargrafos).D2 (2o pargrafo de desenvolvimento)_ Recurso coesivo introdutrio e articuladorP/ argumentos com MESMA orientao ideolgica* Um outro fator que tambm contribui para... / Ademais, ... / Paralelamente, ... / Por sua vez, ...P/ argumentos com orientao ideolgica OPOSTA* Por outro lado,... / No entanto,... / Paradoxalmente, ... Aprofundamento do objeto para argumentao 2 (causa x consequncia, dados, %, estatsticas, citaes,...)D3 (3o pargrafo de desenvolvimento)_ Optar por este apenas se realmente julgar necessrio._ Recurso coesivo articulador (idem!) + Iniciativas, experincias que vm dando certo, exemplos (ONGs, etc.)... algo como uma pr-concluso.

2. TIPOSS DEE DESENVOLVIMENTORelaes Lgicas e Estratgias Argumentativas

1 ) EXEMPLIFICAO A apresentao de exemplos ou analogias pode ser um meio eficiente para justificar a tese defendida. So casos concretos que mostram, na prtica, as vantagens ou desvantagens de determinado ponto de vista. No recomendvel, porm, que esse seja o nico recurso de argumentao. Veja como Martin Luther King explora esse recurso neste fragmento do seu famoso discurso:De certa forma, viemos capital de nossa nao para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa repblica escreveram as magnficas palavras da Constituio e da Declarao de Independncia, assinavam eles uma nota promissria da qual todo norte-americano deveria se tornar um herdeiro. Essa nota era uma promessa de que a todos os homens seriam garantidos os direitos inalienveis da vida, da liberdade e da livre busca da felicidade. bvio que, hoje, a Amrica falhou, em relao aos seus cidados de cor, quanto a essa nota promissria.Em vez de honrar esta obrigao sagrada, a Amrica deu populao um cheque ruim, que foi devolvido com a inscrio saldo insuficiente. Mas ns nos recusamos a acreditar que o banco da justia est falido.Recusamo-nos a acreditar que no h fundos nos grandes cofres da oportunidade desta nao. Ento, ns viemos trocar este cheque um cheque que, exigimos, nos dar as riquezas da liberdade e a segurana da justia...

2. A FORTIORI (com mais razo ainda) Esse procedimento consiste em apresentar algo numa escala pequena e depois projet-lo em escala maior:Se de um simples vereador de uma cidadezinha qualquer se exige que seja pelo menos competente e honesto, que dir ento de um senador da Repblica?

CAUSA E CONSEQUNCIA O raciocnio que est na base : boas causas produzem boas consequncias; quem no quer as consequncias no pode querer a causa. Assim, uma excelente maneira de argumentar apresentar as consequncias ruins (ou boas) que a aceitao de uma tese acarretaria.Em sntese, esse tipo de desenvolvimento explora as causas e os efeitos da situao-problema exposta na tese. O mais indicado explorar uma causa e o respectivo efeito de cada um dos objetos/pilares argumentativos, em cada pargrafo.Exemplo 1 : O rpido crescimento demogrfico e a falta de planejamento levaram algumas de nossas cidades a uma infraestrutura totalmente desorganizada. Isso fcil de notar em cidades como So Paulo e Rio de Janeiro, onde bairros com belas manses convivem com grandes favelas. Essa aproximao dos contrrios agua as diferenas e refora o sentimentode excluso.

Exemplo 2:TESE: O dilogo entre pais e filhos parece estar em crise nos dias de hoje.Algumas famlias se privam de conversar com os filhos, principalmente sobre assuntos delicados, como sexualidade e drogas (causa). Isso faz com que as crianas se sintam isoladas, erdendo a confiana em seus pais (consequncia).Alm disso, a famlia moderna dispe de pouco tempo livre (causa), devido s diversas obrigaes, principalmente as do trabalho, dificultando, assim, o salutar dilogo com os filhos (consequncia)

4. RESSALVA Consiste em mostrar que se reconhece, em parte, a fora de um argumento contrrio, procurando, porm, minimiz-lo. Essa maneira de argumentar tem a grande vantagem de mostrar que o enunciador, alm de no ser um radical, conhece bem todos os aspectos do problema. Observe: No se pode negar que uma gravidez indesejada causa, muitas vezes, enormes problemas e sofrimentos para uma jovem e para sua famlia. E no h dvida de que a sociedade deveria ser solidria com esse sofrimento. No se pode, porm, a partir de casos como esses, instituir o aborto como prtica legtima e recurso acessvel a quem quer que o deseje.

5. DEDUO OU RACIOCNIO LGICO O argumento por deduo consiste em, a partir de uma ideia geral, chegar-se a algo particular. A forma mais clara do raciocnio lgico pode ser vista no silogismo. Trata-se de um raciocnio no qual, a partir de duas premissas, se tira uma concluso que se impe como irrecusvel. Tal a lgica da concluso que a nica maneira de recus-la apontar a falsidade das duas, ou, pelo menos, de uma das premissas. Veja este exemplo:Todo ser humano tem direito vida, assevera o texto base da Constituio Federal Brasileira. Ora, a partir do instante da concepo, todo feto j um ser humano. Logo, a partir do instante da concepo, todo feto tem direito vida.

6. INDUO um procedimento pelo qual, a partir do exame de uma srie de elementos particulares, se extrai um princpio de ordem genrica. Vai-se do particular para o geral. Observe um exemplo de raciocnio indutivo.Voc acha que o juiz prejudicou o seu time?Claro, ele j entrou mal-intencionado. No marcou um pnalti claro a nosso favor, expulsou dois atacantes nossos sem motivo e permitiu vrias jogadas criminosas dos nossos adversrios, sem ao menos mostrar o carto. Esse juiz um ladro.IMPORTANTE! Em um texto dissertativo, quando argumentamos com dados estatsticos, estamos desenvolvendo uma prova por induo.

7. CONSENSO O argumento de consenso aquele que se organiza com base em um princpio tido como universalmente aceito ou, pelo menos, como predominantemente aceito no contexto social em que se argumenta. H, por exemplo, consenso quanto s afirmaes de que beber e dirigir perigoso de que droga um caminho sem volta... Vejamos: O melhor entre os piores: dessa forma o Brasil classificado entre todos os pases subdesenvolvidos do mundo. Um pas de dimenses continentais, com privilgios geolgicos, bela fauna e flora, e grande fartura de alimentos. Uma nao que possui grandes metrpoles, centros de pesquisa, tem uma considervel importncia no seu continente. Mas, apesar de tudo isso, apresenta uma caracterstica fatal ao desenvolvimento de qualquer pas: a grande concentrao de renda.

8. ARGUMENTO DE AUTORIDADE Trata-se de reforar a prpria tese mostrando que algum, de reconhecida sabedoria ou competncia, defende o nosso ponto de vista. Quando, por exemplo, na propaganda de uma escova de dente, diz-se que ela recomendada pela maioria dos dentistas, est-se usando o argumento de autoridade. Observe:A utopia de uma sociedade sem violncia s pode ser alimentada por quem desconhece a natureza humana. Tinha razo Hobbes, filsofo do sculo XVII, quando dizia que o homem um lobo para outro homem. Lobos rapaces que espreitam suas vtimas de forma desleal e contrariam as incuas perspectivas de felicidade humana.O argumento de autoridade pode ser usado s vessas: mostra-se que o ponto de vista esposado pelo nosso adversrio j era defendido por algum to execrado, por exemplo, como Hitler.

9. EXPLICAO Esse tipo de desenvolvimento se origina de um simples questionamento direcionado tese escolhida: por qu? Cada pargrafo o desenvolvimento de uma explicao para o problema exposto na teseTEMA: A ascenso profissional da mulher.Argumento 1 - A mulher ainda se encontra numa posio de desvantagem, devido, em parte, sua tardia emancipao social.TESE: A mulher, embora mais presente no mundo profissional, ainda ocupa cargos de alto escalo de forma discreta. (por qu?)

Argumento 2 - Resqucios de uma cultura machista tambm dificultam a ocupao de altos cargos por parte das mulheres.Exemplo simples:Durante grande parte do sculo XX, a mulher ocupou posies subalternas. Suas atividades, na maioria das vezes, restringiam-se a afazeres domsticos. Esse quadro mudou a partir do perodo entreguerras, quando passou a ocupar postos de trabalho de homens que se encontravam em campos de batalha.Esse cenrio fortaleceu movimentos feministas, que passaram a combater, principalmente o machismo. Tal sentimento ainda persiste nos dias de hoje, com afirmaes preconceituosas que rotulam as mulheres como incapazes de gerir negcios e, at mesmo, de conduzir automveis.

10. TRAJETRIA HISTRICA A defesa da tese tambm pode ocorrer por meio de argumentos calcados em aluses histricas, valorizando o repertrio sociocultural do candidato, uma vez que na Histria que se encontra parte significativa da gnese de muitas causas dos problemas de ordem social, poltico-econmica e ambiental, observados nos dias de hoje.TESE: A observao de fatos passados importante para a compreenso do presente e a previso mais segura do futuro.A evoluo tecnolgica mostra-nos a importncia do passado no atual estgio de desenvolvimento da sociedade. Foram de grande valia os trabalhos dos grandes investidores e esquisadores, como Einstein, Faraday e Newton, cujas bases de conhecimento so aplicadas nos mais modernos instrumentos Na economia, possvel explicar os conceitos do capitalismo financeiro, recorrendo ao passado do Mercantilismo e da Revoluo Industrial, assim como tambm se pode justificar a grande concentrao de renda presente nos pases subdesenvolvidos a partir do colonialismo de explorao, que privilegiou oligarquias agrrias, em detrimento de avanos sociais e industriais. Na poltica, o direito ao voto na eleio dosrepresentantes do povo s possvel porque, na antiga Grcia, pessoas firmaram as bases da atual democracia, mesmo durante um modo de produo ainda escravistana poca. No caso do Brasil, eventos mais recentes, como o movimento social Diretas J e o Impeachment do presidente Fernando Collor, serviram para amadurecer o regime democrtico brasileiro.

11 . CONTRASTE DE IDEIAS Esse mecanismo adequado quando a estratgia discursiva pretende enfatizar os argumentos que validam a tese escolhida (deixando claro o posicionamento do redator) e, ao mesmo tempo, relativizar os argumentos contrrios.TEMA - Sistema de cotas para estudantes de escolas pblicas: soluo para a elitizao do ensino superior brasileiro?Exemplo simples:Alguns consideram vlido o sistema de cotas nas universidades, alegando que uma oportunidade para que os jovens de baixa renda possam ascender socialmente. Baseiam-se na ainda expressiva desigualdade social presente no Brasil, que exclui muitos jovens desassistidos das melhores universidades, dificultando, consequentemente, o acesso aos melhores empregos.No entanto, essa viso apresenta uma limitao, j que o principal motivo que impede o ingresso desses jovens no ensino superior est na deficiente formao da escola pblica. As cotas representam, assim, uma medida apenas paliativa, no resolvendo a questo da elitizao do ensino superior brasileiro

12. A PARTIR DE ENUMERAO Como o prprio nome sugere, utilizado quando se redigiu a introduo segundo o modelo enumerativo. Deve-se proceder, no desenvolvimento, ao detalhamento de cada um dos pontos enumerados no pargrafo inicial.TEMA - Propostas para o Aquecimento Global (na introduo, o autor havia citado como propostas aes afirmativas de concesso de incentivos fiscais e a substituio gradual da matriz energtica)A eliminao de poluentes por parte das indstrias um dos grandes responsveis pelo aquecimento global. H ainda um alto custo de aquisio de novas tecnologias para reduo dessa emisso, o que inviabiliza, muitas vezes, investimentos das empresas com o objetivo de se tornarem menos danosas ao meio ambiente. Por sua vez, a ausncia de polticas pblicas de subsdio a esses investimentos, concedendo incentivos fiscais na forma de abatimento de impostos, dificulta ainda mais a modernizao dos parques industriais.Paralelamente, o uso excessivo de combustveis fsseis na produo de bens de consumo, em tempos de maior responsabilidade socioambiental, evidencia uma necessidade premente de substituio desses por outros menos poluentes, como o etanol e o biodiesel. Ademais, por que no estimular ainda, de forma mais extensiva, a explorao de energias alternativas como a elica e a solar, minimizando os impactos resultantes das alteraes climticas? Novamente se faz necessria a atuao dos pases no sentido de viabilizar a produo dessescombustveis alternativos, tornando-os mais competitivos

3. DEFEITOSS DEE ARGUMENTAOAbordagem Complementar

Todo texto passvel de conter defeitos ou problemas na construo dos argumentos que sustentam a tese a ser defendida. A ttulo de abordagem complementar, vamos adotar a omenclatura ensinada pelos mestres Plato e Fiorin, em sua importante obra Para entender o texto:I. Emprego de noes confusas;II. Emprego de noes de totalidade indeterminada;III. Emprego de noes semiformalizadas;IV. Defeitos de argumentao pelo exemplo, pela ilustrao ou pelo modelo.

EMPREGO DE NOES CONFUSASConsiste em empregar um termo de abrangncia muita ampla como liberdade, justia, democracia, ordem sem que se realize uma restrio do alcance semntico dele. Esse rocedimento argumentativo , s vezes, involuntrio. Todavia sempre diminui a fora do que dito, pois traz como consequncia uma perigosa vagueza argumentativa Tomemos com o exemplo a palavra ordem nos dois casos a seguir...Um governante indignado com as manifestaes que se realizam semanalmente, alterando a rotina da cidade, pode alegar que:Em nome da ordem, precisamos reprimir essas manifestaes que s atrapalham a vida da cidade, trazem transtorno aos seus cidados e aos que por ela transitam, sem nada gerar de positivo aps a realizao delas. Por outro lado, baseado na amplitude de significao do mesmo vocbulo, um dos organizadores dessas manifestaes pode dizer:Precisamos instaurar uma ordem, de modo a combater o processo de excluso que est vitimando a maioria dos cidados, quer eles estejam conscientes, quer no estejam.Por ser to amplo semanticamente, o vocbulo ordem serviu para embasar dois pontos de vista opostos sobre a mesma situao.

II. EMPREGO DE NOES DE TOTALIDADE INDETERMINADA Poderamos traduzir o emprego de noes de totalidade indeterminada como pecar pela generalizao, qualificar todos os indivduos de um grupo social, geogrfico tnico ou funcional com base no comportamento de alguns ou da maioria. Um exemplo seria a declarao de um cidado indignado com uma recente denncia de corrupo no Ministrio: absolutamente inquestionvel, a partir de mais esta denncia, que os homens pblicos deste pas no primam pela honestidade. So todos corruptos e ocupam cargos para servir-se deles.F O que foi dito no exemplo acima perde a validade se for apontado apenas um exemplo de homem pblico honesto. Ainda que os fatos paream permitir o emprego das noes de totalidade indeterminada, ou seja, levem tentao de generalizar o redator prudente deve evitar tal procedimento. Para isso, ele pode recorrer a expresses como boa parte, uma parte de, a maioria, parcela significativa de etc.

III. EMPREGO DE NOES SEMIFORMALIZADASEmpregar noes semiformalizadas consiste no emprego inadequado de certos conceitos por desconhecimento ou m-f. um equvoco que compromete a argumentao uma vez que ela acaba sendo amparada em impropriedade terica oudiscursiva.Vejamos um exemplo colhido na j citada obra Para entender o texto, de Plato e Fiorin:No se deve negar ao cidado o direito de protestar: isso j comunismo.Claro fica que o produtor do texto entende comunismo como um regime ditatorial, em que os cidados no tm o direito de reivindicar. Essa ideia um equvoco uma vez que, em tese, um regime comunista no antidemocrtico, mas sim baseado na posse coletiva dos meios de produo. Mesmo que as experincias de suposta aplicao do comunismo tenham resultado em governos opressivos, tal carter no , ao menos em teoria, tpico desse modo de produo. Assim, a argumentao pautada na frase acima perde consistncia.

IV. DEFEITOS DE ARGUMENTAO PELO EXEMPLO, PELA ILUSTRAO OU PELO MODELORelacionam-se aos enganos quanto a informaes e a dados citados em um texto. Em uma situao marcada por um certo nervosismo, como a de um concurso pblico, o candidato pode se equivocar ao mencionar algum nmero ou informao. O seno dessa natureza pode nascer tambm da concepo, perigosa, de que se pode enganar a banca comoNeymar e Messi enganam os zagueiros. O candidato tenta ento driblar a vigilncia do leitorcorretor por achar que este, por no saber tudo sobre o assunto ou estar cansado demais para perceber incoerncias,ser ludibriado por um dado ou uma informao marotamente citados no texto. Ainda que inveracidades (um belo nome para mentira, vocs no acham?) e imprecises possam passar despercebidas, o candidato no dever empregarum expediente desse. Um leitor-corretor, bempreparado e bem-informado, poder achar, no mnimoestranho, algo que o candidato tenha escrito. Diante de tal impresso, provvel que ele averigue a validade do que leu e, constatando certas imprecises, puna a redao com o decrscimo na nota.Em uma redao cujo tema era a situao do ensino superior no Brasil, o redator para reforar que esse nvel da educao tem passado por avanos errou, grosseiramente, ao mencionar um dado:Com o aumento do nmero de vagas oferecidas por universidades pblicas, mas sobretudo pelas instituies privadas, o ndice de matrculas no chamado terceiro grau cresceu 1.100% nos ltimos dez anos. Essa expanso mostra o quanto evoluiu o nvel de escolaridade do brasileiro.Alm de no citar a fonte de onde supostamente teria conseguido o dado, o redator incorreu num significativo erro no percentual. O aumento no foi de 1 .100%, mas de 110%, conforme o Censo da Educao Superior, com base em dados de 2010.O equvoco pode ter sido originado de uma distrao ou de um excesso de imaginao. Todavia, o erro foi percebido e resultou em grande perda de pontos para o distrado redator, que baseou toda a argumentao em um valor descabido.

Mdulo 7 - 1. A CONCLUSO O Fechamento do Texto - Conceituando

A concluso o ltimo pargrafo do texto dissertativo. decorrncia da tese e dos argumentos, que foram expostos na introduo, bem como da argumentao apresentada no desenvolvimento;O Fechamento do Texto Conceituando Trata-se de um resumo propositivo das ideias que foram expostas no texto, o qual retoma e reafirma a tese. Cabe ao candidato propor medidas que ajudem a solucionar e amenizar o problema.Ela fecha a sequncia de ideias e opinies, confirmando a tese prenunciada na introduo e defendida no desenvolvimento (corpo do texto), apresentando uma proposta de interveno para a soluo do problema discutido ou enfatizando (com outra formulao lingustica) a tese proposta na introduo.

A) ESTRUTURA BSICA (sugerida):* Mnimo 4 / mximo 7 linhas* 2 ou 3 perodos * 1 a 3 linhas por perodoB) OBJETIVO DISCURSIVO:* Fechamento do assunto; posio final do autor, de forma clara e consistente, reafirmando a tese acerca do problema proposto ou apresentando possveis solues especficas para ele.

C) MECANISMO DISCURSIVO 1 :* Soluo ou proposta 1 (articulada com D1)* Soluo ou proposta 2 (articulada com D2)* Posicionamento final sobre o assunto, articulada com as solues anteriores, com retomada da TESE

C) MECANISMO DISCURSIVO 2:* Posicionamento final sobre o assunto, devidamente articulado com os argumentos desenvolvidos ao longo do texto, buscando enfatizar (com outra formulao lingustica) a tese proposta na introduo.

Exemplo simples: possvel obliterar a criminalidade! Para isso, faz-se mister um maior investimento governamental no ensino profissionalizante de alto nvel, ampliando a empregabilidade do cidado. Ademais, programas efetivos e consistentes de erradicao da pobreza no Brasil para alm do Fome Zero - minimizariam e muito as desigualdades. Assim, fica claro: mais portunidades,mais qualidade de vida, menos violncia!LEMBRETE: No obrigatrio, mas muito aconselhvel que, nas dissertaes argumentativas, a tese do autor venha esboada j na introduo, ratificada no desenvolvimento e reafirmada no ltimo pargrafo do texto.

SEMPRE BOM LEMBRARDeve-se elaborar uma proposta de interveno inovadora relacionada ao tema, calcada em solues ou perspectivas viveis, consistentes e devidamente articuladas com a discusso desenvolvida ao longo do texto. Como vimos, importante que haja uma correspondncia adequada entre o que se prope e aquilo que foi detalhado ao longo do texto.Construa propostas com cidadania ativa, contribuindo com a soluo do problema. No se restrinja a delegar o problema a terceiros (polticos, governo, etc.). Seja participativo e solidrio!No desrespeite os direitos humanos, sobretudo, evitando-se fazer uso de declaraes como Justia para quem merece, s quais atentem contra os direitos humanos, pois todos tm o direito de serem julgados.Dialogue com propostas j existentes, contribuindo de forma participativa com o aprimoramento da soluo.

Proponha medidas realizveis e concretas,evitando solues utpicas e panfletrias (Devemos lutar contra a tirania da sociedade de consumo).Para que a soluo seja concreta, responda aos seguintes questionamentos: quem vai fazer? O que vai fazer? Como vai fazer?Em muitos temas da atualidade, propostos pelas mais variadas bancas examinadoras, destaca-se a necessidade de demonstrar cidadania ativa, propondo iniciativas que partam de um indivduo preocupado com os interesses da coletividade e da sociedade.Alm disso, importante estar a par das discusses atuais, dialogando com propostas j existentes.AS Lngua Portuguesa caderno 2F O que pode ser feito para melhor-la ou torn-la efetiva?F Se no houver a concordncia com a soluo existente, quais so as propostas alternativas?

Estrutura, objetivo e mecanismo discursivoVejamos um exemplo de redao sobre o tema Trote nas universidades: selvageria ou integrao?. A seguir, sero apresentadas trs propostas de concluso.

2. A CONCLUSO

A disputa por uma vaga nas tradicionais universidades do pas torna-se cada vez mais acirrada. Ingressar no ensino superior tem exigido muito preparo e dedicao dos futuros universitrios. A cada comeo de ano, milhares de estudantes no conseguem atingir seus objetivos e partem para uma nova luta, mas, para aqueles que venceram, a parabenizao dos veteranos vem em forma de brincadeiras, ora violentas e abusivas, ora sadias. O problema comea nas brincadeiras do primeiro.O trote tem causado, recentemente, amplas discusses sobre seu destino. Debate-se sobre sua total proibio ou sua mudana na forma como aplicado. Isso vem ocorrendo pelo fato de o trote ter deixado sua caracterstica original de integrar o calouro ao meio universitrio, por meio de brincadeiras tradicionais como pintar o rosto e raspar o cabelo, para se tornar, muitas vezes, constrangedor e agressivo.A Assembleia Legislativa de So Paulo, por exemplo, criou uma legislao especial para trotes - algo que as universidades no possuam - pela qual um aluno que empregar trotes sob coao ou agresso ao calouro pode ser punido. Essa atitude extremada ocorreu aps brincadeiras sem limites e inconsequentes de alguns veteranos, as quais levaram morte, em 1 999, um calouro da faculdade de medicina da USP.Porm, a mudana proposta em relao ao trote vem ocorrendo pelo chamado trote civilizado. Nele, os estudantes recm-chegados universidade fazem gincanas de arrecadao de alimentos que so distribudos aos pobres, contribuem com doaes para o banco de sangue dos hospitais e fazem campanhas sociais populao desassistida, alm de plantar rvores. Lngua Portuguesa caderno 2Concluso I - Assim sendo, o trote violento tem que ser proibido e o trote civilizado deve ser liberado.Breve anlise: concluso tpica do resultado da pressa! Pode-se inferir que o candidato no tinha mais o que dizer, mas tinha obrigao de terminar o trabalho, concluindo-o, ento, com o mnimo de palavras.

Concluso II - Como o trote a nica forma que os veteranos tm para premiar todo o esforo dos calouros na luta pelo ingresso na universidade, ele aplicado todo ano.H o trote bom e o ruim, mas o problema, claro, est no ruim, razo pela qual esse tipo de trote tem que ser evitado.D Breve anlise: nesse segundo exemplo, o candidato parece ter considerado estritamente a orientao no sentido de que, na concluso, deve-se resgatar a tese, mas ficou preso a isso, somente, repetindo-a quase integralmente.

Concluso III - O trote civilizado deve ser difundido cada vez mais pelo pas para que seja a usual forma de os veteranos recepcionarem os calouros. Isso importante, no s para a tranquilidade social, mas tambm para que os universitrios deem uma verdadeira lio sobre cidadania.C Breve anlise: essa a de melhor qualidade. No s resgata a posio da autora, como faz uma sugesto e ainda aponta o resultado da mudana: ...para que os universitrios deem uma verdadeira lio sobre cidadania. Essa concluso mantm o mesmo nvel qualitativo das outras partes da redao.ATENO! interessante que a soluo proposta no seja genrica demais, e sim especfica, explicitando um primeiro passo de uma ao!

NOVOS EXEMPLOS PARA EFEITO COMPARATIVO QUANTO QUALIDADE DO TEXTO APRESENTADO

Concluso I - Como se viu, nenhuma experincia de centralizao econmica estatal alcanou o objetivo de igualdade de oportunidades. As liberdades democrticas devem, portanto, ser parte da sociedade para garantir o acesso ao mercado de trabalho.

Concluso II - Como se viu, nenhuma experincia de centralizao econmica estatal alcanou o objetivo da igualdade de oportunidades, tampouco os mtodos de censura se mostraram eficazes na inteno de regular o debate pblico. Portanto, a convocao de eleies diretas, o estabelecimento de um congresso representativo e um maior respeito liberdade de expresso seriam um bom ponto de partida rumo a uma sociedade mais.IMPORTANTE!A concluso II aprofunda mais a soluo do que a I ao propor solues mais especficas, apresentadas como ponto de partida.OBSERVAO:A insero do elemento inesperado na concluso, tal como uma citao ou uma construo original, pode contribuir para ilustrar de maneira mais marcante o ponto de vista defendido.Como se viu, nenhuma experincia de centralizao econmica estatal alcanou o objetivo da igualdade de oportunidades, tampouco os mtodos de censura se mostraram eficazes na inteno de regular o debate pblico.Apesar do discurso da igualdade, o totalitarismo estatal concentra o poder nas mos de uma minoria. Se quisermos insistir nesse caminho, ser melhor adotar para os humanosa mxima citada por George Orwell na Revoluo dos Bichos: Todos os animais so iguais, mas uns so mais iguais do que outros.

TIPOSS DEE CONCLUSOAlguns erros a serem evitadosUm defeito comum, na concluso do texto dissertativo, o que provm da preocupao de querer apresentar uma soluo que salve o mundo, levando o candidato a assumir um tom de apelo, de doutrinao, de conduzir o leitor a uma ao salvadora.

Exemplo: preciso que o jovem se conscientize de que s ele capaz de operar mudanas e tornar o mundo justo e humano. a partir dessa conscincia que devemos atuar na realidade, tentando modific-la Outro erro que dever ser evitado ao mximo nas concluses a passagem para outro tema ou a apresentao de um aspecto novo.Exemplo:Finais como Muito mais poderia ser dito, como, por exemplo,..., Um outro aspecto do problema, que exigiria outra anlise, ..., deixam em seu leitor a impresso de que no o levou a uma concluso definitiva.No h uma frmula nica para concluir um texto dissertativo-argumentativo. Apesar disso, existem alguns procedimentos que so os mais utilizados.Entre eles esto:1 . A concluso do tipo sntese: em que so retomadas as ideias lanadas tanto na tese quanto nos pargrafos do desenvolvimento.

TIPOSS DEE CONCLUSOAlguns exemplos mais adequadosTEMA - O aborto de anencfalosFica claro, pois, que essa discusso, embora dolorosa, necessria! Com o avano acelerado da cincia e da tecnologia, preciso refletir continuamente sobre inmeros assuntos desse tipo, estabelecendo, com reflexo profunda, balizamentos ticos, morais e legais para cada um deles. Quanto aos argumentos religiosos, que so to importantes e respeitveis quanto os anteriores, dizem respeito conscincia e deciso de cada um. Por isso, importante dar s mulheres e aos seus companheiros o direito de optar de modo informado e consciente.

TEMA Mdia e Sociedade2. A concluso do tipo proposta: em que o autor apresenta solues para os problemas discutidos.At que essas influncias estejam claras, a medida mais prudente seria revogar a portaria e reedit-la mais adiante, enriquecida pela discusso sobre a qualidade da produo cultural e da programao de mdia que comea a ganhar corpo na sociedade.

TEMA Brasil: que pas este?3. A concluso do tipo surpresa: em que o autor finaliza o texto de modo criativo, com uma citao, uma pardia, uma ironia, uma piada ou um pensamento que ilustre tudo o que foi discutido. necessrio enxergarmos a realidade com lentes menos colloridas, o que significa reinterpretar os versos de Bilac: Criana! No vers um pas como este (enquanto sobreviveres misria).

TEMA Tempo, Pensamento e Evoluo4. A concluso do tipo agregao: nesse tipo de concluso, finaliza-se com uma palavra ou frase que tenha um valor mais abrangente, isto , apresenta-se uma ideia capaz de reunir todos os aspectos abordados anteriormente.As concepes de tempo foram construdas pela mente humana; logo, no h nenhuma que sirva como verdade universal. Por isso, no se pode impor uma a toda sociedade, evitando, assim, a degradao do pensamento do indivduo em favor do pensamento de massa, que teria um resultado negativo para a evoluo da humanidade.

TEMA O Aborto5. A concluso do tipo pergunta: nesse tipo de concluso a pergunta puramente retrica, pois sua resposta, direta ou indiretamente, j foi apresentada ao longo do texto. A pergunta tem, portanto, a funo de reforar o ponto de vista do autor e estimular o leitor a questionar-se.Para que a discusso sobre o aborto, na sociedade, se, de antemo e publicamente, a ilustre ministra Nilcia j se disse favorvel a novos casos de despenalizao do aborto voluntrio? Somos um povo sbio e esclarecido ou neobobos e imbecis? Para o governo, como se viu, as cartas abortferas j esto marcadas!

Mdulo 8 Coeso e Coerncia Textuais

Quando lemos com ateno um texto bem construdo, no nos perdemos por entre enunciados que o constituem, nem perdemos a noo do conjunto. Com efeito, possvel perceber a conexo existente entre vrios segmentos de um texto e compreender que todos esto interligados entre si.A ttulo de exemplificao do que foi dito, observe-se o texto que vem a seguir: sabido que o sistema do Imprio Romano dependia da escravido, sobretudo para a produo agrcola. sabido ainda que a populao escrava era recrutada principalmenteentre prisioneiros de guerra.Em vista disso, a pacificao das fronteiras fez diminuir consideravelmente a populao escrava.Como o sistema no podia prescindir da mo de obra escrava, foi necessrio encontrar outra forma de manter inalterada essa populao.

BREVE COMENTRIO: Como se pode observar, os enunciados desse texto no esto amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si: ao se ler, percebe-se que h conexo entre cada uma das partes.A essa conexo interna entre os vrios enunciados presentes no texto d-se o nome de coeso. Diz-se, pois, que um texto tem coeso quando seus vrios enunciados esto organizadamente articulados entre si, quando h concatenao entre eles.A coeso de um texto, isto , a conexo entre os vrios enunciados obviamente no fruto do acaso, mas das relaes de sentido que existem entre eles. Essas relaes de sentido so manifestadas, sobretudo, por certa categoria de palavras, as quais so chamadas conectivos ou elementos de coeso. Sua funo no texto exatamente a de pr em evidncia as vrias relaes de sentido que existem entre os enunciados.No caso do texto citado, pode-se observar a funo de alguns desses elementos de coeso. A palavra ainda no primeiro pargrafo ( sabido ainda que...) serve para dar continuidade ao que foi dito anteriormente e acrescentar um outro dado: que o recrutamento de escravos era feito junto dos prisioneiros de guerra.O segundo pargrafo inicia-se com a expresso em vista disso, que estabelece uma relao de implicao causal entre o dado anterior e o que vem a seguir: a pacificao das fronteiras diminui o fornecimento de escravos, porque estes eram recrutados principalmente entre os prisioneiros de guerra.O terceiro pargrafo inicia-se pelo conectivo como, que manifesta uma outra relao causal, isto : foi necessrio encontrar outra forma de fornecimento de escravos porque o sistema no podia prescindir deles.So vrias as palavras que, num texto, assumem a funo de conectivo ou de elemento de coeso: as preposies: a, de, para, com, por, etc.; as conjunes: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.; os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.; os advrbios: aqui, a, l, assim, etc.

O uso adequado desses elementos de coesoconfere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expresso clara das ideias. O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensveis.Para dar ideia da importncia desses elementos na construo das frases e do texto, vamos comentar sua funcionalidade em algumas situaes concretas da lngua e mostrar como o seu mau emprego pode perturbar a compreenso.

A COESO NO PERODO COMPOSTOO perodo composto, como o nome indica, constitudo de vrias oraes que, se no estiverem estruturadas com coeso, de acordo com as regras do sistema lingustico, produzem um sentido obscuro, quando no, incompreensvel.O perodo que segue plenamente compreensvel porque os elementos de coeso esto bem empregados:Se estas indstrias so poluentes, devem abandonar a cidade, para que as boas condies de vida sejam preservadas.Esse perodo possui trs oraes e a orao principal : devem abandonar a cidade. Antes da principal, vem uma orao que estabelece a condio que vai determinar a obrigao de as indstrias abandonarem a cidade (o conectivo, no caso, a conjuno se); depois da orao principal, segue uma terceira orao, que indica a finalidade que se quer atingir com a expulso das indstrias poluentes (o conectivo a conjuno para que).Muitas vezes, os produtores de texto constroem perodos incompreensveis, por descuidarem dos princpios de coeso.No raro, por exemplo, ocorrerem perodos desprovidos da orao principal, como nos exemplos que seguem:O homem que tenta mostrar a todos que a corrida armamentista que se trava entre as grandes potncias uma loucura.Ao dizer que todo o desejo era de que os amigos viessem sua festa desaparecera, uma vez que seu pai se opusera realizao.

No primeiro perodo, temos:1. O homem;2. que tenta mostrar a todos: orao subordinada adjetiva;3. que a corrida armamentista uma loucura: orao subordinada substantiva objetiva direta;4. que se trava entre as grandes potncias: orao subordinada adjetiva

A segunda orao est subordinada quela que seria a primeira, referindo-se ao termo homem; a terceira subordinada segunda, a quarta terceira. A primeira orao est incompleta. Falta-lhe o predicado. O produtor do texto colocou o termo a que se refere a segunda orao, comeou uma sucesso de inseres e esqueceu-se de desenvolver a ideia principal.

No segundo perodo, s ocorrem oraes subordinadas.Ora, todos sabemos que uma orao subordinada pressupe a presena de uma principal.

IMPORTANTE! A escrita no exige que os perodos sejam longos e complexos, mas que sejam completos e que as partes estejam absolutamente conectadas entre si.Para evitar deslizes como o apontado, graves porque o perodo fica incompreensvel, no preciso analisar sintaticamente cada perodo que se constri. Basta usar a intuio lingustica que todos os falantes possuem e reler o que se escreveu, preocupado em verificar se tem sentido aquilo que acabou de ser redigido.Ao escrever, devemos ter claro o que pretendemos dizer e, uma vez escrito o enunciado, devemos avaliar se o que foi escrito corresponde quilo que queramos dizer.A escolha do conectivo adequado importante, j que ele que determina a direo que se pretende dar ao texto, ele que manifesta as diferentes relaes entre os enunciados.

TEXTO COMENTADOUm Argumento Crtico(1 ) Certamente nunca ter faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortvel pretexto de que seu dinheiro no deve ir para as mos de administradores incompetentes edesonestos. (2) Como pretexto, a invocao insupervel e tem mesmo a cor e os traos do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, cnica e improcedente. (4) Cnica porque a sonegao, que nesse caso se pratica, no recompensada por qualquer sacrifcio ou contribuio que atenda necessidade de recursos imanente a todos os errios,sejam eles bem ou mal administrados. (5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade no h policiamento, no h transportes, no h escolas ou hospitais.(6) E sem servios pblicos essenciais, no h Estado e no pode haver sociedade poltica. (7) Improcedente porque a sonegao, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os prepotncia e ao arbtrio, alm de agravar a carga tributria dos que no querem e dos que, mesmo querendo, no tm como dela fugir os que vivem de salrio, por exemplo. (8) Antes, preciso pagar, at mesmo para que no faltem legitimidade e fora moral s denncias de malversao. (9) muito cmodo, mas no deixa de ser no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros pblicos para cuja formao no tenhamos colaborado. (10) Ou no tenhamos colaborado na proporo da nossa renda.O produtor desse texto procura desmontar o argumento dos sonegadores de impostos que no os pagam sob alegao de que os administradores do dinheiro pblico so incompetentes e desonestos.Por uma razo prtica, vamos fazer o comentrio dos vrios argumentos tomando por base cada um dos perodos que compem o texto:

1 Perodo: Expe o argumento que os sonegadores invocam para no pagar impostos: eles alegam que no os pagam porque o seu dinheiro no deve ir parar nas mos de administradores desonestos e incompetentes. Observe-se que o produtor do texto comea a desautorizar esse argumento ao consider-lo um confortvel pretexto, isto , uma falsa justificativa usada em proveito prprio.

2 Perodo: O enunciador admite que, como pretexto (falsa razo), essa justificativa insupervel e tem aparncia de elevado esprito cvico.

3 Perodo: O conectivo no entanto (de carter adversativo) introduz uma argumentao contrria ao que se admite no perodo anterior: a justificativa para sonegar impostos, como argumento, cnica e improcedente.

4 Perodo: Atravs do conectivo porque, o enunciador expe a causa pela qual considera cnico o argumento: cnico porque a sonegao no substituda por outro tipo de contribuio que atenda necessidade de recursos do Estado.

5 Perodo: O conectivo ora d inicio a uma argumentao que se manifesta contrria idia de que o Estado possa sobreviver sem arrecadar impostos e sem se prover de recursos.

6 Perodo: O conectivo e introduz um segmento que adiciona um argumento ao que se afirmou no perodo anterior.

7 Perodo: Depois de demonstrar que o argumento dos sonegadores cnico, o enunciador passa a demonstrar que tambm improcedente, o que j foi afirmado no terceiro perodo. O motivo da improcedncia vem expresso por uma orao causal iniciada pelo conectivo porque: a justificativa para sonegar improcedente porque a sonegao, ao invs de contribuir para melhorar os maus governos, estimula-os prepotncia e ao arbtrio. No mesmo perodo, o conectivo da sonegao: ela agrava a carga tributria dos que, como os assalariados, no tm como fugir dela.8 Perodo: O conectivo antes, que inicia o perodo, significa ao contrario e introduz um argumento a favor da necessidade de pagar impostos. O conectivo at mesmo d incio a um argumento que refora essa necessidade.

9 Perodo: O conectivo mas (adversativo), que liga a orao muito cmodo orao no deixa de ser uma hipocrisia, estabelece uma relao de contradio entre as duas passagens: de um lado, cmodo reclamar contra o mau uso do dinheiro pblico, de outro, isso no passa de hipocrisia quando no se colaborou com a arrecadao desse dinheiro.

10 Perodo: O conectivo ou inicia uma passagem que contm uma alternativa que caracteriza ainda a atitude hipcrita: hipocrisia reclamar do mau uso de um dinheiro para o qual nossa colaborao foi abaixo daquilo que devia ser.Como se v, os perodos compostos bem estruturados e os conectores usados de maneira adequada do coeso ao texto e consistncia argumentao.

1. COESOO TEXTUALL II

Nesta lio, dando continuidade anterior, vamos ainda tratar da coeso do texto e do uso dos elementos lingsticos ade