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    Recuperando leituras crticas sobre a avaliao na ps-graduao dando continuidade discusso e ao debate

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    Convite ao Debate

    RECUPERANDO LEITURAS CRTICAS SOBRE A AVALIAO NA PS-GRADUAO DANDO CONTINUIDADE DISCUSSO E AO DEBATE

    RECOVERING CRITICAL READINGS ON EVALUATION IN POST-GRADUATION - GOING ON WITH DISCUSSION AND DEBATE

    Cleci Maraschin

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

    Leny SatoUniversidade de So Paulo, So Paulo, Brasil

    RESUMO

    O presente texto foi elaborado no contexto da Comisso de Polticas Cientcas da ANPEPP Gesto 2010-2012.Originalmente, visou subsidiar o Frum de Polticas Cientcas que ocorreu no XIV SIMPSIO da ANPEPPrealizado em 2012. Nessa direo, elegemos alguns pontos, dentre outros tantos, que conguram problemaspresentes na Poltica de Avaliao da Ps-Graduao. Embora nosso foco privilegiado seja a Ps-Graduao,

    importante reconhecer que essa lgica est presente na poltica adotada por universidades para avaliar o trabalhodocente em geral. Reconhecendo que esses problemas j foram identicados em diversos textos, esse artigo foitecido com a citao de vrios deles. A citao permite recuperar ideias e posies que j se tornaram pblicas erepens-las. O exame do material sobre o tema permitiu vericar que muitas consideraes, crticas e sugestesque j foram trazidas, mantm a sua atualidade pois, em relao a muitos aspectos, no se observou mudanasignicativa da situao.

    Palavras-chave: ps-graduao; polticas cientcas; avaliao.

    ABSTRACT

    This text was prepared in ANPEPP context - Commission of Scientic Policies, 2010-2012 Management. Thetext has originally been written to subsidize the Forum of Scientic Policies that took place during the XIVANPEPP SIMPOSIUM in 2012. We have elected some issues, among others, that represent problems in the Post-Graduation Evaluation Policy. Although our privileged focus is Post-Graduation, it is important to recognize thatthis logic is also present in universities to assess teaching work in general. Recognizing that those issues havealready been addressed in several texts, this article has been written quoting many of them. Quotations allowus to recover ideias and positions that have already been made public, and think them over. By examining thematerial on the subject, we were able to understand that many considerations, criticism and suggestions madeare still updated because, regarding many aspects, no changes have been made.

    Keywords: post-graduation; scientic policies; evaluation.

    O desao da crtica a partir de um

    observador includo

    Iniciamos este texto manifestando a diculdadeem assumir uma posio crtica diante dos sistemasde avaliao tanto dos Programas de Ps-Graduao(PPGs) quanto dos professores e alunos que compemos cursos de nossas universidades e de instituies depesquisa.

    A principal diculdade consiste no fato desermos produtores e produtos desse mesmo processo.

    As autoras deste texto participaram de Comissesde Avaliao da Capes na rea de Psicologia, tantodos PPGs quanto dos peridicos e livros, integrandoComisses do Qualis. O enunciado A Capes somosns, presente no cotidiano dessas comisses, exercesua funo pragmtica, pois age como instrumento decontrole sobre os pesquisadores que a compem, decujas amarras eles no conseguem escapar e, com isso,revela que todos somos partcipes do processo, sejade um modo mais ou menos ativo. Ao nos denirmoscomo observadores-includos emerge a diculdade doexerccio da crtica, pois ela recai sobre ns prprios.

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    Mas, de outro modo, essa experincia nativa, comointitula Fonseca (2001), tambm fornece ferramentasao pensamento. Cris Shore utiliza a seguinte metforapara falar dessa posio paradoxal:

    como peixes em um aqurio, nem sempre podemosver os contornos do vidro que contm a gua na

    qual nadamos. Alm disso, muitas vezes o poder dequalquer ordem poltica reside exatamente na naturezano questionada dos sistemas classicatrios quegovernam nosso pensamento e nossa ao. ... Aquelesregimes de verdade que governam o presente s podemser contestados se formos capazes de desorganizar e

    desnaturalizar a normalidade. (Shore, 2009, p. 26)

    A crtica necessita habitar um espao quaseimpossvel entre a familiaridade e o estranhamento.Acreditamos que a ANPEPP, ao instituir comissesresponsveis pelas principais temticas que foram

    objeto de discusso do ltimo Simpsio (junhode 2012), abriu a possibilidade de constituio deespaos de diferena. Certamente, estamos todosengajados para que a rea da Psicologia brasileira sejavalorizada e respeitada tanto no contexto nacional

    quanto internacional. Mas podemos trabalhar nessadireo, sem necessariamente termos um pensamentonico, respeitando e valorizando nosso prprioprocesso de trabalho e no somente as medidas de

    nosso desempenho. Este texto congura-se comoum convite ao exerccio de uma crtica responsvele honesta que vise tanto ao fortalecimento com

    diversidade da rea como tambm produo demodos de trabalhar que impulsionem a vida, opensamento e os coletivos.

    Crticas aos modelos de avaliao tm sidoamplamente publicadas e divulgadas em revistas

    cientcas e em jornais. Alm da sua expressivaprofuso, tais crticas provm de diversos camposdo conhecimento. O Seminrio Horizontes da Ps-Graduao no Brasil I, realizado em Bento Gonalves,em novembro de 2008, e o II Seminrio NovosHorizontes da Psicologia, realizado em Braslia, em

    dezembro de 2011, apontam algumas delas, bemcomo o dossi C&T anlises sobre a cultura daavaliao na produo acadmica, publicado naRevista de Cincias Sociais da Universidade Estadualde Londrina, Mediaes, em 2009 (Ramrez-Glvez,Gonalves, & Cavalcante, 2009).

    Os posicionamentos sobre to amplo tema

    abarcam desde contribuies que visam a aprimoraro sistema, como, por exemplo, melhorar quesitos equestes especcas, at posies que apontam parao esgotamento do sistema, traando relaes entrea macropoltica e o cotidiano de trabalho. Schmidt

    (2011), ao comentar a primeira posio, escreve:

    Aceitar a legitimidade da avaliao, imaginando poderdebater as melhores maneiras de realiz-la, no deixade indicar certa ingenuidade em relao a mecanismosorquestrados conceitual, poltica e ideologicamenteem funo da administrao e do controle, no apenasda chamada produo acadmica, mas, sobretudo, dosdocentes e pesquisadores. (Schmidt, 2011, p. 320)

    Nessa direo, elegemos alguns pontos, dentreoutros tantos, que conguram problemas presentes naPoltica de Ps-Graduao para estimular a discusso.Embora nosso foco privilegiado de exame seja aPs-Graduao, importante reconhecer que essamesma lgica est presente na poltica adotada poruniversidades para o trabalho docente em geral. Oexame do material sobre o tema permitiu vericar quemuitas consideraes, crticas e sugestes j foramtrazidas, e a atualidade das mesmas persiste, pois, em

    relao a muitos aspectos, no se observou qualquermudana da situao. Reconhecendo isso, esse textotomar a forma de uma tessitura de citaes de vriostextos. A metodologia adotada permite recuperar ideiase posies que j se tornaram pblicas e repens-las.

    A expanso da Ps-Graduao no Brasil e

    a cultura da auditoria

    Um fato inquestionvel a grande expansoda Ps-Graduao brasileira. A expanso incrementa

    a complexidade dos processos avaliativos pelocrescimento numrico como tambm peladiversicao terico-metodolgica decorrente dasexperincias de trabalho e desenvolvidas em contextosespeccos. Sabemos muito bem o que signica essedesao para contemplar a diversidade dentro daprpria rea. Concomitantemente a esse crescimentonacional, existe um movimento em vrios pases (porexemplo, na Inglaterra, iniciado na Era Thatcher) nadireo da instalao de uma cultura da auditoria.

    o termo de origem recente e foi cunhado porsocilogos e antroplogos para descrever no

    exatamente um tipo de sociedade, lugar ou povo, masuma condio: uma condio moldada pelo uso detcnicas e princpios modernos de auditoria nanceira,mas em contextos muito distantes do mundo da

    contabilidade nanceira. Em outras palavras, ela serefere a contextos nos quais as tcnicas e valores deprestao de contas (accountancy) tornaram-se umprincpio organizador central na governana e nogerenciamento de conduta humana e os novos tiposde relaes, hbitos e prticas que isso est criando.(Shore, 2009, p. 27)

    A cultura da auditoria postulada de modo muito

    razovel, o que torna difcil contest-la. Ningum

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    se ope ideia de que necessrio ter qualidade,transparncia, responsabilidade com o dinheiropblico investido. O aumento do uso de auditoriasacontece principalmente por causa de preocupaescada vez maiores com a garantia de qualidade,o risco operacional e a crise de conana que

    aparentemente aigem hoje a maioria das prosses(Power, citado por Shore, 2009, p. 28).

    Spink e Alves (2011) assim descrevem omomento atual de conduo e da gesto do trabalhocientco e das universidades:

    Registramos a discusso sobre o crescentegerencialismo na conduo das universidades,resultado da presena da cultura de auditoria nasociedade contempornea (Power, 1999) e dastentativas de reduzir a universidade a uma prestadora

    de servios de educao terciria que necessita de umagesto prossional. Aqui nossos colegas dos camposde estudos organizacionais e da antropologia javanaram no debate como podemos ver, por exemplo,pelo nmero especial da Revista Organization(Cals;Smircich, 2001), os trabalhos organizados porStrathern (1997; 2000) e o nmero especial de SocialAnthropology(2010) sobre as reformas universitrias(Wright; Rabo, 2010). Hoje, universidades,escolas e institutos de ensino independentes so

    estimulados a traarem misses e planos estratgicos,posicionarem-se no sentido estratgico em relaoa um novo ente, o global knowledge economy, e adenir as competncias que seus formados tero aoferecer a um mundo globalizado (incluindo serem

    exveis, inteligentes e capazes de absorver novosconhecimentos). (sublinhados nossos, p. 338)

    Associado a essa lgica...

    Lembrando Maurcio Tragtenberg (1979, p. 19), acriao do conhecimento e sua reproduo cede lugarao controle burocrtico de sua produo como supremavirtude, onde administrar aparece como sinnimo

    de vigiar e punir. Assim, nossos Ministrios daEducao e da Cincia e Tecnologia e suas agncias(CAPES e CNPq) parecem, s vezes, o panpticodeBentham e Foucault, tal o grau de detalhamento de

    suas portarias, em parte uma reexo da retrica doglobal knowledge economy. (Spink & Alves, 2011, pp.338-339)

    Claudia Fonseca, referindo-se a sua experinciana Comisso de Avaliao de Antropologia da Capes,em 1998, constata:

    At recentemente, o processo de avaliao eravisto com leve irritao era uma inconvenincia aser esquecida o mais rpido possvel (J no temossuciente trabalho com nossas responsabilidadesacadmicas?). Quando muito, os programasreclamavam do conceito recebido, mas sem iniciar

    nenhum movimento coletivo de articular uma crtica

    ou proferir sugestes substantivas. No vazio criadopor esta vaga indiferena, as pessoas submetem-se aosistema em vez de interagir com ele. Para evitar queas profecias pessimistas se realizem, ser necessrioreverter esta tendncia, canalizando uma poro maiorde nossas energias para problemas que, no passado,nos pareciam meramente burocrticos. (Fonseca,2001, p. 275)

    Existiria uma relao necessria entre ocrescimento do Sistema de Ps-Graduao e a culturada auditoria? No poderamos criar outras formas degarantir qualidade, transparncia, responsabilidadee prestao de contas do dinheiro pblico investido?Essa uma questo que necessita ser discutida.

    Avaliao e nanciamento: os efeitos dessa

    equao

    Outro fator que contribui na manuteno darelao entre crescimento e cultura da auditoria pareceser o atrelamento entre avaliao e nanciamento.

    A agncia nanciadora concede um empenhomaterializado em recursos outorgados sob a forma

    de bolsas e outras modalidades de nanciamento.O desempenho a resposta esperada, expresso emprodutividade, parmetro de dimensionamento

    da eccia. Da deriva a concepo de contnuoaperfeioamento, ligado capacidade de melhorar,responder a estmulos, corrigir o curso, aprimorar

    o processo de cumprimento das metas pretendidas.(Arruda, 1999, p. 226)

    Mas como o nanciamento tem limite, quandoa maioria dos programas atinge a meta e alcana osmelhores conceitos, um novo projeto de avaliaoentra em curso. A tarrafa elevada. Arruda (1999)exemplica essa estratgia analisando a exposio demotivos que levou a Capes a promover a reformulaoda sistemtica de avaliao em 1998. Os dois primeirospontos do diagnstico composto por seis pontos

    consideravam:

    1) incapacidade da escala conceitual existente emreetir o real padro de qualidade (79% dos cursosde mestrado e 90% dos de doutorado obtiveram, naavaliao de 1996, conceitos A e B, os mais altos daescala); 2) inexistncia de uniformidade de parmetrosde avaliao adotados entre as diversas reas. (Arruda,1999, p. 223)

    Esses dois pontos revelam uma nova conceituaodo que passou a ser considerado padro de excelnciabem como uma maior centralizao do processo. Onanciamento sendo baseado prioritariamente em umaescala meritocrtica produz efeitos que mereceriam

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    maior reexo. Tal como a fora produtiva dosprogramas ser direcionada ao modelo de avaliaoproposto, desestimulando, por vezes, iniciativas

    que levariam mais tempo para resultar em produoqualicada.

    Outro efeito comentado na literatura a relaoentre nanciamento e objetos de pesquisa:

    o nanciamento da Ps-Graduao estimulou oprocesso de institucionalizao, democratizou oacesso a esse nvel de formao, mas provocou, comose v, alteraes substantivas na natureza dos estudosdesenvolvidos no campo das Cincias Humanas (cf.Werneck Vianna et alii, 1998, p. 473). Nessa linha deraciocnio, os autores apontam o risco do insulamento

    da Universidade, particularmente a rea de Humanas,a via de especializao do saber vai desconhecer umcaminho de ligao com os eventuais destinatrios dasua produo, correndo o risco de girar em torno de

    si mesma, do qual muitos prossionais tm tentadoescapar pela exposio da sua agenda de pesquisa naesfera pblica. (Arruda, 1999, p. 225)

    A poltica adotada est sustentada na competioentre os PPGs e entre os pesquisadores. Entretanto,mesmo sabedores dessa lgica e sofrendo suas

    consequncias, ns, os pesquisadores, ao no nosorganizamos coletivamente, privatizamos o sofrimento,

    como bem apontou Lcia Rabello de Castro (2010) noFrum de Polticas Cientcas do XIII Simpsio daANPEPP.

    Quem avalia

    Outro princpio na cultura avaliativa queapoiamos e ao qual nos submetemos a prticado peer-group audit que, a primeira vista, parecetranquilizadora. Quem avalia algum como voc.Voc pode at mesmo vir a ser o avaliador de umtrabalho de algum que outrora fora seu avaliador. Masexistem questes em relao a essa prtica, quandoutilizada de modo exclusivo:

    O envolvimento da comunidade de pares se anunciacomo elemento essencial do processo, j que umamarca do Estado liberal mostrar, conforme Strahernque o poder governamental est disperso e odestino das pessoas reside em suas prprias mos.Em princpio, haveria ento uma possibilidade paracada categoria prossional estabelecer seus prpriospadres de excelncia, mas, curiosamente, o novosistema parece carregar sua prpria trajetria, suaprpria racionalidade, sua prpria esttica. (Fonseca,2001, p. 269)

    Conforme Claudia Fonseca (2001), muitas vezesa estratgia de avaliao por pares pode dar a ideia de

    que a rea possua mais autonomia do que realmentetem. importante ter em conta que a frase a CAPESsomos ns pode funcionar como controle ideolgico,

    escamoteando diferenas entre pesquisadores, PPGs,CAPES e sociedade, dando-nos a iluso de que temoscondies de interferir e determinar a poltica de

    avaliao, o que bastante questionvel.

    Como bem descreve e analisa Lcia Rabelo deCastro (2010):

    Todos ns sabemos que o grande frisson que nosmobiliza a todos e todas no reside em nenhuma

    avaliao que no mbito das nossas prpriasuniversidades pode ser levada a cabo, mas no Coleta

    Capes, que constitui, quase que exclusivamente, odispositivo de como e por quem nossas atividades deps, e tambm da graduao, so avaliadas, reguladase parametrizadas. Ou seja, o sistema nacional de ps-

    graduao deslocou, inexorvel e avassaladoramente,o eixo da autonomia universitria para o epicentro dosrgos nacionais de fomento ps-graduao; assimcomo esvaziou a relevncia de qualquer dispositivode avaliao local ou regional que nos leve a debatero sentido, a razo e os objetivos do nosso trabalhotendo em vista as peculiaridades da universidade

    onde trabalhamos, sua histria, sua vocao, suacomposio discente e docente, enm, tudo aquiloque a particulariza e que pode ser importante paraestabelecermos outros parmetros que devem regularo trabalho docente. Desse modo, qualquer iniciativaque tente recolocar e indagar para quem e para que

    trabalhamos se torna, de pronto, incua, porqueessa pergunta j est respondida. Nas universidadespblicas, de modo especial, das quais posso falarcom base na minha experincia pessoal, a carreirauniversitria se banalizou, e perdeu completamenteseu sentido de credenciamento. De um lado, ela secnpq-nizou: mais vale estar no sistema CNPQ ecredenciar-se sucessivamente nos diversos degrauscomo pesquisador do que aspirar aos degrausde progresso funcional universitria que nemrecompensam nanceiramente, nem tampouco, o que pior, signicam alguma coisa no imaginrio coletivoda academia hoje, a no ser que o professor associadoIV se distingue do adjunto I, porque mais velho e esth mais tempo na universidade. Sabemos todos comoesse achatamento destri tambm qualquer sentidode legitimidade da prpria instituio universitria.De outro lado, so as agncias de desenvolvimento pesquisa que passam a gerir o que fazemos, por quefazemos e o que devemos querer fazer, porque a ondeno somente esto os recursos para a complementaosalarial quanto para prover as condies de realizaoda pesquisa. tambm a onde se visibiliza, e parecese legitimar, hoje, a carreira do pesquisador e doprofessor. Da, a pergunta de para quem ou para quetrabalhamos soar como um arcasmo, porque o queest posto demanda nossa adeso, engolfando toda aimaginao do possvel, do desejvel e do crvel.

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    Enquanto cuidamos das nossas pesquisas, o mundotem que cuidar de si, e da, as identicaespossveis e desejveis com um espectro mais amplode problemas e questes do mundo em que vivemosso lamentavelmente suprimidas. O ideal deprossionalismo e especializao que alimenta o modode subjetivao do pesquisador concorre para a atitudede realismo poltico em que se aceita o existente comoo limite do possvel. (Castro, 2010, p. 623)

    Consideramos importante pensar na possibilidade

    de nas polticas de avaliao dos PPGs instituir-se algummodo de controle social. A proposio de controlesocial est prevista em algumas polticas pblicas talcomo a gesto pblica da sade. A participao dasociedade na gesto pblica um direito asseguradopela Constituio Federal. Possibilita que os cidadosno s participem da formulao das polticas pblicas,mas, tambm, scalizem a aplicao dos recursospblicos.

    As medidas da produo

    Outro dado comemorado pelos gestores da Ps-Graduao no Brasil o fato que entre 1981 e 2006,enquanto a produo cientca mundial duplicou, abrasileira multiplicou-se por 9 (Tourinho & Bastos,2011).

    Cabe, aqui, fazer um reconhecimento

    poltica de open access implantada pela ScientifcElectronic Library Online (SciELO) desde 1998 eadotada pela rea de Psicologia (Biblioteca Virtualem Sade Psicologia Brasil [BVS-PSI], PeridicosEletrnicos em Psicologia [Pepsic]). Disponibilizar ocontedo cientco das melhores revistas brasileirasde forma integral abre uma brecha nos modos de

    mercantilizao das corporaes editoriais das revistascientcas mundiais. O sucesso dessa poltica faz quea mesma seja adotada na publicao eletrnica deperidicos cientcos em pases da Amrica Latina eCaribe, Espanha, Portugal e frica do Sul. Tal poltica,

    entretanto, mostra-se ameaada pela iniciativa deperidicos cientcos no Brasil de praticar a cobranade artigos publicados.

    Mas os prprios editores indicam algunsproblemas relativos a esse estrondoso crescimento:

    1. qualidade das publicaes (diviso de umtrabalho em tantos artigos quanto for possvel; artigosimaturos, em processo de consolidao, que soforados a uma publicao). Cincia-salame: umapesquisa fatiada em unidades menores publicveispara se tornarem vrios artigos distribudos emdiferentes revistas (Castiel & Sanz-Valero, 2007);

    2. atulhamento dos processos editoriais (asrevistas mais conceituadas, por vezes, necessitam

    fechar a submisso de novos artigos; processoseditoriais que tardam dois anos entre o envio e apublicao, o que acaba questionando a atualidadede certos peridicos, uma vez que sua natureza,

    diferentemente do livro, seria de estar up-to-date aoestado da arte; avaliadores de artigos com sobrecargade trabalho) muito provavelmente, um reexo diretodo ranqueamento construdo pela avaliao Qualis.

    Mas hoje no h apenas um valor conferido produo escrita, ou mesmo uma poltica de estmulo publicao. Trata-se atualmente de um imperativo. preciso produzir, produzir e produzir num ritmo,um determinado nmero de artigos por ano, emdeterminados peridicos considerados qualicados,ou em livros com certos atributos, atendendo a certos

    percentuais, escrever alguns textos em coautoria

    com orientando, etc, etc. Tudo deve perfazer umnmero determinado, que tem aumentado nos ltimosanos. Por outro lado, como revisores e pareceristasde peridicos, temos recebido, cada vez mais, um

    grande nmero de artigos que parecem inacabados,com concluses pouco amadurecidas e resultadosdesmembrados em mais de um texto, deixando escapar

    a noo de conjunto da investigao. Recebemostambm muitos artigos sem relevncia e sem qualquercontribuio inovadora. Publica-se por publicar,porque preciso bater uma meta, porque imperativo,mesmo que no se tenha nada de relevante a dizer.(Kastrup, 2010, p. 172)

    Um fenmeno muito perverso que tem sidocada vez mais comum o plgio. Embora tal prticacondenvel no seja nova, atualmente, presenciamos asua disseminao, contra a qual importante ter umaclara e incisiva poltica por parte dos peridicos, das

    universidades e rgos que implementam a poltica decincia e tecnologia.

    A supervalorizao dos produtos, principalmenteartigos, e a avaliao baseada em relatrios fazem comque o sistema no avalie necessariamente quem mais

    trabalha, mas sim quem produzprovas de seu trabalho

    (Fonseca, 2001). Por outro lado, h muito trabalhorealizado e que no considerado como produo aser avaliado, incluindo-se dados que o prprio ColetaCapes solicita, como apontado por Hutz, Rocha, Spinke Menandro (2010), em documento elaborado para oSeminrio Horizontes da Ps-Graduao, em 2008.

    Efeitos colaterais aos modos de trabalhar

    Se por um lado podemos comemorar o avanoda Ps-Graduao e das publicaes, de outro, essesprodutos modicam os processos de trabalho aos

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    quais nos submetemos para alcanar tais objetivos,muitas vezes invertendo as prioridades. Schmidt(2011) vai chamar de condutas adaptadas ao sistemade avaliao: Outro aspecto relevante desse sistemade classicao a focalizao dos resultados ouprodutos, no lugar da ateno para com o trabalho de

    construo do conhecimento (Schmidt, 2011, p. 325).Cabe questionar que vida produzimos para

    ns mesmos? Alm do adoecimento fsico (Santana,2001), os efeitos sociais e psicolgicos dessas tcnicase prticas sobre organizaes e indivduos no devemser subestimados (Bernardo, no prelo; Lacaz, 2010;Silva Jr, Sguissardi & Silva, 2010; Sobral & Ramos,2010).

    a auditoria muda a maneira como as pessoas se

    percebem: ela as incentiva a se medirem a elas

    prprias e suas qualidades pessoais contra pontos de

    referncia, indicadores de desempenho e nveisexternos usados pelo processo de auditoria. Umasociedade de auditoria aquela em que as pessoasso interpoladas como auditadas, na qual a prestaode contas mesclada com elaborados mecanismosde controle para submeter o desempenho individual

    ao olhar de especialistas externos, e na qual todoaspecto de trabalho deve ser classicado e avaliadoem relao a metas econmicas e pontos de refernciaburocrticos. Este outro forte motivo pelo quala ascenso da cultura de auditoria na academia e

    em outros lugares merece ateno; cada vez maisela molda nossas vidas, nossas relaes, nossas

    identidades prossionais e a maneira como nosconduzimos. (Shore, 2009, p. 30)

    Eles incluem uma nova organizao temporale relaes de conana. Em nvel institucional,podemos apontar a desvalorizao da graduao e odesatrelamento entre pesquisa-ensino-extenso. Almdo plano tico no qual plgio, terceirizao do trabalhode parecerista, fraude so incrementados.

    Na avaliao acontece uma combinao de adaptaoe controle, em que o controle exercido por seusdispositivos cria e arma uma realidade do trabalho

    acadmico qual, num crculo vicioso, os docentese pesquisadores precisam se adequar, para que suasinstituies e programas de ps-graduao, assimcomo eles, sejam bem-avaliados. (Schmidt, 2011, p.325)

    Dimenso bastante discutida em fruns sindicaise em artigos cientcos a da sade dos docentes.Desse conjunto faz parte o artigo sobre o trabalhodocente no ensino superior e sua relao com a sadee modo de vida. Isabel Cristina Borsoi (no prelo)reproduz a fala de um docente de universidade federal,

    bastante expressiva do contexto no qual os problemasse desenvolvem: A universidade no valoriza mais o

    conhecimento ou a leitura e, sim, a produo. Sinto quemuito que se escreve ningum l. Sinto que tenho queparticipar de um mercado acadmico como qualqueroutro mercado (depoimento de entrevistado, Borsoi,no prelo, p. 11).

    Borsoi (no prelo) comenta:Aqui, no se trata de uma denncia cega acercado controle do trabalho acadmico. Alguns dosparticipantes defendem que necessrio que hajacritrios de avaliao da produo e do desempenhodocente. O que os trechos expostos ... evidenciam ,todavia, o descontentamento com o grau e o modo

    de cobrana de produtividade e com a ausnciade condies adequadas para que se possa exigirproduo cientca de qualidade. (p. 11)

    Como expresso do sofrimento e adoecimento,

    esse estudo transversal com professores de

    universidades federais delineou o seguinte quadro:Dentre todos os participantes, 78 (81,3%) assinalaramter procurado atendimento mdico e/ou psicolgico nosltimos dois anos. Entre aqueles que buscaram ajudade um prossional de sade (78 dos respondentes),46,2% zeram-no entre uma a duas vezes por ano.No mesmo grupo, 36% 18 mulheres e 10 homens,totalizando 28 participantes apresentaram queixasrelacionadas a agravos de ordem psicoemocional,

    principalmente depresso e ansiedade, 14,1%referiram enxaqueca, cistite e crise gstrica quepodem tambm ter como desencadeante a dimenso

    psicoemocional e 12,8% informaram ter afecesosteomusculares. Embora o burnout no seja o focode discusso neste artigo, possvel apontar que ossinais mais frequentes de sofrimento ou adoecimentoentre os docentes so aqueles relacionados a essasndrome, tal como descreve Lacaz (2010): exaustomental e emocional, fadiga e depresso. So sintomasque tm como base elementos como exigncias deprodutividade e excelncia e, ao mesmo tempo,diculdades de cumprimento de tais exigncias.Para Aubert (1993), trata-se de um fenmeno quesurge como resultado da necessidade de trabalharenergicamente, de envidar cada vez mais esforos, de

    desempenho cada vez melhor e de tender sempre paraum maior sucesso (p. 187-88). Pelo que foi expostoat aqui, essas so caractersticas fundamentais notrabalho docente na atualidade, portanto, no causa

    estranheza que encontremos associaes entredeterminadas queixas dos professores e a sndrome deburnout. (Borsoi, no prelo, pp. 19-20).

    Caminhos

    Poderamos seguir desdobrando questes que

    tm sido objeto de anlise na literatura e em debatesque envolvem o trabalho na Ps-Graduao, seu

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    Recuperando leituras crticas sobre a avaliao na ps-graduao dando continuidade discusso e ao debate

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    processo, produtos e modos de avaliao. Mas cremosque os pontos acima arrolados j nos desaam aodebate. Gostaramos de nalizar apontando a questodos caminhos.

    Spink e Alves (2011) destacam dois caminhos:

    a universidade sem muros, integrada ao lugar desua atuao e a universidade participante noglobalknowledge economy.

    O primeiro se refere insero ativa nos (con)textosespeccos dos territrios de cada casa de sabersingular e no reconhecimento e na abertura aos

    diferentes saberes tambm presentes nestes lugares.... Mas a escuta e o debate dentro da postura de umaecologia de saberes podem ir ainda mais longe e

    tornarem-se, por sua vez, os caminhos para estabelecer,de maneira aberta, agendas de investigao, produoe sistematizao de conhecimentos; agendas que seiniciam nos mltiplos os do local para se estenderem

    na medida em que esta extenso traz possibilidadesde um dilogo (de comparao ou de contraste, deconrmao ou negao). O segundo caminhosegue a busca do conhecimento universal e singular

    que vai libertar a humanidade e inspir-la. Nessecaso, no h uma agenda local e somente uma agendaglobal e nica onde as pessoas competem entre sipara avanar o conhecimento. Nesse caminho, oimportante so as conexes com esta agenda global. Auniversidade se fecha atrs de seus muros e se escondeno interior de seu campus, para se concentrar nas suas

    tarefas nobres: a preparao de textos para congressose de publicaes para revistas que testemunham

    o engajamento na agenda internacional. (Spink &Alves, 2011, pp. 339-340)

    Nossa questo seria como produzir umauniversidade conectada, local e globalmente? O quesignica internacionalizao? Nesse sentido, nopoderemos nos furtar a uma anlise do processode globalizao para poder avaliar o quanto nossodesejo de internacionalizao escapa e/ou refora omecanismo da globalizao como conceitua Santos(2002):

    no existe estritamente uma entidade nica chamadaglobalizao; existem, em vez disso, globalizaes;em rigor, este termo s deveria ser usado no plural.Qualquer conceito mais abrangente deve ser detipo processual e no substantivo. Por outro lado,enquanto feixes de relaes sociais, as globalizaesenvolvem conitos e, por isso, vencedores e vencidos. a globalizao o processo pelo qual determinadacondio ou entidade local estende a sua inuncia atodo o globo e, ao faz-lo, desenvolve a capacidade dedesignar como local outra condio social ou entidaderival. medida que se globaliza o hamburger ou apizza, localiza-se o bolo de bacalhau portugus ou a

    feijoada brasileira, no sentido em que sero cada vez

    mais vistos como particularismos tpicos da sociedade

    portuguesa ou brasileira. (Santos, 2002, p. 14)

    Mas o prprio autor faz uma distino entre oque denomina de localismo globalizado e globalismolocalizado do cosmopolitismo e da luta pelo

    patrimnio comum da humanidade que so, segundoseu entender, globalizaes de-baixo-para-cima, noqual alianas e parcerias poderiam ser efetuadas demodo mais horizontal, e no somente hierrquico.Parece-nos importante discutir esses diferentes modosde nos incluirmos em uma comunidade global deconhecimento.

    Esperamos que esses pontos nos animem nacontinuidade do debate.

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    Recebido em: 15/09/2012Aceite em: 10/11/2012

    Cleci Maraschin Doutora em Educao pela UFRGS.Professora nos Programas de Ps-graduao em Psicologia

    Social e Institucional e em Informtica na Educao da

    UFRGS. Foi editora da Revista Psicologia e Sociedadeda Associao Brasileira de Psicologia Social de 2002

    at 2007 e Diretora do Instituto de Psicologia da UFRGSde 2006 at 2010. Ps-doutoramento na Universidade de

    Wisconsin-Madison/EUA. Desenvolve estudos e pesquisastomando como temtica central os efeitos nas tecnologias

    da informao e da comunicao (TIC) nas reas da

    educao e da sade na perspectiva da Psicologia Social.Endereo: UFRGS - Instituto de Psicologia, Departamentode Psicologia Social e Institucional. Rua Ramiro Barcelos,

    2600. Santana. Porto Alegre/RS,Brasil. CEP 90035-003.Email: [email protected]

    Leny Sato Doutora em Psicologia Social e livre-docenteem Psicologia pela Universidade de So Paulo. ProfessoraTitular do Instituto de Psicologia da Universidade de So

    Paulo. coeditora dos Cadernos de Psicologia Socialdo Trabalho. Desenvolve pesquisas principalmente nos

    seguintes temas: sade do trabalhador, psicologia socialdo trabalho, psicologia social, trabalho e psicologia

    do trabalho. Endereo: USP - Instituto de Psicologia,Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. Av.Prof. Mello Moraes, 1721 Bl. A. Cidade Universitria. SoPaulo/SP, Brasil. CEP 05508-900. Email: [email protected]

    Como citar:

    Maraschin, C. & Sato, L. (2013). Recuperando leiturascrticas sobre a avaliao na ps-graduao dandocontinuidade discusso e ao debate. Psicologia &Sociedade, 25(1), 2-9.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]